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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESPECIALIZAÇÃO EM TREINAMENTO
ESPORTIVO
VALDOMIRO ANDRÉ VAZ FRANCO
O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA
PREVENÇÃO DAS DEFORMIDADES E LESÕES MÚSCULOESQUELÉTICAS SECUNDÁRIAS AO ENCURTAMENTO DA
MUSCULATURA ISQUIOTIBIAL
CRICIÚMA, JULHO DE 2005
1
VALDOMIRO ANDRÉ VAZ FRANCO
O PAPEL DO PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA NA
PREVENÇÃO DAS DEFORMIDADES E LESÕES MÚSCULOESQUELÉTICAS SECUNDÁRIAS AO ENCURTAMENTO DA
MUSCULATURA ISQUIOTIBIAL.
Monografia apresentada para a obtenção do
grau de Especialista em Treinamento Esportivo
da Universidade do Extremo Sul Catarinense UNESC.
Orientador Técnico: Prof. Marcelo Emílio Beirão
CRICIÚMA, JULHO DE 2005
2
TERMO DE APROVAÇÃO
BANCA EXAMINADORA
Presidente:______________________________________________
1° ( ª ) Examinador (a):_____________________________________
2° ( ª ) Examinador (a):_____________________________________
DEDICATÓRIA
Este trabalho é dedicado a meus pais, Valdomiro e
Natália, ao meu irmão Tales e a minha tia Nésia, pelo
incentivo, confiança e amor incondicional.
A minha namorada Aline pelo amor e apoio.
A todos os Educadores Físicos que se dedicam à área
esportiva.
4
AGRADECIMENTOS
Muitas foram as pessoas que contribuíram para a realização deste
trabalho:
A Deus, pai onipotente que nos deu o dom da vida.
Aos meus pais Valdomiro Vaz Franco e Natália Alegre Vaz Franco que
dedicaram suas vidas para me educar e amar.
Ao meu irmão Tales Vinícius Vaz Franco pelo incentivo.
A minha namorada Aline Muller da Silva pelo apoio.
Aos meus colegas de curso, que com suas contribuições enriqueceram e
alegraram os nossos encontros.
Ao professor Marcelo Emílio Beirão, orientador deste trabalho.
A todos os professores que passaram pelas mais diversas disciplinas
neste período de estudos.
A minha amiga Juliana Fortuna pelas sugestões e auxílio na correção da
língua portuguesa.
A Tatiane Gomes Nazário pelo auxílio na metodologia.
Ao meu amigo Wladimir Albertino da Silva pela ajuda na formatação.
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Lá está o futuro,
Não sabemos o que nos espera,
Que surpresas estão por vir.
Não adianta pensar
Nem se preocupar...
Você não pode resolver o que não aconteceu.
Por isso viva o aqui e o agora, faça as coisas
acontecerem já.
O futuro se faz hoje...
O passado já foi!
Não se prenda as coisas
Que já não existem e que não
mais voltarão.
O passado é bom como referência.
Assim cada dia
Será uma aventura, um desafio,
Uma experiência
Que sempre valerá a pena viver. Nuno Cobra
A Semente da Vitória
48° edição editora SENAC São Paulo 2000
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RESUMO
O trabalho realizado visa enfatizar o papel do profissional de Educação Física na
prevenção de uma série de lesões do aparelho locomotor. É feita uma abordagem
da anatomia das regiões envolvidas direta ou indiretamente pelo encurtamento da
musculatura isquiotibial, bem como uma análise das lesões dele decorrentes e da
prevenção, obtida pelo bom condicionamento deste grupo muscular.
PALAVRAS-CHAVE: Isquiotibiais, encurtamento, lesões
ABSTRACT
The accomplished work seeks to emphasize the physical education professional's
paper in the prevention of a series of lesions of the locomotive apparel. It is made an
approach of the anatomy of the areas involved direct or indirectly for the shortening
of the isquiotibial musculature, as well as an analysis of the lesions of him current
and of the prevention, obtained by the good conditioning of this muscular group.
Key Words: Isquiotibiais, shortening, lesions
LISTA DE SIGLAS
LCM – Ligamento colateral medial........................................................................ 14
LCL – Ligamento colateral lateral......................................................................... 14
LCA – Ligamento cruzado anterior....................................................................... 14
LCP – Ligamento cruzado posterior...................................................................... 14
DMT – Dolorimento muscular tardio..................................................................... 37
FM – Fadiga muscular.......................................................................................... 37
EPE – Elevação com a perna estendida............................................................... 41
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Vistas posteriores dos músculos do quadril e da coxa........................ 20
Figura 2: Teste Sentar e Alcançar....................................................................... 38
Figura 3: Auto-alongamento dos músculos Isquiotibiais...................................... 42
Figura 4: Auto-alongamento dos músculos Isquiotibiais com o auxílio do
tronco.................................................................................................................... 42
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 : Lesões musculares do Desportista.................................................... 35
11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................12
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................14
2.1 Anatomia do Joelho.............................................................................................14
2.2 Meniscos .............................................................................................................16
2.3 Ligamentos..........................................................................................................17
2.4 Músculos .............................................................................................................18
2.4.1 Músculos da Região Posterior da Coxa (Isquiotibiais) ................................................... 18
2.4.2 Quadríceps .......................................................................................................................21
2.5 Patologias............................................................................................................22
2.5.1 Síndrome da Hiperpressão Patelar (Estresse Patelar)......................................................23
2.5.2 Instabilidade Femoropatelar ............................................................................................23
2.5.3 Condromalácia Patelar..................................................................................................... 24
2.5.4 Síndrome da Plica............................................................................................................ 25
2.5.5 Doença de Osgood-Schlatter (Osteocondrose da Tuberosidade Tibial)..........................26
2.5.6 Algias Vertebrais .............................................................................................................28
2.5.6.1 Lombalgia Mecânica ....................................................................................................31
2.5.6.2 Lombalgia Discogênica ................................................................................................31
2.5.6.3 Espondilólise ................................................................................................................32
2.5.6.4 Espondilolistese ............................................................................................................33
2.5.7 Lesões Musculares........................................................................................................... 34
2.6. Encurtamento .....................................................................................................36
2.7 Alongamento .......................................................................................................39
CONCLUSÃO ...........................................................................................................43
REFERÊNCIAS.........................................................................................................45
12
1 INTRODUÇÃO
Uma mudança no estilo de vida da sociedade coloca a Educação Física
em evidência, como um elemento essencial para a educação, saúde e para manter a
qualidade de vida. Por sua importância no bem estar da população, a prática
esportiva formal e não formal é um direito do cidadão expresso no art. 217 da
Constituição Federal.
A atividade física é hoje considerada como um meio educativo, porque
abrange o ser na sua totalidade é o elemento da educação que utiliza, de maneira
sistemática, a influência dos agentes naturais como o ar o sol e a água como meios
específicos. São três os objetivos particulares da Educação Física:
1. A busca e a manutenção de um corpo equilibrado, apto a resistir aos
diversos ataques do meio físico e social;
2. O desenvolvimento da aptidão geral para a ação pelo treinamento das
qualidades perceptivas e motoras do domínio de si e da faculdade de
julgamento correto da situação;
3. Afirmação dos valores morais e particulares como a lealdade, a
vontade, a força de caráter e o amor ao esforço.
O tema do presente estudo é o papel do profissional de Educação Física
na prevenção das deformidades músculo-esquelética, secundárias ao encurtamento
da musculatura isquiotibial.
O objetivo geral da pesquisa é verificar qual o papel do profissional de
Educação Física na prevenção do encurtamento da musculatura isquiotibial.
