SÍRIA Administrada pela França desde o desmembramento do Império Otomano até sua independência em 1946, a Síria é um ator relevante no Oriente Médio tanto por sua localização geográfica (ás margens do Mediterrâneo, entre Líbano e Turquia) quanto por seu envolvimento em conflitos (inclusive os árabe-israelenses), fatores que dão força às suas demandas. O país, onde o estado de emergência vigora desde a década de 1970 e no qual uma minoria poderosa (os alauítas) encontra-se no poder, tem sua economia baseada no petróleo e controlada pelo governo, tendo como principais parceiros Arábia saudita, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Líbia. O regime de Damasco, cuja figura central é o presidente Bashar alAssad, ainda sustenta o projeto da “Grande Síria”(política de formação de uma grande nação síria em um vasto território, a qual remonta ao período do domínio Otomano), o que motivou tensões com o Líbano, uma vez que tropas sírias permanecem em território libanês. Isso motivou o projeto francês de fragmentação do território sírio entre árabes, drusos e sunitas, que enfrentou repúdio veemente da Síria. A política externa síria, caracterizada tanto pela militância quanto pelo tom impositivo, também tem como ponto problemático Israel, sobretudo após a Guerra dos Seis Dias (1967), o que levou o país a posteriormente a reconhecer e manifestar apoio a Autoridade Nacional Palestina. Acresce que os regimes de Bagdá e Damasco aproximaram-se, estabelecendo relações cordiais, em decorrência, sobretudo da atratividade iraquiana para parcerias. Por ser um dos principais alvos da Al-Qaeda (cuja militância segue orientação islâmica e sunita), a Síria apoia por meio de relações diplomáticas formais a política americana de “guerra conta o terror”, apesar de ser acusada pelos EUA de financiar grupos e atividades terroristas. Isso torna o posicionamento sírio singular e complexo, mas não inviabiliza a oposição do país à invasão do Iraque, justamente com base no recente estreitamento das relações sírio-iraquianas, que fazem com que a Síria não tenha interesse no sucesso americano no Iraque. Com base nisso, a Síria, assumindo riscos não apenas rechaça pragmática veementemente a atuação da coalizão formada pelos EUA no Iraque, mas também conclama os demais Estados árabes a negar abrigo e/ou suporte logístico às tropas americanas. A situação iraquiana, inclusive, é associada ao colonialismo.