Síndrome de Burnout: a doença silenciosa que queima até o fim A síndrome Cansaço emocional, baixíssima sensação de perda de energia, esgotamento. Esses e outros mais que sofrem da Síndrome de Burnout realização profissional, fracasso profissional e são os sintomas de pessoas que, segundo estimativa do International Stress Management Association no Brasil (ISMA – BR), afugenta três em cada dez pessoas que fazem parte da população economicamente ativa do Brasil. A doença se caracteriza por um completo esgotamento mental que leva a sintomas como dores localizadas, perda de memória, alterações no sono e no humor, queda na capacidade de manter o foco e a concentração, baixa autoestima, irritabilidade e absenteísmo (afastamento do trabalho). A pessoa é consumida emocionalmente e fisicamente pelo próprio trabalho. O termo vem de burnout – do inglês burn (queima) e out (para fora, até o fim). O profissional e o trabalho A doença assola profissionais de várias áreas, sobretudo profissões com grandes demandas emocionais e que exigem interações variadas e intensas, como é o caso, por exemplo, dos professores. Resultante da constante e repetitiva pressão emocional associada com intenso envolvimento com pessoas por longos períodos de tempo. A síndrome acomete profissionais idealistas e com altas expectativas em relação aos resultados do seu trabalho. Na impossibilidade de alcançá-los, acabam decepcionados consigo mesmos e com a carreira. Essas demandas emocionais, no caso do docente, são inerentes a sua profissão, podendo ser agravadas, por exemplo, por políticas educacionais que aumentem a sobrecarga de trabalho sem a devida contrapartida, ou por condições inadequadas de trabalho, ou pela presença de alunos particularmente difíceis (alunos violentos, com grande déficit de aprendizagem) ou ainda pelo sentimento de injustiça, de não reconhecimento do seu esforço e da importância do seu papel na sociedade. O trabalho exerce sobre a pessoa uma ação específica, cujo impacto é o aparelho psíquico. Em certas condições emerge um sofrimento que pode ser atribuído ao choque entre uma história individual, portadora de projetos, de esperanças e de desejos e uma organização do trabalho que os ignora. O tratamento O tratamento da síndrome não é simples, pois é preciso um trabalho multidisciplinar para solucionar os problemas relacionados à doença. Segundo o psicólogo Armando Ribeiro, quando o profissional atinge o nível máximo de estresse, ele já desenvolveu doenças e já vive alterações importantes na produção de hormônios. “Nesse cenário, o paciente vai precisar tanto de tratamento para as doenças que desenvolveu quanto para o seu estado emocional. É muito comum que os pacientes necessitem de psicoterapia e medicação específica, como antidepressivos e ansiolíticos”, afirmou. É essencial a prática de uma atividade física prazerosa. A pessoa necessita ter uma válvula de escape que não esteja ligada ao trabalho, um hobby, um esporte. Se o hobby da pessoa não está relacionado à atividade física, ela precisa descobrir uma de que goste, que exija do corpo. É essencial para o alívio das tensões causadas pelo estresse. O psiquiatra Edson Hirata, afirma, no entanto, que é preciso haver mudança também na estrutura e na condição de trabalho. “Se não melhorar o trabalho, a organização e as condições, o trabalhador não vai melhorar. Nesses casos, ele precisa tentar modificar a sua realidade laboral, mas, se não conseguir, é melhor sair e procurar outro”, conclui. Com a palavra: o psicólogo O adoecimento, quando surge, pode ser um bom momento de reflexão individual acerca da carreira escolhida, por outro lado, a organização deve repensar suas práticas para não cair na armadilha de culpar a “fraqueza” do trabalhador. O tratamento deve ser realizado por médico e psicólogo do trabalho, sem, no entanto, esquecermos que sua prevenção deve partir de uma ação conjunta entre empresa e trabalhador para reduzir os fatores de estresse que levam à doença. O psicólogo clínico e terapeuta João Flávio Thomazzelli, afirma que, “como se trata de uma síndrome é necessário uma determinada ordem de fatores para estabelecer sua identificação, entre eles: baixa auto-estima e identificação no ambiente de trabalho, excessiva cobrança por um desempenho ideal, abandono de cuidados pessoais e esgotamento físico e mental. Para tratamento é necessário acompanhamento psicoterápico e nos casos mais graves, também o psiquiátrico. Devido à retrogradas diretrizes nacionais de Educação, os professores estão entre as mais identificáveis vítimas de tal situação de risco. As excessivas cobranças do meio educacional, formação acadêmica não condizente com o meio e trabalho e a fantasia de que o professor é um “herói”, levam os profissionais a um esgotamento prejudicial em toda a esfera biopsicossocial do individuo. As normas institucionais exigem que o professor mantenha uma rotina de superação pessoal que não condiz com a realidade, desta forma os sintomas precursores da Síndrome de Burnout evoluem espantosamente, levando a pessoa ao ponto mais grave da doença, o total colapso físico e mental, o que necessita de urgente acompanhamento profissional”.