13
O objeto de estudo é definir qual o papel do profissional da Educação
Física na prevenção das deformidades e lesões do membro inferior, secundárias ao
encurtamento da musculatura isquiotibial.
O tipo de pesquisa será uma revisão bibliográfica.
A primeira parte do estudo apresenta uma revisão anatômica e
biomecânica do joelho, região lombar e dos músculos envolvidos nos processos de
encurtamentos relacionados no presente trabalho.
As principais patologias associadas ao encurtamento da musculatura
isquiotibial são as síndromes rotulianas, as apofisites peri-patelares, as algias
vertebrais e as lesões musculares.
O presente estudo trás por último algumas reflexões sobre o papel do
profissional de Educação Física nas prevenções do encurtamento da musculatura
isquiotibial e suas relações com as patologias relacionadas acima.
14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Anatomia do Joelho
Conforme Kapandji (1990), o joelho a articulação intermediária do membro
inferior. É uma articulação com um grau de liberdade que permite aproximar ou
afastar mais ou menos a extremidade do membro de sua raiz, ou, o que é a mesma
coisa, controlar a distância do corpo em relação ao solo. O joelho trabalha
essencialmente em compressão, sob a ação da gravidade e acessoriamente
comporta um segundo grau de movimento, a rotação, que só aparece quando o
joelho está fletido.
Segundo Barros & Guerra (2004), a anatomia do joelho é composta por
uma série de estruturas anatômicas que funcionam integradas produzindo
movimentos estáveis e multiplanares. Assim, a estabilidade funcional é mantida em
movimentos de diferentes graus de complexidade para diferentes tipos de demanda
física, como caminhar correr, driblar, chutar e saltar.
Observada sob o ângulo mecânico, a articulação do joelho é
surpreendente, pois ela deve conciliar dois imperativos contraditórios:
possuir uma grande estabilidade em extensão completa, posição na qual o
joelho sofre importantes esforços devidos ao peso do corpo e ao
comprimento dos braços de alavanca: adquirir uma grande mobilidade a
partir de um certo ângulo de flexão, mobilidade esta necessária à corrida e
a orientação adequada do pé em relação às desigualdades do terreno.
(KAPANDJI, 1990, p.74).
De acordo com Peterson & Renström (2002), o joelho é estabilizado por
quatro fortes ligamentos: o ligamento colateral medial (LCM), o ligamento colateral
(LCL), o ligamento cruzado anterior (LCA) e o ligamento cruzado posterior (LCP). O
LCM e LCL evitam a movimentação látero-lateral, enquanto o LCA e o LCP limitam a
15
movimentação anormal ântero-posterior sendo que lesões por torção que causam
forças excessivas sobre esses ligamentos podem rompê-los. Com freqüência, o
LCM e o LCA são lesados simultaneamente.
A cápsula articular é um prolongamento fibroso tenso que vai da parte
inferior do fêmur à parte superior da tíbia, circundando a articulação
femorotibial. Apresenta uma depressão na parte posterior e é interrompida
na frente pela rótula, pela qual é envolvida, deixando a ponta distal extraarticular. Os limites da cápsula são feitos superiormente pelo fundo de saco
subquadriciptal e lateralmente pelos fundos de saco laterais rotulianos. A
cápsula é atapetada pela membrana sinovial na sua face profunda até os
pontos em que a cápsula se insere diretamente no osso. A sinovial do
joelho é a mais forte de todas as sinoviais articulares. Podemos separá-las
em três diferentes espaços de deslizamento fundamentais à articulação:
fundo de saco subquadriciptal, fundos de saco peri e laterorrotulianos e
subrotuliano (ligamento adiposo). (POZZI & KONKEWICZ apud HERBERT
et al, 2003, p.449).
Conforme Prentice (2002), o joelho faz parte de uma cadeia cinética e é
diretamente afetado pelos movimentos e forças que ocorrem no pé, no tornozelo e
na perna. Essas forças e movimentos são transmitidos dessas articulações para o
joelho, que por sua vez, deve transmitir forças para a coxa, o quadril, a pelve e a
coluna. As forças anormais, que não podem ser distribuídas, devem ser absorvidas
pelos tecidos. Na cadeia cinética fechada, as forças devem ser transmitidas para os
segmentos proximais ou devem ser absorvidas por uma articulação mais distal.
Segundo o mesmo autor, a rotação axial da tíbia sobre o fêmur é um
elemento importante para o movimento do joelho. Durante o mecanismo de “reencaixe” do joelho, a tíbia roda externamente à medida que o joelho extende. A
rotação ocorre porque o côndilo femoral medial é maior do que o lateral e assim
sendo, durante a sustentação de peso, a tíbia deve rodar externamente para atingir
a extensão total proporcionando estabilidade para o joelho em extensão total.
Durante a sustentação do peso, o músculo poplíteo contrai gerando uma rotação
externa do fêmur, a fim de “destravar” o joelho para que a flexão possa ocorrer.
16
2.2 Meniscos
De acordo com Herbert et al (1998), o menisco é uma estrutura
fibrocartilaginosa, que possui uma arquitetura variada de fibras colágenas que
representam um papel importante na sua função mecânica, pois são essenciais na
transmissão e absorção de forças, na estabilização do joelho, na proteção das
superfícies ósseas articulares, na lubrificação articular, entre outras.
Segundo Prentice (2002), os meniscos medial e lateral atuam para
melhorar a estabilidade do joelho, para aumentar a absorção de impacto e para
distribuir o peso sobre uma área de superfície maior. Os meniscos ajudam a
estabilizar o joelho, especialmente o menisco medial, quando o joelho está fletido a
90 graus. Os meniscos transmitem metade da força de contato no compartimento
medial e uma porcentagem ainda mais elevada de carga de contato no
compartimento lateral.
O menisco medial é fixado à cápsula articular em toda sua extensão, sendo
parte do complexo ligamentar medial. Ao nível do corno posterior, inseremse o ligamento oblíquo posterior e o tendão do semimenbranoso.O menisco
lateral não se fixa completamente na cápsula articular, devido a presença
do hiato poplíteo, por onde passa o tendão do poplíteo. Essa característica
anatômica contribui para maior mobilidade do menisco lateral, em relação
ao medial. (Barros & Guerra, 2004, p.105).
De acordo com Prentice (2002), durante a flexão, os meniscos movem-se
no sentido posterior e, durante a extensão, movem-se no sentido anterior,
basicamente em virtude das inserções do menisco medial ao semimembranoso e do
menisco lateral ao tendão poplíteo. Durante a rotação interna, o menisco medial
move-se no sentido anterior em relação ao platô tibial medial, e o menisco lateral
movem-se no sentido posterior em relação ao platô tibial lateral. Na rotação interna,
os movimentos são invertidos.
17
2.3 Ligamentos
Os ligamentos são estruturas de colágenos que têm a função de restringir
movimentos articulares e anormais.
O ligamento cruzado anterior (LCA) é chamado desse modo pela sua
disposição anatômica, já que cruza o centro do joelho, com orientação
anterior do fêmur para tíbia. É uma estrutura intra-articular e extra-sinovial
que se origina na porção súpero-póstero-medial do côndilo femoral lateral e
orienta-se obliquamente, no intercôndilo femoral, fixando-se numa região
exatamente posterior e lateral ao corno anterior do menisco medial.
(BARROS & GUERRA, 2004, p.108).
Segundo Prentice (2002), o ligamento cruzado anterior limita o
deslizamento posterior do fêmur durante a sustentação do peso, estabiliza o joelho
na extensão total e evita a hiperextensão. Também limita a rotação interna excessiva
da tíbia e serve como estabilizador secundário do joelho na presença de estresse
em valgo ou varo com danos ao ligamento colateral. O ligamento cruzado anterior
atua juntamente com os músculos da coxa, especialmente os isquiotibiais, a fim de
estabilizar a articulação do joelho.
