INCIDÊNCIA DE COMPRA DE HORTIFRUTIGRANJEIROS ANTES E APÓS DIVULGAÇÃO DE COMPOSIÇÃO NUTRICIONAL E TÉCNICAS DE PREPARO COMO ESTRATÉGIAS DE MARKETING EM SUPERMERCADO DA CIDADE DE TUBARÃO SC. INTRODUÇÃO: A ciência da nutrição tem como base a pirâmide alimentar, que preconiza, para um indivíduo saudável, o consumo alimentar diário de 3 porções de frutas e 3 porções de verduras e legumes. Porém, verifica-se uma mudança significativa no perfil alimentar da população brasileira, onde grande parte dos consumidores vem substituindo os hortifrutigranjeiros por alimentos processados, industrializados, ricos principalmente em sódio, gorduras e açúcares. (OLIVEIRA, et al 2003). Monteiro et al., (2005), observam mudanças nos hábitos alimentares dos brasileiros, verificadas através da disponibilidade domiciliar dos alimentos, ocorridas entre 1974-2003. Encontraram queda no consumo do: arroz, feijões, leguminosas, frutas, verduras e legumes. E aumento no consumo de: carne, leite e derivados, óleos, gorduras, biscoitos e refeições prontas. Esta mudança nos hábitos alimentares dos brasileiros é a transição nutricional, ela pode estar relacionada com o aumento das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) - doenças cardiovasculares, diabetes, obesidade, câncer e doenças respiratórias, que já causaram 60% dos 56,5 milhões de óbitos no mundo. A qualidade da apresentação dos alimentos industrializados os torna atrativos. Por trás de um simples produto há uma equipe de marketing, publicidade e grandes investimentos, proporcionando vendas á empresa. Que costuma não economizar na divulgação de seus produtos, pois possui em mãos, bens de demanda primária. A Propaganda e o marketing tem como foco garantir a lucratividade através de instrumentos de comunicação para que o produto possa satisfazer as necessidades do consumidor. (KOTLER, 1995). O marketing dos alimentos é um diferencial diante da oferta de produtos, ele promove o produto por sua essência, divulgada através da tabela nutricional. Os instrumentos do marketing nutricional constituem uma importante ferramenta no processo de educação alimentar da população, inserem-se, inclusive, na prevenção de doenças e promoção da saúde pública. A estratégia global para Promoção da Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, aprovada por 191 países foi elaborada como uma alternativa para se obter melhoras e sustentabilidade na saúde da população mundial. Implica no enfoque multisetorial de ações que devem ser desenvolvidas a curto, médio e longo prazo. Entre as propostas destaca-se o incentivo ao consumo de frutas, vegetais, legumes e frutos secos; promoção da saúde através de medidas preventivas; aumento à atenção e conhecimento sobre alimentação saudável e incentivo ao desenvolvimento e implementação de planos de ação que sejam sustentáveis e englobem a sociedade, setor privado e a mídia. (WHO, 2004). A percepção é que a Estratégia Global traga uma nova realidade às DCNT, colocando o assunto no cenário nacional, fortalecendo as diretrizes da Política Nacional de Alimentação e Nutrição PNAN. Cujo objetivo é incentivar as ações e serviços que preconizem as práticas alimentares saudáveis, prevenir e controlar distúrbios nutricionais através da divulgação de iniciativas voltadas para a promoção da saúde, resgatando as práticas alimentares regionais. As indústrias alimentícias devem promover marketing nutricional, campanhas de incentivo a alimentação saudável e alianças com profissionais da saúde. Pois o vínculo dos clientes com o estabelecimento diante do compromisso demonstrado com sua qualidade de vida gera um fluxo maior de vendas. (ADA, 2002). A proposta desse projeto é aumentar o consumo de frutas e verduras, tornando-as atraentes ao consumidor, visando uma melhora na qualidade da sua alimentação através do marketing nutricional em um supermercado. Divulgando informações que a população em geral desconhece e acaba por desconsiderar no momento da compra. METODOLOGIA: este estudo foi realizado em um supermercado de médio porte na cidade de Tubarão, estado de Santa Catarina no ano de 2009. A divulgação dos hortifrutigranjeiros foi feita através cartazes descrevendo: benefícios, composição nutricional e formas corretas de