UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE CURSO DE PSICOLOGIA A RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E CARDIOPATIAS: um estudo bibliográfico. SÍLVIA GOMES PRADO Itajaí, (SC) 2009. 1 SÍLVIA GOMES PRADO A RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E CARDIOPATIAS: um estudo bibliográfico. Monografia apresentada como requisito parcial para obtenção do titulo de Bacharel em Psicologia da Universidade do Vale do Itajaí Orientador: Prof. Dr. Eduardo José Legal. Itajaí SC, 2009. 2 DEDICATÓRIA Dedico à realização desta pesquisa aos meus pais, a minha irmã, e ao meu dedicado noivo. 3 AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por me abençoar e proteger todos os dias. Agradeço a minhã mãe por me ensinar que o trabalho sempre é digno, ao meu pai, por me ensinar a “pensar”, revelando um novo olhar sobre os fatos e por me mostar o que realmente vale a pena na vida, a minhã irmã Daniela, que me influenciou em gostar de músicas, cinema e em especial os livros (mundo mágico). Ao meu noivo Eduardo, seu amor, compreensão e dedicação são essenciais em minhã vida. Aos meus amigos, que compreendem a necessidade de eu estar distante e aguardam o meu retorno. Aos meus colegas de faculdade que se tornaram amigos especiais e amados. Em especial a Ariany e a Daiane, por dividirmos não apenas um apartamento, mas a saudade de casa, as angústias, os desejos e o amor pela Psicologia. Ao meu orientador, Eduardo José Legal, pela sua dedicação, disponibilidade e compreensão, fundamentais para a realização desta pesquisa. Agradeço ainda, as minhãs avaliadoras de banca e também orientadoras de estágio em clínica, prof. Marina Menezes e prof. Giovana Delvan, pela participação e contribuição. 4 SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ 5 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 6 2 EMBASAMENTO TEÓRICO.............................................................................. 10 2.1 Depressão............................................................................................. 10 2.1.1 Definição e classificação ........................................................ 10 2.1.2 A neuroquímica da depressão................................................ 15 2.1.3 Tratamento para a depressão ................................................ 18 2.2 CORAÇÃO ........................................................................................... 24 2.2.1 Descrição ................................................................................ 24 2.2.2 Doenças comuns ao coração ................................................. 30 3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ...................................................................... 33 3.1 Fontes de informação......................................................................... 33 3.2 Procedimentos para coleta de dados ................................................ 34 4 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ................................ 36 4.1 Depressão e Doenças Coronarianas ................................................... 36 4.2 Depressão e Pressão arterial ............................................................... 44 4.3 Hipóteses da relação entre Depressão e Doença Arterial Coronariana e Pressão Arterial ............................................................ 50 4.4 Finalização da discussão dos resultados ............................................. 64 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 68 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 73 7 APÊNDICES ...................................................................................................... 80 7.1 Apêndice A – Glossário....................................................................... 80 7.2 Apêndice B – Depressão e Doença Arterial Coronariana (tabela)..... 82 7.3 Apêndice C – Depressão e Hipertensão Arterial (tabela).................. 95 7.4 Apêndice D – Depressão e Fatores de Risco (tabela)...................... 104 7.4 Apêndice E – Depressão e Medicamentos (tabela) ......................... 111 7.5 Apêndice F – Depressão e Variabilidade da Freqûencia Cardíaca (tabela)........................................................ 119 7.6 Apêndice G- Depressão e Sistema Nervoso Autônomo (tabela)...... 123 7.7 Apêndice H – Depressão e Eixo Hipotálamo-hipófese-adrenal (tabela)........................ 130 5 A RELAÇÃO ENTRE DEPRESSÃO E CARDIOPATIAS: um estudo bibliográfico. Orientador: Eduardo José Legal. Defesa: novembro de 2009. Resumo: A depressão está entre os transtornos psicológicos mais comuns e as doenças cardíacas são as principais causas de morte em muitos países. Nesse sentido, a associação de doenças clínicas e depressão tem se tornado muito freqüente, em especial entre a depressão e as cardiopatias, devido ao forte impacto sobre a população em geral. Tem se evidenciado que esta interação causam um maior impacto das doenças, como uma menor aderência ao tratamento, além de contribuir para aumentar a taxa de mortalidade. Assim, faz-se necessário investir em pesquisas com o intuito de compreender de que forma essa relação é estabelecida e de que maneira a Psicologia poderá contribuir para programas de prevenção e reabilitação para esses pacientes. Desta maneira, essa pesquisa teve como objetivo geral, levantar as relações psicofisiológicas na literatura especializada refere entre depressão e cardiopatias e como objetivos específicos, investigar nas bases de dados, artigos que abordassem as relações entre depressão e doenças cardíacas, priorizando os artigos de revisão bibliográfica, por apresentar um maior número de estudos e por final, identificar e descrever os mecanismos neurobiológicos e comportamentais relacionados a depressão e as cardiopatias. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, através de recuperação e seleção de artigos, disponíveis em bases de dados e sites especializados. Os resultados obtidos mostram que a depressão é um fator de risco para as cardiopatias, tanto quanto, as cardiopatias apresentam-se como fator de risco para a depressão. Os mecanismos psicossociais para essa inter-relação são: o predomínio do sexo feminino, o baixo suporte social, a freqüente exposição a eventos estressores, adversidades sociais, e comportamento de risco como uso de álcool, tabagismo e não adesão ao tratamento. E os fisiológicos que influenciam essa associação são: a contribuição da genética, a interação medicamentosa para o tratamento das duas patologias e alteração no funcionamento do sistema nervoso autônomo. Palavras-chave:. depressão; cardiopatias; relação. Sub-Área de concentração: 7.07.03.04-3 – Psicobiologia. Membros da Banca MSc. Giovana Delvan Stuhler _______________________________ Professora Convidada MSc. Marina Menezes _______________________________ Professora Convidada Dr. Eduardo José Legal _______________________________ Professor Orientador 6 1 INTRODUÇÃO As mudanças decorrentes do mundo globalizado, como a vida digitalizada, a comunicação instantânea, os negócios fechados na velocidade da luz e as exigências do mercado de trabalho, acarretam em um cérebro mais exigido e mais cansado. De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS (2008) o mundo moderno produz doenças modernizadas também e a mais comum é a depressão. A depressão é uma patologia que influencia os comportamentos dos indivíduos acometidos por ela, alterando os sentimentos, os pensamentos, as crenças e a sensação de bem estar. Atinge pessoas, independente de religião, sexo, idade ou classe social (LAFER; ALMEIDA; FRÁGUAS; MIGUEL, 2000). Cerca de meio milhão de pessoas no mundo desenvolveram depressão e a estimativa para os próximos 20 anos é que ela aumente em prevalência e incidência (OMS, 2008). Um agravante para isso é que enquanto as outras doenças estão sendo combatidas, a depressão tem aumentado como uma epidemia silenciosa. A situação fica pior em países subdesenvolvidos onde se investe menos em saúde mental. A depressão produz um desgaste na economia devido aos baixos rendimentos dos trabalhadores e o aumento dos gastos com tratamentos e reposição dos empregados afastados por conta da patologia. Assim, faz-se necessário priorizar o combate a este mal. As mudanças citadas anteriormente produziram um estilo de vida diferente, como: o aumento do sedentarismo entre a população em geral, elevação dos níveis de estresse, um maior consumo de gorduras que acarreta em um aumento 7 da obesidade, e abuso do tabagismo e álcool. Em conseqüência destas mudanças e do o aumento da expectativa de vida o índice de mortalidade e morbidade de doenças cardíacas aumentou (OMS, 2008). As doenças como depressão e cardiopatias estão substituindo os tradicionais problemas das doenças infecciosas e de má nutrição, tão freqüentes no início do século XX (OMS, 1993 apud BAHLS, 2002). As doenças cardiovasculares, no Brasil, são as principais causas de morte e afastamento do trabalho na vida adulta e na velhice (BURD; MELLO FILHO, 2004). Ainda, segundo Schoen (2005, p.592), dentre a população mundial “estima-se que, por volta de 2020, haverá no mínimo 750.000 adultos com cardiopatia congênita que necessitarão de cuidados mais especializados que envolvam novas abordagens médicas, psicológicas e sociais”, ou seja, haverá um grande número de pessoas que já nascerão com uma disfunção cardiovascular. Assim, observa-se que o diagnóstico de doenças cardiovasculares, bem como da depressão, vem crescendo entre a população em geral. Quando estas patologias ocorrem isoladas já apresentam grandes riscos à saúde, mas quando juntas, pode ser fatais. As pesquisas das últimas décadas têm evidenciado múltiplos fatores que relacionam a depressão e as cardiopatias, tais como: o ambiente, medicação, personalidade, estilo de vida, entre outras (HARRIS, 1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000), fazendo-se necessário a compreensão de suas relações para se desenvolver intervenções mais adequadas e eficazes para estes pacientes, proporcionando-lhes uma maior qualidade de vida. Este trabalho é um estudo que busca as relações psicofisiológicas que a literatura especializada aponta entre depressão e as cardiopatias, assim 8 almejaram-se três objetivos: 1) Levantar nas bases de dados (MEDLINE, LILACS, PSYCHLIT), artigos que abordavam as relações entre depressão e as cardiopatias. 2) Selecionar dentro o material encontrado, as publicações que tratavam especificamente da relação entre as duas classes patológicas, priorizando os estudos de revisão bibliográfica por apresentar um número maior de estudos. 3) Identificar e descrever os mecanismos neurobiológicos e comportamentais relacionados à depressão, às doenças cardíacas e suas inter-relações. A relevância deste estudo encontra-se associado a importância de reunir as publicações de pesquisas sobre o tema, a fim, de comparar os resultados, obtendo, em um só trabalho (pesquisa), a reunião dos principais estudos para os interessados nesta área. As publicações na literatura especializada, analisando as relações entre as doenças coronarianas e fatores psicológicos como a depressão, é ampla, porém, poucas têm se dedicado a entender suas intrincadas relações psicofisiológicas. A partir da análise dos dados obtidos, identificou-se a importância do profissional de Psicologia lançar o olhar para essa relação, entre depressão e doenças cardíacas, visto que, de um a dois terços dos sujeitos que buscam atendimento médico apresentam um componente psicológico que influencia no curso da doença. A própria fragilidade decorrente da doença afeta de alguma forma a integridade da pessoa. Assim, surge a necessidade de um atendimento 9 psicológico associado ao tratamento médico nestas enfermidades (MELO FILHO, 1997 apud CUNHA, 2007), pois “atuar apenas para alongar a sobrevivência biológica é um objetivo muito limitado” (VASCONCELOS, 1999 apud CUNHA, 2007). 10 2 EMBASAMENTO TEÓRICO Este trabalho tem o objetivo de compreender a relação existente entre depressão e cardiopatias, para tanto, é necessário compreender cada um destes processos separadamente. Desta forma, eles estarão descritos nesta seção. 2.1 Depressão 2.1.1 Definição e classificação A depressão é classificada como um transtorno de humor e, entre estes, é a que ocorre com maior freqüência. Podemos dizer que um indivíduo apresenta um transtorno de humor quando ele não consegue controlar ou mudar seu humor de acordo com as demandas apresentadas no ambiente. O humor é algo variável, que está ligado ao estado afetivo, ou seja, apresentamos diferentes humores em diferentes situações (LAMBERT; KINSLEY, 2006). Popularmente, a depressão é descrita como um estado afetivo normal, geralmente, diz-se que a pessoa está deprimida para referir-se a uma tristeza passageira que acomete a população em geral em algum momento da vida (CALIL; MIRANDA, 1995). No entanto, tecnicamente, a depressão ou doença depressiva, é um distúrbio grave e incapacitante. Pode se manifestar como uma condição primária ou secundária. 11 De acordo com os autores citado acima, a depressão primária seria o transtorno básico do humor causado por estar deprimido ou irritado por algo, ou simplesmente pela perda do prazer por atividades que eram prazerosas e por alterações cotidianas, como do sono, do apetite e da psicomotricidade. A secundária (transtorno baseado na etiologia) ocorre após outras doenças como, demências, esclerose múltipla, doença de Parkinson (transtorno de humor devido a uma condição médica geral), ou também através de usos de medicamentos ou abuso de drogas (transtorno de humor induzido por substância) e até mesmo associada a outras doenças psiquiátricas como o transtorno do pânico, transtorno obsessivo-compulsivo. Sendo parte de um transtorno ou apenas um estado de humor, a depressão tem como principal sintoma a tristeza, a infelicidade, e na maioria das vezes o humor depressivo que vem após uma frustração ou perda de algo importante (PINTO; NASCIMENTO, 2000). “As pessoas deprimidas às vezes descrevem a si mesmas como estando sozinhas em um buraco escuro, profundo, onde elas não podem ser alcançadas e do qual não podem sair” (HOLMES, 2001, p.172). Na fase inicial da patologia é comum a depressão ser acompanhada da ansiedade (MULLANEY, 1984 apud HOLMES, 2001; OMS, 2002). Há a presença da sensação de que tudo está dando errado, elevando os pensamentos de inquietação e aborrecimento, o que eleva o nível da ansiedade, mas no decorrer do aumento da intensidade da depressão, os níveis de ansiedade diminuem, pois há a desistência da luta para sair daquela situação angustiante. Para Lafer et al., (2000), o principal sintoma da depressão nem sempre está ligado à prevalência de sentimentos de tristeza, mas também, a perda de 12 interesse e prazer pelas tarefas do dia a dia. A pessoa acredita que este desinteresse é irreversível. Nas formas mais graves, a depressão apresenta “... sintomas psicóticos (delírios e/ou alucinações), marcante alteração psicomotora (geralmente lentificação ou estupor) e fenômenos biológicos (neuronais ou neuroendócrinas) associados” (DALGALARRONDO, 2008, p.307). Outros sintomas somam-se ao transtorno, como baixa auto-estima, desesperança e desamparo, anedonia e pessimismo (HOLMES, 2001). No diagnóstico da depressão devem-se levar em conta três aspectos: sintomas psíquicos, fisiológicos e evidências comportamentais. O indivíduo deve apresentar pelo menos cinco sintomas dos abaixo descritos por pelo menos duas semanas (LAFER et al., 2000; LAMBERT; KINSLEY, 2006). QUADRO 1 – CRITÉRIOS PARA O DIAGNÓSTICO DA DEPRESSÃO Critérios diagnósticos para Depressão Maior Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, indicado por relato subjetivo (por exemplo: sente-se vazio) ou observação feita por terceiros (por exemplo: chora muito); Exacerbada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades em grande parte do dia, quase todos os dias; Perda ou ganho significativo do apetite e/ou peso sem estar em dieta (mais de 5% do peso corporal em um mês); Insônia ou hipersonia quase todos os dias; Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por terceiros); Fadiga ou perda de energia quase todos os dias; Sentimento de inutilidade, culpa excessiva ou inadequada, quase todos os dias; Capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão, quase todos os dias (relato subjetivo ou observação de terceiros); Pensamentos de morte recorrentes, ideação suicida sem plano específico, tentativa de suicídio ou plano específico para cometê-lo. Fontes: APA, 2002; LAMBERT; KINSLEY, 2006. 