a prática docente e o novo paradigma educacional virtual

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A PRÁTICA DOCENTE E O NOVO PARADIGMA EDUCACIONAL
VIRTUAL
GUBERT, Raphaela Lupion - POSITIVO
[email protected]
MACHADO, Mércia Freire Rocha Cordeiro - IFPR
[email protected]
Área Temática: Formação de Professores e Profissionalização Docente
Agência Financiadora: Não contou com financiamento.
Resumo
Estamos vivendo um momento fecundo da história, de mudança paradigmáticas, inclusive na
educação. As transformações tecnológicas das últimas décadas têm sido rápidas, amplas e
profundas. Com isso, novos modelos têm sido estabelecidos, exigindo do professor práticas
pedagógicas que o tornem mediadores do conhecimento, em oposição ao velho paradigma do
professor detentor de conhecimento. Vale ressaltar que a prática docente ainda nos dias de
hoje é tradicional devido aos professores que ainda apresentam forte resistência às mudanças
paradigmáticas. Desta forma, torna-se premente mudanças na forma de ensinar e aprender. e
isso reside na criação de ambientes virtuais de aprendizagem que incentivem o uso de
diferentes ferramentas de comunicação. Torna-se perceptível que a educação a distância tem
um caminho longo a percorrer devido ao fato de que os professores não têm bem definido
uma perspectiva de trabalho dentro de um paradigma emergente o qual enfoca e valoriza a
construção do conhecimento. De qualquer modo não se pode esquecer que o ensino a
distância tem uma importância singular em um país como o Brasil, com uma extensão
territorial grande e com uma população submetida a uma péssima distribuição de renda, em
que a deficiência de ensino ainda é grande e poucos chegam ao ensino de graduação. O
presente artigo visa situar as transformações do novo paradigma educacional virtual e discutir
as relações de ensino aprendizagem em Ambientes virtuais como novos espaços para a
aprendizagem nos processos de educação a distância, e por analisar a prática docente na
mediação do conhecimento virtual especialmente ao que se refere aos aspectos didáticometodológicos, ou seja, as relações de ensino aprendizagem, mediada pelo trabalho dos
tutores tanto nos momentos presenciais como a distância.
Palavras-chave: Educação a Distância. Ambiente virtual de Aprendizagem. Tutoria online.
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Introdução
A educação está se abrindo progressivamente para a utilização das tecnologias da
informação e comunicação em seu contexto pedagógico. E, por conseqüência, o desafio
imposto exige uma prática pedagógica do professor que venha atender as exigências da
sociedade na produção do conhecimento. Ou seja, o professor tem sido desafiado a ultrapassar
seu papel autoritário e de dono da verdade para se tornar um articulador, pesquisador crítico e
reflexivo e principalmente que se aproprie dos recursos tecnológicos disponíveis em
ambientes virtuais. Behrens et al. (2007, p. 2) afirma que:
Longe de ser uma mudança tranqüila de procedimentos didáticos e de opção crítica
pela utilização da tecnologia, trata-se de um movimento de mudança paradigmática
que são permeadas por questões que exigem um processo de investigação e reflexão
aprofundado. Assim, os docentes necessitam agir de maneira reflexiva para não
adotarem recursos de forma acrítica, descontextualizada dos meios e da repercussão
social, econômica, política e cultural no qual estão inseridos.
Entende-se por paradigma: “as realizações científicas universalmente conhecidas, que,
durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade
praticante de uma ciência.” (KUHN, 1962, p. 13)
Esta nova sociedade do conhecimento exige também novos modelos educacionais,
capazes de atender às necessidades de formação profissional da atualidade. Achou abrigo
nesta necessidade a Educação a Distância que se apresenta como uma prática pedagógica de
importância singular em um país como o Brasil, com uma extensão territorial grande e com
uma população submetida a uma péssima distribuição de renda e que têm acesso a um ensino
de qualidade, seja qual for o nível
No entanto, este quadro atual da educação tem provocado diferentes posturas dentro
da sociedade acadêmica. Alguns educadores estão assustados, pois se percebem incapazes
para um uso efetivo desta tecnologia, enquanto que outros avançam de forma arrojada na
utilização deste instrumento na busca dos saberes necessários para uma utilização competente.
