CORRELAÇÃO DA DISBIOSE INTESTINAL E OBESIDADE: UMA

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Modalidade do trabalho: Ensaio teórico
Evento: XXIV Seminário de Iniciação Científica
CORRELAÇÃO DA DISBIOSE INTESTINAL E OBESIDADE: UMA REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA1
Kelly Katheryne Osorio Kercher2, Maria Cristina Roppa Garcia3.
1
Artigo desenvolvido por meio de analise de literatura a cerca do tema.
Acadêmica do Curso de Graduação em Nutrição, Departamento de Ciências da Vida, UNIJUÍ
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Acadêmica do Curso de Graduação em Nutrição, Departamento de Ciências da Vida, UNIJUÍ
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INTRODUÇÃO
Existe uma relação fundamental entre o intestino e saúde, sendo, este órgão, considerado pela
medicina moderna nosso segundo cérebro em meio ao conceito de permeabilidade intestinal. Dentro
da avaliação do processo alimentar, a eficaz absorção nutricional pode ser alterada devido aos
desequilíbrios, como má absorção, interação fármaco-nutriente, alterações na permeabilidade da
mucosa e, consequente, um desequilíbrio da microbiota intestinal. A disbiose intestinal ainda pode
ser relacionada com outras patologias, tais como a obesidade, visto que, o aumento da
permeabilidade intestinal e a síndrome do intestino irritável em que há desarmonia da flora
intestinal pode vir a impedir as funções normais do cólon, havendo uma vulnerabilidade da saúde
do indivíduo (PÓVOA, 2002). Assim, esse artigo visa correlacionar, por meio de uma revisão
bibliográfica, a interação da disbiose intestinal e obesidade.
METODOLOGIA
O presente artigo trata-se de uma revisão bibliográfica, embasada em artigos de caráter científico,
encontrados por meio de pesquisa nas bases de dados: Scielo e Google Acadêmico. Entre os dias 25
a 30 de julho de 2016, utilizando os descritores: Trato Gastrointestinal, Disbiose e Obesidade.
Para o desenvolvimento deste trabalho, leva-se em consideração a discussão da correlação entre
distúrbios intestinais e o ganho de peso excessivo, caracterizado pela obesidade.
Este tem como objetivo apresentar de forma clara os termos consultados, fazendo uma revisão de
literatura com finalidade de alertar e incentivar as pessoas à busca pelo conhecimento dos inúmeros
mecanismos desempenhados pelo sistema gastrintestinal, e que por sua vez pode estar inteiramente
ligado a diversas patologias, entre elas, a obesidade aqui apresentada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sabe-se que a ingesta do alimento não garante que seus respectivos nutrientes estarão totalmente
biodisponíveis a serem utilizados por nosso organismo. Devem existir condições químicas,
bioquímicas e fisiológicas adequadas para que ele possa ser degradado e utilizado. A presença ou
ausência de um nutriente essencial pode afetar a disponibilidade, absorção, metabolismo ou
necessidades dietéticas de outros devido interações que desempenham (COZZOLINO, 2012).
Também é necessário que os produtos que não serão utilizados pelo organismo sejam excretados,
assim como as substâncias tóxicas que possam ter sido ingeridas junto com os mesmos. Se uma
dessas etapas não funcionar satisfatoriamente, o corpo apresentará carências nutricionais e
funcionais (CARREIRO, 2009). O termo disbiose descreve a presença de bactérias patogênicas no
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intestino, consequentemente, a microbiota produz efeitos nocivos principalmente pela mudança
qualitativa e quantitativa da própria microbiota intestinal (HAWRELAK; MYERS, 2004).
