UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós- Graduação Stricto Sensu Mestrado em Educação Física A APLICAÇÃO DO MÉTODO KABAT E SEUS EFEITOS NA VELOCIDADE E PRECISÃO DO ARREMESSO, EM ATLETAS DE HANDEBOL Aluna: Thatiana Lacerda Nobre Orientador: Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto São Paulo 2014 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Programa de Pós-graduação Stricto Sensu Mestrado em Educação Física A APLICAÇÃO DO MÉTODO KABAT E SEUS EFEITOS NA VELOCIDADE E PRECISÃO DO ARREMESSO, EM ATLETAS DE HANDEBOL Dissertação apresentada à Banca Examinadora do Programa de PósGraduação Stricto Sensu da Universidade São Judas Tadeu, como exigência parcial para a obtenção do título de MESTRE em Educação Física. Área de concentração: Promoção e prevenção em saúde. Orientador: Prof. Dr. Érico Chagas Caperuto. SÃO P AULO 2014 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Universidade São Judas Tadeu Bibliotecário: Ricardo de Lima - CRB 8/7464 Nobre, Thatiana Lacerda N754a A aplicação do método Kabat e seus efeitos na velocidade e precisão do arremesso em atletas de handebol / Thatiana Lacerda Nobre. São Paulo, 2014. 81 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Érico Chagas Caperuto. Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2014. 1. Atletas. 2. Educação física - Handebol. 2. Velocidade. I. Caperuto, Érico Chagas. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de PósGraduação Stricto Sensu em Educação Física. III. Título CDD 22 – 796.312 BANCA EXAMINADORA Ninguém vence sozinho, nem no campo, nem na vida. (Papa Francisco) DEDICATÓRIA À meus pais Ana Maria Lacerda Nobre e Francisco Nobre, e meus irmãos Thalita Lacerda Nobre e Thiago Lacerda Nobre, por todo o incentivo, apoio e compreensão durante toda a minha trajetória de vida. Vocês são verdadeiros exemplos de força, fé, luta, generosidade e honestidade. Obrigada pelas horas de conforto e alegria, sempre me incentivando a viver abraçada com a pulsão de vida. AGRADECIMENTOS Na conclusão deste mestrado, apresento meus mais sinceros agradecimentos a todos que comigo se fizeram presentes e me apoiaram ao do curso e da conclusão dessa dissertação, especialmente: Ao meu orientador Érico Caperuto pela paciência e ensinamento durante todo este ciclo de aprendizado. Levo comigo a sua figura de exemplo de pessoa e profissional. Aos professores Flávia de Andrade e Souza e Bruno Rodrigues pelos valiosos apontamentos na banca de qualificação, que com certeza só acrescentou benefícios a este trabalho. A CAPES, pela valiosa bolsa de estudo. Ao Sport Club Corinthians Paulista por ter oferecido toda a estrutura para a realização desta pesquisa. Ao técnico Aldo Amorim e seus maravilhosos atletas de Handebol, pela recepção, parceria e carinho com que fui recebida durante todos os treinamentos. À Marco Antônio de Souza Soares de Paula (Marcão) agradeço pela grande generosidade, me fazendo continuar acreditando que existem pessoas boas neste mundo, sendo capazes de estender a mão quando mais precisamos. Obrigada pela confiança e amizade. Às minhas amigas e futuras colegas de profissão, Marina Tolão e Adriana Consani, por acreditarem, aceitarem e se dedicarem a esta pesquisa. Compartilhar esses momentos com vocês foi muito importante e divertido para mim. Ao meu amigo Leandro Yanase, por toda a ajuda em todas as fases desta pesquisa. Obrigada pela amizade e companheirismo durante todo este momento. À minha amiga de todas as horas Michele Sambugari Schmidt, obrigada por acreditar que eu era capaz e sempre me lembrar disso. Ao meu amigo Antônio Carlos da Silva, pela parceria e por dividir seu vasto conhecimento sobre handebol comigo. Às minhas amigas Gisele Silva e Patrícia Oliva Carbone, por dividir comigo as alegrias, angústias, paciência, desespero, risadas, cobranças...Obrigada pela companhia neste mundo “ bipolar ” que é o Mestrado. Aos meus companheiros de turma. Aos meus companheiros de laboratório pelas longas conversas filosóficas sobre a vida cotidiana. A todos, meu muito obrigado! SUMÁRIO LISTA DE TABELAS, FIGURAS E QUADROS RESUMO 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 14 2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 17 2.1 Anatomia funcional e biomecânica do ombro................................................... 17 2.1.1 Articulação esternoclavicular......................................................................... 18 2.1.2 Articulação acromioclavicular........................................................................ 18 2.1.3 Articulação Glenoumeral................................................................................ 19 2.1.4 Articulação Escapulotorácica......................................................................... 20 2.1.5 Anatomia muscular do complexo do ombro................................................... 21 2.2 HANDEBOL...................................................................................................... 27 2.3 O ARREMESSO............................................................................................... 28 2.3.1 Tipos de arremesso....................................................................................... 30 2.3.2 Fases do arremesso...................................................................................... 33 2.4 MÉTODO KABAT: FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA 37 3. OBJETIVOS....................................................................................................... 43 3.1 Primário............................................................................................................. 43 3.2 Secundários...................................................................................................... 43 4. HIPÓTESE.......................................................................................................... 43 5. JUSTIFICATIVA................................................................................................. 43 6. METODOLOGIA................................................................................................. 44 6.1 Amostra e Grupos............................................................................................. 44 6.2 Critérios de Inclusão......................................................................................... 44 6.3 Critérios de Exclusão........................................................................................ 45 6.4 Variáveis Analisadas......................................................................................... 45 6.5 Protocolo Experimental..................................................................................... 48 6.6 Desenho do Estudo.......................................................................................... 52 6.7 Análise dos Resultados.................................................................................... 53 7. RESULTADOS................................................................................................... 54 8. DISCUSSÃO....................................................................................................... 59 9. CONCLUSÃO..................................................................................................... 64 10. REFERÊNCIAS................................................................................................ 65 APÊNDICE A – Termo de Assentimento................................................................ 72 APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido............................... 75 ANEXO A – Escala de Borg................................................................................... 78 ANEXO B – Graduação do teste muscular manual................................................ 80 LISTA DE FIGURAS, QUADROS E GRÁFICOS LISTA DE FIGURAS Figura 1: Anatomia esquelética do complexo do ombro...................................... 21 Figura 2: Músculos do complexo do ombro – Vista anterior................................ 25 Figura 3: Músculos do complexo do ombro – Vista posterior.............................. 25 Figura 4: Demonstração do arremesso superior................................................. 31 Figura 5: Demonstra o arremesso inferior........................................................... 32 Figura 6: Demonstração do arremesso lateral.................................................... 33 Figura 7 A: Goniômetro para a mensuração da amplitude de movimento.......... 46 Figura 7 B: Radar em pistola para a mensuração da velocidade do arremesso. 46 Figura 8 A: Imagem representativa da marcação do gol..................................... 47 Figura 8 B: Ilustração da avaliação da precisão do arremesso.......................... 47 Figura 8 C: Ilustração da avaliação da velocidade e precisão do arremesso.... 48 Figura 9: Padrões de diagonais do membro superior (Flexão – Abdução – Rotação Externa e Extensão – Adução – Rotação Interna)................................. 51 Figura 10: Padrões de diagonais do membro superior (Flexão – Adução – Rotação Externa e Extensão – Abdução - Rotação Interna)................................ 51 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Músculos envolvidos no arremesso do handebol e suas principais ações..................................................................................................................... 26 Quadro 2: Procedimentos básicos para a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva – Método Kabat............................................................................. 39 Quadro 3: Angulação da amplitude de movimento em rotação interna e externa do complexo do ombro............................................................................ 54 Quadro 4: Graduação dos músculos envolvidos no arremesso.......................... 55 Quadro 5: Demonstrativo das médias e desvios-padrão da Escala de Borg modificada............................................................................................................. 57 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Valores referentes as médias e desvios-padrão dos dois grupos analisados na velocidade do arremesso............................................................... 56 Gráfico 2: Valores referentes as médias e desvios-padrão dos dois grupos analisados na precisão do arremesso............................................................... 57 RESUMO Introdução: O handebol é uma modalidade esportiva que exige de seus praticantes esforços físicos de alta intensidade e de curta duração, com ênfase nas capacidades motoras de velocidade e força (explosiva e rápida). O arremesso é considerado a habilidade técnica mais importante desta modalidade, porém exige que o atleta o realize este movimento com a máxima velocidade e precisão. Desta forma, o objetivo do presente estudo foi de avaliar o efeito da aplicação da técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva através do Método Kabat, no desempenho do arremesso em atletas de handebol. Metodologia: Fizeram parte deste estudo 18 atletas entre 13 e 16 anos, do sexo masculino que foram divididos em dois grupos, sete atletas para o grupo controle (GC) e onze para o grupo do método kabat (GK). A pesquisa consistiu em 14 sessões de treinamento e mais duas sessões para avaliações, inicial e final onde foi analisado a Amplitude de Movimento (ADM) da rotação interna e externa do ombro, graduação da força e desequilíbrio muscular através da graduação de Kendall, velocidade em Km/h e precisão do arremesso, através de marcações no gol. Para a análise dos resultados foi utilizado o teste de Kolmogorov –Smirnoff como análise da normalidade dos dados, após utilizou-se o teste t- Student de medidas repetidas para comparar os diferentes momentos da avaliação (inicial e final) e o teste t-Student independente para comparar os dois grupos. Resultados: O GK apresentou um aumento significativo na rotação externa do ombro, quando avaliado a força muscular o GK apresentou aumento significativo em todos os músculos analisados do complexo do ombro. Já o GC também apresentou aumento, porém esta tendência não aconteceu em todos os músculos. Quanto à velocidade, o GC não apresentou mudança nas análises, sendo o valor inicial (64,90 ± 5,14) e final (65,00 ± 7,61), no GK a diferença existiu, melhorando a velocidade, cujo valor da avaliação inicial foi de (61,36 ± 7,15) passando para (64,47 ± 6,09). Os resultados da precisão seguiram esta mesma ordem, sem alteração significante para o GC, com valor inicial de (2,33 ± 1,21) e final (2,83 ± 0,75), mas GK apresentou aumento significativo no número de acertos, com valor inicial de (2,36 ± 1,12) e final de (3,91 ± 1,30). Conclusão: Os atletas que fizeram parte do grupo que recebeu o treinamento com a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, através do Método Kabat, apresentaram um aumento significativo no desempenho do arremesso, melhorando a velocidade e precisão do gesto em comparação ao grupo que realizou suas atividades normais de treinamento. Palavras – Chave: Handebol, Arremesso, Velocidade, Precisão, Método Kabat ABSTRACT Introduction: Handball is a sport that requires its practitioner’s physical effort of high intensity and short duration, with an emphasis on motor capacities of velocity and strength (explosive and speedy). The throw is considered the most important technical ability of this sport, but requires the athlete to perform this move with maximum velocity and precision. Thus, the objective of this study was to evaluate the effect of applying the technique of Proprioceptive Neuromuscular Facilitation through Kabat method, the performance throwing in handball athletes. Methodology: This study included 18 athletes between 13 and 16 years male who were divided into two groups, seven players for the control group (CG) and eleven for the group kabat method (GK). The research consisted of 14 training sessions and two sessions for reviews, starting and ending