Autor(a): Regina de Souza Marques Bueno

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Autor(a): Regina de Souza Marques Bueno (cód. 3673)
Professora-Orientadora-IES-UEPG: Rosilda Aparecida Kovaliczn
NRE: Ponta Grossa
Município: Castro
Escola: Colégio Estadual Antonio e Marcos Cavanis.
Disciplina: Biologia
( ) Ensino Fundamental
(X) Ensino Médio
Disciplina de relação interdisciplinar 1: Filosofia
Disciplina de relação interdisciplinar 2: Português
Conteúdo Estruturante: Implicações dos Avanços da Biologia no Fenômeno
Vida
CÉLULAS-TRONCO: ESPERANÇA DE CURA OU A FALÁCIA DO SÉC.XXI?
•
É cada vez mais comum notícias sobre células-tronco, seja na TV, jornais ou
em revistas. Mas, o que é uma célula-tronco?
•
É justificada a polêmica sobre o uso de células-tronco?
•
As terapias com células-tronco são uma inovação ou já viraram rotina?
Estariam ao alcance de todos os cidadãos?
•
O Brasil participa dessas pesquisas?
•
É ético o uso de células-tronco?
Para podermos responder essas questões é necessário que saibamos um
pouco mais sobre as células-tronco, como são obtidas e o porquê de tanta
polêmica em torno delas.
Células-tronco são células que tem a capacidade de se dividir por período
indefinido e de se transformar, num processo conhecido por diferenciação
celular, em qualquer tecido do corpo humano, como ossos, músculos, nervos e
sangue e possuem auto-replicação, que é a capacidade de gerar células
idênticas a si mesmas. (Fig.1).
Figura 1. Fotomicrografia de célula-tronco embrionária do cordão umbilical (em roxo)
Fonte: www.anbiojovem.org.br
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As células-tronco não são todas iguais. Podem ser células-tronco
embrionárias quando são retiradas de embriões ou células-tronco adultas,
que são células encontradas em diferentes tecidos do corpo humano, sendo as
da medula óssea, da placenta e do cordão umbilical as mais utilizadas. Esse
termo célula-tronco adulta não é adequado, pois, elas podem se retiradas de
bebês, crianças ou de adultos. (COOKSON et al., 2005).
PESQUISA
Como atividade de pesquisa você, juntamente com os demais colegas, podem
elaborar um painel de notícias referentes às células-tronco.
•
TODAS AS CÉLULAS-TRONCO TEM O MESMO POTENCIAL?
As células-tronco se classificam de acordo com o tipo de célula que
podem gerar, isto é, algumas delas têm maior capacidade de se diferenciar do
que outras.
As células-tronco embrionárias podem ser:
• Totipotentes: são retiradas do embrião quando este é formado por até 8
(oito) células, e tem a capacidade de se diferenciar, isto é, dar origem a
qualquer dos 216 tecidos que formam o corpo humano, ou órgãos. Podem
inclusive formar a placenta.
• Pluripotentes: são as células formadas nos primeiros dias após a
fecundação, mais ou menos 5 dias, quando o embrião já tem entre 64 a
100 células e é chamado de blastocisto, essas células-tronco têm
capacidade de formar qualquer tecido humano, mas não de formar o
próprio corpo humano. (Fig. 2).
Figura 2. Alguns cientistas aplicaram células-tronco em ratos, deixaram que as mesmas se
diferenciassem em órgãos, para estudarem o potencial dessas células.
Fonte: www.apocalypsesoon.org
•
•
As células-tronco adultas podem ser:
Multipotentes: podem formar somente alguns tipos de tecidos. Essas
células normalmente são utilizadas nas terapias e procedimentos médicos,
atualmente.
Unipotentes: são as células-tronco retiradas de órgãos e que darão
origem a um único tipo de tecido, com função de reparar tecidos
danificados por desgaste natural, doenças ou lesões. (ZATZ, 2007; NÉRI,
2007; TRIVELATTO JUNIOR, 20--).
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- Desenhe ou cole gravuras das etapas do desenvolvimento embrionário
humano, desde a fecundação até a fase de feto.
- Diferencie embrião de feto.
•
VOCÊ SABE ONDE SÃO ENCONTRADAS AS CÉLULAS-TRONCO?