O ligamento cruzado posterior (LCP) tem origem na face interna do côndilo
femoral medial, dirigindo-se no sentido distal, lateral e posterior, até a sua
inserção na face posterior da tíbia. Esse ligamento divíde-se em dois
feixes, ficando o ântero-lateral tenso em flexão, enquanto o póstero-medial
tensiona-se quando o joelho está em extensão. É o maior restritor da
translação posterior da tíbia e restritor secundário da rotação tibial externa,
principalmente aos 90° de flexão. (BARROS & GUERRA, 2004, p.109).
De acordo com Prentice (2002), uma parte do ligamento cruzado posterior
se mantém tensa ao longo de toda a amplitude de movimento. À medida que o
fêmur desliza sobre a tíbia, o ligamento cruzado posterior torna-se tenso e evita
deslizamentos excessivos. De um modo geral, o ligamento cruzado posterior evita a
rotação interna excessiva. A hiperextensão do joelho orienta o joelho na flexão e
atua como um obstáculo durante a fase de deslizamento inicial da flexão.
18
Conforme Herbert et al (1998), durante a flexão, o LCA enrola-se sobre o
LCP. Apenas a inserção tibial do LCA encontra-se à frente do eixo de flexão do
joelho, estando as demais inserções posteriores a esse eixo. A porção ântero-medial
do LCA tensiona-se desde os primeiros graus de flexão, enquanto a porção anterior
do LCP o faz a partir dos 30 graus de flexão. O LCA estabiliza a tíbia anteriormente,
principalmente em extensão, e o LCP estabiliza a tíbia posteriormente em flexão.
O ligamento colateral medial (LCM) possui duas camadas, a superficial e a
profunda. A superficial (ligamento colateral superficial) atua como restritor
primário dos deslocamentos em valgo e rotação tibial interna. O feixe
profundo é composto pelo 1/3 central da cápsula articular, com suas
porções menisco femoral, menisco-capsular e menisco-tibial, participando
de forma efetiva da estabilidade do menisco medial.
O ligamento colateral lateral (LCL) insere-se no epicôndilo lateral,
estendendo-se até a cabeça da fíbula. Atua como restritor primário das
forças em varo. O LCL em associação com outras importantes, como o
complexo arqueado, tendão do poplíteo e ligamento fabelo-fibular, formam
o complexo ligamentar lateral. (BARROS & GUERRA, 2004. p.109).
2.4 Músculos
Conforme
Guyton
(2001),
o
tecido
músculo-esquelético
constitui,
aproximadamente, 45% do peso corporal e é o maior sistema orgânico do ser
humano, sendo um importante tecido na homeostasia bioenergética, tanto em
repouso como em exercício. Representa o principal local de transformação e de
armazenamento de energia, sendo o destino final dos sistemas de suporte primários
envolvidos no exercício, como o cardiovascular e o pulmonar.
2.4.1 Músculos da Região Posterior da Coxa (Isquiotibiais)
Segundo Castro (1995), na região posterior são encontrados 3 músculos;
um deles se situa lateralmente e os outros dois medialmente. O lateral é bíceps da
19
coxa, cujo tendão inferior pode ser facilmente palpado no indivíduo vivo, quando se
está sentado, com a perna em semiflexão. Os mediais são o semitendíneo e o
semimenbranáceo. Os 3 superiormente têm origem no túber isquiádico.
Segundo Gardner (1985), os isquiotibiais com exceção da porção curta do
bíceps, que é inervada pela porção fibular do nervo isquiático, são inervados pela
porção tibial do mesmo nervo e cruzam duas junturas. Em conjunto, são conhecidos
como músculos do jarrete. Ainda de acordo com o mesmo autor os músculos do
jarrete cruzam as junturas do quadril e do joelho. Constituem-se nos principais
extensores da coxa e flexores da perna, especialmente durante a marcha. Quando a
perna e a coxa estão fixas, eles podem estender o tronco.
O semitendíneo nasce juntamente com a porção longa do bíceps. Na
porção média da coxa, seu ventre dá lugar a um longo tendão arredondado,
que é palpável e visível como um dos limites mediais da fossa poplítea.
(GARDNER, 1985, p.209).
Conforme Castro (1995), o bíceps da coxa ou bíceps crural, como o nome
indica, é um músculo constituído por dois ventres e duas porções, uma longa e outra
curta. Superiormente, a longa porção do bíceps prende-se no túber isquiático,
enquanto a curta porção se fixa na linha áspera do fêmur. Para baixo os dois ventres
se unem para constituir um tendão cilíndrico que vai se inserir na cabeça da fíbula.
De acordo com o mesmo autor, o semitendíneo para cima prende-se no
túber isquiático juntamente com a longa porção do bíceps, enquanto para baixo vai à
extremidade superior da face medial da tíbia, onde se insere juntamente com o grácil
e o sartório para constituir a “pata de ganso”. Somente a metade superior deste
músculo é carnosa, unindo-se até certo ponto com a longa porção do bíceps, ao
passo que a porção inferior é tendínea, daí se originando sua denominação
semitendíneo.
20
De acordo com Gardner (1985), o semimembranáceo nasce por um
tendão achatado, principalmente na faceta lateral do túber isquiádico e, também, da
porção contígua do ramo do ísquio. Esse tendão se torna muscular na parte superior
da coxa: o tendão de inserção começa aproximadamente, no meio da coxa e
consiste de porções superficial e profunda.
Figura 1: Vistas posteriores dos músculos do quadril e da coxa
Fonte: Atlas de Anatomia Netter, 1998
21
2.4.2 Quadríceps
Segundo Barros & Guerra (2004), o aparelho extensor é constituído pelo
músculo quadríceps e sua porção tendinosa, a patela, o retináculo medial e lateral, o
tendão patelar e o tubérculo anterior da tíbia.
Conforme Smith et al., (1997, apud HAMIL & KNUTZEN, 1999), o grupo de
músculos quadríceps da coxa estende o joelho e consiste em quatro músculos: reto
da coxa, vasto lateral, vasto medial e vasto intermédio. Estes quatro músculos
formam uma única fixação distal forte na patela, cápsula do joelho e superfície
proximal anterior da tíbia.
O quadríceps é formado pelos músculos reto-femoral, vasto lateral, vasto
medial e vasto intermédio, que se fixam distalmente no pólo inferior da
patela. As fibras tendinosas originadas do vasto medial e vasto lateral
dirigem-se distalmente pelas margens da patela inserindo-se medial e
lateralmente ao tubérculo anterior da tíbia. Além dessas duas expansões,
há uma camada de fibras transversais originadas nos epicôndilos medial e
lateral que também são fixadas medial e lateralmente nas respectivas
bordas da patela. (BARROS & GUERRA, 2004, p.109-110)
Conforme Gardner (1985), o quadríceps da coxa é especialmente
importante na subida, na corrida, no salto, no levantar a partir de uma posição
sentada, e no subir e descer escadas. Deve-se ressaltar que em muitas fases de tais
atividades, a perna está fixa e a coxa se move. Um quadríceps forte não é essencial
para uma marcha comum em terreno plano; a habilidade para subir ou descer
escada é um índice mais correto de sua força. Quando o quadríceps está fraco ou
paralisado, o paciente precisa pôr seu joelho em extensão, ou com as mãos ou com
ajuda mecânica. Contudo, pode ainda ser possível colocar-se em posição ereta, e
também realizar uma marcha comum, de modo desajeitado, numa superfície plana.
Afirma-se, usualmente, que o vasto medial se contrai fortemente apenas durante a
22
última fase da extensão, mas isto não foi confirmado. Existem, entretanto, algumas
diferenças em período e intensidade de ação das diferentes partes do quadríceps.