where it was analyzed the Range of Motion (ROM) of the internal and external shoulder rotation, graduation strength and muscle imbalance through graduation Kendall, velocity km / h and accuracy of the throwing through markings in goal. To analyze the results of Kolmogorov-Smirnoff analysis as of the data normality after we used the Student t test for repeated measures was used to compare the different evaluation times (beginning and end) and the Student t-test independent to compare the two groups. Results: The GK showed a significant increase in external rotation of the shoulder, when evaluated GK muscle strength increased significantly in all analyzed muscles of the shoulder complex. The CG also showed an increase, but this trend did not occur in all muscles. As for speed, the GC showed no change in the analysis, and the final (65.00 ± 7.61) initial value (64.90 ± 5.14) and in the GK was no difference, improving the speed, the value of initial assessment was (61.36 ± 7.15) going to (64.47 ± 6.09). The results of the precision followed this same order, with no significant change to the GC, with initial and final (2.83 ± 0.75) value of (2.33 ± 1.21) and GK but showed a significant increase in the number of correct answers with initial value (2.36 ± 1.12) and late (3.91 ± 1.30). Conclusion: Athletes who participated in the group that received training with Proprioceptive Neuromuscular Facilitation, through the Kabat method, showed a significant increase in performance of the shot, improving the speed and precision of gesture compared to the group that performed their normal activities training. Key – Words: Handball, Throwing, Velocity, Accuracy, Kabat Method 1. INTRODUÇÃO O Handebol é um esporte caracterizado por apresentar esforços físicos de alta intensidade e de curta duração (Souza, et al, 2006), com ênfase nas capacidades motoras de velocidade e de força, especialmente a força explosiva e a força rápida, devido a exigência da alta velocidade na execução dos movimentos. (Souza, et al, 2006; Zapartidis et al, 2009; Dechechi et al, 2010). Durante os treinos e jogos os atletas realizam muitos saltos, bloqueios, sprints e arremessos (Dechechi et al, 2010). Sendo assim, quadros de lesões no membro superior e inferior são considerados comuns neste esporte (Junior et al, 2012). O arremesso é considerado a habilidade técnica mais importante desta modalidade. Sendo, a maior determinante das ações realizadas pelos jogadores. Para que a execução do arremesso seja feita de forma adequada, é necessário que o atleta execute este movimento com a máxima velocidade voluntária. Desta forma, o tipo de arremesso está relacionado com o tipo de precisão exigida (Zapartidis et al, 2009). Os esportes de arremesso exigem de seus praticantes uma alta solicitação da articulação do ombro, fazendo com que esses atletas sofram algumas adaptações tanto nas partes moles como nas estruturas ósseas do complexo do ombro (Murachovsky et al, 2007). No entanto, acredita-se que o surgimento de dor e de lesões musculoesqueléticas, poderia estar relacionado ao grande número de repetições dos gestos esportivos realizados com o membro superior (Liebenson, Crenshaw & Shaw, 2008; Junior et al, 2012). Durante as sessões de treino, ou mesmo durante a preparação que antecede uma competição esportiva, a equipe geralmente realiza algum tipo de estratégia como aquecimento, alongamento dos principais grupos musculares, além de realização de movimentos específicos da modalidade praticada, como forma de preparação do corpo, para a atividade que virá a seguir (Taylor et al, 2009). Sendo assim, tem sido amplamente aceito que os esportistas desempenhem as atividades de aquecimento e protocolos de alongamento, antes e depois de realizarem atividade física (Woods, Bishop & Jones, 2007). Contudo, o incremento de exercícios simples ou de um aquecimento de forma diária, ou ainda de um programa de alongamento que promova essas adpatações, se mostra importante, durante uma rotina de treinamento (Liebenson, Crenshaw & Shaw, 2008) ou antes de um desempenho competitivo (Foss & Keteyian, 2000). Acredita-se que um aquecimento ou estratégia semelhante adequados possam reduzir a possibilidade de lesão muscular decorrentes de distensões ou entorses (Powers & Howley, 2005). Existem várias razões fisiológicas para a realização de tais práticas, essas incluem: aumento da temperatura muscular, corporal e do metabolismo energético, aumento da elasticidade do tecido (os músculos, os tendões e os ligamentos tornam-se mais elásticos, o que proporciona diminuição no risco de lesão), aumento da produção do líquido sinovial (aumentando a lubrificação das articulações), aumento do débito cardíaco e do fluxo sanguíneo periférico, melhora da função do sistema nervoso central e do recrutamento de unidades motoras neuromusculares (Taylor et al, 2009; Di Alencar & Matias, 2010; Albuquerque et al, 2011). Estas modificações provocam melhoria na fluidez e na eficácia do gesto esportivo, já que o aquecimento ou alongamento específico propiciam o aumento da velocidade de condução do impulso nervoso, resultando em uma maior velocidade de reação e coordenação dos movimentos (Di Alencar & Matias, 2010; Albuquerque et al, 2011). Por outro lado, o Método Kabat, estratégia também denominada como Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, foi desenvolvido pelo médico neurofisiologista, Herman Kabat por volta de 1940 (Voss, Ionta & Myers, 1987). Alguns anos depois, este método recebeu a continuidade de duas fisioterapeutas Margaret Knott e Dorothy Voss, já por volta dos anos 50 (Waddington, 2005 A) e tem sido utilizado atualmente para tratamento de inúmeras doenças neurológicas e ortopédicas (Adler, Beckers & Buck, 2007). Para Moreno et al (2009), o FNP, é uma técnica fisioterapêutica que vem sendo utilizada para melhorar o desempenho físico de atletas, de portadores de disfunções orgânicas e de sedentários saudáveis. Esta técnica tem como conceito, a utilização de padrões específicos de movimento em diagonal e espiral, nos três planos de movimento, bem como estímulos aferentes, para desencadear o potencial neuromuscular, e obter assim, melhores respostas de todo o sistema musculoesquelético (Moreno et al, 2009). É um método que se baseia nos princípios da estimulação máxima do aparelho neuromuscular, com o auxílio de padrões de movimentos diagonais e aplicação de estímulos sensoriais, como os auditivos, visuais, cutâneos e proprioceptivos (Adler, Beckers & Buck, 2007; Prentice e Voight, 2007). Os principais objetivos desta técnica são proporcionar aprendizagem e coordenação motora, melhora da performance, restaurar ou aumentar a flexibilidade e a amplitude de movimento, fortalecer músculos ou grupos musculares enfraquecidos, diminuindo o grau de desequilíbrio entre os grupos (Adler, Beckers & Buck, 2007; Prentice e Voight, 2007). Desta forma, seria importante descobrir o quanto a implementação da técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva, através do Método Kabat, pode ser capaz de alterar o arremesso dos praticantes de Handebol. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 ANATOMIA FUNCIONAL E BIOMECÂNICA DO OMBRO O complexo do ombro pode ser classificado como uma composição harmônica entre as articulações da cintura escapular com os músculos que fazem parte desta região (Godinho & Ejnisman, 2005). Sua anatomia permite uma enorme amplitude de movimento, e devido a grande amplitude de movimento proximal do complexo do ombro, proporciona um posicionamento mais eficiente e preciso da mão, criando assim, os movimentos grosseiros e também os habilidosos (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Schneider & Prentice, 2007). No entanto este alto grau de mobilidade requer um comprometimento de estabilidade, o que por sua vez, aumenta a vulnerabilidade da articulação do complexo do ombro à lesão, especialmente nas atividades dinâmicas de movimentos acima da cabeça (Schneider & Prentice, 2007). Manter a estabilidade do ombro, ao mesmo tempo em que as quatro articulações permitem, de forma coletiva, sincronizada e com alto grau de mobilidade, é primordial para o correto funcionamento da articulação do ombro (Schneider & Prentice, 2007; Hall, 2009). Já que a instabilidade é caracterizada quase sempre como a causa de muitas lesões específicas no ombro (Schneider & Prentice, 2007). No entanto, a estabilidade do complexo do ombro, depende do funcionamento coordenado e sincronizado dos estabilizadores estáticos e dinâmicos (Valle et al, 2003; Schneider & Prentice, 2007). A articulação do ombro é considerada a mais complexa do corpo humano, principalmente por apresentar articulações distintas, sendo a articulação glenoumeral, articulação acromioclavicular, articulação esternoclavicular, e mais uma articulação funcional com seus mecanismos deslizantes, chamado de articulação escapulotorácica (Godinho & Ejnisman, 2005; Schneider & Prentice, 2007; Hall, 2009). 2.1.1 Articulação Esternoclavicular A articulação esternoclavicular é a única articulação que conecta a extremidade superior diretamente ao tórax (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Valle et al, 2003). A clavícula articula-se com o manúbrio do esterno, formando assim a chamada articulação esternoclavicular (Schneider & Prentice, 2007). Esta articulação é classificada como esferoidal, sendo capaz de permitir movimentos livres nos planos frontal e transversal, além de alguns movimentos de rotação para frente e para trás no plano sagital (Hall, 2009). Um disco articular fibrocartilaginoso melhora o encaixe das superfícies ósseas que se articulam, auxiliando também na absorção dos choques (Schneider & Prentice, 2007; Hall, 2009; Valle et al, 2003). A articulação esternoclavicular é considerada extremamente fraca, em virtude da sua disposição óssea, porém é mantida de forma segura pelos fortes ligamentos que tendem tracionar a extremidade esternal da clavícula para baixo em direção ao esterno, ancorando-o (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Schneider & Prentice, 2007). Os principais ligamentos são o esternoclavicular anterior e posterior , o qual evitam o deslocamento da clavícula para cima; o interclavicular, que evita o deslocamento lateral e para cima da clavícula (Godinho & Ejnisman, 2005; Schneider & Prentice, 2007; Valle et al, 2003). A rotação na articulação esternoclavicular ocorre durante o movimento de encolher os ombros (retração das escápulas) e também na posição de elevar os braços acima da cabeça (flexão ou abdução do ombro) (Hall, 2009). 2.1.2 Articulação Acromioclavicular A articulação acromioclavicular está situada entre a extremidade lateral da clavícula e o acrômio da escápula (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Hall, 2009). É considerada como uma articulação bastante fraca, além de possuir também um disco fibrocartilaginoso que separa as duas fases articulares, e uma cápsula fina e fibrosa circunda toda a articulação (Schneider & Prentice, 2007). É classificada como uma articulação sinovial irregular, apesar de sua estrutura permitir apenas movimentos limitados nos três planos (Hall, 2009). A articulação está envolvida por ligamentos, sendo o ligamento acromioclavicular, que é composto pelas porções anterior, posterior, superior e inferior (Schneider & Prentice, 2007). O ligamento acromioclavicular superior é o mais espesso devido ao reforço das fáscias do trapézio e do deltóide, este ligamento juntamente com o posterior atua como restritor da translação posterior da clavícula (Godinho & Ejnisman, 2005). A função da estabilidade horizontal é atribuída aos ligamentos acromioclavicular (Godinho & Ejnisman, 2005). Além do ligamento acromioclavicular, o ligameto coracoclavicular une-se ao processo coracóide e à clavícula, ajudando manter a posição da clavícula em relação ao acrômio. O ligamento coracoclavicular é dividido como ligamento trapezóide, que tem a função de evitar a sobreposição da clavícula no acrômio, e no ligamento conóide, limitando o movimento da clavícula para cima, sobre o acrômio (Schneider & Prentice, 2007; Hall, 2009). Estes dois ligamentos determinam uma estabilidade vertical (Godinho & Ejnisman, 2005). O arco coracoacromial é formado pelo acrômio posteriormente, pelo ligamento coracoacromial, anteriormente e descreve também uma concavidade na região inferior, terminando no processo coracóide. Este arco o entanto, prolonga-se medialmente através da articulação acromioclavicular (Godinho & Ejnisman, 2005; Schneider & Prentice, 2007). 2.1.3 Articulação Glenoumeral A articulação glenoumeral é a articulação do corpo humano que apresenta maior mobilidade, permitindo movimentos de flexão, extensão, hiperextensão, abdução, adução, abdução horizontal, adução horizontal, rotação interna e rotação externa do úmero (Hall, 2009). Porém, esta articulação tem pouca estabilidade óssea, pois apresenta uma superfície extremamente rasa como a cavidade glenoidal, onde a cabeça do úmero é cerca de três vezes maior do que a cavidade glenóide (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Schneider & Prentice, 2007; Hall, 2009). Devido a esta anatomia, a articulação do ombro é considerada a estrutura mais instável do corpo humano, apresentando maiores probabilidades de luxação ou subluxação (Godinho & Ejnisman, 2005). A articulação glenoumeral é mantida por contenções estáticas e dinâmicas (Schneider & Prentice, 2007). A posição é mantida estaticamente pelo lábio glenoidal e pelos ligamentos capsulares, por outro lado, os mecanismos estabilizadores ativos são representados pela contração coordenada do manguito rotador, do deltóide e pelo balanço escapulotorácico (Godinho & Ejnisman, 2005; Schneider & Prentice, 2007). Ao redor da articulação há uma cápsula articular, porém frouxa, que se insere no lábio (Schneider & Prentice, 2007). Esta cápsula é fortemente reforçada pelos ligamentos glenoumerais superior, médio e inferior e também por um ligamento considerado forte que é o ligamento coracoumeral, no qual se insere no proceso coracóide e na tuberosidade maior do úmero (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Schneider & Prentice, 2007; Hall, 2009). 