As células-tronco adultas são encontradas no coração, cérebro, medula
óssea, pulmões, no cordão umbilical e também na gordura aspirada de pacientes
durante a lipoaspiração. Uma outra fonte de células-tronco adultas é a utilização
de tecidos de fetos de abortos naturais ou provocados, classificadas como
“adultas”, pois estão presentes em tecidos diferenciados, e sua extrema
juventude dá aos cientistas a esperança de que, quando transplantadas,
conseguirão se adaptar ao novo ambiente. (SOARES, 2005).
As células-tronco embrionárias são originadas de embriões que se
desenvolvem de óvulos fertilizados “in vitro” em clínicas de fertilidade, e doados
para propósitos de pesquisa com o consentimento por escrito dos pais-doadores.
A legislação brasileira, Lei de Biossegurança nº 11.105 de 24.03.2005,
não permite a venda de embriões e nem a clonagem de células-tronco. A lei
autoriza apenas a uso de embriões excedentes ou inviáveis, congelados há mais
de 3 anos e que seriam descartados pelas clínicas de fertilidade, com a
autorização por escrito dos pais. (BRASIL, 2005).
Esses embriões não são originados de óvulos fertilizados no corpo
da mulher. Tem tipicamente 4 ou 5 dias de idade e, quando observados no
microscópio, apresentam-se como uma bola oca de células chamada
blastocisto, sem forma definida, em torno de meio milímetro, tamanho do
pingo do “i”. (Fig. 3).
Figura 3. Fotomigrografia de blastocisto que são as massas redondas e densas de células.
Fonte: www.portaldafamilia.org
A obtenção dos embriões pode ser via reprodução - fundindo esperma e
óvulo - ou por clonagem terapêutica, que consiste na produção de embriões,
para uso médico, sem que eles venham se tornar um bebê. (BELLINGHINI, 2005).
Pesquise:
- Como é realizado o descarte dos embriões, excedentes ou inviáveis, nas
clínicas de fertilização?
- na Lei de Biossegurança os requisitos necessários para o manejo de
Organismos Geneticamente Modificados – OGMs. (BRASIL, 2005).
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CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS (PLURIPOTENTES) X CÉLULASTRONCO ADULTAS (MULTIPOTENTES): QUAL DAS DUAS É MAIS
VANTAJOSO USAR?
Segundo Alexandra Vieira, doutoranda de Genética e Cardiologia Molecular
e monitora de pesquisa da Fundação Zerbini/Incor e outros os pesquisadores é
mais vantajoso usar as células-tronco embrionárias, em relação às células-tronco
adultas, pelos seguintes motivos:
• pode-se obter um maior número de tipos celulares;
• é mais fácil controlar o crescimento e a diferenciação;
• é muito maior a abundância, portanto, mais fácil de ser isolada;
• os cientistas podem utilizar os conhecimentos adquiridos nos estudos com
células-tronco embrionárias (pluripotentes) de animais e também podem
acelerar o desenvolvimento de técnicas para o uso de células-tronco
adultas. (VIEIRA, 2007).
Além dessas vantagens o interesse maior dos pesquisadores pelas
células-tronco embrionárias é pela capacidade que elas têm de se
transformar em qualquer tipo de tecido humano e pela sua auto-replicação. De
forma diferente, as células-tronco adultas já são diferenciadas e só
reproduzem células da sua própria linhagem, por exemplo: as células da mucosa
oral ao se reproduzirem dão origem somente a células da mucosa oral.
Por enquanto, a maior vantagem em se usar as células-tronco adultas
relaciona-se com o risco de rejeição que é muito baixo, pois, são retiradas do
próprio paciente. Mas essa técnica é limitada porque não serve para tratar
portadores de doenças genéticas (mais de 5 milhões de brasileiros), uma vez que
todas as células do paciente apresentam-se geneticamente modificadas, o que o
torna dependente de um doador. (ZATZ, 2007).
Para uma pessoa receber um transplante de órgão é necessário um doador
compatível, o que é extremamente difícil de ser encontrado.
- Na sua família, quantos estão inscritos no cadastro oficial de doadores de
órgãos?
- O que é um doador compatível?
- Explique porque pessoa que recebe um transplante de órgão precisa tomar
remédios para evitar a rejeição? Por quanto tempo?
- Existem critérios para a fila desses transplantes? Quais são eles? Discuta com
seus colegas se esses critérios são respeitados?