13 Os Transtornos Depressivos são subclassificados em Transtorno Depressivo Maior, Transtorno Distímico e o Transtorno Depressivo sem outra Especificação (APA, 2002): • Transtorno Depressivo Maior: deve apresentar pelo menos duas semanas de humor deprimido ou perda do interesse, acompanhado de pelo menos quatro sintomas adicionais de depressão; • Transtorno Distímico: deve apresentar pelo menos dois anos de humor depressivo na maior parte do tempo, e ainda sintomas adicionais que não satisfazem os critérios para um episódio depressivo maior; • Transtorno Depressivo sem outra Especificação: apresenta características depressivas que não satisfazem os critérios para transtorno depressivo maior, distímico, transtorno de adaptação com humor deprimido ou transtorno da adaptação misto de ansiedade e depressão. “O Transtorno Distímico e o Transtorno Depressivo Maior são diferenciados com base na gravidade, cronicidade, e persistência” dos sintomas (APA, 2002, p.370). No Transtorno Depressivo Maior, o humor deprimido estará presente na maior parte do dia, em um período de duas semanas, por quase todos os dias, enquanto que o Transtorno Distímico estará presente na maior parte dos dias, por um período mínimo de dois anos, tornando-se crônico e menos grave. Outra forma de manifestação depressiva é o Transtorno Afetivo Sazonal que ocorre em indivíduos que apresentam sintomas depressivos quando expostos ao inverno em altas latitudes e dias curtos. É considerada a “depressão do inverno”. A terapia para esses casos consiste a simples exposição de luz (LAMBERT; KINSLEY, 2006). 14 Os episódios depressivos decorrentes das perdas são considerados uma reação esperada, assim como, deve passar com o tempo. Contudo, de acordo com Ladd, Owens e Nemeroff (1996 apud LAMBERT; KINSLEY, 2006), as perdas que ocorrem no início da vida e os eventos estressantes podem alterar a resposta ao estresse e indicar uma maior propensão do sujeito a desenvolver depressão na vida adulta ou outras perturbações mentais. Um estudo realizado na cidade de Pelotas (RS) demonstrou que pessoas que sofreram mais de dois eventos vitais apresentam uma chance duas vezes e meia maior para apresentar transtornos psiquiátricos dos que não tiveram nenhum evento no mesmo ano. Sendo que o mais relevante não é o evento em si, mas a percepção individual do evento (LIMA et al., 1996 apud LIMA, 1999). Assim, os eventos internos vão apresentar respostas variantes de acordo com as condições ambientais. Contudo, um evento muito trágico pode levar qualquer pessoa saudável a vivenciar uma depressão profunda (LAMBERT; KINSLEY, 2006). A depressão acomete mais mulheres do que homens, estimando-se que as mulheres experimentam duas vezes mais episódios depressivos do que os homens (APA, 2002). De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (2001 apud PEREIRA, 2006), em um período de 12 meses, estima-se que 5,8% dos homens, e 9,5% das mulheres apresentam um episódio depressivo. Quanto a sua etiologia Dalgalarrondo (2008) aponta que os fatores causais e desencadeadores da depressão são múltiplos, contudo, os biológicos (genéticos e neuroquímicos), certamente são os mais freqüentes. A ocorrência do transtorno depressivo também está fortemente ligada a perdas significativas, como o 15 emprego, a morte de alguém muito próximo, o status econômico, ou rompimento de uma relação afetiva. Segundo Sanders, Detera-Wadleigh e Gershon (1999 apud LAMBERT; KINSLEY, 2006) estudos com gêmeos idênticos apresentaram uma concordância para transtorno de humor de 60% a 70% quando comparados a gêmeos fraternos (20%), indicando assim, uma forte contribuição dos genes para os transtornos de humor. As teorias evolucionistas indicam o ambiente como fator para as variações de humor, aumentando ou diminuindo a motivação para situações de ganho ou perda. Comportamentos como rendição, fuga, apelos infantis e demonstrações de submissão podem facilitar diante de uma situação de agressão. Podendo ser entendida com uma estratégia para a sobrevivência (LAMBERT; KINSLEY, 2006). 2.1.2 A neuroquímica da depressão Os neurônios produzem substâncias químicas chamadas de neurotransmissores, nos quais são liberados a outras células (a transmissão sináptica) a fim, de trocar informações. Os neurotransmissores podem ser inibitórios - inibe a transmissão sináptica ou excitatórios - estimula a transmissão sináptica (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). Há cinco classes de neurotransmissores: os aminoácidos, as monoaminas, os neurotransmissores em forma de gases solúveis, a acetilcolina e os neuropeptídios. Para este estudo é relevante entendermos os aminoácidos, as monoaminas e a acetilcolina. Aminoácidos são moléculas que compõem as 16 proteínas. Os quatro principais são o glutamato, o aspartato, a glicina e o ácido gama aminobutírico (GAMA). O glutamato é o neurotransmissor excitatório mais comum, e o GABA, o inibidor mais comum. As drogas ansiolíticas agem reforçando a ação do GABA, ou seja, estimulando uma função inibitória (PINEL, 2005). As monoaminas são sintetizadas por um aminoácido. São elas a dopamina, a noradrenalina e a serotonina (PINEL, 2005). A dopamina é ativada durante as respostas emocionais, no comportamento aditivo e nas experiências prazerosas, e ainda ajuda na regulação do tônus muscular esquelético e alguns movimentos, devido à contração dos músculos esqueléticos. De acordo com Andrade, Silva, Moreira, Santos, Dantas, Almeida, Lobo e Nascimento (2003) a dopamina é um neurotransmissor inibidor do sistema nervoso e quando atua no lóbulo frontal regula grande parte das informações que vem das outras áreas do cérebro. Assim, um comprometimento de sua produção resultaria em pensamentos desordenados. Há evidências que a neurotransmissão dopaminérgica está diminuída em pacientes depressivos. Estudos vêm demonstrando que sintomas como a adenonia, isolamento social, desinteresse e retardo motor estão ligados a uma disfunção no sistema motivacional. Estes comportamentos, por sua vez, estão ligados à transmissão da dopamina. Contudo, estudos de imagem cerebral têm demonstrado que na depressão psicótica há um aumento da atividade dopaminérgica (FLEC; SHANSIS, 2004). A noradrenalina desempenha papéis de excitação, atuando na regulação do humor e mantém a pressão sanguínea em níveis normais. A noradrenalina (ou 17 norepinefrina) tem efeito estimulante, elevando a pressão sanguínea, por meio da vasoconstrição periférica generalizada. A sua hiperatividade produz medo e em casos extremos o pânico. Sendo que ela não é considerada a causadora direta da depressão, mas sim, que ela tem um efeito na ação de outros sistemas neurobiológicos que regulam os sintomas da depressão (FLEC; SHANSIS, 2004; ANDRADE et al., 2003). A serotonina (5-HT) está envolvida na percepção sensorial, na regulação do humor, do sono, da atividade sexual, do apetite, do ritmo circadiano, das funções neuroendócrinas, da temperatura corporal, da sensibilidade a dor, da atividade motora e das funções cognitivas. Assim, como a noradrenalina, a serotonina foi indicada como uma das causadoras dos transtornos de humor, pois é um inibidor da conduta, bem como se apresenta como um modulador da atividade psíquica. Tem influência nas funções cerebrais e inibe ou estimula o sistema GABA (SILVA; ANDRADE, 2008; ANDRADE et al., 2003). Por fim, a acetilcolina que é um neurotransmissor que pode ser excitatório ou inibitório. Ela age no sistema cardiovascular e na aprendizagem. A relação entre depressão e a acetilcolina não está esclarecido, mas alguns antidepressivos agem inibindo sua atividade (ANDRADE et al., 2003). O sistema endócrino também parece estar envolvido nas alterações de humor através do hipotálamo que é a conexão com o sistema nervoso e também regulador do sistema biológico, sendo afetado por eventos internos e externos do organismo. Pois, o hipotálamo é o controlador da estimulação da hipófise que é a responsável por liberar os diversos hormônios que agirão sobre os respectivos órgãos-alvo (VIEIRA; CERESÉR; GAUER, 2004). 18 Exemplos disso é o mecanismo fisiológico da glândula tiróide, onde o hipotálamo é responsável por produzir o hormônio TRH que estimula a produção de THS (tireotrofina) pela hipófise. A hipófise, através da produção do hormônio THS, faz como que a glândula da tireóide produza os seus hormônios T3, T4. No hipotireoidismo há uma baixa produção dos hormônios da tireóide. E os pacientes deprimidos têm apresentado uma diminuição da produção de THS e do T4 em relação aos pacientes normais (MACHADO, 2008; KIMURA, 2008). Outro exemplo, de acordo com Elias, Fernandes-Rosa, Antunes-Rodrigues, Castro (2008) é a produção de cortisol. O hipotálamo por meio da secreção do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) modula a produção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) produzido na hipófise anterior que atua diretamente na glândula endócrina adrenal (supra-renal), estimulando a síntese e liberação de cortisol. A doença de Cushing caracteriza-se por um excesso da produção de glicocorticóides (dentre eles está o cortisol) e ”aproximadamente metade dos pacientes deprimidos apresentam uma hipersecreção de cortisol, o que é documentada pela excreção de cortisol na urina...” (VIEIRA; CERÉSER; GAUER, 2004, p.256). Assim doenças como o hipotireoidismo e a doença de Cushing apresentam relação com sintomas depressivos. 2.1.3 Tratamento para a depressão O tratamento mais popular (ainda que não o único recomendado) para a depressão é o farmacológico. Há cinco classes de antidepressivos: os antidepressivos tricíclicos, os inibidores seletivos da recaptação de serotonina, os 19 inibidores de monoamina oxidase, os antidepressivos atípicos (os quais não se encaixam na classificação dos anteriores) e os estabilizadores de humor - os quais não são relevantes para essa pesquisa (FUCKS; WANNMACKER; FERREIRA; 2006). A imipramina foi uma das primeiras drogas utilizadas no tratamento da depressão, mas é uma substância que inicialmente foi sintetizada como um antipsicótico potencial para pacientes esquizofrênicos. Como não era tão efetiva para a psicose acabou se transformando em um potente antidepressivo. Ela se tornou o primeiro antidepressivo tricíclico, que atua junto aos terminais sinápticos, aumentando a atividade da serotonina e noradrenalina na sinapse, pelo bloqueio de sua recaptação para o neurônio pré-sináptico, o que possibilita uma maior ligação dos neurotransmissores aos seus receptores (LAMBERT; KINSLEY, 2006; CARLSON, 2002). Essa classe de medicação é amplamente utilizada como antidepressivos, mas deve ser evitada em pacientes idosos, devido à hipotensão postural que poderia ocasionar quedas; também em pacientes com risco de suicídio, pois pode impulsionar o ato; em pacientes obesos, pois aumenta o peso; e em pacientes com mais de 40 anos, é recomendado que se faça antes do início do tratamento farmacológico um ECG (eletrocardiograma) para verificar a atividade do coração. Os antidepressivos tricíclicos são contra indicados em pacientes com cardiopatias, ou após recente infarto do miocárdio (3 a 4 semanas) e ainda em pacientes com hipertrofia benigna de próstata, constipação intestinal grave e glaucoma (FUCKS; WANNMACKER; FERREIRA; 2006). 20 Os inibidores da monoamina oxidase (IMAO) representam a 2ª geração de antidepressivos. Eles agem na fenda sináptica inibindo a enzima que degrada a noradrenalina e a serotonina, aumentando assim a concentração destes neurotransmissores. Essa classe de antidepressivos é pouco utilizada devido aos efeitos colaterais, pois interage com muitos alimentos (queijos, café, chás, chocolate, entre outros, que possuem tiramina - monoamina derivada da tirosina) e medicações (FUCKS; WANNMACKER; FERREIRA; 2006). Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina - ISRS (3ª geração) correspondem ao tratamento farmacológico mais popular para depressão, como o próprio nome diz, ele age impedindo a recaptação exclusiva de serotonina. Um exemplo desta medicação é a fluoxetina (descoberto em 1972 e licenciado em 1987) que se tornou popular. Vale ressaltar, que ela não é mais eficaz que a imipramina, mas sim, apresenta menos efeitos colaterais (LAMBERT; KINSLEY, 2006). Essa classe de antidepressivos age diretamente inibindo ou estimulando o sistema GABA, contudo, seus efeitos no cérebro não estão determinados, sendo necessários muitos estudos para desvendar sua complexidade. Por exemplo, cerca 75% dos pacientes experimentam perturbações sexuais (demora ou comprometimento do orgasmo) e os outros efeitos colaterais como os problemas gastrointestinais (náuseas e vômitos) e motores (LAMBERT; KINSLEY, 2006; SILVA; ANDRADE, 2008). A 4ª geração de antidepressivos é representada pelas medicações que não se enquadram nas características anteriores. Ou seja, é um grupo denominado de antidepressivos atípicos, por não possuírem um mecanismo de ação comum. O Prolift® (reboxetina) é um inibidor seletivo da recaptação noradrenérgica, foi criado 21 com o objetivo de obter menos efeitos colaterais (como alterações sobre o sexo e o apetite) e mais benefício em restaurar o funcionamento social, bem como aumenta a latência para os pacientes entrarem no sono REM, aumentado o sono de ondas lentas (LAMBERT; KINSLEY, 2006; CARDIOLI, 2005). Com o intuito de amenizar a resposta ao estresse foi criado o antalarmina que inibe a liberação do hormônio corticotropina. Estudo com animais demonstraram que seu uso resultou em significativa redução de comportamentos ansiosos. E há expectativas que esse antidepressivo possa ser usado em humanos no futuro (LAMBERT; KINSLEY, 2006; AYALA, 2002). As empresas farmacêuticas buscam uma substância que tenha uma dupla ação, bloqueadores específicos de transportadores de noradrenalina e serotonina, como o Efexor® (venlafaxina) e Ixel® (cloridrato de milnaciprano) ou ainda que bloqueiem o transportes de noradrenalina, serotonina e dopamina. Essas substâncias são conhecidas como SNUBs – superbloqueadores da captação de neurotransmissores (LAMBERT; KINSLEY, 2006). Quadro 2. Classes de antidepressivos e seus principais representantes no mercado. Função Antidepressivo Antidepressivos tricíclicos Imipramina (Tofranil®), (Anafranil®), Amitriptilina Nortriptilina (Pamelor®), Clomipramina (Tryptanol®), Maprotilina (Ludiomil®). Inibidores da monoamina oxidase Tranilcipromina (Parnate®, Stelapar®), Moclobemida (Aurorix®), Selegilina (Elepril®). 