2.1.4 Articulação Escapulotorácica A articulação escapulotorácica não é considerada uma articulação verdadeira, sendo classificada como uma articulação falsa ou funcional. Porém, o movimento que proporciona da escápula na parede da caixa torácica é primordial para o movimento articular do ombro (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Schneider & Prentice, 2007). A contração dos músculos que se inserem na escápula é essencial para a estabilização da escápula, proporcionando, assim, uma base sobre a qual uma articulação altamente móvel pode atuar (Schneider & Prentice, 2007). Basicamente esses músculos se contraem com a finalidade de estabilizar a região do ombro, por exemplo, os músculos levantador da escápula, trapézio e rombóides, desenvolvem uma tensão na região do ombro, com o objetivo de sustentar a escápula e, como conseqüência, todo o complexo do ombro, facilitando os movimentos do membro superior por meio do adequado posicionamento da articulação acromioclavicular (Schneider & Prentice, 2007; Hall, 2009). Durante o arremesso de uma bola com a mão levantada acima da linha do ombro, por exemplo, os músculos rombóides se contraem para movimentar todo o ombro na região posterior conforme o úmero é abduzido horizontalmente e rodado lateralmente durante a fase preparatória do movimento. Desta forma, à medida que o braço e a mão forem projetados para frente a fim de executar o arremesso, haverá alívio na tensão dos rombóides, permitindo o movimento na direção anterior da articulação glenoumeral (Hall, 2009). Figura 1: Demonstra a anatomia esquelética do complexo do ombro (Fonte: Schneider & Prentice, 2007). 2.1.5 Anatomia muscular do complexo do ombro Os músculos originados e inseridos no complexo do ombro podem ser encontrados em camadas (Schneider & Prentice, 2007; Valle et al, 2003). Na camada caracterizada como a mais externa encontram-se o músculo deltóide (anterior, médio e posterior) e o peitoral maior, por exemplo (Valle et al, 2003). O deltóide origina-se no terço lateral da clavícula, acrômio e espinha da escápula, e insere-se na fase ântero-lateral do úmero, no entanto, cada porção do músculo deltóide é ativada de maneira diferente para cada atividade (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003). A porção anterior age como um flexor e rotador interno do úmero, a porção média atua como um abdutor e a porção posterior realiza a extensão e rotação externa da articulação glenoumeral (Schneider & Prentice, 2007; Valle et al, 2003). O peitoral maior é classificado como um grande músculo do tórax (Valle, et al 2003). Ele tem uma origem extensa, abrangendo a metade esternal da clavícula, o esterno e cartilagens costais da segunda a sétima costelas, e a aponeurose sobre os músculos abdominais (Cutter & Kevorkian, 2003). É por este motivo que o músculo é descrito como consistindo em três partes (clavicular, esternocostal e abdominal) (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003). E se insere no sulco intertubercular do úmero, tem como função é de adução e rotação interna do ombro, no entanto a porção clavicular do peitoral maior tem a função de flexão do ombro também (Kendall, Mccreary & Provance, 2007). O músculo peitoral menor localiza-se anteriormente no tórax superior, porém inteiramente coberto pelo músculo peitoral maior (Valle, et al, 2003). Origina-se das margens superiores e superfícies externas da terceira a quinta costela, inserindo-se no processo coracóide da escápula, atuando como um importante estabilizador escapular, devido a sua ação de depressão do ombro e rotação inferior e protração escapular (Cutter & Kevorkian, 2003). Abaixo da camada mais externa localizam-se os músculos que fazem parte do manguito rotador, que são: supra-espinhal, infra-espinhal, subescapular e redondo menor, atuam para proporcionar estabilidade dinâmica, a fim de controlar a posição e evitar o deslocamento excessivo ou a translação da cabeça umeral em relação a posição da glenóide (Schneider & Prentice, 2007). O músculo supraespinhal origina-se na fossa supra-espinhal da escápula e se insere no tubérculo maior da porção proximal do úmero, agindo com a função de abdução do ombro (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003). Os músculos infra-espinhal e redondo menor, originam-se na fase inferior da escápula e terminam se inserindo no tubérculo maior do úmero (Cutter & Kevorkian, 2003). A função destes músculos é de agir como rotadores externos do ombro (Valle et al, 2003). O subescapular está localizado sobre a superfície costal da escápula, porém ele não é fixado na caixa costal, e segue até se inserir no tubérculo menor do úmero. Agindo como um importante rotador interno do ombro (Kendall, Mccreary & Provance, 2007). O músculo redondo maior está localizado no ângulo inferior da borda lateral da escápula, onde suas fibras musculares divergem para cima e lateralmente, chegando até a crista do tubérculo menor do úmero, onde se insere (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003). Este músculo age na rotação interna, adução e extensão do ombro (Hall, 2009). Os músculos bíceps e tríceps braquial não pertencem ao grupo escapuloumeral porque eles não possuem suas fixações distais no úmero. Entretanto, as duas cabeças do bíceps e a cabeça longa do tríceps cruzam a articulação do ombro, portanto atuam sobre ela e também estão envolvidos na movimentação do complexo do ombro (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003). A cabeça curta do bíceps braquial se origina no processo coracóide da escápula, e a cabeça longa originam-se no tubérculo supraglenóide da escápula e ambas as cabeças do bíceps se inserem na tuberosidade radial. O bíceps braquial apresenta algumas funções como à flexão do cotovelo e a supinação do antebraço (Hall, 2009). Porém também tem a função de participar da flexão do ombro e em uma ação combinada pode agir abduzindo o ombro também. Já o tríceps braquial é formado por três cabeças, a cabeça longa que se origina no tubérculo infraglenóide da escápula, a cabeça lateral que está localizada nas superfícies lateral e posterior da metade proximal do úmero, e por fim a cabeça medial que é originada nos dois terços distais das superfícies medial e posterior do úmero abaixo do sulco radial (Kendall, Mccreary & Provance, 2007). E todas as cabeças do tríceps braquial se inserem na superfície posterior do processo do olecrano. A função deste músculo é de estender o cotovelo, além de auxiliar na adução e extensão do ombro (Cutter & Kevorkian, 2003). O músculo coracobraquial é um pequeno músculo que se origina no processo coracóide da escápula e se insere na superfície medial da parte intermediária do úmero. O coracobraquial é um músculo participativo na flexão, adução e adução horizontal do ombro (Cutter & Kevorkian, 2003). Vários músculos localizam-se nas costas e agem diretamente na escápula, como é o caso das três porções do trapézio (Hall, 2009). O trapézio é um músculo superficial do pescoço e dorso superior e é acessível à observação e palpação em toda sua extensão (Kendall, Mccreary & Provance, 2007). As porções superior, médio e inferior se originam no osso occipital, no ligamento nucal e nos processos espinhosos de C7 – T12 respectivamente (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003). Desta origem tão espalhada, as fibras musculares do trapézio convergem todas para as suas fixações distais na extremidade acromial da clavícula, no acrômio e na espinha da escápula (Cutter & Kevorkian, 2003). As fibras da porção superior correm para baixo e lateralmente, as da porção média mais horizontalmente, e as da porção inferior obliquamente para cima (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003). As funções da porção anterior no complexo do ombro são a elevação e adução escapular, a porção média age aduzindo a escápula, e por fim a porção inferior atua na depressão, adução e rotação superior da escápula (Kendall, Mccreary & Provance, 2007). O músculo grande dorsal cobre a porção inferior das costas, originando-se na camada posterior da fáscia lombodorsal, onde estão aderidas às espinhas das seis vértebras torácicas inferiores, vérebras lombares e sacras ao ligamento supraespinhal e à crista ilíaca posterior (Cutter & Kevorkian, 2003). E se insere no sulco intertubercular do úmero. O grande dorsal atua estendendo, aduzindo e rodando internamente o ombro (Hall, 2009). Abaixo desses músculos está localizado o levantador da escápula, os rombóides e o serrátil anterior (Valle et al, 2003). O músculo levantador da escápula se origina no processo transverso das quatro primeiras vértebras cervicais e segue até a borda medial da escápula onde se insere, atuando na adução e rotação inferior da escápula (Cutter & Kevorkian, 2003). Os músculos rombóides conectam a escápula com a coluna vertebral, onde a porção superior, chamada de rombóide menor se origina no ligamento nucal e nos processos espinhosos da sétima vértebra cervical e primeira torácica e se insere na borda medial na raiz da espinha da escápula (Kendall, Mccreary & Provance, 2007). Já a porção inferior, chamado como rombóide maior tem sua origem nos processos espinhosos da segunda até a quinta vértebras torácicas, e se inserindo na borda medial da escápula (Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003), os rombóides, no entanto, atuam na adução, elevação e rotação inferior da escápula (Cutter & Kevorkian, 2003). O músculo serrátil anterior origina-se nas superfícies externas e bordas superiores das oito ou nove costelas superiores indo até seu ponto de inserção localizado na superfície costal da borda medial da escápula (Kendall, Mccreary & Provance, 2007). Este músculo atua no complexo do ombro contribuindo com as funções de abdução e rotação superior da escápula, depressão (fibras inferiores) e elevação (fibras superiores) escapular, além de manter a borda medial da escápula contra o tórax (Cutter & Kevorkian, 2003). Figura 2: Demonstra os músculos do complexo do ombro na vista anterior (Fonte: Netter, 2001). Figura 3: Demonstra os músculos do complexo do ombro na vista posterior (Fonte: Netter, 2001). O quadro seguinte demonstra as principais ações dos músculos que fazem parte do complexo do ombro, e que também estão envolvidos no arremesso do handebol. QUADRO 1: Músculos envolvidos no arremesso do handebol e suas ações principais MÚSCULOS Deltóide anterior AÇÕES PRINCIPAIS Flexão, rotação interna, abdução e adução horizontal do ombro Deltóide médio Flexão e abdução do ombro Deltóide posterior Extensão, rotação externa e abdução do ombro Peitoral maior Flexão, rotação interna e adução horizontal do ombro Peitoral menor Depressão do ombro e rotação inferior da escápula Supra-espinhal Abdução do ombro Infra-espinhal Rotação externa do ombro Subescapular Rotação interna do ombro Redondo menor Rotação externa do ombro Redondo maior Rotação interna, adução e extensão do ombro Bíceps braquial Tríceps braquial Flexão da articulação ombro, flexão do cotovelo e supinação do antebraço Extensão do cotovelo e auxilia na adução e extensão da articulação do ombro. Coracobraquial Flexão, adução e adução horizontal do ombro Trapézio Superior Elevação e adução escapular Trapézio médio Adução escapular Trapézio Inferior Depressão, adução e rotação superior da escápula Grande dorsal Rotação interna, adução e extensão de ombro Levantador da escápula Elevação e rotação inferior da escápula Rombóides Elevação, adução e rotação inferior da escápula Serrátil anterior Abdução, rotação superior e protração escapular Fonte: (Cutter & Kevorkian, 2003; Kendall, Mccreary & Provance, 2007) 2.2 HANDEBOL O handebol é uma modalidade esportiva classificada como coletiva. No entanto, os atletas desenvolvem ações individuais e em grupo que são todas direcionadas a uma meta, podendo ser atacada ou defendida pelos companheiros de equipe (Grego, Silva & Grego, 2012). Esta modalidade apresenta características específicas quando relacionadas a uma estrutura organizacional, conhecida assim pelos jogadores como as regras do jogo, que expõem o que é ou não permitido durante a partida (Grego, Silva & Grego, 2012). As ações dos jogadores tanto individuais como coletivas, acontecem em um contexto de grande variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade, dificultando a antecipação dos fatos e exigindo dos atletas uma permanente atitude táticoestratégica durante o jogo (Grego, Silva & Grego, 2012). Devido a sua alta complexidade e dinâmica, uma série de situações praticamente imprevisíveis acontecem durante uma partida de handebol, fazendo com que os atletas tenham que se adaptar constantemente a esses imprevistos para conseguir alcançar os objetivos, tanto no ataque como na defesa (Uezu, 2012). O handebol é um esporte que apresenta características de esforços físicos de alta intensidade e de curta duração, com ênfase nas capacidades motoras de velocidade e de força, especialmente a força explosiva e a força rápida (Souza et al, 2006). Este esporte se caracteriza por exigir do atleta, alta velocidade na execução dos movimentos, do gesto técnico (Dirx, Bouter & Geus, 1992; Zapartidis et al, 2009; Dechechi et al, 2010), mudanças de direção e sentido muito freqüentes, elevado número de contatos com a bola por jogador, rápida alternância entre as situações de ataque e defesa, exigindo do atleta uma elevada capacidade e rapidez de decisão durante a partida (Grego, Silva e Grego, 2012). A demanda de resistência está associada a exigência de ações rápidas e potentes, além de muitos saltos, bloqueios, sprints e o arremesso que são a característica deste esporte (Dechechi et al, 2010). 