Para inscrever-se como um doador de órgãos e/ou tecidos, acesse o site
www.sespa.pa.gov.br/Educação/doacao_de_orgaos.htm, nele você encontra
informações sobre o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) e a Lei 9.434, de
04 de fevereiro de 1997, que regulamenta os transplantes no Brasil.
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•
É POSSÍVEL CULTIVAR CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS?
As células-tronco embrionárias são as células internas do blastocisto que
são retiradas e cultivadas em laboratório. Depois de intensas pesquisas no
mundo inteiro, existem no total menos de 150 linhagens de células-tronco,
porque o processo de criá-las é extremamente difícil. Apenas 22 linhagens estão
disponíveis para pesquisas financiadas por verbas federais nos EUA. (COOKSON
et al., 2005).
O cultivo em laboratório é realizado em placa de Petri, com solução de
células nutrizes, em condições especiais. Após as células se copiarem várias
vezes e se tornarem muito numerosas para a placa de Petri, são removidas e
colocadas em outras placas. Em alguns meses, várias células-tronco podem se
transformar em milhões de células-tronco. Células-tronco embrionárias
cultivadas por vários meses sem diferenciação são chamadas de células-tronco
linha. (Fig.4).
Figura 4. Esquema da técnica de cultivo de células-tronco “in vitro”.
Fonte: ESPINOSA, 2007. Disponível em: www.quadrante.com.br. (Adaptado por BUENO, R. de
S.M., 2007).
Para ver com detalhes o cultivo de células-tronco acesse
www.youtube.com e digite células-tronco no campo search (pesquisa), espere
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abrir e clique em células-tronco educativo.
Anteriormente, os pesquisadores cultivavam células-tronco em camadas ou
leitos de células da pele de camundongos, conhecidas como nutrizes ou
alimentadoras, e também já utilizaram o plasma sangüíneo de fetos de bezerros.
Infelizmente, componentes não-humanos trazem risco de contaminação por
proteínas ou patógenos animais, e quando as células-tronco embrionárias
contaminadas com essa proteína são expostas ao plasma sangüíneo humano,
são atacadas e mortas pelos anticorpos. Por esse motivo não podem ser usadas,
porque absorvem uma proteína animal e a carregam em sua superfície.
(COOKSON et al., 2005; SOARES, 2005).
- Por que os anticorpos atacam as células-tronco contaminadas?
- Qual a função dos anticorpos?
- Que órgãos fabricam os anticorpos?
- Cite exemplos de doenças auto-imunes e pesquise como elas podem ser
evitadas e tratadas.
Pelo fato de se diferenciarem em variados tecidos e órgãos humanos, as
células-tronco têm o potencial para tratar muitas doenças, como o diabetes, mal
de Parkinson, de Alzheirmer’s, terapia para o coração, doenças auto-imunes
(lúpus e esclerose múltipla), leucemia, perda de visão, queimaduras, ferimentos
na coluna vertebral, entre outros. Podem ser utilizadas também para testar
novos medicamentos, com maior eficácia e segurança.
A ciência que irá utilizar as células-tronco na saúde chama-se medicina
regenerativa. Quando são utilizadas para reparar células ou tecidos danificados
por doenças ou ferimentos, esse tratamento é conhecido como terapia celular
(terapia baseada em células). O exemplo mais conhecido é o transplante de
medula óssea para tratar leucemia e outras doenças do sangue. Nessa
terapia as células-tronco usadas são as unipotentes retiradas da medula óssea
do paciente ou do doador, manipuladas em laboratório. (COOKSON et al., 2005).
•
E O BRASIL, PARTICIPA DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-TRONCO?
O Brasil é um dos países que largou na frente na corrida pelos benefícios
proporcionados pelas células-tronco, ele ao lado da Alemanha, assumiu uma
posição de ponta na pesquisa do uso de células-tronco para tratar doenças do
coração (cardiopatias). O país iniciou em 2005, o Estudo Multicêntrico
Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias – EMRTCC, com quarenta
instituições participantes divididos em quatro unidades, sendo que cada uma
delas tratará de um tipo específico de cardiopatia. (BELLINGHINI, 2005).
Cada instituição atenderá 300 pacientes e sendo um tratamento
randomizado, ou seja, em que se escolhe aleatoriamente quem vai ou não usar o
medicamento testado, nesse caso as células-tronco, a metade receberá
tratamento convencional e placebo e os demais receberão remédios e terapia
com as células-tronco.
