FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL o SETOR DE SEGUROS E O MARKETING DE RELACIONAMENTO. DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE ALEXSANDRE DE CASTRO Rio de Janeiro 2004 FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL TÍTULO o SETOR DE SEGUROS E O MARKETING DE RELACIONAMENTO. DISSERTAÇÃO DE MESTRADO APRESENTADA POR: ALEXSANDRE DE CASTRO E APROVADO EMtlK/1..Q/JOO~ ~E7A COMISSÃO EXAMINADORA ~~ DEBORAH MORAES ZOUAIN DOUTORA EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LUIS CÉSAR GONÇALVES DE ARAÚJO DOUTOR EM ADMINISTRAÇÃO ISABEL DE SÁ AFFONSO DA COSTA DOUTORA EM ADMINISTRAÇÃO 3 AGRADECIMENTOS Primeiramente, agradeço a Deus, por iluminar-me durante todas as fases de minha vida. Sou muitíssimo grato à professora Deborah Moraes Zouain que, além da transmissão de valiosos conhecimentos, me prestou toda sorte de ajuda ao longo do transcurso deste Mestrado, sempre solícita aos diversos pedidos. Aos Professores da EBAPE, que muito contribuíram para minha formação profissional e pessoal por meio de importantes ensinamentos, em especial, a Luís César Gonçalves de Araújo que, além da valiosa transmissão de seus conhecimentos e valores, aceitou ser membro da Banca Examinadora. Aos meus colegas de Mestrado pela convivência fraterna e intelectualmente estimulante. Sou grato, também, a todos os membros da CFAP, sempre atenciosos, e à equipe da Biblioteca Mario Henrique Simonsen, pela sua excelência em serviços. Finalmente, agradeço à minha família, pelo apoio, pela alegria transmitida nos momentos mais tensos, e que, apesar de todos os percalços, sempre me incentivou e forneceu afeto, amor e compreensão em todos os momentos deste curso. 4 APRESENTAÇÃO Esta pesquisa foi motivada, inicialmente, pela necessidade sentida pelo autor, no seu dia a dia, de estabelecer relacionamentos duráveis entre corretores e segurados e, por extensão, pela temática de marketing de relacionamento. Além disso, a academia se ressente de estudos sobre o universo do marketing de relacionamento na área de seguros de automóvel, com escassas publicações de cunho científico. Outra questão motivadora se refere ao fato de o setor de seguros no Brasil ainda carecer de maiores incentivos, o que leva à necessidade de corretores bem informados, capazes não apenas de encantar o cliente, mas também de o reter. O presente estudo está estruturado em sete capítulos. No primeiro, apresenta-se a introdução ao tema, com o problema, os objetivos da investigação, a delimitação do estudo e a sua relevância. A seguir, tem-se o Referencial Teórico, exposto no segundo capítulo, apresentando conceitos e funções de marketing em geral e do marketing de relacionamento, mais especificamente, versando, ainda, acerca do comportamento do consumidor e das teorias de motivação. O objetivo dessa abordagem é criar bases de conhecimento para o melhor entendimento do marketing de relacionamento e dos negócios de seguros tratados neste trabalho. O terceiro capítulo apresenta os procedimentos metodológicos que norteiam o estudo. São apresentados a tipologia da pesquisa, o universo definido, as amostras, os sujeitos e os ambientes envolvidos na pesquisa, bem como o esquema utilizado para a coleta de dados, além de se apontarem as limitações que o método adotado pode suscitar. O capítulo quarto trata dos resultados da pesquisa de campo, abrangendo o estudo de caso de uma filial de uma grande empresa de seguros atuando no mercado brasileiro, cujo nome vem omitido por necessidade do pesquisador. 5 o quinto capítulo apresenta as conclusões do estudo, buscando responder às questões da pesquisa, surgidas de maneira empírica, e seus objetivos à luz do referencial teórico. o sexto capítulo é constituído pelas referências bibliográficas e o sétimo contém a bibliografia. Seguem-se os anexos. 6 Lista de Quadros QUADRO 1- Os 11 C's do Marketing de Relacionamento ........................................... 22 QUADRO 2 - Organização das Necessidades Humanas Segundo Maslow .................. 31 QUADRO 3 - Características dos Serviços ..................................................................... 47 7 RESUMO o grande crescimento do mercado segurador no Brasil trouxe, ao longo dos últimos, dificuldades para as empresas se relacionarem adequadamente com seus clientes (corretores e segurados), obrigando-as a repensarem seus negócios. Nesse contexto, o comportamento do consumidor do mercado securitário de automóvel assume conotação especial e passa a ser questão obrigatória na busca da vantagem competitiva. Assim, o objetivo geral do presente estudo é estabelecer procedimentos entre o corretor, o segurado e a seguradora, com um plano de ação de fidelização para maximizar resultados para as empresas, a partir de estratégias de marketing de relacionamento, baseadas na tríade cliente, corretor e seguradora. Para tanto, utiliza-se de um levantamento teórico e empírico da realidade do setor de seguros de automóvel, apurada no estágio atual, e apresenta conceitos e ferramentas de marketing de relacionamento que, adaptadas, poderiam levar ao aumento dos valores alTecadados pelas seguradoras, com conquista de novos clientes e retenção dos atuais. Os resultados indicam que há inúmeras felTamentas de marketing de relacionamento passíveis de aplicabilidade no segmento de seguros de automóvel, como sugere o estudo de caso da filial Niterói da organização pesquisada, capazes de fazer com que as empresas do setor incrementem seu potencial de receita e maximizem seu relacionamento com os COlTetores e com os consumidores finais. 8 ABSTRACT The great growth of the market insurer in Brazil brought, to the long one of the last ones, difficulties for the companies to become related adequately with its customers (correctors and insured), compelling them to rethink it its businesses. In this context, the behavior of the consumer of the market automobile insurance assumes special connotation and starts to be obligator question in the search of the competitive advantage. Thus, the general objective of the present study is to establish procedures between the corrector, the insured and the insuring one, with a plan of action of fidelização to maximize resulted for the companies, from strategies of relationship marketing, based in the triad customer, insuring corrector ando For in such a way, it is used of a theoretical and empirical survey of the reality of the sector of automobile insurances, refined in the current period of training, and presents concepts and tools of marketing of relationship that adapted could lead to the increase of the values collected for the insuring ones, with conquest of new customers and retention of the current ones. The results indicate that it has innumerable of possible applications of relationship marketing in the insurances automobile segment, as suggests the study of case of the Niterói branch office of the searched organization, capable to make with that the companies of the sector develop its prescription potential and maximize its relationship with the correctors and the final consumers 9 SUMÁRIO 1. Introdução ....................................................................................................................... 11 Referencial Teórico............................................................................................................ 13 2. Marketing ........................................................................................................................ 13 2.1 Marketing de Relacionamento ........................................................................ 17 2.2 As Funções do Marketing de Relacionamento ............................................... 24 2.2.1 Banco de Dados .................................................................................. 24 2.2.2 Serviços a Clientes ............................................................................. 26 2.2.3 Comunicação com os Clientes .......................................................... 27 2.2.4 Endomarketing.................................................................................. 27 2.2.5 Ações de Manutenção/Retenção de Clientes ................................... 28 2.3 Comportamento do Consumidor.................................................................... 29 2.3.1 Processos Básicos do Comportamento............................................. 29 2.3.2 Teorias da Motivação ........................................................................ 30 2.3.3 A Importância do Consumidor........................................................ 32 2.4 Setor de Serviços ............................................................................................... 37 2.4.1 Características dos Serviços............................................................. 41 2.4.2 Identificar Benefícios ......................................................................... 42 2.4.3 Encarando as Pessoas como Parte do Produto............................... 44 2.4.4 Encontro de Serviços ......................................................................... 45 2.4.5 Incidentes Críticos nos Encontros de Serviços ................................ 48 2.5 O Mercado Securitário Brasileiro................................................................... 50 2.5.1 Os Caminhos da Fidelidade no Setor Securitário ........................... 57 3. Metodologia ................................................................................................................... 60 3.1 Tipo de Pesquisa .............................................................................................. 60 3.2 Universo e Amostra da Pesquisa .................................................................... 61 3.3 Seleção dos Sujeitos ......................................................................................... 61 3.4 Coleta dos Dados .............................................................................................. 61 10 3.5 Tratamento dos Dados ..................................................................................... 62 3.6 Limitações do Método...................................................................................... 63 4. Resultados da Pesquisa de Campo................................................................................ 65 4.1 Corretores ......................................................................................................... 65 4.2 Funcionários da Empresa ................................................................................ 67 4.3 Segurados .......................................................................................................... 68 5. Considerações e Recomendações Finais....................................................................... 71 6. Referencias Bibliográficas............................................................................................. 76 7. Bibliografia ..................................................................................................................... 83 Anexos ................................................................................................................................. 90 11 1. INTRODUÇÃO o grande crescimento do mercado segurador no Brasil trouxe, ao longo dos últimos quinze anos, dificuldades para as empresas se relacionarem adequadamente com seus clientes (corretores e segurados), obrigando-as a repensar seus negócios. Nesse contexto, o comportamento do consumidor do mercado securitário assume conotação especial. Saber como se comporta é o primeiro passo em busca da vantagem competitiva. O cliente é sempre movido por alguma motivação ou tendência de compra. No caso do seguro, ora é devido ao interesse em proteger um bem ou dar segurança à família, ora em conseqüência do acaso que pode incidir sobre qualquer um. Além disso, o mercado é caracterizado por uma série de termos técnicos e aspectos legais que limitam o conhecimento a um grupo relativamente pequeno de profissionais do setor e alguns consumidores envolvidos mais diretamente na contratação do produto. Essas questões têm inquietado este pesquisador, que procura responder ao seguinte problema: "como estabelecer procedimentos entre o corretor, o segurado e uma seguradora de automóveis, maximizando o relacionamento, obtendo a fidelidade do segurado e alcançando beneficios tangíveis e intangíveis para a organização estudada?" Para tanto, o presente estudo, primeiramente, apóia-se nas obras voltadas para a conceituação e evolução do marketing, analisa as definições de marketing de relacionamento, ressaltando a importância dos clientes, da tecnologia, do conhecimento e da percepção do cliente, como centro do processo. Nesse sentido, o objetivo geral do estudo é estabelecer procedimentos entre o corretor, o segurado e a seguradora de automóveis, com um plano de ação de fidelização para maximizar resultados para as seguradoras, a partir de estratégias de marketing de relacionamento, baseadas na tríade cliente, corretor e seguradora. Para este fim, toma-se necessário, em pnmeIro lugar, contextualizar historicamente o seguro no Brasil, para, em seguida, investigar os conceitos modernos de marketing, bem como de sua introdução no ambiente das seguradoras; investigar a 12 evolução do marketing de relacionamento, seus conceitos e finalidades; investigar até que ponto o marketing de relacionamento toma mais ágil e eficiente a relação entre a tríade: seguradora, cliente e corretora, no ambiente da empresa estudada, a saber: a filial Niterói de uma grande seguradora atuante no mercado brasileiro, cujo nome é aqui omitido; mostrar como o marketing de relacionamento pode influenciar a escolha do segurado; definir a importância do corretor na escolha da seguradora; identificar, pela pesquisa, o grau de satisfação e como a tecnologia implantada pela seguradora é vista pelo cliente; verificar o grau de importância atribuído pelo cliente no que se refere ao relacionamento com o corretor no momento em que opta por determinada corretora. Este estudo é importante para as seguradoras de automóvel no sentido de tentar identificar como uma gestão profissional, calcada no marketing de relacionamento, pode gerar beneficios tangíveis e intangíveis, em um campo de conhecimento ainda carente de pesquisas e estudos científicos, com a abordagem de um assunto que constitui fator essencial para que as seguradoras de automóvel possam ampliar seu mercado, sua base de clientes, sem desconsiderar a necessidade de manter os clientes atuais, fator de maior influência para a diminuição do risco, maior lucratividade e sustentabilidade em longo prazo. Essa inquietação aumenta com a concorrência acirrada no mercado financeiro brasileiro, mediante a entrada de empresas internacionais com uma cultura de seguros mais antiga. Esta proposta de dissertação constitui um esforço teórico-empírico no sentido de enriquecer as discussões relativas às metodologias correntes que possibilitem a investigação dos fatores relacionados ao marketing de relacionamento e o mercado securitário brasileiro e adquire maior relevância, sobretudo, no momento em que a importância do relacionamento entre o corretor e seus clientes no processo de venda do seguro emerge como capaz de garantir um relacionamento de longo prazo. 