Plano de aula Profa. Dra Michele Lima Gregório Data: 18/03/2015 “Neurogenética” Conteúdo Programático Genética Humana - avanços Marcadores Biológicos e Aconselhamento Genético Farmacogenômica e Terapia Gênica Doenças neurológicas geneticamente determinadas Doença de Parkinson Distonia Doença de Alzheimer Doença de Huntington Ataxia espinocerebelar Doenças mitocondriais Doenças mediadas por RNA: distrofia miotônica Bibliografia Smeets CJ, Verbeek DS. Cerebellar ataxia and functional genomics: Identifying the routes to cerebellar neurodegeneration. Biochim Biophys Acta. 2014 Oct;1842(10):2030-2038. Katsuno M, Banno H, Suzuki K, et al. Molecular genetics and biomarkers of polyglutamine diseases. Curr Mol Med. 2008 May;8(3):221-34. Review. Meola G. Clinical aspects, molecular pathomechanisms and management of myotonic dystrophies. Acta Myol. 2013 Dec;32(3):154-65. Review. Björklund A, Lindvall O. Cell replacement therapies for central nervous system disorders. Nat Neurosci. 2000 Jun;3(6):537-44. Review. Ross CA1, Aylward EH, Wild EJ, et al. Huntington disease: natural history, biomarkers and prospects for therapeutics. Nat Rev Neurol. 2014 Apr;10(4):204-16. Kumar A, Kumar Singh S, Kumar V, et al. Huntington's disease: an update of therapeutic strategies. Gene. 2015 Feb 10;556(2):91-7. Bonifati V. Genetics of Parkinson's disease--state of the art, 2013. Parkinsonism Relat Disord. 2014 Jan;20 Suppl 1:S23-8. Eskow Jaunarajs KL, Bonsi P, Chesselet MF, et al. Striatal cholinergic dysfunction as a unifying theme in the pathophysiology of dystonia. Prog Neurobiol. 2015 Feb 17. Charlesworth G, Bhatia KP, Wood NW. The genetics of dystonia: new twists in an old tale. Brain. 2013 Jul;136(Pt 7):2017-37. Lehmann S, Delaby C, Touchon J, et al. Biomarkers of Alzheimer's disease: the present and the future. Rev Neurol (Paris). 2013 Oct;169(10):719-23. American Academy of Neurology, 2014. SLIDES Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto FAMERP Profa. Dra. Michele Lima Gregório 2015 Genética Ciência da hereditariedade mecanismo de transmissão dos caracteres de uma espécie Através das gerações (variabilidade genética) Evolução Avanços da Genética – melhoria na saúde pessoal e pública Avanços no conhecimento da Genética Humana Medicina personalizada Informação clínica, genética e ambiental – melhor tratamento individualizado Além do diagnóstico, estabelecer a origem de determinada doença – risco em outros familiares Como usar essa informação biológica na terapia? Testes genéticos nas decisões terapêuticas Farmacogenômica Uso dos genes como agentes ou alvos terapêuticos Terapia gênica Farmacogenômica Como as variações gênicas influenciam na resposta ao tratamento Terapia gênica O uso de ácidos nucléicos como agente terapêutico Novas estratégias terapêuticas em doenças neurológicas são baseadas em expressão gênica Processo patogênico de doenças neurológicas envolve desregulação desse processo Farmacogenômica Diferença entre pacientes na resposta ao tratamento – fatores genéticos e ambientais • Melhorar a abordagem terapêutica para cada paciente – tratamento individualizado • Evitar efeitos colaterais • Otimização de doses Terapia gênica Uso de ácido nucléico como agente farmacêutico no tratamento de doenças herdadas ou esporádicas. 2011 – mais de 1.700 testes clínicos com uso de terapia gênica. Nenhum tratamento ainda foi aprovado pelo FDA • Substituição de genes – inserção de genes que produzem determinada proteína • Terapia de reposição enzimática • Silenciamento gênico – suprimir a expressão do gene mutado (miRNA and RNAi) causadores de doenças. Integrar informação genética e não-genética sobre um determinado paciente no delineamento de um tratamento mais adequado Kumar et al., 2015. Marcadores biológicos São componentes celulares, estruturais e bioquímicos, que podem definir alterações celulares e moleculares tanto em células normais e em células alteradas. Detectam alterações no DNA, que podem influenciar diferenças fenotípicas O marcador perfeito deveria ser altamente específico para uma determinada doença e suficientemente sensível para detectar a presença de pequeno número de células alteradas, permitindo o diagnóstico precoce e alta especificidade para excluir falsos positivos. Ainda de uma forma ideal, o marcador deveria facilmente detectado no sangue ou fluidos biológicos. Ross et al., 2014 Aconselhamento genético Processo de comunicação que lida com problemas humanos associados com a ocorrência, ou risco de ocorrência, de uma doença genética em uma família. Participação de uma ou mais pessoas treinadas para ajudar o indivíduo ou sua família