O procedimento baseia-se em um modelo chamado duplo-cego, no qual o
paciente e nem o médico sabe quem vai receber as células-tronco. Os
voluntários além de passar por exames que comprovem os requisitos
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necessários para o estudo, devem assinar um documento alegando estar de
acordo com o caráter aleatório de seleção dos compostos aplicado, placebo ou
células-tronco. Para que o médico não saiba o que está aplicando no paciente, as
seringas são opacas, para que não se perceba a coloração diferente das soluções
usadas. O sorteio do paciente é feito por um software, criado exclusivamente
para essa finalidade. Após um ano, do início do tratamento e de observação
regular, é que o paciente saberá qual tratamento foi utilizado.
Caso seja reconhecida a eficácia do tratamento, o paciente que recebeu
placebo poderá optar por receber a terapia com células-tronco, que estarão
armazenadas e identificadas. (BELLINGHINI, 2005; YANO, 2007).
DEBATE
O Estudo Multicêntrico Randomizado de Terapia Celular em Cardiopatias EMRTCC e outras instituições utilizam o procedimento duplo-cego nas
pesquisas. Discuta com seus colegas e professor:
- o que os pesquisadores esperam obter com esse procedimento?
- o que é e por que alguns pacientes recebem placebo?
Está previsto que os resultados do EMRTCC sairão em 2008, e com esse
estudo multicêntrico os pesquisadores esperam obter melhores dados sobre os
benefícios terapêuticos do uso de célula-tronco, segundo o biólogo Radovan
Borojevic da UFRJ, que junto do médico Hans Dohman, do Hospital Pró-cardíaco
de Laranjeiras, no Rio de Janeiro, coordenará os experimentos com vítimas de
infarto agudo. (http://portal.saude.gov.br/)
•
O BRASIL JÁ CONSEGUIU SUCESSO NO USO DE CÉLULAS-TRONCO?
Em 2003, após autorização do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa –
CONEP, Bartolomeu dos Santos Reis, foi o primeiro paciente chagásico do
mundo a ser tratado com células-tronco. A equipe médica do Hospital Santa
Izabel, da Santa Casa de Misericórdia da Bahia, liderados pelos médicos Gilson S.
Feitosa e Fábio Vilas-Boas, em colaboração como Centro de Pesquisa Gonçalo
Muniz da Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ da Bahia, retiraram células-tronco,
presentes na medula óssea, com uma seringa, que depois foi manipulada em
laboratório, posteriormente injetadas com um cateter pela artéria femural, na
virilha, até o coração. Todo o procedimento demorou cerca de quatro horas e o
paciente recebeu altos dois dias após o transplante de células-tronco.
Assim, o Brasil foi pioneiro no tratamento de pessoas com doença de
Chagas, onde hoje existem cerca de seis milhões de brasileiros contaminados e
ainda é uma ameaça em vários estados do país. Cerca de 30% dos pacientes
chagásicos desenvolvem inflamação crônica no coração e insuficiência cardíaca
grave, o que os levará a morte em dez anos. A média de sobrevida, para quem
tem cardiopatia chagásica crônica, sem um transplante, é de apenas um ano.
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SAIBA MAIS
Carlos Justiniano Ribeiro Chagas
Carlos Chagas, em seu laboratório no Instituto Oswaldo Cruz
Nascimento: 9 de julho de 1879 em Oliveira, Minas Gerais, Brasil
Falecimento: 8 de novembro de 1934 em Rio de Janeiro, Brasil
Nacionalidade:
Brasileiro
Ocupação: médico sanitarista, cientista e bacteriologista
Carlos Chagas trabalhou como clínico e pesquisador. Atuante na saúde
pública do Brasil, iniciou sua carreira no combate à malária, mas destacou-se
ao descobrir o protozoário Trypanosoma cruzi (uma homenagem ao seu amigo
Oswaldo Cruz) e por ser o primeiro e o único cientista na história da medicina
brasileira que descreveu completamente a doença que esse protozoário causa,
a tripanossomíase americana, conhecida popularmente com o seu nome,
doença de Chagas.
Foi diversas vezes laureado com prêmios de instituições do mundo
inteiro, sendo as principais como membro honorário da Academia Brasileira de
Medicina e doutor honoris causa da Universidade de Harvard e Universidade de
Paris. Também trabalhou no combate à leptospirose e às doenças venéreas,
além de ter sido o segundo diretor do Instituto Oswaldo Cruz.
Fonte: www.wikipedia.org.