13 REFERENCIAL TEÓRICO 2. MARKETING o tenno marketing, em seu sentido original, segundo Camacho (1983), determina as relações comerciais de uma instituição com sua clientela. o marketing voltado para o cliente desenvolve-se a partir da Segunda Guerra Mundial, para responder à complexidade cada vez maior do capitalismo, à expansão das empresas, de sua área de atuação e da concorrência, fatores que passam a exigir formas mais complexas e sofisticadas de distribuição e deslocam, inicialmente, o foco das empresas da produção para o processo de vendas. Enquanto, tradicionalmente, o preço era o fator fundamental e quase exclusivo para venda dos bens de consumo de massa e para a melhor colocação de uma mercadoria diante da concorrência, a ampliação dos mercados traz novas dificuldades e novas exigências para o atendimento da demanda. Para Gracioso (1982, p.43): "pouco a pouco, tomava fonna o conceito básico de marketing moderno: produz-se aquilo que os consumidores desejam". Rubin (1997) considera que alterações importantes nas fonnas de comunicação da sociedade também vão colaborar para o surgimento do marketing. Este autor cita, como exemplos, o desenvolvimento da publicidade, iniciado em meados do século XIX; a passagem de uma lógica predominante de concorrência de preços para uma nova lógica de concorrência de marcas; a comunicação (para o mercado) como momento indispensável da dinâmica capitalista contemporânea, viabilizando a existência e a hegemonia da concorrência de marcas. Para ele, o posicionamento dos produtos no mercado atualmente se deve à mídia, que possibilita o encurtamento dos prazos de circulação tomando os produtos rapidamente obsoletos e descartáveis, configurando, hoje, a sociedade de consumo. o marketing assume, então, o sentido do Comitê de Definições da American Marketing Association (apud Simonsen Jr., 1970, p.lS), sendo conceituado como "o desempenho de atividades da empresa que se relacionam com o fluxo de bens e serviços, do produtor para o consumidor ou usuário", passando a se orientar por três pontos básicos: 14 • Os bens e serviços devem ser produzidos de forma orientada para o consumidor; • Deve haver uma integração das mais diversas atividades da empresa para atender as finalidades definidas; • O objetivo fundamental é a obtenção do lucro ótimo em longo prazo. Numa perspectiva que inclui não apenas a satisfação das organizações, mas também a dos clientes, há a visão da mesma American Marketing Association (apud Churchil & Peter, 2000, p.4) de que "marketing é o processo de planejar e executar a concepção de preços, promoção e distribuição de idéias, bens e serviços, a fim de criar trocas que satisfaçam metas individuais e organizacionais". O desenvolvimento de trocas é entendido como o ato de se obter algo de alguém, oferecendo uma contrapartida. Desse ato, participam indivíduos e organizações objetivando transações que proporcionem satisfação e tragam beneficios mútuos. Essa definição vem ao encontro do novo enfoque dado ao marketing por Mckenna (1999) e por Dickson (2001), segundo os quais o marketing, atualmente, passa a atender às necessidades do cliente e não a manipular suas mentes, ou sej a, o cliente sabe o que quer, tem ofertas e oportunidades de escolha, não sendo mais cabível oferecer-lhe o que a empresa tem, mas sim o que ele, em conjunto com a empresa, definir como melhor. Nessa linha, a revolução que pode estar acontecendo na área do marketing sugere a necessidade de uma redefinição dos conceitos de marketing e posicionamento para os produtos e serviços de qualquer empresa, inclusive as bancárias. Para obter bons resultados, de acordo com os referidos autores, o marketing vai considerar não somente os fatos vinculados a uma mercadoria, mas também os valores, podendo ser entendido, neste sentido, como uma engenharia que integra fatos a valores com o objetivo de buscar o lucro ótimo em longo prazo. Neste conceito, deve incorporar todas as atividades da empresa desde antes da produção, até a chegada do produto ao consumidor. A estratégia geral também está claramente orientada para atender uma demanda já existente, seja ela sensível, de modo mais explícito, seja ela latente. Este conceito vai superar o trinômio que, tradicionalmente, orientava as empresas: produção, administração e 15 vendas, como processos mais estanques. Por outro lado, vai quebrar a lógica tradicional de que quem tem o melhor preço, ou a melhor qualidade, vende mais. De acordo com Dickson (2001), orientação voltada para o consumidor significa identificar e satisfazer desejos e necessidades: como, onde, quando e quanto o consumidor aceita pagar, elegendo-o como verdadeiro foco de vendas, passando o marketing para a linha de frente da estratégia de negócios. Para promover a integração do conjunto das atividades da empresa, é preciso, em primeiro lugar, articular produção, vendas e administração. Entretanto, não há como deixar de lado que, no conceito de marketing, há uma sistematização das funções partindo do planejamento e indo até o controle, portanto, de antes da produção, para além das vendas, onde não basta dirigir os fatores controláveis (intrínsecos e sob o poder de decisão da empresa). É preciso prever o comportamento de fatores externos à empresa, o comportamento de outras empresas, a situação econômica, os transtornos da natureza, dentre outros. Tudo isso leva a que o marketing seja entendido como um mix i . o terceiro ponto é a obtenção do lucro ótimo em longo prazo. A empresa tem que ter claro que sua função não é social 2 , e sim o lucro. Assim, deve se voltar para o lucro ótimo], sem o confundir com o lucro máximo 4 , evitando as crises. Como exemplo, salários muito baixos ou queda de qualidade para obtenção de melhor preço, podem resultar negativamente em médio prazo. Ou, então, um lucro menor no curto prazo pode facilitar a penetração da mercadoria no mercado e ampliar os lucros a médio e longo prazos. O conceito básico do marketing é, portanto, o das necessidades humanas (fisicas, sociais e individuais), não-criadas pelos profissionais de marketing (Dickson, 2001). Quando uma necessidade não é satisfeita, as pessoas procuram uma maneira de reduzi-la ou I mistura, mescla, combinação In WEBSTER 's English Portuguese Dictionary. 2 ed. 2 tiragem. Vol. 2. Rio de Janeiro: Record, 1984, p.Sl3. ~ de criar bem-estar ou empregos ou desenvolver o País. 3 é o que permite um crescimento equilibrado da empresa, sem provocar crises que possam se abater sobre ela. -1 aquele que permite um crescimento equilibrado da empresa. 16 substituí-la. Desejos são as necessidades humanas moldadas pela cultura e individualidade. As necessidades se manifestam através de desejos diferentes. As demandas são desejos que podem ser atendidos (ou comprados), pois os desejos são ilimitados e os recursos são limitados. Mas, para o marketing, a transação não deve ser passageira. O fundamental é construir um relacionamento, ou seja, uma relação de longo prazo para transações mais lucrativas. Nesse sentido, para Dickson (2001), o marketing passa a ser considerado, acima de tudo, como uma filosofia de administração total, envolvendo todas as pessoas de uma organização, no sentido de compreender e assegurar a satisfação das necessidades do consumidor, assegurando, também, a sustentabilidade das empresas em ambientes de mudanças constantes, na qual, na lição de Rappa (2000) e Dickson (2001), desenvolver relacionamentos toma-se a base do sucesso da empresa com visão de futuro, que se alia à tecnologia para fidelizar os clientes. O exposto permite afirmar que o marketing está sendo redefinido constantemente e incorporando novas responsabilidades, podendo, atualmente, ser entendido como ciência e arte de conquistar clientes, mantê-los e aprofundar o relacionamento com eles, aumentando a lucratividade da empresa. Segundo Richers (1997, p.45), "as finalidades básicas do marketing são detectar espaços abertos (oportunidades abertas no mercado e demandas insatisfatoriamente satisfeitas) e ocupar esses espaços". Para que isso ocorra satisfatoriamente, existem as 4 funções do marketing, ou Teoria dos 4 A's, de Richers: • Análise (investigação para compreender as forças do mercado); • Adaptação (ajustamento da oferta da empresa às forças externas); • Ativação (medidas para fazer o produto chegar aos mercados definidos, entre elas, a propaganda); • Avaliação (investigação e interpretação dos resultados - preparando-se para o futuro) Essas 4 funções devem girar em tomo dos objetivos e metas gerais da empresa. 17 2.1 Marketing de Relacionamento A definição de relacionamento é uma tarefa desafiadora evitada pelos autores em geral. Neste estudo, adota-se a idéia de Colgate e Alexander (1998) de que, operacionalmente, um relacionamento consiste de um número de episódios e, para que ele exista, o requisito mínimo é a compra em uma determinada empresa ao menos duas vezes. Berry (2001) complementa essa idéia, ao afirmar que um relacionamento existe quando alguém faz uma progressão de experiências anteriores que, provavelmente, continuarão no futuro. o marketing de relacionamento nasceu com o comércio (Gronroos, 1994; Berry, 2000). O artesão, na era pré-industrial, vendia diretamente o produto ao consumidor final, tendo, assim, a oportunidade de conhecer, individualmente, seus clientes e de manter com eles um relacionamento próximo, conseguindo levá-los a fazer compras repetidas, alimentando a confiança estabelecida (Parvatiyar e Sheth, 2000; Gronroos, 1999). Nessa época, a orientação do marketing se volta para as transações, devido ao advento da produção e do consumo em massa. Os profissionais de marketing se preocupam com vendas e promoções deixando de lado os relacionamentos. Esta orientação foi acentuada pela Grande Depressão de 1929, quando a superprodução de bens no sistema aumenta a pressão por achar e persuadir consumidores que comprem os produtos (Sheth e Parvatiyar, 2000; Dickson, 2001). A partir da Revolução Industrial, a perspectiva de relacionamento entre fornecedor e cliente final enfraquece, enquanto os intermediários ganham poder, devido à sua atuação na distribuição. No setor de serviços, o laço entre provedor de serviços e cliente final não se afrouxa, apesar de, principalmente depois da Segunda Guerra Mundial, os modelos de marketing dominantes nos mercados de bens de consumo terem sido largamente adaptados para empresas de serviços. Essa situação corresponde à época na qual os mercados em expansão têm, geralmente, demanda maior que a oferta. Dessa forma, as práticas tradicionais de 18 marketing, surgidas por volta dos anos 60 e denominadas 4P's (produto, preço, praça e promoção), são apropriadas para atrair novos consumidores (Grõnroos, 2000). Vale ressaltar que, no modelo do composto de marketing, as transações ou trocas são os conceitos centrais. Nesse sentido, o conceito de trocas permanece estático, de forma a considerar somente transações isoladas, desconsiderando relacionamentos mais duradouros e dinâmicos entre as partes envolvidas. Nesse caso, todas as estratégias de marketing giram em tomo do composto de marketing e de eventuais trocas futuras entre os envolvidos. O consumidor é uma pessoa anônima que a empresa não identifica. Com o tempo, surge a necessidade de se enxergar o marketing como um processo e não como uma função, e o foco passa a ser a construção e manutenção de relacionamentos, em vez de transações isoladas (Kotler, 1992, apud Grõnroos, 1994; Gummesson, 1998; Dickson, 2001). Nesse contexto, pode-se afirmar que o marketing de relacionamento enfoca as constantes interações advindas do contato entre fornecedores e consumidores, tendo como ênfase orientadora "desenvolver relacionamentos de longo prazo, mutuamente satisfatórios para os clientes e fornecedores da firma" (Dickson, 2001, p.28). Essas condições aparecem no setor de serviços, cujas empresas têm, em geral, contato direto com o consumidor finaIS. A partir daí, a gestão dos clientes se toma um processo para as empresas, no qual a maioria das funções administrativas está envolvida, todas as áreas das empresas passam a ser geridas com o foco no cliente, ou seja, "orientadas ao mercado, e o marketing se toma interdepartamental e interfuncional" (Grõnroos, 2000, p.lS). O termo marketing de relacionamento surge na literatura de marketing de serviços na Inglaterra, em 1983, quando se concebe que a fidelização de clientes é uma forma de alcançar maior competitividade e maior satisfação, sendo definido como a atração, a manutenção e o aprimoramento de relacionamentos com os clientes. A partir de então, a atração de novos clientes deve ser vista apenas como um passo intermediário no processo Vale lembrar que todo tipo de contato: comerciais na televisão, através de vendedores ou mesmo de máquinas (como caixa rápido), provoca um efeito na satisfação do consumidor. 5 19 de marketing; solidificar relacionamentos, transformar clientes indiferentes em leais e servi-los deve ser considerado marketing. (Berry, 2001), Para Morgan e Hunt (1994, p.22), "marketing de relacionamento se refere a todas as atividades de marketing direcionadas a estabelecer, desenvolver e manter trocas relacionais" . Stone et aI. (2001) consideram o marketing de relacionamento, em princípio, como uma disciplina resultante da associação de bancos de dados, gestão de contas e prestação de serviços ao cliente, cujo sucesso dependia da tecnologia da informação, através de uma aplicação planejada e sensata. Esses autores, porém, não prevuam as mudanças na área de tecnologia de informação, sobretudo no que se referem ao gerenciamento dos clientes, absorvidas muito rapidamente, visando a: • Aumentar a participação de mercado; • Reduzir os custos da gestão de clientes; • Recrutar clientes novos e de qualidade de forma direcionada; • Proteger e reter os clientes existentes; • Extrair mais valor dos clientes existentes; • Proteger a empresa dos clientes mais perigosos. De acordo com Peppers e Rogers (2000), a participação na mente do cliente é uma medida de sucesso mais relevante do que a participação de mercado, demonstrando que a manipulação e a gestão dos clientes, ao longo do tempo, têm maior importância para a empresa do que a mera aquisição de clientes. O relacionamento vai se transformando no maior bem da empresa à medida que as organizações se aprimoram e se esforçam para conquistar a fidelidade e ampliar o número de clientes, impulsionando o desenvolvimento do marketing de relacionamento (Peppers e Rogers, 2000). A literatura vem se ocupando desse relacionamento e seu vínculo com o futuro, ou seja, "a credibilidade de uma empresa em um mercado depende das relações forjadas por 20 ela" (Mckenna, 1999, p.27). Nesse sentido, se as relações são a base de escolha do cliente, o novo marketing não será usado apenas para vender e, sim, definirá como uma empresa fará seus negócios (Dickson, 2001). Para Kotler (2000), o marketing de relacionamento tem como objetivo estabelecer relacionamentos mutuamente satisfatórios, de longo prazo, com partes-chave: cliente, fornecedores e/ ou distribuidores, de maneira a ganhar e reter sua preferência no longo prazo. Tais relacionamentos estabelecem sólidas ligações econômicas, técnicas e sociais entre as partes, resultando na construção de um patrimônio corporativo singular, denominado rede de marketing. Segundo Oliver (1999), o marketing não mais deve ser uma função, mas uma maneira de fazer negócios, que integra o cliente à elaboração do produto, desenvolvendo um processo sistemático de interação que dará segurança à relação cliente-empresa. Vavra (1993) entende que, a partir da perspectiva do cliente, a compra passa a ser encarada como um relacionamento, no qual o cliente sente a necessidade de uma interação continuada com a organização de venda. Dessa forma, pode-se inferir que, também, da parte do cliente, é interessante manter um relacionamento duradouro, já que a confiança estabelecida lhe traz, também, resultados intangíveis como a comodidade e a confiança, por j á conhecer a empresa. Também Whiteley (1995) comunga dessa afirmação, com base em pesquisa feita em todo o mundo pela firma de consultoria DrDsi Corporation, que identificou, dentre algumas importantes necessidades que determinam o nível de satisfação dos clientes, a necessidade de se relacionar, para tomar a decisão certa. o gerente passa a ser o conselheiro ou consultor, desde que a empresa se estruture para conhecer o cliente, sua individualidade e necessidade, com um sistema de dados eficiente, que transmita ao funcionário de contato direto, a informação necessária para o bom atendimento das necessidades dele - cliente (Kottler, 1986). De acordo com Gordon (1998), o marketing de relacionamento é o processo contínuo de identificação e criação de novos valores com clientes individuais e o FUNDAÇAO GETULIO VARGAS , BIBLiOTECA r,"lAlUO HENRIQUE SIMONS1!;N 21 compartilhamento de seus beneficios durante uma vida de parceria, o que envolve a compreensão, a concentração e a administração de contínua colaboração entre fornecedores e clientes selecionados para a criação e o compartilhamento de valores mútuos por meio de interdependência e alinhamento organizacional. A implantação do conceito de marketing de relacionamento envolve, portanto, mudanças na cultura e valores organizacionais, alterações na forma e capacitação dos recursos humanos, inovações na sistematização de processos, capacitação tecnológica e aperfeiçoamento da gestão, incluindo o estilo de liderança de que a empresa dispõe (OrO Casas et aI., 2001; Dickson, 2001). o novo marketing se calca no conhecimento e na experiência. O conhecimento da tecnologia pertinente, da concorrência, dos clientes e da própria organização, seus recursos, planos e formas de fazer negócios, todos meios de integração do cliente, gerando produtos que o satisfaçam e, também, atendam à estratégia da empresa, valorizando os nichos de mercado, através da segmentação, verificando onde estão as melhores potencialidades, desenvolvendo relações de infra-estrutura com fornecedores, revendedores, sócios e usuários com o objetivo de conferir vantagem tecnológica (Oliver, 1999; Dickson, 2001). Peppers e Rogers (2000) revelam, ainda, que as últimas tecnologias e aplicativos informatizados, criados nos últimos anos, para ajudar as empresas a gerenciarem suas interações com os clientes, apontam que a teoria e a prática da gerência do relacionamento com os clientes foram refinadas, aprimoradas, construindo-se um grande centro de conhecimentos que apontam um centro de relacionamento ágil e eficiente, conhecimento do mercado, facilidade na fidelização dos consumidores à marca e aos canais de venda e o fortalecimento da imagem junto ao cliente. Gordon (1998), analisando as influências do marketing de relacionamento nos quatro pilares de marketing apontou 11 C'S do marketing de relacionamento, apresentados no Quadro 1, a seguir. 22 QUADRO 1 - Os 11 C's do Marketing de Relacionamento 1. Cliente Definir quais os cliente a atender, o vínculo e outros objetivos a serem alcançados, além da estratégia a seguir. 2. Categorias Definir alcance das ofertas de produto e serviço a serem oferecidas aos clientes. 3. Capacidades Estabelecer quais as capacidades necessárias à empresa para ofertar o valor desejável pelos clientes. 4. Custo, lucratividade e valor. A construção da lucratividade do cliente por meio da criação de novos valores com os clientes e com a partilha dos mesmos 5. Controle do contato com os processos A administração e controle dos processos monetários associados aos contatos da conta através de garantia de recolhimento de dinheiro e, assegurar que os mesmos seJ am desempenhados efetivamente no interesse mútuo. 6. Colaboração e integração A atuação na garantia de acesso aos principais tomadores de decisão, no apoio ao aprendizado conjunto, na divisão e colaboração estratégica operacional para integração de aspectos de negócio do cliente com os do fornecedor. 7. Customização A criação de valor para o cliente implica na customização de aspectos de desenvolvimento do produto e serviços e da produção e distribuição dos mesmos durante toda a sua vida útil. 23 8. Comunicação, interação posicionamento. e O envolvimento do cliente com comunicações interativas em tempo real, além da administração do posicionamento da empresa em relação ao cliente. 9. Cálculos sobre o cliente O acompanhamento do desempenho da empresa na mente do cliente, bem como avaliações do cliente e o progresso no aprofundamento do vínculo com o mesmo. lO. Cuidados com o cliente O desenvolvimento e a administração de processos para fornecimento de informações em tempo real, bem como treinamento, retomo e restituição, e qUaisquer outros serviços relevantes exigidos para aumentar o valor do produto ou serviço ao cliente. 