Em função deste novo paradigma educacional que se apresenta, influenciado pela
revolução tecnológica, esta pesquisa objetiva refletir sobre as transformações do novo
paradigma educacional virtual, discutir as relações de ensino aprendizagem em ambientes
virtuais como novos espaços para a aprendizagem nos processos de educação a distância, e
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por fim analisar a prática docente na mediação do conhecimento virtual especialmente ao que
se refere aos aspectos didático-metodológicos, mediada pelo trabalho dos tutores tanto nos
momentos presenciais como a distância.
O Novo Paradigma Educacional Virtual
A “revolução digital” da qual fazemos parte, de uma maneira ou de outra é portadora
de um discurso interpretativo e explicativo, além de enunciar um futuro diferente de tudo que
existe e se conhece.
Segundo Lévy (1995, p.119):
O acesso à educação de qualidade nos países em desenvolvimento ainda deixa a
desejar e o nível de conscientização e interesse pelas questões públicas ainda
precisam melhorar. No entanto, Lévy vislumbra no horizonte da “sociedade em
rede” o potencial para uma mudança importante que repercutirá por todo mundo e
pergunta se não seria o início desta tão proclamada “conexão global”, o pano de
fundo para a emergência de uma “inteligência coletiva”? Num sentido ainda mais
abstrato, Lévy diz que poderíamos estar assistindo, já em nossa época, a ascensão da
Humanidade a um patamar evolucionário mais nobre.
Diante disso, passa-se a exigir um repensar sobre as práticas pedagógicas utilizadas,
ou seja, a docência assentada nos paradigmas conservadores que levam à reprodução do
conhecimento. Esse movimento de transição paradigmática exige um processo de mudança
conceitual trazendo uma nova forma de pensar a educação e seus modelos vigentes.
Assim, se realmente ocorre a busca por estratégias para a integração da educação
aos meios tecnológicos disponíveis - e que se encontram incessantemente surgindo - devese ter a capacidade de, primeiramente, criar novas diretrizes e práticas capazes de
promover re-significações - profundas e relevantes - em nossos atuais processos e
modelos de transmissão do conhecimento, bem como compreender e conferir flexibilidade
às novas relações interpessoais que derivarão destas transformações originadas.
Esse conjunto de novas abordagens estratégicas compõem um universo - de práticas,
valores, conceitos, entre outros - sempre pronto para ser desbravado. Não existem mais
fórmulas mágicas ou receitas para lidar com fatos e elementos práticos ou teóricos. As novas
propostas que regem os processos de aquisição e proliferação dos saberes humanos estão
permanentemente sendo constituídas e reconstruídas, de maneira mais democrática, interativa
e dialética. Esse processo e determinado pelos paradigmas.
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A educação vem passando por mudanças durante o decorrer dos anos, refletindo
diretamente no papel do professor em sua prática diária. Os relatos históricos comprovam que
desde os meados do século XX, os docentes têm sido desafiados a uma mudança de postura,
passando de meros transmissores de conhecimentos para mediadores do conhecimento. Assim
sendo, as metodologias e práticas pedagógicas conservadoras utilizadas para a reprodução de
conhecimentos sofreram alterações e foram impulsionadas a adoção de práticas inovadoras
que favoreçam a produção do conhecimento.
A educação a distância tem se mostrado uma alternativa para atender ao propósito de
atuar na qualificação do professor em serviço, especialmente atingir os docentes distantes dos
grandes centros. Por outro lado, em cursos a distância que procuram romper com a abordagem
pedagógica comportamentalista e que utilizam as novas tecnologias da informação e da
comunicação, necessitam de professores que possam manejar os recursos tecnológicos e
orientar consistentemente com a visão de ensino-aprendizagem. Por envolver uma série de
elementos novos, na EAD tornam-se necessárias à formação e o acompanhamento desse
professor que atuará como tutor, o que se constitui ao mesmo tempo em um investimento na
sua formação continuada.
A formação do professor é o ponto crucial para a modernização do ensino. A
profissionalização do professor envolve uma série de questões educativas e requer
decisões políticas e econômicas. Porém, não se pode negligenciar que um caminho para a
concretização desta idéia é a formação continuada dos professores entendida tanto na
busca do saber como na tomada de consciência da sua prática e do próprio fazer
pedagógico.
O papel do professor vem sofrendo mudanças e ao mesmo tempo estão sendo
agregadas novas exigências à sua função. Segundo Ramal (2001) espera-se um novo perfil de
educador e destaca três características:
a) profissionais atualizados, contextualizados no debate sobre o pós-modernismo e
suas implicações para a educação;
b) usuários críticos da tecnologia, capazes de associar o computador as proposta
ativas de aprendizagem; e
c) atentos aos desafios político-sociais que estão envolvidos no contexto
pedagógico de hoje.