2.3 O ARREMESSO O arremesso é considerado a habilidade técnica mais importante desta modalidade. Sendo, a maior determinante das ações realizadas pelos jogadores. Para que a execução do arremesso seja feita de forma adequada, é necessário que o atleta execute este movimento com a máxima velocidade voluntária. Desta forma, o tipo de arremesso está relacionado com o tipo de precisão exigida (Zapartidis et al, 2009). Já que o objetivo principal de um lançamento, do arremesso propriamente dito será sempre a distância de um objeto, a precisão para o alcance de um objetivo ou propriamente algum tipo de combinação desses dois objetivos. Alguns arremessos têm como o objetivo o de não alcançar a distância máxima, mas sim, a precisão ou o tempo mínimo no ar até chegar ao alvo (Bartlett, 2004). O ombro tem a função de promover a transferência da energia gerada pelos membros inferiores e tronco para o braço, sendo a articulação do ombro mais sobrecarregada durante o arremesso (Leme, 2005). A precisão e a especificidade da ação do ombro no ato do arremesso são controladas pelos restritores estáticos (estruturas capsulo-ligamentares) e dinâmicos (músculos e tendões). A harmonia dessas estruturas é fundamental para biomecânica do arremesso, a falha de qualquer estrutura pode afetar a eficiência do gesto esportivo do arremesso. A presença de alguns músculos biarticulares no ombro proporciona uma economia de energia, uma melhor direção e ganho de tempo no arremesso (Ejnisman & Andreoli, 2005) Assim como no chute, o arremesso também depende da habilidade e da criatividade do atleta para proporcionar jogadas que dificultem a ação ao adversário ou melhorem o próprio desempenho (Ejnisman & Andreoli, 2005). O arremesso envolve uma ação seqüencial de segmentos corporais, progredindo de ações amplas de segmentos proximais para ações mais rápidas e relativamente menores dos segmentos mais distais (Rocha, et al, 2003). A coordenação das ações articulares e musculares é considerada uma das mais importantes para uma execução bem sucedida dos movimentos do arremesso (Bartlett, 2004). O ato do arremesso envolve um complexo mecanismo de coordenação neuromuscular de todo o corpo. O atleta gera altos níveis de energia no braço e cotovelo para acelerar e desacelerar a bola ou o próprio braço. As forças e o torque necessários para o arremesso estão próximos dos limites fisiológicos, e o efeito acumulativo de dezenas de arremessos pode levar à síndrome da sobrecarga, principalmente na região do ombro (Ejnisman & Andreoli, 2005). No entanto, o handebol, assim como em outras modalidades esportivas, necessitam de uma grande demanda biomecânica do ombro, isto faz com que a articulação tenha que ser submetida a forças consideradas suprafisiológicas durante grande parte do gesto esportivo (Silva, 2010). O arremesso é um movimento balístico realizado pelo membro superior, no qual o objeto externo é propelido para fora do centro de massa do corpo, com variações em relação à intensidade e frequência dos movimentos, de forma que predispõe as estruturas do ombro a quadros de lesões (Souza & Bley, 2011). No handebol, ao arremessar o atleta é freqüentemente bloqueado durante a execução deste movimento. Promovendo uma maior exposição e sobrecarga da articulação glenoumeral (Santos et al, 2008). As articulações da região do ombro, principalmente, realizam com freqüência grandes amplitudes de movimento em altas velocidades angulares e, em geral com muitas repetições (Bartlett, 2004). Sendo assim, quadros de lesões são considerados comuns nesta modalidade esportiva (Dirx, Bouter & Geus, 1992). Já que neste esporte, as lesões ocorrem principalmente por causa dos giros, saltos para o arremesso com projeção para frente e por meio de traumatismos (Prati & Vieira, 1998). A presença de micro-traumatismos de repetição, ocasionados ao longo da prática esportiva, acarreta também, desequilíbrios musculares, promovendo alteração do gesto esportivo, do arremesso (Santos et al, 2008). A coordenação deficiente dos músculos do braço e tronco está associada a várias falhas na técnica do arremesso (Bartlett, 2004). Os desequilíbrios musculares constituem uma das causas mais comuns de lesões em atletas (WALKER, 2011). Quando um músculo, ou grupo muscular, tornase mais forte que seu grupo oposto, os músculos mais fracos ficam fadigados mais rapidamente, tornando-se mais suscetíveis a lesões (WALKER, 2011). Os desequilíbrios musculares também afetam as articulações e os ossos, como conseqüência de uma tração anormal, fazendo com que a articulação se mova em um padrão de movimento não natural (WALKER, 2011). Devido a estes movimentos anormais, pode levar o atleta a ter dores crônicas e a presença de um desgaste ósseo (WALKER, 2011). Segundo Kendall, Mccreary & Provance (2007), o desequilíbrio muscular é capaz de distorcer o alinhamento e favorecer a sobrecarga indevida e distensões nas articulações, ligamentos e músculos. A lesão muscular também é um dos principais problemas enfrentados pelos atletas desta modalidade (Woods, Bishop & Jones, 2007). A atividade de forma repetitiva, com sobrecarga, tipicamente relacionado com as estruturas mais trabalhadas na modalidade esportiva, que surgem de forma insidiosa, causando dor e lesão (Liebenson, Crenshaw & Shaw, 2008). A dor no ombro e as alterações de movimento acompanham os esportes de alto nível, principalmente nos arremessos superiores (acima do nível do ombro), com alta freqüência e velocidade (Ejnisman & Andreoli, 2005). O papel que a coordenação da atividade através dos músculos tem uma influência significativa na expressão da força muscular (Semmler e Enoka, 2004). Sendo assim, uma das razões citadas com mais freqüência para um aumento na força é uma melhora na coordenação entre os músculos envolvidos em uma tarefa ou gesto esportivo (Semmler e Enoka, 2004). O desempenho alcançado em muitos esportes depende de certo modo de alguns parâmetros, como por exemplo, da força que um atleta consegue produzir ou da velocidade que ele consegue alcançar ou imprimir em um equipamento ou teste (Herzog, 2004). As articulações do corpo humano apresentam um cruzamento de vários músculos. Contudo, um bom desempenho atlético depende exclusivamente das propriedades musculares, bem como de uma boa coordenação (Herzog, 2004). A coordenação dos músculos é extremamente importante para atingir movimentos preciosos ou movimentos que são capazes de maximizar o trabalho executado ou a força produzida, características que são de grande significância para um desempenho eficiente em muitos esportes (Herzog, 2004). 2.3.1 Tipos de arremesso Segundo Bartlett (2004) o arremesso pode ser divido em três tipos: 1. Arremesso superior (Acima do nível do ombro): Este arremesso envolve uma sequência de movimento corporal, com rotação pélvica, rotação do tronco, movimentos de elevação, abdução do ombro, flexão horizontal, rotação medial e rotação lateral do ombro, flexão e extensão do cotovelo e hiperextensão do punho (Bartlett, 2004; (Ejnisman & Andreoli, 2005). O principal ponto de apoio do movimento do arremesso superior é a articulação do ombro (Ejnisman & Andreoli, 2005). A ação predominante desta articulação do ombro neste tipo de arremesso é a circundução (Bartlett, 2004; Ejnisman & Andreoli, 2005). (Veja figura 4 a seguir). Figura 4: Demonstração do arremesso superior. (Fonte: www.brasilhandebol.com.br) 2. Arremesso inferior (Abaixo do nível do ombro): Este tipo de arremesso caracteriza-se por um movimento de superior para inferior do braço, com o mesmo ao longo da linha do tronco, com cotovelo em extensão ou semiflexão. As articulações sofrem movimentos rotacionais, atuando como alavancas na direção do arremesso. A rotação do quadril e coluna, a adução e flexão do braço e a flexão da mão ocorrem em sequência, sendo a articulação do ombro o ponto de apoio do movimento. (Ejnisman & Andreoli, 2005). (Veja figura 5 a seguir). Figura 5: Demonstra o arremesso inferior (Fonte: www.brasilhandebol.com.br) 3. Arremesso lateral (Perpendicular ao ombro): Estes arremessos algumas vezes são considerados diferentes dos lançamentos acima do ombro e abaixo do ombro, principalmente pela ação restrita da articulação do ombro (posição de abdução) e cotovelo, com a manutenção da posição dos mesmos (Bartlett, 2004; Ejnisman & Andreoli, 2005). A energia para o arremesso é gerada em grande parte pela rotação pélvica, através de movimentos circulares do corpo antes da soltura do objeto (Bartlett, 2004; Ejnisman & Andreoli, 2005). Outras ações normalmente encontradas são a rotação da coluna vertebral, a flexão da mão e um pequeno movimento de adução do braço. (Bartlett, 2004; Ejnisman & Andreoli, 2005). (Veja figura 6 a seguir). Figura 6: Demonstração do arremesso lateral. (Fonte: www.brasilhandebol.com.br) Pode-se, no entanto, observar a presença dos três tipos de arremesso dentro de um mesmo esporte. No handebol, por exemplo, quando o atleta frente ao goleiro ou adversário realiza o ato do arremesso, este pode ocorrer com o membro superior acima, lateralmente ou abaixo do nível do ombro. No entanto, a técnica do arremesso sobre o ombro no handebol é classificado como o de maior importância para que o atleta atinja o sucesso na execução do gesto (Rocha, et al, 2003) 2.3.2 Fases do arremesso A maioria dos arremessos envolve uma ação seqüencial dos seguimentos corporais e sua eficiência depende basicamente de quatro eixos de rotação do corpo: pés, quadril, coluna vertebral e ombros (Ejnisman & Andreoli, 2005). Porém, as sequências de ações dos arremessos em geral são principalmente: rotação de tronco, rotação interna e/ou flexão horizontal do ombro, extensão do cotovelo e flexão de punho (Rocha, et al, 2003). Para alguns autores como Ejnisman & Andreoli (2005), o arremesso apresenta quatro fases, as fases de posicionamento, preparação, aceleração e desaceleração. Veja a seguir a descrição destas fases: 1. Fase de Posicionamento: Nesta fase o jogador analisa a jogada que irá realizar, o atleta posiciona-se esperando a bola chegar ou pegando-a para atacar. Nesta fase quase não há gasto de energia muscular. A fase de posicionamento está relacionada com a concentração do atleta, pois um inadequado início do ato do arremesso pode significar o fracasso do mesmo, até mesmo lesão traumática em alguma parte do corpo, sendo muito comum atletas de handebol sofrerem “boladas” na face ou nos dedos das mãos, somente por estarem distraídos durante a realização das jogadas (Ejnisman & Andreoli, 2005). 2. Fase de Preparação: Esta fase possibilita ao corpo e ao segmento que efetuará o arremesso uma posição mais vantajosa para iniciar a fase de aceleração. Além também, de permitir que os segmentos maiores, os proximais, iniciem o lançamento, devido a uma ação seqüencial dos músculos, pois esta fase coloca os músculos que serão ativos neste momento, os agonistas, em alongamento (ciclo de alongamento- encurtamento), proporcionando um aumento no rendimento do fuso muscular para reforçar a descarga gama e aumentar o impulso através dos neurônios aferentes para as fibras motoras do músculo funcional (Bartlett, 2004). Esta fase de preparação também propicia a facilitação dos órgãos tendíneos de Golgi para os agonistas na fase de aceleração devido a contração dos músculos antagonistas (Bartlett, 2004). No entanto, quando o objetivo do lançamento for à precisão, uma preparação curta e lenta é necessária para controlar tanto o rendimento fásico quanto o tônico, produzindo apenas as forças que forem necessárias para a melhor execução do gesto esportivo (Bartlett, 2004). Nesta fase, se observa a extensão com rotação do tronco, a máxima rotação externa da articulação glenoumeral, além da abdução do ombro, flexão e supinação do cotovelo e dorsiflexão do punho (Smith et al, 2003; Santos et al, 2008; Montes et al, 2012). No início da elevação do ombro do membro do arremesso, observa-se a ação dos músculos deltóide, supra- espinhal e levantador da escápula por meio de uma contração concêntrica (Ejnisman & Andreoli, 2005). O músculo deltóide atinge o máximo de sua atividade muscular neste período e o músculo supra-espinhal, além da elevação do ombro, promove a centralização da cabeça umeral na fossa glenóide. Concomitantemente a esta ação está o serrátil anterior e a porção superior do trapézio, rotacionando a escápula (glenóide) superiormente, promovendo o posicionamento da cabeça umeral com a fossa glenóide. Ao mesmo tempo, acontece a ação do tríceps braquial, onde realiza a extensão do cotovelo (Ejnisman & Andreoli, 2005). Durante esta fase também, os músculos do manguito rotador (Subescapular, Supra-espinhal, infra- espinhal, redondo menor) estão mais ativos (Santos et al, 2008), principalmente dos músculos infra-espinhal e redondo menor, que promove a rotação lateral do ombro. Concomitantemente a estas ações, ocorre a contração excêntrica dos músculos subescapular, peitoral maior e grande dorsal, com a função de proteger as estruturas anteriores do ombro. Já o músculo serrátil anterior é considerado um dos músculos mais ativos nesta fase, ele estabiliza, protrai e rotaciona a escápula superiormente (Ejnisman & Andreoli, 2005). A protração da escápula também acontece pela ação do músculo peitoral menor. Já a flexão do cotovelo também presente nesta fase, ocorre devido à ação do bíceps braquial (Ejnisman & Andreoli, 2005). 