Bartolomeu dos Santos Reis sabe que não está curado, o que ele teve foi
uma regressão da doença para os níveis menos grave, faz exames periódicos,
continua sob observação constante, tomando os remédios habituais e mostra-se
muito bem, apesar de viver com certas limitações impostas pela própria doença.
Na avaliação do médico imunologista Ricardo Ribeiro dos Santos,
responsável por uma rede de 11 instituições nacionais que estudam o uso de
células-tronco no tratamento de doença de Chagas, Reis foi o paciente que
melhor respondeu ao uso dessa técnica.
Dos 30 voluntários, com cardiopatia chagásica crônica, tratados com
células-tronco, entre 2003 e 2004, somente dois morreram devido a
complicações decorrentes da própria doença. Nos demais houve uma regressão
da doença, que se mantém estabilizada, proporcionando uma vida ativa e
normal. (PELOT; FERREIRA; MONTEIRO, 2005).
Outro exemplo bem sucedido, iniciado no Brasil em 2001, são as terapias
envolvendo voluntários diabéticos do tipo 1, que tomam injeções de insulina
diariamente. Dos sete pacientes tratados com células-tronco, cinco deles
pararam de tomar a insulina, um reduziu a dose pela metade e o outro não teve
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melhora nenhuma, de acordo com o médico Júlio César Voltarelli, da Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto. (PELOT; FERREIRA; MONTEIRO, 2005).
Para ver com detalhes procedimentos utilizando células-tronco parecidos com o
descrito, acesse www.incl.rj.saude.gov.br, espere abrir e clique em “galeria de
imagens”. Após ver as imagens, clique em “A pesquisa no INCL” e veja quais
hospitais no Paraná fazem parte desse estudo.
Expresse sua opinião:
- As células-tronco representam a solução para acabar com as doenças no
mundo?
- O uso desta tecnologia pode ser uma saída para os problemas que a medicina
atual enfrenta?
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OS PERIGOS NA UTILIZAÇÃO DAS CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS
Há décadas os cientistas desconfiam da associação das células-tronco com
o câncer. As duas tem uma grande capacidade de auto-renovação, sendo que as
células-tronco agem de forma controlada e as células cancerosas de forma
descontrolada. Os cientistas sabem, há pelo menos 50 anos, que apenas uma
reduzida e rara população de células de um tumor têm a capacidade de
comandar e de manter o crescimento do câncer. Se o tratamento não matar as
células-tronco do câncer, haverá uma recidiva. É por esse motivo que muitas
vezes um paciente tratado com quimio ou radioterapia, o tumor encolhe,
praticamente desaparece, mas após alguns anos, volta com força total, segundo
um trabalho de John E. Dirk, da Universidade de Toronto, no Canadá.
(BELLINGHINI, 2005; SOARES, 2005; CLARKE; BECKER, 2006).
Outro temor dos cientistas é como controlar a diferenciação das célulastronco embrionárias, como comandá-las uma vez injetadas no paciente, para que
se transformem no tecido ou órgão necessário. (ZATZ, 2007; ABREU; ALMEIDA,
2006).
- Pesquise nos hospitais da cidade qual deles faz quimioterapia ou radioterapia.
- Entreviste um médico sobre os efeitos colaterais desses procedimentos.
Saiba mais sobre os tipos de câncer, os seus tratamentos e como é possível
colaborar acessando o site www.erastogaertner.com.br/.
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QUESTÕES ÉTICAS: CIÊNCIAS X RELIGIÃO
Nenhuma outra terapia suscitou tantos debates quanto à utilização das
células-tronco embrionárias, que está dividindo as comunidades científicas e
religiosas do mundo inteiro. A polêmica é: quando a vida começa?
Entre os cientistas, religiosos e a sociedade em geral, não existe um
consenso. Para alguns a vida começa no momento da fecundação, para outros
no momento em que o embrião se aloja no útero ou quando o feto tem condições
de viver fora do útero materno. (FERNANDES; REHEN, 2006).
O consenso que existe para a sociedade em geral é de quando a vida
termina. Ela termina quando cessa a atividade cerebral e a vida é apenas
vegetativa. É nesse momento em que muitas famílias, num ato louvável,
autorizam a retirada de órgãos para transplante, e devido a esse consenso, é
que alguns paises autorizam pesquisa com células-tronco embrionárias com até
14 dias de idade, nessa fase não existe o menor traço de sistema nervoso no
embrião. (www.mulheresdeolho.org.br; ZATZ, 2007).