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Para a maioria dos professores esta mudança de papel nem sempre é fácil, pois
acostumado a ministrar conteúdos por ele dominados, poderá demonstrar certa insegurança
diante das novas tecnologias, de uma língua estrangeira ou de uma nova informação na rede.
O que ele deve entender que diante das novas tecnologias, o professor também é aluno, sendo
necessário que ele aprenda a utilizá-la para que possa fazer um bom uso com seus alunos.
Para Moran:
A internet será ótima para professores inquietos, atentos a novidades, que desejam
atualizar-se, comunicar-se mais. Mas ela será um tormento para o professor que se
acostumou a dar aula sempre da mesma forma, que fala o tempo todo na aula, que
impõe um único tipo de avaliação. (MORAN, 2006)
O novo paradigma a ser instituído deve indicar caminhos inovadores que levem à
construção do conhecimento, que passem a ver o individuo como um ser único e inacabado,
pois as perspectivas de evolução são inúmeras por meio das tecnologias. Como corrobora
Behrens (2000, p. 72) “A tecnologia precisa ser contemplada na prática pedagógica do
professor, de modo a instrumentalizá-lo a agir e interagir no mundo com critério, com ética e
com visão transformadora.”
Sancho (1998, p. 184) assinala que:
Nos sistemas de formação a distância não se prescinde do professor, ao contrário,
este passa a ser um elemento imprescindível, o elemento-chave para o sucesso da
aprendizagem. Ela afirma que a EAD traz uma mudança importante no papel do
professor e que, portanto, é necessária uma formação específica nesse sentido, sendo
este ainda um ponto fraco atualmente. As organizações encarregadas da formação de
professores ainda não passaram de tímidas iniciativas para a formação de
especialistas em sistemas de formação à distância. Isso significa que a bagagem dos
responsáveis pelas experiências que funcionam atualmente provém mais das suas
vivências pessoais do que de uma formação planejada e estruturada.
Segundo Behrens (2000, p. 73), o desafio imposto aos docentes é mudar o eixo do
ensinar para o aprender, é para contribuir neste processo Lévy (1995, p. 78-82) traz três
diferentes formas de apresentar o conhecimento: a oral, a escrita e a digital.
E para que ocorram processos de aprendizagens significativas, Behrens et al. (2007
p.3) recomenda que a “prática docente precisa inclua a utilização de múltiplos recursos, em
particular, as ferramentas que acompanharam a era digital.”
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O grande desafio que se coloca diante dos docentes que atuam no ensino a distância
consiste em aliar os novos recursos tecnológicos disponíveis a uma ação docente, pautada
numa concepção pedagógica interativa, colaborativa e reflexiva, considerando as
especificidades da modalidade. (SOUZA, 1996)
O reconhecimento da era digital como uma nova forma de categorizar o conhecimento
traz novos rumos para a prática docente, que rompe as barreiras da sala de aula e passa a
interagir e construir conhecimentos junto com seus discentes tendo todo o acesso com o
mundo globalizado e à rede de informações disponível em todo o universo.
Considerando os novos horizontes que se encontram, aos poucos, se delineando e
tomando forma, torna-se necessário a realização de um esforço conjunto - permanente e
sincrônico - a fim de conferir novos sentidos às práticas educativas, bem como realizar
concomitantemente uma revisão profunda nos atuais processos de aquisição do conhecimento
humano.
Ambientes Virtuais: novos espaços para a aprendizagem
A expressão "ambiente virtual de aprendizagem" está relacionada ao desenvolvimento
de condições, estratégias e intervenções de aprendizagem num espaço virtual na Web,
organizado de tal forma que propicie a construção de conceitos, por meio da interação entre
alunos, professores e objeto de conhecimento. Destaca-se que um “ambiente virtual de
aprendizagem” não precisa ser um espaço restrito à educação à distância. Embora
freqüentemente associado à educação à distância, na prática, o ambiente virtual é também
amplamente utilizado como suporte na aprendizagem presencial. (VALENTINI e SOARES,
2006) Nessa vertente, o computador torna-se um recurso imprescindível enquanto meio de
acesso a WEB. Para o uso adequado deste equipamento, face às primeiras tentativas
frustrantes do uso do computador, é primordial um projeto pedagógico adequado para cada
situação.