3. Fase de aceleração: Esta fase inicia-se após a fase de preparação e termina quando o atleta lança a bola (Santos et al, 2008). Pode-se observar uma ação seqüencial dos músculos à medida que os segmentos são recrutados durante o padrão de movimento do arremesso. Desta forma, os movimentos são iniciados pelos grupos musculares maiores e continuados pelos músculos menores e mais distais do membro. Isto faz com que aumente a velocidade ao longo do movimento à medida que as amplitudes sequenciadamente do movimento vão aumentando. Esse aumento também se observa na precisão do movimento, através do recrutamento dos músculos com uma taxa de inervação progressivamente reduzida (Bartlett, 2004). O movimento inicia-se com a flexão lateral com rotação do tronco, flexão horizontal do ombro, rotação interna do ombro, extensão do cotovelo e flexão palmar (Rocha et al, 2003; Montes, 2012). Ocorre uma transferência de energia na perna e pelve, no entanto no tronco, este realiza uma flexão com alta atividade dos músculos reto abdominal e oblíquos (Ejnisman & Andreoli, 2005). Caracteriza-se por uma rápida contração concêntrica dos músculos rotadores mediais do ombro (peitoral maior, grande dorsal, subescapular e redondo maior) (Mcatee, 1998; Santos et al, 2008). Os músculos do manguito rotador (subescapular, infraespinhal, supra-espinhal e redondo menor), deltóide anterior e médio, trapézio (fibras superior, médio e inferior), serrátil anterior, rombóides e coracobraquial, apresentam atividade intensa no intuito de manter a cabeça umeral centralizada na escápula para estabilizá-la (Mcatee, 1998; Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Ejnisman & Andreoli, 2005). O músculo subescapular é o mais ativo neste momento e o músculo tríceps braquial é acionado imediatamente após o início da rotação medial do ombro, com a finalidade de estender o cotovelo (Ejnisman & Andreoli, 2005). Após a flexão do punho e dos dedos da mão (flexão radial do carpo, flexão ulnar do carpo e flexor dos dedos), a bola sai da mão do atleta arremessador, e a fase de aceleração é finalizada (Ejnisman & Andreoli, 2005). 4. Fase de desaceleração: Inicia-se com a soltura da bola e caracteriza-se pela continuidade da flexão e rotação do tronco, rotação interna do ombro e flexão do cotovelo resumidamente (Ejnisman & classificado Andreoli, como uma 2005; Montes, desaceleração 2012), sendo controlada do movimento (Bartlett, 2004). Esta fase é a que apresenta maior atividade muscular, com o envolvimento de todos os músculos da região do ombro (Ejnisman & Andreoli, 2005). Para frear rápido esse movimento do arremesso, ocorre uma contração excêntrica dos rotadores laterais do ombro (infraespinhal, supra-espinhal, redondo menor e deltóide posterior) (Mcatee, 1998; Smith, Weiss & Lehmkuhl, 2003; Santos et al, 2008). A contração do músculo grande dorsal, peitoral maior, redondo maior, deltóide anterior, médio e posterior, ajudam a desacelerar a abdução do ombro. Já o bíceps braquial e o supinador desaceleram a pronação do antebraço (Mcatee, 1998; Ejnisman & Andreoli, 2005). O músculo trapézio inferior e os rombóides contraem excentricamente para desacelerar essa pronação (Ejnisman & Andreoli, 2005). Os extensores do punho e dedo também participam nesta fase, contraindo excentricamente com a função de desacelerar a flexão do punho (Ejnisman & Andreoli, 2005). 2.4 MÉTODO KABAT: FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA O Método Kabat foi desenvolvido pelo médico neurofisiologista, Herman Kabat por volta de 1940 (Voss, Ionta & Myers, 1987). Alguns anos depois, por volta dos anos 50, este método recebeu a continuidade de Margaret Knott e Dorothy Voss, ambas seguidoras do Doutor Herman Kabat, que começaram a divulgar um pouco mais sobre este método (Waddington, 2005 A). E para isso até a nomenclatura foi alterada, onde inicialmente o Doutor Herman intitulou a técnica de “Facilitação Proprioceptiva”, com o passar dos anos Dorothy Voss agregou a terminação “Neuromuscular”, formando o que hoje conhecemos como Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva (FNP) (Adler, Beckers & Buck, 2007). As técnicas de FNP são usadas para necessidades específicas, como forma de chegar até o resultado desejado (Voss, Ionta & Myers, 1987). O termo “Facilitação”, por definição significa a promoção ou a precipitação de qualquer processo natural, sendo exatamente o processo de facilitação do movimento. Sendo que especificamente, o efeito produzido no tecido nervoso pela passagem de um impulso, vai reduzindo a resistência do nervo ao estímulo, provocando a reação mais facilmente (Voss, Ionta & Myers, 1987; Adler, Beckers & Buck, 2007). O termo “Neuromuscular” está relacionado com os nervos e músculos, e “Proprioceptiva” abrange qualquer receptor sensorial que envia informações relacionadas ao movimento e ao posicionamento corporal (Voss, Ionta & Myers, 1987; Adler, Beckers & Buck, 2007). Assim, as técnicas de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva podem ser definidas como métodos de promover ou precipitar a reação do mecanismo neuromuscular através de estimulação dos proprioceptores (Voss, Ionta & Myers, 1987; Waddington, 2005 A). Originalmente este método foi utilizado na reabilitação de pacientes com poliomielite (Adler, Beckers & Buck, 2007). Antes do desenvolvimento da técnica de FNP, os pacientes com paralisia eram reabilitados com métodos que enfatizava “um movimento, uma articulação, um músculo” por vez. Por volta da década de 40, O Doutor Kabat se uniu a Henry Kayser, que era dono de um centro de reabilitação e assim, fundaram o Instituto Kabat-Kaiser em 1946 (Voss, Ionta & Myers, 1987). A partir deste momento o Doutor Herman Kabat começou a trabalhar com mais pacientes com o intuito de encontrar combinações e padrões de movimento coerentes com a teoria neurofisiológica (Voss, Ionta & Myers, 1987; Mcatee, 1998) As experiências do doutor Kabat levaram-no a perceber que a maioria dos movimentos como, por exemplo: pentear o cabelo, chutar ou arremessar uma bola ocorrem em padrões espirais e diagonais, e também se mostram presentes nos três planos de movimento, (Voss, Ionta & Myers, 1987; Mcatee, 1998). Kabat e Margaret Knott começaram a acreditar que o uso dos padrões naturais de movimento estimularia o sistema nervoso de uma forma mais normal quando comparava com a terapia que isolava cada músculo ou articulação por exemplo. Kabat então combinou esses padrões de movimento com técnicas para o desenvolvimento de força e flexibilidade com base nos princípios da indução sucessiva, inervação recíproca e irradiação, desenvolvidos pelo neurofisiologista Charles Sherington (Mcatee, 1998). O doutor Herman kabat, começou a combinar movimentos para verificar a eficácia da resistência máxima e estiramento em facilitar a resposta de um músculo distal fraco por irradiação de um músculo proximal mais forte que esteja relacionado em função. Desta forma, ele identificou padrões de movimento em massa que eram característica espiral e diagonal (Voss, Ionta & Myers, 1987). No ano de 1952, Margaret Knott com sua assistente Dorothy Voss, ao começarem aplicar as técnicas no instituto Kabat-Kaiser em Vallejo na Califórnia, perceberam que a FNP era mais que um sistema para o tratamento da paralisia, e sim era um novo modo de raciocínio e uso dos movimentos e exercícios terapêuticos (Mcatee, 1998). Com o passar do tempo, esta técnica foi se mostrando eficaz para o tratamento de diversas doenças (Adler, Beckers & Buck, 2007). Porém hoje, sabe-se que esta técnica pode ser utilizada para tratamento de inúmeras doenças tanto neurológicas como ortopédicas (Adler, Beckers & Buck, 2007). Para Moreno et al (2009), a facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, através do Método Kabat, é uma técnica fisioterapêutica que vem sendo utilizada para melhorar o desempenho físico de atletas, de portadores de disfunções orgânicas e de sedentários saudáveis. Este método se estabeleceu sendo mais que uma técnica, uma filosofia de tratamento. Cuja base está no conceito de que todo o ser humano tem um potencial ainda não explorado (Adler, Beckers & Buck, 2007). Essa filosofia tem como objetivo, buscar a funcionalidade por meio de uma visão do movimento como um todo e não somente ações musculares específicas (Alencar et al, 2011). A abordagem desta técnica é considerada global, pois cada tratamento é direcionado para o ser humano como um todo e não somente para um problema específico ou um segmento corporal, pois tem como objetivo a todo o processo de tratamento, facilitar o paciente a alcançar seu mais alto nível funcional (Adler, Beckers & Buck, 2007). O Método Kabat tem como conceito, a utilização de padrões específicos de movimento em diagonal e espiral, bem como estímulos aferentes, para desencadear o potencial neuromuscular, e obter assim, melhores respostas de todo o sistema musculoesquelético (Moreno et al, 2009). Pode-se observar que os padrões de movimentos rotacionais e diagonais, presentes nesta técnica, se assemelham aos movimentos necessários na maioria dos esportes e nas atividades de vida diária (MCATEE, 1998; Prentice e Voight, 2007; Moreno et al, 2009; Alencar et al, 2011). O método se baseia ainda nos princípios da aplicação de estímulos sensoriais, como os auditivos, visuais, cutâneos e proprioceptivos, colaborando para uma função motora mais eficiente (Waddington, 2005 A; Adler, Beckers & Buck, 2007). O procedimento para realizar a técnica, seguindo a proposta do Doutor Herman Kabat, deve seguir alguns princípios básicos de facilitação, como descritos no quadro a seguir: QUADRO 2: Procedimentos básicos para a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva – Método Kabat Resistência: Quando aplicada tem a finalidade de auxiliar a contração muscular e o controle motor, e aumentar a força muscular; Irradiação e Reforço: Utilizado na deflagração da resposta ao estímulo; Contato manual: Tem como objetivo aumentar a força e guiar o movimento através do toque e pressão. Posição corporal e biomecânica: Tem como objetivo guiar e controlar o movimento através do alinhamento do corpo, dos braços e das mãos do terapeuta. Comando verbal: Utilizam-se palavras e tom de voz apropriados com a finalidade de direcionar o movimento do paciente. Visão: Utilizar a visão como forma de guiar o movimento e aumentar o empenho. Tração e Aproximação: O alongamento ou a compressão dos membros e do tronco facilita o movimento e a estabilidade. Estiramento: A utilização do alongamento muscular e do reflexo de estiramento facilita a contração e diminui a fadiga. Sincronização de movimentos: Promove o sincronismo e aumenta a força da contração muscular por meio da “sincronização para ênfase”. Padrões de facilitação: São os movimentos sinérgicos em massa, sendo componentes do movimento funcional normal. (Waddington, 2005 A; Adler, Beckers & Buck, 2007) Os padrões de movimento para a facilitação neuromuscular proprioceptiva, são chamados de padrões de movimento em massa. Normalmente as várias combinações de movimentos da atividade motora funcional, requerem reações curtas e longas de vários músculos variados (Voss, Ionta & Myers, 1987; Adler, Beckers & Buck, 2007). O caráter espiral e diagonal está em harmonia com as características espiral e rotatória do sistema esquelético dos ossos e articulações, e das estruturas ligamentares (Voss, Ionta & Myers, 1987). Já que os músculos espiralam em torno dos ossos desde sua origem até a inserção e, portanto, quando se contraem, tendem a criar aquele espiral em movimento (Mcatee, 1998). Sendo assim, os padrões completos de movimento diagonal e espiral, apresentam-se nos três componentes de ação dos movimentos: flexão - extensão, abdução - adução e rotação interna - rotação externa (Waddington, 2005 A; Prentice, 2007). Os padrões espiral e diagonal de facilitação provêm para uma ótima contração dos principais componentes musculares. Um padrão de movimento que é favorável para uma específica “cadeia” de músculos permite estes mesmos se contraírem do seu estado de completo estiramento para seu estado de completo encurtamento quando o padrão é executado através de total amplitude de movimento (Voss, Ionta & Myers, 1987). Durante a aplicação da técnica o terapeuta deve obedecer aos padrões de posição básica, como por exemplo, posicionar o pé da frente apontando para na linha diagonal do movimento e com uma flexão do joelho que está à frente, favorecendo um movimento mais adequado e sem causar prejuízo ao terapeuta e à técnica (Waddington, 2005 B). O pé de trás é posicionado com um ângulo adequado em relação ao pé da frente, proporcionando estabilidade (Waddington, 2005 B). O terapeuta deve estar posicionado de forma que possa usar o peso do seu corpo para aplicar resistência e tração ou aproximação durante todo o movimento. Ele deve estar perto o suficiente da parte a ser exercitada, de modo que suas costas permaneçam retas para assegurar que o peso exercido sobre os braços, quando aplicada à resistência para os movimentos assistidos pela gravidade, seja transmitido ao solo sem tensão (Waddington, 2005 B). Todos os exercícios manualmente assistidos requerem esforço, mas o trabalho pode ser reduzido e os perigos da tensão podem tornar-se mínimos se as técnicas corretas forem cuidadosamente seguidas e aplicadas (Waddington, 2005 B). No entanto, os padrões de movimento do Método Kabat, pela facilitação neuromuscular proprioceptiva podem ser utilizados em diferentes áreas do corpo como: cabeça e pescoço, ombro, membro superior, tronco, pelve, membros inferiores, além de atividades no tatame em diferentes posturas e na marcha (Voss, Ionta & Myers, 1987; Adler, Beckers & Buck, 2007). Para cada região ou para um determinado objetivo, deve-se utilizar uma técnica específica para o tratamento. O objetivo das diferentes técnicas de FNP é de promover o movimento funcional por meio da facilitação, da inibição, do fortalecimento e do relaxamento de grupos musculares (Adler, Beckers & Buck, 2007). As técnicas, sendo cada uma com seu objetivo podem utilizar contrações musculares concêntricas, excêntricas e até estáticas, sendo que sempre são combinadas com a aplicação gradual de uma resistência e também de procedimentos caracterizados como facilitatórios e adequados, onde sempre são ajustados conforme a necessidade e objetivo a ser atingido com cada paciente/atleta (Adler, Beckers & Buck, 2007). No entanto, as técnicas de FNP são divididas em: Iniciação Rítmica, Combinação de Isotônicas, Reversão de antagonistas (Subdividida em: Reversão Dinâmica de Antagonistas; Reversão de Estabilizadores; Estabilização Rítmica), Estiramento Repetido (Subdividida em: Estiramento repetido no início da amplitude; Estiramento Repetido durante a amplitude), Contrair - Relaxar, Manter - Relaxar, Réplica (Voss, Ionta & Myers, 1987; Adler, Beckers & Buck, 2007). Sendo assim, o método de facilitação neuromuscular proprioceptiva tem como objetivo geral: proporcionar a aprendizagem e coordenação motora, melhora da performance, restaurar ou aumentar a flexibilidade e a amplitude de movimento, fortalecer músculos ou grupos musculares enfraquecidos, diminuindo o grau de desequilíbrio entre os grupos musculares (Mcatee, 1998; Adler, Beckers & Buck, 2007; Prentice, 2007). Contudo, pensando em uma estratégia para alterar positivamente o gesto esportivo do arremesso em atletas de handebol, chegou-se até a técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, pelo Método Kabat, que por ser um tratamento/treinamento que utiliza padrões de movimento tridimensionais, se assemelha as atividades de vida diária e principalmente a maioria dos gestos esportivos. No caso do presente estudo, percebeu-se que o gesto do arremesso se assemelha as diagonais de padrão de movimento do membro superior, que foi associado à técnica da reversão dinâmica, devido a sua característica específica de alternância do movimento de forma ativa, de uma direção (agonista) para uma direção oposta (antagonista), sem qualquer interrupção ou relaxamento. E por seus objetivos que são o de promover um aumento na amplitude ativa do movimento, aumento da força muscular, desenvolvimento da coordenação, evitando ou reduzindo quadros de fadiga e aumento a resistência. Sendo assim, associando a filosofia da execução da técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, através do Método Kabat com o esporte, acredita-se que possa colaborar positivamente com o gesto esportivo do arremesso em atletas de handebol. 