11. Cadeia de relacionamento Compreende as ligações formais dentro da empresa e com os participantes externos, e permitem à empresa criar o valor final que os clientes desejam. Está centrada no cliente. Fonte: adaptado pelo autor de GORDON, L Marketing de relacionamento: estratégias, técnicas e tecnologia para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo: Futura, 1998, p. 87. O exposto permite afirmar que, frente à crescente concorrência global, o marketing de relacionamento, baseado na manutenção de clientes lucrativos, tem sido uma alternativa para diversos segmentos. No setor de serviços, alvo específico do presente estudo, que foco o mercado securitário, pela possibilidade de interação direta com os clientes. Por esse motivo e pela inerente troca de informações com os clientes, várias instituições têm usado estratégias de relacionamento, cujo sucesso vai depender de conseguir efetiva e eficazmente envolver o consumidor individual no processo de criar e entregar o produto ou serviço desejado. A venda passa a ser o ápice de um processo de integração, onde o indivíduo é 24 único no segmento. A criação dessa familiaridade com o consumidor demanda o envolvimento de todo o sistema de fornecimento de valor, integrado e organizado, em função do usuário final. 2.2 As Funções do Marketing de Relacionamento Para Ferreira & Sganzerlla (2000), as funções do marketing podem ser divididas em dois blocos: , Gestão do planejamento estratégico de marketing - inclui as funções tradicionais de definir o posicionamento de marketing, propaganda, promoção, pesquisa, novos produtos, e canais de venda; , Gestão de marketing de relacionamento - inclui banco de dados; serviços a clientes; manutenção/retenção/mensuração; comunicação com os clientes; e endomarketing. 2.2.1 Banco de Dados (BDM) o marketing de relacionamento necessita de ferramentas que possam contribuir para construção de relacionamentos produtivos com o cliente. Para que a empresa possa competir em tempo real, necessário se faz dotá-la de meios que permitam reconhecer e relacionar cada um de seus clientes. As integrações desses meios originaram um novo conceito, o Customer Relationship Management - CRM, ou Gerenciamento do Relacionamento com os Clientes, definido como um conjunto de conceitos, construções e ferramentas, compostas por estratégia, processo, software e hardware (Bretzke, 2000). A empresa precisa desenvolver uma estratégia voltada para o cliente, suportada por um BDM. Fala-se, então, em marketware, ou seja, as ações de marketing baseadas no banco de dados - BD. Nesse sentido, para qualquer canal de comunicação escolhido pelo cliente, como telefone, fax, mala direta, e-mail, folders, panfletos, televisão, livros, rádios ou contato 25 pessoal, o retomo dado pela empresa deve ser imediato, resolvendo qualquer tipo de problema, sugestão ou reclamação, ou seja, a empresa tem que estar preparada para atender o cliente no momento exato de seu contato, retomando imediatamente a solicitação feita, não importando o canal escolhido. Feito o retomo, é necessário adicionar os dados do cliente na DBM, para que a empresa possa ter uma comunicação continuada. Além disso, a centralização desses dados permite conhecer o perfil do cliente, assim como detectar as ameaças e oportunidades, como: ), Reclamação (ameaça); 'r Pedido de mais informações (oportunidade); 'r Pedido referenciando os preços do concorrente (ameaça); 'r Comunicação de que o concorrente está prestando mais serviços (ameaça). A empresa deve estar provida desses meios eficazes para o atendimento, reconhecimento e cuidados necessários com seus clientes em tempo real, transformando esses dados em informações que, disseminadas pela empresa possibilitam o tratamento de cada cliente de uma forma individualizada. Trata-se de um tipo de tratamento a ser dado por qualquer departamento que atender o cliente, não só no Cal! Center. Para que tal fato ocorra, é necessário envolvimento e comprometimento entre todos os integrantes da empresa. CRM é uma estratégia sofisticada em que as empresas podem aumentar a rentabilidade dos clientes atuais, além de prospectar futuros clientes, entre outras possíveis articulações. A utilização da Internet como canal de venda é facilitado e viabilizado por essa nova estratégia, que acaba aproximando ainda mais os clientes (Bretzke, 2000). De acordo com Poser (2002), os melhores clientes de uma empresa representam, no máximo, 15% da carteira total de consumidores, sendo que os clientes de maior potencial podem chegar a 25%. Deste modo, a maioria esmagadora é formada de consumidores ocasionais. Nessa linha, se os melhores clientes representam 50% da lucratividade e os potenciais 25%, conclui-se que 40% dos clientes são responsáveis por 75% dos lucros da empresa. 26 Nesse sentido, as infonnações obtidas não devem seguir somente estratégias prédefinidas, mas, também, influenciar tais estratégias. Os dados precisam ser annazenados, os contatos sistematizados e os resultados mensurados. Entretanto, é também essencial que as infonnações obtidas e annazenadas, concernentes ao relacionamento com os clientes, sejam utilizadas para a elaboração das estratégias da empresa, isto é, devem alimentar a empresa no planejamento, nos níveis estratégicos, tático e operacional. 2.2.2 Serviços a Clientes Para Gummesson (1999), o marketing de relacionamento está baseado em três premissas: relacionamento, rede e interação. Quando se fala em marketing de relacionamento, não se faz referência apenas à relação com clientes, mas a um sistema complexo, envolvendo diversos aspectos interligados, cujas características são os efeitos de longo prazo e a geração de benefícios para todas as partes envolvidas, exigindo uma comunicação personalizada, propiciada pelo crescente desenvolvimento tecnológico. Peppers e Rogers (1994) mostraram a diferença entre conquistar uma fatia de mercado maior e conquistar uma fatia de clientes maior, um de cada vez, na busca de integrar o cliente nos processos. Assim, o relacionamento das empresas com seus clientes significa identificar as necessidades e atendê-las, com lucro. Ferreira e Sganzerlla (2000) destacam que, por trás dos servIços prestados aos clientes, está a interação com os mesmos. O marketing de relacionamento apóia-se nessa interação. A interface entre a produção e o consumo deve promover a interação, pois, após a entrega de um produto ou serviço, o que garante novas vendas é a interatividade da empresa com o cliente. A assistência técnica passa a ser apenas um dos serviços prestados, considerado básico, enquanto cada vez mais se agrega valor com a ampliação do leque de serviços prestados. Vale destacar que o marketing de relacionamento exige interações freqüentes com os clientes, sendo, portanto, essencial que a empresa planeje essas interações, traduzidas em serviços aos clientes, como o atendimento aos clientes por correspondência, telefone e Internet. 27 2.2.3 Comunicação com os Clientes o marketing de relacionamento pressupõe diálogo entre a empresa e os clientes, com comunicação individual. Nesse sentido, é essencial que as interações foquem uma geração mútua de valor, relação de confiança, comprometimento e cooperação. Para Ferreira e Sganzerlla (2000), a diferença fundamental entre a interatividade no marketing tradicional e no de relacionamento é que a primeira serve de intermediária entre a produção e o consumo; e a segunda, de realizadora entre a produção e o consumo. A comunicação apóia-se amplamente no marketing direto, ou seja: "[ ... ] é um sistema interativo que usa uma ou mais mídias para obter uma resposta mensurável, e uma transação em qualquer lugar" (Stone, 1990). Assim, para que haja uma comunicação focada no relacionamento, é importante a relação intrínseca existente, permeada pela interatividade, com a interação um a um, entre a empresa e o consumidor. Assim, utiliza-se, de forma integrada, uma ou mais mídias, alcançando um índice maior de respostas. DrDsilD D Dtemente é realizada a mensuração do retorno, pois se sabendo qual a resposta e sua respectiva fonte, há a tendência de se obter melhor desempenho. A comunicação pertinente e individualizada, disponibilizando aos clientes um veículo de resposta ágil, é então chave neste processo. 2.2.4 Endomarketing o endomarketing considera os funcionários como clientes internos que precisam ser satisfeitos para darem o melhor de si e garantirem o sucesso da empresa. Em uma empresa todos servem a alguém. Se o funcionário não possui contato direto com o cliente, está servindo outro funcionário que tem esse contato, de maneira que todos trabalham para o cliente. Para desenvolver o marketing de relacionamento, a conscientização dos funcionários sobre sua importância na satisfação dos clientes emerge com intensidade, exigindo prática e técnica intensa, considerando que, após o feedback do cliente, é preciso 28 haver disposição para mudanças ou melhorias. A participação dos executivos de primeiro escalão é fundamental nessa abordagem, pois demonstra o comprometimento da empresa com a estratégia. A liderança deve promover uma atitude focada no cliente. É essencial que, antes mesmo de iniciar as ações que promovem o relacionamento com os clientes externos, todos os funcionários estejam cientes de seu papel no processo de satisfação daqueles e no reflexo de seu trabalho no resultado final, ou seja, na percepção do cliente quanto à qualidade do serviço recebido. 2.2.5 Ações de Manutenção/Retenção de Clientes A manutenção e retenção dos clientes ocorrem em decorrência do relacionamento constante e diferenciado. Para isso, os Programas de Fidelização têm sido importantes na construção de relacionamentos entre empresas e clientes. Embora não possam ser confundidos com compras repetidas em razão de descontos e ofertas, considerados erroneamente como Programas de Fidelização. A manutenção e retenção dos clientes relacionam-se com a satisfação com o produto/serviço, ou com seus atributos. Para isso, é essencial atender às necessidades, desejos e valores, reforçando a percepção positiva, com mensagens certas, nos momentos adequados e pela mídia correta. Segundo Rapp & Collins (1996), é preciso desenvolver um ciclo de comunicação com o cliente; fazer junto com o cliente; ouvir cuidadosamente; pesquisar respeitosamente; descobrir a força da propaganda de resposta direta; transformar compradores em adeptos. Essas regras deixam explicita a importância da mensuração, ou seja, de se desenvolverem pesquisas sistemáticas com os clientes, desde que os mesmos se disponham a cooperarem, analisando-se a possibilidade de recompensá-lo, pois ouvir e pesquisar levam a conclusões que direcionam os próximos contatos. 29 2.3 Comportamento do Consumidor 2.3.1 Processos Básicos do Comportamento A motivação é o primeiro ponto a ser entendido em relação ao consumidor, que se pode tomar motivado ou estimulado por meio de necessidades internas ou externas, de caráter fisiológico ou psicológico. Grande parte dos impulsos humanos remetem, na sua origem, a saciar necessidades básicas, como a sede, sono, fome, proteção do corpo contra frio, calor, entre outras. Se, por algum motivo, alguém fica sem tomar água por certo tempo, o seu organismo reage de uma forma tal que constantemente se sentirá compelido a buscar saciar a sede. O comportamento motivado tende a prosseguir até que esse objetivo seja alcançado, reduzindo a tensão que a pessoa está sentindo (Gade, 1980). A estimulação interna, no entanto, pode não ser de ordem fisiológica, remetendo o indivíduo à fantasia. Mesmo sem estar com sede, a imagem de uma garrafa de Coca-Cola gelada pode suscitar sede, porque a imaginação pôs em funcionamento os mecanismos do corpo que o fariam sentir a mesma sede daquela passagem anterior (Gade, 1980). Da mesma forma, um estímulo externo, como a visão de um grupo de anugos tomando cerveja, pode ocasionar os mesmos sintomas. Nos dois casos, sempre há uma espécie de aprendizado adequado à satisfação de saciar a sede. Existirá, então, uma vontade física, que fará a pessoa ir ao bar ou supermercado mais próximo e comprar um refrigerante ou uma cerveja (Gade, 1980). Poucos estudos foram realizados sobre estas necessidades básicas do consumidor. Estudaram-se as necessidades de comer, beber, dormir, mas o que interessa à sociedade de consumo é o estudo do que comer, o que vestir e o que beber, ou entender quais foram os motivos que levaram uma pessoa a escolher este ou aquele alimento. Trata-se de 30 necessidades secundárias, que englobam hábitos alimentares orientados por normas, princípios e valores de uma determinada sociedade ou grupo social (Giglio, 1996). Estas necessidades são de origem psicológica ou social. Sentir sede, por exemplo, é uma necessidade biológica: é uma necessidade básica. Não tomar refrigerantes, para poder emagrecer, no entanto, é uma necessidade de cunho social (Giglio, 1996). Entretanto, as necessidades primárias não interferem na escolha ou determinação de um produto. As secundárias, sim, pois agem de forma inesperada no indivíduo, fazendo-o escolher determinada marca de alimento, bebida ou roupa (Giglio,1996). Nesse contexto, foram desenvolvidas várias teorias de motivação. Dentre elas, destacam-se as de Maslow e McGregor (apud Piersol, 1999); Freud (apud Gade, 1980); eHerzberg (apud Gade,1980). 2.3.2 Teorias de Motivação Maslow e McGregor (apud Darrel,1999) citam o comportamento motivacional, explicado pelas necessidades humanas, entendendo que a motivação é o resultado dos estímulos que agem com força sobre os indivíduos, levando-os a ação. Para que haja ação ou reação, é preciso que um estímulo seja implementado, seja decorrente de algo externo ou proveniente do próprio organismo. Esta teoria dá idéia do ciclo motivacional. Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo que poderá assumir várias atitudes: • Comportamento ilógico ou sem normalidade; • Agressividade, por não poder dar vazão à insatisfação contida; • Nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios/digestivos; • Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos; • Passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às modificações, insegurança, não colaboração, entre outras. 31 Para Maslow (apud Piersol,1999), as necessidades dos seres humanos obedecem a uma escala de valores a serem transpostos. Isto significa que, no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge outra em seu lugar, exigindo sempre que ele busque meios para satisfazê-la. Maslow apresentou uma teoria da motivação, segundo a qual as necessidades humanas estão organizadas e dispostas em níveis, numa hierarquia de importância e de influencia, como em uma pirâmide, em cuja base estão as necessidades mais baixas (necessidades fisiológicas) e no topo, as necessidades mais elevadas (necessidades de autorealização) (Quadro 2). QUADRO 2 - Organização das Necessidades Humanas Segundo Maslow Necessidades de auto-realização Necessidade de status e estima Necessidades sociais (afeto) Necessidades de segurança Necessidades fisiológicas Fonte: Piersol, D. Teorias da motivação. MAS Rwview, 1999, p. 34. As necessidades fisiológicas constituem a sobrevivência do indivíduo e a preservação da espécie: alimentação, sono, repouso, abrigo. As necessidades de segurança, a busca de proteção contra a ameaça ou privação, a fuga e o perigo. As sociais incluem a necessidade de associação, de participação, de aceitação por parte dos companheiros, de troca de amizade, de afeto e amor. As de estima envolvem a auto-estima, a autoconfiança, a necessidade de aprovação social e de respeito, de status, prestígio e consideração, além de desejo de força e de adequação, de confiança perante o mundo, independência e autonomia. 32 As necessidades de auto-realização envolvem o fato de cada pessoa realizar o seu próprio potencial e de autodesenvolver-se continuamente (Maslow apud Piersol, 1999). Em resumo, essas necessidades englobam três tipos de motivos: os físicos; os de interação com os outros; e os relacionamentos com o self Os desejos mais altos da escala só serão realizados quando os que estão mais abaixo estiverem totalmente ou parcialmente satisfeitos (Piersol, 1999). 