Entende-se como disbiose, um distúrbio caracterizado por uma disfunção colônica devido à
alteração da microbiota que habita nosso intestino, e esta patologia é cada vez mais considerada no
diagnóstico de várias outras doenças (SLEISENGER; FORDTRAND’S, 2010). A disbiose
intestinal ainda pode ser relacionada com outras patologias, tais como a obesidade, visto que, o
aumento da permeabilidade intestinal e a síndrome do intestino irritável em que o desequilíbrio da
flora intestinal chega ao ponto de impedir as funções normais do cólon, havendo um desequilíbrio
da saúde intestinal (CARREIRO, 2008). Fatores influenciados da formação da disbiose, tais como
as populações bacterianas do intestino e a saúde da mucosa intestinal, estão em integral relação com
a nutrição do indivíduo (DAVIDISON; CARVALHO, 2008). Ao se tratar de nutrição, hoje, se
observa um aumento significativo da população mundial em estado de sobre peso, visto que nos
últimos 40 anos os hábitos de vida sofreram grandes transformações. Alimentamo-nos de forma
diferente, respiramos um ar diferente, movimentamo-nos cada vez menos e estamos cada vez mais
em contato com sustâncias sintéticas que até então nem existiam. Nosso organismo, particularmente
o sistema digestório e o sistema imunológico, estão em sobrecarga (CARREIRO, 2009).
Segundo Dr. Helion Póvoa, por volta da década de 80, o sistema digestório sofreu com um
revolucionário método de emagrecimento, cujo consistia na retirada da porção final deste órgão
absortivo, acreditando que, por ser responsável pela absorção dos nutrientes, ao ocorrer a retirada
do mesmo por via cirúrgico, este, estaria absorvendo menor quantidade de nutrientes, todavia, a
perda de peso seria significativa. Após muitos se submeterem a tal procedimento e vierem a falecer
por outras doenças interligadas, os cientistas alertaram-se que haveria a possibilidade do sistema
digestivo ser muito além de um órgão absortivo, e que através dele poderia se desencadear e
também tratar diversas outras patologias (PÓVOA, 2002).
A obesidade é caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal no indivíduo, sabe-se que
em tempos atuais a demanda excessiva de gorduras hidrogenadas, bem como, o consumo excessivo
de açúcares simples, estão integralmente relacionados ao ganho indesejável de peso (ABESO,
2009). A ciência, que já comprovou que a ingesta desse tipo de açúcares está associada ao ganho
excessivo de peso, se aprimorou em observar que esta, estava correlacionada à permeabilidade
intestinal. Ou seja, ocorre um desequilíbrio intestinal, que está associado a obesidade (PÓVOA,
2002).
Em 1999 foi desenvolvido por Helion Póvoa um trabalho apresentado ao congresso médico de New
Orleans, cujo submetera um grupo de 35 mulheres que não faziam o uso de medicamentos tais
como pílulas anticoncepcionais, antibióticos, antiinflamatórios ou outras substâncias que pudessem
influenciar a permeabilidade intestinal. Para classifica-las em sobre peso, foi utilizado o cálculo do
índice de massa corporal (IMC= kg/m²), sendo separado um grupo cujo resultado excedera 25 e
outro em estado de eutrofía. Foi aferido a permeabilidade intestinal de ambos os grupo de mulheres,
através de um método simples chamado lactulose, uma forma de açúcar que em condições normais
não é absorvido no trato digestivo, como será explicado neste artigo. Após a ingestão da lactulose
em jejum, foi aferido através da urina os níveis desta substância excretada. Sendo que, se estiver
acima de 1,6%, significa que a permeabilidade do intestino esta aumentada, ou seja, altos níveis de
lactulose, apontam que o açúcar que deveria ser eliminado foi absorvido. O resultado desta pesquisa
foi que o grupo cujo estava com percentil acima de 25 obtiveram uma média entre 2,45% e 1,67%,
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o dobro das que estavam em eutrofía, como pode-se observar na tabela abaixo. Concluindo a
relação entre o aumento da permeabilidade intestinal e a obesidade (PÓVOA, 2002).
Percentual absortivo de lactulose, sendo que, os valores acima de 1,6% indicam aumento na permeabilidade intestinal,
explicando sua possível relação com o excesso de peso.