3. OBJETIVOS 3.1 Primário O presente estudo tem por objetivo avaliar o efeito da aplicação da técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva através do Método Kabat, no desempenho do arremesso em atletas de handebol. 3.2 Secundários Avaliar o efeito do Método Kabat sobre a velocidade e precisão do arremesso em atletas de handebol. Avaliar o efeito do Método Kabat na amplitude de movimento de rotação interna e externa do ombro. Avaliar o efeito do Método Kabat na força dos músculos do complexo do ombro. 4. HIPÓTESE Acreditamos que, esta técnica seja capaz de alterar positivamente o gesto esportivo do arremesso e/ou o desempenho físico de um indivíduo, melhorando sua amplitude de movimento, força, velocidade e precisão. 5. JUSTIFICATIVA Portanto, justifica-se a realização deste estudo para aprofundar o conhecimento sobre a influência dos padrões de movimento propostos pela técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, através do Método Kabat no desempenho da velocidade e precisão do arremesso dos jogadores de handebol; ampliando o conhecimento sobre a influência desta técnica no desempenho do gesto esportivo do arremesso, ajudando a esclarecer sobre a viabilidade da implementação da prática desta técnica durante as sessões de treinamento dos atletas praticantes de handebol. 6. METODOLOGIA A presente pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética da Universidade São Judas Tadeu sob o protocolo CAAE 14522513.8.0000.0089. Todos os atletas participantes assinaram o termo de assentimento (vide Apêndice A) e seus responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido (vide Apêndice B), autorizando e consentindo com a participação neste estudo. 6.1 Amostra e grupos Fizeram parte deste estudo 21 atletas de handebol do gênero masculino com idade entre 13 e 16 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos aleatoriamente por intermédio de sorteio. O sorteio foi realizado de forma que cada participante foi instruído a retirar um papel de dentro de uma urna selada (a fim de impossibilitar a visualização de seu interior). Cada atleta retirou um papel com uma determinada coloração e isso o direcionava ao grupo que corresponderia a sua participação. Os papeis de coloração branca direcionavam o participante a fazer parte do grupo controle e os papéis da cor preta, direcionavam o atleta para participar do grupo que recebeu o treinamento do Método Kabat. Após o sorteio fizeram parte do grupo controle dez atletas e onze atletas do grupo do Método Kabat. Porém, no decorrer da pesquisa, alguns participantes desistiram da pesquisa. O estudo finalizou com sete atletas no grupo controle e onze atletas no grupo do Método Kabat, totalizando dezoito atletas participantes da pesquisa. 6.2 Critérios de inclusão Estar em treinamento e ter participado de pelo menos uma temporada competitiva completa. Não realizar atividade de musculação / fortalecimento complementar. 6.3 Critérios de exclusão Presença de dor, edema e lesões ortopédicas associadas ao membro superior dominante, que incapacitem a realização da máxima velocidade voluntária do arremesso. Qualquer outro sinal ou características que contraindiquem a aplicação da técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva, pelo Método Kabat. 6.4 Variáveis analisadas Foi avaliada a amplitude de movimento (ADM) dos participantes, com o uso de um goniômetro da marca Carci® (vide figura 7 A). A amplitude medida foi no movimento de rotação interna e rotação externa de ombro do membro dominante de cada participante de forma ativa (Nunes et al, 2012). O atleta foi posicionado em decúbito dorsal sobre a maca com o quadril e joelhos flexionados, em aproximadamente 90°. O ombro avaliado estava na posição inicial de 90° de abdução, o cotovelo em 90° de flexão e o antebraço supinado. Para ambas as mensurações de rotação interna e rotação externa, o eixo do goniômetro foi posicionado no Olécrano, o braço fixo estava paralelo ao tronco e o braço móvel foi alinhado dirigindo-se ao dedo médio (Marques, 2008). Após o posicionamento do goniômetro, o participante foi orientado a realizar a rotação interna de forma ativo livre, onde foi mensurado o grau de amplitude, seguido pela rotação externa do ombro, também de forma ativo livre, sendo também identificado o valor da amplitude. A amplitude de movimento máxima foi definida como o final da rotação ou até que o movimento da escápula fosse notado. Para a mensuração de força e desequilíbrio muscular, foi utilizado o teste muscular manual proposto por Kendall (2007) (vide anexo B), respeitando a graduação desta escala, que vai de 0 a 10 nos seguintes músculos: Deltóide anterior, deltóide médio, deltóide posterior, bíceps braquial, coracobraquial, supraespinhal, peitoral maior, peitoral menor, infra-espinhal, redondo maior, redondo menor, subescapular, grande dorsal, trapézio superior, trapézio médio, trapézio inferior, rombóide maior e menor, serrátil anterior, tríceps braquial, levantador da escápula. Para a mensuração da velocidade em Quilómetros/hora do arremesso, foi utilizado um radar em formato de pistola e portátil da marca Bushnell® do modelo Speedster III (Vide figura 7 B). Onde o avaliador manteve-se posicionado a dois metros de distância atrás do atleta, com o radar voltado para o gol (vide figura 8 C). A precisão do arremesso foi identificada marcando em 30 cm do canto superior direito e esquerdo da trave do gol, com uma fita vermelha. Os atletas foram orientados a realizar o arremesso de forma alternada para o lado direito e em seguida para o esquerdo. A batida da bola na trave na região marcada pela fita corresponderia acerto, nas demais localidades do gol ou fora dele, seria classificado como erro. Os participantes tiveram cinco arremessos para familiarização e em seguida realizaram o teste com dez arremessos parado na linha dos 7 metros do gol, sendo obrigatoriamente o arremesso superior, acima da linha do ombro (Vide figura 8 A e B). A B Figura 7: A-) Goniômetro para a mensuração da Amplitude de movimento. B-) Radar em pistola, para a mensuração da velocidade do arremesso. Fonte: Arquivos do autor. A Figura 8: A-) Imagem representativa da marcação no gol. Fonte: Arquivos do autor B Figura 8: B-) Ilustração da avaliação da precisão do arremesso Fonte: Arquivos do autor C Figura 8: C-) Ilustração da avaliação da velocidade e precisão do arremesso. Fonte: Arquivos do autor 6.5 Protocolo experimental O grupo intitulado como grupo controle, continuou com suas atividades normalmente, realizando um protocolo de treinamento oferecido pelo treinador. Onde os atletas realizavam exercícios de alongamento estático e dinâmico nos músculos da região superior e inferior do corpo, aquecimento com corrida em torno da quadra, Sprint com mudanças de direção (para frente, trás, lateral e zig – zag), passe de bola para o companheiro de equipe e arremesso ao gol. O grupo que participou do treinamento através do Método Kabat foi conduzido pelo pesquisador, onde o mesmo explicou aos participantes sobre a forma de execução da técnica, para que fossem respeitados todos os princípios propostos pelo método. Durante a primeira sessão os atletas receberam um treinamento visando à apresentação e familiarização com a técnica do Método Kabat. Desta forma seguiuse um protocolo durante a execução das atividades. Todos os participantes deste grupo foram submetidos ao processo classificado como Iniciação rítmica. A técnica de iniciação rítmica se caracteriza na movimentação rítmica de um membro ou do corpo, sendo realizada com uma determinada amplitude desejada. O movimento realizado pelo terapeuta no atleta nesta técnica se inicia de forma passiva e progride até um movimento ativo resistido. Neste estudo a técnica de iniciação rítmica foi apresentada aos participantes, nos padrões de movimentos do membro superior, antes da técnica aplicada durante as sessões de treinamento, que foi a da reversão dinâmica. Pois a técnica da iniciação rítmica tem como objetivo ensinar o movimento ao participante, com o intuito também de ajudar o atleta a relaxar, melhorando a coordenação e a sensação do movimento, além de facilitar a iniciativa motora. Já a técnica utilizada nas sessões seguintes foi somente a da reversão dinâmica, que se caracteriza pela alternância do movimento de forma ativa, de uma direção (agonista) para uma direção oposta (antagonista), sem qualquer interrupção ou relaxamento. A técnica da reversão dinâmica envolve uma contração isotônica do antagonista, seguida por uma contração isotônica do agonista. No entanto, este tipo de atividade muscular se assemelha ao gesto esportivo do arremesso. A utilização desta técnica tem como objetivo, aumentar a amplitude ativa do movimento, aumentar a força muscular, desenvolver a coordenação, aumentar a resistência e evitar ou diminuir quadros de fadigas. A execução do movimento foi realizada de forma padrão em todos os atletas, onde os participantes foram posicionados em decúbito dorsal, com flexão de ombro à 90°, extensão de cotovelo, punho em posição neutra e extensão dos dedos. A técnica utilizada foi a da reversão dinâmica, nos padrões de diagonais do membro superior: Flexão- Abdução-Rotação externa e Extensão- Adução- Rotação interna; Flexão- Adução- Rotação externa e Extensão- Abdução- Rotação Interna. Durante cada início de uma série foi realizado a aproximação da extremidade do membro superior de forma gradual e lenta, seguido pelo estímulo e reflexo de estiramento. A realização da aproximação (compressão da superfície articular) da extremidade do membro superior teve como objetivo, promover a estabilidade articular da região do complexo do ombro, para promover a sustentação da postura. Conforme a pressão foi sendo aplicada, o atleta foi orientado para “manter” esta postura, a fim de evitar a rotação do cíngulo do membro superior ou a elevação da escápula da maca. O estímulo de estiramento foi utilizado como um movimento preparatório para facilitar as contrações musculares, pois esta facilitação é resultado do alongamento de todos os músculos sinérgicos do membro superior. Uma vez que se obteve a posição com o estímulo de estiramento, aplicou-se o reflexo de estiramento nos padrões de diagonais adotadas. Ao mesmo tempo em que foi realizado o reflexo de estiramento, foi dado um comando verbal para o atleta contrair voluntariamente os músculos alongados. A contração muscular da região do membro superior que se seguiu após este processo sofreu resistência, que foi imposta de forma manual pelo terapeuta. Para cada diagonal foram utilizadas duas séries de quinze repetições em cada, inicialmente, com 30 segundos de intervalo entre uma série e outra. Foi-se acrescentando de forma progressiva cinco repetições em cada uma das séries a cada três sessões (Vide figura 9 e 10 respectivamente). Ao final de cada sessão, foi apresentada aos atletas a escala de Borg modificada, onde cada um deles isoladamente dos demais companheiros de equipe, respondeu através de número qual simbolizava melhor sobre o esforço da sessão (Vide anexo A). Cada sessão de treinamento teve duração aproximada de 10 a 15 minutos de acordo com os diferentes momentos do treinamento, estando intimamente ligados ao número de repetições da técnica. Este tempo foi utilizado para o posicionamento do atleta e pesquisador, seguido pelo treinamento com a técnica da reversão dinâmica no Método kabat e a apresentação da escala de Borg. Vale ressaltar que o tempo de execução do treinamento pode variar de acordo com a técnica escolhida no Método Kabat. Figura 9: Representação do posicionamento do terapeuta e atleta durante a aplicação do Método Kabat, nos padrões de diagonais do membro superior (Flexão – Abdução – Rotação Externa e Extensão – Adução – Rotação Interna). Fonte: Arquivos do autor. Figura 10: Representação do posicionamento do terapeuta e atleta durante a aplicação do Método Kabat, nos padrões de diagonais do membro superior (Flexão – Adução – Rotação Externa e Extensão – Abdução – Rotação Interna). Fonte: Arquivos do autor. 