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A G E N D A E T E N D Ê N C I AS PARA A S E M A N A
DE 21 À 25 DE JANEIRO DE 2013
Cenário de Longo Prazo
Cenário internacional surge como menos adverso em
2013
Tendências Consultoria – Análise Semanal – 04.01.2013
“A expectativa é de que o crescimento global seja de 3,3% em 2013, pouco acima do desempenho
esperado para 2012 (3,1%).”
O ano de 2013 começa sob perspectivas menos sombrias para a economia
internacional, diferentemente da situação verificada há um ano, quando ainda eram
maiores os riscos de colapso da Zona do Euro, de um pouso forçado na China e de um
duplo mergulho nos Estados Unidos. De fato, as condições econômicas evoluíram ao
longo do ano em direção oposta a este cenário pessimista, chegando ao início de 2013
com uma conjuntura mais favorável, mesmo que grandes desafios ainda prevaleçam
nas principais regiões. Desta forma, para 2013 fica mantido e reforçado o cenário
básico considerado pela Tendências para o contexto internacional, que envolve a
sobrevivência do euro, a condução suave da desaceleração da China e a recuperação
moderada da economia norte-americana. Do ponto de vista do crescimento global, a
projeção é de uma alta de 3,3% em 2013, pouco acima do desempenho esperado para
2012 (3,1%).
Na Zona do Euro, ações incisivas das autoridades reduziram drasticamente o risco de
ruptura no bloco, tendo como principal mote a afirmação de que “o euro é
irreversível”. Medidas como a concessão ilimitada de liquidez aos bancos, compras de
títulos soberanos pelo Banco Central Europeu, pacotes de ajuda à Grécia e aos bancos
espanhóis, avanços nas reformas estruturais nos países e a criação de uma supervisão
bancária unificada foram fundamentais para a redução da percepção de risco ao euro,
culminando na recuperação do valor da moeda única. Nos Estados Unidos, a
recuperação econômica foi ameaçada pelo impasse fiscal, que colocou o país à beira de
um forte choque contracionista para 2013. Com o acordo alcançado, embora ainda
com alguns aspectos a serem resolvidos, a economia tende a manter a gradual
retomada, com melhora moderada do mercado de trabalho e da confiança dos
agentes. Finalmente, na China, a desaceleração da atividade observada até o terceiro
trimestre do ano foi estancada, conforme números do quarto trimestre. Com grande
capacidade de estímulos e em meio a uma lenta mudança do seu motor de
crescimento, o país deve atingir sua meta de expansão de 7,5% do PIB em 2013, após
desempenho semelhante esperado para 2012.
Europa – menor risco de ruptura, mas economia segue fraca
É consenso que a possibilidade de um evento extremo na região, envolvendo a saída
de alguma nação do bloco do Euro ou mesmo o colapso da moeda, reduziu-se
drasticamente com o passar de 2012, em meio às ações citadas acima. Porém, mesmo
tendo sido reforçado nosso cenário de não ruptura, é preciso considerar a manutenção
de um contexto delicado no continente.
Do ponto de vista econômico, as perspectivas seguem negativas na Zona do Euro,
para a qual projetamos contração de 0,2% do PIB em 2013 ante estimativa de –1,0%
em 2012. A Alemanha, principal economia da região, também tem fornecido evidentes
sinais de contágio da fraqueza na União Europeia, algo natural tendo em vista que
cerca de 60% das exportações do país tem como destino a própria UE. Após crescer
em torno de 0,7% em 2012, a economia alemã deve desacelerar o ritmo para 0,5%
neste ano. Itália e Espanha, que concentram ainda boa parte das preocupações no
continente, devem seguir com suas economias em contração em 2013, em 0,5% e
1,0% respectivamente, embora seja preciso ressaltar as importantes reformas que
ambos os governos têm conduzido e que devem trazer resultados positivos
gradativamente. Fora da Zona do Euro, o Reino Unido deve seguir uma recuperação
modesta, saindo de um recuo de 0,3% previsto para 2012, na direção de um
crescimento de 1,0% em 2013.
Quanto à crise das dívidas, a despeito do menor risco de colapso, alguns elementos
preocupantes ainda merecem atenção para 2013. Na Itália, o processo eleitoral
previsto para fevereiro ainda não causa maior apreensão, diante das declarações
apaziguadoras tanto do ex-primeiro ministro Mario Monti, quanto do candidato favorito
de centro-esquerda Pier Luigi Bersani, que tem defendido a manutenção das reformas
do governo de Monti, as quais contribuíram para acalmar os mercados. A incerteza fica
em relação à participação do também ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi, que
voltou a atacar as reformas realizadas. Na Espanha, os problemas seguem diversos,
com o desemprego extremo, recessão econômica e bancos em dificuldades. Porém,
cabe atentar especialmente para o aspecto político, envolvendo as demandas
separatistas da Catalunha, o que pode causar períodos de nervosismo durante o ano.
Na Grécia, os acordos firmados até agora garantem a manutenção do país no bloco,
mas a difícil situação social representa um risco, caso os protestos da população se
acentuem.
