programa de atendimento reumatológico infantil no - PRAC

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TÍTULO: PROGRAMA DE ATENDIMENTO REUMATOLÓGICO INFANTIL NO
HULW
AUTORES:
Eutília Andrade Medeiros Freire; Rilva Lopes Souza;
([email protected]); Ana Flávia Silva Amorim
Uelma Pereira de Medeiros
([email protected]); Patrícia
Karla de Lima Guimaraens; Décio R. de Amorim Brito ; Juliana C. Silva; Francicleide
Karla C. Gusmão;
Érica P. C. de Oliveira;
Odilon Óton Guimaraens;
Iramirton
Figueiredo Moreira
INSTITUIÇÃO: Universidade Federal da Paraíba
ÁREA TEMÁTICA: Saúde
1- OBJETIVO: Atender e acompanhar a população infantil portadora de doenças
reumáticas, através de uma avaliação clínica e laboratorial dos pacientes
atendidos;cadastra-los em um banco de dados do projeto, anexando todas as suas
informações epidemiológicas;treinar os alunos, bolsistas ou voluntários, inscritos no
projeto
para
capacitação
do
atendimento
ambulatorial
e
cadastro
epidemiológico;fornecer dados estatísticos que reflitam o perfil epidemiológico das
principais doenças reumáticas;educar o familiar ou responsável pelo paciente
reumático quanto à natureza clínica da doença e às medidas de prevenção da
incapacidade funcional ou seqüelas.
6-METODOLOGIA: O processo de atendimento aos portadores de doenças
reumáticas ocorrerá no setor infantil do HULW/UFPB.
Em um primeiro momento, atenderemos com fins terapêuticos as crianças que assim
precisarem, em sessões que ocorrerão das 13 às 17 horas, às sextas-feiras, no ambulatório
de reumatologia pediátrica do referido estabelecimento. Este atendimento será realizado em
cinco etapas:
1. Realização da anamnese e exame físico do paciente pelos estudantes;
2. Intervenção do médico responsável com avaliação do procedimento do docente;
3. Discussão do caso e estabelecimento da hipótese diagnóstica entre estudantes e
professor;
4. Conduta médica através da solicitação de exames complementares e orientação
ao paciente sobre a doença e terapêutica a ser seguida;
5. Registro de todos os dados relacionados ao paciente em seu prontuário
previamente cadastrado no projeto.
Secundariamente, a partir do estudo do registro dos pacientes atendidos e avaliação
de suas principais necessidades, será possível a realização de aconselhamento familiar e
palestras voltadas à comunidade a fim de torná-la conhecedora dos principais aspectos
inerentes à sua doença e as formas de prevenção existentes, ensinando-lhes também a lidar
com os principais aspectos emocionais relacionados à aceitação de sua doença e às
possíveis seqüelas que possam surgir.
7-RESULTADOS: O projeto de Reumatologia Pediátrica é o único existente na Paraíba.
Conta com 25 semanas de atendimento e um total de 65 diagnósticos já realizados. Em
virtude de sua existência recente, nossos resultados não são absolutamente expressivos,
tendo em vista o tamanho da nossa comunidade, mas já indicam a importância deste
ambulatório que realiza uma média de 3 diagnósticos por semana. Estes são realizados com
muita dificuldade haja visto a precariedade do Hospital Universitário Lauro Wanderley no
tocante a realização de exames complementares específicos e que são de suma importância
para o bom andamento desta clínica.
Observando a nossa demanda de pacientes percebeu-se a necessidade de maior
capacitação dos integrantes do projeto, que está sendo realizada através de seminários
semanais ministrados pelos próprios estudantes. Além dos seminários, estão sendo
organizadas palestras para a comunidade, tanto para os ocupantes da ala pediátrica quanto
para escolas e associações comunitárias a fim de esclarecer acerca da gravidade das
doenças que acometem as crianças. Também é objetivo dessas palestras orientar a
comunidade como um todo sobre a atenção que deve ser dispensada aos doentes, que
muitas vezes necessita ser diferenciada, uma vez que pode haver seqüelas no decorrer ou ao
fim do tratamento.
O perfil epidemiológico da nossa população é o seguinte:
Prevalência de acometimentos reumatológicos nos pacientes do sexo feminino, com
57,14% em relação ao sexo masculino com 42,86% dos diagnósticos realizados.
Relação Homens/Mulheres Atendidos
26
24
Número de pacientes atendidos
22
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
1
Sexo
Os picos de incidência observados encontram-se nos intervalos entre 8-10 e 11-13
anos de idade, perfazendo um total de 57,10% dos casos.
