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Cidades
"Além do sabor, a comida é
leve, não tem muito sal e é
variada. Não tem nada
melhor do que a comida
da terra da gente, por isso
estou sempre voltando aqui”
[email protected]
O ESTADO DO MARANHAO · São Luís, 6 de dezembro de 2014 - sábado
Diana Cunha Ferreira, aposentada
Almoçar e lanchar na praça já
é rotina no Centro de São Luís
Por hábito ou necessidade, muitas pessoas optam pelos pratos feitos e lanches rápidos comercializados em bancas ao ar livre,
na Praça Deodoro; preço acessível e cardápio variado cativam os clientes e a movimentação é constante durante a semana
Fotos/Biaman Prado
Leandro Santos
Da equipe de O Estado
O
hábito de comer na rua,
em ambientes públicos, é um costume herdado dos antigos e que se perpetua hoje, devendo ainda permanecer, conforme o educador
social José Mamédio Oliveira.
Ele, assim como milhares de
pessoas em São Luís, opta pelo cardápio variado oferecido
nas bancas instaladas em um
dos pontos mais movimentados do centro da capital maranhense, a Praça Deodoro. Seja
por necessidade, falta de tempo ou até mesmo por vontade,
muitas pessoas preferem deixar o ambiente climatizado de
restaurantes para se alimentar
em logradouros públicos.
Basta dar meio-dia para a
Praça Deodoro se encher de pessoas. São funcionários de lojas e
repartições públicas localizadas
nas proximidades, que se dirigem ao local para almoçar ou fazer pequenos lanches, antes de
voltar ao expediente da tarde. Há
também aqueles que estão apenas de passagem pelo local e
quando a fome "aperta", decidem parar e almoçar na região.
Para muitas pessoas, alimentarse na rua faz parte da rotina.
Preferência - O educador social
José Mamédio Oliveira é maranhense da cidade de Coelho Neto, mas mora em Palmas, no Tocantins, onde exerce um cargo
público. Ele esteve na capital para resolver pendências e, apesar
de ter condições de frequentar
restaurantes convencionais, preferiu almoçar na praça.
É dele a afirmação de que o
hábito de comer em praças se
originou na Grécia Antiga, se espalhando posteriormente para
a Europa e depois para o restante do mundo. "Essa é uma das
práticas culturais mais antigas
em todo o mundo. Além disso,
a comida típica daqui é maravilhosa. Comer na praça é relaxante e isso depois vai ajudar na di-
Clientes almoçam ao ar livre na Praça Deodoro; movimento durante a semana é constante
“
Churrasquinho é uma das comidas oferecidas nas bancas da praça
gestão", afirmou.
A aposentada Diana Cunha
Alimentos vendidos podem
oferecer riscos à saúde
A comida vendida na rua pode
oferecer graves riscos para a saúde
das pessoas que as consomem frequentemente, pois existe a possibilidade de esses alimentos
estarem contaminados, por falta
de cuidados na preparação e manipulação dos alimentos.
De acordo com a nutricionista
Wyllyane Carvalho, muitas vezes
as refeições vendidas ficam expostas por várias horas, sem nenhum tipo de cuidado e conservação, o que compromete a qualidade do produto. Além disso, a comida muitas vezes é manipulada
junto com o dinheiro dos clientes
e outros objetos, o que também
contribui para contaminar.
"Essas pessoas estariam expostas a riscos por causa das
doenças transmitidas por alimentos contaminados, por causa da manipulação, armazenamento e exposição inadequados. As pessoas
também estão expostas a ingestão
inadequada de nutrientes, ou seja,
poderão estar consumindo alimentos ricos em gordura saturada, sódio e açucares simples, culminando
para o surgimento de doenças
crônicas não transmissíveis como
diabetes, hipertensão e obesidade.
Quanto maior a frequência de consumo dessas preparações, maiores
os riscos", frisou a nutricionista.
Ela ressaltou ainda a importância dos padrões higiênicos serem
seguidos para diminuir os riscos de
contaminação por alimentos. "Todas as normas de boas práticas de
manipulação e preparação preconizadas pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] devem ser seguidas: uso de luvas específicas; toucas; a não utilização de
brincos ou cordões; e a lavagem das
mãos para qualquer procedimento
de preparação das refeições. Para
conservar e armazenar os alimentos, é necessário um local próprio
para o estoque de produtos alimentícios não perecíveis e um refrigerado para os alimentos perecíveis
que precisam ser estocados", destacou Wyllyane Carvalho.
Por meio de nota, a Secretaria
Municipal de Saúde (Semus) informou que a Coordenação de Vigilância Sanitária realiza trabalho
permanente de fiscalização e vistoria com os estabelecimentos que
preparam e comercializam alimentos. Além disso, a coordenação realiza periodicamente capacitação
desse público. Em caso de constatação de irregularidades em relação ao manuseio de alimentos, os
comerciantes e estabelecimentos
são notificados e multados.
Ferreira nasceu em São Bento,
mas mora no Rio de Janeiro há
Prato feito é servido para cliente na Praça Deodoro; cardápio é variado nas bancas
Essa é uma
das práticas
culturais mais
antigas em todo
o mundo. Além
disso, a comida
típica daqui é
maravilhosa.
Comer na praça
é relaxante e isso
depois vai
ajudar na
digestão"
José Mamédio Oliveira
educador social
alguns anos. Ela sempre vem à
capital maranhense e, quando
está na cidade, também não se
incomoda de comer na Praça
Deodoro. "Além do sabor, a comida é leve, não tem muito sal
e é variada. Não tem nada melhor do que a comida da terra da
gente, por isso estou sempre voltando aqui", disse.
Já a promotora de vendas Ingrid Ferreira trabalha no centro
da cidade o dia todo e afirmou
que não dispõe de tempo para
ir à casa, no bairro Lima Verde,
e depois retornar ao serviço. Por
essa razão, ela sempre almoça
na Deodoro. "Não dá para passar do horário do almoço, por isso almoço todos os dias na rua.
Além disso, a comida é boa",
pontuou.
Estrutura - São diversas as barracas instaladas no local e que
vendem refeições. Alguns dos
comerciantes oferecem mesas e
cadeiras para os clientes. Outros
disponibilizam bancos mais
simples feitos de madeira. Na
falta dessas opções, as pessoas
utilizam as pedras e outros espaços do logradouro para fazerem suas refeições.
Principalmente na hora do
almoço, a mistura dos cheiros
provenientes da comida é um
convite para aqueles que passam pelo local. O preço variado
e as opções diversificadas alimentam o desejo das pessoas de
consumirem na Praça Deodoro.
A variedade de comidas disponíveis no local agrada a todos
os gostos. Para aqueles em que
o tempo e o dinheiro não permitem fazer uma refeição mais
adequada, a opção são os salgados oferecidos como coxinhas,
esfirras e pastéis, acompanhados de suco ou refrigerante. O
preço não ultrapassa de R$ 6,00.
Além disso, são oferecidas refeições completas, como churrasquinhos e o chamado "prato-feito". O preço por uma refeição mais elaborada varia de R$
10,00 a R$ 15,00 e o cliente pode escolher um prato que contém arroz, macarrão, feijão, salada, carne, frango, peixe e outros tipos de alimentos.
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