(a): Rangé - Congresso Brasileiro de Terapias Cognitivas

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MESA 5
A ABORDAGEM COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA COMPREENSÃO E
TRATAMENTO DA DOR CRÔNICA
Coordenador: Bernard Pimentel Rangé (UFRJ)
[email protected]
Relatores:
Gildo Angelotti
Cristiane Figueiredo Araújo
Maria Amélia Penido
Fernanda Martins Pereira
Resumo 1: TRATAMENTO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL DA DOR
CRÔNICA
Gildo Angelotti (UNIFESP/EPM)
[email protected]
A dor representa um importante problema de saúde pública em decorrência da elevada
prevalência, dos altos custos para a comunidade e de ser a razão predominante de
procura do sistema de saúde. É intrínseca à vivência dolorosa a confluência entre os
aspectos biológicos e emocionais com os relacionados a cognição. A dor crônica é um
processo psicológico com componentes afetivos, cognitivos e comportamentais. Apesar
de a comunidade científica reconhecer esses fatos, a difusão de conhecimento e o uso de
intervenções cognitivas e comportamentais para o tratamento das dores são ainda muito
reduzidos. Avanços recentes no tratamento da dor crônica incluem o diagnóstico e o
tratamento da comorbidade psicológica, a aplicação de tratamentos psicológicos
primariamente para a dor crônica e o desenvolvimento de esforços multiprofissionais
para oferecer cuidados de saúde abrangentes, integrais e integrados.
Palavras-chave: Dor Crônica; Tratamento; Cognitivo-Comportamental
Resumo 2: PSICOTERAPIA DE GRUPO COGNITIVO-COMPORTAMENTAL
PARA PACIENTES COM DOR LOMBAR CRÔNICA.
Cristiane Figueiredo Araújo (IEDS - Rio de Janeiro)
Sandra Fortes (HUPE/UERJ)
[email protected]
A dor é considerada a forma mais universal de sofrimento humano, sendo portanto um
dos mais graves estressores da vida de uma pessoa. Sua ocorrência, especialmente na
forma crônica, é crescente no mundo. Qualidade de vida precária, maior longevidade,
prolongamento do tempo de vida de pacientes com doenças graves e anteriormente
fatais, além das mudanças comportamentais do homem contemporâneo, como
sedentarismo e menor tolerância ao sofrimento são algumas das razões para este
aumento. Normalmente, a dor crônica tem diagnóstico mais complicado que a dor aguda
e sua etiologia é complexa, o que aumenta consideravelmente os gastos com consultas e
exames, mobiliza mais profissionais de saúde e leva mais tempo para ser tratada
satisfatoriamente. Além do custo material, certamente o custo emocional, social,
familiar e ocupacional do paciente com dor crônica e de seus cuidadores é ainda mais
elevado. Por sua característica multifacetada, a dor crônica demanda tratamento
integrado que contemple a avaliação e acompanhamento médico, a reabilitação física e
a reabilitação psicossocial, com o objetivo de aumentar a qualidade de vida do paciente
e de permitir sua reinserção social. Considerando as implicações psicológicas –
cognitivas, afetivas e comportamentais – da dor crônica na vida do paciente, em
particular da dor benigna, a qual não levará o paciente a morte, mas permanecerá em
sua vida provocando restrições e transformações tanto para o paciente quanto para sua
família, a literatura especializada tem ressaltado a importância e eficácia de
procedimentos da terapia cognitivo-comportamental, tanto individualmente quanto em
grupo. Neste trabalho privilegiamos a abordagem de grupo por considerarmos que,
dentre várias vantagens, o grupo proporciona aos seus participantes uma maior
possibilidade de aprendizagem de novos comportamentos para o manejo da dor, maior
disponibilidade de reforço positivo e identificação com os outros membros, diminuindo
o isolamento, a “dependência incapacitante”, a vergonha e o medo. Foram selecionados
6 pacientes em tratamento na Clínica de Dor do Hospital Universitário Pedro Ernesto,
no Rio de Janeiro, encaminhados pelos clínicos para avaliação em saúde mental –
psiquiatria e psicologia. Sua duração foi de 5 meses com sessões semanais de 90
minutos, mais duas sessões de follow-up mensais após o seu término. Seu principal
objetivo foi capacitar os pacientes a lidarem melhor com sua dor através do treino em
técnicas de relaxamento, ativação comportamental por meio do conhecimento e manejo
dos ciclos de dor-tensão e atividade-relaxamento e restruturação de pensamentos e
crenças disfuncionais a respeito da dor e de suas conseqüências. Os resultados obtidos
foram bastante satisfatórios, considerando-se o relato verbal dos pacientes, os registros
semanais de dor e a retomada de atividades sociais e ocupacionais anteriormente
reduzidas ou mesmo inexistentes. Reconhecemos, no entanto, que estes resultados são
parciais e baseados no relato de uma única experiência, necessitando, portanto, de
maiores investimentos no sentido de formalizar procedimentos adaptados à realidade
brasileira e que possam ser mais amplamente utilizados tanto no treinamento de
profissionais da área quanto no tratamento dos pacientes que sofrem de dor crônica.
