A SÍNDROME DE BURNOULT E O PROFISSIONAL ENFERMEIRO. Eliane das Graças Azevedo. RESUMO O presente artigo trata da síndrome de Burnoult e como ela vem se manifestando na sociedade contemporânea, acomentendo algumas áreas, inclusive a de Enfermagem, trazendo riscos para a saúde mental destes profissionais, além de outras consequências que comprometem sua atuação, sua vida pessoal e suas relações e interações sociais no ambiente de trabalho. A Síndrome de Burnoult, pode atingir qualquer pessoa, entretanto acomete, em especial, os indivíduos cujas atividades baseiam-se, intensamente, em relações interpessoais. Várias são as causas e sintomas que o transtorno causa nas pessoas, se fazendo necessário um trabalho preventivo por parte das organizações, contando também com a participação efetiva dos familiares intervindo frente a este transtorno. A pesquisa contou com o aporte teórico de autores tais como: Mendes (2002), Lipp (2005), Benevides-Pereira (2002), dentre outros que estudam o assunto. Diante deste contexto, o objetivo da pesquisa é investigar de que forma a Síndrome de Burnoult afeta os profissionais da área de enfermagem, assim como seus principais sintomas e formas de prevenção. Para a realização desta pesquisa, optou-se por utilizar como método a pesquisa bibliográfica, onde os critérios utilizados para a seleção do material foram estabelecidos através da leitura e análise de obras já publicadas sobre o assunto. Com base nesta revisão bibliográfica, pode-se concluir que os enfermeiros sofrem com os efeitos devastadores do stress, que os impossibilita de exercer suas funções. Além de terem a saúde prejudicada pelo cansaço excessivo e propensão a doenças. Palavras-chave: Síndrome de Burnoult, Enfeemeiro, relações interpessoais. Orientador: Dr. Douglas Ferrari 1-INTRODUÇÃO A Síndrome de Burnout teve seu reconhecimento no início de 1970 e foi definida como “uma condição de sofrimento psíquico relacionada ao trabalho”, associa-se sua origem a alterações fisiológicas, comportamentais e sócio-econômicas. Prejuízos à imunidade, distúrbios hormonais e metabólicos, maior risco de eventos cardiovasculares, dependência química do álcool ou outras substâncias, idéias suicidas, ansiedade, depressão, queda da produtividade no trabalho e absenteísmo fazem parte do amplo espectro de consequências do Burnout A definição do Burnout, ao longo dos anos, tem-se mostrado algo bastante dinâmico. Uma primeira mudança relevante foi considerar que a síndrome pode comprometer indivíduos de todas as ocupações e profissões, diferentemente da concepção original em que os estudos davam muita ênfase somente aos profissionais da área de saúde, de educação e de trabalhos sociais. Outro marco foi à mudança de paradigma que afirma e também porventura constata que a Síndrome de Burnout transcende a esfera ocupacional e pode envolver indivíduos em fase préprofissional, em especial os estudantes, uma vez que estão expostos a agentes estressores semelhantes. As primeiras observações sobre o Burnout emergiram de profissões cujas atividades são marcadas por um grande e exigente contato interpessoal. Neste grupo, enquadram-se professores, profissionais da área de saúde, dentre eles médicos e enfermeiros, além de comerciários, atendentes, religiosos etc. Estes profissionais são obrigados, constantemente, a solucionarem problemas de outras pessoas, a submeterem-se a técnicas e métodos rigorosos e a serem avaliados nas organizações de trabalho das quais fazem parte. Assim, a pressão frente às suas atividades é algo constante. O Burnout e toda gama de doenças relacionadas ao stress não só causam impacto sobre a saúde das vítimas, mas também geram grandes perdas econômicas com cifras, que somadas na Europa e América do Norte, beiram os 120 bilhões de dólares na última década como consequências do absenteísmo e de maiores gastos com assistência médica. Portanto, fica evidenciada a validade social dos