Com o avanço tecnológico além dos computadores e da WEB surgem novas formas de
interação, entre elas uso em tempo real de equipamentos, mediante satélites e cabos de fibra
ótica. Como corrobora, Azevedo in Torres (2003, p. 165-166) o acelerado desenvolvimento
tecnológico de novas mídias a partir da década de 1990 - videoconferência e Internet,
possibilitaram maior interatividade e ampliaram o ambiente de sala de aula.
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Esta ampliação permite que a informação seja transmitida de maneira mais veloz.
Segundo Scriven (1991, p. 82) a informação não é educação, mas o conhecimento se firma na
informação.
A finalidade é utilizar o computador como ferramenta para aprender por meio dele e não
aprender sobre ele, isto é específico para quem desenvolve a máquina e não para aqueles que
apenas querem utilizá-lo como um meio de aprendizado.
Há muitos críticos da utilização de tecnologia comunicativa na educação. Grande parte
das observações contrárias à utilização de modernas tecnologias na educação é feita não por
causa da tecnologia em si, mas principalmente pelo uso que dela se faz. Por um lado, de
maneira geral não se prepara os profissionais da educação para tirarem o máximo proveito da
tecnologia e, por outro, esta, em várias ocasiões, tem servido simplesmente como meio de
fixação de uma mensagem única e acrítica.
Da mesma forma, a internet é outro recurso capaz de possibilitar o acesso rápido as
informações e capaz de gerar desta maneira amplas possibilidades para seu uso. Assim,
McCormack e Jones apud Torres (2003, p. 22-39) colocam como vantagens da Internet, em
relação a outras mídias:
[...] o uso da Internet como meio distribuidor de informações em substituição de
outros meios como CD-ROMs e material impresso, proporciona a vantagem da
independência geográfica e temporal, possui velocidade para a transmissão de
dados, é especialmente poderosa na propagação de informações e repassa essas
informações até os pontos geograficamente mais distantes do globo de forma segura.
Além disso, a Internet é um excelente meio para comunicações, podendo ser
classificada tanto como uma tecnologia assíncrona como síncrona.
Com esses recursos a sua disposição cabe ao professor procurar formas ótimas de
aproveitar esses recursos à sua prática pedagógica, incorporando-as de tal forma que se
constituam, enfim, parte da sua ação docente. O ambiente virtual de aprendizagem ajuda
também na auto-organização do trabalho. Ao mesmo tempo, por ser um ambiente
conveniente, flexível e sem horários pré-definidos, onde aluno pode optar por fazer ou adiar
determinada atividade para um outro momento, faz-se necessário ao professor organizar-se,
no sentido de não perder-se no processo.
A educação online permite, ainda, que o aluno seja realmente ativo, responsável pela
sua aprendizagem e, principalmente, aprenda a aprender. No entanto, como o aluno também
tem uma cultura de espera por comando e orientação cabe ao professor reverter esse quadro,
mostrando aos alunos a necessidade de busca pela informação. Em outras palavras, é preciso
enfatizar a ação por propensão e disposição própria e não somente por obediência a um
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comando. Além disso, a educação a distância e, especificamente os cursos online, respeita o
processo de ensino-aprendizagem de cada aluno, pois o estudante tem condições de dirigir a
maior parte do processo, de acordo com sua disponibilidade pessoal.
Diante das mais vastas possibilidades e características disponíveis num ambiente
virtual de aprendizagem ficam nítidas as necessidades de uma atuação efetiva do corpo
docente e de um planejamento que contemple a disponibilização da infra-estrutura
administrativa, tecnológica e financeira adequada ao modelo educacional proposto.
A Prática Docente na Mediação do Conhecimento Virtual
Os desafios enfrentados pela área educacional nas últimas décadas, com a inserção das
tecnologias da informação e comunicação é muito grande. Existe um descompasso de
crescimento entre tecnologia e a educação. Conforme Peters (2003):
Há uma diferença grande de ritmo entre a evolução tecnológica e a movimentação
teórica, científica e institucional da área da educação. As universidades precisam
habilitar-se continuamente a complementar-se umas às outras e a se associar ao
mundo do trabalho, para responder às escolhas dos seus alunos, aceitando que os
mesmos sejam livres para combinar componentes do ensino presencial, do ensino a
distância e do estudo digital, num clima revolucionário referido como o da “virada
copernicana para a didática da possibilitação. (PETERS, 2003, p.15)
Educar para aprender é o novo desafio posto para os educadores, exigindo muito
segundo Morin (2002) “mais flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos
conteúdos fixos e propostas mais abertas de pesquisa e comunicação”.