a: 1) compreender os fatos médicos: diagnóstico, provável curso da doença e as condutas disponíveis; 2) apreciar o modo como a hereditariedade contribui para a doença e o risco de recorrência para parentes específicos; 3) entender as alternativas para lidar com o risco de recorrência; 4) escolher o curso de ação que pareça apropriado em virtude do seu risco, objetivos familiares, padrões éticos e religiosos, atuando de acordo com essa decisão; 5) ajustar-se, da melhor maneira possível, à situação imposta pela ocorrência do distúrbio na família, bem como à perspectiva de recorrência do mesmo. Heredograma Doenças neurológicas geneticamente determinadas • Genética das doenças do movimento: doença de Parkinson e distonia • Genética da demência: doença de Alzheimer e doença de Huntington •Ataxia espinocerebelar (SCA) • Genética das doenças mitocondriais •Genética das doenças doenças musculares mediadas por RNA: distrofia miotônica Doença de Parkinson • Degeneração dos neurônios dopaminérgicos da SNc - depleção de dopamina estriatal (Núcleos da base ) • Sinais motores – rigidez muscular, tremor de repouso, instabilidade postural e lentidão nos movimentos •PARK - 10 formas monogênicas da doença – 3 autossômicas dominantes e 7 recessivas. • PARK1 e 4 – SNCA • Formas mais comuns da doença: autossômica dominante (AD), início tardio – mutações LRRK2 e AD de início precoce - mutações no gene Parkin. • ATP13A2, FBOX07, DNAJC6 e SYNJ1 – início juvenil e padrões atípicos e e multisistêmicos – demência, movimento anormal do olho, sinais piramidais Circuito motor DAUER e PRZEDBORSKI, 2003 PARK 1-4 PARK 8 PARK 2 PARK 6 PARK 7 PARK 9 PARK 15 Distonia “Síndrome da contração sustentada dos músculos, frequentemente causando torção e movimentos repetidos do corpo ou posturas anormais” sintomas - início gradual - com o tempo: os espasmos involuntários podem continuar mesmo no repouso. Classificação: idade de início, localização corporal, padrão temporal associação com outras características. Modo de herança: autossômico dominante Isolada: ou primária – sem associação de outras características Combinada: ou distonia “plus” – associação com outras desordens do movimento. Em condições normais – Dopamina ativa receptores estriatais D2 nos interneurônios colinérgicos e reduz influxo de Ca2+ e inibindo liberação de Ach. Na distonia causada por mutação DYT1 – ativação de receptores D2 provoca inibição anormal da dos canais de Ca2+, resultando em um aumento da liberação de Ach. Jananarajs et al., 2015 Charlesworth et al., 2013 Charlesworth et al., 2013 Doença de Alzheimer Demências – classificadas como “proteinopatias” – acúmulo anormal de proteínas específicas. Ex.: amilóidopatias, tauopatias, sinucleinopatias.... • Proteinopatias – podem ser hereditárias (mutações dominantes) ou esporádicas (vários fatores como idade) – fator de risco genético. • Demências apresentam influencia genética e ambiental. • Misto de proteinopatias. Ex.: Doença de Alzheimer – amiloidopatia e tauopatia. • Início tardio ou precoce: média de idade 65 anos, de progressão lenta, iniciando com prejuízo cognitivo leve até demência total. • Atrofia cerebral acompanhada de placas amilóides (β-amilóide) emaranhados neurofibrilares de proteína tau. Doença de Alzheimer Alois Alzheimer – 1906 Deterioração cognitiva Déficit de memória/raciocínio Atrofia cerebral: - Placas senis ß-amilóide - Emaranhados neurofibrilares proteína tau Sá et al., Front Neurol. 2012;3:81. Du Y et al. Brain Res Mol Brain Res 2005; 136: 177-88. Desorientação e Doença de Alzheimer Início precoce – mutações – formas herdadas e familiais da DA (~2% de todas as DA) – 3 diferentes genes • Gene da proteína precursora amilóide (APP) – codifica APP através da qual a β-amilóide é liberada. • Presenilinas 1 e 2 - componentes do complexo da γ-secretase (clivagem da APP) – mutações da presenilina 1 – forma mais comum de DA familial. Proteína Precursora da β Amilóide 21q21.1 α γ β secretases βA-42 aa. Insolúvel http://www.nia.nih.gov/alzheimers/scientific-images. National Institute on Aging Doença de Alzheimer Início tardio – maioria da DA - as causas podem ou não serem genéticas – embora fatores genéticos sejam importantes. • Apolipoproteína E (ApoE) – principal fator de risco da forma tardia. •Alelo E4 – risco aumentado de DA e E2 – risco reduzido (proteção). - não usado clinicamente para diagnóstico. PRÉ SENIL (<65 anos de idade) Herança autossômica dominante PS1 Determinantes (2% casos) PS2 APP TARDIO (>65 anos de idade) Apolipoproteína E APOE*4 Patogênese da DA – aumento da produção ou acúmulo de amilóide Du Y et al. Brain Res Mol