estudos sobre a Síndrome de Burnout. O número de funcionários que pedem afastamento do trabalho por motivos de saúde ligados ao stress é cada vez maior. Os dados indicam que 19% da população mundial vive em estado elevado de stress, causado pelo trabalho. Um estudo feito pelo Centro Psicológico de Controle do Stress revelou que dentre 1.800 paulistanos entrevistados, 32% viviam sob permanente estado de tensão, na maioria das vezes, gerada pelo ambiente de trabalho (MENDES, 2002). Nos últimos 15 anos, o stress tem sido objeto de muitas pesquisas relacionadas ao universo do trabalho, pois seus efeitos representam um elevado custo para as empresas, atingindo cerca de 120 bilhões de dólares, na Europa, e 60 bilhões de dólares, na América do Norte, associados ao aumento dos custos de assistência médica e aos índices de absentismo (LIPP, 2005). Não é recente o reconhecimento de que as situações de trabalho podem interferir negativamente na saúde dos enfermeiros e demais profissionais da área de saúde. Desde os anos 30, estudiosos vem investigando este tema e são unânimes em afirmar que o trabalho docente favorece o aparecimento de doenças. Porém, é necessário considerar que a literatura científica sobre as condições de trabalho e saúde dos enfermeiros ainda é restrita, segundo a pesquisa de Lara (2007). Há muito que se investigar e aperfeiçoar no que tange às metodologias dos estudos sobre as fontes de stress e Burnout. 2- CONCEITO No âmbito brasileiro, uma das principais autoras acerca da Síndrome de Burnout é Benevides-Pereira, pertencente ao Departamento de Psicologia da Universidade Estadual de Maringá/Paraná. Em um de seus artigos, a pesquisadora faz um histórico do Burnout no Brasil. Relata que França (1997) foi o responsável pela primeira publicação sobre a síndrome. Os primeiros trabalhos datam do início dos anos 1990, justificando, inclusive, a regulamentação da Síndrome de Burnout pela Previdência Social, sendo incluída entre os “agentes patogênicos causadores de doenças profissionais”. Ressalta a influência espanhola, especialmente pesquisadores como Maria Paz Quevedo Aguado, Jorge Castellá Sarriera e Bernardo MorenoJiménez que, na década de 90, orientaram várias teses sobre o tema Burnout. A utilização do termo Burnout é metafórica. É referente à pessoa que atingiu o seu limite e, por falta de energia, apresenta comprometimento do seu desempenho físico e mental. Não há uma tradução perfeita, mas pode ser adotada a expressão usada por Helga Reinhold: “consumirse em chamas”. Esta mesma autora define o Burnout é como uma “erosão” gradual de energia e disposição, imperceptível inicialmente, que surge como consequência da incapacidade crônica de controlar o stress: “o Burnout não ocorre de repente; é um processo cumulativo, começando com pequenos sinais de alerta, que, quando não percebidos, podem levar a uma sensação de quase terror”. (REINHOLD, 2004, p. 65). Diferentemente do stress de uma maneira geral no qual um caráter positivo pode estar presente, carrega, em si, um viés negativo. Sabe-se que a Síndrome de Burnout é encontrada inclusive em grupos de indivíduos cujas atividades são caracterizadas pelo alto grau de contato com pessoas. Desta forma, é possível verificar que as circunstâncias que contribuem para o desenvolvimento do stress nos profissionais de enfermagem são infinitas, mas as pesquisas sugerem que elas estão relacionadas ao exercício de sua função. Nesse caso, ele é considerado como stress ocupacional, pois é determinado pelas condições de trabalho. O stress ocupacional, segundo Lipp (2005), é considerado um estado emocional desagradável, acompanhado por sentimentos de tensão, frustração e exaustão emocional, relacionados a certas situações do trabalho que o indivíduo define como negativas. Seus fatores contribuintes vão desde as características individuais ao tipo de relacionamento social estabelecido no ambiente de trabalho, clima