Aeroportômetro Economia. 5 9 8 dias para a conclusão da obra SÁBADO, 06 DE FEVEREIRO DE 2016 | 25 Macroeditor: Abdo Filho z [email protected] Editora: Joyce Meriguetti z [email protected] WhatsApp (27) 98135.8261 Telefone: (27) 3321.8327 FANTASMA DOS REAJUSTES ALIMENTOS EM VITÓRIA TÊM MAIOR ALTA DO PAÍS Preços da comida subiram 3,66% em janeiro, segundo IBGE MARCELO PREST Mais caros A nutricionista Patrícia Caiado, de 38 anos, sente no bolso o peso da inflação em todos os alimentos, principalmente nos produtos orgânicos. “Percebo que as frutas, os legumes e também os materiais de limpeza estão com preços cada vez mais caros. Sinto que estou gastando mais” MIKAELLA CAMPOS [email protected] Os dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) confirmam a percepção do consumidor no supermercado: o ano nem bem começou e os alimentos estão bem mais caros. É que o custo da comida em Vitória apresentou alta de 3,66% em janeiro, o pior desempenho do país. Oindicador,medidopelo IBGE, ficou quase um ponto percentual acima da média brasileira. Em 12 meses, a inflação dos alimentos na capital capixaba atingiu 14%, enquanto que o índice no país ficou em 12%. O cenário preocupa e só ajuda a aumentar o pessimismo do mercado e da população. “Está tudo tão fora do controle que perdemos a noçãodospreços.Sintoque estou gastando mais a cada diaquefaçocompras”,conta a nutricionista Patrícia Caiado, de 38 anos. Emjaneiro,ositensmais pressionados pela inflação SUSPEITA “Existe efeito climático na alta dos preços dos alimentos, porém acredito que o comércio esteja repassando para o consumidor uma alta acima do normal” PAULO CEZAR RIBEIRO PROFESSOR DA DOCTUM foram o tomate (50,86%, o repolho (48,03%), os tubérculos (26,87%), a batata (20,55%) e o peixe-dourado (17,88%). Segundo o economista Bruno Funchal, professor da Fucape, a escalada nos preçostemfatoressazonais, mas também é influenciada pelas políticas precipitadas que culminaram com a elevação das tarifas de energia que agora são repassadas para a alimentação. Um dos colaboradores do Índice da Cesta Alimentar do Centro de Estudos e Análises Econômicas (CEAE) da Fucape, ele explicaqueainflaçãotemainda mais impacto quando se analisa os preços de alimentos por grupos de consumidores. “A cesta de alimentos dos vegetarianos calculada pela CEAE, por exemplo, foi 4,72% mais cara em janeiro em relação a dezembro”, explica. Responsávelpelapesquisa de preços da Doctum, o professorPauloCezarRibeiro revela que em janeiro os itens alimentares da classe média do Estado alcançou 6,63%, uma variação acima da calculada pelo IPCA. Os motivosdetantapressãosobre os alimentos, na visão dele, são oriundas da crise econômica,docustodeprodução, da instabilidade climática provocada pelo El Niño, mas há também um repasse anormal do comércio.Osestudosdafaculdade mostram que até vegetais antes considerados baratos estãoentreosvilões.“Oquilo do jiló e quiabo chegou a custar R$ 1 e hoje tem o mesmo preço do tomate”, afirma o professor. Eleacrescentaqueoindicador da pesquisa da cesta básicaemdezembroejaneiro ultrapassou 12% de avanço. “Nos dois meses, os dados nos surpreenderam por serem os maiores percentuais de crescimento desde que a pesquisa foi criada em 2007”, analisa. Esse aumento expressivo nos preços dos alimentos para janeiro, de acordo com o presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya, não era esperado, em especial nos artigos de hortifruti. “Foi um balde de água fria na expectativa de desaceleração dos índicesinflacionários.Aalimentação e o transporte juntos representam quase 70% no IPCA. Se não tivessem subido de forma tão exagerada, poderíamos ter visto uma inflação de 0,6% no país em vez de 1,27%”, frisa. CONFIRA AS VARIAÇÕES