2.5 Patologias
Segundo Herbert et al (2003), vários grupos musculares contribuem para a
dor patelofemoral. Na avaliação global inicial do paciente, deve-se detectar quais
são os grupos musculares que apresentam retração.
Conforme a mesmo autor, a diminuição da flexibilidade dos isquiotibiais
pode contribuir para a dor patelofemoral por exigir mais força de contração do
quadríceps para estender o joelho contra um isquiotibial inflexível. A diminuição da
flexibilidade do reto femoral pode alterar a mecânica da marcha. Músculos retraídos
causam uma flexão no joelho, e, quando o calcanhar toca o solo, há uma dorsiflexão
aumentada na articulação subtalar ocorre a fim de permitir a dorsiflexão, causando,
assim, uma pronação excessiva. A retração da banda iliotibial e do tensor fáscia lata
tem sido associado com dor patelofemoral e com alterações posturais da pelve. A
retração do gastrocnêmio não permite a dorsiflexão necessária para uma marcha
normal, pois produz um movimento excessivo na subtalar, aumenta a rotação interna
na tíbia e aumenta o vetor de força em valgo.
As patologias abaixo citadas têm relação direta ou indireta com o
encurtamento dos isquiotibiais, músculos que conforme descritos atuam ativamente
tanto na coluna vertebral quanto no joelho.
23
2.5.1 Síndrome da Hiperpressão Patelar (Estresse Patelar)
Conforme Herbert et al (2003), um dos motivos de consulta ortopédicas
mais freqüentemente de adolescentes e pré-adolescentes é dor no joelho, sem
nenhum outro problema associado ou relacionado. Observam-se sempre pacientes
normais, com crescimento dentro dos padrões habituais, fisicamente sem anomalias,
com musculatura bem definida e geralmente praticante de esporte. Não existem
queixas associadas de edema, derrame articular, bloqueio de movimentos ou falta
de força no joelho. A dor pode ser uni ou bilateral. Na maioria das vezes é
intermitente,
com
períodos
de
maior
intensidade
intercalada
com
outros
assintomáticos. Pode ou não ocorrer diminuição ou restrição das atividades físicas
ou esportivas habituais.
Também se observa com freqüência que os exercícios que exigem muito
do quadríceps, como subir escada, andar de bicicleta e outros, pioram o
quadro doloroso. Outra observação importante é que a dor não tem uma
localização exata nem definida pelo paciente. Quase sempre se observa a
região peripatelar é a mais indicada como ponto doloroso e também no
tendão patelar. (HERBERT et al, 2003, p.443).
2.5.2 Instabilidade Femoropatelar
Conforme Greve & Amatuzzi (1999), a instabilidade femoropatelar por si
só não é causa da dor. No entanto, devido ao mau alinhamento da patela, algumas
estruturas podem ser tracionadas excessivamente (retináculos, tendão patelar),
levando a uma sobrecarga e conseqüentemente dor. A instabilidade pode variar de
leve, quando está presente uma subluxação, até grave, quando ocorre o
deslocamento da patela.
24
Clinicamente, o paciente com instabilidade de patela pode se queixar de
falhas freqüentes do joelho, associadas a um aumento de volume e dor na
região anterior do joelho. Em casos mais graves, pode inclusive ocorrer
deslocamento irredutível da patela. Já nos casos moderados, pode estar
evidente ao exame o aumento da excursão da patela no sentido láterolateral com joelho em extensão. A esta hipermobilidade pode estar
associado o sinal de apreensão. (GREVE & AMATUZZI, 1999, p.193).
Ainda de acordo com o mesmo autor a causa da instabilidade ainda não é
totalmente esclarecida. Os fatores ósseos determinantes incluem o posicionamento,
tamanho e configuração da patela. Quanto as partes moles, os determinantes
incluem a atividade do quadríceps e isquiotibiais e a participação passiva da cápsula
e de suas expansões. Dentre todas as causas, a mais freqüente e a que permite
melhor abordagem conservadora é a muscular.
2.5.3 Condromalácia Patelar
A Condromalácia Patelar refere-se ao amolecimento e aparecimento de
fissuras na superfície cartilaginosa da patela e é diagnosticada com
artroscopia ou artrograma. Pode eventualmente predispor a articulação
profunda da cartilagem. As causas da degeneração basal das zonas média
e profunda da cartilagem. As causas da degeneração podem incluir trauma,
cirurgia, sobrecargas prolongadas ou repetidas, ou falta de sobrecarga
normal, como durante períodos de imobilização. O teste de compressão
patelofemoral é positivo, e a palpação desencadeia hipersensibilidade ao
longo da face medial da superfície articular da patela. É comum em
pessoas jovens, e as garotas têm maior probabilidade de desenvolver
sintomas que os garotos. Em pessoas mais velhas está associada com
osteoartrite. É visto com freqüência um aumento no ângulo Q. (KISNER &
COLBY, 1998, p.421).
Segundo Petersom & Renström (1997), a lesão da superfície articular da
patela em geral ocorre em indivíduos de 10 a 25 anos de idade e é associada com
dor, especialmente ao subir e descer ladeiras e escadas e ao agachar. Como a
flexão do joelho aumenta consideravelmente durante essas atividades, aumenta
também a compressão entre a patela e o fêmur. Subir ladeiras e escadas causam
menos dor do que descer, porque durante a subida a articulação do joelho é fletida
25
aproximadamente num ângulo de 50° sob carga, enquanto na descida ela é fletida
num ângulo aproximado de 80° sob carga. Em contraste com a situação de subir
ladeiras, o corpo não se inclina para trás ao descer, portanto a flexão do joelho é
controlada pelo músculo quadríceps sozinho, resultando em aumento das forças de
compressão entre a patela e o fêmur.
Ainda conforme o mesmo autor, é possível não existir evidência de que a
patela tenha sido submetida a impacto externo, e outros fatores potenciais do
aparecimento
dessa
condição
incluem:
uma
patela
protusa;
uma
patela
subdesenvolvida; estruturas constritivas laterais a patela; profundas flexões do
joelho causando sobrecarga excessiva da cartilagem; uma patela que se desloca;
um ângulo maior que 20°, o que resulta em movimento lateral a patela;
funcionamento incorreto do mecanismo extensor da articulação do joelho; aumento
do movimento externo do pé, portanto aumento da rotação interna da parte inferior
da perna, e ambos alteram o ângulo e a direção de movimento do quadríceps;
músculos quadríceps enfraquecidos; fratura da patela; aumento do ângulo entre a
tíbia e o fêmur.
2.5.4 Síndrome da Plica
Conforme Petersom & Renström (2000), a síndrome da plica sinovial não
é muito comum, mas pode causar dor no joelho. Uma plica é um septo sinovial
normal (prega espessa da cápsula do joelho) que algumas vezes pode se inflamar e
causar dor. As plicas estão presentes no joelho de 20 a 60% da população. A plica
que atravessa a área proximal para a patela é a plica suprapatelar. A área distal até
a patela é preenchida com a plica infrapatelar, que conecta o coxim gorduroso à
parte superior da fenda.A plica mais envolvida é a patelar medial que corre do lado
26
medial da área suprapatelar até o coxim gorduroso anterior. Ocasionalmente, existe
também uma plica patelar lateral.
Síndrome da plica, plica sinovial, síndrome do compartimento medial,
sinovite suprapatelar da plica, e sinovite medial da plica descrevem
condições relacionadas com a irritação de resquícios de tecido sinovial
embrionário ao redor da patela, que pode ocorrer como resultado de
microtrauamas. Com a irritação crônica, o tecido torna-se uma banda
fibrótica inelástica. Quando a irritação é aguda, o tecido fica doloroso à
palpação; quando é crônica, a faixa da plica fica hipersensível. A faixa é
geralmente palpável medial à patela, embora haja variações em sua
localização. (KISNER & COLBY, 1998, p.421).
