A LINGUAGEM DE SINAIS: POSSIBILIDADES E PERSPECTIVAS. Maria Betine Cavalcanti Moura Lucinalva da Silva Macedo Pós-Graduação do Curso de Especialização em Gestão Escolar e Coordenação Pedagógica, Faculdade de Ciências Humanas de Olinda – FACHO. O ensino da língua de sinais pode atuar no processo de aprendizagem, numa dimensão da liberdade de expressão e possibilitar um processo de partilha e ampliação do conhecimento (SANTOS, 2001). Ao realizar-se no diálogo, a linguagem nos permite ir além de nossos limites individuais e dos limites do estado de coisas existentes no mundo. Ir ao encontro, significa sair do nosso mundo particular, expressar nossa individualidade, acolher a diferença. Assim, à língua de sinais trabalhada com pessoas surdas, apresenta-se como necessidade no cotidiano da formação. Desta forma, o objetivo dessa pesquisa é analisar a formação de professores para atuar com essa língua com alunos de I.E.S. da rede privada da cidade de Olinda - PE, assim como buscar identificar o trato do conhecimento com os alunos surdos. A pesquisa de campo toma a abordagem qualitativa como eixo de análise, na linha que trabalha Minayo (1995). Em Olinda - PE, no ano de 2003, tendo como sujeitos participantes professores de ensino superior e alunos surdos. A partir de então, realizamos como procedimento metodológico à observação participativa para compreendermos o trato com o conhecimento dos professores em relação aos alunos surdos. Num outro momento buscamos através da análise das observações participativas identificar o processo de participação dos alunos surdos universitários no cotidiano da sala de aula, assim como buscamos visualizar as expressões e conclusões do grupo, através de suas falas. Identificamos através de nossa pesquisa que para os professores de ensino superior a língua de sinais vêm mostrando que, esta língua expressa idéias sutis, complexas e abstratas. Os seus usuários, os alunos demonstram através de suas participações em sala de aula que podem discutir Filosofia, Literatura, Política; além de: esportes, trabalho, moda, poesia, contar estórias, criar peças de teatro e humor. Assim, constatamos que há alunos surdos que vem ultrapassando as barreiras do preconceito, isso tanto a nível local como nacional. O processo para a comissão de sistema educacional da faculdade selecionará os intérpretes dentre os muitos que vêm atuando como tal ou que possuem competência para tal tarefa, para interpretarem as provas do vestibular das diferentes faculdades e universidades do país que aceitarem esta proposta de facilitação de acesso do surdo à faculdade e universidade. Durante a realização das provas serão necessários tantos intérpretes quantos forem os cursos escolhidos pelos candidatos surdos. Por exemplo, se tivermos a inscrição de sete surdos no vestibular, um para Letras, dois para Matemática e quatro para História, necessitaremos de três intérpretes para as provas que serão realizadas em conjunto e sete para as provas a serem realizadas individualmente. No que diz respeito à prova de Língua Portuguesa, deverá ser explicitado claramente em LIBRAS, para os surdos, passando este, logo em seguida, à dissertação individual e por escrito do tema. A parte gramatical da prova escrita deverá ser também por escrito, podendo o surdo contar com a presença do intérprete para elucidar quanto às questões. Todas às questões da prova do vestibular serão lidas e interpretadas em LIBRAS, em sua íntegra. Quanto à interpretação de texto, após sua leitura pelos surdos, com breves comentários do intérprete quanto ao significado de algumas palavras que porventura venham a ser totalmente desconhecidas, os candidatos que desejarem terão resguardado seus direitos de interpretarem o texto em LIBRAS, com tradução simultânea em português por um intérprete, o que seria gravado em vídeo para documentação enquanto prova, para avaliação posterior. A avaliação da prova de redação e das respostas por escrito em português deverá ater-se essencialmente à coerência do texto, isto é, ao conteúdo semântico e não à forma