DISCURSO PROFERIDO PELO DEPUTADO GIVALDO CARIMBÃO (PSB/AL), NA SESSÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS DO DIA ..../...../...... Senhor Presidente Senhoras e Senhores Deputados, A CNBB , através do Instituto Nacional da Pastoral (INP), promoveu em Brasília, no Centro de Convenções Israel Pinheiro, no último final de semana, precisamente nos dias 3, 4 e 5, o Seminário DIGNIDADE DA VIDA HUMANA E AS BIOTECNOLOGIAS, ao qual tive a honra participar. Fui acompanhado de minha esposa, Decelis Gouveia, dos padres Manoel Henrique e José Francisco Falcão, da Diocese de Palmeira dos Índios e Marcos Antônio Alves de Lima, da Arquidiocese de Maceió, de meu Estado, Alagoas. Considero que foi extremamente gratificante participar desse importante e providencial evento, que buscou primordialmente a reflexão sobre a utilização de embriões humanos nas pesquisas científicas, comumente conhecido por células-tronco embrionárias. a Esse evento redundou em enorme sucesso e contou com participação de personalidades, entre médicos, parlamentares, juristas e integrantes da pastoral da saúde. Essa presença considerável de vários segmentos da sociedade só veio corroborar a importância do tema, não só para nós católicos, que entendemos a vida como o bem mais precioso e de valor imensurável, mas para toda a humanidade que se vê neste momento diante de um dilema que só ela é capaz de solucionar: a vida humana. Nós católicos, senhor Presidente, não somos contra o desenvolvimento científico, muito pelo contrário, acreditamos que as conquistas científicas mais recentes, em especial as da ciências genéticas, têm sido consideráveis e que iluminados por Deus os cientistas estão avançando de forma surpreendente rumo às novas descobertas que trarão novo alento para a cura de diversas doenças que afligem a raça humana. O que não concebemos é que para a pesquisa de células-tronco embrionárias haja a destruição do óvulo já fecundado, o embrião, que representa para todos nós uma vida em formação. E não tem cabimento as discussões sobre o momento em que este embrião se torna de fato uma vida humana. Para nós esse momento se dá após a fecundação e é impotente qualquer outra argumentação que busque definir prazo para que isso aconteça. Uns dizem que são dez dias após, outros que após cinco dias (blastocisto). Acreditamos que a vida começa com a fecundação. Aqueles que tentam minimizar a importância dos embriões humanos com a justificativa de que se trata de um minúsculo organismo, se esquecem de que um das mais promissoras descobertas da ciência na atualidade e que promete grandes avanços, é exatamente a nanotecnologia, ou seja, a ciência que busca criar novos materiais e desenvolver novos produtos e processos baseados na capacidade cada vez mais crescente da moderna tecnologia de manipular moléculas e átomos. É um contra-senso portanto desenvolver uma tecnologia microscópica e em contrapartida menosprezar a importância de um embrião humano levando em consideração a sua pequena dimensão. Nosso intuito, senhoras e senhores Deputados, não é impedir ou contestar o desenvolvimento científico. O desenvolvimento de células-tronco maduras, retiradas por exemplo da medula óssea ou do cordão umbilical, serão sempre bem vindas, mas a célula-tronco embrionária, cuja utilização implica na destruição do embrião, é moral e eticamente inaceitável, e pode ser considerado um atentado contra a vida. Nossos princípios cristãos não podem compactuar com tamanha monstruosidade. O desenvolvimento científico prescinde desses obscuros mecanismos para atingir os seus objetivos. As pesquisas demonstram que há alternativas concretas e com resultados positivos na utilização de células-tronco maduras. Insistir na utilização de células-tronco embrionárias é ferir a dignidade humana, que não pode ficar à deriva da pretensa onipotência de considerável parcela da comunidade científica acredita dispor. Há críticas ferrenhas contra as posições adotadas pela Igreja, mas quero ressaltar que existem equívocos que precisam ser sanados, principalmente quando somos colocados como atrasados e contrários ao desenvolvimento científico. Uma grande contribuição à nossa causa está sendo dada pelo Procurador-Geral da República, Doutor Cláudio Fontelles, que acaba de ajuizar Ação Direta de Inconstitucionalidade no STF, contra o dispositivo da Lei de Biossegurança que autoriza pesquisas com células-tronco. Isso só vem reforçar as nossas convicções de que essa permissão não fere apenas os princípios morais e religiosos, mas também está eivado de ilegalidade ao atentar contra o princípio constitucional da inviolabilidade da vida humana. Quero congratular-me com a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, pela importante iniciativa de promover um seminário com tão importante tema. Religião e ciência não podem trilhar caminhos opostos, pois ambas são fundamentais para que a sociedade conheça os seus limites e busque sempre, respeitados os princípios éticos e morais, novas conquistas para o bem da humanidade. Era o que tinha a dizer, Senhor Presidente. Sala das Sessões, em de junho de 2005. Deputado GIVALDO CARIMBÃO PSB/AL