Conforme Greve & Amatuzzi (1999), o músculo articularis genus é o
responsável por tracionar a bolsa suprapatelar, juntamente com a plica, nos
movimentos de flexo extensão do joelho. Em indivíduos que aumentam
repentinamente sua atividade física com maior solicitação do joelho, ou em
indivíduos com mau alinhamento da femoropatelar. A dor apresenta-se na região
anterior do joelho, mais freqüentemente na porção medial da patela. Ao exame
físico, constata-se dor quando se comprime a plica, traduzida por um espessamento
geralmente no bordo medial da patela. Não é infrequente encontrar a associação de
atrofia do quadríceps, assim como o encurtamento dos isquiotibiais e gastrocnêmios.
2.5.5 Doença de Osgood-Schlatter (Osteocondrose da Tuberosidade Tibial)
Segundo Herbert et al (2003), os fatores etiológicos da doença de
Osgood-Schlatter ainda não são conhecidos. Existe uma teoria de que seja uma
necrose avascular ou genericamente uma osteocondrose sem comprovação em
estudos histopatológicos definitivos ou convincentes. Uma das hipóteses mais
prováveis é de que ocorreria uma isquemia localizada determinando necrose óssea,
27
fragmentação ou microfaturas no núcleo de crescimento da tuberosidade anterior da
tíbia.
A causa mais comumente aceita para a doença de Osgood-Schlatter é o
esforço repetido do tendão patelar na apófise da tuberosidade tibial. A avulsão
completa do tendão patelar é uma complicação pouco comum da doença de
Osgood-Schlatter.
De acordo com Perterson & Renström (1997), a doença de Osgood
Schlater descreve a condição na qual a inserção do tendão patelar torna-se o local
da inflamação e desintegração óssea. As causas não são claras, mas a condição é
provavelmente causada por periostite de tração causada por excesso de uso.São
primariamente afetados meninos com idade entre 10 e 16 anos.
Conforme Figueiredo et al (2003), na fisiopatologia da afecção, o
ligamento patelar transmite a intensa força gerada pelo quadríceps ao tubérculo
tibial, que se localiza sobre a lâmina epifisária tibial proximal. As contrações forçadas
e repetitivas do quadríceps, exigidas pelas atividades atléticas freqüentes de correr e
pular irritam a apófise sob a tuberosidade tibial, que se torna sensível ao toque e
dolorosa a qualquer contração forçada do quadríceps. Isso pode estimular a apófise
a produzir quantidade maior de osso, resultando na reconhecida proeminência da
tuberosidade da tíbia. Eventualmente, pode ocorrer fratura-avulsão da apófise,
próxima à inserção do ligamento patelar, causada por súbita e intensa contração do
quadríceps. O processo inflamatório e suas mudanças histológicas de reparação
podem levar a pseudartrose do fragmento e à persistência dos sintomas.
Conforme Herbert et al (2003), em raros casos podem ocorrer
complicações desta doença como arrancamento ou desinserção do tendão patelar,
fechamento epifisário anterior da tíbia determinada recurvado do joelho e
28
degeneração celular em tumores benignos com condroma. Considera-se esta
patologia benigna e sem maiores problemas residuais.
2.5.6 Algias Vertebrais
Segundo Vasconcelos (2002), a coluna vertebral é uma série de ossos
individuais – as vértebras, que quando articuladas constituem o eixo central
esquelético do corpo. A coluna vertebral é flexível porque as vértebras são móveis,
mas sua estabilidade depende principalmente dos músculos e ligamentos. É
constituída de 24 vértebras móveis pré-sacrais (7 cervicais, 12 torácicas e 5
lombares). As 5 vértebras imediatamente abaixo das lombares estão no adulto para
formar o sacro. As quatro vértebras mais inferiores também se fundem para formar o
cóccix.
Ainda segundo o mesmo autor a função primária da coluna vertebral é
dotar o corpo de rigidez longitudinal, permitindo movimento entre suas partes.
Secundariamente, constitui uma base firme para sustentação de estruturas
anatômicas contíguas, como costelas e músculos abdominais, permitindo a
manutenção de cavidades corporais com formas e tamanhos relativamente
constantes.
Conforme Petersom & Renström (1997), a dor lombar pode ocorrer em
conexão com muitos esportes e sua causa precisa é desconhecida. A dor lombar
aguda afeta principalmente atletas entre trinta e quarenta anos de idade.
Conforme Borenstein (2000), aproximadamente 90% dos pacientes com
dor nas costas apresentam uma razão mecânica para suas dores. Pode-se definir a
lombalgia mecânica como uma dor secundária ao uso excessivo de uma estrutura
29
anatômica normal ou uma dor secundária a um trauma ou a uma deformidade de
uma estrutura anatômica. Os 10% restantes de adultos com dor nas costas
apresentam o sintoma como uma manifestação de uma doença sistêmica. Pode-se
associar mais de 70 doenças não-mecânicas à dor nas costas.
Segundo Prentice (2002), a lombalgia pode ser decorrente de um ou de
uma combinação dos seguintes problemas: distensão muscular, distensão ou dor
miofascial do piriforme ou do quadrado lombar, pontos-gatilho miofasciais, entorses
nas articulações facetarias da região lombar, síndromes de hipermobilidade,
alterações nos discos invertebrais ou disfunção na articulação sacroilíaca. Em
alguns atletas, a dor persiste por mais de 6 semanas. Esse grupo de atletas,
geralmente, apresentará uma história de reincidência de lesões ou de exacerbações
da lesão anterior. Descrevem uma dor semelhante à que experimentaram no
episódio anterior de lombalgia.
De acordo com Petersom & Renström (1997), os sintomas quase sempre
aparecem após o levantamento de objetos ou ao virar-se rapidamente, mas também
podem ocorrer sem esforço prévio. A dor geralmente localiza-se na região lombar e
não se irradia para as pernas, a postura pode parecer assimétrica, com a região
dorsal inclinada a um dos lados, decorrente de espasmo muscular, que impede os
movimentos da região dorsal e desencadeia a dor.
De acordo com Prentice (2002), na maioria das vezes, as lombalgias em
atletas não representam patologias graves ou de longa duração. É consenso geral
que os tecidos moles (ligamentos, fáscias e músculos) podem ser a fonte inicial de
dor. A resposta do atleta à lesão e aos estresses provocativos da avaliação é,
geralmente, proporcional ao tempo decorrido desde a lesão e à magnitude do
trauma. Os tecidos moles da região lombar devem reagir de acordo com o processo
30
biológico da recuperação e o tempo para essa recuperação é equivalente ao de
outras partes do corpo. Não há indícios na literatura de que as lesões do esporte na
coluna lombar gerem dor com duração maior que 6 a 8 semanas.
Conforme Lasmar, Camanho & Lasmar (2002), qualquer lesão da coluna
vertebral observada entre não-atletas pode ser encontrada entre os participantes da
prática esportiva. Porém, algumas lesões são mais características dos atletas e
apresentam peculiaridades que justificam uma abordagem mais específica.
As lesões da coluna vertebral mais características entre os atletas são as
seguintes:
•
Lombalgia mecânica.
•
Lombalgia discogênica.
•
Apofisite da coluna toracolombar
•
Espondilólise traumática.
