visão sistêmica em gerenciamento de projetos para web

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VISÃO SISTÊMICA EM GERENCIAMENTO DE PROJETOS PARA WEB
Rogério Fernandes da Costa
Professor especialista
Faculdade Sumaré
[email protected]
Resumo:
O presente estudo tem como objetivo abordar a evolução no gerenciamento de projetos para web,
seu enfoque se dá na necessidade de adoção de visão sistêmica em ambientes críticos e em
constante mutação. A análise da literatura, além do aprofundamento dos conhecimentos sobre a
temática, permitirá desvelar a necessidade de buscar prover um conjunto de requisitos iniciais
para o desenvolvimento de aplicações web que atenda às atuais e futuras demandas. Em um
ambiente caracterizado por constante transformação, a reação a mudanças é mais importante do
que um plano pré-definido.
Palavras–chave: Gestão de Projetos, PMBOK, PMI, Metodologia, Abordagem Sistêmica.
Introdução
Todos os projetos são criados para atender a uma determinada necessidade ou objetivo. Entre os
principais problemas apontados no gerenciamento de projetos (PMI, 2004) estão: cumprimento
dos prazos, controle da qualidade, inexperiência da equipe e planejamento.
Com a evolução da Internet surgiu o software para ambiente web, sendo comum na literatura,
encontramos relatos de aplicações web que não foram entregues no prazo e/ou orçamento
acordados, ou ainda, que apresentam problemas de qualidade devido ao desenvolvimento
desestruturado. O desenvolvimento deste tipo de aplicação exige diferentes abordagens na forma
de gerência dos processos de especificação, contemplando também, as fases de concepção,
codificação e testes, enfim de todo o projeto.
O objetivo deste artigo é abordar a adoção de uma Metodologia de Gerenciamento de Projetos
Web tendo como enfoque a adoção de uma visão sistêmica, a investigação de natureza
transdisciplinar irá destacar as principais vantagens na utilização de metodologia mistas entre
processos rigorosos e ágeis que contribuam de forma efetiva no desenvolvimento de projetos
para web.
Conceitos
Na literatura encontramos diversas denominações para a palavra "Metodologia", como por
exemplo: Modelo, Norma, Standard, Guia ou Padrão. Existem muitas técnicas e métodos para
gerenciar projetos, cada uma para um processo específico de gerenciamento de projeto (PMI,
2004). Segundo o dicionário MICHAELIS (1998), metodologia é o estudo científico dos
métodos, entendendo-se por método, o conjunto dos meios dispostos convenientemente para
alcançar um fim.
Em equipes multidisciplinares a metodologia adotada pode variar dependendo do foco ou área
em questão, cultura organizacional ou ainda, de acordo com experiência dos integrantes do
grupo. Neste artigo será adota como definição para Metodologia de Gerenciamento de Projetos
Web “o gerenciamento eficiente de processos com foco em resultado ágeis que possuem certo
grau de rigor”.
Análises de requisitos e definição do escopo
A aderência dos requisitos do produto com os objetivos do negócio contribuem de forma efetiva
para garantia da qualidade, reduzindo custos de retrabalho e expectativas inadequadas, sendo
assim, a Análise de Requisitos ou Engenharia de Requisitos é fundamental no Gerenciamento de
Projetos.
Para MAYLOR (2001) estruturar práticas eficientes na área de gestão do projeto é um desafio,
especialmente quanto ao planejamento e execução dos requisitos para desenvolvimento de
projetos inovadores. A Figura 1 apresenta um processo interativo de validação exemplificado em
um processo genérico de levantamento e análise de requisitos com aderência às engenharias de
software e aplicações web.
Fonte: Sommerville, 2003.
Durante a definição do escopo, devemos identificar os itens a serem entregues. Normalmente,
em virtude dos produtos inéditos de um projeto web, é possível que os requisitos ainda não sejam
totalmente conhecidos nas fases iniciais.
A constante evolução das tecnologias para internet, associado aos níveis de conhecimento,
experiências e heterogeneidade dos usuários, configuram como as principais variáveis
incontroláveis no ambiente de desenvolvimento para web, sendo estas, em grande parte,
responsáveis pela dificuldade de delimitação completa de escopo numa etapa anterior ao início
da execução do projeto. As variáveis incontroláveis garantem a individualidade de cada projeto,
cabendo ao gestor realizar o monitoramento e projeção destas variáveis, estipular uma margem
de segurança e determinar planos de ação envolvendo comunicação e gestão de mudanças.
Análise de Viabilidade
No ambiente competitivo dos dias atuais, os gerentes de projetos encontram-se competindo por
recursos escassos, oportunidades restritas, e mudanças constantes de clientes internos e externos.
Neste cenário, A análise de viabilidade proporciona escolher entre as possíveis soluções, a
melhor alternativa que atenda aos interesses das partes envolvidas.
A análise de viabilidade de um projeto não deve levar em consideração apenas os interesses do
investidor. Para CONTADOR (1988, p.19) “o enfoque é dito como social ou econômico quando
avaliamos o projeto sob o ponto de vista da sociedade como um todo”.
Uma análise de
viabilidade pode ser composta pelos seguintes testes:
1. Testes de viabilidade operacional: busca adequar à solução de acordo com os processos
da organização.
2. Testes de viabilidade técnica: avalia o grau de praticidade de uma solução técnica e a
disponibilidade dos recursos.
3. Testes de Viabilidade de cronograma: avaliação do cronograma de acordo com o os
prazos desejáveis (pré-determinados).
4. Testes de Viabilidade econômica: avaliação do projeto relacionando seu custo e sua
eficiência (custo-benefício).
O nível de detalhamento adotado durante o levantamento de necessidades é um dos fatores de
sucesso dos projetos. A análise de viabilidade possibilita gerenciar as diferenças entre as
expectativas das partes interessadas (stakeholders) e o produto final, se mal elaborada poderá
não corresponder às reais necessidades da organização.
Processos rigorosos versus processos ágeis
Em ambientes onde ocorrem muitas mudanças, o gerenciamento mais efetivo consiste em
encontrar um ponto de equilíbrio entre processos rigorosos e ágeis, ambos têm suas vantagens e
desvantagens. Para HIGHSMITH (2004) a ausência de estrutura ou estabilidade pode levar ao
caos, por outro lado, a estrutura em demasia gera rigidez.
Em comparação a abordagem PMBOK (2004) que sugere a decomposição de trabalho do projeto
(Estrutura analítica do projeto), a técnica de particionamento adotada no desenvolvimento de
aplicações, permite dividir um projeto complexo em partes menores, garantindo um melhor
gerenciamento e controle dos requisitos e escopo da partição (PRESSMAN, 2005), este conceito
adota como estratégia “dividir para conquistar”.
Ao mesmo tempo em que possui pontos em comum, a metodologia de gerenciamento de
aplicações web apresenta particularidades em relação à metodologia convencional, neste sentido,
ao definirmos as particularidades deste domínio de aplicação adaptando-as aos processos já
existentes, podemos contemplar mais claramente as necessidades específicas da web.
Em um cenário caracterizado pela mutação constante, a reação a mudanças é mais importante do
que um plano pré-definido, sendo assim, por possibilitar maiores chances de alinhamento entre
os requisitos técnicos e necessidades de negócio, a configuração de ambiente mais indicada para
o desenvolvimento de aplicações web consiste na aplicação de metodologia mista entre
processos rigorosos e ágeis, neste modelo, podemos adotar o PMBOK para o mapeamento
rigoroso dos processos de negócio, definição dos itens de funcionalidade da aplicação, fluxo da
informação e previsão do nível de automação, por outro lado, a metodologia ágil promove a
entrega de novas funcionalidades a partir da interação entre a equipe de desenvolvimento e o
relacionamento de cooperação com o cliente, desta forma, os riscos do projeto são reduzidos
consideravelmente.
A Figura 2 apresenta o sequenciamento das atividades de acordo com a metodologia proposta
Fonte: autor.
Considerações Finais
A gestão de projetos trabalha as principais áreas de conhecimento, não é uma ciência exata, vive
em constante evolução na busca da maturidade para se adaptar às necessidades cada vez mais
dinâmicas das organizações.
Este artigo aborda a adoção de uma Metodologia de Gerenciamento de Projetos Web,
tendo como principio a adoção de uma visão sistêmica. Parafraseando Drucker “Se você não
pode medir você não pode gerenciar”.
Destacam-se como vantagens na adoção desta metodologia mista entre processos
rigorosos e ágeis:

A visão do todo, da integração e gerenciamento de expectativas das partes
envolvidas;

Redução dos tempos de entrega, através de entregas parciais;

Desenvolvimento evolutivo e simultâneo;

Alinhamento do sistema de software com o processo de negócio;

Esforços direcionados às necessidades dos clientes.
Faz-se necessário uma discussão sobre outros métodos que possam ser adotados nas fases
iniciais do projeto, bem como, os benefícios que poderão ser obtidos. O desenvolvimento web
apresenta hoje, algumas das dificuldades que a engenharia de software apresentava no início.
Sendo assim, é importante que outras técnicas de análise sejam testadas dentro desta
metodologia, buscando prover, um conjunto de requisitos iniciais para o desenvolvimento de
aplicações web.
BIBLIOGRAFIA
CONTADOR, C. R. Avaliação Social de Projetos. 2ª ed. São Paulo: Atlas, 1988.
GARRETT, J. J. The elements of user experience: user-centered design for the web. New
York: News Riders, 2003.
HIGHSMITH, J. Agile project management: Creating innovative products. Boston: AddisonWesley, 2004.
MAYLOR, H. Beyond the Gantt chart: project management moving on. European
Management Journal. v.1, n.19, p. 92-100, feb. 2001.
MICHAELLIS. O Moderno Dicionário da Língua Portuguesa. Editora Melhoramentos, 1998.
PMI (PROJECT MANAGEMENT INSTITUTE). PMBOK, Um Guia do Conjunto de
Conhecimentos em Gerencia de Projetos – 3ª ed. Project Management Institute, 2004.
PRESSMAN, R. S. Software Engineering – A Practitioner’s Approach. 6 ed. New York:
McGraw-Hill, 2005.
SOMMERVILLE, Ian. Engenharia de Software. 6ed. São Paulo: Addison Wesley, 2003.
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