SERVINDO PARA ALCANÇAR OS PERDIDOS Texto: 1 Co 9.19-23 Introdução: Há pouco tempo atrás, um programa de televisão apresentou um quadro chamado: “O Chefe Secreto”. Esse chefe era um dono ou diretor de uma empresa que: ● Deixava o conforto do seu escritório climatizado, secretária p/cuidar da agenda, cafezinho, almoço executivo e tudo mais; Disfarçava-se e deixava de vestir roupa formal, para colocar um uniforme; Deixava de realizar um serviço leve para encarar um serviço pesado; Foi trabalhar ao lado de funcionários de todos os tipos, regiões, etc. A ideia era procurar saber a verdadeira opinião dos funcionários da empresa, ver de perto os problemas, na hora em que eles aconteciam, e conhecer os problemas/sonhos de quem faz a empresa andar. Ao final, se fazia conhecido, acatava algumas sugestões e realizava alguns dos desejos dos funcionários. Guardando as devidas proporções e o disfarce à parte, essa ilustração nos dá uma ideia do que Paulo fez em função do objetivo que propôs. Adaptou-se a circunstâncias distintas com o fim de alcançar as almas perdidas. No cap. 9, ele fala de como usufruir liberdade, bem como dos seus direitos de apóstolo (vr.1), comer e beber bem (vr. 4), ter esposa e estar acompanhado dela (vr. 5) e receber sustento financeiro (vr. 6). No vr. 12, contudo, ele diz não ter usado nenhum deles, embora tivesse o direito. Paulo deixa-nos o exemplo de abnegação por amor ao próximo (Cap. 8.1). Renunciou seus próprios direitos em consideração às convicções dos outros (Rm 14.15-21; 15.1 deixam isso claro). Esse exemplo é derivado de sua prática missionária (9.16-23). Ele é livre, mas se torna voluntariamente servo de todos, para ganhar o maior número possível de pessoas. (Nos vrs. 19-23), ele apresenta a sua maneira de entender o exercício da sua liberdade em favor dos outros. Nesse trecho, Paulo apresenta uma nova face da liberdade. Como já disse, ela se expressa como capacidade de adaptação a circunstâncias distintas em função do alvo que a norteia. O v. 19 contém a tese fundamental, elaborada nos versículos seguintes. Ela afirma: 1º) O que Paulo é: livre de todos. Agostinho, o grande pai da Igreja, ensinava que a liberdade verdadeira não se trata de poder para escolher ou falta de restrições, mas sim, de sermos aquilo que fomos chamados a ser. Para Lutero: "O cristão é o senhor mais livre de todos e não está sujeito a ninguém; o cristão é o servo mais obediente, e está sujeito a todos". Em outras palavras, de acordo com Lutero, por causa do que Cristo fez e por causa de sua fé no Salvador, o cristão se tornou completamente livre da escravidão da lei. Ele não precisa fazer nada. Por outro lado, em gratidão pelo que Jesus fez por ele e nele, o cristão está preso no serviço a Deus e ao próximo. Ele tem a oportunidade de servi-los com alegria e liberdade. Livre, com o fim de se tornar escravo de todos. Esta certamente é a maior evidência do verdadeiro cristão, porque é o retrato do comportamento do próprio Senhor. 2º) O que ele faz com sua liberdade: faz-se servo de todos. Neste contexto, o tornar-se escravo de todos deve ser entendido à luz dos exemplos citados nos próximos versos, que se referem à vontade de Paulo em se adequar em qualquer contexto social no qual ele se encontrava, com o objetivo de "ganhar o maior número possível”. Três exemplos servem de ilustração: quando estava entre os que viviam sob a lei de Moisés (= os judeus), ele procedia como se fosse um judeu para ganhar os judeus. Quando estava entre os que viviam sem a lei mosaica (= os gentios), ele procedia como se vivesse sem lei, embora sua conduta seja determinada por outra lei, a lei de Cristo. Esta consiste em levar as cargas uns dos outros (Gl 6.2) e se resume no amor ao próximo (Gl 5.13-15; Rm 13.8-10). Nossa conduta tem sido determinada por essa lei? Finalmente, ele se torna um fraco para com os fracos. Em suma, torna-se tudo para com todos. Nesse esforço por adaptar-se às circunstâncias, alguns detalhes merecem atenção: 1) Paulo valoriza o lugar vivencial dos que recebem o evangelho. Este deve encarnar-se na realidade dos destinatários, assim como Deus mesmo, em Jesus Cristo, encarnou-se numa história e cultura concretas. Por conseguinte, não são as pessoas que devem adaptar-se ao evangelizador, e, sim, o contrário. Para o Chefe citado na minha introdução, conhecer os problemas e valorizar os funcionários, ele é quem deveria adaptar-se como um dos funcionários e não o contrário. Para alcançar os perdidos, os afastados, nós é que temos que nos adequar em qualquer contexto social no qual eles se encontram. 2) Paulo não se torna um judeu ou gentio, e, sim, como um judeu ou gentio. Valoriza seus costumes e princípios, mostra-se solidário com eles, mas não renuncia à própria identidade. Está entre eles como cristão, como pessoa sujeita à lei de Cristo. A partir disso define a contribuição que tem a dar. Assim precisamos ser, se desejamos alcançar os perdidos. Diferente caso com os fracos: não Escrevendo aos romanos ele se doutrinárias (Rm 14.1). A ordem (lit.“fraco”) na fé seja acolhido, necessário. só se adapta a eles, mas se torna um deles. refere àqueles que possuem debilidades do apóstolo é que esse irmão que é débil para que possa alcançar o discernimento 3º) O que pretende com sua servidão: ganhar o maior número possível de pessoas. Por várias vezes Paulo destaca o que pretende com a sua livre servidão: ganhar o maior número possível de pessoas, ou seja, salvar (9.22). A fé não surge do nada. Ela é fruto da pregação (Rm 10.17), do ensino, do exemplo da testemunha, da solidariedade, da comunhão e de tudo aquilo que possa dar credibilidade ao evangelho. Ganhar as pessoas não significa aliciá-las ou subjugá-las, como muitas vezes se entendeu na história da Igreja. Significa proporcionar a elas a experiência do poder salvador e libertador de Deus por meio da palavra da cruz. Significa ajudá-las a fazer a magnífica experiência da fé e a fortalecê-las através de uma vida em comunhão, na forma do culto a Deus e do serviço solidário de uns aos outros. Conclusão Sempre achamos que temos direito a um bom culto, um bom louvor, uma boa pregação... resumindo: a uma boa igreja. E a minha parte, o que tenho feito para o crescimento do Reino? Tenho me doado? Tenho servido? Participo ou sou apenas expectador? Os perdidos, como serão alcançados se eu não me aproximo? Cristo veio e nos conheceu, se misturou, se envolveu e serviu, tudo com o objetivo de alcançar o perdido (Lc 19.10). Urge sairmos da nossa área de conforto a fim de nos dispormos para o serviço em favor de ganhar os perdidos. Existem tantas maneiras de servir! Ore, busque discernimento e escolha uma hoje, agora! Kalley Brito, Pr.