higienização de cada alimento. Foi disponibilizado um livro com receitas destes alimentos, fixado em local visível e acessível aos clientes durante o mês de abril. Também foi feita a abordagem de clientes no setor de hortifrutigranjeiros do supermercado, uma vez na semana durante 3 horas, para distribuição das receitas do livro e esclarecimento do projeto aos clientes do estabelecimento. Os alimentos escolhidos para divulgação foram o brócolis, a manga, a couve e a berinjela, alimentos de venda limitada e de baixo consumo pela população local. Os dados foram coletados pelo departamento de compra e venda de gêneros do supermercado. Foram incluídos na pesquisa os indivíduos que efetuaram compras de hortifrutigranjeiros no supermercado durante os meses de março e abril, tempo referente a mensuração previa e no momento da venda dos alimentos divulgados. Foi requisitada a permissão do supermercado para o desenvolvimento da pesquisa, entrando em conformidade com as partes. Este estudo não envolveu riscos de natureza física, psíquica, moral, social e cultural para a população investigada. Após coleta, revisão e pré-codificação, os dados foram inseridos no Microsoft Excel para formulação de gráficos e no Microsoft Word para confecção de tabelas. As variáveis quantitativas foram analisadas em distribuição percentual simples. RESULTADOS E DISCUSSÃO Durante o mês de abril, período de divulgação dos alimentos, verificou-se aumento no consumo de todos os quatro alimentos, comparando-se com o consumo no mês de março. O crescimento do consumo do brócolis foi de 19,2%, o da manga 20,9%, o da couve folha 8,3% e o da berinjela em 69,3%. (tabela 1). Com relação ao preço dos hortifrutigranjeiros percebeu-se que dos quatro alimentos apenas a manga teve redução de 4,5% no seu preço quando comparado ao mês de março. A couve folha manteve seu preço sendo que o brócolis e a berinjela apresentaram aumento de 142,5% e 19,7% respectivamente, após a divulgação. O aumento das vendas dos 4 alimentos divulgados poderia estar relacionado com a acessibilidade financeira. Porém percebe-se que mesmo com o aumento do preço de dois alimentos, todos os quatro obtiveram vendas maiores comparados ao mês anterior. Pode-se considerar que a divulgação dos alimentos teve papel fundamental no aumento das vendas. A relação entre a diferença percentual do preço e diferença percentual das vendas entre os meses de março e abril mostra que o brócolis obteve aumento de 142% em seu preço de venda, e mesmo verificando o aumento, teve um crescimento nas vendas de 19,20% no mesmo período. O mesmo aconteceu com a berinjela, onde seu preço de venda havia aumentado e mesmo assim houve um grande crescimento nas vendas quantificado em 69,3%. A couve folha não apresentou variação em seu preço de venda, apenas apresentou aumentos nas vendas quantificado em 8,3% e a manga teve redução no seu preço de venda de 4,5% e aumento das vendas de 20,9%. Percebeu-se interesse durante a abordagem dos clientes no supermercado. Houve solicitação do livro de receitas, agradecimentos e comentários de aprovação com relação aos pratos disponíveis no livro. Percebeu-se que as pessoas deixavam de comprar os alimentos divulgados por não saberem como prepará-los e por desconhecerem suas propriedades benéficas. O aumento nas vendas de alimentos saudáveis reflete a procura e o interesse dos consumidores por nutrir-se de maneira mais adequada, melhorando sua saúde e qualidade de vida. O estabelecimento e os funcionários responsáveis pelo setor mostraram-se interessados na continuidade do projeto e nas ações praticadas para o desenvolvimento do mesmo. O marketing nutricional é uma boa alternativa aos supermercados, pois demonstra sua preocupação com a saúde dos clientes e gera bons resultados com relação a lucratividade. Culminando em incentivo à produção, mobilizando a agricultura. O aumento nas compras foi a atitude escolhida por uma população restrita frente a divulgação de hortifrutigranjeiros. Porém, cabe as autoridades ligadas ao setor de saúde estudarem a estratégia, podendo prevenir e reduzir doenças ocasionadas por uma alimentação de qualidade nutricional questionável. Esta estratégia muito condiz com um dos principais objetivos da estratégia