Alarcão (2005, p.5) afirma “estarmos passando da “sociedade da informação” para a
sociedade da aprendizagem”, pois, segundo ela, se não há uma organização da informação
não há conhecimento. Kenski (1998) afirma “ser necessário estar em permanente estado de
aprendizagem e adaptação ao novo.”
No entanto quando nos referimos a educação, a retórica permanece, pois sempre existe
aquele que ensina e aquele a quem se ensina. No caso da EAD, essas relações acontecem em
um contexto social muito mais amplo. Esta relação educativa acontece através de uma prática
comunicacional, onde os docentes assumem o papel de mediadores do conhecimento, criando
assim novas formas de aprender a aprender.
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Para Martins (2002, p. 28) existe uma mudança de atitude em relação à participação e
ao compromisso do aluno e do professor, que são encarados como parceiros idôneos do
processo de aprendizagem, propiciando, por isso, trocas individuais e a construção de grupos
que interagem, pesquisam e criam produtos, ao mesmo tempo em que ampliam seus
conhecimentos.
Tratando-se das relações de ensino/aprendizagem na educação a distância, vamos nos
evidenciar, especificamente, nesse novo perfil profissional que surge: tutor online, onde várias
são as suas funções, assumindo o papel principal de mediador do conhecimento na educação a
distância. A ação da tutoria online é fundamental em qualquer programa em EAD, pois ela faz
a mediação entre todos os participantes do processo e propicia a comunicação no momento
em que acompanha, além de acolher, acompanhar, avaliar, orientar, motivar, mediar e facilitar
o processo de ensino/aprendizagem de seus alunos.
A função educativa do tutor online vai além das orientações didático-pedagógicas e de
seu envolvimento com os conteúdos disciplinares. É preciso, também, que desenvolva sua
capacidade de liderança, envolvendo-se, com atividades de aconselhamento, pautadas numa
conduta ética de flexibilidade, de atenção e comprometimento.
Mason (1991, p.48), corrobora que, o docente de ensino a distância, o tutor, tem,
principalmente, o papel de facilitador intelectual, o qual implica em um trabalho de
focalização das discussões dos educandos, encorajamento de sua participação e comentários,
críticas. Os aspectos pedagógicos, tecnológicos e técnicos de educação à distância, têm o
objetivo de mostrar que a tecnologia constitui uma ferramenta de comunicação, em potencial,
para ser utilizada na educação, especialmente como instrumento para promover a possível
interação entre professores e alunos.
Schlosser e Anderson (1993, p.38) identificam as novas habilidades que os professores
devem aprender para assumir o papel de educadores a distância:
a) compreender a natureza e a filosofia da educação a distância;
b) adaptar as estratégias de ensino para transmitir instruções a distância;
c) organizar recursos instrucionais de uma forma a satisfazer o aprendizado a
distância;
d) dominar o uso de sistemas de telecomunicações;
e) envolver-se na organização, planejamento colaborativo e decisões;
f) avaliar as realizações, atitudes, e percepções dos alunos a distância.
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Os saberes necessários para a atuação do professor enquanto tutor envolve a criação de
condições de aprendizado ao aluno e, ao mesmo tempo, acompanhamento de sua evolução.
Nesse processo, apenas o conhecimento técnico não é o bastante, faz-se necessário, ainda, a
mudança no processo de mediação pedagógica entre o docente e o aluno.
Este docente, em programas na modalidade a distância intitulado de tutor, deve de
acordo com Munhoz (2004, p. 3) considerar os seguintes aspectos:
-
a aprendizagem individual auto dirigida;
a forma como o estudante aprende, de acordo com as teorias das inteligências
múltiplas;
as formas de incentivo à participação do aluno no ambiente de aprendizagem
colaborativa;
a manutenção do interesse do aluno utilizando os conceitos da inteligência
emocional;
a forma de desenvolver as atividades de modo que a aprendizagem se torne
significativa para as atividades pessoais e profissionais dos alunos;
a orientação constante para que o aluno desenvolva seus estudos aprendendo a
aprender;
a orientação constante ao aluno no desenvolvimento da aprendizagem pela
pesquisa, desenvolvendo a criticidade na escolha dos conteúdos e criatividade
que permita transformar as informações em conhecimento.
