Redalyc.Dor em membros: a importância do exame clínico

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Revista Paulista de Pediatria
ISSN: 0103-0582
[email protected]
Sociedade de Pediatria de São Paulo
Brasil
Silva, Clovis Artur A.
Dor em membros: a importância do exame clínico
Revista Paulista de Pediatria, vol. 23, núm. 2, junio, 2005, p. 60
Sociedade de Pediatria de São Paulo
São Paulo, Brasil
Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=406038911001
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Editorial
Dor em membros: a importância do exame clínico
Pain in limbs: importance of the clinical findings
A
dor em membros é uma das principais causas
de dor crônica (duração acima de três meses)
e recorrente na faixa etária pediátrica. Sua
freqüência em crianças e adolescentes varia
entre 6% e 32%. Ela é idiopática, logo não está relacionada
com etiologias orgânicas, tais como causas infecciosas,
ortopédicas, reumatológicas, oncológicas, hematológicas
ou vasculares, entre outras. A presença de dor em membros
pode interferir nas atividades da vida diária de crianças e
adolescentes, causando absenteísmo escolar, dificuldades
no aprendizado e problemas psicológicos.
Na presente edição da Revista Paulista de Pediatria,
encontra-se um estudo de prevalência de dor em membros, realizado em importante serviço de referência
nacional em Reumatologia Pediátrica, por um período
de dois anos(1). Esse estudo ressaltou a necessidade de
pesquisar duas entidades que causam dor em membros
(síndrome da hipermobilidade articular benigna e fibromialgia), antes de diagnosticar a criança ou o adolescente
como portador de “dor recorrente em membros”, ou “dor
benigna em membros”, ou ainda “dor de crescimento”.
Tal pesquisa evidenciou a prevalência de síndrome da
hipermobilidade articular benigna em 27%, sendo mais
freqüente em crianças pré-escolares. Por sua vez, a
fibromialgia foi diagnosticada em 25%, com predomínio
em escolares e adolescentes. Os autores do referido
artigo ressaltaram que o curso da dor difusa crônica era
cíclico e que, no início da doença, os pacientes poderiam
apresentar dez ou menos pontos dolorosos. Esse fato
foi também evidenciado em estudo recente realizado
em nosso serviço em 833 adolescentes de uma escola
particular da cidade de São Paulo. Desses, a dor múscu-
Doutor em Medicina pela FM-USP e responsável pela Unidade de Reumatologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da FM-USP
Endereço para correspondência:
Rua Senador César Lacerda Vergueiro, 494, apto. 82
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lo-esquelética idiopática foi evidenciada em 40%, sendo
dor difusa crônica em 4% (todos apresentavam dez ou
menos pontos dolorosos), porém em apenas 1% foi diagnosticada fibromialgia. Outro aspecto relevante salientado é que os critérios para fibromialgia foram propostos
para adultos e ainda precisam ser revisados e validados
na população pediátrica, pois crianças e adolescentes
podem apresentar dor nos pontos estabelecidos com
cargas inferiores a 4 kg.
Portanto, o exame físico rotineiro de crianças e adolescentes com dor em membros deve incluir a pesquisa
dos pontos dolorosos para o diagnóstico da fibromialgia
e dos critérios de hipermobilidade articular. Em tais casos, o diagnóstico é essencialmente clínico e os exames
complementares são habitualmente normais.
Por sua vez, a presença de sinais de alerta, que sugerem doença orgânica, indica a necessidade de prosseguir
uma investigação laboratorial no paciente com dor em
membros. O pediatra deve estar atento a esses sinais,
ressaltando-se: dor localizada (unilateral) e persistente;
dor à palpação muscular; dor à movimentação articular;
diminuição da força muscular; dificuldade ou alterações
da marcha; manifestações sistêmicas associadas e dor
intensa e noturna.
Clovis Artur A. Silva1
Referência bibliográfica
1. Barbosa CMPL, Hangai L, Terreri MT, Len CA, Hilário MOE. Dor em membros
em um serviço de reumatologia pediátrica. Rev Paul Pediatr 2005;23:63-8.
CEP 05435.010
São Paulo/SP
E-mail: [email protected]
Recebido em: 20/4/2005
Rev Paul Pediatria 2005;23(2);60.
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