organizacional e condições gerais em que a tarefa é executada. Os sintomas mais comumente observados são: dificuldade com a memória e concentração, tensão muscular e sensação de desgaste, constante. Lipp (2005, p. 31) alerta que: O interesse sobre os efeitos do stress ocupacional tem-se intensificado em todo o mundo. A autora menciona que o Instituto Americano de Segurança e Saúde alertou, em 1999, que a natureza do trabalho está mudando radicalmente em velocidade vertiginosa, e advertiu que são necessárias medidas profiláticas urgentes, a fim de prevenir o impacto do stress ocupacional sobre os trabalhadores, bem como sobre a sociedade em geral. São atividades de ajuda em que há “relações interpessoais intensas”. Desta forma, são alvos frequentes deste tipo de stress os professores, os religiosos, os enfermeiros, os auxiliares/técnicos de enfermagem, os estudantes de enfermagem, os médicos, os médicos residentes e os estudantes de medicina. Foi justamente com profissionais da área de saúde que Freudenberg, em 1974, fez a primeira publicação sobre o tema. Algumas expressões são consideradas sinônimos de Burnout, entre elas: Síndrome do Assistente Desassistido, Síndrome de Esgotamento Profissional, Estresse Laboral, Estresse Laboral Assistencial, Estresse Profissional, Estresse Ocupacional, Neurose Profissional, Neurose de Excelência (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Fazem parte da evolução da síndrome de Burnout três aspectos a serem considerados: a exaustão emocional, a despersonalização/descrença e a reduzida realização pessoal/eficácia profissional. (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). São atributos da exaustão emocional a sensação de esgotamento físico e mental, a ausência de energia e a observação de que o indivíduo está no limite de suas possibilidades. A despersonalização não reflete, necessariamente, a perda de personalidade, porém significa que esta personalidade está sujeita às modificações. O indivíduo passa a ter uma relação fria e impessoal com seus clientes/usuários/pacientes, adotando posturas cínicas, irônicas ou indiferentes. A reduzida realização pessoal guarda as seguintes características: auto-estima reduzida, sensação de insuficiência, insatisfação com o trabalho, desmotivação, eficiência baixa e rompantes de abandono da atividade. Segundo Trigo (2007), alguns aspectos devem ser salientados em relação ao Burnout, de acordo com pesquisas realizadas de autores que descrevem a temática e abordam sobre os atributos pessoais. O Burnout é mais prevalente em indivíduos com menos de 30 (trinta) anos com equilíbrio entre os sexos. A exaustão emocional é mais encontrada no sexo feminino enquanto a despersonalização é mais frequente entre os homens. Desta forma, a chance de desenvolver Burnout é diretamente proporcional ao grau de escolaridade. Segundo defende Benevides-Pereira (2002), a Síndrome de Burnoult não poderia ser apenas profissional, devido o fato de estar relacionado à profissão; não seria laboral assistencial por apresentar diversidade extralaborais, como o caso das (ex: donas-de-casa), passíveis de serem acometidas pela síndrome de Burnout, seguindo a observação da autora, e ocupacional, porque no estresse ocupacional não resulta necessariamente de despersonalização, presente no Burnout. Acredita-se que algumas características da personalidade também devem ser analisadas. Carlotto (2000) definiu como “hardness” a personalidade resistente ao stress, e, por conseguinte, resistente ao Burnout, controlando e interpretando os agentes estressores e encarando-os como desafio, compromisso e novas perspectivas. Por outro lado, personalidades mais passivas, suscetíveis aos fenômenos externos, estão mais sujeitas ao Burnout, o que deu origem à expressão “lócus de controle externo”. Da mesma forma, os indivíduos com personalidade do tipo resistente, caracterizada pela alta competitividade e pela não tolerância