Em suma, a Europa continuará como um fator de preocupação para este ano. Porém,
em comparação com o período em que havia incertezas quanto à própria sobrevivência
do euro, as perspectivas atuais certamente são menos nebulosas. Será crucial que
novas reformas e avanços institucionais sejam promovidos durante o ano, a fim de
construir uma visão mais promissora também para médio e longo prazo, tendo em
vista que os desequilíbrios entre as nações da região persistem. De qualquer forma, a
situação de curto prazo está mais bem equacionada, como é possível visualizar em
indicadores como o custo de financiamento dos países e os prêmios de risco do setor
bancário, conforme indicadores selecionados na figura a seguir.
Figura 1: Índice iTraxx setor financeiro europeu e yield de 10 anos do título soberano da Itália
Fonte: Bloomberg
China – consolidação de um novo e positivo ritmo de crescimento
Após alguns meses de enfraquecimento da atividade econômica, que acentuaram as
preocupações dos analistas em torno de um eventual pouso forçado, os indicadores do
último trimestre voltaram a reagir, reforçando a visão de que a China terá condições
de estabilizar seu crescimento em patamar ainda substancial. A meta estipulada para
2012, de 7,5%, deve ser superada (a projeção da Tendências é de +7,7%) e mantida
pelo governo para 2013. O processo recente de transição política ocorreu de maneira
tranquila, sem causar qualquer tipo de efeito no ambiente econômico, em meio à
continuidade da orientação do governo de impulsionar gradativamente o consumo
doméstico.
Ainda
que
o
contexto
internacional
mais
favorável
permita
um
comportamento mais benigno das exportações líquidas chinesas, o aumento da
participação do consumo doméstico em relação aos investimentos no PIB, pode não
ser totalmente compensado pela melhora das exportações, o que explica a expectativa
de crescimento ligeiramente menor em 2013 (7,5%), ainda que em linha com a meta
do governo.
Desde agosto, quando a taxa de crescimento anual da produção industrial atingiu
8,9%, ritmo mais baixo desde o início de 2009, houve uma trajetória contínua de
aceleração nos meses seguintes. Em novembro, a expansão já havia retornado para
dois dígitos (10,1%), sinalizando a que a perda de força da economia havia sido
contida. Não foram necessários esforços substanciais em termos de políticas
econômicas para obter a reversão da tendência, considerando que o último movimento
de afrouxamento monetário foi realizado no início de julho e que não houve grandes
aportes fiscais e de crédito como forma de reação. Ou seja, diante das condições
atuais, que envolve um ambiente internacional desafiador, a China está encontrando,
naturalmente, uma velocidade de cruzeiro para seu crescimento, em ritmo ainda
substancial ao redor de 7,5%.
Figura 2: China: preço spot do minério de ferro (US$/ton) e produção industrial (Y/Y)
Fonte: Bloomberg
Desta forma, para 2013, está mantida a visão positiva para o gigante asiático. No caso
de a economia fraquejar, as autoridades seguem dotadas de diversos instrumentos de
estímulos, capazes de manter o crescimento em linha com o objetivo traçado pelo
governo. Os mercados já anteciparam uma tendência benigna para o país nos
próximos meses, como pode ser observado nos preços à vista do minério de ferro no
mercado local, que encerraram dezembro no maior patamar desde abril.
Estados Unidos: redução nas incertezas favorece crescimento
O desempenho econômico dos Estados Unidos neste ano deve ser melhor do que o de
2012, uma vez que o país tem dado sinais mais sólidos de recuperação, além de ter
conseguido mitigar boa parte das incertezas com a questão fiscal. Em meio à gradual
recuperação do mercado de trabalho e da confiança dos agentes, o cenário para o
consumo e, em menor grau, para os investimentos, surge como moderadamente
positivo. Assim, projetamos um crescimento do PIB norte-americano da ordem de
2,3% no ano, o que representaria uma aceleração em relação ao avanço de 2,0%
estimado para 2012.
Dentre os fatores que devem explicar o ritmo de crescimento mais forte nos próximos
trimestres está a continuidade da recuperação gradual do emprego no país. Em 2012 o
mercado de trabalho criou 1,8 milhão de vagas, patamar semelhante ao de 2011.
Enquanto isso, a taxa de desemprego cedeu de 8,5% em dezembro de 2011 para
7,8% no final de 2012. Em 2013, essa melhora paulatina do mercado de trabalho deve
continuar a sustentar o consumo das famílias, que seguirá fornecendo a principal
contribuição para o crescimento do PIB. Outro aspecto positivo para as famílias vem do
mercado imobiliário residencial, que desde meados de 2011 mostra uma retomada nas
vendas, preços e investimentos no setor. Ou seja, o efeito riqueza gerado pelos preços
dos imóveis voltou a atuar positivamente, após anos de baixa.