As funções dos tutores também são sintetizadas por Munhoz (2004, p. 6), no qual se
refere a sua atuação que está vinculada aos materiais disponibilizados aos alunos, sejam eles
impressos ou não:
-
-
Motivar e despertar o interesse dos alunos no desenvolvimento das práticas
propostas;
Orientar o aluno nas dificuldades que eles encontrem mantendo contato estreito
com os professores especialistas;
Ampliar o conjunto de informações sobre novos materiais, artigos, textos e
endereços da internet. Desta forma, os alunos podem completar o material que
necessitam para concluir com sucesso as tarefas propostas;
Avaliar de forma contínua o progresso dos estudantes sob sua responsabilidade;
Atuar junto a outros tutores e junto aos professores especialistas ampliando a
visão da avaliação individual dos estudantes e identificando as falhas presentes
nos materiais e nos trabalhos propostos.
Desta maneira, destaca-se a importância do papel dos professores nos sistemas
educativos, especialmente na EAD. É inegável no cenário atual que as transformações
econômicas, sociais, políticas e culturais apontam para a valorização da produção do
conhecimento. Contudo, exige uma nova proposta na sua atuação docente, capaz de
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possibilitar a troca de saberes entre os alunos, assim, buscar a formação de discentes mais
humanos e conscientes de seu papel como cidadão.
A formação do tutor é um elemento essencial para o sucesso da educação online e de
acordo com Pimentel (2007, p.8-9), as dez qualidades que um tutor online precisa buscar ter
ou desenvolver para seu trabalho ser de qualidade:
1) Coerente com a proposta: ser coerente com a proposta do curso, não exigindo
aquilo que o curso não se propõe;
2) Motivado e motivador: ser uma pessoa capaz de motivar pela própria presença
(real ou virtual - palavras, intervenções, comentários);
3) Presente: estar presente no AVA de forma equilibrada, acompanhando o
desenvolvimento da turma e de cada aluno em particular;
4) Sensível (observador): deverá desenvolver a habilidade da observação sensível,
que o capacita a analisar as entrelinhas daquilo que cada um escreve. É a
capacidade de observar e analisar o que está subjetivo nas respostas dos alunos;
5) Pedagogicamente capacitado: precisa compreender o processo pedagógicos, as
teorias que fundamentam a EAD e a proposta do curso em questão. Com base
nesta qualidade é que ele poderá acompanhar os avanços educacionais de cada
aluno;
6) Criticidade: sabe instigar seus alunos, provocando-os com argumentos críticos à
participação de cada um e de toda a turma;
7) Disponibilidade: saiba organizar seu tempo de tal forma que possa oferecer
acompanhamento aos alunos que acompanha;
8) Diplomacia: saiba conciliar as possíveis divergências entre os alunos, quando
solicitadas atividades em grupo ou duplas. Normalmente cada aluno tem seu
próprio ritmo, e isso poderá ser algo positivo ou negativo, caso o grupo não saiba
como administrar a participação de cada um. O tutor fará suas intervenções na
busca de conciliar, apaziguar e organizar o grupo;
9) Organizado: precisa de organização para não se atrapalhar no acompanhamento e
desenvolvimento de suas observações junto aos alunos;
10) Discreto: nas intervenções busca a discrição necessária para corrigir de tal forma
que não exponha o aluno deixando-o sem motivação ou disposição para
continuar.
11) Para que estas qualidades possam existir não se pode apenas contar com as
experiências do senso comum, exige-se que uma formação sólida e contínua
seja efetivada.
Sobre o aspecto da formação dos tutores, Vasconcelos Mercado (2007, p. 208)
apontam que “pensar a formação de tutores significa pensá-la como um processo contínuo de
formação inicial e um processo coletivo de troca de experiências e práticas”. Essa visão nos
leva ao entendimento de formação como um processo abrangente e contínuo, até mesmo
porque não há um modelo único de tutoria.
No que tange a questão da formação do tutor, Nunes (1996, p. 30) afirma que:
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É necessário, portanto, dada as especificidades dessa metodologia, que os
profissionais sejam capacitados, por um processo sistemático, a fim de dominar a
metodologia da Educação a Distância e que, conscientes da especificidade desse
ensino, sejam apoiadas em um bom material didático instrucional que é
substancialmente diferenciado daquele que é apropriado para o ensino formal e
presencial.