2.3.3 A Importância do Consumidor Cliente é "um indivíduo ou organização que compra ou troca algo de valor pelos produtos da empresa" (Nickels & Wood, 1999, p. 421). As empresas, para alcançarem os lucros desejados, vêm se voltando para a importância do cliente interno, aí entendidos funcionários, fornecedores e os distribuidores, ou seja, todos os stakeholders. Dessa forma, ratifica-se a idéia de Kotler (2000) de que, sem clientes, não há negócios. Vale lembrar que os concorrentes também oferecem vantagens semelhantes. De acordo com Kotler (2000), as empresas estão enfatizando a retenção, em vez de, simplesmente, conquistarem novos clientes, que, entretanto, não são leais como antes, pois possuem múltiplas escolhas no mercado, ao mesmo tempo em que os produtos e serviços de empresas concorrentes estão atingindo uma paridade crescente. Os clientes esperam que seus relacionamentos com as empresas sejam gerenciados, o que leva à certeza de que a chave para o marketing competitivo está na satisfação das expectativas relevantes dos clientes de forma mais eficiente do que a proporcionada pela concorrência (Stone e Woodcock, 1998). Segundo esses autores, o relacionamento entre empresa e cliente envolve: • A mídia e os meios de comunicação através dos quais ocorre o contato (correio, telefone, encontros presenciais); 33 • A freqüência dos contatos (timing); • Com quem é feito cada contato (departamento, pessoa); • O escopo dos contatos (assuntos abordados); • As informações trocadas em cada contato; • Os resultados provenientes de cada contato; • O custo dos contatos com o cliente. Em relação ao conhecimento e percepção do cliente, devem ser considerados, segundo Gordon (1998), os seguintes atributos: • Infra-estrutura tecnológica que apreenda, armazene e processe os dados necessários e que resulte no conhecimento sobre o cliente, além de uma arquitetura tecnológica que coloque esses dados em seu centro estratégico; • Cultura e liderança que enfatize e valorize o conhecimento e a percepção sobre o cliente; • Estratégias explícitas para recrutar, treinar e preservar profissionais que vejam o cliente como centro como centro de seu trabalho; e • Processo de negócios, recompensas e reconhecimento, de maneira a enfatizar os níveis de aprendizado sobre o cliente para o pessoal interno: aprendizado individual; aprendizado em equipe; entre a empresa e outras empresas com as quais ela faça negócio, como fornecedores e canais intermediários de distribuição; e o aprendizado em equipe com os clientes. A integração do cliente à empresa resulta da metodologia de voltar a empresa para o mercado, o que leva à necessidade de estruturar e capacitar a organização para tal fim. Nessa linha, as principais capacidades a serem desenvolvidas, levando-se em consideração o marketing de relacionamento, são: pessoal, processo, tecnologia, conhecimento e percepção. Os clientes podem ensmar como querem ser servidos pelas empresas, segundo Berry (2001). Empresas de relacionamento captam e utilizam esse conhecimento e tomam difícil para os clientes abandonarem essa relação. É o que se pode chamar de aprendizagem contínua sobre os clientes. A capacidade de agradar aos clientes, nesse contexto, é um 34 desafio para as empresas, que passam a lhes oferecer, cada vez mais, produtos superiores e adaptados às suas necessidades, fornecidos com rapidez pelos menores preços e com serviços adicionais gratuitos. Segundo Reichheld (1996), fidelizar clientes é mais importante do que atraí-los. Para tanto, toma-se necessário análise cuidadosa e ação coerente, buscando respostas para tomada da decisão e definição das estratégias, baseadas no conhecimento do que é importante e interessa aos mesmos. Pesquisas feitas nos Estados Unidos apontam que há uma grande rotatividade, não apenas com os clientes (50% mudam de fornecedor a cada cinco anos), mas também em relação aos os funcionários (50% saem de suas empresas a cada quatro anos) e, até mesmo, com investidores (50% abandonam as empresas em menos de um ano) (Reichheld, 1996). Dessa constatação, emerge a questão de quanto vale fomentar a lealdade do cliente. Para a empresa com foco na manutenção dos clientes, é garantido, em longo prazo, a manutenção de seus ativos, fato vital para que se tenham resultados positivos e seja competitiva. As empresas que ainda apostam na fidelidadé de seus clientes têm obtido bons resultados, conservando os melhores clientes e funcionários (clientes internos). Nessa linha, ao avaliar o nível de fidelização da Harley Davidson, por exemplo, percebe-se que a empresa conseguiu que seus produtos passassem a ser cultuados, de modo que os seus clientes são instrumentos marketing e propaganda viva para a empresa. As atitudes dos clientes dessa organização são explicadas por Heath (1998, p.48), ao citar declaração do presidente da American Marketing Association: "clientes fiéis são aqueles que superam qualquer obstáculo para comprar um produto específico e não um equivalente, e têm menos probabilidade de mudar após uma experiência ruim". Segundo Kotler (2001), pesquisas da Techinical Assistance Research Program TARP- revelam que, além de custar cinco vezes mais conquistar um novo cliente do que manter o atual, é possível e mesmo provável que se demore alguns anos até que o novo cliente compre na mesma proporção do antigo. Nessa linha, esse autor sugere que a ÚComo exemplo de empresas que cultuam a fidelidade de seus clientes nos EUA, estão a Harley-Davidson, Del! Computer e o New York Times. a 35 empresa monitore o nível de satisfação de seus clientes atuais em relação ao que lhes está oferecendo, não presumindo estarem garantidos, pois, certamente, esses consumidores estão sendo constantemente assediados pela concorrência. Para Kotler (2001), grandes empresas desenvolveram a capacidade de obter e manter clientes. Os principais processos envolvidos são: localizar clientes potenciais; vender pela primeira vez para eles; e mantê-los, fazendo com que suas compras cresçam para sempre. O mercado atual é abundante em fornecedores e marcas, mas carente de clientes. A tarefa de encontrá-los deixa de ser do vendedor, cabendo às empresas descobri-los e indicálos a seus vendedores, reduzindo-lhes os custos. É a chamada geração de indicações que se divide em três etapas: definição do mercado alvo; uso de ferramentas de comunicação para coletar dados dos clientes potenciais; e classificá-los como qualificados. :JrCs (1996) afirma que a criação de valor7 é essencial para a fidelização dos clientes. Assim, é necessário oferecer uma proposta melhor do que a da concorrência e não apenas utilidades imediatas. Além do mais, esse valor precisa ser administrado por meio de gerenciamento da qualidade na empresa. Para Mckenna (1999), o sucesso na esfera do marketing nos anos 90 está na construção de relacionamentos com a infra-estrutura, que envolve determinada indústria ou atividade, principalmente, com os clientes. A fidelização nasce do marketing de relacionamento, das vendas repetidas e do esforço de vendas. As pessoas desejam fazer negócios com empresas de serviço que ofereçam serviços agregados a seus produtos antes, durante e após a venda, na busca de um relacionamento de longo prazo, onde as necessidades individuais possam ser atendidas não apenas hoje, mas também no futuro. Fidelizar clientes toma-se, dessa forma, uma das metas para manter o bom desempenho. É, a partir da satisfação das necessidades dos clientes, que se chega ao sucesso empresarial (Mckenna, 1999). 7 criar valor é oferecer algo que destaca um produto ou serviço sob a visão do cliente. 36 Vale ressaltar que apenas a satisfação do cliente não basta. Para Whiteley (1995), é preciso deixá-lo encantado, amarrá-lo completamente à forma de a empresa agir, que deve ser pautada em relações sólidas nas quais a honestidade seja o princípio básico para o relacionamento, resguardando os interesses de ambas as partes, o que deve ser feito pelas pessoas e não pelas máquinas. Ouvir o cliente, colocar a sua opinião como ponto de partida para a definição das estratégias da empresa, preocupar-se em formar uma relação de parceria pautada na transparência e na confiança em resultados e beneficios que prevêem a satisfação mútua das partes, o que somente é alcançado com o envolvimento e desempenho das pessoas, parece essencial, como atesta Cobra: "( ... ) o grande diferencial não são os serviços, são as pessoas, uma vez que os serviços dependem do desempenho das pessoas e não apenas de máquinas e equipamentos destinados à prestação dos serviços financeiros por meio de cartões inteligentes, atendimentos a segurados, emissão de bilhetes aéreos" (2000, p.7). No início do Terceiro Milênio, as empresas estão certas de que as pessoas são o diferenciador crítico de uma organização e não o patrimônio em imóveis, dinheiro e equipamentos. As pessoas são a alavanca do lucro na sociedade do conhecimento. Todos os demais recursos são passivos, inertes: "somente as pessoas geram valor por meio da aplicação de suas características humanas intrínsecas, da motivação e da manipulação de ferramentas" (Fitz-enz, 2001, p. 4). Nessa linha, para que uma empresa seja bem-sucedida, é preciso que as pessoas participantes da organização possuam o conhecimento, as habilidades e as atitudes certas para poder distingui-las de seus concorrentes. Trata-se da capacidade que a empresa deve ter de compartilhar dados oportunos, relevantes e organizados com seus funcionários, dados esses que geram o conhecimento para o melhor desempenho das funções de cada um dentro da organizaçã0 8 . Os computadores e programas só agregam valor quando uma pessoa instruída coloca suas mãos treinadas sobre o teclado e começam a extrair o potencial existente nos programas de software. R 37 Dessa forma, a contratação e manutenção dos funcionários certos tem tudo a ver com a obtenção e manutenção dos clientes certos (Reichheld, 1996). As empresas que não investem na lealdade de seus funcionários e, conseqüentemente, de seus clientes, conhecem seus custos, mas não conhecem seu valor. Finalmente, na teoria do marketing de relacionamento, o que se pretende é fornecer o maior número possível de produtos para cada um dos clientes. Essa é a busca do setor de seguros. Da mesma forma, também os clientes desejam fazer negócios com empresas prestadoras de serviços que os ofereçam agregados a seus produtos antes, durante e após a venda, procurando um relacionamento de longo prazo, no qual suas necessidades individuais possam ser atendidas não apenas no momento, mas também no futuro. 2.4 Setor de Serviços Para Oliver (1999), a diferença entre empresas industriais e de serviços é pequena. Ela se reduz ao se observar que toda vez que um cliente compra um produto está, na realidade, comprando um serviço que o produto irá lhe oferecer. A maioria das pessoas oferece serviço juntamente com seus produtos. Corno exemplo, podem-se citar as concessionárias, que, ao venderem carros, fornecem assistência e manutenção e as empresas industriais, que empregam grande número de profissionais de serviços: contadores, pesquisadores e gerentes, entre outros. Kotler (1998, p.42) ratifica a idéia ao definir serviço corno: "qualquer ato ou desempenho que urna parte possa oferecer à outra e que seja, essencialmente, intangível, e não resulte na propriedade de nada. Sua produção pode ou não estar vinculada a um produto físico". Os serviços estão ligados aos relacionamentos. A aproximação do marketing de relacionamento do marketing de serviços deve-se ao fato de que o relacionamento é um serviço prestado ao cliente e a sua natureza interativa passa a ser a base para a oferta contínua de valor superior. Nessa perspectiva, criar uma operação de serviços bem- 38 sucedida é uma tarefa árdua, mas sustentar esse sucesso é ainda mais dificil. Os serviços compreendem o desempenho e o desafio de sustentar o vigor, o compromisso, as habilidades e o conhecimento daquele que o desempenha, a qualquer tempo. Em todos os segmentos de produtos, segundo Oliver (1999), as empresas buscam melhorias, aperfeiçoando-se constantemente para obter produtos melhores e mais inteligentes, através de idéias inovadoras. Os clientes de grande parcela de serviços exigem rapidez. No sistema bancário, o relacionamento entre bancos e seus clientes comerciais é pautado pela velocidade, no caso a a rápida prestação do serviço bancário. Para tanto, os estabelecimentos bancários investem em tecnologia: Internet, telefone, auto-atendimento, caixas eletrônicos, home bankinl. Cobra (2000) afirma que os serviços prestados por instituições financeiras acompanham serviços bancários oferecidos aos clientes. Isto leva a que esses produtos e serVIços financeiros sejam destinados a atender as necessidades dos clientes, caracterizando-se pela complexidade, a compra por impulso e a relação continuada que os diferencia dos produtos físicos e tangíveis. Dessa forma, ratifica-se a idéia de OrO Casas et aI. (2001) de que o marketing de serviços vem sendo abordado como ferramenta estratégica para a criação de um diferencial competitivo. Segundo esses autores, os serviços constituem uma transação realizada por uma empresa ou empresário, cujo objetivo não está associado à transferência de um bem, sendo um ato, ação, esforço ou desempenho que se pode apresentar de várias formas, tendo, sempre presente, a relação interpessoal e o fator humano. A importância dos serviços toma-se perceptível quando se volta a atenção para as grandes transformações econômicas mundiais. Havia, em um primeiro momento, uma economia primária, cuja base era a agricultura. Em seguida, adveio o processo de industrialização e, atualmente, a era dos serviços. Kotler (1998) afirma que, nos Estados Unidos (EUA), os serviços representam 79% do total de empregos e 74% do Produto Interno Bruto (PIB). 9 banco em casa. 39 A mensuração da participação dos serviços no PIB de países do primeiro mundo reforça a sua importância, que pode, ainda, ser demonstrada, segundo Gianesi e Corrêa ( 1994), por: • Desejo de melhor qualidade de vida; • Mais tempo de lazer; • A urbanização tomando necessários novos serviços; • Mudanças demográficas aumentando a quantidade de crianças e idosos, que consomem maior variedade de serviços; • Mudanças socioeconôrnicas, como o aumento da participação da mulher no mercado de trabalho remunerado e pressões sobre o tempo pessoal; • Aumento da sofisticação dos consumidores, levando à necessidade maIS ampla de serviços; • Mudanças tecnológicas, que têm aumentado a qualidade dos serviços ou vêm criando serviços completamente novos. Economicamente, os serviços se tomam fator de agregação de valor. Para Galé (1996), há uma relação direta entre serviços de qualidade e a rentabilidade das empresas. Sob o enfoque de agregação de valor ao produto, o serviço é de competência de toda a organização. Compete a todos, desde a alta administração, desenvolver estratégias e envolver todos os colaboradores, para que os clientes sintam e percebam que a qualidade dos serviços é o principal diferencial competitivo da empresa no mercado. Para que essa realidade se corporifique, faz-se indispensável a construção de uma cultura de serviços, na qual a excelência para o cliente seja semeada e reconhecida por todos os colaboradores da empresa. 40 2.4.1 Características dos Serviços Diversas características distinguem os serviços de bens e afetam o desenho dos programas de marketing. Para Kotler (1998), existem quatro características importantes, demonstradas no quadro a seguir: QUADRO 3 - Características dos Serviços Intangibilidade Diferentemente dos produtos, os servIços não podem ser vistos, provados, sentidos, ouvidos ou cheirados antes de serem comprados. Inseparabilidade Os serviços são produzidos e consumidos simultaneamente. Geralmente, não podem ser separados da pessoa que os oferece, provocando interação entre fornecedor e cliente. Variabilidade Os serviços podem ser prestados com uniformidade, por depender de quem os executa, devido à inseparabilidade e o alto grau de envolvimento. Cada serviço é único, com urna possível variação de qualidade. Perecibilidade Serviços que não se podem estocar e só podem ser usados no momento em que são oferecidos, sofrem de instabilidade da demanda, podendo provocar ociosidade ou falta de recursos. Fonte: adaptado de KOTLER, P. Administração de marketing: análise, planejamento, implementação e controle. 5 ed. São Paulo: Atlas, 1998, p. 41 Além dessas características, Churchil & Peter (2000) citam: • Esforço do cliente - o cliente pode conhecer a produção do serviço; e • Relação com o cliente - os serviços envolvem uma relação contínua com os clientes. Nesse contexto, Churchill e Peter (2000, p.293) destacam que "os profissionais de marketing de serviços dependem de sua capacidade de reter - e não só de atrair clientes. Eles se beneficiam especialmente do marketing de relacionamento que se centra em construir confiança e demonstrar comprometimento com o cliente". A expansão da memória organizacional é fator que coloca todos os funcionários da empresa conectados e integrados com os objetivos da empresa e dos clientes, possibilitando a comodidade. A tecnologia da informação permite também a custornização verticalizada dos serviços, estando presente em um número cada vez maior de interfaces com o usuário, permitindo que o cliente decida sobre onde e como um serviço é prestado (Mckenna, 1999). A tecnologia da informação passa a ser usada como ferramenta que permite às empresas conhecerem melhor e segmentarem mais eficientemente seus banco de clientes, criando, dessa forma, canais de acesso e comunicação com os mesmos, oferecendo-lhes soluções mais personalizadas, possibilitando marketing integrativo, oyirnizando o relacionamento, ratificando as palavras de Rapp (2000, p. 60): "no mundo interconectado em que vivemos, a competência essencial de qualquer empresa não é senão o relacionamento que mantém com o cliente", completando que é a chamada TI - Terceira Onda, decretando a morte do marketing de massa e celebrando o nascimento dos mercados individuais, do chamado marketing um a um. Assim, marketing e tecnologia não apenas se fundiram, mas entraram num processo de retro-alimentação. Segundo Gates lO , as vantagens obtidas por meio da tecnologia melhoram o desempenho das empresas no relacionamento com os clientes: "através da criação de sistemas de feedback no ambiente digital, podem-se otimizar resultados, conhecer a opinião dos clientes, consultar funcionários e receber informações externas de forma muito mais eficaz do que até hoje eram feitas, inclusive, em tempo real. ( ... ). Nesse esquema, a análise da evolução do relacionamento com os clientes ou do clima do ambiente de trabalho, já não é feita com questionários impressos, que consomem tempo e dinheiro: os 10 Líder da Microsoft 42 resultados são conhecidos imediatamente e com custo negligenciável" (Gates, 2000, p.13). As empresas que hoje se destacam na aldeia global são as que descobriram como transformar os seus consumidores em parceiros. Da mesma forma que seus consumidores, essas empresas utilizam o poder da tecnologia da informação para obter a informação específica que desejam. 