22 Inibidores seletivos da recaptação de Fluoxetina (Prozac®, Fluxene®, Daforin®), serotonina Sertralina (Tolrest®, Zoloft®), Paroxetina (Pondera®, Aropax®), Citalopram (Cittá®, Cipramil®), Escitalopram (Lexapro®), Fluvoxamina (Luvox®). Antidepressivos atípicos Bupropiona (Zyban®, Zetron®, Wellbutrin®), Venlafaxina (Efexor®), Maprotilina (Ludiomil®), Trazodona (Donaren®), Mianserina (Tolvon®). Fonte: Adaptada de (FUCKS; WANNMACKER; FERREIRA; 2006). A eletroconvulsoterapia (ECT) é um dos mais antigos tratamentos para transtornos mentais, mas ela foi aos poucos substituída pelas novas descobertas da farmacologia. Ela utiliza a estimulação elétrica em pacientes anestesiados para provocar uma seqüência de convulsões, a fim de, combater os sintomas da depressão. Contudo, nas últimas décadas ela ressurgiu por ser um dos tratamentos mais eficazes para a depressão, entre 60% e 80% de eficácia. Por ser uma estratégia agressiva ela é utilizada após frustradas tentativas com antidepressivos e terapia cognitivo-comportamental e sua utilização não é totalmente aceita pelos profissionais da saúde, pois seu uso prolongado e excessivo causa danos cerebrais e prejuízos à memória (LAMBERT; KINSLEY, 2006; CARLSON, 2002). A estimulação magnética transcraniana repetitiva (rTMS) é um tratamento antidepressivo que ainda está sendo testado, mas consiste em colocar um poderoso imã ou uma bobina sobre o couro cabeludo. O imã causa despolarização nos neurônios subjacentes do cérebro. Ele pode ocorrer em contextos ambulatoriais e a princípio seus efeitos colaterais são dores de cabeça 23 leves ou fortes e desconforto nos locais da estimulação. Essa técnica teria eficácia pela ativação subseqüente do giro cingulado, da amígdala e de outras áreas responsáveis pela manutenção do humor, contudo, pesquisas apontam que esta técnica apresenta efeitos de curto prazo sobre os sintomas da depressão, devendo ser utilizada quando o paciente apresentar resistência ao tratamento (LAMBERT; KINSLEY, 2006). A terapia cognitivo-comportamental também apresenta uma boa eficácia no tratamento para depressão. Esta teoria defende a idéia de que a depressão é caracterizada por uma distorção na forma de interpretar as situações do dia a dia, tendo como conseqüência comportamentos e sentimentos disfuncionais. Ela pode ser realizada em formato individual ou em grupo, em pacientes internados ou ambulatoriais. Seu principal foco estaria em reformular os pensamentos do paciente sobre si e sobre o mundo, através de: 1) educação do paciente sobre como as cognições influenciam as emoções, 2) discussão da forma como os pacientes podem atuar modificando o seu comportamento e cognição para melhor lidar com a depressão, 3) sessões em que o paciente e terapeuta constroem e trabalham através de uma agenda, utilizando a dramatização de papéis e a imaginação para reestruturar as cognições e os comportamentos dos pacientes (ALMEIDA; NETO, 2003). Contudo, outras formas de terapia são indicadas também para o tratamento da depressão. A terapia interpessoal apresenta-se como breve e focal, busca uma intervenção em situações conflitantes e atuais do paciente. Assim, procura fazer o paciente entender seus problemas dentro de um contexto de suas relações interpessoais, através do monitoramento dos sintomas depressivos, 24 questionamentos exploratórios, esclarecimento de problemas, habilidades de comunicação e identificação da relação entre afetos e acontecimentos. E ainda há as terapias de orientação psicodinâmica que abrande todas as formas de terapias nos princípios psicanalíticos onde o foco está em o paciente expressar os seus sentimentos e pensamentos abertamente, a fim de experienciar novamente os traumas. Desta forma, o conteúdo é centrado em problemas de perdas e separações e na elaboração da raiva, tendo como função esclarecer os conflitos conscientes por meio do manejo transferencial (BAHLS; BAHLS, 2003). 2.2 CORAÇÃO 2.2.1 Descrição O coração humano é uma bomba competente, responsável por impulsionar diariamente mais de 6.000 litros de sangue para todo o corpo. O coração de um adulto mede aproximadamente, o tamanho de uma mão fechada e se localiza centralmente entre os pulmões. O seu funcionamento faz parte do sistema circulatório no qual é composto pelo coração, sangue e vasos sanguíneos. O sistema circulatório é responsável pelo transporte do sangue por todo o corpo, tendo o coração como bomba para impulsionar o sangue, e os vasos como o transporte do sangue (SPENCE, 1991). O sangue é o único tecido conjuntivo líquido e desempenha três funções: o transporte - do oxigênio, do dióxido de carbono, dos nutrientes, do calor, dos resíduos e dos hormônios; a regulação – regula o pH dos líquidos corporais e a temperatura do corpo; e a proteção – coagulação quando há um dano, evitando a 25 sua perda excessiva e proteção de doenças, através dos anticorpos produzidos nos glóbulos brancos (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). O sangue é constituído pelo plasma - que é o componente líquido e corresponde aproximadamente, 55% do total; e os elementos figurados estruturas que estão imersas como os glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas, e correspondem a 45% do total do sangue. Para este estudo é relevante a descrição das plaquetas (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). Spencer (1991) descreve as plaquetas, como pequenos fragmentos citoplasmáticos, sem núcleo que contém numerosos grânulos. São formadas na medula óssea vermelha. Há cerca de 250.000 a 400.000 plaquetas por milímetro cúbico de sangue. Elas têm a função de formar o tampão plaquetário (concentração de plaquetas quando ocorre uma danificação do vaso sanguíneo) na homeostasia, liberar substâncias químicas que promovam a vasoconstrição (contração do músculo liso ao redor de um vaso sanguíneo danificado, reduzindo a perda de sangue) e a coagulação (reações químicas que transformam o sangue líquido em um gel – coágulo, a fim de estancar o sangue). Os vasos sanguíneos são tubos por onde o sangue circula, tendo três formas principais: as artérias - que levam o sangue do coração para o corpo; as veias - que reconduzem o sangue ao coração; e os vasos capilares - que ligam as artérias e as veias (DÂNGELO; FATTINI, 2003). O coração é um órgão muscular oco e chega a bater mais de 40 milhões de vezes por ano, fornecendo os nutrientes vitais que foram ingeridos através de alimentos aos tecidos e facilitando a excreção de produtos residuais, transportado pela corrente sanguínea de onde foi produzido até os órgãos que são incumbidos 26 de eliminar. Qualquer alteração no seu funcionamento pode comprometer sua eficiência (LACCHINI; IRIGOYEN, 2008; SCHOEN, 2005). Tem sua parede constituída por três camadas: a camada mais externa é o epicárdio; a camada média e mais densa é o miocárdio que constitui a maior parte do coração e ainda, tem a função do bombeamento; e a camada mais interna é o endocárdio (SPENCE, 1991). Fonte: MANO, 2006. O coração é um músculo que está comprimido em um saco membroso de parede dupla, chamado pericárdio e está dividido em um lado direito e um esquerdo, por um septo vertical. Cada metade é composta por duas câmaras: um átrio superior (cada átrio possui uma aurícula) e um ventrículo inferior que está dividida por uma válvula (a tricúspide do lado direito e a bicúspide - ou valva 27 mitral- do lado esquerdo) que se abre em direção aos ventrículos durante a contração do átrio permitindo que o sangue seja impulsionado. Ainda há a valva do tronco pulmonar e a valva da aorta que tem a função de impedir que o sangue retorne para o coração no momento em que está sendo impulsionado para fora. Essas valvas fecham e abrem em resposta a mudanças da pressão: contração ou relaxamento (DÂNGELO; FATTINI, 2003). O sangue que chega ao coração entra pelo átrio direito através de duas veias cavas, a superior que trás o sangue da cabeça, tórax e membros superiores e a inferior que recolhe o sangue do tronco, membros inferiores e vísceras abdominais, ou seja, do corpo para o coração. O átrio direito então, envia o sangue venoso (pobre em oxigênio) para o ventrículo direito que o bombeia para a o tronco pulmonar, que se divide, em artéria pulmonar direita e esquerda, levando o sangue ao pulmão correspondente. Nos pulmões o sangue descarrega o dióxido de carbono e capta o oxigênio, voltando ao coração através das quatro veias pulmonares para o átrio esquerdo, depois passa para o ventrículo esquerdo, que o bombeia para a aorta onde é encaminhado para todas as partes do corpo (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). O funcionamento do coração é composto por duas correntes sanguíneas. A primeira é a circulação pulmonar (ou pequena circulação), que é o caminho que o sangue faz do coração para o pulmão e volta para o coração, iniciando o transporte no ventrículo direito e terminando no átrio esquerdo. A segunda é a circulação sistêmica (ou grande circulação) que é o caminho que o sangue, rico em oxigênio, faz do coração para todo o corpo e volta ao coração com o sangue 28 venoso, pobre em oxigênio; inicia pelo ventrículo esquerdo e termina no átrio direito (DÂNGELO; FATTINI, 2003). O ciclo cardíaco são os eventos que ocorrem entre o início de um batimento cardíaco e o início do próximo, sendo que o coração se contrai por minuto, cerca de 72 vezes. O átrio e o ventrículo não batem ao mesmo tempo. O controle neural do coração se da pelo nó sinoatrial que está localizado na parede do átrio direito e é responsável por propagar o estímulo da contração para os ventrículos. É considerado como um “marcapasso”, pois ritmicamente o impulso se alastra ao miocárdio resultando na contração. Esta ação contribui na movimentação do sangue dos átrios para os ventrículos (DÂNGELO; FATTINI, 2007). Assim, o nó sinoatrial estabelece o ritmo para a contração cardíaca, mas vários hormônios e neurotransmissores podem acelerar ou desacelerar o ritmo cardíaco através das fibras no nó sinoatrial, como a acetilcolina que desacelera o ritmo cardíaco (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). Cada batimento cardíaco é acompanhado por três ondas. A primeira é a onda P que é a fase de despolarização do potencial de ação cardíaco, quando ele se propaga do nó sinoatrial aos dois átrios causa a contração após uma fração de segundo que a onda P se inicia. A segunda onda é a onda QRS que é a propagação do potencial de ação pelos ventrículos. A terceira onda é chamada de onda T que indica a repolarização ventricular, ocorrendo um pouco antes que os ventrículos comecem a relaxar. As mudanças no tamanho e na duração das ondas podem ser verificas através do eletrocardiograma para o diagnóstico de ritmos cardíacos e padrões de condução anormais e ainda para a monitorizarão de uma recuperação de um ataque cardíaco (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). 29 Estas ondas são exemplificadas na figura 1 a seguir. Fonte: MANSUR et al., 2006. A atividade do coração ou ciclo cardíaco consiste em alternar períodos de relaxamento (diástole) em que o coração se enche de sangue nas paredes musculares dos átrios e ventrículos, com períodos de contrações (sístole). Estas atividades produzem dois sons pelas válvulas: um tum quando o sangue é aspirado dos átrios para os ventrículos e um tac quando os ventrículos expelem o sangue do órgão ( MOORE; DALLEY, 2007). O volume de sangue expelido por minuto do ventrículo esquerdo para a aorta é chamado de débito cardíaco e ele é determinado pelo volume sistólico – quantidade de sangue ejetada a cada batimento (contração) e pela freqüência cardíaca – número de batimentos cardíaco por minuto. O volume sistólico em um adulto em repouso é em media 70 ml e a freqüência cardíaca é aproximadamente 75 batimentos por minuto (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). 30 A regulação da freqüência cardíaca é comandada pelos impulsos nervosos enviados pela divisão simpática e parassimpática do sistema nervoso autônomo (SNA). A noradrenalina é liberada através dos neurônios simpáticos que chegam ao coração pelos nervos aceleradores cardíacos, aumentando a freqüência cardíaca. A acetilcolina é liberada através dos neurônios parassimpáticos que chegam ao coração via nervos vagos, diminuindo a freqüência cardíaca. Ainda a freqüência cardíaca é afetada por hormônios como adrenalina, noradrenalina e hormônios tireóideos, íons como cálcio, sódio e potássio, idade, gênero, freqüência de atividade física e temperatura corporal (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). 2.2.2 Doenças comuns ao coração As doenças cardíacas são as principais causas de mortalidade nos países desenvolvidos. Podem ocorrer em conseqüência de defeitos congênitos, infecções, estreitamento das artérias coronárias, hipertensão ou alterações no ritmo cardíaco. No Brasil as doenças cardiovasculares representam 250.000 óbitos, sendo a principal causa de morte entre a população (FONSECA; LAURENTI, 2000). Os autores citados acima compararam os dados divulgados sobre a mortalidade por doença isquêmica do coração, por sexo e idade, do Ministério da Saúde do Brasil, e os dados da National Center for Health Statistics dos EUA, no ano de 1995. Os norte-americanos de um modo geral apresentam cerca de 4 vezes a taxa de mortalidade em comparação com os brasileiros. Contudo, na faixa 31 etária dos 35 aos 44 anos, em ambos os sexos, a taxa de mortalidade dos brasileiros são superiores aos dos norte-americanos, indicando que a morte prematura no Brasil é maior que a dos EUA. Os principais fatores de risco às doenças coronarianas são a genética, a idade, o sexo, a hipertensão arterial, o tabagismo, o colesterol, estresse, triglicerídeos aumentados, obesidade e vida sedentária. Sendo que a causa nunca é única, mas multifatorial (FONSECA; LAURENTI, 2000). Os exames eletrocardiograma utilizados (ECG); a para verificar ecocardiografia; alterações a cardíacas angiografia são cardíaca; o as radiografias simples do tórax; a tomografia computadorizada, a ressonância magnética e a medicina nuclear (LAGE; RAMIRES, 2001). De acordo com Schoen (2005) existem cinco principais formas de doenças cardíacas responsáveis por quase toda mortalidade do coração. São elas: cardiopatia congênita, cardiopatia isquêmica, cardiopatia hipertensiva (pulmonar e sistêmica), doença cardíaca valvular e doença miocárdica não-isquêmica (primária). Passamos a descrevê-las brevemente: Na cardiopatia congênita há anormalidades no coração ou dos grandes vasos que geralmente estão presentes desde o período de desenvolvimento das principais estruturas cardiovasculares, que ocorre por volta da terceira e oitava semana de gestação. Algumas cardiopatias congênitas se manifestam logo após o nascimento e outras, no entanto, podem se manifestar somente na fase adulta. A cardiopatia isquêmica é também denominada de doença arterial coronariana (DAC) que compreende um grupo de síndromes: infarto do 32 miocárdio, angina pectoris, cardiopatia isquêmica crônica ou insuficiência cardíaca e morte súbita. Essas síndromes são resultantes da isquemia do miocárdio que ocorre quando não há uma boa distribuição do fluxo sanguíneo no músculo cardíaco decorrente de uma obstrução da circulação coronária (como a aterosclerose coronariana, que são placas de gordura depositadas nas paredes das artérias). Na cardiopatia hipertensiva sistêmica há um comprometimento do coração devido à hipertensão arterial, relacionada à hipertrofia do ventrículo esquerdo. Já na cardiopatia hipertensiva pulmonar ela é decorrente da hipertensão pulmonar, provocada por distúrbios do pulmão ou na vasculatura pulmonar e está diretamente relacionada à dilatação do ventrículo direito. Na doença cardíaca valvular há um comprometimento da valva, que pode não se abrir completamente impedindo o fluxo para frente (estenose), ou, não se fechar completamente permitindo o fluxo invertido (regurgitação). As doenças miocárdicas não-isquêmicas, também conhecidas como cardiomiopatias, são patologias decorrentes de uma anormalidade primária do miocárdio, geralmente de causa desconhecida (idiopática). Há quatro tipos de cardiomiopatias: dilatada, hipertrófica, restritiva e arritmogênica do ventrículo direito (REPORT OF 1995 WORLD HEALTH ORGANIZATION apud ALBANESI FILHO, 1998). 