programa de fisioterapia do trabalho –profit ler/dort - PRAC

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TÍTULO: PROGRAMA DE FISIOTERAPIA DO TRABALHO –PROFIT LER/DORT
AUTORES: Karina Duarte Souza; Ana Edite Gonçalves; Maria Aparecida Alves; Bethânia
Medeiros Lopes; Gaspar de Brito Cavalcante; Adriana Araújo de Lima; Marcela Crispim de
Mendonça; Jerônimo Farias de Alencar; Maria Cláudia Gatto Cardia.
e-mail: [email protected], [email protected]
INSTITUIÇÃO: Universidade Federal da Paraíba
ÁREA TEMÁTICA: Saúde
Objetivo Geral:
Prestar assistência em fisioterapia a nível preventivo e de tratamento a trabalhadores
com LER/DORT em atendimento conjunto do Departamento de Fisioterapia através do
programa PROFIT-LER e do PROSAT /HU.
Objetivos Específicos:
Prestar assistência especializada à comunidade.
Capacitar alunos para o atendimento em Saúde do trabalhador, especificamente com
LER.
Promover a integração Ensino-Pesquisa-Extensão.
Desenvolver um serviço preventivo especializado em Fisioterapia do Trabalho.
Metodologia:
Os pacientes foram encaminhados pelo PROSAT/HU para o Grupo LER/DORT, os
quais participaram do programa de tratamento individualizado e da terapia em grupo. O
tratamento individualizado foi realizado durante três vezes por semana e sendo efetuado
por alunos do programa de extensão, que cursaram a disciplina de Fisioterapia Aplicada às
disfunções ortopédicas, traumatológicas e reumatológicas. Neste tratamento, os pacientes
foram submetidos à avaliação inicial, na qual se buscou o estudo detalhado dos sinais e
sintomas da afecção apresentada correlacionando a cinesiologia empregada na função
laborativa e o quadro cinesiopatológico apresentado. A partir do conhecimento da
disfunção do trabalhador, no tratamento fisioterápico foram utilizados os principais
recursos terapêuticos pertinentes à Fisioterapia, tais como: cinesioteapia, eletroterapia,
termoterapia, cujo objetivo principal era promover a analgesia e reeducação funcional.
Ainda no tratamento individualizado, cada paciente foi submetido a sete (7) sessões
de consciência corporal através de exercícios de alongamento, pompagem e tração nas
cadeias musculares, baseados nos princípios de BIENFAIT (1993).
A terapia de grupo proposta para o tratamento dos pacientes portadores de
LER/DORT neste projeto é a introdução do GRUPO DE RELAXAMENTO E
QUALIDADE DE VIDA.
No Grupo de relaxamento e qualidade de vida são programados 12 encontros
semanais de duas horas, sendo 60 minutos de informação oferecida pelos professores e
alunos do programa, 40 minutos de discussão entre o grupo e 20 minutos de relaxamento
estático.
Os objetivos propostos aqui são: propiciar o controle da dor e de outros sintomas;
estimular a consciência corporal; diminuir a tensão muscular; construir instrumentos para o
enfrentamento de situações de conflito que se colocam freqüentemente na empresa, na
Previdência Social, no círculo familiar e social; construir um novo conceito de
incapacidade, tentando, junto com o paciente, incorporar valores e práticas que lhe
permitam se reabilitar profissional e socialmente.
Para atingir esses objetivos, o programa no grupo inclui atividades informativas
sobre o processo de adoecimento; fatores causais, agravantes e melhora; direitos
previdenciários e trabalhalistas; trabalho corporal com utilização de várias técnicas;
técnicas de autocuidado; medicamentos; informações sobre o processo de trabalho;
ergonomia, etc.
O conteúdo programático do grupo de relaxamento e qualidade de vida é: origem
das LER/DORT; fatores causais; dor; tipos de LER/DORT; tratamentos; respiração;
qualidade do sono; Previdência Social; Ergonomia; estresse; características psicossociais;
autocuidado. Em todas as sessões serão realizadas discussões em grupo seguidas de treino
de relaxamento através da técnica de relaxamento autógeno de Schultz.
O trabalho proposto para o Grupo de LER/DORT, foi baseado no modelo de
assistência do CEREST-SP (Centro de Referência à Saúde de Trabalhador de São Paulo),
que contempla atividades em grupo (terapias em grupo) para treino de relaxamento,
alongamento e consciência corporal, atividades educativas para melhoria da qualidade de
vida e atendimento individualizado. As atividades educativas são ministradas por
especialistas (médicos, psicólogos, advogados, entre outros), que formarão uma equipe
transdisciplinar, proporcionando aos trabalhadores informações precisas e aos discentes
extensionistas uma formação mais abrangente e crítica. O atendimento coletivo para
portadores de LER/DORT traz vantagens à clientela que se conscientiza do problema a ser
enfrentado e para o serviço que atende a demanda com maior agilidade.
Análise e discussão dos resultados relacionados aos atendimentos realizados:
O Programa de Fisioterapia do Trabalho – PROFIT – GRUPO LER/DORT atendeu 11
pacientes, com média de idade de 40 anos, dos quais 4 se encontravam na faixa etária de 20
– 40 anos e 7 na faixa etária de 41 a 60 anos de idade.