Adicionalmente, o acordo no Congresso entre democratas e republicanos ao início
deste ano contribuiu para reduzir as incertezas políticas relacionadas ao abismo fiscal,
mesmo que alguns aspectos ligados ao tema sigam não equacionados. O impasse teve
impacto não desprezível no sentimento dos agentes, de modo que os menores riscos,
especialmente em relação aos aumentos de impostos, devem reverter parte da cautela
recente. Ainda assim, cabe atentar para as novas discussões políticas que terão que
ocorrer nos próximos meses, relacionadas aos cortes automáticos de gastos e ao teto
do endividamento do país.
Do ponto de vista da política monetária, a gradual melhora da economia pode
precipitar algumas mudanças em sua condução, conforme sinalizado pela ata da última
reunião do Fomc. Embora não exista qualquer expectativa de alteração na taxa de
juros próxima a zero, diante das referências assumidas de 6,5% para o desemprego e
de 2,5% para a inflação projetada, o Fed indicou que há membros que defendem uma
redução ou mesmo o fim das compras de ativos ainda em 2013.
Em suma, o cenário para 2013 é moderadamente favorável para a economia norteamericana, que terá como desafios manter a recuperação do mercado de trabalho e da
atividade, diante dos ajustes fiscais que serão promovidos, além de evitar efeitos
negativos
decorrentes
da
forte
polarização
política.
Desta
forma,
diante
da
manutenção de alguns riscos adversos, nossa projeção para o crescimento do país em
2013 está na ponta inferior do intervalo estimado pelo Fed, entre 2,3% e 3,0%. Ainda
assim, o desempenho esperado é satisfatório, o que mostraria que a economia norteamericana está conseguindo sustentar uma retomada mais firme após os graves
impactos da crise de 2008 e 2009.
Figura 3: Projeções de crescimento nas principais economias (2012 e 2013)
Brasil: Apesar dos riscos, condições do mercado de trabalho devem se
manter em 2013
“Retomada do PIB esperada para este ano deve sustentar mercado de trabalho, embora o risco de não
materialização deste cenário, e impacto sobre emprego e renda, não possa ser descartado.”
Apesar do baixo crescimento econômico, 2012 foi um ano muito positivo em termos de
mercado de trabalho. Com dados realizados até novembro, a taxa de desemprego já
registra uma média de 5,6% e deve encerrar o ano em 5,5%, abaixo do que se
observou em 2011 (6,0%). Para 2013, ainda existe algum espaço, embora cada vez
mais limitado, para que o emprego cresça acima do ritmo de expansão da força de
trabalho, levando a taxa de desemprego média do ano para 5,2%.
Em um ambiente de limitação de oferta de trabalho, em que grande parte da mão de
obra já foi incorporada ao processo produtivo, os rendimentos continuam a se expandir
a taxas elevadas. No entanto, a maior base de comparação, assim como o menor
percentual de reajuste do mínimo, deve fazer com que a renda real em 2013 cresça
um pouco menos se comparada a 2012 (2,8% frente aos 4,2% esperados para 2012).
Em linhas gerais, o PIB mais elevado esperado para este ano deve manter as
condições favoráveis no mercado de trabalho, em termos de emprego e de renda.
Mesmo assim, existem riscos de que esse cenário de recuperação não se materialize
na magnitude esperada e surpreenda para baixo, sobretudo no que tange às incertezas
que permeiam a trajetória da indústria e dos investimentos. O cenário internacional,
ainda que melhor, segue permeado de riscos e o patamar da confiança industrial
continua reduzido. O mapeamento desses riscos é importante pois eles podem, de
alguma forma, impactar o desempenho do mercado de trabalho, que praticamente não
foi afetado pelo longo período de acomodação da atividade econômica e que vem
sustentando o patamar de consumo.
A Pesquisa Mensal de Emprego (IBGE) mostrou um recuo da taxa de desemprego, de
5,3% em outubro para 4,9% em novembro. A ocupação mantém uma tendência
positiva de expansão, embora tenha crescido menos que no mês anterior (0,2% em
novembro ante 0,7% em outubro), em alguma medida, por causa do menor
crescimento do emprego formal. A média móvel trimestral da ocupação sustenta alta
de 0,5% em novembro. A PEA também apresenta uma evolução muito positiva nos
últimos meses, respondendo ao quadro de atividade pouco mais favorável no terceiro
trimestre.
Mesmo em um ambiente de esfriamento da atividade, que caracterizou a economia
brasileira ao longo do ano, o emprego tem sido sustentado. Na expectativa de um
ambiente econômico mais promissor e levando em conta os custos elevados de
demissão e recontratação, a indústria (principal responsável pelo fraco PIB de 2012 do
lado da oferta) mantém seus funcionários, realizando eventuais ajustes via redução de
horas trabalhadas. O setor de serviços, por outro lado, intensivo em mão de obra, tem
crescido acima do PIB e contribuído para a manutenção de condições favoráveis para o
emprego.
A expectativa da Tendências, de fato, é de que o PIB comece a trilhar uma tendência
positiva nos próximos trimestres, tendo em vista os incentivos fiscais, tarifários e
monetários adotados pelo governo, o que deve manter o crescimento da ocupação ao
longo de 2013. Nesse sentido, nossos modelos para o emprego mostram alta de 2,3%
em relação a 2012. A PEA tem um comportamento pró-cíclico e também deve
responder positivamente à recuperação da atividade, crescendo 1,9% em 2013 ante a
projeção de 1,7% para 2012.