2.4.2 Identificar Benefícios Para Lovelock (2002), os gerentes preCIsam reconhecer que os processos operacionais, apesar de importantes são basicamente apenas um meio para atingir um fim. O fundamental é entender os beneficios específicos que um serviço proporciona a seus usuários. Muitas empresas juntam diversas atividades diferentes em um mesmo pacote como parte do esforço para fornecer um bom serviço, mas a inovação na entrega de serviço exige que se mantenha um foco constante sobre os processos subjacentes à entrega do produto principal. Novas tecnologias permitem freqüentemente as organizações de serviços entregarem os mesmos benefícios para os clientes por meio de processos claramente diferentes Diz ainda que os clientes às vezes se encantam quando recebem serviços por meio de procedimentos mais rápidos, mais simples e mais convenientes. Trabalhando o marketing pessoal, os especialistas de operações podem aumentar suas chances de projetar novos processos que proporCIOnem os benefícios desejados pelos clientes utilizando métodos de fácil interação. Segundo Kotler (2000), os benefícios incluem beneficios funcionais e emocionais. O comprador escolhe entre diferentes ofertas com base naquilo que parece proporcionar o maior valor, valor esse que é definido como a razão entre o que o cliente recebe e o que ele dá. 43 Para Allen e Economy (2001), clientes querem beneficios, não produtos. Há um grande número de empresas que usam o método Campo dos Sonhos para o desenvolvimento de produtos/serviços, em outras palavras, algumas companhias supõem que, se construírem, os clientes surgirão. Clientes são pessoas muito espertas, sabem exatamente o que querem, quando querem e como querem. Na qualidade de empresa tentando fazer que eles adquiram seus produtos e serviços, é preciso dar a eles exatamente o que eles desejam. Esses mesmos autores continuam e afirmam que presumir que os clientes compram com base nas características dos atrativos de seu produto ou serviço é um erro, pois os clientes estão mais interessados no que o produto ou serviço pode fazer por eles querem saber o que ganham. Hooley, Saunders e Piercy (2001), dizem que os clientes não compram produtos e que esse é o segundo princípio fundamental do marketing, que estabelece que os clientes compram o que o produto ou serviço faz por eles, eles estão menos interessados nas características técnicas dos produtos ou serviços do que nos beneficios que eles obtêm por meio da compra, uso ou consumo do produto ou serviço. Esses autores também dizem que uma abordagem básica para se construírem relacionamentos é por meio do desenvolvimento de beneficios emiquecidos de lealdade para consumidores, e podem ser financeiros ou sociais. Os financeiros dão ao consumidor uma razão financeira para entrar em um relacionamento a prazo mais longo e permanecer leal ao fornecedor e os beneficios sociais poderiam incluir hospitalidade corporativa ou os eventos sociais patrocinados por uma firma na qual os clientes podem encontrar outros clientes com uma visão para desenvolver seus interesses comerciais mútuos. A estratégia de fidelidade está notadamente presente em serviços caracterizados por transações contínuas, o que poderia se explicar pela existência de custos de transferência de um prestador de serviços a outro. Ao invés de assumir um nível maior de risco ou de enfrentar custos superiores, o consumidor tende a se fidelizar a um prestador e a estabelecer relações contínuas. Bateson (1991), sugere que o consumidor se engaja em relações de 44 longo prazo no sentido de reduzir os custos de transação e/ou a incerteza de beneficios futuros. Assim, serviços podem ser caracterizados também por transações contínuas. Bateson (1991), a transação contínua é a transação que se estende ao longo do tempo, onde cada troca é vista em termos de sua história e de seu futuro antecipado. As transações contínuas podem se caracterizar normalmente por uma colaboração entre as partes e as bases desta colaboração podem ser estabelecidas através de cláusulas implícitas ou explícitas assim como por outros instrumentos formais de regulação. 2.4.3 Encarando as Pessoas como Parte do Produto Lovelock (2002), diz que quanto maIS os clientes se envolvem no processo de entrega do serviço, mais eles encaram o pessoal de serviço. Em muitos serviços que processam pessoas, os clientes se encontram com muitos funcionários e freqüentemente interagem com eles por longos períodos. Quando outras pessoas se tomam parte da experiência de serviço, podem valorizá-la ou depreciá-la. O envolvimento direto na produção do serviço significa que os clientes avaliam a qualidade a partir da aparência e habilidades sociais dos funcionários, bem como suas habilidades técnicas, e uma vez que os clientes também fazem julgamento sobre outros clientes, os gerentes se vêem em situação de tentar administrar também o comportamento do cliente. Para Gianesi e Corrêa (1994), em operações de serVIços, o cliente tem papel especialmente importante, ele tem poder de influência no processo de prestação, pelo simples motivo de que ele toma parte neste processo, fazendo com que influencie em sua própria percepção de qualidade do serviço prestado, além de ter implicações claras para a eficiência de utilização de recursos e até a percepção de qualidade por outros clientes. Os mesmos motivos que fazem com que o cliente seja uma fonte de possíveis problemas para o processo de prestação de serviço representam também oportunidades de melhoria, tanto de sua percepção de qualidade como da própria utilização de recursos. Como o cliente toma parte do processo, podem-se transferir a ele atribuições que normalmente deveriam estar a 45 cargo de mão-de-obra remunerada, este importante conceito é chamado "cliente como mãode-obra". Fitzsimmons (2000), a presença do cliente como participante no processo do serviço requer atenção no projeto das instalações. A presença do cliente no local do serviço requer atenção para o ambiente físico onde ocorre o processo de serviço, para o cliente o serviço que ocorre nas instalações da empresa prestadora de serviço, e a qualidade do serviço é reforçada se as instalações forem projetadas sob a perspectiva do cliente, como cuidados especiais com decoração, mobília, layout, nível de ruído e até as cores. Um aspecto fundamental da prestação de serviço é a compreensão de que o cliente pode ser uma parte ativa do processo. Kotler (2000), chama de marketing de parcena onde a empresa trabalha continuamente em conjunto com o cliente para descobrir meios de alcançar melhor desempenho. Para Allen e Economy (200 I), construir relacionamentos e lealdade com o cliente são cruciais para o sucesso, diz respeito a edificar a confiança e a satisfação dos clientes para que resulte e compartilhamento dos objetivos do cliente da empresa, resumindo, você torna seu cliente parte da equipe. Com esse contato com as necessidades em constante mudança de seus clientes, cometerá menos erros. Os clientes comprarão mais porque sentirão que estão investindo em sua empresa pois são ouvidos e tem o que querem. 2.4.4 Encontros de Serviços Para Lovelock (2002), um encontro de serviço é um período de tempo durante o qual os clientes interagem diretamente com um serviço. À medida que aumenta o nível de contato do cliente com a operação do serviço, tende a haver encontros de serviços mais numerosos e demorados, por isso agrupa os serviços em três níveis de contato com o cliente, representando o grau de interação com o pessoal de serviços, os elementos físicos ou ambos. 46 Continuando a definição de Lovelock (2002), os servIços de alto contato são os serviço que envolvem interação significativa entra clientes, pessoal de serviços, equipamentos e instalações, os serviços de médio contato envolvem apenas uma quantidade limitada de contato entre os clientes e os elementos da operação de serviço, e os serviços de baixo contato exigem contato mínimo ou nenhum contato direto entre os clientes e a operação de serviço. Fitzsimmons (2000), diz que o contato do cliente com o sistema de prestação de serviço ocorre de três maneiras básicas. Na primeira, o cliente pode estar fisicamente presente e interagir diretamente com os prestadores na criação do serviço, o cliente tem plena percepção das condições que cercam o serviço, na segunda, o contato pode ser indireto e ocorrer por meio de comunicação eletrônica, a partir da casa ou do escritório do cliente e na terceira, algumas atividades de serviço podem ocorrer sem nenhum contato com o cliente. Hooley, Saunders e Piercy (2001 ),dizem que por meio da oferta de benefícios as companhias podem criar laços estruturais com seus clientes o que toma dificil ou caro para seus clientes recusarem. Os laços também são criados através da troca de conhecimento que o cliente não teria acesso de outra forma. Quando os laços estruturais são fortes, mesmo os clientes insatisfeitos podem permanecer leais devido aos altos custos de mudanças envolvidos. Lovelock (2002; p.102), "satisfação = serviço percebido / serviço esperado. A qualidade do serviço é o grau em que um serviço atende ou supera as expectativas do cliente. Se os clientes percebem a entrega afetiva do serviço como melhor do que o esperado, ficarão contentes; se ela estiver abaixo das expectativas, ficarão enraivecidos e julgarão a qualidade de acordo com seu grau de satisfação com o serviço". Lovelock (2002), cita que as expectativas dos clientes envolvem diversos elementos diferentes, serviço desejado, serviço adequado, serviço previsto e uma zona de tolerância que se estende entre os níveis de serviços desejado e adequado. 47 Lovelock (2002; p.104), "serviço desejado é o nível ansiado de qualidade de serviço que um cliente acredita que possa e deva ser entregue". O mesmo autor define serviço adequado, sendo, o nível mínimo de serviço que o cliente aceitará sem ficar insatisfeito. Serviço previsto é o nível de serviço que os clientes efetivamente esperam receber do fornecedor de serviço durante um determinado encontro de serviço Lovelock (2002), afirma que serviço previsto é o grau de qualidade do serviço que um cliente acredita que uma empresa de fato entregará. Zona de tolerância pode aumentar ou diminuir para cada cliente dependendo de fatores como competição, preço ou importância de atributos específicos do serviço. Por Lovelock (2002; p.1 06), "é o grau em que os clientes estão dispostos a aceitar variações na entrega do serviço". Uma das principais formas de a empresa se diferenciar é oferecer um serviço de qualidade muito superior à de seus concorrentes. Segundo Kotler (1999), a chave é superar a expectativa dos clientes quanto a qualidade de serviço, expectativa essa que se baseia em experiências passadas, em comunicação boca a boca e na propaganda da empresa. Se o serviço percebido de uma determinada empresa excede a expectativa do serviço, os clientes sentem-se inclinados a voltar a utilizá-la. O prestador de serviços deve identificar as expectativas dos clientes-alvo quanto à qualidade de serviço e a satisfação. Por Lovelock (2002), a qualidade do serviço é a avaliação cognitiva de longo prazo, por parte dos clientes sobre a entrega do serviço de uma empresa. A satisfação do cliente é uma reação emocional de curto prazo ao desempenho específico de um serviço. Para Hooley, Saunders e Piercy (2001), duas maneiras podem ser usadas como padrões de comparações quanto a expectativa dos consumidores, primeiro em relação ao que ele acredita que vai acontecer em uma prestação de serviço, ou seja, expectativa prevista e o que o consumidor quer da prestação de serviço, seus desejos. Esses autores afirmam ainda que existe um terceiro determinante das expectativas, que são as promessas que a própria companhia faz antes de os consumidores utilizarem seus serviços. Prometer muito menos pode resultar no fracasso em atrair os consumidores, 48 que podem ser atraídos pelas promessas mais atraentes dos concorrentes e prometer mais do que realizar pode resultar em consumidores insatisfeitos. Contra as expectativas os consumidores avaliam o desempenho de um fornecedor de serviço e há vários fatores que os consumidores tipicamente levam em consideração ao avaliarem o serviço que recebem: Para Lovelock (2002), se a qualidade real cai abaixo do nível de serviço adequado, esperado pelos clientes, ocorre uma discrepância ou lacuna na qualidade entre o desempenho do fornecedor de serviço e as expectativas do cliente. No serviço a lacuna é mais decisiva porque é a avaliação geral do cliente sobre aquilo que era esperado comparado àquilo que foi recebido. As sete lacunas potenciais na qualidade do serviço são: lacuna do conhecimento, nos padrões, na entrega, nas comunicações internas, nas percepções, na interpretação e no serviço. Qualquer uma dessas lacunas na qualidade pode prejudicar as relações com os clientes. 2.4.5 Incidentes Críticos nos Encontros de Serviços Incidentes críticos são encontros específicos entre clientes e fornecedores de serviços que são particularmente satisfatórios ou insatisfatórios para uma ou ambas as partes. Lovelock (2002), continua com a técnica do incidente crítico sendo uma metodologia para coletar e classificar esses incidentes nos encontros de serviço. A realização de uma análise proporciona a oportunidade para determinar que tipos de incidentes durante a entrega de serviço tendem a ser particularmente significativos para determinar se os clientes estão satisfeitos ou não. Continua Lovelock (2002), com a perspectiva do cliente e as perspectivas do funcionário, sendo a primeira, determinar os pontos falhos mais prováveis nos encontros de serviços, em que há risco de considerável irritação dos clientes, é o primeiro passo na tomada de medidas corretivas. Incidentes críticos negativos que são satisfatoriamente resolvidos, possuem um grande potencial para aumentar a lealdade do cliente porque demonstram aos clientes que a organização realmente se preocupa com eles. Já a perspectiva do funcionário, quando se reflete sobre os encontros de serviço, é preciso 49 reconhecer que o contato cliente-funcionário é uma Via de mão dupla. É importante entender a visão do funcionário sobre a situação porque clientes descuidados ou de comportamento irrefletido muitas vezes podem provocar problemas desnecessários para o pessoal de serviço que está se empenhando para atendê-los bem. Fitzsimmons (2000), uma das características singulares dos serviços é a participação ativa do cliente no processo de produção do serviço. Cada momento da verdade representa uma interação entre um cliente e um fornecedor de serviço, cada um tem um papel a desempenhar em um ambiente preparado pela organização de serviço. A tríade do encontro de serviço situa as relações entre as três partes no encontro de serviço e sugere possíveis fontes de conflito. Idealmente, as três partes ganham muito ao trabalharem juntas para criar um encontro de serviço benéfico, contudo, o momento da verdade pode ser danoso quando uma parte domina a interação pensando tão somente em seu próprio controle do encontro. A organização de serviço estabelece o ambiente do encontro de serviço, a interação entre o cliente e a linha de frente ocorre dentro do contexto de uma cultura organizacional e também dentro de suas instalações físicas. Uma falha no sistema de prestação de serviço é uma carga extra de comunicação para o pessoal da linha de frente, contudo, fornecem uma oportunidade única para o pessoal demonstrar inovação e flexibilidade na sua recuperação. Esse autor continua e diz que a qualidade interna guia a satisfação do empregado, que guia a permanência e a produtividade, a retenção de empregados e a produtividade determinam o valor do serviço que determina a satisfação do cliente, que determina a lealdade do cliente que por fim determina a lucratividade e o crescimento. Ninguém gosta de ouvir reclamações, mas elas são uma realidade nos negócios, então deve-se saber como lidar com esses incidentes de maneira positiva. A melhoria contínua é um dos princípios básicos de negócios de sucesso hoje em dia.Ainda na visão de Allen e Economy (2001), o importante é como se lida em situações quando se dá uma mancada para que não chegue a ponto de realmente ser prejudicial à companhia. A habilidade em cortar uma reclamação pela raiz está diretamente relacionada com seu nível de comunicação com o cliente. 50 Kotler (2000), diz que os consumidores insatisfeitos podem abandonar ou devolver o produto, as comunicações do pós-compra tem resultado em menor numero de devoluções e cancelamentos de pedidos. O trabalho do profissional de marketing não termina quando o serviço ou produto é adquirido, deve haver um monitoramento para as ações e a utilização em relação ao serviço ou produto depois de adquirido. A hipótese de que a maior parte dos consumidores não deseja correr riscos numa situação de compra, deixa evidente que, por exemplo, o consumidor de serviços procurará reduzir os riscos ligados a uma determinada prestação. Num contexto prévio à compra, a estratégia que o consumidor poderá adotar nesse sentido é a de procurar o máximo de informações disponíveis para uma avaliação mais ampla das alternativas de compra (Zeithaml 1981 e Murray 1991). A informação transmitida, direta ou indiretamente, por uma empresa aos consumidores (p.ex. publicidade, comunicado de imprensa, comunicação de boca-à-boca) pode influenciar a redução do nível de risco percebido. Se, por outro lado, não existirem informações disponíveis em relação a uma determinada prestação de serviço, uma segunda estratégia que o consumidor poderá adotar para reduzir o risco é a de fidelidade a uma marca ou a um prestador (Bateson 1991). Ou seja, quando o consumidor está satisfeito com uma determinada prestação, é menor a probabilidade de que ele mude para algo novo e, portanto, mais incerto, cujo risco poderá ser mais elevado. 2.5 O Mercado Securitário Brasileiro O desempenho do setor de seguros está intimamente ligado ao comportamento da economia. Nesse sentido, passada a euforia dos primeiros anos do Plano Real, quando uma enorme demanda reprimida pôde ser atendida, a evolução do setor vem se mantendo pouco acima do crescimento do PIB. Em 2003, o volume de prêmios cresceu, em termos reais, descontada a variação do IPCA, cerca de 6,7% em comparação a 1999, enquanto a economia apresentou um crescimento de 4,46%, segundo dados do Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. 