33 3 ASPECTOS METODOLÓGICOS 3.1 Fontes de informações A presente pesquisa caracteriza-se como uma revisão bibliográfica, baseada em identificar e descrever os mecanismos neurobiológicos e comportamentais relacionados à depressão e cardiopatias apresentada pela literatura especializada. A revisão bibliográfica para Vieira e Hossne (2001) é relevante por apresentar um resumo sobre o tema pesquisado, permitindo uma visão abrangente, que um estudo empírico não permite. Para se obter então, um resumo sobre o tema, de forma abrangente é interessante incluir trabalhos de importância histórica, identificando os primórdios do assunto tratado. Possibilitando a evolução do conhecimento sobre o tema, mas resumindo apenas o que é importante. Para atingir os objetivos propostos, foram recuperados, selecionados, lidos e analisados estudos referentes à temática pesquisada, encontrada em livros, bases de dados (on-line), artigos, monografias e teses já publicadas. As obras foram buscadas em livros na Biblioteca Setorial da UNIVALI; em bases de dados científicas como MEDLINE, LILACS, PSYCHLIT, BVS-PSI; na internet por meio de portais (SCIELO, Freemedicaljournals.com, Science Direct); e, sites especializados (via scholar.google.com); artigos, monografias disponíveis na universidade e on-line. 34 3.2. Procedimentos para coleta e análise dos dados Para a recuperação dos resumos de artigos foram utilizadas as seguintes combinações de palavras: depressão e doenças cardiovasculares; depressão e comorbidades; depressão e doenças cardíacas; depressão e doenças coronarianas; depressão e cardiopatia congênita; depressão e cardiopatia isquêmica; depressão e cardiopatia hipertensiva sistêmica; depressão e cardiopatia hipertensiva pulmonar, depressão e doença cardíaca valvular; depressão e doenças miocárdio; depressão e cardiomiopatias. Utilizou-se como ponto de corte temporal, as publicações entre 2000 a 2009. Excepcionalmente, obras mais antigas foram utilizadas devido sua importância para o tema (e atestada pelas publicações resgatadas na primeira pesquisa). Assim dentre os resumos disponíveis foram recuperados 56 artigos que abordavam a relação entre depressão e cardiopatias, sendo selecionados para esta pesquisa o numero de 19 artigos. Depois do levantamento bibliográfico e da identificação das obras, buscouse a localização do material bibliográfico. Por tratar-se de um estudo realizado na UNIVALI, esta foi à principal biblioteca pesquisada. Dentre os artigos selecionados foram priorizados os de revisão bibliográfica por apresentar um número maior de estudos. O fichamento foi utilizado, então, para condensar os dados obtidos na pesquisa, contendo o autor, ano da obra, cidade, editora e edição. Também foram utilizadas tabelas contendo o nome do autor, o ano de publicação, as principais descobertas e a sustentação atual das mesmas, bem como as teorias e hipóteses 35 desta relação (depressão x cardiopatias). A análise e interpretação dos dados foram divididas em quatro fases. A primeira foi a crítica do material bibliográfico interno (interpretação e valor interno do conteúdo) e externo (texto, autenticidade e proveniência). A segunda fase consistiu na decomposição dos elementos essenciais e sua classificação. Na terceira fase, as informações foram reunidas por semelhança de conteúdo, permitindo agrupamento e classificação. A quarta fase, a análise crítica do material encontrado, foi realizada assim que a seleção do material (fases 1 a 3) foi completada (LAKATOS e MARCONI, 1991). 36 4- APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Nesta sessão apresentam-se os resultados obtidos da pesquisa e a discussão dos resultados, na qual segue a ordem descrita a seguir: 1) a relação entre depressão e doenças coronarianas; 2) depressão e pressão arterial e; 3) hipóteses da relação entre depressão e doença arterial coronariana e pressão arterial. Em apêndice está um glossário para explicar termos como bloqueios de ramo, angina instável e outros no qual a Psicologia não é familiarizada. 4.1 Depressão e Doenças Coronarianas Popularmente há uma ligação entre emoções e coração, como se o coração servisse de “casa” para os sentimentos. Diariamente, ouvimos expressões como “coração partido”, “coração despedaçado”, que indica uma relação entre sinais cardíacos e situações emocionais adversas. As relações entre coração e emoções foram descritas há anos atrás, em escrituras religiosas e textos médicos antigos. Segundo Katon, Sullivan e Clark (1999, p.1612) “... termos como angina e angústia são derivadas de uma raiz grega comum que literalmente significa apertar firmemente ou estrangular”. Assim como o termo “Ang” foi utilizado nos primeiros textos que falavam de sensação de aperto ou pressão no peito pelos indo-europeus. Carvalho e Cidade (2000) constataram através de suas experiências em clínica psicológica, que pessoas que apresentam características de personalidade 37 deprimida tendem a ter também um “organismo desanimado”, sem forças, de forma a não se defender de doenças, permitindo, então, passivamente o ataque das mesmas. Uma comprovação disso são as diversas doenças que estão claramente associadas à depressão, com maior destaque para as doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, renais, oncológicas e outras síndromes dolorosas crônicas (TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). Assim, a depressão não tratada em pacientes com doenças médicas tende a ter um curso mais prolongado ou recorrente (SOARES; COSTA; MESQUITA, 2006). A literatura tem indicado que pacientes que apresentam sintomas depressivos tem um risco maior para o desenvolvimento da doença arterial coronariana (DAC) (CARNEY; RICH; FREEDLAND; SAINI; SIMEONE; CLARK, 1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; O´CONNOR; GURBEL; SEREBRUANY, 2000 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005; ROZANSKI; BLUMENTHAL; KAPLAN, 1999 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005; RUGULIES, 2002 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005; STEEDS; BICKERTON; SMITH; MUTHUSAMY, 2004 apud MATTOS et al., 2005), fatal ou não fatal, (AHERN; GORKIN; ANDERSON et al., 1990 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999; ANDA; WILLIAMSON; JONES et al., 1993 apud MANICA et al., 1999; FALGAR; APPELS, 1982 apud MANICA et al., 1999; FOLLICK; GORKIN; CAPONE et al.,1988 apud MANICA et al., 1999), mesmo em pessoas anteriormente saudáveis, ou seja que não apresentavam nenhuma disfunção cardíaca (ROZANSKI; BLUMENTHAL; KAPLAN, 1999 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005; RUGULIES, 2002 apud MATTOS et al., 2005). 38 Assim a depressão se constitui como um fator de risco independente para doença coronariana, tanto para pacientes sem diagnóstico prévio, quanto para pacientes com o diagnóstico de DAC, como angina, infarto agudo do miocárdio (IAM), cardiopatia isquêmica e insuficiência cardíaca. Desta forma, quando o paciente apresenta um quadro de DAC e sintomas depressivos, observa-se um agravamento destas disfunções (depressão e doenças cardíacas) (ZELLWEGER; REMO; MATHIAS, 2004 apud MATTOS et al., 2005). Para Soares, Costa e Mesquita (2006) entre 20 a 30% dos pacientes cardíacos manifestam um transtorno depressivo. Contudo, outros autores apresentam um índice maior para a presença de transtornos depressivos em pacientes que apresentam DAC. Nestes casos, os percentuais variam entre 30% a 50% e constituem-se em um fator de risco para o aumento da incidência da doença e também na mortalidade da população que apresenta a disfunção cardíaca (BLUMENTHAL; O’CONNOR; HINDERLITER; FATHC; HEGDER; MILLER et al., 1997 apud MATTOS et al., 2005; BOKHARI; SAMAD; HANIF; HADIQUE; CHEEMA; FAZAL et al., 2002 apud MATTOS et al., 2005; SPRINGER; FIFE; LAWSON; HULL; JANDORF; COHN et al., 2001 apud MATTOS et al., 2005). Pacientes que apresentam fatores de risco para as doenças cardíacas como diabetes, dislipidemia e hipertensão arterial somados a episódios de disforia (tristeza profunda durando no mínimo duas semanas) tem o risco aumentado em duas vezes mais para o desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio (IAM). Em pacientes com depressão maior esta probabilidade aumenta em quatro vezes, quando comparado a indivíduos sem histórico de depressão (PRATT; FORD; CRUM et al., 1996 apud MANICA et al., 1999). 39 Em um estudo de meta-análise examinou-se as relações da síndrome depressiva com a DAC, concluindo que existe uma associação significativa entre a presença da depressão e a gravidade das doenças (FRIEDMAN; BOOTHKEWLEY, 1987 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). De acordo com Dwight e Stoudemire (1997 apud MANICA et al., 1999) os sintomas depressivos tem uma influência na funcionalidade da doença, superior à influência do número de artérias comprometidas. Além, de complicar a recuperação dos pacientes cardíacos em uma estimativa de um para cada cinco pacientes (BECK; STEERER; GARBIN, 1988 apud MATTOS et al., 2005). E ainda, Malzberg (1937 apud MANICA et al., 1999) relata uma taxa de mortalidade por doença cardíaca oito vezes maior em pacientes com episódios de melancolia em comparação à população geral e a mortalidade por doenças cardiovasculares em pacientes depressivos representa cerca de 40% das causas de morte (MALZBERG, 1937 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). De acordo com Penninx et al. (2001 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) a depressão aumenta o risco da mortalidade nos quatro anos do período de seguimento da doença cardíaca. Para Frasure-Smith, Lesperance e Talajic (1993 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005) a mortalidade dos pacientes cardíacos deprimidos pode ser 3,1 vezes maior, comparado a cardiopatas não deprimidos, independentemente da gravidade cardiológica e da disfuncionalidade clínica. A taxa de mortalidade é cinco vezes maior em pacientes submetidos a tratamento para taquiarritmias supraventriculares e ventriculares, que apresentavam sintomas depressivos no momento do diagnóstico, em relação aos que não apresentavam tais sintomas (KENNEDY; HOFE; COHEN; 40 SHINDLEDECKER; FISHE, 1987 apud MANICA et al., 1999). O maior risco de morte em indivíduos que apresentam depressão parece ser equivalente ou superior aos dos fatores de risco conhecidos para a mortalidade em cardiopatia isquêmica como sedentarismo, genética, práticas alimentares, tabagismo, obesidade, hipertensão arterial, dislipidemias (GARRITY; KLEIN, 1975 apud MANICA et al., 1999). Desta forma, a depressão é um fator importante que aumenta significativamente a morbidade e a mortalidade em pacientes com DAC (FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC, 1993 apud MANICA et al., 1999). Há uma grande associação entre velhice, depressão e doenças cardíacas. Nos indivíduos da faixa etária de 40 a 60 anos, a depressão aumenta em até duas vezes o risco de evolução fatal das doenças cardiovasculares (AROMAA; RAITASALO; REUNANEN et al., 1994 apud MANICA et al., 1999). E em, 2.847 indivíduos entre 55 a 85 anos, o risco relativo de mortalidade foi maior de acordo com a gravidade do transtorno depressivo (PENNINX et al. 2001 apud SCALCO et al., 2005). Em um estudo no Brasil para avaliar a prevalência de depressão psíquica em pacientes com Síndrome Coronariana Aguda, usando a Escala de Depressão de Beck (IDB), verificou-se que este transtorno mental foi encontrado em 53,3% dos pacientes, em uma prevalência que está escalonada em três graus de intensidade: 28,1% com depressão leve, 14,1% com depressão moderada, e 11,1% com depressão grave. Entre os óbitos hospitalares, 88,9% ocorreram em pacientes com diagnóstico de depressão, e apenas 11,1% entre os sem depressão, com risco relativo de 6,99 (MATTOS et al., 2005). 41 Em outro estudo, de Lespérance, Frasure-Smith, Juneaum e Théroux (2000 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005), foi verificado que entre 430 pacientes com angina instável, 40% apresentavam depressão e também tinham um risco de infarto do miocárdio 6,3 vezes superior aos que não apresentavam o transtorno depressivo. A depressão tem sido utilizada como preditor de risco de mortalidade nas cirurgias em pacientes com cardiopatias; e a recidiva (recaída) da angina – desconforto no peito - é o evento mais freqüentemente associado à depressão (BOROWICZ; ROYALL; GREGA; SELNES; LYKETSOS; MCKHAN, 2002 apud MATTOS et al., 2005; BURG; BENEDETTO; ROSEMBERG; SOUFER, 2003 apud MATTOS et al., 2005). Estudos, multicêntricos randomizados, estabeleceram que a depressão é uma das principais causas de mortalidade em pacientes com IAM ou angina instável (O’ CONNOR; GLASSMAN; HARRISON, 2001 apud MATTOS et al., 2005), sugerindo a necessidade do tratamento precoce com antidepressivos (JONES; BENNETT; OLMSTED; LAWSON; RODIN, 2001 apud MATTOS et al., 2005). Há uma prevalência de depressão em pacientes com IAM, com variação de 15-30% (CARNEY; RICH; TEVELDE; SAINI; CLARK; JAFFE, 1987 apud MATTOS et al., 2005; FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; GRAVEL; MASSON; JUNEAU; TALAJIC, et al., 2000 apud MATTOS et al., 2005; LADWIG; ROLL; BREITHARDT; BUDDE; BORGGREFE, 1994 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; VAN DEN BRINK; VAN MELLE; HONIG; SCHENE; CRIJINS; LAMBERT, et al., 2002 apud MATTOS et al., 2005), e uma prevalência de 45% para a síndrome depressiva em pacientes pós-IAM (CARNEY; FREEDLAND; JAFFE, 1990, apud MANICA et al., 42 1999; GARRITY; KLEIN, 1975 apud MANICA et al., 1999). A presença de depressão em pacientes com IAM aumenta em 2 a 7 vezes o risco de mortalidade (VAN DEN BRINK; VAN MELLE; HONIG; SCHENE; CRIJINS; LAMBERT, et al., 2002 apud MATTOS et al., 2005; MALACH; IMPERATO, 2004 apud MATTOS et al., 2005). De acordo com Carney, Freedland e Jaffe (1990 apud MANICA et al., 1999), entre os pacientes que apresentam a síndrome depressiva pós-IAM, 15 a 33% preenchem os critérios para depressão maior. E somente 38% destes pacientes voltam a trabalhar em três meses. Rudisch e Nemeroff (2003 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005) apresentam uma taxa bem semelhante, com prevalência da depressão maior variando entre 17% a 27%, em portadores de insuficiência coronariana ou pós-IAM, podendo ser ainda mais elevada à taxa se forem considerados transtornos depressivos sub sindrômicos (pelo menos dois sintomas de depressão, mas sem preencher os critérios para depressão maior). A prevalência da depressão, até 30 dias pós-IAM, foi de 39% e, no seguimento de 6 meses e a um ano, a prevalência foi de 30% a 39%, e bem como, a associação entre depressão pós-IAM aumentou a mortalidade a longo prazo (um ano) (LAUZON; BECK; HUYNH; DION; RACINE; CARIGNAN, 2003 apud MATTOS et al., 2005). Podem contribuir para esta taxa, variáveis como: uma “reação catastrófica” em pacientes pós-IAM confinados em unidades coronarianas, a gravidade do prejuízo funcional pós-IAM, risco médico geral elevado, histórico prévio de IAM, histórico prévio de depressão e baixo suporte social. Soma-se a estes fatores, o 43 fato de que os sintomas depressivos pós-IAM prejudicam a reabilitação destes pacientes (SOARES; COSTA; MESQUITA, 2006). A ocorrência de depressão durante hospitalização devido a um episódio de IAM constitui-se de um forte preditor de mortalidade em pacientes com uma grave angina no peito, arritmia, taquicardia ventricular, nos dezoito meses seguintes ao acontecimento (CARNEY; RICH; FREEDLAND; SAINI; SIMEONE; CLARK, 1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC, 1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; LADWIG; ROLL; BREITHARDT; BUDDE; BORGGREFE, 1994 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). O risco da mortalidade no período de até 18 meses após o infarto é maior para pacientes que apresentem história de transtorno depressivo recorrente (FRASURE-SMITH; LESPERANCE; TALAJIC, 1995 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005; FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; TAJALIC, 1995 apud MATTOS et al., 2005). Contudo, para Schleifer, Macari-Hinson, Coyle et al., (1989 apud MANICA et al., 1999) a gravidade da doença cardíaca não parece estar relacionada com o risco aumentado para depressão pós-IAM. Porém, para Frasure-Smith, Lespérance e Talajic (1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000) os pacientes deprimidos apresentam maior gravidade de DAC que os não deprimidos. A história prévia de depressão se constitui um fator de risco na reincidência da mesma, durante a hospitalização devida a IAM. Este risco não ocorre só nos quadros de depressão maior, mas estende-se à sintomatologia depressiva em geral, à história prévia de depressão e à ansiedade (FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC, 1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). 