ou à estruturação gramatical. Isto é, a avaliação não deverá levar em consideração o uso de preposições, conjunções, conectivos e outros elementos lingüísticos de relação que não prejudiquem o significado das idéias do texto. Estas palavras “funcionais” são, geralmente, usadas impropriamente pelos surdos. Entretanto, as palavras de conteúdo (substantivo, adjetivo, verbos e advérbios), responsáveis por grande parte do conteúdo semântico do texto, podem assegurar a coerência discursiva da redação. Da mesma forma que as palavras funcionais, a flexão das palavras de conteúdo em gênero, número e pessoa não deve ser considerada na escrita do surdo, no processo de avaliação das provas de vestibular. Isso feito e o surdo avaliado positivamente no vestibular, ele ficará comprometido a cursar dois períodos de português instrumental para não se formar sem domínio da língua portuguesa escrita, estando seu diploma vinculado à aprovação satisfatória nesses dois cursos. As questões das provas de Matemática, Física, Química e Biologia também deverão ser respondidas em língua portuguesa escrita, porém o surdo terá que contar com a presença do intérprete para elucidação do significado das questões. Para as provas de História e de Geografia, no caso de respostas dissertativas, poderá haver também opção pelo surdo em respondê-las em LIBRAS, com interpretação simultânea em português e gravação em vídeo, o que possibilitará a avaliação e a documentação da prova. A prova de língua estrangeira deverá ser opcional porque se o surdo já apresenta dificuldade com a língua portuguesa que é ensinada enfaticamente nas escolas especiais, as dificuldades com outra língua estrangeira devem ser muito maiores. Nesse caso o surdo que não passasse por esta prova terá de se comprometer a cursar dois períodos de francês, inglês ou outra língua estrangeira, como língua instrumental, apenas podendo obter o grau de graduado se for avaliado satisfatoriamente nesses cursos. Esta sugestão se aceita, possibilitarão acesso mais fácil dos surdos a faculdades e universidades. Esperam-se, porém, que medidas tomadas no sentido de estimular o ingresso de pessoas surdas nas faculdades e universidades possam contribuir para quebrar o “círculo vicioso” que se formou no processo educacional dos surdos. Há condições para desenvolver provas através de intérpretes de LIBRAS, que avaliem a capacidade de pessoas surdas. Se preenchidas está condição, porém, só surtirá o efeito desejado se o sistema educacional possibilitar que o surdo se prepare para a competição no exame de vestibular e para o acompanhamento das atividades acadêmicas durante o curso de graduação e, eventualmente o de pósgraduação. Os surdos realizarão o direito ao apoio a assistência para desenvolver seu curso universitário. Precisamos de surdos adultos competentes e formados para contribuir na formação de intérpretes e ensinar língua de sinais aos professores de surdos, às crianças surdas, filhas de pais ouvintes ou surdos. Assim também necessitamos de intérpretes que possam atuar junto a surdos para que estes possam formar-se e graduar-se. Com empenhos daqueles que possam adotar essas medidas, certamente, as mudanças ocorrerão e estaremos construindo um futuro promissor para as crianças surdas de hoje. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: BRITO, Lucinda Ferreira. Integração Social & Educação de Surdos. 1. Ed. Rio de Janeiro: Babel Editora, 1993. BRZEZINSKI, Iria. (Org.) LDB Interpretada: diversos olhares se entrecruzam. Organizadora- 2. Ed. Revisada. São Paulo: Cortez, 1998. FELIPE, Tanya Amara. Libras em Contexto: curso básico, livro do estudante cursista. Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos. MEC; SEESP. Brasília, 2001. KLEIN, M. Os Discursos Sobre Surdez, Trabalho e Educação e a Formação do Surdo Trabalhador. SKLIAR, C. (ORG.) Um Olhar Sobre as Diferenças. Porto Alegre: Ed. Mediação, 1998, p. 75-93. MINAYO, Maria Cecília. Pesquisa Social. Petrópolis: Ed. Vozes, 1995. SANTOS, Marilene Ribeiro dos. Secretária de Educação Especial. Brasília. 2001.