Verificamos que a média de idade apresentada em nosso estudo encontra-se
próximo aos valores citados na literatura por Settimi e Sivestre apud Nicoletti (1997), os
quais verificaram que 45% das pessoas acometidas por LER/DORT estão entre 26 – 35
anos e 23,5% estão entre 36 – 45 anos de idade.
Quando analisamos a freqüência dos atendimentos referentes ao sexo verificamos que
72,7% eram do sexo feminino e 27,3% do sexo masculino, o que caracteriza a
predominância das afecções na categoria de trabalhadores mulheres.
Quando comparamos os dados relacionados ao sexo percebemos que nossos dados
se aproximam dos valores citados na literatura por Nicoletti (1997), o qual cita que Codo
(1995), encontrou em seus estudos que 87% dos casos eram do sexo feminino e 13% em
trabalhadores do sexo masculino. Settini e Sivestre (1995), apresentam o mesmo percentual
na população trabalhadora do Brasil, justificando que as mesmas são mais acometidas na
fase mais produtiva da vida, entre 18 e 45 anos de idade.
Analisando nossos dados verificamos que a queixa mais freqüente em 45% dos casos foi
dor no punho, 45% impotência funcional em todo membro superior e 10% algias na coluna
vertebral. Estes dados refletem que as estruturas físicas dos trabalhadores mais acometidas
são aquelas relacionadas com a produção de movimentos repetitivos, de precisão e
sobrecarga na produção do trabalho.
De acordo com os dados apresentados por Codo apud Nicoletti (1997), as regiões
mais citadas em um estudo realizado em 1995 foram o punho e membro superior, com
aproximadamente 32% dos casos.
Analisando outros dados de nossa investigação, observa-se que dos 11 pacientes
atendidos, 6 ou 54,5% trabalhavam na indústria de calçados.
Settini e Silvestre (1995), apresentam dados semelhantes aos nossos, no que diz
respeito à distribuição do percentual de trabalhadores por função. Em seus estudos
verificaram que mais de 30% dos trabalhadores trabalhavam na indústria, 18,7% eram
digitadores.
Os dados relacionados à terapia de grupo são dados qualitativos e no momento não
são conclusivos devido ao fato de sua metodologia está em andamento.
Conclusão:
As doenças ocupacionais no Sistema músculo – esqueléticos tem se mostrado cada
vez mais freqüentes.
Sato (2001), afirma que o crescimento das LER/DORT tem obrigado, quer pela
freqüência
dos
diagnósticos
confirmados,
a
trabalhadores;
empresários;
órgãos
governamentais das áreas da saúde, previdência e trabalho; e universidades a lidar com este
problema e reconhecer como um grave problema de saúde pública. O mesmo sugere a
criação de serviços públicos de saúde formados por uma equipe multidisciplinar
envolvendo vários profissionais como: médicos, fisioterapeutas, assistente social;
psicólogos, ergonomistas, entre outros, para que se estabeleça uma linguagem que possa ser
interagida entre esses profissionais para tratarem das LER/DORT.
Em nosso estudo, verifica-se que o tratamento fisioterápico propiciou a redução da
queixa dolorosa, principal sintomatologia que conduziu o trabalhador à procura de
tratamento. Porém, vale ressaltar, que a grande maioria dos pacientes nos procuram quando
a dor já se enquadra num processo crônico e, portanto, a afecção clínica relacionada ao
trabalho encontra-se instalada.
O processo preventivo é a melhor opção para evitar o aparecimento das patologias.
Assim, acreditamos que as medidas preventivas ou corretivas no ambiente do trabalho,
através da avaliação ergonômica, da avaliação dos fatores biomecânicos e antropométricos
e dos fatores educacionais frente ao trabalho (medidas posturais, condicionamento e
reeducação corporal) sejam os melhores procedimentos para tratar dos distúrbios
relacionados ao trabalho. A partir de um processo de conscientização, tanto por parte dos
trabalhadores, empresários e de uma equipe multidisciplinar existe a possibilidade de uma
melhor qualidade de vida do trabalhador mesmo diante da modernização do trabalho.
Referências:
BIENFAIT, M. Os desequilíbrios estáticos: fisiologia, patologia e tratamento
fisioterapêutico. São Paulo: Ed. Summus, 1993.
CODO, W.; ALMEIDA, M.C.C.G. L.E.R. – Diagnóstico, Tratamento e Prevenção. Rio
de Janeiro: Ed. Vozes, 1995. In: NICOLETTI, S. L.E.R - Epidemiologia. Fascículo 1. São
Paulo: Bristol – Myers Squibb Brasil, 1997.
NICOLETTI, S. Mecanismos da formação dos sintomas dentro da perspectiva da
abordagem psicossomática bio–psico-social. Fascículo 3. São Paulo: Bristol – Myers
Squibb Brasil, 1997.
SETTIMI, M.M. & SILVESTRE, M.P. Lesões por esforços repetitivos: um problema da
sociedade brasileira. In: NICOLETTI, S. L.E.R - Epidemiologia. Fascículo 1. São Paulo:
Bristol – Myers Squibb Brasil, 1997.
SETTIMI, M. M. & SILVESTRE, M. P. Lesóes por esforços repetitivos: um problema
da sociedade brasileira. Rio de janeiro: Editora Vozes, 1995.
SATO, L. Caderno de saúde pública. Rio de Janeiro: 17 (1): 147 – 152. Janeiro –
fevereiro, 2001.
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