Os paises que se posicionam contra o uso de células-tronco embrionárias
alegam que a vida deve ser respeitada em todas as etapas do desenvolvimento
e que não é possível saber em qual época a vida humana tem mais valor, se é no
estágio de embrião, ou no adulto ou no estágio terminal. Mesmo que o embrião
tenha apenas quatro ou cinco células, com potencial de vida baixíssimo, alguns
líderes religiosos dizem que destruí-los é o mesmo que tirar uma vida humana.
ENTREVISTA
(Opinião da Dra Mayana Zatz, coordenadora do Centro de Estudos do Genoma Humano,
presidente da Associação Brasileira de Distrofia Muscular e membro da Academia Brasileira de
Ciências, em entrevista ao Dr. Drauzio Varela)
“Drauzio” – Você não acha que os indivíduos que se opõem a esse tipo de
pesquisa em nome de uma pretensa defesa da integridade da vida, na verdade
estão agindo contra a vida porque impede que pessoas, estas sim vivas,
tenham condições de defender-se de doenças gravíssimas, [distrofia muscular]
como essa a que você se referiu?
Mayana Zatz – Sem dúvida. Quem proíbe esse tipo de pesquisa é contra a
vida. Eu queria ver se alguém com o filho na cadeira de rodas, sabendo que ele
está condenado, teriam a coragem de olhar nos olhos dessa criança e dizer:
“Olha, o embrião congelado é mais importante do que a tua vida!”. Por isso,
defendo que é preciso ouvir as pessoas portadoras dessas doenças, porque
representam um drama enorme que a população desconhece. Quando se fala
em tratamento, em geral se pensa em Parkinson e Alzheimer, doenças
extremamente importantes, mas que acometem pessoas mais velhas. Os
dramas maiores enfrentam as crianças e jovens que estão morrendo e das
quais se está tirando à única esperança de tratamento.
(VARELLA, 2007). Fonte: http://drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/celulastronco.asp
Organize um debate com os colegas sobre a ética em pesquisas biológicas.
A ciência é complexa e a dimensão ética é mais ainda. Há anos, as
pesquisa com células-tronco é alvo de intensas batalhas políticas e éticas.
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Todos conhecem alguém que um dia poderá se beneficiar com esse
procedimento, mas os aspectos legais e éticos que ainda cercam essa terapia
permanecem sem solução.
É hora de promover um amplo debate social para resolver as questões
sobre a utilização das células-tronco embrionárias, até que ponto as pesquisa
podem prosseguir sem ferir a ética, sobre os direitos de crianças e pessoas, que
estão na fila por um transplante, de terem uma esperança a mais com essa
terapia.
Esse posicionamento tem sua importância corrobada quando o teólogo
Leonardo Boff (2003) afirma: “Vivemos em meio à crise”. Precisamos mudar
nossas atitudes, rever nossos valores, “fazer um pacto ético”.
Os cientistas, enquanto esperam que sejam resolvidas essas questões,
tentam achar medidas para contornar as objeções éticas.
Se você ou alguém da sua família necessitasse de um transplante.
Qual sua atitude?
- Esperaria na fila por um transplante de órgãos?
- Utilizaria terapias envolvendo células-tronco?
Diante dessas hipóteses, faça uma discussão em plenária a respeito dos
avanços da medicina no tratamento de doenças graves.
REFERÊNCIAS
ABREU, J. G.; ALMEIDA; K. L. Reprogramação celular. Ciência Hoje. São Paulo,
v. 38, nº 225, p. 26-31, abr. 2006.
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São Paulo, ano 4, nº 39, p.80, ago. 2005.
BOFF, L. Carta da Terra: um consenso mínimo entre os humanos. In: III FÓRUM SOCIAL
MUNDIAL, 2003. Anais... Porto Alegre: BIOÉTICA, 2003. no 337, p. 4 - 5, jun. 2003.
BRASIL. Lei nº 11.105, de 24 de março de 2005. Regulamenta os incisos II, IV e V do § 1º
do art. 225 da Constituição Federal, estabelece normas de segurança e mecanismos de
fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados - OGM
e seus derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança - CNBS, reestrutura a
Comissão Técnica Nacional de Biossegurança - CTNBio, dispõe sobre a Política Nacional
de Biossegurança - PNB, revoga a Lei nº 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida
Provisória nº 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5º, 6º, 7º, 8º, 9º, 10 e 16 da
Lei nº 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Diário Oficial da
União, Brasília, DF, 28 mar. 2005 – Seção 1.