Os
mecanismos
de
lesão
incluem
forças
de
flexão,
extensão,
cisalhamento, torção e microtraumas repetitivos. Em geral há combinação de forças
produzindo a lesão. Por exemplo, no golfe atuam forças de compressão,
cisalhamento, torção e inclinação lateral. Pode haver lesões de partes moles, disco
intervertebral e osso. As lesões das partes moles são as mais comuns, ocorrendo
em músculos e ligamentos. As lesões do disco intervertebral podem-se traduzir na
forma de discopatia precoce ou hérnia de disco traumática. As lesões ósseas podem
ocorrer na forma de microfraturas, avulsões ou fraturas propriamente dita.
31
2.5.6.1 Lombalgia Mecânica
Segundo Lasmar, Camanho & Lasmar (2002), a lombalgia mecânica é um
diagnóstico de exclusão. Resulta de fatores mecânicos como a lordose postural,
tensão excessiva da musculatura extensora e fraqueza abdominal. A hiperlordose é
um problema em bailarinos, que a exageram aumentando o risco de lesão. Lesões
musculares e tendões devido ao macrotrauma podem ocorrer. Lesões cicatriciais de
partes moles podem conduzir a encurtamento, resultando em dor crônica.
Segundo Cabral (2001), os músculos isquitibiais atuam de forma
significativa nos movimentos de anteroversão e retroversão pélvica. No movimento
de anteroversão da pelve os músculos isquiotibiais estão alongados e na retroversão
os isquiotibiais estão encurtados ou em retração e o seu posicionamento influencia
diretamente no movimento por eles realizados.
2.5.6.2 Lombalgia Discogênica
De acordo com Lasmar, Camanho & Lasmar (2002), a lombalgia
discogênica é rara em crianças antes da puberdade, porém a incidência de doença
discal foi associada à participação esportiva. Atividades que envolvem compressão
axial e flexão são relacionadas à lesão discal. No jovem a dor nem sempre é a
queixa principal. Podem ser mais evidentes a rigidez lombar, marcha anormal e
retração dos isquiotibiais.
Ainda conforme os mesmos autores a ressonância magnética mostrará a
lesão discal. Os tratamentos conservadores com repouso, antiinflamatório e volta
32
lenta à atividade esportiva é o tratamento de escolha. A ciática pode estar presente
na lombalgia discogênica.
2.5.6.3 Espondilólise
De acordo com Hillman (2002), a espondilólise é uma condição que afeta
a vértebra na qual ocorre, primeiro uma fratura por tensão. Essa fratura ocorre na
área da porção interarticular (parte entre o processo articular inferior e superior em
um lado da vértebra).
A espondilólise está relacionada a sustentação do peso inicial, no peíodo
entre 1 e 3 anos de idade, à participação em esportes como futebol
americano e ginástica, os quais exigem a hiperextensão lombar, e à
fraqueza inerente aquela parte específica do osso. Qualquer que seja a
causa da fratura é necessário reconhecer a condição para tentar limitar a
fratura a um lado do osso e impedi-la de tornar-se bilateral (progredindo
para espondilolistese ou desvio avançado do osso superior sobre o
segmento inferior). (HILLMAN, 2002, p.41).
Conforme Cohen & Abdala (2003), o istmo vertebral é a região mais
vulnerável aos microtraumas repetitivos que ocorrem nas várias atividades físicas de
um paciente em crescimento. Os atletas envolvidos com esportes que exigem
movimentos de rotação repetitiva, extensão ou flexão acentuadas, como o judô, a
ginástica olímpica, as lutas, o levantamento de peso, o futebol americano e esportes
que exigem saltos têm maior incidência de espondilólise, chegando a níveis que
variam de 11% a 63%. Essa lesão é 2 vezes maior no sexo masculino, não havendo
predominância entre negros e brancos.
Ainda segundo o mesmo autor há uma predisposição familiar, porém não
há comprovação de fatores genéticos, colocando em dúvida se a espondilólise
ocorre devido a fatores traumáticos, ou se o atleta já tem predisposição para essa
lesão. A história clínica relatada pelo atleta fornece os dados para o diagnóstico. O
33
exame físico geralmente é característico, consistindo em dor lombar que pode
ocorrer na região central ou lateral; se a lesão for unilateral, perceptível à palpação,
o atleta poderá manifestar posição antálgica, com modificações posturais. O
tratamento da espondilólise em atletas casuais (“atletas de fim de semana”) é mais
conservador, enquanto que, nos profissionais de elite, o afastamento da atividade
pode causar um grande compromisso emocional e financeiro.Inicialmente preconizase o afastamento da prática esportiva, com a utilização da órtese lombossacra, com
uso contínuo durante 3 meses, mantendo o condicionamento físico do atleta com um
programa de reabilitação e treino da capacidade cardio-pulmonar.
2.5.6.4 Espondilolistese
Segundo Andrews, Harrelson & Wilk (2000), espondilolistese é um
deslocamento anterógrado da quinta vértebra lombar e da coluna vertebral sobre o
sacro ou menos comumente, da quarta vértebra lombar e da coluna vertebral sobre
a quinta vértebra lombar. Em aproximadamente 85% dos casos, a quinta vértebra
lombar é deslocada sobre o sacro. Na maioria dos casos admite-se que um defeito
bilateral na porção interarticular com deslizamento vertebral constitui um distúrbio
adquirido que resulta de fraturas por estresse. O exame da coluna vertebral pode
revelar hiperlordose. Nos casos mais graves, observa-se um degrau palpável entre
os processos espinhosos L4 e L5 quando a vértebra L5 desliza para frente sobre o
caso. Levando-se em conta que o defeito ocorre na porção interarticular, os arcos
posteriores, que inclui o processo espinhoso de L5, permanece no local enquanto os
ligamentos anteriores deslizam para frente.
34
Ainda segundo os mesmos autores os atletas com espondilolistese
sintomática descreverão um aumento da dor lombossacrada com atividades como
corrida, saltos, inclinação ou rotação. Outras atividades específicas que podem
agravar os sintomas da espondilolistese incluem as posições de hiperextensão,
como as necessárias na ginástica e nos esportes de contato, ou a sobrecarga axial
da coluna, como o agachamento e a pressão marcial no levantamento de pesos. A
reabilitação do atleta; com diagnóstico de espondilolistese deve incluir inicialmente
os exercícios de fortalecimento anterior da parede abdominal lordótica, os exercícios
pélvicos de estabilização ou de propriocepção e os exercícios vigorosos de
flexibilidade dos rotadores do quadril, dos músculos isquiotibiais, dos flexores do
quadril e da fáscia lombossacra, dos ligamentos e das unidades musculotendinosas.
A espondilolistese pode ocorrer em atletas com espondilólise bilateral. O
escorregamento vertebral geralmente ocorre entre os 9 e 15 anos de idade. A
freqüência de grandes escorregamentos é duas vezes maior nas mulheres.
2.5.7 Lesões Musculares
Segundo Andrews, Harrelson & Wilk (2000), a distensão de um dos
músculos isquiotibiais, é uma das lesões mais comuns e frustrantes que um atleta
pode sofrer, podendo também recidivar freqüentemente. As lesões dos músculos
isquiotibiais ocorrem geralmente durante os piques ou exercícios de alta velocidade.
As distensões podem ter várias causas: uma mudança brusca de um flexor
estabilizante para um extensor ativo, combinada com um desequilíbrio muscular
entre os quadríceps e os músculos isquiotibiais; flexibilidade precária; postura
35
defeituosa e discrepância nos comprimentos das extremidades inferiores. Todos são
mecanismos potenciais para as lesões dos músculos isquiotibiais.
Segundo Petersom & Renström (2002), a ruptura dos músculos
isquiotibiais, que atuam como flexores da articulação do joelho e como extensores
do quadril costuma ocorrer na unidade músculo-tendínea, independente do grau de
distensão, ou na inserção. Há uma sobreposição do tendão no curso do músculo
(exceto o semitendíneo), o que significa que quase qualquer área do músculo é um
local em potencial para a lesão, uma vez que há uma inserção músculo-tendínea
acompanhando a maior extensão do músculo.