44 De acordo com alto índice de mortalidade e morbilidade, decorrente da depressão após IAM, o impacto da depressão maior é equivalente ao de uma disfunção ventricular esquerda e da história prévia de IAM do paciente (FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC, 1993 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). Complicações no quadro de DAC (como taquicardia ventricular) também parecem ser mais comuns entre pacientes com depressão maior, (CARNEY; FREEDLAND; RICH; SMITH; JAFFE, 1993 apud MANICA et al., 1999). Outro fato importante a ser pontuado é que os efeitos adversos da depressão independem da gravidade da DAC, tanto pode ser um quadro leve, quanto um quadro mais grave (STEEDS; BICKERTON; SMITH; MUTHUSAMY, 2004 apud MATTOS et al., 2005). O que ressalta que a depressão torna-se um fator de risco para qualquer DAC, em qualquer nível de apresentação da mesma. 4.2 Depressão e Pressão arterial A pressão arterial sanguínea é a pressão exercida pelo sangue contra a superfície interna das artérias. A pressão arterial varia, de acordo, com a força do batimento cardíaco. Na fase em que o coração ejeta o sangue para a aorta há uma energia máxima para ocasionar esse movimento, chamada pressão arterial sistólica. Em seguida, há uma fase de relaxamento onde há um baixo consumo de energia que é denominado pressão arterial diastólica. De forma geral, a pressão arterial ideal para um adulto é 120/80 mmHg (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). 45 De acordo com Murray e Lopez (1996 apud WIEHE, 2004) a depressão e a hipertensão arterial apresentam-se como os distúrbios que causam um maior impacto na saúde da população mundial. A hipertensão é um preditor do desenvolvimento da doença arterial coronariana. Estudos têm indicado um aumento da prevalência de hipertensão em pacientes deprimidos (ABRAMSON; BERGER; KRUMHOLZ; VACCARINO, 2001 apud SCALCO et al., 2005; ADAMIS; BALL, 2000 apud SCALCO et al., 2005; HUGHES; STONEY, 2000 apud SCALCO et al., 2005), principalmente naqueles pacientes que apresentam uma ausência quase completa da capacidade do prazer e um humor deprimido mesmo quando ocorrem eventos positivos e muito esperados (NAKAGAWARA; WITZKE; MATUSSEK, 1987 apud SCALCO et al., 2005). Assim como Fuller (1988 apud AMARAL; JARDIM; BRASIL; SOUZA; FREITAS; TANIGUCHI; MELO; RIBEIRO, 2007) relatam uma prevalência de 28% de hipertensão entre pacientes deprimidos em tratamento ambulatorial. O transtorno depressivo maior é um fator de risco independente para o desenvolvimento da hipertensão arterial, principalmente se acontecem episódios recorrentes ou mesmo durante um longo tempo de desenvolvimento do transtorno (MEYER; ARMENIAN; EATON; FORD, 2004 apud AMARAL et al., 2007). De acordo com Jonas, Franks e Ingram (1997 apud SCALCO et al., 2005), em um estudo com 2.992 indivíduos normotensos, com idade entre 25 e 64 anos, que foram acompanhados durante 6 a 7 anos para avaliar a associação prospectiva entre sintomas depressivos e o desenvolvimento de hipertensão, foi verificado que os altos escores de sintomas depressivos ou a prescrição de medicações antidepressivas, dobrou o risco de hipertensão sanguínea, 46 concluindo-se, que a depressão pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da hipertensão. Por outro lado, também a hipertensão arterial tem sido proposta como um fator de risco para o desenvolvimento da depressão (GREENWALD; KRAMERGINSBERG; KRISHNAN; HU; ASHTARI; WU et al., 2001 apud SCALCO et al., 2005). Encontrou-se uma freqüência três vezes maior de transtorno depressivo em pacientes tratados para hipertensão (RABKIN; CHARLES; KASS, 1983 apud SCALCO et al., 2005). Em amostra multicêntrica de hipertensos, acompanhados por 10 anos, em quatro cidades dos Estados Unidos, utilizando-se a escala Center for Epidemiologic Studies – Depression (CES-D) verificou-se uma prevalência de depressão entre 9,4% e 13,5% para homens e 20,6% e 27,1% para mulheres, estabelecendo uma média de prevalência de 18% para o transtorno depressivo comparado a população em geral (SIMONSICK; WALLACE; BLAZER; BERKMAN, 1995 apud AMARAL et al., 2007). Em um estudo com pacientes hipertensos na cidade de Goiás, no Brasil, com idade entre 18 a 70 anos, 20% dos pacientes apresentaram os critérios para o diagnóstico de transtorno depressivo maior (TDM) em relação ao grupo controle, ocorrendo uma maior prevalência de sintomas associados em mulheres e com idade superior a 52 anos (AMARAL et al., 2007). Estudos com idosos têm demonstrado forte associação entre sintomas depressivos e hipertensão. Em uma pesquisa realizada em um ambulatório geriátrico na Turquia, a depressão esteve presente em 21,8% dos idosos avaliados (n = 1.255). Entre as nove patologias crônicas investigadas, três 47 estiveram associadas osteoporose com depressão: (CANKURTARAN; HALIL; hipertensão YAVUZ; arterial, DAGLI; demência e CANKURTARAN; ARIOGUL, 2005 apud DUARTE; REGO, 2007). Adamis e Ball (2000 apud SCALCO et al., 2005) ao estudar comorbidades entre as doenças psiquiátricas e físicas em idosos, em um hospital psiquiátrico descobriram que pacientes deprimidos tinham mais doenças cardiovasculares e hipertensão do que os outros pacientes psiquiátricos. Em um estudo prospectivo, de 4 anos na Finlândia, a desesperança foi associada com o aumento da incidência da hipertensão em homens normotensos. Os homens que apresentaram maiores níveis de desesperança no início do estudo tinham três vezes mais probabilidades de se tornarem hipertensos dos que os homens que não apresentaram desesperança, isso após um ajuste dos fatores de idade, índice de massa corporal, pressão arterial em repouso, atividade física, tabagismo, consumo de álcool, educação e histórico familiar de hipertensão (EVERSON; KAPLAN; GOLDBERG; SALOMEN, 2000 apud SCALCO et al., 2005). A hipertensão arterial é fator de risco para doença coronariana. E doenças cardíacas parecem ocorrer mais em pacientes com sintomas depressivos e ansiosos (JONAS; LANDO, 2000 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). Pacientes hipertensos e deprimidos apresentam maior taxa de IAM quando comparados com aqueles não-deprimidos (COHEN; MADHAVAN; ALDERMAN, 2001 apud AMARAL et al., 2007). Um teste importante para verificação das respostas de pressão arterial é o desafio ortostático que consiste em solicitar ao paciente para fletir seu tronco, 48 partindo da posição de decúbito dorsal. Pacientes depressivos apresentam um risco maior de hipotensão ortostática (redução na pressão arterial na posição ereta) durante o tratamento com antidepressivos tricíclicos quando comparados aos grupos controles (CONSTANTINO; ROOSE; WOODRING, 1993 apud SCALCO et al., 2005). A menor eficácia da pressão arterial em resposta a um desafio ortostático foi associada com depressão (STRESS, 2003 apud SCALCO et al., 2005). Em outro estudo, com indivíduos normotensos e hipertensos (com PA controlada com diuréticos tiazídicos) deprimidos, que recebiam uma dose de nortriptilina diária, durante 8 semanas, utilizou-se a cada duas semanas o teste de desafio ortostático, a fim de avaliar a pressão arterial e a freqüência cardíaca na sua linha de base. Hipotensão ortostática foi observada em 21% dos pacientes no início do estudo, e em 33%, após 8 semanas do tratamento. Tontura foi relatada por 38% dos pacientes após o tratamento (SCALCO; ALMEIDA; HACHUL; CASTEL; SERRO-AZUL; WAJNGARTEN, 2000). Em um estudo, com 126 homens trabalhadores sem diagnóstico de doenças psiquiátricas e que também não estavam fazendo uso de medicações, percebeu-se que os sintomas depressivos (medidos pelo Brief Symptom Inventory) estavam associados a uma regulação anormal da pressão arterial (KARIO; JOSEPH; SCHWARTZ; KARINA; DAVIDSON; THOMAS; PICKERING, 2001). Outro estudo, conduzido por Lederbogen, Gernoth, Hamann, Kniest, Heuser e Deuschle, (2003) confirma esta evidência através de uma monitorizarão de 24 horas da pressão sanguínea, em 69 pacientes hospitalizados com depressão e 26 sujeitos hospitalizados, mas não deprimidos. A 49 pressão arterial sistólica aumentou nos períodos noturnos em um subgrupo substancial de pacientes deprimidos internados. Os indivíduos não tinham hipertensão arterial, mas apresentaram uma maior reatividade cardiovascular durante o dia e dificuldade de dormir a noite o que ocasionava um aumento da média da pressão arterial dos pacientes deprimidos. Embora não haja provas definitivas de uma associação entre depressão e o desenvolvimento da hipertensão, a depressão pode prejudicar a administração e o prognóstico da hipertensão. Um estudo epidemiológico longitudinal analisou a associação entre sintomatologia depressiva, controle da pressão arterial, acidente vascular cerebral, e mortalidade relacionada a problemas cardiovasculares em idosos. Este estudo demonstrou um aumento do risco de acidente vascular cerebral entre os pacientes mais idosos com hipertensão arterial e níveis elevados de sintomas depressivos. A associação pareceu ser uma função de controle da pressão arterial (SIMONSICK; WALLACE; BLAZER; BERKMAN, 1995 apud SCALCO et al., 2005). O excesso significativo de risco de morte e acidente vascular cerebral ou infarto do miocárdio foi associado com um aumento de sintomas depressivos em pacientes com 60 anos de idade ou mais e com hipertensão sistólica (HAS), definida com pressão arterial sistólica ≥ 160 mm Hg e pressão arterial diastólica <90 mm Hg (WASSERTHEIL-SMOLLER; APPLEGATE; KENNETH; CHEE JEN; BARRY; GRIMM et al., 1996 apud SCALCO et al., 2005). 50 4.3 Hipóteses da relação entre Depressão e Doença Arterial Coronariana e Pressão Arterial A literatura tem apontado para a prevalência do sexo feminino tanto no transtorno depressivo quanto no grupo que apresenta sintomas de depressão e DAC. Os aspectos que ligam uma maior prevalência do sexo feminino entre depressão e doenças cardíacas incluem fatores biológicos, devido às oscilações hormonais, transmissão genética e diferenças de estruturas e funcionamentos cerebral; e psicossociais particulares, como estilo e mecanismos psicológicos diferentes, bem como o papel social e familiar exercido pela mulher na atualidade e as exigências do mercado de trabalho que estão cada vez maiores para as mulheres (PEREZ; NICOLAU; ROMANO, et al., 2005). A falta de suporte social e adversidade social prolongada (problemas de habitação ou desemprego) podem ser também os desencadeadores psicossociais destas patologias (BIRTCHNELL; MASTERS; DEAHL, 1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; HARRIS, 1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). Em um estudo de Shumaker e Czajkwsi (1993 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000) observou-se que as mulheres com doença cardíaca, quando comparadas aos homens, apresentam mais sintomas da doença, estão mais deprimidas e revelam menor capacidade funcional. Observou-se uma maior proporção de pacientes do sexo feminino no grupo de deprimidos pós-IAM (LAUZON; BECK; HUYNH; DION; RACINE; CARIGNAN, 2003 apud MATTOS et al., 2005). Essa proporção também é maior na mortalidade pós-IAM (GREENLAND; REICHER-REISS; GOLDBOURT; BEHAR, 1991 apud MANICA et 51 al., 1999), que poderia estar relacionado com um grau mais severo de depressão em mulheres com DAC (CARNEY; FREEDLAND; SMITH; LUSTMAN; JAFFE, 1991 apud MANICA et al., 1999). Um estudo de Jonas e Lando (2000) investigou-se sintomas de depressão e ansiedade em mulheres e homens através do General Well-Being. Foi encontrando uma associação com o aumento de risco de incidência de hipertensão, principalmente em mulheres negras em comparação com as mulheres brancas ou homens. O que novamente estaria ligado ao baixo suporte social e adversidades sociais. Estudos têm indicado que a depressão é um fator de risco independente para a ocorrência de DAC, pois mesmo quando os fatores de risco tradicionais como fumo, hipertensão, hiperlipidemia, sexo, idade, obesidade e sedentarismo estão controlados há ocorrência de complicações cardíacas (AROMAA; RAITASALO; REUNANEN et al., 1994 apud MANICA et al., 1999; BAREFOOT; SCHROLL, 1996 apud MANICA et al., 1999; CARNEY; RICH; FREEDLAND; SAINI; SIMEONE; CLARK, 1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; FORD; MEAD; CHANG et al., 1994 apud MANICA et al., 1999; HIPPISLEY-COX; FIELDING; PRINGLE, 1998 apud MANICA et al., 1999; HOLAHAN; MOOS; BRENNAN, 1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). A relação entre depressão e cardiopatias também é entendida através dos comportamentos de risco apresentados por pacientes depressivos. Pois comportamentos de risco ligados a outros fatores que aumentam a probabilidade de complicações nas doenças cardíacas são mais comuns em pacientes com depressão. De acordo com Aromaa, Raitasalo, Reunanem, et al., (1994 apud 52 MANICA et al., 1999) os pacientes deprimidos tendem a não aderir a mudanças alimentares (FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC, 1993 apud MANICA et al., 1999) e de ter um maior abuso e dependência de tabaco e álcool (AROMAA, RAITASALO, REUNANEM et al., 1994 apud MANICA et al., 1999; CARNEY; FREEDLAND; RICH; SMITH; JAFFE, 1993 apud MANICA et al., 1999; DALY; MULCABY; GRAHAM; HICKEY, 1983 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). Ainda apresentam uma pior aderência aos programas de reabilitação cardiovascular, tratamento medicamentoso e exercícios físicos (BLUMENTHAL; WILLIAMS; WALLACE; WILLIAMS; NEEDLES, 1982 