51 Esse crescimento econômico, no entanto, representa a média obtida em todo o país. Para os corretores de seguros, cuja atuação é regional, em sua maioria, é fundamental entender como seus estados e suas regiões vêm se desenvolvendo, a fim de perceber as principais oportunidades de negócio. De acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados - SUSEP, os estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram responsáveis, em 2003, por 12,03% de toda a produção da indústria de seguros brasileira. Essa participação vem se mantendo relativamente estável desde 1996, o que demonstra a capacidade da região de acompanhar a evolução observada em todo o Brasil. Somente esse dado já é uma grande notícia para o corretor local, uma vez que, entre 1996 e 2000, o volume de negócios do setor cresceu mais de 52%, segundo relatórios da Susep. Entretanto, a participação relativa dos estados no bolo total do mercado de seguros foi uma das poucas coisas que permaneceram inalteradas na Região Sul desde o Plano Real. Além dos benefícios trazidos pela estabilidade da moeda, o setor de seguros foi profundamente afetado pelas mudanças estruturais e pela evolução das economias dos estados, cada qual a seu modo. No Paraná, os investimentos recebidos nos últimos anos têm trazido reflexos importantes. Segundo o presidente do Sindicato dos Corretores do Paraná - Sincor-PR, Robert Bittar, o volume de recursos recebidos pelo estado mudou seu perfil econômico, até então focado no agronegócio e na agroindústria. "Estamos recebendo investimentos em novos setores, inclusive com a montagem de um pólo automotivo nas proximidades de Curitiba", citou Bittar. Para o presidente, a nova realidade exige atenção dos profissionais de seguros, pois os investimentos geram empregos e melhor distribuição de renda. Esse fato enseja ao corretor a atuar nos segmentos de vida e beneficios. "Esses produtos têm crescido muito no Paraná devido à melhor distribuição da riqueza e à chegada de multinacionais, que trazem uma cultura de seguros para a região", expôs Bittar. 52 Santa Catarina, por sua vez, tem se mantido relativamente à parte do processo de grandes investimentos. Apesar desse fator, uma política centrada na força das pequenas e médias empresas lhe garantiu uma expansão vigorosa nos últimos 30 anos. Nesse período, a economia do Estado cresceu, segundo dados da Simonsen Associados, mais de 340%, bem acima da média nacional. Para quem atua com seguros de automóveis, outro dado interessante: entre 1990 e 1997, a venda de veículos zero-quilômetro no Estado aumentou mais de 170%. Tal desempenho lhe conferiu um média de 6,58 veículos por habitante, ante os 8,39 da média nacional. Esse dado está em sintonia com outra peculiaridade de Santa Catarina. A participação do Auto no mix do mercado segurador do Estado é bem superior à média nacional. Para se ter uma idéia, de janeiro a maio deste ano, o seguro de automóveis representou 39,9% do mercado de seguros no Estado, comparado à média nacional de 32,03%, segundo dados da SUSEP. o corretor, no entanto, não deve se iludir com esses números. A opinião é do presidente do Sincor-SC (Sindicato dos Corretores do Estado), DrDsilD Simão. "Quem se limitar a atuar com o Auto e não ampliar o leque de produtos em sua carteira terá dificuldades. Isso porque o mercado caminha para uma diversificação, com o surgimento de produtos com grande potencial", avalia. Dentro desse cenário, Simão destacou recentes pesquisas realizadas pelo Sincor-SC que indicam um crescimento do mercado de seguros no Estado bem acima da média nacional. "Neste ano, devemos crescer algo em tomo de 10%, ante uma estimativa de 6% para o mercado de seguros brasileiro", destaca. Já o Rio Grande do Sul, apesar dos protestos enfrentados pelo governo em razão da perda da fábrica da Ford (prevista para a cidade de Guaíba e recentemente inaugurada na Bahia), os gaúchos não têm muito do que se queixar. Segundo dados divulgados pela Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), o desempenho da economia do Estado no primeiro semestre esteve acima da média nacional. O destaque setorial foi a agricultura, com crescimento acumulado de 10,64%. Mas a indústria, com peso de 34% na composição do PIB, e os serviços, com peso de 52%, foram os setores que mais 53 contribuíram para que a econ0111la estadual apresentasse o crescimento de 6,27% no período de janeiro a junho, com taxa acumulada de 5,15% em 12 meses. Ciente do potencial de negócios da Região Sul, a Unibanco AIG Seguros vem ampliando sua estrutura nos Estados do Sul do País. Além das filiais de Curitiba e de Porto Alegre, outras unidades complementam o leque de opções à disposição do corretor para esclarecer dúvidas, buscar apoio no fechamento de negócios ou até para garantir o melhor atendimento a seu cliente. "A estratégia da empresa para crescer na região é por meio do aumento de sua capilaridade, fundamental para intensificar parcerias e incrementar negócios. O Centro de Atendimento em Curitiba, a reestruturação do Escritório em Londrina e a inauguração do Escritório em Maringá, além do aumento da produção em Santa Catarina, demonstram o foco na região, revela Ronaldo Barreto, superintendente da Filial Curitiba e responsável pelas equipes do Paraná e de Santa Catarina. A mesma opinião é defendida por Marco Salatino, superintendente da Filial Porto Alegre. "No Rio Grande do Sul, cerca de 70% de nossa produção é resultante do interior do Estado. Por essa razão, trabalhamos para estar mais perto de nossos parceiros corretores. Hoje já temos representantes em cidades-chave de todas as regiões do Estado, além dos Postos de Atendimento ao Corretor (PACs) de Porto Alegre e Caxias do Sul", revela o superintendente. Convém ressaltar que o mercado securitário brasileiro, segundo a Fenaseg, pode participar com até 10% do PIB nacional, média dos países desenvolvidos (Fenaseg, 2004). No entanto, a participação, atualmente, é de apenas 3,22%, concentrada na região sudeste do Brasil, com uma representação de 72% dos prêmios. As seguradoras que encabeçam o mercado nacional estão ligadas a conglomerados bancários, Bradesco e Itaú SA. A atuação do grupo Bradesco, em seguros, apóia-se fortemente em sua rede bancária, investindo, principalmente, na força de venda dos gerentes das agências bancárias. A estratégia em seguros é semelhante à do banco, procurando atingir o grande público com produtos simplificados. Em segundo lugar no ranking, por faturamento, o grupo Itaú, em seguros, é líder se considerada a lucratividade. Esse resultado positivo, em termos de rentabilidade decorre do trabalho, feito com base na análise do risco, além da forte rede de agências 54 bancárias, da segmentação dos clientes e do posicionamento da marca com comunicação em massa. Em terceiro lugar, também considerando faturamento, o grupo Unibanco AIO tem tido o maior crescimento nos últimos anos. Atuando de forma muito semelhante à da Itaú Seguros, utiliza-se de sua rede bancária como principal canal de vendas, sustentando seu crescimento, sem perder de vista a rentabilidade. A quarta colocada é a Porto Seguro, que trabalha muito próxima da sua rede de corretores, desenvolvendo forte aliança com esses parceiros e trabalhando positivamente sua marca, além da excelência no atendimento. A Sul América, embora tenha acordo para comercializar seguros com o Banco do Brasil, maior instituição bancária do País, também, tem seu foco na atuação dos corretores. Isto porque não há aprofundamento na parceria,a presentando números muito inferiores ao seu potencial. Dentre as seguradoras menores, destacam-se os grupos de seguro e previdência da Caixa - Caixa Seguradora SIA, que se apóia fortemente na sua ampla rede bancária; o grupo Real Previdência e Seguros S/A, que, além de utilizar-se de suas redes bancárias, possui parceria com o forte grupo holandês ABN AMRO; o grupo formado pela Vera Cruz Seguradora SIA, que, associada ao grupo espanhol Mapfre, recupera-se no mercado nacional. o exposto evidencia que, apesar de ser setor em crescimento, o setor de seguros apresenta fortes concorrentes, com marcas consolidadas e estabilidade financeira. É importante lembrar que a conjuntura econômica favorece o lucro financeiro das empresas do setor, mas com o sinal de redução da taxa de juros na economia brasileira, as empresas necessitarão compensar com margem operacional, seja reduzindo custos ou aumentando as vendas. A modalidade de Automóveis encerrou o período de Jan a Julho-03 com um volume de vendas de R$ 5,1 bilhões contra R$ 4,7 bilhões do ano anterior, determinando um crescimento nominal de 8% ou (-) 14% quando descontada a inflação média do período IOPM. 55 Sua margem de contribuição voltou a declinar passando a representar 5% dos prêmios ganhos contra 6% do ano passado, uma redução de, aproximadamente, R$ 30 milhões. Com isso a perda industrial se agravou e o impacto desfavorável no fluxo caixa das empresas aumentou. Esse desempenho está atrelado ao agravamento da sinistralidade retida que passou de 71% dos prêmios ganhos de Jan a Julho-03 para quase 72% dos mesmos no período em questão. Como desvio favorável, apesar de não muito agradável, tem-se a redução nos níveis de comercialização. Esses representaram 19,2% dos prêmios ganhos contra 19,7% do ano passado, uma queda de R$ 25 milhões, amenizando o aumento da sinistralidade. As seguradoras passaram a conceder comercializações mais atrativas a aquelas carteiras que de fato apresentam melhores rentabilidades. Entretanto, cabe registrar que as seguradoras, visando contínua redução de custos, vêm apresentando serviços de vistoria prévia e de regulação de sinistros bastante deficientes (terceirizados). Os valores atualmente praticados são um convite à fraude ou á baixa qualidade dos serviços no momento da aceitação do risco, ou na regulação do sinistro e, principalmente, na investigação do evento. Também não se pode esquecer da eterna concorrência predatória. Existem seguradoras bancárias que estão enviando aos clientes de corretores independentes propostas de renovação via canal comercial (canal banco) sem que o corretor saiba. Como o nível de comercialização é inferior aos concedidos para os corretores independentes, esses, vêem perdendo terreno para essas seguradoras. No Rio de Janeiro, a SulAmérica sam na frente e lança um novo seguro de automóvel com preço menor do que o produto normal trata-se da primeira no mercado a oferecer o serviço de Assistência 24 horas aos segurados e pioneira em precificar os seguros de acordo com o perfil de cada cliente. O produto é voltado para as pessoas que possuem veículos com mais de 4 anos de idade e oferece preços menores que os tradicionais. A expectativa é de que sejam vendidos 30 mil novos seguros em um ano no estado. O Auto Pop foi lançado no dia 12 de novembro, durante um café da manhã para cerca de 300 corretores do Rio de Janeiro, primeiro estado do país a comercializar o 56 produto, que apresenta um perfil popular - o preço é cerca de 40% mais baixo do que a cobertura normal (compreensiva) - e oferece as coberturas de colisão e incêndio. "Para se ter uma idéia, o prêmio do seguro de um carro nessa faixa de idade custa cerca de R$ 900 a R$ 1.000. Já se optar pelo Auto Pop, esse seguro poderá ser comprado em até 10 prestações que, na maioria das vezes, não chega nem a R$ 50 cada uma", explica o vice-presidente de Automóveis e Massificados, Marcus Vinícius Martins, acrescentando que o produto será lançado nos outros estados nos próximos meses. Segundo o CQCC, a Bradesco Seguros apurou um desempenho excepcional na carteira de automóveis no primeiro quadrimestre. A empresa gerou, nessa carteira, um volume de prêmios 39,1% superior ao valor apurado nos quatro primeiros meses do ano passado. Com isso, a Bradesco consolidou a sua posição de líder também na carteira de automóveis. Vale lembrar que, segundo dados oficiais da Susep, a receita apurada pelo mercado, no seguro de automóveis, entre janeiro a abril (R$ 3,6 bilhões) cresceu 19,3%. Isso significa que o incremento da carteira da Bradesco foi vinte pontos percentuais melhor do que o mercado global. De acordo com a Seguros.com.br., de cada R$ 100,00 de receita acumulada no mercado brasileiro de seguros, capitalização e previdência complementar aberta, no primeiro quadrimestre, R$ 24,00 foram gerados pela Bradesco, cujo faturamento alcançou a cifra de R$ 4,7 bilhões no período, 5,4% a mais do que nos quatro primeiros meses de 2004. A participação do grupo foi ainda maior no que se refere às provisões técnicas de todo o mercado, com uma fatia de 38,3% do volume movimentado. Em termos de receita, os resultados mais expressivos foram alcançados nos ramos Auto (39,1%), Saúde (16,4%), e Vida (8,4%). Como se observa a modalidade de automóveis está bastante complicada. É um produto que o brasileiro, culturalmente, não deixa de consumir. É fonte de cadastro para outros negócios ligados as entidades financeiras (seguradoras bancárias). Os corretores que 57 mantém seu portifólio centrado nessa modalidade devem estar apresentando dificuldades na manutenção de seu negócio. As seguradoras não bancárias, também, devem estar passando por momentos dificeis. A evolução da modalidade pode ser assim demonstrada. A administração dos recursos financeiros - aplicação financeira - ainda é o sustentáculo dessa operação. Entretanto, pelos atuais níveis, a modalidade, em termos globais, é deficitária. A eterna busca por menor preço em detrimento da qualidade no atendimento tem limite (Castiglione, 2003). O vice-presidente da Sul América Seguros, Jorge Bento da Silva, avalia que, economicamente o País não andou nem para a frente nem para trás nos primeiros nove meses do ano. "A economia andou de lado. E quando se fala em mercado securitário, falase dentro do contexto do País", disse Bento da Silva, acrescentando que o mercado segurador acompanhou a economia. Segundo o executivo, se a economia vai de vento em polpa, o mercado segurador vai junto. "Mas se o mercado vai mal, o setor de seguros não vai tão bem assim", disse. No entanto, a despeito de toda essa análise, Jorge Bento acredita que "as projeções são espetaculares, com crescimento da ordem de 18% a 20% incluindo aí o famoso VGBL (Vida Gerador de Beneficios Livres), que alavancou o mercado este ano", disse o executivo, acrescentando que o " VGBL deve lá ter seus problemas de transferência de receita de um local para outro, mas não deixou de ser receita para o mercado segurador". 2.5.1 Os Caminhos da Fidelidade no Setor Securitário Toledo et ai (2004), bem como Schiffman (2000), especialista na teoria do comportamento do consumidor, afirmaram que a fidelidade está associada ao desejo do cliente de reduzir o risco na compra, pois já tem um histórico de sucesso. Segundo Rocha e Veloso (1999), para conseguir a fidelidade, as empresas podem trabalhar basicamente em dois caminhos: 58 ';.- Marca forte: ter uma marca forte que crie por si só lealdade nos consumidores. Ser fiel a uma marca significa buscar uma marca específica, procurar por um produto até encontrá-lo, independente do ponto de venda onde se realiza a transação; ';.- Envolvimento: envolver os clientes pelos diferenciais oferecidos, criando uma percepção de produto e marca que cative o consumidor de uma maneira emocional, de modo a vencer a disputa racional por um lugar em sua lista de compras. Nesse contexto, Toledo et aI (2004), analisando o marketing de relacionamento na Itaú Seguros S/A, concluíram, a partir das funções apresentadas por Ferreira e Sganzerlla (2000) para analisar o marketing de relacionamento, que existe uma oportunidade de se construir a fidelidade dos segurados. Os autores verificaram que há questões periféricas relacionadas ao banco de dados, como desenvolvimento tecnológico, a freqüência de atualização e confiabilidade; porém, a principal questão diz respeito às informações relevantes para orientar as ações de marketing de relacionamento, o que implica em um maior investimento. Outro importante ponto falho comumente observado nos serviços de seguros é a falta de pesquisa sistemática para avaliação da satisfação dos clientes, fazendo com que não ocorram ações preventivas, mas apenas corretivas. Na função Endomarketing, os estudiosos identificaram a necessidade de disseminação do conceito de cliente interno e do reconhecimento no resultado final do trabalho dos profissionais envolvidos, principalmente das áreas técnicas. Na função de Manutenção/Retenção, faz-se necessário o reconhecimento da importância da segmentação dos clientes, e que os clientes percebam valor em realizar cada vez mais negócios com a mesma seguradora, além da necessidade de controle constante das informações vindas dos clientes. As vantagens que a aplicação dessas funções trazem para as seguradoras brasileiras são duas: a possibilidade de clientes mais fiéis às empresas seja em relação aos concorrentes ou em relação aos canais de vendas, de maneira que o cliente, além de não procurar a concorrência, pela percepção de que sua seguradora o conhece e valoriza esse 59 conhecimento, utilizando suas informações nas interações, buscará o canal de vendas que proporcione o negócio com a seguradora em questão; a segunda vantagem é o aumento do nível de envolvimento do cliente com a seguradora, fazendo com que essa atue mais próxima de seu consumidor, no que conceme ao seu processo decisório de compra de seguros. 60 3. METODOLOGIA A finalidade deste capítulo é desenvolver a metodologia utilizada na pesquisa, de modo que estão expostos os tipos de pesquisa, quanto aos meios e quanto aos fins, a forma de coleta e de tratamento dos dados e as limitações do método escolhido. 