Uma formação específica é necessária para que este “novo” profissional possa
oferecer à educação online aquilo que dele se espera. E como o tutor online irá desenvolver
suas atividades em meios não convencionais (se assim pensamos em relação ao ensino formal
e presencial), mas para atuar nos AVA, é também com e para este meio que o tutor online
precisa ser formado e orientado.
Moran (2003, p. 41), postulando sobre os papéis do educador online defende que:
Com a educação online os papéis do professor se multiplicam, diferenciam-se e
complementam-se, exigindo uma grande capacidade de adaptação e criatividade
diante de novas situações, propostas, atividades. [...] O professor online precisa
aprender a trabalhar com tecnologias sofisticadas e tecnologias simples. [...] Ele não
pode acomodar-se, porque a todo o momento surgem soluções novas e que podem
facilitar o trabalho pedagógico com os alunos.
Apesar de não direcionar estas orientações especificamente para o papel do tutor
online, percebemos que todos os que se envolvem no processo de educação online precisam
destas orientações. E ao tutor online, que irá ter mais interação ou mais interatividade com os
alunos estas orientações são bem precisas.
Para Cassol (2002):
A formação específica de tutores inclui portanto, os fundamentos, a metodologia e
estrutura acerca do sistema de EAD, a fim de sustentar as bases pedagógicas da
aprendizagem sobre o comportamento das pessoas adultas. Inclui ainda os
procedimentos de investigação e confecção de materiais didáticos: impressos,
audiovisuais, informática, telemática, etc. Cabe evidenciar que, além das condições
acima, o tutor deve possuir habilidades de comunicação, competência inter-pessoal,
liderança, dinamismo, iniciativa, entusiasmo, criatividade, capacidade para trabalhar
em equipes etc [...] A formação de professores tutores se orienta por processos
reflexivos de investigação e exige um currículo consistente, tendo como suporte a
relação teórica e prática, isto é, que o tutor, à luz da teoria possa, pensar a sua prática
direcionada para aprender a aprender. No sistema de EAD, a interlocução aluno
orientador é exclusiva. (CASSOL, 2002, p. 48e49)
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Evidencia-se na literatura que a relação formação do tutor online e a qualidade e
eficácia estão em consonância, exigindo que novos estudos foquem que tipo de formação
deve ser exigida e ofertada para que os tutores que atuam em ambientes virtuais de
aprendizagem possam ser um elemento de colaboração para que as interações - elemento
essencial da educação online - aconteçam de uma forma a evidenciar a construção do
conhecimento, na busca de uma educação emancipadora e verdadeiramente promotora de
liberdade e autonomia.
Considerações Finais
O sucesso da utilização das TICs na educação depende de uma mudança de
paradigma. É necessário favorecer um processo educativo que fomente a intensa participação
interativa e colaborativa entre professores e alunos para que aconteça a transposição da
sociedade da informação para a sociedade da aprendizagem.
Muito há de se estudar, produzir e experimentar neste campo desafiador que é a
educação a distância. É um desafio que exige mais dedicação do professor, mais apoio de uma
equipe técnico-pedagógica, mais tempo de preparação e principalmente de acompanhamento.
Nesta pedagogia virtual o papel do professor muda a relação do espaço de trocas, de
tempo e de interação e comunicação com os alunos. Ele assume um papel de professor
facilitador flexível e constante e motivador, exigindo muita atenção, sensibilidade, intuição e
domínio tecnológico. Para cada curso, o professor age de forma semelhante e ao mesmo
tempo diferente. Não podemos padronizar e impor um modelo único da educação on-line.
Cada área do conhecimento precisa mais ou menos deste professor. É importante
experimentar, avaliar e avançar até termos segurança do ponto de equilíbrio na gestão do
virtual e de caminhar para ampliar as propostas pedagógicas mais adequadas para cada
situação de ensino-aprendizagem on-line.
O processo é mais lento do que se espera. As mudanças já estão acontecendo aos
poucos, tanto no presencial como na educação a distância. Há uma grande desigualdade
econômica, de acesso, de maturidade, de motivação das pessoas. Alguns estão prontos para a
mudança, outros não. É difícil mudar padrões adquiridos durante toda uma caminhada
histórica. O desafio está posto. Predispor-se a aprender é um caminho a ser seguido para quem
deseja evoluir como educador.
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