global: reduzir os fatores de risco das DCNT associadas a uma alimentação inadequada, mediante a implementação de ações de saúde pública que sensibilizem a população quanto a promoção e prevenção da saúde e que sejam sustentáveis a níveis mundial, regional, nacional e comunitário; estimular a sociedade civil, o setor privado e a mídia; e apoiar pesquisas em áreas relevantes. A nível nacional as responsabilidades que se mostram pertinentes com o assunto desta pesquisa foram: a necessidade de elaborar estratégias para alimentação saudável, sobre estruturas e políticas já existentes; elaborar e disseminar diretrizes alimentares; reforçar atividades de comunicação social e informar o consumidor para capacitá-lo a realizar escolhas saudáveis; rotular os alimentos e estabelecer alegações saudáveis e claras ao público sobre os riscos e benefícios dos alimentos; analisar políticas agrícolas quanto a seus efeitos na saúde e promover políticas que aumentem a disponibilidade e acessibilidade a alimentos saudáveis; diminuir o consumo de alimentos industrializados energeticamente densos e pobres em micronutrientes; utilizar medidas fiscais para promover a disponibilidade e o acesso as frutas, legumes e verduras; dar atenção especial à qualidade dos alimentos distribuídos em programas de alimentação e incluir a educação alimentar como um importante programas de transferência de renda; promover mobilização social da sociedade civil a partir do envolvimento de profissionais, entidades de defesa do consumidor, associações de portadores de patologias; e investir em monitoramento das DCNT. (MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS, 2004). Juntamente com estas ações, o incentivo ao consumo de frutas, legumes e verduras para como fator protetor das DCNT, bem como o acesso físico destes alimentos, de forma sustentável está sendo guiado pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA). CONSIDERAÇOES FINAIS: O principal desafio na formulação e na implementação de estratégias para a promoção da alimentação saudável é torná-las viáveis em um contexto no qual os papéis, os valores e o sentido de tempo estão em constante mudança. As DCNT são responsáveis por grande parte dos óbitos e das despesas com assistência à saúde. O momento atual deve ser encarado como uma oportunidade para o desenvolvimento de estratégias sustentáveis de promoção da saúde e prevenção dos fatores de risco modificáveis, determinados, em grande parte pela alimentação não saudável. A aprovação brasileira da Estratégia Global pode ser considerada um avanço para a saúde. O desafio de uma alimentação saudável implica na mobilização das três esferas de governo, dos setores produtivos, da sociedade científica e civil e dos setores de comunicação para produzir, transformar e comercializar alimentos dentro de uma nova ética. A proteção e a promoção da saúde pública devem ter precedência sobre as questões de mercado, pois, além de serem direitos humanos fundamentais, contribuem, em médio e longo prazo, no equilíbrio das contas no setor da saúde. Sendo assim, é viável favorecer a divulgação dos alimentos mais saudáveis através de informação nutricional em meios públicos, assim, a divulgação e o conhecimento sobre hortifrutigranjeiros seria feita de modo igualitário e acessível e todos os indivíduos. O marketing nutricional constitui um processo de crescente importância. Cabe aos profissionais de saúde, especialmente da área de nutrição, encarar os estabelecimentos como aliados da qualidade de vida e servir como veiculação de conhecimento em saúde e nutrição à população. A divulgação de alimentos saudáveis serve como uma orientação nutricional de forma continuada e gratuita, promovendo a população saúde e informação; ao estabelecimento, vendas; aos agricultores incentivo e ao governo um instrumento para prevenção de DCNT. O propósito central deste projeto é fomentar a responsabilidade associada entre sociedade, setor produtivo e setor público para efetuar as mudanças necessárias e favorecer escolhas saudáveis em níveis individuais e coletivos porque a responsabilidade do direito a uma alimentação saudável tem de ser compartilhada não somente pelos setores governamentais, mas na sociedade como um todo.