3.1 Tipos de Pesquisa Para a classificação da pesquisa, toma-se como base a taxionomia apresentada por Vergara (2004) que a qualifica em relação a dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meIOs. Quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa descritiva, explicativa e exploratória. A pesquisa descritiva "expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno, podendo também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza" (Vergara, 2004; p.47). Desta forma, o presente trabalho visa estabelecer procedimentos entre o corretor e o segurado em uma seguradora, maximizando o relacionamento, obtendo a fidelidade deste segurado e alcançando beneficios tangíveis e intangíveis para o Banco como um todo. A investigação explicativa tem "como principal objetivo tomar algo inteligível, justificar-lhe os motivos" (Vergara, 2004; p.4 7). Nesse sentido, esta pesquisa é explicativa por ter em vista tomar inteligível o mercado de seguros, procurando evidenciar que o relacionamento entre corretores e seguradora pode ser trabalhado de maneira otimizada, em um contexto em que em que o beneficio percebido pelo segurado seja mais bem evidenciado e a empresa em questão concretize melhores resultados. A investigação exploratória, por sua vez, é realizada em área que carece de maiores conhecimentos acumulados e sistematizados: "por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, entretanto, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa" (Vergara, 2004; 61 p.47). Desta forma, esta pesquisa pode ser classificada como exploratória, pois há pouco conhecimento acumulado e publicado nesta área. Quanto aos meios, a pesquisa é bibliográfica, documental, de campo e estudo de caso. Trata-se de pesquisa bibliográfica porque se realizou "um estudo sistematizado com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas, ou seja, material acessível ao público em geral" (Vergara, 2004; p.48). Trata-se de pesquisa de campo porque coletou dados primários na filial Niterói de uma grande seguradora atuante no mercado. É, por sua vez, documental, uma vez que utilizou documentos internos da referida organização. Finalmente, foi um estudo de caso visto que circunscrita apenas aos profissionais da Seguradora em questão. 3.2 Universo e Amostra o universo da pesquisa de campo foi a filial Niterói de uma grande seguradora do mercado, perfazendo um total de 33 sujeitos, sendo 19 segurados, 9 funcionários e 5 corretores. A amostra foi definida pelo critério de acessibilidade, urna vez que foram selecionados elementos pela facilidade de acesso aos mesmos. A amostra foi não probabilística. 3.3 Seleção dos Sujeitos Os sujeitos da pesquisa foram os corretores, funcionários e clientes da filial Niterói da organização em questão, escolhidos pelo critério de acessibilidade já mencionado. 3.4 Coleta de Dados Na pesqUIsa bibliográfica, buscaram-se estudos sobre marketing, marketing de relacionamento, comportamento do consumidor e importância do consumidor/cliente no mercado atual. Como resultado dessa pesquisa, obteve-se uma compreensão maior das 62 relações entre marketing e consumidor/clientes na sociedade atual. Para tanto, optou-se pela leitura de livros, jornais e artigos, bem como por pesquisa na Internet. Além disso, foram buscadas informações, opiniões e percepções de corretores, funcionários e clientes da filial Niterói da organização estudada. Já no que diz respeito à pesquisa documental, foram analisados os arquivos da referida filial, visando encontrar regulamentos internos, circulares, pareceres, relatórios e outros documentos não publicados que pudessem ser úteis na formulação do estudo proposto. Além disso, na pesquisa de campo foram empregados três questionários distintos, cada qual para um grupamento dos sujeitos selecionados, a saber: funcionários, clientes e corretores, de forma que, de cada um deles, fosse possível obter as informações desejadas. Os questionários foram estruturados, com perguntas fechadas, abertas, dicotômicas e semiabertas, sendo utilizada uma escala Likert de cinco, por escrito, com diferencial semântico. A entrevista foi utilizada no sentido de obter maior efetividade de resposta, bem como no intuito de evitar possíveis dúvidas por parte dos respondentes. Foi aplicada ainda a observação participante, uma vez que o autor está engajado na vida do grupo estudado em questão, como funcionário da empresa alvo do presente trabalho de pesquisa, fato este que motivou a não divulgação do nome da empresa no presente trabalho de pesquisa. 3.5 Tratamento dos Dados Os dados foram tratados de forma quantitativa, ou seja, por meio de procedimentos estatísticos simples, descritivos, apresentando como resultados as parciais apuradas frente aos totais de cada categoria. Assim, em função da natureza do problema, os dados foram tratados por meio da abordagem hipotético-dedutiva, que busca deduzir algo a partir da formulação de hipóteses testadas, neste caso mediante o uso de escalas, de modo que os dados pudessem ser 63 agrupados em categorias numéricas e revelando aspectos de um fato e de um momento em específico, segundo a ótica dos entrevistados e o olhar interpretativo do autor. Como foram também aplicadas perguntas semi-abertas ou abertas, os dados levantados trazem reflexões, argumentações, interpretações, números, análises e conclusões de terceiros. Assim, em função da natureza subjetiva, foi utilizada a abordagem fenomenológica. Foi aplicada, ainda, a análise de conteúdo para o material obtido, de maneira que posteriormente a esta análise fosse possível caracterizar o referido material em categorias. A análise de conteúdo refere-se ao estudo de textos e documentos. É uma técnica de análise de comunicações, tanto associada aos significados quanto aos significantes da mensagem. Utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição de conteúdo, inferências, deduções lógicas, praticando a interpretação do material analisado. A hermenêutica permitiu fazer comparações entre o que foi obtido pela análise e o discurso dos indivíduos entrevistados, apresentando convergências e incongruências. 3.6 Limitações do Método A limitação da abrangência da pesquisa à filial Niterói, deixando de fora outras filiais da mesma organização, ao que se soma o fato de que o estudo não se estendeu a outras empresas do mesmo segmento, em função do tempo disponível e da limitação de recursos para a pesquisa, fato que não permite a generalização das conclusões extraídas do estudo. Outro aspecto a considerar é que, quando da coleta de dados, para a obtenção dos melhores resultados, o pesquisador deve ser experiente e maduro no sentido de captar aspectos relevantes que, às vezes, não são explicitamente revelados e devem ser inferidos dos discursos dos entrevistados. É possível que nem sempre se consiga tal feito, principalmente porque foram aplicados questionários estruturados fechados, em larga escala, de maneira que determinados aspectos relevantes podem ter sido ignorados no momento da confecção destes questionários e, por conseguinte, ignorados no estudo, o que 64 seria menos provável caso fossem feitas entrevistas com questionários semi-estruturados focalizados, ou por pautas, uma vez que estes aspectos poderiam emergir ao longo da interação entre entrevistador e entrevistado. Os entrevistados, por sua vez, podem fornecer respostas falsas, que não traduzam suas opiniões reais, por razões conscientes, como o medo, ou inconscientes, sobretudo porque parte dos entrevistados é constituída de profissionais contratados pela empresa estudada. Este é mais um fator limitador. Mais uma limitação diz respeito ao tempo das entrevistas, seja pelo interesse do entrevistador em ouvir o maior número de elementos possíveis ou pelas limitações dos entrevistados em ceder mais de seu provavelmente já escasso tempo. Quanto ao tratamento dos dados coletados, uma limitação concerne à própria história de vida do pesquisador, influindo em suas interpretações, sendo ele um observador ativo, ou seja, um funcionário da empresa, fato que pode causar determinadas inibições, muito embora tenha havido a preocupação em se manter certo distanciamento. 65 4. RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO Foram aplicados três questionários distintos para corretores, funcionários e clientes. Os respectivos resultados apurados na pesquisa estão expressos a seguir, enquanto os questionários poderão ser encontrados nos anexos. 4.1 Corretores Todos os corretores acompanham os seus segurados ate o final da vigência do seguro, da mesma forma que há, ao final deste prazo, a renovação do mesmo. As justificativas, segundo o respondente, vão desde o "grau de satisfação" do segurado, ou pela "presença continua, resposta rápida e conhecimento do assunto", passando pelo "bom atendimento e segurança", bem como pela "confiança", no que conceme ao corretor. Segundo os respondentes, foi apurado que 20% trocaram de segurador, permanecendo, no entanto, na mesma empresa seguradora, ao passo que 80% não efetuaram qualquer troca. Os fatores geradores de mudança citados envolvem "perda de clientes por preço", em maior escala, e pela relação entre "preço e conjunto de garantias oferecidas", de maneira subseqüente. Todos os corretores acreditam que o cliente maIS antigo deve ser sempre preservado, "pela fidelidade", "crença na corretora e na figura do corretor" e a "formação de um vinculo de amizade" com o corretor, sendo estes fatores que incentivam renovações futuras. Apesar deste fato, nem todos os corretores consideram que o cliente mais antigo deve receber um tratamento diferenciado. As respostas mostram que 40% negam e 60% admitem a adoção de tal postura. Estes últimos defendem sua postura argumentando que "fidelidade e fundamental" e que o "cliente antigo tem bônus com a corretora e deve ter também um diferencial oferecido pelo corretor". Os primeiros se posicionam defendendo que o "atendimento deve ser igualitário e com qualidade comum a todos". 66 No que diz respeito a manutenção de segurados, 40% consideram tal fato difícil, "devido a alto nível de profissionalização do mercado", enquanto que 60% afirmam que não, uma vez que o "bom atendimento conferido garante a renovação". No que diz respeito ao nível de relacionamento com os segurados, de forma geral, em uma escala Likert de cinco (de 1 a 5), com diferencial semântico cujos extremos são ruim e ótimo, foi apurada a media simples 4.6, o que denota algo próximo de ótimo. Valendo-se da mesma tipologia para questionamento, foi observada a media 4.4 para o nível de informação que o segurado possui sobre o seguro contratado, e 4.8 no que se refere a classificação do nível de informação que cada corretor transmite aos seus respectivos segurados, segundo seu próprio ponto de vista. Já no que conceme aos fatores considerados mais importantes no sentido de se efetivar a renovação do seguro, a qualidade do atendimento prestado pelo corretor aparece com destaque, seguido do bom relacionamento entre corretor e segurado e da presença constante do corretor. O investimento em marketing, realizado pela empresa seguradora e a certeza do segurado quanto ao cumprimento das clausulas contratuais vem a seguir, nesta ordem. Seqüencialmente, o bom relacionamento entre o corretor e o segurado, a qualidade do atendimento prestado pelo corretor e a presença deste, nesta ordem, são tidos como os principais fatores que levam os segurados a se tomarem fieis, seguidos, com menos destaque, para o investimento em marketing e a certeza acerca do cumprimento de clausulas contidas no contrato de seguro. Quanto ao contato pro ativo por parte do corretor no que tange ao segurado, a maioria dos respondentes diz que o faz às vezes, aleatoriamente, sem planejamento. Uma parcela menor de corretores responde que o faz ao menos uma vez no mês, enquanto que uma minoria o faz somente quando da necessidade de se renovar o seguro. As justificativas são de que "depende da ocasião", ou mesmo que "depende do perfil do cliente". 67 4.2 Funcionários da Empresa No que diz respeito ao nível de relacionamento com os corretores, de forma geral, no que conceme a opinião dos funcionários, por meio de um questionamento com urna escala Likert de cinco (de 1 a 5), com diferencial semântico cujos extremos são ruim e ótimo, foi apurada a media simples 4.0 (quatro), o que denota algo entre regular e ótimo, ou seja, bom. Os argumentos são de que os "corretores são seus clientes diretos", de modo que se deve fazer uma "boa política", e de que o "trabalho e em equipe", devendo haver "comprometimento" . Quando perguntados quanto aos seus níveis de satisfação em relação ao seu trabalho na empresa, os funcionários, dentro da mesma tipologia de pergunta supra-citada, obtiveram media 3.44, o que daria algo entre razoável e bom, denotando uma situação um pouco afastada do ideal. Tal fato recebeu os argumentos de que "o ambiente e desconfortável", ou de que "não háfeedback da área técnica ou da matriz", ou de que "os funcionários são desvalorizados frente às mudanças e reestruturações". Positivamente, foi dito que a "organização e sólida" e que há "satisfação quanto ao que se faz". Já no que tange ao relacionamento entre o corretor e o segurado, do ponto de vista dos funcionários, a media apurada foi 3.0 (três), ou seja, apenas razoável. Os argumentos auferidos são de que e o "segurado o responsável pelo sucesso", ou de que os "corretores têm pouco conhecimento" ou "pouco comprometimento" com seus clientes, ou mesmo de que "falta orientação ao segurador", por parte da empresa, ou "ao segurado", no que se refere ao segurador, bem como ao fato de que alguns corretores "dão bom atendimento, mas outros são péssimos". Em questionamento pautado em uma escala de cmco (1 a 5), com diferencial semântico do tipo concordo plenamente ou discordo totalmente, foi apurada media simples 4.78, quanto a importância dos relacionamentos no ambiente de trabalho; media 3.78, no que se refere aos clientes e a questão de que ele tem sempre razão; media 3.67 para o nível de incidência de reclamação por parte do cliente, em menor ou maior escala, independentemente; media 4.44 no que diz respeito ao atendimento dos recames do 68 clientes, o que apresenta leve discrepância em relação ao segundo item (media 3.78); e media 5.0 (cinco), no que tange aos clientes serem sempre respeitados. Na opinião dos funcionários, em relação aos fatores considerados mais importantes acerca do que poderia ser feito para melhorar a qualidade do seu trabalho, há igual destaque para a maior presença do corretor e para a necessidade de maior conhecimento deste em relação ao mercado. A questão do treinamento para o exercício da função aparece de maneira subseqüente. Os funcionários consideram ainda que, para a venda de seguros, os fatores mais importantes são, pela ordem, a qualidade no atendimento, a marca ou chancela da empresa, o preço, a tecnologia empregada e, por fim, a comissão paga. Destes, a instituição estudada possuiria, ordenadamente, a forca de marca, a qualidade no atendimento, a tecnologia e a comissão. Desta feita, na visão deste grupamento, o preço não e fator de vantagem competitiva pata a empresa. Para um melhor rendimento no trabalho, foram apontados como fatores principais o ambiente de confiança e cumplicidade vivenciado, seguido do fato de se trabalhar com colegas responsáveis e, por fim, a necessidade de se trabalhar entre amigos. Em caso de não haver um corretor a empresa, quando do momento de prestar o serviço a um cliente, os funcionários, em sua maioria (80%), buscam atender o cliente da maneira mais solicita possível, enquanto que uma parcela menor (20%), anota os dados do cliente, no sentido de repassar ao corretor, para que este venha a atender as necessidades do cliente em questão. Os funcionários dizem, em sua totalidade, entender o que significa marketing de relacionamento e acreditam, também de forma unânime, no sucesso quando ma empresa aplica estratégias de marketing de relacionamento em seu negocio, mais especificamente empresas do segmento de seguros, justificando tal afirmativa pelo fato de que o "marketing traz clientes e o bom trato os retem", ou porque "o segredo e se relacionar" ou por dizerem que o marketing de relacionamento "e o grande diferencial". Assim, complementarmente, 69 os funcionários classificam o investimento da empresa em marketing de relacionamento apenas como razoável, em media. 4.3 Segurados No que diz respeito ao nível de atendimento proporcionados pelos corretores, de forma geral, no que conceme a opinião dos segurados, por meio de um questionamento com uma escala Likert de cinco (de 1 a 5), com diferencial semântico cujos extremos são ruim e ótimo, foi apurada a media simples 3.89, o que denota algo entre regular e ótimo, ou seja, tendendo a bom. Os argumentos são de que os "corretores somente procuram os clientes por ocasião da renovação" e de que "o atendimento e demorado". Positivamente, e dito que há "um bom atendimento, quando solicitado". Alguns, por sua vez, Jamals utilizaram o seguro. Seguindo a mesma tipologia de pergunta, os segurados classificam o nível de satisfação de suas necessidades, proporcionado pelo corretor, apenas como bom (media 4.0). Justificam argumentando a "falta ou dificuldade de contato", de maneira negativa, e positivamente "pelo bom preço e atendimento" ou "fácil acesso" ao corretor, quando necessário. Em questionamento pautado em uma escala de ClllCO (1 a 5), com diferencial semântico do tipo concordo plenamente ou discordo totalmente, foi apurada media simples 3.89, quanto ao nível de informação possuído no que se refere ao seguro contratado; media 4.16 quanto ao conhecimento acerca das coberturas da apólice; media 4.11 no que tange a importância do relacionamento com o corretor para a renovação do seguro; media 2.89 no que diz respeito ao grau de fidelidade para com a empresa estudada, ou seja, menos do que razoável; e media 4.05 no que se refere a tendência de se mudar de empresa acompanhando o corretor, fato este que revela a importância deste profissional para os segurados. 