Palavras-chave: Dor crônica; Grupoterapia; Terapia Cognitivo-Comportamental
Resumo 3: UM ESTUDO INVESTIGANDO AS HABILIDADES SOCIAIS DE
PACIENTES FIBROMIÁLGICAS
Maria Amélia Penido (UFRJ)
Sandra Fortes (UERJ)
Bernard Rangé (UFRJ)
[email protected]
A dor é um problema de saúde pública muito grave que afeta milhões de indivíduos,
com um gasto financeiro enorme para a sociedade, além do incalculável sofrimento
humano. A fibromialgia é uma síndrome crônica, que acomete principalmente mulheres,
caracterizada por queixa dolorosa músculo-esquelética difusa e pela presença de pontos
palpáveis hipersensíveis e dolorosos à pressão, em regiões anatomicamente
determinadas. Essas pacientes referem dores por todo o corpo, fadiga e alteração do
sono, e freqüentemente apresentam comorbidade com depressão e ansiedade.O objetivo
desse trabalho foi investigar o repertório de habilidades sociais de pacientes
fibromiálgicas, definindo quais são especificamente as habilidades sociais difíceis para
essa população e se isso poderia estar relacionado com ter fibromialgia. Foram
selecionadas 105 sujeitos divididos em três grupos: 35 mulheres diagnosticadas com
fibromialgia; 35 mulheres diagnosticadas com artrite reumatóide e 35 mulheres sem
patologia crônica, constituintes do grupo controle. Os dados foram coletados no
Ambulatório de Reumatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto através dos
seguintes instrumentos: ficha de identificação; Critério Brasil; Escala Hospitalar de
Ansiedade e Depressão; Questionário da Avaliação da Saúde; Inventário de Graduação
de Dificuldades em Situações Sociais e Inventário de Habilidades Sociais (IHS). Para a
análise dos dados foi utilizado o pacote estatístico SPSS, que incluiu testes-t de Student,
ANOVA e χ 2 . Na análise dos resultados foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas entre os três grupos quanto as médias no escore bruto total do Inventário
de Habilidades Sociais, indicando uma maior dificuldade nos grupos com fibromialgia e
com artrite reumatóide. No Inventário de Graduação de Dificuldades em Situações
Sociais o grupo com fibromialgia apresentou diferenças estatisticamente significativas
em relação aos outros dois grupos, indicando uma maior dificuldade nas habilidades
dizer não e pedir mudança de comportamento. A fibromialgia aparece associada a
depressão e ansiedade. Esse trabalho pode indicar que de maneira geral o repertório de
habilidades sociais dos pacientes com fibromialgia não difere do grupo com artrite
reumatóide, considerando habilidades específicas as pacientes com fibromialgia
apresentam mais dificuldades nas habilidades assertivas dizer não e pedir mudança de
comportamento.
Palavras-chave: Dor crônica; Habilidades Sociais; Fibromialgia
Financiamento: CAPES
Resumo
4:
APLICABILIDADE
DAS
TÉCNICAS
COGNITIVOCOMPORTAMENTAIS NO TRATAMENTO DA ENXAQUECA
Fernanda Martins Pereira (Psicoclínica Cognitiva do Rio de Janeiro)
[email protected]
A dor crônica vem se constituindo como um relevante problema da atualidade, não só
pelo alto número de pessoas acometidas bem como pelo seu grande custo financeiro. O
impacto da dor em seus portadores vai além do prejuízo físico. Como o tratamento
medicamentoso mostra-se muitas vezes insuficiente para a supressão da dor, é comum
que os pacientes se sintam ansiosos, deprimidos, frustrados e impotentes. Por outro
lado, essas mesmas reações emocionais podem contribuir para aumentar as sensações
dolorosas. Frente a isso, o tratamento deve ser complexo, considerando componentes
físicos e psicológicos. O objetivo desse trabalho é discutir a aplicabilidade de algumas
técnicas cognitivo-comportamentais no manejo da dor crônica, especificamente no caso
da enxaqueca. Será relatado o caso de C., sexo feminino, 30 anos, funcionária pública,
casada, que foi encaminhada à psicoterapia para o tratamento da depressão. Durante a
entrevista clínica, a paciente relatou que um de seus maiores estressores eram suas
crises de enxaqueca, pois traziam uma série de prejuízos físicos, emocionais e sociais.
No intuito de complementar a avaliação inicial, foram aplicadas as seguintes medidas:
Inventário Beck de Depressão e Ansiedade, Escala Multidimensional de
Perfeccionismo, Inventário de Sintomas de Stress e Escala Brasileira de Assertividade.
Os resultados destes testes indicaram que a paciente encontrava-se em depressão
moderada, ansiedade acima da média, alto nível de perfeccionismo, baixa assertividade
e fase de quase-exaustão do stress. Inicialmente, o tratamento psicoterápico consistiu
em 10 sessões estruturadas que objetivaram o manejo das crises de enxaqueca. As
sessões tinham as seguintes metas: fornecer informações sobre a dor, ensinar a paciente
a monitorar suas sensações através de registros específicos (diários da dor), realizar o
treino em reestruturação cognitiva e relaxamento muscular, fornecer algumas
orientações nutricionais e incentivar a atividade física. Ao longo das sessões, a paciente
foi conseguindo identificar situações, pensamentos e comportamentos que disparavam,
mantinham e exacerbavam suas crises. A partir disso, ela foi sendo capaz de
implementar mudanças comportamentais e cognitivas que contribuíam para o manejo de
sua dor. Como resultado desse processo, os níveis de depressão e ansiedade registrados
nos inventários foram progressivamente diminuindo, sendo registrada também uma
melhora no quadro de stress. Durante o restante da psicoterapia, foi possível observar
que o aparecimento de novas crises de enxaqueca já não tinha mais o mesmo impacto
emocional de outrora, uma vez que a paciente já havia aprendido a manejá-las. Esperase que esse trabalho possa trazer contribuições para o estudo da enxaqueca,
corroborando com outros estudos que investigam a eficácia das técnicas cognitivocomportamentais no manejo da dor crônica.
Palavras-chave: Dor crônica; Enxaqueca; Tratamento Cognitivo-Comportamental
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