às frustrações, também têm maior possibilidade de desenvolver a Síndrome de Burnout. Para Reinhold (2004), aspectos como o otimismo, a auto-estima, a autoconfiança e a auto-eficácia previnem o Burnout, ao contrário da passividade, do pessimismo e do perfeccionismo. O idealismo, também, está relacionado ao Burnout, uma vez que expectativas elevadas não realistas levam às decepções. Segundo aborda Napoleão (2006), o indivíduo que se envolve afetivamente com seus clientes, cria uma situação de desgaste, podendo ocorrer a desitência e acabar entrando em Burnout. Quanto maior a interação indivíduo-cliente, maior as possibilidade de desenvolver Burnout, principalmente se este cliente for poliqueixoso, depressivo, agressivo, vítima de injustiças sociais ou sofrimento. Chama especial atenção a atividade médica, pois, além dos aspectos supracitados, o “poder” de preservar a vida inculca ao indivíduo uma imensa responsabilidade que o torna mais suscetível à Síndrome de Burnout. Restam, ainda, as desconformidades ergonômicas como fatores predisponentes do Burnout. Ergonomicamente, a organização do trabalho deve levar em consideração, no mínimo: as normas de produção, o modo operatório, a exigência de tempo, a determinação do conteúdo de tempo, o ritmo de trabalho e o conteúdo de tarefas (NORMA REGULAMENTADORA 17 – NR 17, LEI N° 6514 DE 22/12/1977). Quando não respeitados estes preceitos, o próprio ambiente de trabalho pode tornar-se um estressor, ainda mais se a atividade envolver riscos físicos, químicos ou biológicos, mobiliário e equipamentos inadequados e turnos noturnos. Ademais, podem ser fatores estressores a burocracia e as regras institucionais, o assédio moral, o assédio sexual e a sobrecarga mental (NUNES; SOBRINHO, 2006). Carlotto (2006) em pesquisa sobre o Burnout em estudantes da área de saúde, salientam o conceito mais recente e amplamente aceito pelos pesquisadores do tema de que a síndrome não está mais restrita a estes profissionais, acometendo, também, pré-profissionais. Desta forma, esclarecem que vem ocorrendo um aumento do campo de estudo que, inicialmente, baseava-se em profissionais de ajuda, passou-se aos demais profissionais e, mais recentemente, vem abarcando o conjunto de estudantes. Este grupo de profissionais adquire sintomas que surgem em razão de processos de adoecimento adquiridos no trabalho, onde o trabalhador, por vezes, não conseguindo atender as exigências organizacionais de trabalho, cai no desgaste, na frustração e também no desânimo, sobre forma de perturbações orgânicas pelo corpo. O processo saúde-adoecimento do trabalhador resulta na mudança de postura do trabalhador, afetando as relações no ambiente de trabalho e consequentemente seu rendimento. Uma das possíveis causas que afetam o profissional da enfermagem está nas condições de trabalho, como por exemplo, na privação do sono e sobrecarga de atividades, além do contante contato com a dor e a morte, têm sido apontadas por diversos autores como fator indicativo de comprometimento da saúde mental. Atuar no ambiente dessa natureza propicia ao efeito de estresse psicológico no indivíduo. 3- SINTOMATOLOGIAS, DIAGNÓSTICOS DA SÍNDROME DE BURNOUT Benevides-Pereira (2002) comenta que não é preciso o indivíduo apresentar todos os sintomas para caracterizar Burnout e que os sintomas defensivos são considerados como constituinte da característica mais importante, por ser o elemento diferenciador entre a Síndrome e o estresse. Benevides-Pereira (2002, p.34), aborda que o grau e as manifestações da Síndorme de Burnoult são diferentes e depende das características individuais e do contexto que a pessoa está inserida”. Isto equivale dizer que, a manifestação varia de grau e intensidade, isto por ser por ser um processo gradual, e cumulativo. No que diz respeito à questão da intensidade, Amorim (2004, p. 78) diz: Quando ocorre o aparecimento esporádico dos sintomas, e o maior grau é