6.6 Desenho do estudo A pesquisa consistiu em um total de 14 sessões de treinamento e mais dois dias para as avaliações, a inicial e a final. No primeiro dia, os atletas foram instruídos sobre o estudo e receberam o termo de consentimento livre e esclarecido e o de assentimento. No segundo dia, foi realizada a mensuração da amplitude de movimento e da força muscular. Além do teste inicial das variáveis já mencionadas anteriormente, e a familiarização do atleta com os procedimentos a serem realizados. Os atletas foram divididos em dois grupos, sendo eles: Grupo controle (GC): Os participantes deste grupo continuaram com suas atividades normalmente, realizando o protocolo de treinamento específico da modalidade e os demais exercícios durante o treino. Sendo todos, propostos e orientados pelo treinador, como descritos anteriormente. Os atletas deste grupo foram acompanhados por 14 sessões, sendo que cada sessão de treino foi realizado em dias alternados, somando no entanto, três sessões de treino por semana. Grupo do Método Kabat (GK): Os participantes deste grupo receberam o treinamento pelo pesquisador. Onde o procedimento foi realizado com a técnica da reversão dinâmica, respeitando todos os princípios do método. Os atletas deste grupo receberam o treinamento por 14 sessões, sendo cada realizada em dias alternados, somando assim, três sessões de treino por semana. Na décima sexta e última sessão da pesquisa, foram realizadas as avaliações finais do estudo, sendo: a mensuração da amplitude de movimento de rotação interna e externa de ombro, teste de força muscular manual proposto por Kendall (2007), dos músculos descritos anteriormente. Além dos testes de velocidade e precisão do arremesso, como já descritos também anteriormente. 6.7 Análise dos resultados Como análise estatística dos resultados obtidos na presente pesquisa foi utilizado a análise da normalidade dos dados através do teste de Kolmogorov – Smirnoff. Como forma de comparação entre os diferentes momentos de avaliações (inicial e final), foi escolhido o teste t – Student de medidas repetidas com (p < 0,05). Para a análise da comparação entre os dois grupos (Controle e Método Kabat), foi utilizado o teste t- Student independente. 7.0 RESULTADOS Os grupos foram comparados entre os diferentes momentos de avaliação (Inicial e Final), e depois comparados entre si, nesses mesmos momentos para a amplitude de movimento, graduação de força muscular, velocidade e precisão do arremesso. Na avaliação da amplitude de movimento de rotação interna e rotação externa, somente o grupo que recebeu o treinamento com o Método Kabat apresentou um aumento significativo na amplitude de movimento de rotação externa do ombro (Vide quadro 3 a seguir). QUADRO 3: ANGULAÇÃO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO EM ROTAÇÃO INTERNA E EXTERNA DO COMPLEXO DO OMBRO GRUPO CONTROLE GRUPO MÉTODO KABAT VALORES VALORES VALORES VALORES INICIAIS FINAIS INICIAIS FINAIS 44,29 ± 10,97 39,29 ± 10,18 43,36 ± 9,51 48,18 ± 9,82 79,29 ± 13,05 74,29 ± 11,57 77,73 ± 12,72 86,82 ± 5,60* ROTAÇÃO INTERNA ROTAÇÃO EXTERNA QUADRO 3: Os valores do quadro acima representam as médias e desvios-padrão nos valores iniciais e finais dos dois grupo analisados (controle e método Kabat) relacionados à amplitude de movimento de rotação interna e externa do ombro dominante dos participantes. * Diferenças estatisticamente significativas entre as mensurações das avaliações iniciais e finais nos grupos avaliados (p < 0,05). Quando analisado a força muscular, os participantes do grupo controle apresentaram um aumento considerado significativo na força de alguns músculos analisados do complexo do ombro. Porém, este resultado não foi observado nos músculos: Deltóide anterior, Supra espinhal e Redondo menor, que são ativados nas três fases do arremesso (preparação, aceleração e desaceleração), também o músculo Redondo maior, onde só apresenta-se ativado durante a fase de aceleração, e o músculo Rombóide, presente mais ativamente nas fases de aceleração e desaceleração do arremesso (Vide quadro 4). Já o grupo que realizou o treinamento com a técnica de facilitação neuromuscular proprioceptiva, através do Método Kabat apresentou resultado estatisticamente significante para o aumento da força em todos os músculos analisados do complexo do ombro e que fazem parte do gesto esportivo do arremesso do handebol (Vide quadro 4 a seguir). QUADRO 4: GRADUAÇÃO DOS MÚSCULOS ENVOLVIDOS NO ARREMESSO GRUPO CONTROLE GRUPO MÉTODO KABAT VALORES VALORES VALORES VALORES INICIAIS FINAIS INICIAIS FINAIS Deltóide Anterior 6,86 ± 0,90 7,71 ± 0,76 6,45 ± 0,52 9,27 ± 0,65* Deltóide Médio 6,71 ± 0,95 7,57 ± 0,53* 6,91 ± 0,70 9,45 ± 0,52* Deltóide Posterior 7,14 ± 0,90 7,86 ± 0,69* 7,00 ± 0,63 9,73 ± 0,47* Bíceps braquial 7,00 ± 0,82 8,57 ± 0,53* 7,00 ± 1,00 9,82 ± 0,40* Coracobraquial 7,14 ± 0,69 7,86 ± 0,38* 6,64 ± 0,92 9,36 ± 0,50* Supra- Espinhal 7,57 ± 0,79 7,71 ± 0,49 7,09 ± 0,94 9,27 ± 0,47* Peitoral maior 7,00 ± 1,00 8,00 ± 0,58* 6,73 ± 0,79 9,36 ± 0,67* Peitoral menor 7,29 ± 0,95 7,86 ± 0,69* 7,27 ± 0,65 9,73 ± 0,47* Infra-espinhal 6,57 ± 0,53 8,00± 0,58* 6,55 ± 0,69 9,55± 0,52* Redondo maior 7,14 ± 0,69 7,86 ± 0,90 7,36 ± 0,92 9,18 ± 0,40* Redondo menor 7,00 ± 0,82 7,57 ± 0,53 6,91 ± 0,83 9,27 ± 0,79* Subescapular 6,71 ± 0,49 7,86 ± 0,38* 7,18 ± 0,40 9,64 ± 0,50* Grande dorsal 6,71 ± 0,49 7,86 ± 0,69* 6,82 ± 0,60 9,18 ± 0,75* Trapézio Superior 7,29 ± 0,76 8,00 ± 0,82* 6,55 ± 0,82 9,18 ± 0,60* Trapézio Médio 6,29 ± 0,76 7,43 ± 0,53* 5,82 ± 0,75 8,91 ± 0,70* Trapézio Inferior 6,29 ± 0,49 7,43 ± 0,53* 5,45 ± 0,69 8,64 ± 0,67* Rombóides 6,71 ± 0,76 7,00 ± 0,58 6,00 ± 1,00 8,91 ± 0,54* Serrátil anterior 7,14 ± 0,69 8,14 ± 0,38* 7,18 ± 0,60 9,45 ± 0,52* Tríceps braquial 6,86 ± 0,69 7,71 ± 0,49* 6,36 ± 0,50 9,09 ± 0,70* 7,14 ± 0,38 8,29 ± 0,76* 7,00 ± 0,63 9,73 ± 0,47* MÚSCULOS Levantador da Escápula QUADRO 4: Descreve a média e o desvio-padrão nos valores iniciais e finais dos dois grupos analisados (controle e método kabat), referente à graduação de cada músculo do complexo do ombro, envolvido no arremesso do handebol. * Diferenças estatisticamente significativas entre as mensurações das avaliações iniciais e finais nos grupos avaliados (p < 0,05). Nos resultados obtidos da comparação das velocidades inicial e final, pode-se observar que somente o grupo que recebeu o treinamento com o Método Kabat apresentou um aumento significativo nos valores da velocidade do arremesso, como demonstrado no gráfico a seguir (Gráfico 1): VELOCIDADE DO ARREMESSO 80.00 * 70.00 60.00 50.00 40.00 30.00 20.00 10.00 0.00 Grupo Controle Valores Iniciais Grupo do Método Kabat Valores Finais GRÁFICO 1: Os valores do gráfico acima representam as médias e desvios-padrão nos valores iniciais e finais relacionado à velocidade do arremesso em Km/hora do grupo controle e do grupo do método kabat. * Demonstra os valores estatisticamente significativos para (p < 0,05) na velocidade do arremesso medido em Km / hora. Na mensuração dos valores referentes à precisão do arremesso, foi constatado que somente o grupo que recebeu o treinamento com o Método Kabat apresentou um aumento significativo na precisão do movimento do arremesso, como demonstrado no gráfico seguinte (Gráfico 2): PRECISÃO DO ARREMESSO 6 * 5 4 3 2 1 0 Grupo Controle Valores Iniciais Grupo do Método Kabat Valores Finais GRÁFICO 2: Os valores do gráfico acima representam as médias e desvios-padrão nos valores iniciais e finais relacionados à precisão do arremesso no grupo controle e grupo do método kabat. * Demonstrativo dos valores estatisticamente significativos para (p<0,05) no número de acertos de arremesso. O quadro seguinte demonstra os valores médios e seus respectivos desviospadrão referente a Escala de Borg modificada, valores estes que foram apontados pelos atletas do grupo do Método Kabat (GK), após cada sessão de treinamento. QUADRO 5: DEMONSTRATIVO DAS MÉDIAS E DESVIOS – PADRÃO DA ESCALA DE BORG MODIFICADA SESSÃO 1 3,55 ± 2,07 SESSÃO 2 3,59 ± 1,39 SESSÃO 3 3,73 ± 2,00 SESSÃO 4 4,36 ± 1,69 SESSÃO 5 4,55 ± 1,37 SESSÃO 6 3,91 ± 1,38 SESSÃO 7 5,45 ± 1,57 SESSÃO 8 4,36 ± 1,36 SESSÃO 9 4,55 ± 1,57 SESSÃO 10 5,27 ± 1,95 SESSÃO 11 4,64 ± 1,43 SESSÃO 12 5,18 ± 1,47 SESSÃO 13 5,45 ±1,37 SESSÃO 14 5,00 ± 1,41 QUADRO 5: Representa os valores médios e seus respectivos desvios-padrão referente a Escala de Borg modificada, em cada sessão de treinamento relatado pelos atletas. 8. DISCUSSÂO A amplitude de movimento é um importante parâmetro para a avaliação funcional do ombro. Porém, contrariando o que se acreditava anteriormente, as rotações internas e externas não acontecem inteiramente somente na articulação do ombro, pois a articulação escapulotorácica também apresenta uma participação neste movimento (Miyazaki et al, 2012). No entanto, os atletas de esportes de arremesso evoluem com uma marcante alteração na mobilidade do complexo do ombro dominante, apresentando assim maiores angulações para a rotação externa e diminuídas angulações para a rotação interna do ombro (Leme, 2005; Miyazaki et al, 2012). Os achados do presente estudo corroboram com esses relatos descritos na literatura, pois em ambos os grupos estudados, os valores angulares da rotação externa de ombro apresentaram-se maiores que os valores da rotação interna. Acredita-se que essas alterações de movimento no ombro do arremessador são devidas a adaptações fisiológicas aos microtraumas, com uma característica específica no alongamento da cápsula anterior e encurtamento da cápsula posterior do ombro (Ejnisman & Andreoli, 2005). No entanto, o aumento da tensão na região posterior do complexo do ombro resulta em um maior estresse neste local, durante a fase da execução do gesto esportivo, tendo influência sobre a instabilidade articular normalmente observada nesses atletas (Leme, 2005). Nunes et al (2012) acreditam que o déficit na rotação interna e aumento na rotação externa seja um resultado natural de uma adaptação morfofuncional no ombro de atletas arremessadores. Esses autores relacionam o aumento da rotação externa com a presença de microtraumas nos restritores estáticos e dinâmicos do ombro, levando a contratura da cápsula posterior, adaptações ósseas na região do úmero e mudanças nos tecidos moles da região do complexo do ombro ocorridas como consequência da repetitividade do gesto esportivo. No entanto, em nosso estudo, com o treinamento proposto no grupo do Método Kabat, pode-se observar um aumento na angulação da amplitude de movimento na rotação interna e externa do ombro. Porém, somente a amplitude de movimento dos rotadores externos do ombro obteve um acréscimo estatisticamente significativo na angulação. Segundo Leme (2005) o uso de técnicas para a implementação da amplitude de movimento para a rotação interna do ombro é válida para melhorar a execução do arremesso e assim promover um equilíbrio estrutural e beneficiar o desempenho do arremesso nos atletas de handebol. Os esportes que envolvem movimentos de arremesso exigem dos seus participantes uma ação coordenada dos músculos da região do ombro e a interação desses com outras regiões do corpo (Rienzo et al, 2007). No entanto em um estudo, Nogueira & Del Vecchio (2008) relataram que o treino de força muscular proporciona um aumento na atuação multi-articular, sendo importante nas tarefas consideradas simples ou complexas devido ao sistema neuromuscular, que é capaz de ativar os músculos de uma forma mais eficiente no início do desenvolvimento da força, possibilitando também uma estabilidade nas articulações até então avaliadas como instáveis. No entanto, neste estudo pudemos perceber um aumento da força muscular nos participantes do grupo controle. Porém, o aumento significativo da força muscular não aconteceu em determinados músculos como o deltóide anterior, supra espinhal e redondo menor, que são ativados nas três fases do arremesso (preparação, aceleração e desaceleração). O mesmo aconteceu com o músculo redondo menor, que é somente usado na fase de aceleração e os rombóides, presentes mais ativamente nas fases de aceleração e desaceleração do arremesso. Acredita-se que este déficit na força destes músculos possa causar algum tipo de desequilíbrio na sincronia muscular do complexo do ombro alterando assim o gesto esportivo do arremesso. Já o grupo que recebeu o treinamento com o Método Kabat apresentou um aumento na força de todos os músculos avaliados do complexo do ombro. Este achado mostra maior harmonia no gesto do arremesso e sincronia entre os músculos ativados durante cada fase do arremesso. Para Silva et al (2013) a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva é uma excelente técnica para o treino de força muscular, pois é baseada na aplicação de resistência específica para facilitar a contração muscular do ponto de vista neuromuscular, favorecendo assim, o ganho de força muscular. Segundo Semmler & Enoka (2004) uma das razões para o aumento da força e melhora da coordenação entre os músculos envolvidos no gesto esportivo, acontece devido ao aumento da ativação muscular pelo sistema nervoso. Sendo também reafirmado com o estudo de Alencar et al (2011), que relatam que o efeito da facilitação neuromuscular proprioceptiva, através do Método Kabat, propõe auxiliar o indivíduo no processo de reabilitação ou na melhora da condição física, pois promove um aprimoramento da aprendizagem motora, performance, flexibilidade, amplitude de movimento, fortalecimento muscular e coordenação motora. Já um estudo proposto por Hurtado & Vélez (2011) descreve que o Método Kabat promove respostas no mecanismo do sistema neuromuscular, aprimorando a amplitude de movimento e força muscular devido aos benefícios sobre a função vascular, sendo que a ativação de grandes grupos musculares favorece o aumento do fluxo sanguíneo durante o desempenho dos movimentos utilizados nas atividades de vida diária. Para Prentice (2007), a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, utiliza informações proprioceptivas, cutâneas e auditivas para que possa promover uma melhora funcional da aferência motora. Já Moreno et al (2009), relatam que esta técnica pode ser utilizada para melhorar o desempenho físico de atletas, pois além de serem exercícios que utilizam padrões específicos de movimento em diagonal e espiral, e também estímulos aferentes, a técnica promove um