Uma microbiota pobre em microorganismos é compatível com acúmulo de peso, comprovado isto
ao fato de que algumas das espécies que constituem os bilhões de bactérias e fungos que habitam o
intestino humano podem gerar uma reabsorção não esperada de amido e açúcar no cólon, já que
durante décadas fora considerado que além do intestino delgado, jejuno, duodeno e íleo, não
pudessem ocorrer absorção de nutrientes. As bactérias metanógenas, produtoras de metano, e outras
produtoras de hidrogênio podem interagir e aumentar consideravelmente a absorção de açúcar,
inclusive conseguindo digerir polissacarídeos não digeríveis pelo nosso trato gastrintestinal, como
as glucanas, que normalmente não produzem glicose nos humanos, tais como Methanobrevibacter
smithii e Bacillus tethaiotaomicron que por sua vez aumentam significativamente a absorção de
açúcares calóricos pelo organismo humano, levando uma maior tendência ao acúmulo de peso.
Floras intestinais desequilibradas, com predomínio dessas bactérias podem estar relacionadas com
obesidade, uma família bacteriana denominada Prevotella e Archae também mostra associação com
aumento de peso em humanos (POUTAHIDIS, 2013).
CONCLUSÃO
Considerando os resultados dos estudos relatados ao desenvolver deste artigo, em que a resposta da
permeabilidade intestinal desencadeou o aumento de peso, devido a reabsorção intestinal indesejada
de açúcares, conclui-se que além dos diversos fatores ambientais, socioculturais, metabólicos, há
também uma correlação entre os distúrbios intestinais e a obesidade, sendo que há necessidade de
maiores estudos que evidenciem e justifiquem esta doença estar inteiramente ligada não apenas ao
consumo inadequado de nutrientes através de uma dieta desequilibrada, mas também, o resultado
final da absorção daquilo que se ingere.
PALAVRAS-CHAVE
Trato Gastrointestinal; Disbiose; Obesidade
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA OBESIDADE E DA SÍNDROME
METABÓLICA - ABESO. Diretrizes Brasileiras da Obesidade. Itapeví, SP, 2008-2009.
CARREIRO, Denise Madi. Alimentação problema e solução para doenças crônicas. 2ª Ed. São
Paulo. Editora Referência, 190p. 2008.
CARREIRO, Denise Madi. Entendendo a importância do processo alimentar. 3ª Ed. São Paulo.
Editora Referência,. 319p. 2009.
CARREIRO, Denise Madi; VASCONCELOS, Luana; AYOUD, Maria Elisabeth. Síndrome
Fúngica. 1ª Ed. São Paulo. Editora Referência, 175p. 2009.
COZZOLINO, Silvia M. Franciscato. Biodisponibilidade De Nutrientes - 4ª Ed. São Paulo. Editora
Manoele, 2012.
DAVIDISON, Patrícia; CARVALHO, Gabriel. Ecologia e Disbiose Intestinal. In: PASCHOAL,
Valéria; NAVES, Andréia; FONSECA, Ana Beatriz B.L. Nutrição Clínica Funcional: Dos
princípios à prática clínica. São Paulo. VP Editora. p.142-169. 2008.
HAWRELAK, Jason A.; MYERS, Stephen P.. The causes of intestinal dysbiosis. Altern Med Rev,
Australia. v. 9, n.2, p.180-197, 2004.
PÓVOA, Hélion. O cérebro desconhecido: como o sistema digestivo afeta nossas emoções, regula
nossa imunidade e funciona como órgão inteligente. Rio de Janeiro. Editora Objetiva, 222p. 2002.
POUTAHIDIS, Theofilos. Microbial Reprogramming Inhibits Western Diet-Associated Obesity.
Publicado
on-line
2013
Jul
10.
Disponível
em:
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3707834/. Acessado em 26 de jul. 2016.
SLEISENGER and FORDTRAND’S. Gastroenterology and Liver Disease: Pathophysioloy/
Diagnosis/ Management. 9th Edition, 2010.
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