Homens
Mulheres
Idade dos pacientes atendidos
Valor em % dos intervalos atendidos
35,00%
30,90%
30,00%
26,20%
25,00%
20,00%
15,00%
14,30%
14,30%
11,90%
10,00%
5,00%
2,40%
0,00%
2 -4
5-7
8 - 10
11 -13
14 - 16
17 - 19
Intervalos das idades em anos
Dentre os diagnósticos reumatológicos realizados no ambulatório, as doenças
encontradas foram as seguintes, em suas devidas proporções:
DOENÇAS MECÂNICAS
TOTAL
DOENÇAS INFLAMATÓRIAS
TOTAL
Artrite Crônica da Infância
09
Dermatopoliomiosite
01
Fibromialgia
02
Lúpus Eritematoso Sistêmico
03
Dores em mmii
06
Febre Reumática
06
Desvios Posturais
10
Púrpura de Henoch- Schonlein
04
Esclerodermia
01
Os desvios posturais são juntamente com a Artrite Idiopática Juvenil as principais
patologias que acometem a população infantil do nosso ambulatório. Os hábitos de se
manter em posturas erradas usando móveis inadequados em fase de crescimento pode
resultar em alterações estruturais do esqueleto, músculos e ligamentos, levando à
deformidade da coluna vertebral. Dos pacientes atendidos, 15,40% são acometidos por esta
doença, representando 23,80% dentro dos diagnósticos de doenças reumatológicas. A
moléstia acomete igualmente meninos e meninas, que se encontram na faixa etária dos 8
aos 14 anos, com acometimento principalmente no segmento dorso-lombar da coluna
vertebral. A Artrite Idiopática Juvenil ou Artrite Crônica da Infância é uma artrite de
origem desconhecida, relativamente rara, que ocorre em crianças abaixo dos 16 anos de
idade e preferencialmente no sexo feminino. Se define como edema ou dor e limitação de
movimentos em pelo menos uma articulação. A Artrite Idiopática Juvenil é uma doença
auto-imune inflamatória e crônica que não é fatal mas caso não seja tratada precocemente,
pode acarretar prejuízos permanentes. A doença tem curso bastante variado, indo desde
casos que evoluem espontaneamente para cura, até aqueles que cursam com importantes
deformidades do aparelho locomotor e com complicações viscerais que podem levar ao
óbito. No ambulatório de reumatologia pediátrica, os casos desta doença representam
13,84% do total de diagnósticos e 20% dos pertinentes à reumatologia. Incide igualmente
em meninos e meninas dos 4 aos 13 anos. Nossos pacientes apresentam acometimento das
articulações das mãos, joelhos e tornozelos, alguns têm dores nas articulações dos ombros,
coxo-femurais, pés e punhos. Há alguns relatos de linfadenomegalia, edema em membros
inferiores e nódulos subcutâneos. Temos também pacientes que já conviviam com a doença
há algum tempo e apresentam deformidades em pés,
todos são acompanhados
regularmente e evoluem satisfatoriamente. Diagnosticou-se também 6 casos de Febre
Reumática, representando 9,23% do total e 13,33% dos casos reumatológicos. É uma
doença inflamatória que ocorre como uma seqüela tardia, não-supurativa de uma infecção
pelo estreptococo beta-hemolíticos do grupo A. Ela não tem pré-disposição racial, étnica,
ou etária. É uma doença típica do adulto jovem que cursa com uma infecção estreptocócica
antecedente seguida de manifestações como artrite, cardite, nódulos subcutâneos, eritema
marginatum e coréia. Dos nossos pacientes, 83% eram meninas e apenas 17%
meninos.Constatamos infecções de orofaringe que antecedia sintomas como cardite, coréia
e artrite, sendo dois casos em cotovelos, dois casos em joelhos, um caso de artrite em dedos
e cotovelos, além de um caso de poliartrite migratória. Temos também um grande número
de pacientes que se queixam de dores nos membros inferiores de intensidade capaz de
impedir de o sono e fazê-los chorar, são as chamadas “dores benignas da infância” uma das
causas mais comuns de consultas em reumatologia pediátrica. De causa ainda desconhecida
esta entidade acomete crianças entre 3 e 15 anos
e não tem predileção por sexo.