O salário mínimo deste ano foi reajustado em 9% frente aos 14,1% observado em
2012, passando de R$ 622 para R$ 678 (em termos nominais). Além do quadro de
baixa ociosidade do mercado de trabalho, com a taxa de desemprego ao redor de
5,5%, o forte reajuste do mínimo em 2012 teve um papel importante no desempenho
dos rendimentos ao longo do ano passado. Isso porque, além de referenciar o mercado
formal, o salário mínimo baliza os reajustes salariais dos trabalhadores sem carteira de
trabalho assinada.
Nesse contexto, a renda real, que acumula alta de 4,0% nos últimos 12 meses
encerrados em novembro (de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego – IBGE) deve
fechar 2012 com um crescimento expressivo (nossa expectativa é de alta de 4,2%)
bem acima do que se espera para o PIB (0,8%).
Apesar de a expectativa de crescimento para a atividade econômica em 2013 (PIB em
3,2%) superar o resultado esperado em 2012, fator determinante para a evolução dos
rendimentos, a expectativa é de que a renda real cresça pouco menos em 2013. A
variação mais baixa esperada para o ano (2,8%), embora contemple uma trajetória
positiva ao longo dos meses, pode ser explicada, em primeiro lugar, pela base de
comparação elevada de 2012, além da menor magnitude do reajuste para o salário
mínimo. Mesmo assim, a projeção é de um crescimento médio mensal de 0,2% na
série com ajuste sazonal.
É importante ponderar que a não concretização de um cenário positivo para o PIB
deste
ano,
principalmente
no
que
tange
à
recuperação
da
indústria
e
dos
investimentos, pode ser uma restrição ao desempenho da renda e também do
emprego. Ou seja, um cenário mais pessimista em termos de crescimento econômico
inviabilizaria a retenção da mão de obra ociosa por muito mais tempo. Esse é um
ponto que deve ser monitorado ao longo do ano.
Brasil: Crescimento, Investimento e Contas Públicas
Brasília e a Engrenagem
Por Delfim Neto
Antes de lembrar os inegáveis sucessos desses dois anos de governo da presidenta
Dilma Rousseff na administração dos problemas da economia, decidi entrar direto na
discussão do que me parece o maior desafio que ela terá de enfrentar (e vencer) nos
dois anos que começam hoje, janeiro de 2013. O Brasil precisa aumentar fortemente o
ritmo dos investimentos para voltar a crescer 5% ao ano, o que vai acontecer quando
funcionar a engrenagem fundamental que move todo o sistema das economias de
mercado, a confiança que deve existir entre o setor privado e o Estado.
Os investimentos retornarão quando se reforçar nos empreendedores a certeza de que
serão tratados com justiça, com regras de jogo amigáveis aos mercados, claras e
definitivas e com a garantia de que haverá respeito rigoroso à estabilidade dos
contratos. De um lado, é vital que o setor privado entenda as dramáticas dificuldades
que cercam a administração do Estado, aceitando o fato de que o poder incumbente é
o regulador dos mercados para aumentar a competição num ambiente favorável aos
negócios. Por sua vez, a administração do Estado deve manobrar com inteligência e
paciência e obter a cooperação do setor privado para a realização de seus objetivos.
Nesses dois primeiros anos, desde a posse em janeiro de 2011, a presidenta Dilma
Rousseff enfrentou e venceu outros graves desafios que pareciam insuperáveis, o
maior deles uma elevadíssima taxa de juros que se eternizava. Administrado com
extrema competência, o Banco Central comandou um sofisticado e cauteloso processo
de redução dos juros, sustentado na mais alta instância política pela atenção direta da
presidenta Dilma, até trazer o juro básico ao nível mais civilizado de 7,25%, em 12
meses. Isso depois de 15 anos de prática da mais alta taxa de juros do mundo, que
alimentou uma sobrevalorização cambial, causando enormes prejuízos à manufatura
nacional.
É de justiça reconhecer que, no exercício da política monetária, o presidente do Banco
Central, Alexandre Tombini, mostrou-se muito mais antenado com a realidade
brasileira e com a situação da economia mundial do que a maioria dos nossos
“especialistas” do mercado financeiro e das próprias autoridades monetárias dos países
ditos “centrais”. A redução da taxa de juros real foi um passo muito importante que vai
ter consequências sérias no futuro. Não é sem motivo que nossos mais ativos e
ousados fundos de investimento estão buscando, no exterior, alternativas para a
redução dos rendimentos que obtinham no Brasil.