detectado quando a é permanente. Quanto à intensidade, o nível baixo caracteriza-se pela incidência de sentimentos como a irritação, esgotamento, inquietações e frustração e o nível alto constitui-se na presença e doenças e somatizações A Síndrome de Bournt deve ser considerada como um processo, visto que os momentos não se estabelecem de forma clara e distinta entre uma etapa ou outra, ou de um momento ao outro, mas progressivamente, não sendo possível determinar, com exatidão, nem a sequência, nem os correlatos das diferentes fases implicadas em seu desenvolvimento. Quando esta Síndrome atinge grau elevado de uso abusivo de drogas e bebidas alcoólicas, ideias ou tentativas de suicídio, incapacidade física ou mental e morte pelas doenças associadas como infarto do miocárdio, AVC (Acidente Vascular Cerebral), Câncer, entre outras doenças mais graves (Amorim, 2004). Reconhecer os sinais e sintomas e as implicações da Síndrome é fundamental para que ocorra o combate podendo também contar com o apoio da instituição e dos familiares contra esta patologia ocupacional. Entretanto, alguns estudos Benevides – Pereira, 2002, refere que muitos profissionais desconhecem com exatidão as manifestações da doença, desta forma impossibilitada um diagnóstico coerente do Burnout. Entre os possíveis erros de diagnósticos relacionados à Síndrome, provavelmente, estes podem acontecer devido o Burnout geralmente ser confundido além do Estresse, também com a depressão. França (2007) descreve que a Síndrome de Burnout está vinculada a distúrbios psicopatológicos, dentre eles a depressão. Deste modo, há uma correlação entre eles e não um conceito comum. Contudo, fica evidente que, para obtenção de um diagnóstico da Síndrome de Burnout é essencial que o profissional tenha condições de diferenciar estresse, depressão e Burnout. Para isto, a psicopatologia instrui que o diagnóstico no âmbito da saúde mental não seja feito baseado exclusivamente em sintomas, mas sim pela observação fenomenológica criteriosa que contribui para a detecção de dados e elementos que permitem reconhecer uma determinada patologia Sendo necessária uma grande experiência clínica. Acrescenta-se que uma questão importante é a participação da família como fator fundamental tanto no diagnóstico como no tratamento do paciente com a Síndrome de Burnout, devido ao grau de proximidade e de conhecimento das ações, reações e comportamentos do indivíduo. No entanto, mesmo atenta-se para o fato de que o conhecimento evolutivo do quadro pelo paciente e/ou familiar e das suas diferentes fases da Síndrome, estes nunca devem ser utilizados como auto-avaliação ou automedicação. No tratamento para o Burnout, são indicados pelos especialistas à psicoterapia e, de acordo com o caso clinico, uso concomitante de medicações, caso a pessoa apresente problemas biofisiológicos, a exemplo de dores, insônia, alergias, entre outras possíveis intercorrências. Quanto à medicação, podem ser indicados analgésicos e complementos minerais até ansiolíticos e antidepressivos, conforme cada sintomatologia apresentada pelo indivíduo acometido com o Burnout. Estudos apontam que existem várias estratégias para controle e prevenção do Burnout, além de manobras de enfretamento. As manobras de enfrentamentos são formas encontradas pelos profissionais em lidarem com situações estressantes ou de sofrimento, produzindo atitudes que podem amenizar e contribuir para o enfrentamento dos problemas existentes no ambiente laboral. (ABREU, 2002). As estratégias podem se individuais ou coletivas. As individuais, segundo Abreu (2002), referem-se à atitude do trabalhador de torna-se mais capacitado no trabalho, estabelecer metas, parâmetros e participar de programas preventivos ao estresse, já as coletivas, consistem em buscar o apoio grupal. Tamoio (2002) sugere as profissionais da enfermagem, a elaboração religiosa, que contribui atenuando a fragilidade do sofrimento