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; CARNEY; FREEDLAND; MILLER; JAFFE, 2002 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005; CROOG; LEVINE, 1982 apud MANICA et al., 1999; JOYNT; WHELLAN; O´CONNOR, 2003 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). Esses comportamentos contribuem de maneira significativa para a ocorrência das doenças cardíacas e para um pior prognóstico da doença. A literatura tem indicado que a pressão arterial e a propensão para hipertensão são influenciadas por fatores genéticos. Em uma pesquisa realizada por Grewe, Girdler, Hinderliter e Ligth (2004), foi investigado se o histórico familiar de hipertensão influenciaria na instabilidade da pressão arterial quando em conjunto com sintomas depressivos. O humor deprimido foi acessado através do Inventário de Depressão de Beck (IDB). Este estudo demonstrou que os escores superiores do IDB foram significativamente associados com maior instabilidade da pressão arterial nas pessoas com histórico familiar de hipertensão, mas não nos participantes que não apresentaram este histórico. Segundo os autores, as relações foram significativamente mais fortes naqueles com ambos os pais 53 hipertensos, do que os que tinham apenas um dos pais hipertensos, que por sua vez, foram maiores do que os que não tinham pais hipertensos. Indivíduos com uma história familiar positiva de hipertensão apresentaram níveis mais elevados de pressão arterial e da freqüência cardíaca mesmo em repouso ou durante tarefas de estresse mental, indicando que fatores genéticos estão envolvidos na elevação da pressão arterial (LAWLER; KLINE; SEABROOK; KRISHNAMOORTHY; ANDERSON; WILCOX, et al., 1998 apud SCALCO et al., 2005). Por haver um grande número de pacientes fazendo uso de antidepressivos, este tratamento em pacientes com depressão e DAC, tem apresentado um impacto importante no prognóstico da evolução da doença cardíaca (CARNEY; RICH; FREEDLAND, et al., 1988 apud MANICA et al., 1999). Nos pacientes que já apresentaram um quadro de IAM e fazem tratamento com antidepressivos de forma inadequada (como não seguir corretamente o horário e a dose) há uma maior possibilidade de um novo episódio de IAM em comparação aos que seguem corretamente o tratamento (AVERY; WINOKUR, 1976 apud MANICA et al., 1999). De forma geral, os antidepressivos têm apresentando diferentes resultados, além da função desejada de melhorar a depressão, como aumentar o risco cardiovascular, um aumento do ritmo cardíaco e ainda um efeito antiarrítmico do tipo 1ª - bloqueando os canais de sódio nas células musculares cardíacas (MANICA et al., 1999). O emprego de antidepressivos tricíclicos (ATCs) nos primeiros 2 a 3 meses pós-IAM deve ser evitado sempre que possível, pois, nesse período de recuperação, os pacientes se apresentam mais suscetíveis aos efeitos adversos 54 cardiovasculares desse grupo de medicamentos (GLASSMAN; BIGGER, 1981 apud MANICA et al., 1999); (GLASSMAN; ROOSE; GIARDINA, 1987 apud MANICA et al., 1999). Na hipertensão ou na síndrome hipotensiva, a presença de depressão pode piorar o curso da doença pelo uso de medicações antidepressivas que pode induzir ao aumento da pressão arterial, na diminuição de pressão arterial ou na hipotensão ortostática (redução bruta da pressão arterial ao ficar em pé, causando tonturas, perda temporária da consciência e visão turva). Esses fatos dificultam o manejo de pacientes que apresentam uma disfunção na pressão arterial (SCALCO et al., 2005). Os ATCs são comprovadamente cardiotóxicos (exercem uma ação tóxica sobre o coração), tendo como seu efeito adverso cardiovascular mais comum, a hipotensão ortostática (GLASSMAN; BIGGER, 1981 apud MANICA et al., 1999; GLASSMAN; ROOSE; GIARDINA, 1987 apud MANICA et al., 1999). Estudos demonstraram que este efeito colateral gerou a descontinuação do tratamento em 25 a 50% dos pacientes com doença cardíaca pré-existente (GLASSMAN, 1984 apud MANICA et al., 1999; GLASSMAN; JOHNSON; GIARDINA, et al., 1983 apud MANICA et al., 1999), e de 10% dos pacientes sem doença cardíaca (ROOSE; GLASSMAN, 1994 apud MANICA et al., 1999), devido a hipotensão ortostática. A redução noturna da pressão arterial foi relatada em mulheres idosas deprimidas, durante 8 semanas de tratamento com Nortriptilina, sugerindo que essa medicação pode afetar a pressão arterial em indivíduos idosos deprimidos (SCALCO; SERRO-AZUL; GIORGI; ALMEIDA; WAJNGARTEN, 2003 apud SCALCO et al., 2005). 55 Os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) produzem menos efeitos hemodinâmicos nos pacientes cardíacos, pois não bloqueiam os canais de sódio, diferentemente de como acontece com os ATCs (COOPER, 1988 apud MANICA et al., 1999; KUHS; RUDOLF, 1990 apud MANICA et al., 1999). Em um estudo, com 796 pacientes que faziam uso da de 20mg de fluoxetina por dia, durante 12 semanas, foi observado que não houve uma mudança significativa na pressão arterial destes pacientes (AMSTERDAM; GARCIA-ESPANA; FAWCETT; QUITKIN; REIMHERR; ROSENBAUM; JERROLD; BEASLEY, 1999). Uma pesquisa de Grubb, Samoil, Kosinski, Temesy-Armos, Akpunonu (1994 apud SCALCO et al., 2005) verificou que a Fluoxetina e Sertralina podem aumentar e estabilizar a pressão arterial em pacientes com hipotensão e também fornecer uma profilaxia de apoio contra a hipotensão recorrente. A incidência de efeitos adversos cardíacos dos ISRS gira em torno de 0,0003%, variando entre alterações eletrocardiográficas, arritmias (irregularidade no batimento cardíaco), tromboflebite (inflamação na veia e formação de coágulos) e acidente vascular cerebral (SHELINE; FREEDLAND; CARNEY, 1997 apud MANICA et al., 1999). Contudo, apesar de ser uma classe de drogas relativamente seguras, os ISRS tem um grande potencial de interação medicamentosa através do metabolismo hepático do citocromo P450, podendo aumentar os níveis plasmáticos de drogas também metabolizadas por essa via, como antiarrítmicos, ATCs e fenotiazinas (antipsicóticos). Podendo levar a uma potencialização da cardiotoxicidade desses fármacos (CREWE; LENNARD; TUCKER, et al., 1992 56 apud MANICA et al., 1999; NEMEROFF; DEVANE; POLLOCK, 1996 apud MANICA et al., 1999). Já a Venlafaxina (classificada como um antidepressivo atípico) tem sido associada a um aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, além da elevação dos triglicerídeos (ANON, 1993 apud MANICA et al., 1999; KHAN; FABRE; RUDOLPH, 1991 apud MANICA et al., 1999). Em um estudo de metanálise, foram utilizados os dados originais da pressão arterial de 3744 pacientes com depressão maior, comparando os efeitos da Venlafaxina, Imipramina, e placebo. Venlafaxina e Imipramina foram associadas com um pequeno, mas estatisticamente significativo aumento da pressão arterial diastólica supina (quando se está deitado com a face para cima). O efeito da Venlafaxina foi dose-dependente sem afetar negativamente o controle da pressão arterial em pacientes com hipertensão pré-existentes. No entanto, a elevação da pressão arterial foi persistente durante a continuidade do tratamento (THASE, 1998 apud SCALCO et al., 2005). Em um relato de caso no Brasil, foi verificado uma elevação da pressão arterial da paciente após o início do uso associado de Venlafaxina e o Captropil. De acordo com Sucar (2000), a Venlafaxina deveria ser evitada em pacientes hipertensos, pois a utilização de medicamentos que aumentam a neurotransmissão noradrenérgica, como é o caso do Venlafaxina, aumenta a pressão arterial. O Trazodona não parece exercer efeitos na condução cardíaca, quando utilizado em doses terapêuticas ou mesmo tóxicas, porém, existe relatado o evento de taquicardia ventricular não-sustentada (episódio breve de arritmia que 57 impede o bombeamento da quantidade ideal do sangue) com o uso deste fármaco (HYMAN; ARANA; ROSENBAUEU, 1995 apud MANICA et al., 1999; VITULLO; WHARTON; ALLEN; PRITCHET, 1990 apud MANICA et al., 1999). A Mirtazapina parece ser uma droga relativamente segura, visto que, os índices de hipertensão, hipotensão ortostática e taquicardia, relatados foram similares ao grupo do placebo (SMITH; GLAUDIN; PANAGIDES et al., 1990 apud MANICA et al., 1999). A Bupropiona não apresenta efeitos maiores na condução ou na contratilidade miocárdica, mas pode provocar leve hipotensão postural e aumento da pressão arterial (DWIGHT; STOUDEMIRE, 1997 apud MANICA et al., 1999; ROOSE; DALACK; GLASSMAN, et al., 1991 apud MANICA et al., 1999). Antidepressivos inibidores da monoamino-oxidase (IMAO's) têm sido associados com a elevação da pressão sistólica e diastólica (AMSTERDAM et al., 1999). De acordo com Thase (1998 apud SCALCO et al., 2005), a potencialização da neurotransmissão noradrenérgica pode ser um dos mecanismos pelo qual esses antidepressivos aumentariam a pressão arterial. Nas crises hipertensivas associadas à terapia com IMAO, níveis altos de tiramina não metabolizada dispararam a liberação de noradrenalina dos neurônios periféricos. Ainda de acordo com Edwards, King e Fray (2000 apud SCALCO et al., 2005), estudos clínicos têm sugerido que o Captopril (inibidor da enzima conversora da angiotensina) exibe propriedades antidepressivas em seres humanos, sugerindo que o sistema renina-angiotensina pode não só participar na elevação da pressão arterial, mas também contribuir para a depressão, embora o sua mecanismo seja desconhecido. 58 A literatura aponta como mecanismo comum entre depressão e as cardiopatias uma disfunção no sistema nervoso autônomo, como diminuição na variabilidade da freqüência cardíaca e disfunção do eixo hipotálamo-hipófiseadrenal. Outro mecanismo comum entre as patologias é o aumento da atividade plaquetária (MANICA et al., 1999; LETT; BLUMENTHAL; BABYAK; SHERWOOD; STRAUMAN; ROBINS, et al., 2004 apud MATTOS et al., 2005). O sistema nervoso autônomo (SNA) faz parte do sistema nervoso e controla as funções da respiração, circulação do sangue, da temperatura e da digestão. É responsável pelas respostas reflexas (autônomas), pelo controle da musculatura lisa, musculatura cardíaca e algumas glândulas. Permite o aumento da pressão arterial, o aumento da freqüência respiratória, os movimentos peristálticos e a excreção de determinadas substâncias. Geralmente, o SNA opera sem o controle consciente do córtex cerebral, contudo, ele é regulado por outras regiões encefálicas, principalmente, o tronco encefálico e o hipotálamo. É responsável pelo controle da homeostasia corporal (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). O SNA possui duas divisões: simpática e parassimpática. O sistema autônomo simpático tem a função de estimular ações que respondam ao estresse (luta ou fuga), como aceleração dos batimentos cardíacos, aumento da pressão arterial, da noradrenalina, aumento da concentração do açúcar no sangue e ativação automática do metabolismo do corpo. O impulso nervoso simpático provém de segmentos torácicos e lombares da medula espinhal (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). O sistema nervoso autônomo parassimpático é responsável por estimular ações de relaxamento (repouso e digestão), através da desaceleração dos 59 batimentos cardíacos, da pressão arterial, da adrenalina e do açúcar no sangue. Os impulsos nervosos originam-se dos núcleos dos nervos cranianos e de segmentos sacrais da medula espinhal. Tendo como um dos principais condutores o nervo vago (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). Algumas das atividades das quais o SNA é responsável e que são interessantes para este estudo são: a constrição dos vasos sanguíneos, a variação da freqüência cardíaca e a força dos batimentos cardíacos. A ativação do SNA pode ser tanto excitatório quanto inibitório. E os neurotransmissores liberados são acetilcolina e noradrenalina (e/ou norepinefrina) (TORTORA; GRABOWSKI, 2006). Frasure-Smith, Lespérance e Talajic, (1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000) indicam que com o primeiro episódio de depressão acontece uma série de alterações bioquímicas, de perturbações no sistema nervoso autônomo, através do aumento da atividade simpática e um controle deficiente do músculo vago (COOPER; KELLY; KING, 1985 apud SCALCO et al., 2005; DEVILLIERS; RUSSELL; CARSTERS; ALBERS; GAGIANO; CHALTON, et al., 1987 apud SCALCO et al., 2005). Há indícios que ocorre um aumento dos níveis plasmáticos de noradrenalina em pacientes com depressão maior em relação a indivíduos normais (LAKE; PICKAR; ZIEGLER; LIPPER; SLATER; MURPHY, 1982 apud MANICA et al., 1999; VEITH; LEWIS; LINARES et al., 1994 apud MANICA et al., 1999). Foi encontrado um nível mais elevado de noradrenalina, mais especificamente o 3-metoxi-4-hidroxifenilglicol (MHPG), que é o metabólito da noradrenalina no líquido cefalorraquidiano (COOPER; KELLY; KING, 1985 apud 60 SCALCO et al., 2005; DEVILLIERS; RUSSELL; CARSTERS; ALBERS; GAGIANO; CHALTON, et al., 1987 apud SCALCO et al., 2005) e na urina de pacientes depressivos em relação a indivíduos que não apresentavam sintomas depressivos (ROY; PICKAR; DEJONG; KAROUN; LINNOILA, 1988 apud MANICA et al., 1999; VEITH; LEWIS; LINARES, et al., 1994 apud MANICA et al., 1999). Em uma avaliação, durante 24horas, foi verificada a excreção de noradrenalina, adrenalina, dopamina e MHPG através da urina em indivíduos deprimidos. Houve correlações positivas entre depressão e hipertensão indicando que há uma tendência de haver uma disfunção na rotatividade das catecolaminas - adrenalina, dopamina e noradrenalina, nestes pacientes (MAES; MELTZER; SUY; MINNER; CALABRESE; COSYNS, 1993 apud SCALCO et al., 2005). Em um estudo, em animais com IAM induzido experimentalmente, foi verificado uma diminuição do tônus vagal (que produz entre outros, o desaceleramento do coração) reduzindo a variabilidade da freqüência cardíaca e predispondo, assim, o desenvolvimento de fibrilação ventricular (tipo de arritmia cardíaca que leva a uma parada cardiorrespiratória e circulatória) (LOWN; VERRIER, 1976 apud MANICA et al., 1999). A variabilidade da freqüência cardíaca significa uma flutuação da freqüência cardíaca média, pois quando há uma atividade cardíaca de 60 batimentos por minuto, não significa rigorosamente que há uma batida há cada segundo. O batimento cardíaco pode variar entre 0,5 e 2,0 segundo, sendo este padrão considerado normal. Em um coração saudável, a variabilidade é maior durante a fase de relaxamento ou descanso. E durante uma atividade física, à medida que a intensidade da freqüência cardíaca aumenta a variabilidade da freqüência 61 cardíaca diminui pois o coração tende “a bater mais rápido”(TORTORA; GRABOWSKI, 2006). Carney, Blumenthal, Stein, Watkins, Catellier, Berkman, et al., (2001 apud SCALCO et al., 2005) observaram que a variabilidade da freqüência cardíaca permaneceu significantemente mais baixa em pacientes com depressão. Para Dalack e Roose (1990 apud MANICA et al., 1999), a redução da variabilidade da freqüência cardíaca representa uma alteração do tônus autônomo. E este tipo de alteração é um fator de risco independente para a mortalidade em pacientes pós IAM (CARNEY; SAUNDERS; FREEDLAND et al., 1995 apud MANICA et al., 1999; KLEIGER; MILLER; BIGGE; MOSS, 1987 apud MANICA et al., 1999). Durante 24 horas de registro de eletrocardiograma, em pacientes voluntários com depressão maior e indivíduos clinicamente saudáveis, foi verificada uma diminuição da variabilidade da freqüência cardíaca em pacientes deprimidos, o que indica que eles podem ter uma anormalidade na atividade do sistema nervoso parassimpático (DALACK; ROOSE, 1990 apud SCALCO et al., 2005). Pacientes tratados com Mirtazapina demonstraram uma redução significativa na variabilidade da freqüência cardíaca após tratamento (TULEN; BRUIJN; DE MAN; PEPPLINKHUIZEN; VAN DEN MEIRACKER et al., 1996 apud SCALCO et al., 2005). Uma das principais hipóteses sobre os mecanismos responsáveis pela mortalidade cardíaca aumentada em pacientes com depressão e DAC é a redução da variabilidade da freqüência cardíaca que reflete em um tônus autônomo cardíaco alterado e outros mecanismos ainda desconhecidos. (FIELDING, 1991 apud MATTOS et al., 2005; SCHINS; HAMULYAK; SCHARPE; LOUSBERG; VAN 62 MELLE; CRIJNS et al., 2004 apud MATTOS et al., 2005; SPIEKER; NOLL, 2003 apud MATTOS et al., 2005). Há dados ligando a hiperresponsividade do sistema nervoso simpático e o desenvolvimento de hipertensão. A hiperresponsividade se manifesta pela respostas exageradas na freqüência cardíaca e na pressão arterial a estímulos psicológicos, experimentados como envolvente, desafiadores ou aversivos. Comparando a indivíduos calmos, os mais hostis manifestam maior freqüência cardíaca e pressão arterial a estímulos fisiológicos, tarefas mentais, e atividades rotineiras. Há evidência também de que os indivíduos hostis são mais propensos a apresentar alto nível de cortisol e altos níveis de catecolaminas (adrenalina, noradrenalina e dopamina), e uma diminução da modulação vagal na função cardíaca (ROZANSKI; BLUMENTHAL; KAPLAN, 1999 apud SCALCO et al., 2005). A maior exposição ao risco de taquicardia ventricular em pacientes que apresentam sintomas depressivos parece estar relacionada ao aumento da atividade do sistema nervoso simpático e a perturbação do eixo hipotálamohipófise-adrenal que pode agravar o risco de incidência de perturbações isquêmicas, arritmia, morte súbita e progressão da aterosclerose (CARNEY; FREEDLAND; RICH; SMITH; JAFFE, 1993 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000; CARNEY; RICH; TEVELDE; SAINI; CLARK; FREEDLAND, 1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). Assim um dos mecanismos possíveis ligando depressão e DAC inclui alterações no funcionamento do eixo hipotálamo-hipófiseadrenal (LETT; BLUMENTHAL; BABYAK; SHERWOOD; STRAUMAN; ROBINS et al., 2004 apud MATTOS et al., 2005). 