De dezembro de 2011 a novembro de 2012, a Bolsa mexicana aumentou 15% em
moeda local e 23% em dólares; a colombiana, 14% e 22%, respectivamente,
enquanto a Bovespa aumentou 1,6% em reais e perdeu 10% em dólares. Isso explica
“o porquê” de o Brasil ter deixado de ser o queridinho que era do mercado financeiro,
quando as aplicações rendiam, aqui, 30% ao ano, em dólares, graças à soma do
crescimento da Bovespa e da valorização do câmbio… Muitos ainda choram o fato de o
Brasil não ser mais o pernil com farofa e ameixa oferecido nas festas neste fim de
2012 na City londrina ou em Wall Street.
O investidor nos setores de produção de bens não financeiros dá menos importância a
esse fato, porque olha o mercado com “olhos mais longos” e vê um país com 200
milhões de habitantes, com renda per capita de 12 mil dólares, que, entre 2006 e
2011, cresceu à taxa anual de 3,2%, com uma inflação média de 5%, com uma sólida
política fiscal (gráfico) e que recentemente foi classificado, pela Boston Consulting
Group (BCG), entre 150 países, como o que melhor utilizou o crescimento econômico
dos últimos seis anos para elevar o padrão de vida e o bem-estar da população (em
meio à crise que continua massacrando boa parte do mundo). O resultado da consulta
é explicado pela inserção no mercado de uma ampla classe média, que vai diversificar
seu consumo e exigir cada vez mais qualidade dos bens e serviços no futuro. E
também explica a “sustentabilidade” em alto nível do prestígio internacional (e
nacional) do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Rousseff (gráfico: Inclusão
Social das Classes C e D).
A presidenta frequenta, ainda, nestes momentos finais do Ano-Velho e início do AnoNovo, a pedreira da questão energética e não é só no caso da renovação das
concessões das usinas hidrelétricas, mas também da partição da produção no pré-sal
entre os entes da Federação. O encaminhamento das discussões para as Casas do
Congresso Nacional é a solução correta. Não houve quebra de contrato no caso da
energia nem de outros setores. Não é justo calcular a indenização das usinas pelo
valor residual contábil, como pretendem alguns estados, porque ele incorpora todos os
tropeços na construção de cada uma delas. Não foi razoável, porém, desrespeitar as
relações impostas pela Federação, depois de ter rejeitado os pedidos de renovação que
os estados fizeram no passado.
A presidenta Dilma agiu bem ao buscar solução para o sério problema do excessivo
custo da energia no Brasil, uma questão complicada que está procurando corrigir,
talvez, de uma maneira um pouco mais dura do que seria necessário, mas que precisa
ser feita. Espera-se, finalmente, a convocação no segundo semestre de 2013 dos
prometidos leilões.
As medidas tomadas no exercício das políticas monetária, fiscal e cambial estão na
direção correta. Pode-se discutir a forma, mas elas estão corrigindo, ou tentando
corrigir, alguns dos defeitos fundamentais da economia brasileira. Isso contempla
desde a bem-sucedida política de queda da taxa de juros real, a recuperação da taxa
de câmbio proporcionada pelo controle do movimento de capitais, as desonerações das
folhas salariais, e o excepcional esforço para aumentar a inclusão social.
O governo, quando facilita o acesso ao crédito, quando estimula sua expansão, está
promovendo o crescimento do consumo, deixando claro que esse modelo ainda tem
muito que contribuir para a inclusão social. O que falta agora é um poderoso estímulo
ao investimento privado e o restabelecimento de uma relação de confiança entre o
governo e o setor privado. (Artigo publicado na revista Carta Capital)
Brasil: Muito barulho por nada
Por Luiz Gonzaga Belluzzo e Júlio Gomes de Almeida
Para se manter na moda, up to date, o Brasil concebeu o seu próprio “abismo fiscal”. A
encrenca foi criada na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que obriga a fixação do
superávit primário em valores correntes. Esse inconveniente poderia ser contornado
pelo envio ao Congresso Nacional de um projeto de lei que alterasse a LDO. Uma
manobra que provavelmente suscitaria os mesmos gritos e sussurros da turma brava.
A fixação do superávit primário na Lei Orçamentária equivale, na prática, a conter o
papel anticíclico da política fiscal. Excetuados os fanáticos nativos do Tea Party,
nenhum economista sensato aceitaria impor tal obstáculo à atividade contracíclica do
governo, sobretudo nos tempos bicudos de hoje.
Constrangido por essa impropriedade, o governo recorreu a expedientes contábeis
qualificados de “contabilidade criativa”. Essa “criatividade” concentrou-se, sobretudo,
na antecipação de dividendos de bancos estatais e no uso de recursos do Fundo
Soberano, criado para abrigar poupança fiscal, passível de ser utilizada para recompor
o resultado primário. O governo também se valeu da prerrogativa, inscrita na lei, de
abater os investimentos do PAC.
Não é novidade o uso de receitas não recorrentes para engordar o superávit primário.
Assim foi feito nos anos 1990, na “era das privatizações”. Isso não impediu a escalada
da dívida pública entre 1995 e 1999. Nesse período, a dívida saltou de 28% do PIB
para 44,5%.