A lesão é resultante da sobrecarga de contrações forçadas durante a
flexão da articulação do joelho ou extensão do quadril. Antes da falha da contração
muscular, há maior esforço e absorção de energia, comparado ao músculo não
estimulado. Velocistas, maratonistas e praticantes de esportes de contato estão
sujeitos a esse tipo de lesão, mas atletas de salto em distância, salto triplo, tênis,
handebol, vôlei e outros esportes podem ser afetados. Porém a lesão é mais comum
em esqui aquático.
Quadro 1: Lesões Musculares do Desportista
Lesões Musculares do Desportista:
1. Mecanismo de lesão
2. Tipos de lesão
Trauma direto:
Trauma
indireto: Estiramento
Ruptura (lesão Hérnia muscular
comum nos esportes estresse muscular. (lesão grau I).
graus II e III).
de contato.
O
músculo
é
submetido a uma
carga superior a sua
capacidade
de
resistência.
3. Graduação das lesões musculares (Grau I – Grau II – Grau III).
Lesão grau I (Estiramento): Lesão grau II (Ruptura)
Lesão grau III: Solução de
Lesão de miofibrilas
continuidade muscular
1.
Lesão
>
5
e
<
50%
da
1. Lesão > 50% do grupo
1.Lesões ≤ 5% da musculatura.
musculatura.
muscular.
36
2. Sem ponto doloroso.
2. Paciente localiza a dor.
3. Não é incapacitante.
3. Fase aguda – redução da
capacidade funcional.
4. De um modo geral tem bom
prognóstico
e
restauração
relativamente rápida.
5. Não há formação de
hematoma.
4. Recuperação
prazo.
em
médio
2. Paciente localiza a dor.
Incapacidade funcional.
3. Quando existe completa
separação,
ocorre
retração
muscular.
4.
O
prognóstico
é
indeterminado e de um modo
geral evolui com seqüelas.
5. Pode haver formação de
hematoma.
5. Prognóstico de um modo
geral é bom, porém pode evoluir
com seqüelas.
6.
A
lesão estrutural – 6. Pode haver formação de 6. A recuperação é lenta
microrruptura
de
septos hematoma.
fibroadiposos ou hemorragia
intersticial.
7. Hemorragia interesticial (lesão
grau
I):
Disfunção
musculoaponeurótica
Hérnia muscular (H):
Ruptura da aponeurose superficial que reveste o Causa: intrínsecas e extrínsecas.
músculo.
Comum nos membros inferiores.
Fonte: Cohen & Abdalla (2002, p.619-621)
2.6. Encurtamento
O sistema muscular acometido de encurtamento ou insuficiência de
flexibilidade aumenta a estimulação dos agonistas, via sistema fusomotor
gama, que aciona o músculo, tornando-o tenso e seus antagonistas mais
lassos. Em conseqüência instala-se um sistema hipotônico antagonista e
um hipertônico agonista, surgindo uma assimetria. (JULL & JANDA, 1987
apud ACHOUR, 1998).
Conforme Achour (1998), quando uma articulação é mantida numa
postura, o tecido colágeno no lado mais relaxado da articulação se encurta e a
posição oposta se torna gradualmente fixa.
De acordo com Bienfait (1993, apud ACHOUR, 1998), o encurtamento
muscular enfraquece o tecido e o agrava com aumento de adesões e imbricamento
das ligações cruzadas do colágeno. Algumas conseqüências são: Instabilidade do
sistema músculo-articular; desestabilização da postura; aumento do gasto
energético; deterioração das habilidades atléticas, da capacidade de trabalho e do
37
lazer; utilização de fibras compensatórias; compressão das fibras nervosas; aumento
das incidências de câimbras.
Segundo Achour (1998), o sistema miofascial com encurtamento e
nodosidade pode causar fadiga local, redução na temperatura, aumento metabólico,
restrição da circulação; pode também manter algumas fibras em contração crônica.
Ainda conforme o mesmo autor um sistema muscular com encurtamento
ocasionada há muito tempo é diferente da insuficiência de flexibilidade devido ao
destreinamento. Neste último caso, é mais fácil desenvolver a flexibilidade do que na
presença de encurtamento, pois no encurtamento geralmente os colágenos estão
com ligações cruzadas mais espessas e imbrincadas. Ainda muitas vezes o
colágeno se desenvolve desorganizadamente com os tecidos, embora se admita
que a falta de flexibilidade possa instalar o encurtamento.
Conforme Cohen & Abdalla (2002), o Dolorimento Muscular Tardio (DMT),
é um fenômeno muito comum, especialmente quando o indivíduo inicia uma
atividade física ou reinicia atividades que praticou anteriormente. A dor e o
desconforto são piores durante a contração muscular ativa e também durante o
alongamento passivo. Geralmente iniciam-se algumas horas após o término das
atividades e possui o seu pico de intensidade em torno de 24 a 48 horas.
Ainda conforme mesmo autor o DMT está mais associado à exercícios
excêntricos e a sobrecarga mecânica, enquanto a Fadiga muscular (FM) associa-se
a exercícios concêntricos e a distúrbios metabólicos.
De acordo com Herbert (2003), vários grupos musculares contribuem para
a dor patelofemoral. Na avaliação global inicial do paciente, devem-se detectar quais
são os grupos musculares que apresentam retração.
38
Conforme o mesmo autor, a diminuição da flexibilidade dos isquiotibiais
pode contribuir para a dor patelofemoral por exigir mais força de contração do
quadríceps para estender o joelho contra um isquiotibial inflexível. A diminuição da
flexibilidade do reto femoral pode alterar a mecânica da marcha. Músculos retraídos
causam uma flexão no joelho, e, quando o calcanhar toca o solo, há uma dorsiflexão
aumentada na articulação subtalar ocorre a fim de permitir a dorsiflexão, causando,
assim, uma pronação excessiva. A retração da banda iliotibial e do tensor fáscia lata
tem sido associado com dor patelofemoral e com alterações posturais da pelve. A
retração do gastrocnêmio não permite a dorsiflexão necessária para uma marcha
normal , pois produz um movimento excessivo na subtalar, aumenta a rotação
interna na tíbia e aumenta o vetor de força em valgo.
Retração é o estado hipertônico do músculo, com encurtamento mensurável
do complexo músculo-tendíneo. Descrevem se dois estados de retração: a
retração de origem neurogênica (ativa, freqüentemente associada a uma
hiper-excitabilidade do sistema gama e da retração passiva, que em virtude
de uma lesão do tecido colágeno, causa uma imobilidade, que às vezes se
prolonga (como após uma fratura). (VIEL, 2001 apud BOTELHO & ALVES,
2005, p.49).
Figura 2: Teste Sentar e Alcançar
Fonte: Howley & Franks (2000, p.169)
39
2.7 Alongamento
Segundo Kisner & Colby (1998), alongamento é um termo geral usado
para descrever qualquer manobra terapêutica, elaborada para aumentar o
comprimento e (alongar) estruturas de tecidos moles patologicamente encurtadas e
desse modo aumentar a amplitude de movimento.
Ainda de acordo com os mesmo autores existem três tipos de
alongamento:
1. Alongamento passivo: enquanto o paciente está relaxado, uma força externa
aplicada manualmente ou mecanicamente, alonga os tecidos encurtados.
2. Inibição ativa: o paciente participa da manobra de alongamento para inibir o
tônus em um músculo retraído.
3. Exercícios de flexibilidade: os termos exercícios de alongamento e exercícios
de flexibilidade são geralmente usados como sinônimos.
