Câncer de Pulmão O câncer de pulmão é o tumor responsável pelo maior numero de mortes por câncer entre todas as neoplasias. Estima-se que, a cada ano, mais de 1,2 milhões de pessoas perca suas vidas por câncer de pulmão no mundo todo. Um fato insólito é que, dentre os tumores, o câncer de pulmão é aquele que tem um agente causador conhecido, que é o hábito do tabagismo e, desta forma, aquele com maiores chances de prevenção. Durante o século passado, o câncer de pulmão passou de um tumor raro, a ponto de chamar a atenção quando era diagnosticado, para a alcunha do tumor que mais provocava mortes entre os homens e, alguns anos depois, com a mudança de comportamento feminino, passou a ser o tumor líder em mortalidade também entre as mulheres. O interessante é que, se os dados atuais mostram o início de uma redução nos casos diagnosticados entre os homens, isso ainda não se reflete entre as mulheres, que adquiriram e parecem ainda fiéis ao hábito do tabagismo. Quando falamos em câncer de pulmão, na grande maioria das vezes, estamos nos referindo aos tumores que têm sua origem no pulmão, mas o pulmão também pode ser sede de tumores metastáticos, ou seja, tumores de outros órgãos que se instalam também nos pulmões. De todos os tumores pulmonares, dois tipos são os responsáveis por cerca de 95% de todos os tumores diagnosticados: o carcinoma de pequenas células e o carcinoma não de pequenas células. O câncer de pulmão costuma ocorrer em fumantes, a partir da quinta década de vida, não tendo predileção por sexo. Fatores de risco Cerca de 80 a 90% dos cânceres de pulmão ocorrem em tabagistas. Estima-se que uma pessoa que nunca fumou tenha um risco de menos de 1% de morrer de câncer de pulmão ao longo da vida. Este risco aumenta para 20 ou 30% nos tabagistas, dependendo do número de cigarros fumados, do tempo de exposição ao tabagismo e da idade de início do hábito tabagístico. Após parar de fumar, o risco diminui gradativamente, mas sempre será muito maior do que na pessoa que nunca fumou. Os chamados tabagistas passivos, aqueles que nunca fumaram, mas convivem com tabagistas, também têm um risco maior de desenvolverem câncer de pulmão, principalmente, nos casos em que a exposição ocorreu ainda na infância ou nos casos em que um dos cônjuges é fumante. A necessidade de tratamento radioterápico para outras neoplasias próximas ao pulmão, como linfomas e tumores de mama, também pode aumentar o risco de desenvolvimento de um câncer de pulmão. O risco é maior se a pessoa é ou foi fumante. Câncer de Pulmão - DR. SPENCER MARCANTONIO CAMARGO - CIRURGIÃO TORÁCICO (18-08-2010) Página 1 de 3 A exposição a determinados fatores ambientais também pode contribuir para a ocorrência de tumores no pulmão. São reconhecidos fatores de risco para desenvolvimento de câncer de pulmão, a exposição ao asbesto, a radiação ionizante e a hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Quando a pessoa exposta também é tabagista, esse risco é magnificado. Indivíduos com diagnóstico de fibrose pulmonar e aqueles infectados pelo vírus HIV também têm um risco maior de desenvolverem câncer de pulmão. Sintomas Um dos grandes desafios para um adequado tratamento do câncer de pulmão é o estabelecimento do diagnóstico precoce. Como o pulmão é um órgão sem uma inervação sensitiva importante, os tumores podem crescer e atingir grandes tamanhos, antes que os sintomas apareçam e levem ao diagnóstico. Infelizmente, a maioria dos pacientes tem uma doença em estágio avançado no momento do diagnóstico, o que diminui muito a chance de cura. Os principais sintomas do câncer de pulmão estão associados ao crescimento da lesão no interior do pulmão, provocando tosse, dor torácica, eliminação de sangue na tosse e falta de ar. Cerca de ¾ dos pacientes apresentam pelo menos um destes sintomas. A ocorrência de tosse prolongada ou a mudança no caráter da tosse em um tabagista ou ex-tabagista deve levar a uma investigação sem perda de tempo. Algumas vezes, os sintomas estão relacionados ao comprometimento de outros órgãos pelo tumor ou mesmo pela secreção de alguns tipos de hormônios pelas células tumorais, levando a sintomas como emagrecimento, dores no corpo, alterações hematológicas e neurológicas. É importante lembrar neste momento que, quanto mais cedo o diagnóstico é estabelecido, maior é a chance de cura. Diagnóstico e Estadiamento Quando um indivíduo de risco para o desenvolvimento de câncer de pulmão apresenta sintomas, é necessário a realização de um exame radiológico de tórax, de preferência uma tomografia de tórax, que vai mostrar se realmente existe alguma alteração pulmonar suspeita. Caso isto se confirme, os passos seguintes são a realização de uma biópsia para a colheita de um fragmento da lesão que será encaminhado para estudo anatomopatológico e também estudos de imagem do abdômen, crânio e ossos, órgãos que podem ser afetados secundariamente pelas células tumorais. Com base na identificação do tipo do tumor pela biópsia e o resultado dos exames de imagem, o caso é discutido por uma equipe multidisciplinar, que vai decidir pelo melhor tratamento para aquele tipo de tumor. Câncer de Pulmão - DR. SPENCER MARCANTONIO CAMARGO - CIRURGIÃO TORÁCICO (18-08-2010) Página 2 de 3 Tratamento O tratamento do câncer de pulmão é definido de acordo com o tipo celular, o comportamento local e pela presença ou não de doença em outros órgãos. Os tumores restritos ao pulmão são aqueles que têm a maior chance de cura e, nestes casos, o tratamento de escolha é a cirurgia para a ressecção completa do tumor. Em algumas situações, no momento do diagnóstico já houve comprometimento de alguns gânglios adjacentes ao pulmão, que funcionam como sentinelas no nosso organismo. Quando isto ocorre, depois de adequada avaliação, estes pacientes fazem um tratamento com quimioterapia visando eliminar a doença destes gânglios e, quando o resultado é favorável, fazem então a ressecção cirúrgica da lesão. Nos casos em que o diagnóstico é estabelecido em uma fase mais avançada da doença, o tratamento cirúrgico não é mais indicado e os pacientes são encaminhados para avaliação e tratamento com quimioterapia em combinação ou não com radioterapia, o que vai ser definido de acordo com particularidades de cada caso. Quando pensam ou se referem ao câncer de pulmão, em geral, as pessoas têm em mente um tumor muito agressivo e que dificilmente pode ser curado. Isso ocorre devido ao atraso no diagnóstico dessas neoplasias. Quando diagnosticado precocemente, a cada 10 casos, 7 ou 8 podem ser curados. Para isso, é importante que as pessoas que têm risco elevado para o desenvolvimento de câncer de pulmão façam um acompanhamento regular com seus médicos e estejam atentas às mudanças no seu organismo, o que pode ser um sinal precoce de que algo não vai bem. Metástases Pulmonares Em alguns casos, tumores que se originaram em outros locais podem dar metástases nos pulmões. Isso é possível em praticamente todos os tipos de tumores, mais frequente nos casos de tumores de cólon, mamas, sarcomas e melanomas. A presença de metástases no pulmão, apesar de significar uma doença mais avançada, não significa a impossibilidade de cura. Em algumas situações, o pulmão é o único órgão afetado pelas metástases e havendo a possibilidade de ressecção de todas as lesões, a cura é possível. Câncer de Pulmão - DR. SPENCER MARCANTONIO CAMARGO - CIRURGIÃO TORÁCICO (18-08-2010) Página 3 de 3