Caracteriza-se por forte intensidade da dor, sem sinais flogísticos ou outras queixas
associadas. Os nossos pacientes apresentam esta queixa como a 3ª em freqüência,
representando 9,23% de todos os casos atendidos e 13,33% dos casos reumatológicos. No
nosso ambulatório a doença acomete mais meninos, na proporção de 5:1 e dentro da faixa
de pico de incidência e que com a devida orientação evoluem bem. Outra doença por nós
diagnosticada é a Púrpura de Henoch-Schonlein, a doença vascular mais comum na
infância, caracteriza-se por uma vasculite sistêmica de pequenos vasos, principalmente de
pele, trato gastrintestinal e rins, de etiologia desconhecida. É desencadeada por
determinadas infecções e algumas drogas. É mais comum no sexo masculino com pico de
incidência entre 2 e 7 anos. O diagnóstico é clínico com base no rash cutâneo e poliartralgia
migratória. Já registramos 4 casos que representam 6,15% do total de diagnósticos e 9,52%
dos casos reumatológicos, dentre estes, 75% foram meninas e apenas 25% meninos. Os
pacientes se enquadram na faixa etária e nos sinais clínicos da literatura, sendo a
articulação mais acometida o tornozelo, sem acometimento de outros órgãos, e com
manchas de pele predominando em membros inferiores. No ambulatório nós
diagnosticamos 3 casos de Lupus Eritematoso Sistêmico (LES) que representam 4,61% do
total e 7,15% dos casos reumatológicos. O LES é uma doença de causa desconhecida, onde
acontecem alterações fundamentais do sistema imunológico, o paciente desenvolve
anticorpos contra suas células normais. A doença varia muito de um paciente para outro,
indo de casos simples a casos significativos com danos a órgãos vitais. Ela se caracteriza
por períodos de atividade intercalados por períodos de remissão. É uma doença que atinge
mais o sexo feminino e é rara em crianças. No nosso ambulatório as crianças acometidas
têm entre 12 e 16 anos, sendo de forma incomum duas do sexo masculino e uma do sexo
feminino.Elas apresentavam acometimento das articulações das mãos e joelhos, vasculite,
lesões de pele e estão sendo acompanhados sem maiores complicações. A fibromialgia é
tida como a patologia prevalente entre as desordens reumatológicas e a faixa etária mais
atingida está entre 25 e 55 anos. Caracteriza-se por dor muscular e tendinosa difusa crônica
em pontos de localização anatômica específica. Dos nossos pacientes 3,07% apresentaram a
patologia perfazendo 4,76% dos casos reumatológicos, todos os casos acometeram
mulheres entre os 15 e 17 anos. . No ambulatório de reumatologia pediátrica registramos
um caso de uma menina de 12 anos portadora de esclerodermia e que representou 1,53% do
total e 2,38% das doenças reumatológicas. Ela apresentava lesões esclerodérmicas difusas
em extremidades proximais de braços e pernas. A esclerodermia é uma doença na qual
ocorre fibrose generalizada em pele e outros órgãos que contêm tecido conjutivo.
Comparada com outras doenças do tecido conectivo, é uma doença relativamente rara e que
incide mais em mulheres na proporção de 1:3. Já o complexo Dermatopolimiosite
representa uma entidade inflamatória muscular pertencente a família das Doenças Difusas
do Tecido Conectivo. Quando o comprometimento se restringe ao sistema muscular, é
conhecido como polimiosite; quando associado a rash cutâneo característico define a
chamada dermatopolimiosite. É uma doença rara não tendo em nosso meio dados
epidemiológicos. Seu quadro clínico consta de fraqueza muscular proximal e simétrica,
envolvendo as cinturas pélvica e escapular, assim como a musculatura da região anterior do
pescoço e flexores do tronco. O seu início é insidioso e o paciente queixa-se de dificuldade
para subir e descer escadas, levantar-se quando sentado, além de dificuldade para elevar as
mãos acima da cabeça. Em casos graves, a fraqueza pode generalizar-se restringindo o
paciente ao leito.O acometimento cutâneo ocorre em 1/3 dos casos, os achados mais
característicos são lesões eritemato-violáceas periorbitárias e lesões eritematosas levemente
descamativas localizadas em faces dorsais de metacarpolangeanas, cotovelos, joelhos e
tornozelos. Além de manifestações inespecíficas como rash de tronco e face, alterações
ungueais, artralgias e Raynaud podem ocorrer.Em nosso ambulatório, registramos um único
caso de dermatopolimiosite que representa 1,53% dos diagnósticos, e 2,38%
dos
acometimentos reumatológicos em uma menina de 4 anos, apresentando lesões
eritematosas com manchas hipocrômicas descamativas além de alopécia e prurido pelo
corpo. A criança encontra-se sem deambular devido a dores articulares nas cinturas pélvica
e escapular.
. Diante dos mais variados diagnósticos instituímos tratamentos que proporcionem às
crianças viverem o mais normalmente possível, no meio familiar e social. A terapêutica
empregada visa controlar a doença, suprimir a atividade da mesma, evitar e prevenir
seqüelas, manter o paciente na família, freqüentando a escola e permitir que o
desenvolvimento físico e afetivo ocorra de maneira adequada. É essencial estarmos
convictos de que o uso de drogas é apenas uma parte do tratamento, e que tão ou mais
importante são medidas como suporte psicológico, repouso e exercícios adequados, assim
como a conscientização do paciente e dos seus familiares a respeito da doença.
8. Bibliografia
OLIVEIRA,
Sheila
&
AZEVEDO,
Eneida.
REUMATOLOGIA
PEDIÁTRICA,
ED.REVINTER, 2ª ed./2001;
CASSIDY, James & PETTY, Ross. TEXTBOOK OF PEDIATRIC REUMATOLOGY,
ED. SAUNDERS COMPANY, 3ª ed./1995;
KELLEY, William. TEXTBOOK OF REUMATOLOGY, ED. SAUNDERS COMPANY, 5ª
ed./1997;
ROQUAYLOL, Maria & ALMEIDA, Naomar. EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE, ED. MEDSI,
5ª ed./1999
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