Kisner & Colby (1998), descrevem o alongamento seletivo como um
processo através do qual a função geral de um paciente pode ser melhorada com a
aplicação seletiva de técnicas de alongamento ao mesmo tempo em que se permite
a ocorrência de certa limitação na mobilidade de outros músculos ou articulações. Já
o hiperalongamento é um alongamento bem além da amplitude de movimento
normal de uma articulação e tecidos moles vizinhos, que resulta em hipermobilidade.
O hiperalongamento pode ser necessário para certos indivíduos saudáveis com
força e estabilidade normais participando em esportes que requerem grande
estabilidade. O hiperalongamento torna-se prejudicial quando as estruturas de
suporte da articulação e a força dos músculos ao redor de uma articulação em uma
posição estável e funcional durante as atividades. A isso se denomina fraqueza por
alongamento.
40
Conforme Geoffroy (2001), os exercícios de alongamento possuem um
papel preventivo importante:
1.Eles preparam a musculatura, favorecem a recuperação e permitem evitar:
• Os problemas tendinosos;
• Os
problemas
musculares:
distensões,
lacerações,
curvaturas,
contraturas;
• Os problemas articulares;
• Eles evitam os problemas musculares, articulares, tendinosos e
circulatórios;
•
Eles permitem uma melhor mobilidade, uma melhor flexibilidade;
•
Eles desenvolvem uma determinada amplitude de movimento;
•
Eles se opõem à rigidez;
•
Eles mantêm e melhoram a extensibilidade muscular e a mobilidade
articular;
•
Eles intervêm no reequilíbrio dos problemas morfológicos, na correção
da postura;
2. Os exercícios de alongamento têm um papel antiestresse e permitem a obtenção
do bem-estar:
•
Os exercícios de alongamento, ao regularem o tônus postural, podem
diminuir as tensões e liberar o esportista da “rigidez psíquica”;
•
Além disso, quando os exercícios são intensos e sustentados, eles
provocam uma liberação importante de endorfinas;
•
Eles melhoram a tomada de consciência corporal, o gesto técnico, o
desempenho.
No que se refere ao alongamento do grupo muscular dos isquiotibiais:
41
A. Posição do paciente: decúbito dorsal, com uma perna em flexão de
quadril e o joelho em extensão (elevação com a perna estendida: EPE). Se
o paciente pode fazer isto ativamente, o terapeuta então acrescenta uma
força de alongamento usando a técnica de sustentar-relaxar, ou resiste a
EPE em toda amplitude de movimento.
B. Posição do paciente: decúbito dorsal, no chão, com uma perna na
passagem de uma porta e a outra perna (a que vai ser alongada) para
cima, apoiada no batente da porta. O joelho deve ser mantido estendido.
Para aumentar o alongamento mova as nádegas para perto do batente da
porta, mantendo o joelho estendido.
C. Posição do paciente: sentado, com a perna a ser alongada estendida
sobre outra cadeira, ou sentado na beira da mesa de tratamento, com a
perna a ser alongada estendida sobre a mesa e o pé oposto ao chão. O
paciente inclina seu tronco para frente na direção da coxa, mantendo a
coluna lombar estendida, de modo que ocorre o movimento somente na
articulação do quadril.
D. Posição do paciente: decúbito dorsal, com os quadris fletidos 90 graus,
joelhos estendidos e pernas e nádegas contra a parede. Ele flete
alternadamente cada perna, afastando-a da parede.
E. Exercícios bilaterais de tocar os dedos do pé são usados
freqüentemente para alongar os músculos isquiotibiais. O terapeuta precisa
conscientizar-se de que fazer o paciente alcançar os dedos do pé não
alonga seletivamente os isquiotibiais, pois alonga também a porção inferior
e média da coluna. O exercício de tocar os dedos dos pés é considerado
um exercício de flexibilidade geral e tende a mascarar a retração em uma
região e alongar excessivamente áreas que já são flexíveis. A capacidade
de uma pessoa para tocar seus dedos do pé depende de muitos fatores,
como tipo de corpo, comprimento do braço, tronco e pernas, flexibilidade
nas regiões torácica e lombar, assim como o comprimento dos isquiotibiais
e gastrocnêmio. (KISNER & COLBY. 1998 p.397).
Conforme Achour (1998), exercícios de alongamento são fundamentais
para a profilaxia e o tratamento de encurtamento músculo-tendíneo. Uma questão
importante é entender que a insuficiência de flexibilidade, não apresenta
necessariamente
um
encurtamento,
mas
pode
provocar
a
incidência
do
encurtamento com excessivo colabamento do tecido conectivo. Por isso acredita-se
que grupos músculo-articulares acometidos de encurtamento precisam de longo
tempo de permanência em alongamento, ultrapassando o limite elástico dos tecidos
para suprimir o encurtamento. Geralmente ocorrem microlesões na tentativa de
realinhar o tecido e recuperar a flexibilidade. Na presença de encurtamento o
programa de flexibilidade deve ser específico e assegurar uma boa orientação ao
cliente ou atleta.
42
Figura 3: Auto-alongamento dos músculos Isquiotibiais.
Fonte: Kisner & Colby (1987, p.355)
Figura 4: Auto-alongamento dos músculos isquiotibiais inclinando
o tronco na direção do joelho estendido, fletindo-se nos quadris
Fonte: Kisner & Colby (1987, p.356)
43
CONCLUSÃO
Vivemos num período em que a atividade física vêm sendo estimulada a
fim de que os indivíduos participem do esporte a nível competitivo amador ou
profissional ou simplesmente em busca de saúde. Cada vez mais precocemente os
jovens iniciam na atividade esportiva, assim como os idosos cada vez mais praticam
exercícios. Paralelamente a atividade física surge às lesões decorrentes da prática
desportiva e reduzir o risco destas lesões é importante. O profissional de Educação
Física tem neste aspecto um papel fundamental, pois é ele que tem a
responsabilidade de avaliar previamente o esportista, identificar alterações e
preveni-las, visando evitar possíveis lesões delas decorrentes. Em nosso meio são
freqüentes as lesões associadas aos desequilíbrios musculares, em especial o
encurtamento da musculatura isquiotibial, freqüentemente negligenciada e que
trabalha ativamente na produção de dor na coluna vertebral ou na região do joelho.
O encurtamento da musculatura isquiotibial pode ser identificado e
prevenido de uma forma muito fácil pelo profissional da Educação Física, com
alongamento pré e pós-atividade física. A má postura, os espasmos e as lesões
musculares são conseqüências do encurtamento dos isquiostibiais, que acometem
indistintamente crianças e adultos, gerando um prejuízo a extensibilidade muscular
durante a prática desportiva, com conseqüente tentativa de adaptação ou
compensação das regiões submetidas à tração e tensão excessivas. Tais
compensações levam com freqüência a quadros álgicos ou lesões como o
estiramento ou mesmo rupturas musculares.
O alongamento muscular elimina toxinas que se depositam nos músculos
ao longo do exercício físico, minimiza a fadiga, estimula a circulação sanguínea,
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ameniza as tensões musculares, melhora a disposição física e mental, desenvolve a
boa postura, equilibra o corpo, amplia a capacidade de movimentos, normaliza as
funções do organismo, combate o estresse e prepara os músculos para as
atividades físicas, bem como previne lesões musculares.
Portanto é fundamental que previamente a toda e qualquer atividade
física o indivíduo seja avaliado pelo profissional da Educação Física, a fim de
detectar descompensações musculares e corrigi-las, para que possamos melhorar
rendimento técnico e físico e minimizar as possibilidades de lesões que
freqüentemente levam ao afastamento parcial ou mesmo definitivo da prática de
esportes.
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