Novo critério para o transplante de fígado Sistema vai priorizar a gravidade dos casos em vez da ordem cronológica na fila O modelo para transplantes de fígado, criado em 1998 e ainda em vigor, privilegia a ordem cronológica nas filas. Quem chega antes, recebe o órgão primeiro. Nessas circunstâncias, muitos pacientes em estado mais grave não resistem ao longo tempo de espera. Novas regras, que estão sendo implementadas pelo Sistema Nacional de Transplantes (SNT) do Ministério da Saúde e devem entrar em vigor ainda neste semestre, vão tornar o processo mais justo, pois os pacientes mais graves terão prioridade. A mudança atende a uma demanda dos próprios pacientes e foi discutida durante a realização de um fórum, que reuniu, especialistas, profissionais de saúde e representantes de pacientes, em abril e maio de 2004. Foi também tema da primeira reunião da Câmara Técnica de Transplante de Fígado, realizada em outubro de 2004. Criada no ano passado e composta por sete médicos especialistas, a Câmara Técnica tem função consultiva para os assuntos relacionados à área. O Ministério da Saúde levou também em consideração sugestões de organizações não-governamentais, associações civis e ministérios públicos estaduais e Federal. Para determinar o estado de gravidade do paciente será utilizado o sistema denominado Meld/Peld. Usado nos Estados Unidos, o Meld/Peld permite determinar a expectativa de vida de um paciente na lista de espera. Com isso, quem estiver na fila passará por testes periódicos e o lugar será determinado com base nesses resultados. Cerca de 900 transplantes de fígado são realizados anualmente no Brasil. Hoje, a fila por um fígado tem cerca de 6,2 mil pessoas, com espera que pode chegar a 51 meses. “O objetivo do Ministério da Saúde é atender prioritariamente as pessoas que não poderão resistir a uma espera prolongada na lista, devido à gravidade de seu estado clínico”, explica o coordenador do Sistema Nacional de Transplantes do ministério, Roberto Schlindwein. Diagnóstico – A cirrose é a principal causa do transplantes de fígado. A doença altera as funções das células do fígado, levando-as a morte e à conseqüente produção de um tecido fibroso, que prejudica o funcionamento do órgão. A hepatite pelo vírus C e o abuso de consumo de bebidas alcoólicas são as maiores causas da cirrose. Como o fígado é responsável pela metabolização do álcool, quando exposto a doses excessivas da substância, sofre danos em seus tecidos vitais, o que compromete seu funcionamento. Também são causas de cirrose as hepatites crônicas B e C, a hepatite auto-imune e o uso de determinados medicamentos. Para combater a doença é fundamental diagnosticá-la precocemente. Quanto mais cedo se iniciar o tratamento, mais fácil será adiar ou evitar que surjam complicações mais graves. A primeira coisa a fazer diante do diagnóstico de cirrose é eliminar o agente agressor, no caso de álcool e drogas, ou combater o vírus da hepatite. Os principais sintomas da cirrose são náuseas, vômitos, perda de peso, dor abdominal, constipação, fadiga, fígado aumentado, olhos e pele amarelados, urina escura, perda de cabelo, inchaço (principalmente nas pernas) e presença de líquido na cavidade abdominal. Fatores de Risco · Uso excessivo de álcool; · infecção pelos vírus da hepatite B ou C; · algumas doenças genéticas; · hepatite auto-imune; · cirrose biliar primária. Recomendações · Evite o uso abusivo de álcool; · utilize preservativo nas relações sexuais e seringas descartáveis para evitar a contaminação pelos vírus das hepatites B e C; · não descuide do tratamento para as hepatites B e C crônicas a fim de que não provoquem cirrose; · mantenha em dia o cartão de vacinação das crianças menores de 1 ano. A vacinação contra a hepatite B está disponível pelo Sistema Único de Saúde. Para completar a imunização, são necessárias três doses da vacina. Pessoas de 11 a 19 anos, que não foram imunizadas, também devem ser vacinadas.