70 Dentre os respondentes, 68,42% já utilizaram, de alguma forma, o seguro, enquanto 31,58% jamais necessitaram de seu uso, sendo que 76.92% dos que utilizaram recorreram ao corretor e 23,08% buscaram diretamente a corretora. Dentre os fatores considerados mais importantes para a renovação do seguro, sob a tica do segurado, destaca-se a quantidade de serviços adicionais ofertados, seguido da indicação do corretor e do preço, nesta ordem. Subseqüentemente, aparecem a qualidade no atendimento, a marca da seguradora e, por fim, a indicação de amigos. Na opinião dos clientes, a sua fidelidade a seguradora justifica-se, principalmente, pela qualidade no atendimento, seguida pelas vantagens oferecidas e pelo relacionamento com o corretor, nesta ordem. A seguir, vem a acomodação e, por fim, o relacionamento com os funcionários. Destes itens, a empresa contratada possuiria, na ótica deste grupamento, do bom relacionamento com os corretores, mais acentuadamente, seguido das vantagens oferecidas e do atendimento prestado, nesta ordem. Subseqüentemente, vem a questão do relacionamento com os funcionários. Os motivos que justificariam a fidelidade do cliente a um corretor seriam, nesta ordem, a qualidade no atendimento, o preço e a facilidade de contato, estes dois itens em níveis iguais, seguidos da experiência do corretor e, por fim, da localização em que o corretor se encontra. Destes itens, os respondentes disseram, em media, que seu corretor possui capacidade de prestar um bom atendimento, seguido de preço vantajoso e facilidade de contato, nesta ordem, destacando-se ainda, levemente abaixo, a experiência. A questão da localização ficou em plano acentuadamente secundário. 71 5. CONSIDERAÇÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS No contexto do seguro, mais especificamente no segmento de seguros automotivos, objeto do estudo em questão, destacam-se os bancos, que assumem conotação especial, principalmente, no Brasil, que conta com a presença de bancos internacionais, ao que se soma a conjuntura econômica vigente, que leva os profissionais de marketing a desenvolverem estratégias voltadas para o ganho de escala, alavancando produtos e serviços por meio do aumento da base de clientes e, sobretudo, por meio da retenção dos que já possuem. Em serviços financeiros de grande escala, como no caso dos seguros, que utiliza sistemas/tecnologias, compradores sofisticados e cuja facilidade de administração é fundamental para o varejista, é importante a adoção de algumas estratégias de sucesso: alcançar a excelência operacional, aumentar a participação de mercado para manter uma posição de baixo custo, linha de produtos e extensões inovadoras, sistemas de processamento flexíveis e até certo ponto customizáveis, e compreensão suficiente do negócio no sentido de proporcionar treinamento adequado para a força de venda. Nessa linha, pode-se afirmar que a tecnologia beneficia clientes e fornecedores, ou seja, empresas que têm valor a oferecer para o cliente podem aumentar esse valor utilizando a tecnologia da informação. A tecnologia da informação, assim como a globalização, aparece fundamentalmente como um modo de desempenhar velhas funções gastando menos e sendo mais eficiente. Os impactos sobre a produtividade e a forma geral de organização dos bancos são muito significativos, porque a Tecnologia da Informação (TI) é diferente de outras formas de tecnologia, afetando as tarefas de produção, coordenação e conhecimento do cliente, bem como expandindo a memória da organização. Pela descrição das seguradoras, pode-se perceber que muitas investem na construção de uma marca forte, como apontou este estudo em relação à instituição estudada, estratégia esta facilitada quando se está associado a um banco, como neste estudo em particular, pois os investimentos na imagem corporativa do banco refletem-se na seguradora. Outra estratégia é construir o envolvimento do canal, envolvendo o corretor, ao 72 invés de visar somente o consumidor final. Essa estratégia é adotada pela Porto Seguros, Vera Cruz Seguradora e Sul América, que criam campanhas de fidelidade para seus corretores e beneficiam os que são mais fiéis ao longo do processo. Nesse contexto, analisando o marketing de relacionamento, é possível concluir que existe uma oportunidade de se construir a fidelidade dos segurados, mas que, no momento inicial, a prioridade deve ser trabalhar o relacionamento com os corretores, figuras altamente relevantes no contexto de se conquistar e, sobretudo, reter clientes, como apontou o presente trabalho de pesquisa. As questões periféricas relacionadas ao banco de dados precisam estar resolvidas, como o desenvolvimento tecnológico, a freqüência de atualização e a confiabilidade; porém, a principal questão, que são as informações relevantes para orientar as ações de marketing de relacionamento, depende ainda de um investimento adicional a ser feito. A empresa estudada deve atentar para este detalhe. Outro importante ponto relativo aos serviços de uma seguradora é a falta de pesquisa sistemática para avaliação da satisfação dos clientes, fazendo com que não ocorram ações preventivas, mas apenas corretivas. É necessário, neste caso, ser pró-ativo. Com o objetivo de estimular a fidelidade e um maior cuidado dos motoristas, as seguradoras ligadas ao setor automotivo, alvo do presente estudo, estabelecem um bônus para a renovação do contrato, oferecido para quem não precisou acionar o seguro no período anterior. Esse bônus é um desconto definido pelas seguradoras na hora da fixação do prêmio a ser pago pelo cliente na renovação do seguro. Este é outro fator que acaba por pesar na decisão de acionar o seguro em casos de pequenos acidentes, pois, se isso ocorrer, perde-se o direito ao bônus, e conseqüentemente, ao desconto, no momento da renovação. Uma nova abordagem e, conseqüentemente, um novo sistema de beneficios pode ser pensado, com vantagens para todos os envolvidos. A promoção, no contexto do marketing de seguros, tem por objetivo tirar o cliente da inércia. Movimentá-lo, fazer com que ele se decida a fechar aquele contrato de seguro que por ora é objeto de estudo. Aqui também se antepõe a dificuldade da intangibilidade do produto. O conceito é abstrato, pois se trata de uma promessa futura de pagamento por 73 parte do segurador. A promoção precisa, então, ser revestida do senso de oportunidade, captando a atmosfera social reinante e antevendo riscos e soluções não detectados pela concorrência, fato este que será o responsável por, de fato, gerar uma vantagem competitiva para a organização. Além disso o serviço é consumido enquanto é produzido, forçando às seguradoras a freqüentes alterações, tendo em vista o comportamento do grupo segurado, donde se infere o envolvimento do segundo com a produção de seu contrato (no aspecto macro), o que traz resultados heterogêneos e, às vezes, se toma fator complicador em seguros, face à perda de homogeneidade ser problema sério, já que se trabalha com a lei dos grandes números e esta expressa conceitos lógicos e determinados a serem cumpridos, sob pena de se amargar prejuízos de toda a sorte. Assim, enuncia-se, a seguir, exemplificativamente, o serviço que cabe ser prestado pelos corretores de seguros, sem qualquer pretensão de esgotar-se ai o rol de atividades praticadas por estes profissionais, no exercício de sua profissão, que, como sempre, deve-se ressaltar, caracteriza-se pela estrita defesa dos interesses e direitos consumidores/ segurados: • Estabelecer contato com o consumidor/segurado; • Identificar e delimitar, de forma sistematizada, os interesses seguráveis e os nscos; • Informar ao consumidor/segurado das conclusões de seu estudo, indicando as medidas básicas (de prevenção, metodológicas e organizacionais) a serem tomadas com vista à otimização dos seguros, inclusive, a fim de que possam ser aplicadas as taxas mais convenientes; • Informar o consumidor/segurado a respeito das coberturas mais adequadas para os interesses seguráveis e riscos identificados e delimitados, esclarecendo o conteúdo e alcance das cláusulas securitárias, com especial dos 74 atenção para a elucidação das eventuais exclusões da cobertura, que devem ser bem entendidas pelo consumidor/segurado; • Decidida a contratação pelo consumidor/segurado, receber e processar o pedido de seguro, elaborando e remetendo a respectiva proposta, verificando, efetivamente, que não haja conflito futuro entre a vontade contida na proposta e a apólice de seguro, para evitar a presunção de aceitação tácita dos termos da apólice pelo segurado; • Zelar pela correta e tempestiva emissão da apólice; • Verificar se o conteúdo da apólice emitida corresponde com os termos da proposta; • Desenvolver a manutenção do contrato de seguro (endossos, aditivos); • Assistir ao consumidor/segurado no caso de sinistro até o efetivo recebimento por este da indenização, auxiliando-o no procedimento de regulação e liquidação junto à seguradora; • Recolher imediatamente prêmios a ele confiados pelo segurado à seguradora; • Avisar o consumidor/segurado do vencimento de sua apólice, oferecendo-lhe sugestões para eventual renovação. Na função Endomarketing, relativa ao comprometimento dos funcionários da organização, ainda há necessidade de disseminação do conceito de cliente interno e do reconhecimento no resultado final do trabalho dos profissionais envolvidos, principalmente das áreas técnicas. Na função de Manutenção/Retenção, é preciso reconhecer a importância da segmentação dos clientes, e que os clientes percebam valor em realizar cada vez mais 75 negócios com a mesma seguradora, além da necessidade de controle constante das informações vindas dos clientes. Assim, conforme expresso aCIma e de modo consoante com os resultados da pesquisa de campo, analisados a luz do referencial teórico ora apresentado, espera-se ter sido possível contribuir para a maximização do relacionamento entre segurado, seguradora e corretor, no sentido de se buscar níveis mais elevados de fidelidade, com beneficios tangíveis e intangíveis para a organização, por meio do estabelecimento de novos procedimentos entre a tríade envolvida. 76 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBRECHT, K. Vocação para serviço. HSM Management. Edição Especial, p. 47-54. São Paulo, 2000. ARMSTRONG, J. S.; OVERTON, T.S. Estimating non response bias in mail surveys. Joumal ofMarketing, v. 58, p. 396-402, Oct., 1977. BALLANTYNE, D. Interaction, dialogue and knowledge generation: three key concepts in relationship marketing. In: WWW Conference on Relationship Marketing, 2nd, 15th DrDsilD O 1999 to 15th DrDsilD O 2000. European Joumal of Marketing. 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Como você classificaria o nível de atendimento proporcionado pelo seu corretor? IRuim I o o o o o IÓtimo 2. Por que? 3. Como você classificaria o nível de satisfação de suas necessidades proporcionado pelo seu corretor? IRuim I o o o o o IÓtimo 4. Por que? Nas escalas a seguir, marque a opção que mais se aplica à sua percepção. 5. o o o o o Não possuo qualquer informação sobre meu seguro. 6. Não possuo nenhum conhecimento 0 0 0 0 0 sobre as coberturas de minha apólice. 7. o relacionamento com meu 00000 corretor em nada interfere na renovação do meu seguro. 8. Não possuo qualquer grau de o o o o o fidelidade à Bradesco Se 9. Se o meu corretor mudasse de 00000 corretora eu não transferiria o meu seguro. Possuo todas as informações que necessito sobre meu seguro. Possuo total conhecimento sobre as coberturas de minha apólice. O relacionamento com meu corretor é fundamental para a renovação do meu seguro. Sou totalmente fiel à Bradesco Se o meu corretor mudasse de corretora eu transferiria o seguro. 92 10. Você já utilizou seguro? ( ) SIM ( )NÃO 11. Em caso afirmativo, a quem recorreu? ( ) Corretor ( ) Seguradora 12. Enumere, em ordem crescente, os fatores que você considera mais importantes para a renovação do seu seguro. ( ( ( ( ( ( ) Indicação do Corretor; ) Indicação de Amigos; ) Preço; ) Quantidade de serviços adicionais oferecidos; ) Seguradora; ) Qualidade do Atendimento. 13. Na sua opinião, quais são os motivos que justificam a fidelidade do cliente à uma seguradora? ( ) Vantagens oferecidas; ( ) Relacionamento com o corretor; ( ) Relacionamento com os funcionários; ( ) Acomodação; ( ) Atendimento. 14. Desses itens, quais você acredita que a Bradesco Seguros possui? ( ( ( ( ( ) Vantagens oferecidas; ) Relacionamento com o corretor; ) Relacionamento com os funcionários; ) Acomodação; ) Atendimento. 15. Na sua opinião, quais são os motivos que justificam a fidelidade do cliente a um corretor? ( ( ( ( ( ) Facilidade de contato; ) Experiência; ) Localização; ) Qualidade de atendimento; ) Preço. 93 Desses itens, quais você acredita que o seu corretor possui? ( ( ( ( ( ) Facilidade de contato; ) Experiência; ) Localização; ) Qualidade de atendimento; ) Preço. OBRIGADO! 94 Questionário 11 - Funcionários da Organização / Corretor 16. Como você classificaria o nível de seu relacionamento com os corretores, de modo geral? I Ruim I o o o oo I Ótimo 17. Por que? 18. Como você classificaria o seu nível de satisfação em relação a seu trabalho nesta empresa? IRuim Io o o o o IÓtimo 19. Por que? 20. Como você classificaria o nível do relacionamento entre o corretor e o segurado, nesta empresa? I Ruim I o o o o o IÓtimo 21. Por que? Nas escalas a seguir, marque a opção que mais se aplica à sua percepção. 22. Não dou importância aos relacionamentos no ambiente de trabalho. 23. Os clientes, para mim, nunca têm razão. 24. Os clientes, para mim, sempre reclamam de tudo. 00000 Dou total importância aos relacionamentos no ambiente de trabalho. o oo o o Os clientes, para mim, sempre têm razão. o o o oo Os clientes, para mim, nunca reclamam. 95 25 Os clientes, para mim, jamais devem ser atendidos em seus reclames. 26. Os clientes, para mim, não devem ser res eitados. DDDDD OS clientes, para mim, sempre devem ser atendidos em seus reclames. D D D D D Os clientes, para mim, sempre devem ser res eitados. 27. Na sua opinião, quais são os fatores que você considera mais importantes sobre o que poderia ser feito para melhorar a qualidade do seu trabalho. ( ) Corretor mais presente; ( ) Clientes mais educados; ( ) Maior conhecimento sobre o mercado de seguros; ( ) Mais treinamento para execução da minha função; ( ) Nada pode ser feito além do que já existe. 28. Enumere, em ordem crescente, os fatores que você considera mais importantes para a venda de seguros. ( ( ( ( ( ) Preço; ) Qualidade no atendimento; ) Comissão paga aos corretores; ) Marca da empresa; ) Tecnologia empregada. 29. Desses itens, quais você acredita que a Bradesco Seguros possui? ( ( ( ( ( ) Preço; ) Qualidade no atendimento; ) Comissão paga aos corretores; ) Marca da empresa; ) Tecnologia empregada. 30. Na sua opinião, quais são os fatores que você considera mais importantes para ter um melhor rendimento no trabalho: ( ( ( ( ( ) Quando trabalho entre amigos; ) Quando trabalho com colegas responsáveis; ) Quando trabalho em um ambiente de confiança e cumplicidade; ) Quando trabalho em um ambiente de pressão e cobranças; ) Trabalho bem independentemente do ambiente vivenciado. 96 31. Mesmo que não seja a sua função, se não houver um corretor na casa, você: ( ( ( ( ( ) Anota os dados do cliente para repassar ao corretor; ) Procura convencer o cliente a esperar mais um pouco; ) Não dá sequer a menor atenção; ) Atende o cliente da maneira mais solícita possível; ) Cumpre apenas a obrigação mínima que o desempenho de sua função exige. 32. Você entende o que significa marketing de relacionamento? ( ) SIM ( ) NÃO 33. Em caso de resposta afirmativa, você acredita no sucesso quando uma empresa aplica estratégias de marketing de relacionamento em seu negócio como, por exemplo, empresas do mercado de seguros? ( ) SIM ( ) NÃO 34. Por que? 35. Caso você tenha respondido afirmativamente a pergunta 12, como você classificaria o investimento da sua empresa em marketing de relacionamento? A minha empresa não investe em marketing de relacionamento. OBRIGADO! 00000 A minha empresa investe intensivamente em marketing de relacionamento. 97 Questionário IH - Corretor 1. Você acompanha o seu segurado até o final de vigência do seguro? ( ) SIM ( ) NÃO 2. Em caso de resposta afirmativa, você pode dizer que, de maneira geral, o segurado renova o seguro? ( ) SIM ( ) NÃO 3. Por que? 4. Já aconteceu de um cliente seu mudar de corretor e continuar na seguradora? ( ) SIM ( ) NÃO 5. Por que? 6. Você acredita que o cliente mais antigo deve ser preservado? ( ) SIM ( ) NÃO 7. Por que? 8. Você acredita que o cliente mais antigo deve receber um tratamento diferenciado? ( ) SIM ( ) NÃO 98 9. Por que? 10. Você acha dificil manter seus segurados? ( ) SIM ( ) NÃO 11. Por que? 12. Como você classificaria o nível de seu relacionamento com os segurados, de modo geral? IRuim Io o o o o IÓtimo 13. Como você classificaria o nível de informações que o seu segurado possui sobre o seguro contratado? IRuim I o o o o o IÓtimo 14. Como você classificaria o nível de informações que você transmite ao seu segurado sobre o seguro contratado? IRuim Io o o o o IÓtimo 15. Enumere, em ordem crescente, os fatores que você considera mais importantes para a renovação do seguro. ( ( ( ( ( ) Corretor mais presente; ) Qualidade do atendimento do corretor; ) Certeza do segurado quanto ao cumprimento das cláusulas; ) Bom relacionamento entre corretor e segurado; ) Investimento em marketing. 99 16. Enumere, em ordem crescente, os fatores que você considera mais importantes para que os segurados se tomem fiéis. ( ( ( ( ( ) Bom relacionamento entre corretor e segurado; ) Corretor mais presente; ) Investimento em marketing; ) Certeza do segurado quanto ao cumprimento das cláusulas; ) Qualidade do atendimento do corretor. 17. Quando você entre em contato com o seu segurado? ( ( ( ( ( ) Ao menos uma vez na semana; ) Ao menos uma vez no mês; ) Somente quando o segurado me procura; ) Somente para renovar o seguro; ) Às vezes, aleatoriamente, sem planejamento; 18. Por que? OBRIGADO!