Brain Res 2005; 136: 177-88. Lehmann et al., 2013 Doença de Huntington George Huntington (1872) – doença hereditária – pai e avô afetados. Doença neurodegenerativa progressiva – movimentos involuntários, com desordem intelectual e psiquiátrica Média de idade – 25 a 70 anos Graus variados de atrofia estriatal – lesão dos neurônios estriatais (inibitórios – GABA) que se projetam a substância negra e globo pálido (DA) níveis GABA DA Sinais motores da doença Drogas antidopaminérgicas - tratamento Kumar et al., 2015. Björklund et al., 2000; Ross et al., 2014 Doença de Huntington Doença autossômica dominante – 5/100.000 indivíduos Região 4p16.3 Mutação gene IT15 –proteína huntigtina (htt) – função desconhecida – essencial ao desenvolvimento – ausência é letal em ratos Importante no funcionamento normal dos núcleos da base – Proteína normal – regula expressão do BDNF Kumar et al., 2015. Doença de Huntington Doença poliglutamina – mais de 39 repetições CAG (glutamina) Repetição promove agregação – toxicidade: apoptose, excitotoxicidade, disfunção mitocondrial, desregulação transcricional – características neuropatológicas da doença Ataxia espinocerebelar Grupo heterogêneo de doenças neurodegenerativas geneticamente heterogênea – atrofia do cerebelo e perda das células de Purkinje – - ataxia dos membros, tronco e marcha (e outras específicas de cada doença) Desafio – sobreposição fenotípica entre as etiologias adquiridas, idiopáticas e herdadas Doença autôssomica dominante – SCAs – ações motoras descoordenadas – disartria, disfagia, alterações no movimento dos olhos, desequilíbrio postural. SCAs – repetição CAG (glutamina) – ataxias poliglutaminas (SCA1, 2, 3, 6 e 7) Doença autôssomica recessiva– tb apresentam sinais cerebelares, entretanto possuem neuropatia periférica associada. Repetição intron GAA no gene frataxin – ataxia de Friedreich Ataxia espinocerebelar Smeets & Verbeek, 2014 Katsuno et al., 2008 American Academy of Neurology, 2014 Katsuno et al., 2008 Doenças mitocondriais Doenças heterogêneas – clínico, bioquímico e genético. Mitocôndria: diversas funções Produção de ATP e controle genético (DNAnuclear e DNAmitocondrial) Definição – defeitos na via energética final do metabolismo mitocondrial, ou seja, na fosforilação oxidativa. Doenças mitocondriais Fosforilação oxidativa Sob controle do DNAn e DNAmt Das 90 proteínas, 13 são codificadas por DNAmt – mutações nesse DNAmt ocasionam as doenças Tipos de Mutação Pequena escala de mutação Substituição de nucleotídeos ATCGAATCGA ATGGAATCGA Doenças mitocondriais Mutações no DNAmt – Deleções e mutações pontuais Síndrome Kearns-Sayre (KSS) –deleções em larga escala Epilepsia mioclonica (MERRF) – m.8344A>G no gene RNAtLys Síndrome Kearns-Sayre (KSS) – m.11778A>G gene ND4 MELAS – m.3243A>G no gene RNAtLeu(UUR) Defeitos na síntese de proteína mitocondrial Doenças mitocondriais Mutações no DNAn – defeitos na cadeia respiratória mitocondrial Síndrome de Leigh – mutações heterozigotas na subunidade flavoproteína do complexo II, e outras mutações no complexo I, III, IV e V Doenças mitocondriais Mutação POLG – codifica polimerase γ do DNAmt – doença autossômica dominante MNGIE – encefalopatia neurogastrointestinal mitocondrial – depleção, deleções multiplas e mutações pontuais no DNAmt (autossômica recessiva) TYMP – codifica a timidina fosforilase – importante na replicação do DNAmt Doenças musculares Distrofia miotônica dominante. – doença mustissistêmica autossômica Miotonia, distrofia muscular, defeitos na condução cardíaca, envolvimento cerebral e endócrino. Consórcio Intern. Distrofia Muscular – nomenclatura com base no DNA Distrofia muscular tipo 1 (DM1) – expansão instável da repetição de trinucleotídeos CTG no cromossomo 19. Distrofia muscular tipo 2 (DM2) – expansão instável da repetição de tetranucleotídeos CCTG no cromossomo 3. Meola et al., 2013 Repetição instável do trinucleotídeo CTG na região 3’UTR do gene DMPK Mutação DM1 Repetição 150-12.000 pb 19q13.3 Mutação DM2 Repetição instável do tetranucleotídeo CCTG no intron 1 do gene CNBP Repetição <30 em indivíduos normais 3q21 Mutação DM1 Mutação DM2 Em cromossomos diferentes, mas com padrões semelhantes da doença RNA ocasiona a patogênese da doença Expansão é transcrita e o RNA mutante contendo as expansões acumula-se no núcleo Inclusões ribonucleares Padrões patológicos das doenças “Existem muitas hipóteses em ciências que estão erradas. Isso é perfeitamente aceitável, elas são a abertura para achar as que estão certas” (Carl Sagan) Obrigada !!! [email protected] Núcleo de Pesquisa em Bioquímica e Biologia Molecular – NPBIM/FAMERP Ramal 5864