Segurança dos Alimentos,Nutrição e Saúde Celso Moretti As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) como diabetes tipo II, doenças cardiovasculares, câncer e mal de Alzheimer causam a morte de milhões de pessoas em todo o mundo. Somente no Brasil estima-se que existam 15 milhões de pessoas com diabetes, das quais 90% tem o tipo II da doença. Prevenir a ocorrência das DCNT é uma estratégia que vem sendo adotada em em diversos países, tendo-se em vista que a prevenção pode ser economicamente mais interessante do que tratamentos com elevados custos. Aliada à prática regular de atividades físicas e reduzido nível de estresse cotidiano, a alimentação saudável pode contribuir para a redução da incidência das DCNT. Os alimentos são ricos em diferentes substâncias, os chamados compostos bioativos. Evidências científicas obtidas em pesquisas conduzidas em várias instituições de PD&I, como a Embrapa, indicam que pigmentos carotenóides, compostos fenólicos, amino ácidos, vitaminas, sulfoniluréias e sais minerais, dentre outros, estão associados à prevenção de diferentes DCNT. O licopeno presente em frutas e hortaliças de cor vermelha, como o tomate e a melancia, está associado à prevenção de câncer de próstata. O mamão e a manga são ricos em beta-caroteno, pigmento que pode contribuir para a prevenção da degenerescência macular da retina. A alicina, contida no alho, pode auxiliar na redução do risco de infarto agudo do miocárdio em indivíduos com colesterol elevado. A glibenclamida, uma sulfoniluréia encontrada num tipo exótico de abóbora, pode ser um interessante coadjuvante no tratamento da diabetes tipo II. Finalmente, a citrulina da semente da melancia, pode potencialmente contribuir com o tratamento da hipertensão, tendo-se em vista o poder hipotensivo da substância. A lista é extensa. A luz da ciência tem comprovado, em diversas situações, as recomendações contidas nos conhecimentos tradicionais populares. A parceria entre instituições de PD&I da área agrícola e da área de saúde é fundamental na busca por princípios ativos em plantas que possam contribuir para a prevenção das DCNT. Ações de comunicação, coordenadas com transferência de tecnologia, tem grande potencial para mudar hábitos alimentares, sobretudo na população infantil. A elevação do consumo de alimentos ricos em compostos bioativos, como frutas e hortaliças, pode contribuir para a diminuição da incidência das DCNT e, por conseguinte, dos custos associados aos tratamentos.