É óbvio que a forte desaceleração da economia em 2012 iria provocar, como
efetivamente provocou, a queda da receita. A evolução dos ingressos fiscais sofreu,
ainda, as consequências das desonerações criadas pelo governo para aliviar custos
tributários incidentes sobre o consumo e o investimento, com o propósito de obviar
uma queda mais intensa do ritmo de atividade. Não menos importante foi o efeito do
baixo crescimento e das desonerações sobre as receitas de estados e municípios. Isso
jogou uma carga mais pesada sobre a União no esforço de compor o superávit
primário, além obrigar o governo federal a prover as necessidades de financiamento
dos entes subnacionais.
Diante da rigidez das despesas correntes, o ajuste necessário para garantir o superávit
primário
prometido
mediante
o
corte
de
gastos
contribuiria
para
danar
os
investimentos e degradar ainda mais o desempenho da economia. Até mesmo entre os
críticos da política econômica, tornou-se consensual
a opinião que afirma a
necessidade da elevação da taxa de investimento para sustentar o crescimento.
Assim, a redução do superávit primário numa conjuntura de forte desaceleração do
crescimento deve ser interpretada como natural e desejável. Ainda em 2011, a fase
“baixista” do ciclo de consumo já abalroava o ritmo de atividade, afetando, sobretudo,
o investimento em capital fixo na indústria de transformação, pressionada pelas
importações predatórias, as filhas diletas do câmbio valorizado. No segundo semestre
de 2011, o crescimento da economia brasileira aproximou-se de zero, transmitindo
para 2012 uma perspectiva desanimadora para o investimento privado. Esse quadro
configurou-se simultaneamente ao agravamento da crise internacional.
O desfalecimento do ciclo de investimento e consumo que se seguiu à recuperação de
2010 exigiria uma ação enérgica do governo, diferente das empreendidas em 2008.
Em primeiro lugar, a abrupta desaceleração da economia e o agravamento da crise
global impôs à política monetária uma redução mais rápida e intensa da taxa Selic.
Em nossa opinião, exarada ainda em 2011, a ação do governo deveria se concentrar
na aceleração do investimento dito autônomo: dispêndio em infraestrutura e gastos de
capital da Petrobras e da Eletrobras. Há de tomar em consideração que, em um
ambiente de crise internacional aguda e de extrema agressividade de nossos parceiros
comerciais, os efeitos desejados da elevação do investimento autônomo sobre o
emprego, a renda e a receita fiscal podem se dissipar. Por isso, foram adequadas as
ações do Banco Central do Brasil na gestão da política monetária e cambial.
Diante de sua
situação fiscal, o Brasil
não tem
razões para
reproduzir as
recomendações dos republicanos nos Estados Unidos ou da senhora Merkel para a
Europa do euro.
É bom esclarecer que não se trata de justificar a aceitação de um déficit primário, o
que acarretaria efeitos negativos para a dinâmica da dívida pública. Apesar dos
chiliques de alguns analistas, a dívida pública brasileira tem sido administrada de
forma adequada. Seja qual for o critério utilizado para avaliar a trajetória do
endividamento público, em termos brutos ou líquidos, o desempenho fiscal do governo,
observado por este ângulo, é satisfatório. A dívida líquida equivale atualmente a 35%
do PIB.
É provável que o comportamento da dívida pública seja ainda melhor por conta dos
efeitos do declínio dos juros nos próximos anos. Explicamos: a queda dos juros não
produziu ainda as benesses reclamadas pelos mais afoitos porque, como é óbvio, boa
parte do estoque da dívida ainda carrega os juros velhos. Mas os dados do Tesouro
mostram reduções expressivas das taxas de juros (prefixadas ou indexadas a índices
de preços) nas novas colocações.
Para encerrar, vamos recorrer a um artigo recente de Paul Krugman no The New York
Times: “Uma economia não é como uma família. Uma família pode decidir gastar
menos e tentar ganhar mais. Mas, na economia como um todo, os gastos e ganhos
andam juntos: meus gastos são a sua renda, o seu gasto é minha renda. Se todo
mundo tenta reduzir os gastos ao mesmo tempo, a renda vai cair – e o desemprego
vai subir… Nesse ponto, os governos precisam intervir, passando a apoiar suas
economias enquanto o setor privado recupera o seu equilíbrio. E em certa medida isso
de fato aconteceu: a receita caiu drasticamente na crise, mas os gastos realmente
cresceram conforme programas como o seguro-desemprego se expandiram e o
estímulo
econômico
temporário
entrou
em
vigor.
Os
déficits
orçamentários
aumentaram, mas isso foi uma coisa boa, provavelmente a razão mais importante pela
qual não tivemos um replay completo da Grande Depressão.” (Artigo divulgado na
edição da semana de 14 a 18 de janeiro de 2013, na revista Carta Capital)
ESTIMATIVAS PARA O CÂMBIO EM 2013
Segundo apontam as medianas da pesquisa da Agência Estado realizada nesta
quinta-feira (17/01) pelo AE Dados, as instituições dealers* que atuam junto ao
Banco Central continuaram reduzindo suas projeções de câmbio de curtíssimo
prazo. A mediana para sete dias à frente teve recuo de 0,49%, para 2,0400
R$/US$. A mínima permaneceu em 2,0300 R$/US$ e a máxima em 2,1500
R$/US$, respectivamente.