em situações de morte junto ao paciente. Acreditar que a morte é uma vontade divina dissipa, ao menos temporariamente, os sentimentos que perturbam o cotidiano destes profissionais mediante a morte do paciente. Lara (2007) ressalta que a meditação pode ser utilizada como instrumento preventivo e benéfico para os trabalhadores, pois este proporciona um maior equilíbrio e a sensação de bemestar. Existem também as manobras pessoais presente em indivíduos com personalidade resistentes, como aponta Mendes (2002). Estes conseguem controlar ou influenciar os eventos estressores, através da percepção, interpretação e manipulação dos eventos, logo, experimentam níveis menores de tensão. Em relação a monitorar um estresse é necessário, primeiramente, reconhecer a existência do problema. Para quaisquer que seja a estratégia utilizada para enfrentamento ou ajuda frente ao Burnout, é importante os familiares intervindo buscando reconhecer os sinais, assim como os sintomas da patologia e informando e conhecendo os mecanismos de prevenção. No entanto, para que as estratégias individuais e coletivas sejam mais eficazes no contexto laboral, faz-se necessário que se tenha uma relação intrínseca que desencadeie uma estratégia organizacional priorizando e enfocando o trabalhador como o seu ambiente de trabalho Tendo em vista o aspecto psicossocial da Síndrome de Burnout, Benevides-Pereira (2002) propõe que as intervenções e os programas preventivos busquem desenvolver as estratégias ou manobras de enfrentamento ao Burnout, enfocando na resposta do indivíduo, no lócus ocupacional e no individuo. 4-CONCLUSÃO Diante do que foi exposto neste artigo, é possível concluir que a Síndrome de Burnoult tem crescido cada dia mais em determinados ambientes de trabalho, prejudicando a atuação dos profissionais, onde este tem sua saúde mental comprometida e seu rendimento. Ressalta-se que esta síndrome atinge diferentes áreas profissionais e não é algo exclusivo dos profissionais de saúde. O crescimento do Burnoult ampliou-se na sociedade contemporânea, devido às modificações sofridas no mundo do trabalho, o acelerado ritmo profissional imposto pelas organizações, as exigências estabelecidas em muitos setores de trabalho, paralelo a isto à competitividade exacerbada que faz com que o profissional se veja obrigado a cumprir escalas de trabalho rígidas, uma sobrecarga exagerada de funções para que possa sobreviver. Assim ele sente-se desgastado, e em desarmonia com seu ambiente de trabalho, que muitas vezes o oprime e massacra. Acometido da Síndrome de Burnoult, no caso específico do profissional de Enfermagem, ele passa a sofrer sintomas que vão da ansiedade ao comprometimento cardíaco e em muitos casos extremos chega ao suicídio. Dessa forma, alguns tratamentos preventivos podem contribuir para a melhoria do transtorno, dentre eles, a psicoterapia, a meditação, e outras manobras de tratamento. Neste processo é importante o diagnóstico correto e a intervenção da família no tratamento fornecendo informações sobre as manifestações da dinâmica da doença. É importante neste contexto que a própria organização reveja a forma como o trabalho dos profissionais vem sendo direcionado, suas respectivas atuações e o que se espera da atuação da enfermagem na sociedade atual. De nada adianta ter um ambiente de trabalho onde os profissionais se sintam desgastados, infelizes, descrentes com a profissão e com péssimos relacionamentos interpessoais, certamente não contribuirá para um bom desempenho e principalmente para o atendimento de qualidade. REFERÊNCIAS AMORIM, C. A. Burnout em enfermagem. In.: XXXI Reunião Anual de Psicologia da Sociedade Brasileira de Psicologia. Resumos, 85-86, 2004. ABREU, K. et al. Estresse e Síndrome de Burnout no exercício profissional da psicologia. In: Psicol. cienc. prof., v. 22, n. 2, jun. 2002. BENEVIDES-PEREIRA, A. (org). 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