desencadeamento do potencial neuromuscular, proporcionando a obtenção de melhores respostas de todo o sistema musculo-esquelético. O método teoriza que a função motora deve ser corrigida através da via neuromuscular pela estimulação dos proprioceptores, localizados nas articulações, tendões e nos músculos, utilizando para isso a contração muscular voluntária, pois quanto maior o estímulo sensitivo da periferia, maior será a quantidade de estímulos que chegam ao Sistema Nervoso Central, melhorando o desempenho motor (CruzMachado, Cardoso & Silva, 2007). Essas pesquisas comprovam os achados do presente estudo, que definem que os objetivos da facilitação neuromuscular proprioceptiva, pelo Método Kabat aprimoram a coordenação motora do gesto esportivo, a força muscular, a estabilidade articular e promovem uma diminuição do desequilíbrio muscular, devido à execução do movimento através de uma cadeia muscular e não propriamente um músculo por vez. Contudo, o movimento do arremesso costuma ser iniciado por grandes grupos musculares da região proximal (Bartlett, 2004) com os músculos rápidos das extremidades continuando a sequência, estes últimos não somente tem uma amplitude de movimento e velocidade maiores, mas também, melhoram a precisão devido ao número menor de fibras musculares que cada um dos neurônios motores inerva. Em uma seqüência correta, os segmentos proximais movem-se antes dos distais, garantindo que os músculos estejam alongados para desenvolver tensão quando se contraírem (Bartlett, 2004). No entanto, um dos principais objetivos do treinamento nesse esporte é aumentar a velocidade e a performance do arremesso já que a possibilidade do atleta conseguir seu objetivo, ou seja, marcar o gol, depende em grande parte desses músculos (Rienzo et al, 2007). Rocha et al (2003) referem que o arremesso envolve uma ação sequencial de segmentos corporais, progredindo de ações amplas de segmentos proximais para ações mais rápidas e relativamente menores dos segmentos mais distais. Quando se refere a mecânica do arremesso, associado à velocidade da bola, é geralmente aceito que uma desaceleração dos segmentos proximais, de forma procedente e até mesmo causadora de uma aceleração de segmentos distais, onde a máxima velocidade de segmento atingida pela atividade do músculo agonista de uma articulação deve ser desacelerada pelos músculos antagonistas dessa mesma articulação para acelerar os segmentos mais distais (Rocha et al, 2003). Como o arremesso é o fundamento técnico utilizado na finalização de uma jogada, exigindo do jogador uma contração voluntária máxima e rapidez no gesto esportivo (Rocha et al, 2003), quanto mais rápida a bola for arremessada ao gol, menos tempo a defesa e o goleiro terão para defender este lance (Rienzo et al, 2007). Muitas habilidades motoras requerem desempenho com velocidade e precisão, o que é o caso, por exemplo, de arremessar uma bola, cobrar um pênalti no futebol. São habilidades que requerem movimentos rápidos e precisos para se obter um bom desempenho (Magill, 2011). Porém, para esses tipos de habilidades de velocidade e precisão, alguns autores como Schmidt (1993) e Okazaki et al (2013) relatam a existência de um fenômeno conhecido como Permuta VelocidadePrecisão. Este fenômeno caracterizado como a Lei de Fitts, descreve que em tarefas onde a precisão do movimento é exigida, existe uma influência na velocidade, e que desta forma, a ênfase na precisão reduzirá a velocidade, da mesma forma que a ênfase na velocidade reduzirá a precisão, sendo este um dos princípios mais fundamentais do comportamento motor (Schmidt, 1993; Magill, 2011). Acredita-se que o fato dos atletas deste estudo apresentarem um arremesso mais preciso seja por terem atingido um nível de desempenho maior que os outros do grupo controle, fruto da intervenção proposta. Esta característica se dá pelo fato desses atletas apresentarem, no experimento, maior sucesso na tarefa de atingir o local desejado com maior constância (Júnior & Freitas, 2012), no caso desta pesquisa, as marcações feitas no gol. Como proposto no estudo de Monico et al (2009). Consideramos que este resultado colabora com uma finalização da jogada e com um gesto esportivo mais eficiente, já que o handebol é um esporte que exige rapidez nos movimentos para que seja atingida a meta, ou seja, o gol. Os atletas que participaram do treinamento do Método Kabat, por terem melhorado sua amplitude articular e sua força muscular do complexo do ombro, puderam desempenhar uma tarefa com uma máxima velocidade, precisão, além de terem movimentos mais acurados, e assim, a intervenção proporcionou ao atleta um aumento no nível do desempenho do movimento do arremesso e execução da tarefa com mais sucesso. 9. CONCLUSÃO Pudemos concluir que os atletas que fizeram parte do grupo que recebeu o treinamento com a Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, através do Método Kabat, apresentaram um aumento significativo no desempenho do arremesso, melhorando a velocidade e precisão do gesto em comparação ao grupo que realizou suas atividades normais de treinamento. Acreditamos que esta técnica pode ser utilizada nas sessões de treinamento dos atletas de handebol, pois mostrou ser eficiente no aumento da amplitude de movimento do ombro, na força muscular e na velocidade e precisão do arremesso, colaborando assim, com uma adequada sincronia no desempenho do gesto esportivo, podendo resultar em uma diminuição da frequência dos atletas no departamento médico, além de proporcionar resultados mais satisfatórios durante os jogos. 10. REFERÊNCIAS 1. ADLER, S S, BECKERS, D, BUCK, M. PNF: Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva. 2.ed, São Paulo, Manole, 2007. 2. ALBUQUERQUE, C. V. de; MASCHIO, J. P.; GRUBER, C. R.; SOUZA, R. M. de; HERNANDEZ, S. Efeito agudo de diferentes formas de aquecimento sobre força muscular. Revista Fisioterapia em Movimento. 2011; 24 (2): 221 – 229. 3. ALENCAR, R. F.; CORDEIRO, T. G. F.; ANJOS, P. G. S. dos.; CAVALCANTI, P. L. Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva em tatame na requisição de funções na lesão medular. Rev. 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Disponível em: http://www.brasilhandebol.com.br/galerias.asp (Acesso em 19/08/2014) Apêndice A: Termo de Assentimento TERMO DE ASSENTIMENTO TÍTULO DA PESQUISA: A APLICAÇÃO DO MÉTODO KABAT E SEUS EFEITOS NA VELOCIDADE E PRECISÃO DO ARREMESSO, EM ATLETAS DE HANDEBOL INFORMAÇÕES AO PARTICIPANTE DA PESQUISA: Antes de assentir em participar nessa pesquisa, leia atentamente as explicações abaixo: Mesmo que você concorde em participar dessa pesquisa, será necessário o consentimento de seus pais ou responsáveis, sem o qual, sua participação será negada. Após a apresentação do consentimento e sua concordância, sua participação ainda será livre. Em nenhum momento, o participante, mesmo autorizado, será obrigado a continuar o procedimento de coleta de dados, podendo deixar de participar assim que achar necessário, sem nenhuma penalidade ou prejuízo. OBJETIVO DO ESTUDO: Avaliar o efeito da aplicação da técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva através do Método Kabat, no desempenho do arremesso em atletas de handebol. DESCRIÇÃO DA PESQUISA: Este estudo mostrará qual a influência da aplicação da técnica Método Kabat na velocidade e precisão do arremesso dos atletas de handebol. Os participantes serão divididos em dois grupos, sendo eles o grupo que continuará com as atividades de treinamento normalmente e o grupo que receberá o treinamento com o Método Kabat. A participação neste estudo incluirá avaliações no início, no meio e ao final do período de treinamento, que serão: -Amplitude de movimento (rotação interna e externa do ombro), força muscular do ombro (através do teste de força muscular manual proposto por Kendall, 1990), velocidade e precisão do arremesso. Todas as avaliações acontecerão 24 horas após a última sessão experimental e serão realizadas pela pesquisadora. - Treinamento: consiste em 3 sessões semanais para ambos grupos, totalizando 14 sessões de treinamento e duas sessões de avaliações, uma inicial e outra final. CUSTOS/REEMBOLSOS: Você não receberá qualquer forma de gratificação por sua participação no experimento. Nem terá custos com instrumentos e equipamentos. RISCOS POTENCIAIS E DESCONFORTOS: Esse estudo oferece riscos mínimos à integridade física ou mental dos participantes, uma vez que serão realizadas avaliações físicas antes do treinamento. Caso o participante apresente algum desconforto ou dor, o procedimento será interrompido e o participante terá toda a assistência necessária na Clínica de Fisioterapia da USJT e o treinamento será cancelado. BENEFÍCIOS POTENCIAIS: Esperamos observar melhora na velocidade e precisão do arremesso, melhora na força e diminuição de desequilíbrios musculares dos músculos do ombro. CONFIDENCIALIDADE: As informações colhidas serão mantidas em absoluto sigilo e sua identidade será preservada em todas as situações que envolvam discussão, apresentação ou publicação dos resultados da pesquisa, a menos que haja uma manifestação da sua parte por escrito, autorizando tal procedimento. Se em algum momento você tiver dúvidas sobre a pesquisa, favor comunicar-se com o pesquisador responsável pelo estudo, Prof. Dr.Érico Chagas Caperuto pelo telefone (11) 2799-1999 ramal 1494 ou com a pesquisadora Thatiana Lacerda Nobre pelo telefone (11) 986995682, e-mail: [email protected]. Se você acredita que sofreu algum dano no decorrer desta pesquisa como participante do estudo, você deve entrar em contato com o Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da USJT pelo telefone 27991944 ou [email protected] Confirmo ter conhecimento do conteúdo deste termo. A minha assinatura abaixo indica que concordo em participar na referida pesquisa. São Paulo, ______ de __________ de 2014 _____________________________________ Participante (nome por extenso) RG: _________________________________ _____________________________________ Assinatura do Participante ______________________________________ Assinatura do pesquisador responsável Apêndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO TÍTULO DA PESQUISA: A APLICAÇÃO DO MÉTODO KABAT E SEUS EFEITOS NA VELOCIDADE E PRECISÃO DO ARREMESSO, EM ATLETAS DE HANDEBOL INFORMAÇÕES AO RESPONSÁVEL PELO PARTICIPANTE DA PESQUISA: Antes de autorizar a participação de seu filho nesta pesquisa, leia atentamente as explicações abaixo: Sua autorização para a participação de seu filho compreende a leitura e assinatura deste termo de consentimento livre e esclarecido. Em nenhum momento, o participante, mesmo autorizado, será obrigado a continuar o procedimento de coleta de dados, podendo deixar de participar assim que achar necessário, sem nenhuma penalidade ou prejuízo. OBJETIVO DO ESTUDO: Avaliar o efeito da aplicação da técnica de Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva através do Método Kabat, no desempenho do arremesso em atletas de handebol. DESCRIÇÃO DA PESQUISA: Este estudo mostrará qual a influência da aplicação da técnica Método Kabat na velocidade e precisão do arremesso dos atletas de handebol. Os participantes serão divididos em dois grupos, sendo eles o grupo que continuará com as atividades de treinamento normalmente e o grupo que receberá o treinamento com o Método Kabat. A participação neste estudo incluirá avaliações no início, no meio e ao final do período de treinamento, que serão: -Amplitude de movimento (rotação interna e externa de ombro), força muscular do ombro (através do teste de força muscular manual proposto por Kendall, 1990), velocidade e precisão do arremesso. Todas as avaliações acontecerão 24 horas após a última sessão experimental e serão realizadas pela pesquisadora. - Treinamento: consiste em 3 sessões semanais para ambos grupos, totalizando 14 sessões de treinamento e duas sessões de avaliações, uma inicial e outra final. CUSTOS/REEMBOLSOS: Você não receberá qualquer forma de gratificação por sua participação no experimento. Nem terá custos com instrumentos e equipamentos. RISCOS POTENCIAIS E DESCONFORTOS: Esse estudo oferece riscos mínimos à integridade física ou mental dos participantes, uma vez que serão realizadas avaliações físicas antes do treinamento. Caso o participante apresente algum desconforto ou dor, o procedimento será interrompido e o participante terá toda a assistência necessária na Clínica de Fisioterapia da USJT e o treinamento será cancelado. BENEFÍCIOS POTENCIAIS: Esperamos observar melhora na velocidade e precisão do arremesso, melhora na força e diminuição de desequilíbrios musculares dos músculos do ombro. CONFIDENCIALIDADE: As informações colhidas serão mantidas em absoluto sigilo e sua identidade será preservada em todas as situações que envolvam discussão, apresentação ou publicação dos resultados da pesquisa, a menos que haja uma manifestação da sua parte por escrito, autorizando tal procedimento. Se em algum momento você tiver dúvidas sobre a pesquisa, favor comunicar-se com o pesquisador responsável pelo estudo, Prof. Dr.Érico Chagas Caperuto pelo telefone (11) 2799-1999 ramal 1494 ou com a pesquisadora Thatiana Lacerda Nobre pelo telefone (11) 986995682, e-mail: [email protected]. Se você acredita que sofreu algum dano no decorrer desta pesquisa como participante do estudo, você deve entrar em contato com o Coordenador do Comitê de Ética em Pesquisa da USJT pelo telefone 27991944 ou [email protected] Confirmo ter conhecimento do conteúdo deste termo. A minha assinatura abaixo indica que concordo em autorizar a participação do meu filho na referida pesquisa e por isso dou meu consentimento São Paulo, ______ de __________ de 2014 _____________________________________ Representante legal (nome por extenso) RG: _________________________________ _____________________________________ Assinatura do responsável legal ______________________________________ Assinatura do pesquisador responsável Anexo A: Escala de Borg Anexo B: Graduação do teste muscular manual