Para o final de janeiro, o levantamento indica a mediana das estimativas
também caiu (0,24%), para 2,06500 R$/US$.
A mínima e a máxima também
ficaram estáveis a 2,0300 R$/US$ e 2,1500 R$/US$, respectivamente.
Para o final do primeiro trimestre, não houve alteração na expectativa de taxa
a 2,0600 R$/US, segundo a mediana das estimativas. A mínima e a máxima
igualmente ficaram estáveis a 2,0300 R$/US$ e 2,1500 R$/US$, respectivamente.
Para o fim do primeiro semestre, porém, a mediana das instituições dealers para
a taxa de câmbio subiu 0,24%, para 2,0800 R$/US$. Cabe observar que a máxima
caiu 0,45%, agora abaixo de 2,2000 R$/US$, para 2,1900 R$/US$, enquanto que
a mínima continuou em 2,0300 R$/US$.
Por fim, para o fim de 2013, a mediana das projeções para a taxa de câmbio teve
forte redução, de 2,38%, para 2,0500 R$/US$. As estimativas mínima e máxima
para esse horizonte de tempo permaneceram em 2,0000 R$/US$ e 2,3000
R$/US$, respectivamente.
Cenário de Curto Prazo para os Mercados
Comportamento dos mercados na semana de 14 a 18 de
janeiro de 2013
Segundo a Tendências Consultoria, os mercados internacionais seguem sob o
desafio de manter o embalo recente, diante da recuperação seguida nas últimas
semanas, que levou as bolsas para patamares elevados. Em Wall Street, o Dow Jones
segue rondando as máximas desde o final de 2007.
Segundo o Cenário-2 do AE Broadcast, na sexta-feira, o anúncio de que a Câmara
dos EUA poderá votar, nesta semana, um projeto de lei do partido Republicano que
aumenta o limite legal de endividamento do governo do país tirou alguns dos principais
índices acionários norte-americanos do terreno negativo no fim da tarde. A exceção é o
Nasdaq, que caiu sob o efeito da queda das ações da Intel. Tanto o Dow Jones quanto
o S&P 500 operaram em queda durante boa parte do dia, em linha com a cautela que
prevaleceu na grande maioria dos ativos mais arriscados. No entanto, encerraram a
sessão nas máximas, o que garantiu aos dois índices o maior fechamento em mais de
cinco anos. A Casa Branca se disse "encorajada" com o plano dos Republicanos para
elevar o teto da dívida. A proposta prevê que o limite legal de endividamento do
governo seja elevado de forma suficiente para durar três meses. Em troca, seria
exigido que o Congresso aprove um roteiro orçamentário para o próximo ano fiscal
(que começa em 1º de outubro). Caso isso não ocorra, os membros do Congresso
deixarão de receber salários. Os mercados brasileiros praticamente não tiveram tempo
de reagir à notícia.
Na China, segundo a Tendências, os dados positivos do quarto trimestre não foram
suficientes para trazer um novo impulso, embora a manutenção do bom desempenho
do gigante asiático seja de extrema importância para os mercados. Na Europa, sem
maiores novidades nos últimos dias, o euro tem oscilado sem direção definida ante o
dólar, mas a melhora das condições de financiamento dos países é fato positivo. Nos
Estados Unidos, a percepção econômica segue mais favorável, embora as intensas
discussões sobre o teto do endividamento continuem afetando o sentimento dos
agentes.
No Brasil, o cenário tem sido de espera para bolsa e câmbio, enquanto a curva de
juros tem se inclinado diante da piora do quadro inflacionário, o que foi admitido pelo
Copom na última reunião.
No câmbio global, na sexta-feira, 18, o euro recuou frente ao dólar e ao iene, devido
às preocupações dos traders com sinais de fraqueza na economia da zona do euro. O
Banco da Itália disse hoje que a economia italiana, a terceira maior da zona do euro,
deverá recuar 1% em 2013 e comentários feitos por Benoit Coeure, membro da junta
dirigente do Banco Central Europeu (BCE), reduziram as expectativas de que a
autoridade monetária mude a taxa de juros.
Embora os mercados financeiros tenham se acalmado na Europa, o bloco ainda tem
poucas perspectivas de uma recuperação econômica sólida neste ano e o BCE não
parece pronto a adotar uma política de aperto monetário.
Neste contexto, o euro encerrou a semana a US$ 1,3320, ante US$ 1,3343 no final da
semana anterior e o dólar estava 90,10 ienes, de 89,19 ienes no final da semana
anterior.
Ante o real, diante de certa aversão ao risco nos mercados internacionais, o dólar à
vista fechou em alta, a R$ 2,0450, ante R$ 2,036 no final da semana anterior. A alta
acumulada na semana foi de 0,44%. Com isso, no mês e janeiro e no ano de 2013, a
moeda registra estabilidade. O movimento foi similar ao das demais divisas de países
exportadores de commodities e só não foi mais intenso devido à percepção de que o
Banco Central atuará se a moeda ultrapassar o nível de R$ 2,05.