63 O sistema endócrino é formado pelas glândulas que produzem as secreções denominadas hormônios. O sistema nervoso fornece informações sobre o meio externo com o sistema endócrino afim que este regule a resposta interna do organismo. O sistema endócrino também parece estar envolvido nas alterações de humor através do hipotálamo que faz a conexão com o sistema nervoso e também é regulador do sistema biológico, sendo afetado por eventos internos e externos do organismo. Pois o hipotálamo é o controlador da estimulação da hipófise que é a responsável por liberar os diversos hormônios que agirão sobre os respectivos órgãos-alvo (VIEIRA, CERESÉR, GAUER, 2004). O hipotálamo por meio da secreção do hormônio liberador de corticotrofina (CRH) modula a produção do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) produzido na hipófise anterior que atua diretamente na glândula endócrina adrenal (supra-renal) estimulando a síntese e liberação de cortisol (ELIAS et al., 2008). O estado de estresse, causado pela depressão, pode levar a uma hiperatividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) devido a uma hiperresponsividade do córtex suprarrenal ao hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pelo hipotálamo (AMSTERDAM; WINOKUR; ABELMAN, et al., 1983 apud MANICA et al., 1999; CHARLTON; FERRIER, 1989 apud MANICA et al., 1999; GOLD; LORIAUX; ROY et al., 1986 apud MANICA et al., 1999). Outra relação apontada pela literatura entre depressão e as cardiopatias é o aumento da atividade plaquetária entre os pacientes deprimidos. As plaquetas são responsáveis por formar o tampão plaquetário (quando ocorre uma danificação do vaso sanguíneo), a vasoconstrição e a coagulação sanguínea (SPENCER, 1991). 64 Foi observado um aumento na densidade dos receptores 5-HT2 (receptor da serotoniana) plaquetários entre os pacientes deprimidos e com DAC comparação a pacientes com DAC, mas sem depressão, o que ocasiona uma maior ativação plaquetária e vasoconstrição coronariana (BIEGON; WEIZMAN; KARP; RAM; IANO; WOLFF, 1987 apud MANICA et al., 1999). O mecanismo que liga a depressão e as cardiopatias através da ativação plaquetária ainda é desconhecido, a hipótese apontada está ligada a serotonina. O estímulo serotonérgico plaquetário induz agregação plaquetária e vasoconstrição coronariana, através preferencialmente dos quando receptores há um 5-HT2, distúrbio sendo nos que mecanismos isso ocorre endoteliais contrarregulatórios, como ocorre na DAC (DECLERCK, 1997 apud MANICA et al., 1999). 4.4 Finalização da discussão dos resultados De forma geral, a depressão está associada a diversas doenças, com um destaque para as doenças cardíacas, devido o seu impacto na população em geral. A depressão constitui de um fator de risco para a ocorrência de doenças cardíacas, bem como as doenças cardíacas se constituem como fator de risco para o desenvolvimento da depressão ou de sintomas depressivos. Além, disso, a depressão pode estar relacionada à gravidade das doenças cardíacas, influenciando assim, no prognóstico da doença. A taxa de mortalidade entre indivíduos com DAC e depressão é maior quando comparada a indivíduos que não apresentam os sintomas depressivos, desta forma, ela se constitui de um fator 65 importante que aumenta a taxa de portadores de doenças cardíacas na população em geral, bem como, é um fator que contribui para o aumento dos óbitos decorrentes das cardiopatias. Constata-se ainda, um impacto importante na vida profissional de indivíduos com DAC, pois as taxas de indivíduos que voltam ao trabalho após um IAM é muito baixa comparada a indivíduos que não apresentam o transtorno. Este evento pode intensificar ainda mais a depressão, pois pode ser entendida como mais uma perda na vida do sujeito. O transtorno depressivo em um paciente que apresenta uma doença cardiovascular tende a limitar as formas de enfrentamento da doença, como baixa adesão ao tratamento, a atividades físicas, a dieta necessária, bem como, pacientes depressivos tendem a intensificar os sintomas das doenças cardíacas. A depressão tem sido associada à hipertensão arterial, embora não seja classificada como uma doença arterial coronariana é o um fator que se constitui como determinante para o desenvolvimento da DAC. Dessa forma, a literatura aponta para que um quadro depressivo, principalmente com a utilização dos antidepressivos pode desencadear um quadro de hipertensão sanguínea, e assim a hipertensão pode desencadear uma patologia cardíaca. Por outro lado, a literatura também indica a hipertensão como fator desencadeante da depressão. E a associação de sintomas depressivos com um quadro de hipertensão eleva a taxa de IAM comparados a pacientes que não apresentam os sintomas depressivos, reforçando assim, que a depressão é um fator isolado para o IAM. 66 Nos pacientes que utilizam medicações antidepressivas foi verificado um aumento da hipotensão ortostática destes pacientes, o que dificulta o tratamento de pacientes com depressão e síndrome hipotensora. Os mecanismos que a literatura tem sugerido para explicar a relação entre depressão e DAC são os psicossociais e os fisiopatológicos. Psicossociais: • O sexo feminino constitui do grupo mais atingido na depressão e nas doenças cardíacas devido a fatores biológicos e psicossociais. • Os fatores psicossociais que influenciam o surgimento da depressão e das doenças cardíacas são o baixo suporte social, a exposição freqüente a eventos estressores, adversidades sociais (como o desemprego) e comportamentos de risco (tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, não adesão ao tratamento). Fisiopatológicos: • A genética é um fator que contribui para o desenvolvimento da depressão e das cardiopatias. • Os mecanismos de ação dos antidepressivos têm contribuindo para o surgimento das doenças do coração nos pacientes depressivos. • Hiperresponsividade do sistema nervoso simpático que aumenta a incidência de arritmias cardíacas. 67 • Diminuição da variabilidade da freqüência cardíaca devido a uma alteração do tônus autônomo. • Disfunção no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal: o estresse causado pela depressão pode ocasionar uma disfunção no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal devido o aumento do hormônio cortisol no organismo. • Aumento da atividade plaquetária: observou-se um amento da atividade plaquetária em pacientes com depressão e DAC. O responsável por isso seria a exposição prolongada à ação da serotonina. Embora a literatura corrobore quanto às hipóteses para a relação entre depressão e doenças cardíacas os mecanismos que ligam as duas ainda não são conhecidos. 68 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Esse estudo teve como objetivo geral levantar as relações psicofisiológicas que a literatura especializada indica entre depressão e as cardiopatias. Observouse que o interesse em buscar fatores comportamentais para o desencadeamento de doenças cardíacas iniciou a partir dos estudos de dois cardiologistas americanos, Dr. Meyer Friedman e Ray Rosenman, em 1973. Eles identificaram um perfil de comportamento que estaria ligado ao desenvolvimento de doenças cardíacas: o padrão de comportamento tipo A (BOPP, 2003). O padrão de comportamento tipo A consiste em determinados comportamentos e estilo de vida, ligados ao aparecimento de DAC, assim, a literatura passou a interessar-se em buscar relações comportamentais chegando a perceber que sintomas depressivos estariam relacionados com o aparecimento das doenças cardíacas. Embora o interesse inicial em buscar as relações entre depressão e doenças cardíacas ter sido predominantemente da medicina, observa-se a necessidade do engajamento de outras áreas das ciências da saúde em buscar opções e tornarem-se parceiros no objetivo de obter medidas preventivas ou programas de reabilitação para doentes cardíacos. Desta forma, a Psicologia da Saúde vem demonstrando interesse em fazer parte desta equipe multidisciplinar, através de pesquisas e na participação dos programas destinados a esses pacientes, bem como o surgimento da Psicocardiologia. A Psicocardiologia é uma área da Psicologia da Saúde que atua na prevenção primária, secundária, e reabilitação de pacientes com doenças 69 cardiovasculares a fim de informar sobre um estilo de vida que previna o desenvolvimento de doenças cardiovasculares; melhorar os resultados médicos e psicológicos em pacientes cardíacos; criar e reforçar as redes de apoio social para os pacientes. Ela ainda obtém pouco espaço, mas tende a crescer devido a necessidade de uma atuação mais focada (LEMOS; PIETROBON; MULLER; HARB; SILVA, 2008). A contribuição da Psicologia não estaria apenas associada a buscar a identificação dos mecanismos fisiológicos de como os sentimentos negativos como raiva, solidão e outros fatores psicossociais afetam negativamente a saúde, mas sim, compreender como a saúde pode ser beneficiada com o otimismo, uma boa rede social e um senso de auto-empoderamento. Ressaltando, que o fato de uma pessoa estar livre de uma doença não significa que ela desfrute de uma vida vigorosa e satisfatória (STRAUB, 2005). Vale enfatizar, que “promover saúde significa ampliar a consciência que o indivíduo possui sobre a realidade que o cerca, o instrumentalizando para agir, no sentido de transformar e resolver as dificuldades que esta realidade lhe apresenta” (BOCK; AGUIAR, 1995, p. 12). Pois de acordo com Melo Filho (1997 apud CUNHA, 2007), de um a dois terços, dos sujeitos que buscam atendimento médico, apresentam um componente psicológico que influencia no curso das diversas doenças, pois a própria fragilidade decorrente da enfermidade afeta de alguma forma a integridade da pessoa. Deste modo, a atuação do profissional de Psicologia é fundamental para não haver a negligência dos sintomas psicológicos apresentados pelo paciente, visto que alguns autores citaram a incapacidade do médico no diagnóstico da 70 depressão em pacientes com doenças coronárias, pois as dores no peito, fadiga, insônia são entendidas como parte das doenças cardíacas. De acordo com Hirschfeld et al. (1997 apud MANICA et al., 1999), apenas 35% dos pacientes que apresentam depressão e doenças cardíacas são diagnosticados corretamente. O que implica que mais de dois terços dos casos clínicos de co-ocorrência entre depressão e cardiopatias não recebem a devida atenção e tratamento. Tal negligência como observado ao longo deste trabalho, pode custar a vida de pacientes com a dupla morbidade, uma vez que a depressão é um fator de risco para morte nos casos de cardiopatia. Além de promover um diagnóstico correto para esses pacientes, os profissionais de Psicologia podem estar disponibilizando tratamento psicoterápico individual ou em grupo, pois a interação do tratamento medicamentoso da depressão e doenças cardíacas tem apresentando agravamentos a saúde destes. Os fatores de risco que a Psicologia poderia estar falando com esses pacientes são o abuso de álcool, o tabagismo, as atividades físicas, os hábitos alimentares e estratégias de enfrentamento centradas no problema e nas emoções (coping). Coping são ações para “gerenciar”, tolerar, ou diminuir o impacto de um evento negativo sobre o bem estar da pessoa, pois a forma de lidar com a doença irá depender da personalidade, história de vida e familiar, crenças, estado emocional, rede de apoio, e também o momento do ciclo da vida da pessoa (STRAUB, 2005). Para finalizar, percebe-se que este estudo traz de forma geral, uma visão introdutória, sobre a relação entre depressão e cardiopatias. Utilizou-se preferencialmente os estudos mais citados pelos autores que buscavam essa 71 relação. Por apresentar uma predominância dos estudos da área da medicina, vale ressaltar a dificuldade para os estudantes de Psicologia em entender os mecanismos fisiológicos das doenças cardíacas e da depressão, devido ao fato de que estes não são estudados na maioria dos cursos e que de fato, a primeira vista, não são tão relevantes para essa área de atuação. Por outro lado, na medida em que nos debruçamos sobre estas informações podemos perceber a teia de relações estabelecidas entre estas enfermidades (as cardiopatias) e os fatores psicossociais, além, é claro, da abrangência das variáveis que interferem nas relações entre o funcionamento cardíaco e a regulação das emoções. É necessário ressaltar aqui, as limitações deste estudo. Entre elas a limitação de acesso às bases de informações específicas (como portais de textos completos) e também das próprias revisões de estudos que tenderam a repetir informações, sem necessariamente trazer algo novo para a discussão das relações entre depressão e cardiopatias. Por um lado, os resumos aos quais tivemos acesso (das publicações as quais não foi possível obter o texto completo) demonstravam que as conclusões chegavam ao mesmo ponto comum dos outros estudos revisados neste trabalho. Por outro lado, indicam também que, mesmo tendo uma limitação em relação ao tempo (para realização do trabalho) e na aquisição de outros materiais, boa parte sobre as hipóteses que relacionam a depressão e as cardiopatias que se conhece até o momento foi abordado nesta pesquisa. Embora ainda haja alguma discordância entre alguns autores, a depressão se constitui como fator de risco para as cardiopatias, assim como as cardiopatias 72 são um fator de risco para o desenvolvimento da depressão. Assim, sugere-se, mais estudos da área da Psicologia sobre estas relações, para a obtenção de dados que reforcem a importância de serviços de apoio psicossocial na saúde pública, com programas preventivos, de promoção e de reabilitação para esses pacientes. 