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12
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<www.
drauziovarella.ig.com.br/entrevistas/celulastronco.asp>. Acesso em: 20 set. 2007.
VIEIRA, A. Células-tronco. Disponível em:
www.cib.org.br/apresentacao/cel_tronco_ppt_alexandra.pdf>. Acesso em: 20 set. 2007.
ZATZ, M. Células-tronco. Disponível em: <www.genoma.ib.usp.br.> Acesso em: 25 set.
2007.
____. Células-tronco: a esperança de cura para milhões de pessoas. Discutindo
Ciências. São Paulo, v.1, nº 1, p. 53-54. [20--].
Parecer do Material Didático Professor Validador - 2008
13
Identificação
- Nome do Professor PDE Validador - Célia de Oliveira Pimentel
- Área/Disciplina – Língua Portuguesa
- RG: 5373058-2
- Fone: (42) 3233-1950
PARECER CONCLUSIVO:
Após a análise do Material Didático, o Folhas, cujo título: “Implicações do Avanço da
Biologia no Fenômeno da Vida, constatou-se que o mesmo está coerente com a área de
atuação do professor e com o objeto de estudo proposto.
A viabilidade da execução do Trabalho apresentado, bem como a execução das
atividades propostas está muito coerente com o público a que se destina, com questões
altamente intrigantes, fazendo com que o educando sinta-se motivado a pesquisar mais
sobre o assunto, aliás, tema atualíssimo o que contribuirá com o seu êxito do mesmo.
Identificação
-Nome do Professor PDE Validador: Mariana Apª Domingues de Macedo
- Área/Disciplina: Filosofia/ Sociologia.
- RG: 2220135-2
- Fone: 32331233
PARECER CONCLUSIVO:
CÉLULAS-TRONCO: ESPERANÇA DE CURA OU A FALÁCIA DO SÉC. XXI?
A questão problematizadora está relacionada com o conteúdo proposto e tem
uma linguagem adequada para o aluno de Ensino Médio.
Escrito de maneira clara, o texto facilita a compreensão do aluno, trazendo
diversas possibilidades de questionamentos sobre um tema atual e polêmico, que é a
Ética nas pesquisas científicas, assunto que interessa ao adolescente porque são
contemporâneos. E está totalmente relacionado ao Conteúdo Estruturante Ética
das
Diretrizes Curriculares-SEED-2006 da disciplina de Filosofia.
As atividades propostas estão relacionadas com o tema e propiciam uma gama de
reflexões. São desafiadoras e desvendam questões que passam despercebidas no nosso
dia-a-dia. Foram distribuídas de maneira coerente a cada disciplina e com uma
linguagem de fácil compreensão.
A reflexão sobre a “vida” não é importante somente quando falamos em células
tronco, mas é fundamental nesse momento, onde o homem faz maravilhas no campo da
ciência, mas também produz a fome, a violência, o terrorismo, o racismo, o abandono,
etc.
- Nome do Professor PDE Validador - Alfredo Francisco Pliessnig
- Área/Disciplina – Biologia
- RG- 781358-9
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- Fone- (42)9922-8924
PARECER CONCLUSIVO:
Células-Tronco: Esperança de cura ou a falácia do século XXI?
O problema está relacionado ao conteúdo abordado no Folhas, cujo assunto é atual e
desperta o interesse dos alunos. O desenvolvimento do Folhas permite que o aluno seja
capaz de compreender e posicionar-se em relação à algumas questões sobre o tema. A
interdisciplinaridade está clara e o grau de aprofundamento do tema adequado para a
série proposta. A linguagem permite uma boa compreensão e desperta o interesse pela
leitura.
Não há erros conceituais nem indicadores de qualquer tipo de preconceitos.
As atividades estão bem distribuídas e colaboram para o entusiasmo na leitura do
Folhas e permitem a aquisição de conhecimentos que permitirão a reflexão e resolução
do problema proposto.
As referências presentes no texto estão devidamente registradas.
Sou de parecer favorável por considerar que este Folhas tem como referência as
Diretrizes Curriculares do Ensino Médio e os Conteúdos Estruturantes da disciplina de
Biologia e aborda um tema relevante
e contemporâneo, o que pode enriquecer o processo de aprendizagem.
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