Perspectivas para a semana de 21 à 25 de janeiro de
2013
Segundo a Tendências Consultoria, para os próximos dias, o ambiente não deve se
alterar substancialmente. A semana deve começar em ritmo lento, com o feriado de
Martin Luther King Jr. nos Estados Unidos, que fecha os mercados em Wall Street
nesta segunda-feira. Para este dia, o destaque externo fica para a posse de Barack
Obama, para seu segundo mandato. A partir da terça-feira, a agenda norte-americana
ganha relevância, com a continuidade da temporada de balanços, que terá os
resultados de grandes empresas de tecnologia (Microsoft, Google, IBM e Apple), além
de dados econômicos. Neste caso, destacam-se os números do setor imobiliário, que
vêm mostrando sólida recuperação, além de indicadores de atividade, mais instáveis.
Ainda nos Estados Unidos, será importante acompanhar a continuidade das discussões
políticas sobre a questão fiscal, com especulações sobre um eventual aumento
temporário do teto da dívida. Na Europa, o destaque ficará para dados de confiança da
Zona do Euro e Alemanha, que devem manter a tendência de ligeira melhora diante da
redução dos riscos financeiros na região. Finalmente, cabe atentar também para o
desfecho da reunião do Bank of Japan, na noite da segunda-feira, que deve trazer
ações mais contundentes de estímulo, envolvendo o provável aumento da meta de
inflação do país.
No Brasil, os ativos seguem atentos aos desdobramentos externos, mas também ao
delicado cenário doméstico. O foco interno ficará para a ata da reunião do Copom, na
quinta-feira, que ganha relevância após o Comitê admitir em seu comunicado a
combinação adversa de piora na inflação com recuperação da atividade menos intensa
que o previsto. Cabe avaliar o peso que o texto irá conceder para os dois objetivos,
embora a percepção continue sendo de que a Selic não mudará ao menos até o final
do ano.
Segundo artigo de Cristina Canas, em artigo do AE Broadcast, a mudança no
comunicado que acompanhou o anúncio do resultado da reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central, na qual manteve a Selic estável em 7,25%, fez
com que a expectativa para a ata do encontro, que já era grande, crescesse mais
ainda. O texto avisou que o balanço de riscos para a inflação apresentou piora no curto
prazo. Então, a ata deve explicar que riscos são esses na visão da autoridade
monetária e em que medida eles colocam em cheque a convergência do IPCA para os
4,5% que devem ser perseguidos pelo BC, por determinação do Conselho Monetário
Nacional (CMN).
O pequeno documento de quarta-feira também explicitou que o BC está preocupado
com a recuperação da atividade econômica. Seria bom, então, segundo Canas, que o
texto a ser divulgado na próxima quinta-feira explicasse em que medida essa
ponderação foi feita pensando unicamente na trajetória de preços e até que ponto o
BC assumiu um duplo mandato, do qual o mercado já está convicto.
O Copom também citou no comunicado a “complexidade que envolve o ambiente
internacional”. Como nas últimas comunicações com o mercado o BC tinha suavizado o
peso do cenário internacional adverso, é preciso que, desta vez, ele retome o assunto
e detalhe as variáveis novas que o preocupam.
Por fim, segundo a jornalista da AE, embora não tenha havido referências ao assunto
no comunicado, os analistas esperam que a ata do Copom se pronuncie a respeito da
política fiscal. Ainda não terminamos janeiro e a equipe econômica - pelo menos parte
dela - já admite que a meta de superávit de 3,1% do PIB não será cumprida sem
abatimentos em 2013, como já ocorreu no ano passado.
Para a Tendências, de qualquer forma, o quadro inflacionário preocupante e os sinais
de melhora externa já começaram a provocar a inclinação da curva, com as taxas
médias e longas contemplando as dificuldades para a política monetária no futuro,
caso o combate à inflação seja cada vez mais postergado. Na agenda local, além da
ata, destaque para o IPCA-15 e a nota do setor externo (quarta), além da nota de
crédito na sexta-feira, dia em que os mercados locais fecham com o feriado municipal
de São Paulo
No câmbio doméstico, a valorização global do dólar nos últimos dias recolocou a
taxa de volta para cima de R$ 2,04/US$, embora não tenha alterado a perspectiva de
baixa volatilidade para o curto prazo. O fluxo financeiro tem melhorado neste início de
ano, o que deve se manter diante das notícias de novas captações corporativas.
Finalmente, o Ibovespa segue com dificuldades para ir além dos 62 mil pontos, em
meio à acomodação externa e às incertezas com a economia doméstica. Mesmo que o
viés siga positivo para a renda variável, os movimentos pouco consistentes devem
continuar como os mais prováveis.
Fontes: Tendências Consultoria e AE-Broadcast
Elaborada por Miriam Tavares Diretora de Câmbio
AGK Corretora de Câmbio S.A.
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Rua Barão de Itapetininga,298–1ºand.– República – CEP 01042-000–São Paulo–SP
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