73 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBANESI FILHO, F. M. Cardiomiopatias - estado da arte. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 71, nº. 2, 1998, p. 95-107. ALMEIDA, A.; NETO, F. Revisão sobre o uso da terapia cognitiva-comportamental na prevenção de recaídas e recorrências depressivas. Revista brasileira de psiquiatria, São Paulo, v. 25, nº. 4, outubro, 2003, p. 239-244. AMARAL, G.; JARDIM, P.; BRASIL, M.; SOUZA, A.; FREITAS, H.; TANIGUCHI, L.; MELO, A.; RIBEIRO,C. Prevalência de transtorno depressivo maior em centro de referência no tratamento de hipertensão arterial. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, v.29, nº. 2, , 2007, p.161-168. AMSTERDAM; GARCIA-ESPANA; FAWCETT; QUITKIN; REIMHERR; ROSENBAUM; JERROLD; BEASLEY. 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Tese (doutorado) – Faculdade de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. 80 7 APÊNDICES 7.1 Apêndice A GLOSSÁRIO Angina instável: é uma das formas da angina do peito, se caracteriza por apresentar um desconforto de maior freqüência, intensidade e duração que poderá evoluir para um IAM. Arritmia: toda arritmia cardíaca caracteriza-se por qualquer anormalidade da freqüência ou do ritmo do coração. Bloqueio de ramo: bloqueio ou retardo no estímulo elétrico. Cardiotóxicos: que exerce uma ação tóxica sobre o coração. Disfunção ventricular esquerda: condição na qual o ventrículo esquerdo apresenta uma diminuição na funcionalidade que pode levar a insuficiência cardíaca, IAM ou outras doenças. Distúrbios de condução: interrupção ou retardo do impulso elétrico iniciado no nó sinoatrial que causa o batimento cardíaco. Etiologia: estudo das causas das doenças. Hipotensão Ortostática: redução bruta da pressão arterial ao ficar em pé, causando tonturas, perda temporária da consciência e visão turva. 81 Insuficiência coronariana: é uma deficiência na irrigação miocárdica ocasionada pela diminuição da luz ou diâmetro interno de uma ou mais artérias coronárias que ocorre devido ao depósito de colesterol na camada média da artéria. Morbidade ou morbilidade: é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento. Morbimortalidade: impacto das doenças e dos óbitos que incidem em uma população. Mortalidade: é o número de óbitos em relação ao número de habitantes. Profilaxia: meios de evitar as doenças ou de ela se propagar. Risco relativo: é uma relação da probabilidade do evento ocorrer no grupo exposto contra o grupo de controle (não exposto). Taquicardia: arritmia que indica uma freqüência cardíaca de mais de 100 batidas por minuto. 7. 2 Apêndice B Depressão e Doenças Arteriais Coronariana: AUTORES/ANO AHERN; GORKIN; ANDERSON et al (1990 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). ANDA, R.; WILLIAMSON, D.; JONES D. et al (1993 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). AROMAA; RAITASALO; REUNANEN et al, (1994 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). BECK, A.; STEERER, R.; GARBIN, M. (1988 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). BLUMENTHAL, J.; O’CONNOR, C.; TÍTULO OBJETIVO POPULAÇÃO RELAÇÃO CARDIOPATIA X DEPRESSÃO RESULTADOS Biobehavioural variables and mortality or cardiac arrest in the cardiac arrhythmia pilot study (CAPS). A depressão é um fator importante que aumenta significativamente a morbidade a mortalidade da DAC. Depressed affect, hopelessness, and the risk of isquemic heart disease in a cohort of us adults. Epidemiology. Pacientes que apresentam sintomas depressivos tem um risco maior para a ocorrência de doença arterial coronariana fatal ou não fatal. Depression and cardiovascular diseases. Nos indivíduos da faixa etária de 40 a 60 anos a depressão aumenta em até duas vezes o risco de evolução fatal das doenças cardiovasculares. Psychometries properties of the Beck Depression Inventory. Psychosocial factors and coronary disease. A Estudar o efeito do antidepressivo sertralina no tratamento de coronariopatas deprimidos, Os transtornos depressivos graves estão presentes e complicam a recuperação de síndromes coronarianas agudas em cerca de 1 para cada 5 pacientes. #) Transtornos depressivos estão presentes em percentuais que variam, entre 30% a 50% em pacientes que CRÍTICAS e SUGESTÕES 83 HINDERLITER, A.; FATH, C.; HEGDER, C.; MILLER, G. et al (1997 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). BOKHARI, S.; SAMAD, A,; HANIF, F.; HADIQUE, S.; CHEEMA; FAZAL, M. et al (2002 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). BOROWICZ, J.; ROYALL, R.; GREGA, M.; SELNES, O.; LYKETSOS, C.; MCKHAN, G. (2002 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). BURG, M.; BENEDETTO, M.; ROSEMBERG, R.; SOUFER, R. (2003 apud MATTOS; LOUGON; TURA; national multicenter clinical trial(ENRICHD) with a North Carolina focus. apresentam DAC, constituindo um fator de risco independente de morbimortalidade; #) os sintomas depressivos aumentam a morbimortalidade de pacientes com IAM, encontrando ainda maior prevalência de depressão em pacientes mais jovens e com menor suporte socioeconômico. Prevalence of depression in patients with coronary artery disease in a tertiary care hospital in Pakistan. Transtornos depressivos estão presentes em percentuais que variam, entre 30% a 50% em pacientes que apresentam DAC, constituindo um fator de risco independente de morbimortalidade; Depression and cardiac morbidity 5 years after coronary artery bypass surgery. A depressão tem sido utilizada como preditor de risco de morbimortalidade para cirurgias em coronariopatias, e a recidiva de angina é o evento mais freqüentemente associado à depressão. Presurgical depression predicts medical morbidity 6 months after coronary bypass graft surgery. A depressão tem sido utilizada como preditor de risco de morbimortalidade para cirurgias em coronariopatias, e a recidiva de angina é o evento mais freqüentemente associado à depressão. 84 PEREIRA, 2005). CARNEY ,R.; RICH, M.; TEVELDE, A.; SAINI, J.; CLARK, K.; JAFFE, A. (1987 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). CARNEY, R.; RICH, M.; FREEDLAND, K.; SAINI, J.; SIMEONE, C.; CLARK, K. (1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). CARNEY; FREEDLAND; JAFFE (1990 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). CARNEY; FREEDLAND; RICH, M.; SMITH; JAFFE (1993 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). DWIGHT; STOUDEMIRE Major depressive disorders in coronary artery disease. Há, alta prevalência de depressão em pacientes com IAM, com variação de 1530%. Major depressive disorder predicts cardiac events in patients with coronary artery disease. #) A depressão não é apenas uma perturbação psiquiátrica freqüente entre os doentes com DAC, mas também um dos fatores que contribui para o seu aparecimento e desenvolvimento; #) a depressão durante a hospitalização devida a episódio de IAM, constitui um forte preditor de mortalidade (gravidade da angina no peito, arritmia, taquicardia ventricular) e mortalidade cardiovascular, nos doze meses seguintes ao acontecimento. Dentre os pacientes que desenvolvem sintomas depressivos pós-IAM, 15 a 33%, preenchem os critérios para depressão maior. Insomnia and depression prior to myocardial infarction. Ventricular tachycardia and psychiatric depression in patients with coronary artery disease. Entre os pacientes com DAC, aqueles com depressão maior apresentam uma maior prevalência de taquicardia ventricular em comparação aos não deprimidos. Effects of depressive Os sintomas depressivos podem ter uma influência na funcionalidade da DAC, 85 (1997 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). disorders on coronary artery disease: A review. superior à influência do número de artérias comprometidas. FALGAR; APPELS (1982 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). FOLLICK; GORKIN; CAPONE et al, (1988 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). FRASURESMITH, N.; LESPÉRANCE, F.; GRAVEL, G.; MASSON, A.; JUNEAU, M.; TALAJIC, M. et al. (2000 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). FRASURESMITH, N.; LESPÉRANCE, F.; TAJALIC, M. (1995 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). Psychological risk factors over the life course of myocardial infarction patients. A depressão é um fator importante que aumenta significativamente a morbidade a mortalidade da DAC. Psychological distress as a predictor of ventricular arrhythmias in a post-myocardial infarction population. Social support, depression, and mortality during the first year after myocardial infarction. A depressão é um fator importante que aumenta significativamente a morbidade a mortalidade da DAC. Depression and 18th month prognosis after myocardial infarction. A alta prevalência de depressão em pacientes com IAM, com variação de 1530%. Um estudo de coorte prospectivo, realizado em Montreal, Canadá, avaliou a prevalência de depressão em 218 pacientes, utilizando a Os autores concluem que o escore para a depressão é um importante preditor para risco de mortalidade, em até 18 meses após o infarto. 86 escala de Beck, em até 7 dias após episódio de IAM. FRASURESMITH, N.; LESPERANCE, F.; TALAJIC, M. (1993 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). Depression Following Myocardial Infarction. Impact on 6 Month Survival. A mortalidade dos pacientes cardíacos deprimidos pode ser 3,1 vezes maior comparado a cardiopatas não deprimidos, independentemente da gravidade cardiológica e da disfuncionalidade clínica. FRASURESMITH, N.; LESPÉRANCE, F.; TALAJIC, M. (1993 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). Depression following myocardial infarction: impact on 6-month survival. FRASURESMITH, N.; LESPERANCE, F.; TALAJIC, M. (1995 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). FRASURESMITH, N.; LESPÉRANCE, F.; TALAJIC, M. (1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, Depression and 18 Month Prognosis After Myocardial Infarction. #) A depressão durante a hospitalização devida a episódio de IAM, constitui um forte preditor de morbilidade (gravidade da angina no peito, arritmias, taquicardia ventricular) e mortalidade cardiovascular, nos seis meses seguintes ao acontecimento; #) de acordo com alto índice de mortalidade e morbilidade decorrente da depressão após IAM, o impacto da depressão maior é equivalente ao da disfunção ventricular esquerda e da história prévia de IAM. O risco de mobimortalidade é maior para pacientes pós-IAM que apresentem história de transtorno depressivo recorrente. Dedression and 18month prognosis after myocardial infarction. #) Os pacientes deprimidos apresentam mais gravidade de DAC (segundo as classes de Killip) que os não deprimidos, embora alguns autores não corraborem com estes resultados; #) a depressão durante a hospitalização devida a episódio de IAM, constitui um forte preditor de mortalidade (gravidade 87 2000). FRASURESMITH, N.; LESPÉRANCE, F.; TALAJIC, M. (1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). FRASURESMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC (1993 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). FRASURESMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC (1995 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). FRIEDMAN, H.; BOOTHKEWLE Y, S. (1987 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). GARRITY; KLEIN (1975 apud MANICA; The impact of negative emotions infarction: is it more than depression? Depression following myocardial infarction: impact on 6-month survival. da angina no peito, arritmias, taquicardia ventricular) e mortalidade cardiovascular, nos dezoito meses seguintes ao acontecimento; #) associação entre os fatores psicológicos e a morte cardíaca súbita, a qual poderá ser medida por um mecanismo de arritmia. #) A história prévia de depressão constitui igualmente um fator de risco na incidência de depressão durante a hospitalização devida a IAM. #) o aumento de risco não ocorre só nos quadros de depressão maior, mas estende-se à sintomatologia depressiva em geral, à história prévia de depressão e à ansiedade. #) A depressão é um fator importante que aumenta significativamente a morbidade a mortalidade da DAC. Depression and 18month prognosis after myocardial infarction. #) O maior risco de morte em indivíduos que apresentam depressão parece ser equivalente ou superior aos dos fatores de risco conhecidos para a mortalidade em cardiopatia isquêmica; #) uma sintomatologia depressiva intensa pós-IAM é um precedente de mortalidade. The disease prone personality: a metaanalytic view of the construct. Este estudo de meta-análise examinou as relações da síndrome depressiva com a DAC, concluindo que existe uma associação significativa entre a presença da depressão e a gravidade da DAC. Emotional response and clinical severity as early #)Prevalência de 45% para a síndrome depressiva em pacientes pós-IAM; #) o maior risco de morte em indivíduos 88 LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). determinants of 6-months mortality after myocardial infarction. JONES, J.; BENNETT, S.; OLMSTED, M.; LAWSON, M.; RODIN, G. (2001 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). KENNEDY; HOFE; COHEN; SHINDLEDECK ER; FISHE (1987 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). LADWIG, K.; ROLL, G.; BREITHARDT, G.; BUDDE, T.; BORGGREFE, M. (1994 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). LAUZON, C.; BECK, C.; HUYNH, T.; DION, D.; RACINE, N.; CARIGNAN, S. (2003 apud Disordered eating attitudes and behaviours in teenaged girls: a school-based study. que apresentam depressão parece ser equivalente ou superior aos dos fatores de risco conhecidos para a mortalidade em cardiopatia isquêmica. Uma sintomatologia depressiva intensa pósIAM é um precedente de mortalidade. Estudos multicêntricos randomizados estabeleceram que a depressão é uma das principais causas de morbimortalidade em pacientes com IAM ou angina instável e propuseram tratamento precoce com antidepressivos. Signifficance of depression and cognitive impairment in patients undergoing programmed stimulation of cardiac arrythmias. A taxa de mortalidade é cinco vezes maior em pacientes submetidos a tratamento para taquiarritmias supraventriculares e ventriculares, que apresentavam sintomas depressivos no momento do diagnóstico, em relação aos que não apresentavam tais sintomas. Post infarction depression and incomplete recovery after acute myocardial infarction. #) A depressão durante a hospitalização devida a episódio de IAM, constitui um forte preditor de mortalidade (gravidade da angina no peito, arritmia, taquicardia ventricular) e mortalidade cardiovascular, nos seis meses seguintes ao acontecimento. #) a prevalência da perturbação depressiva maior, após IAM, se situa perto dos 15 a 20%. #) A prevalência de depressão até 30 dias pós-IAM foi de 39% e, no seguimento de 6 meses e de 1 ano, a prevalência foi de 39% e 30%, respectivamente; #) a associação entre depressão pós-IAM e aumento de mortalidade em longo prazo (1 ano). Depression and prognosis following hospital admission because of acute myocardial infarction. 89 MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). LESPÉRANCE, F.; FRASURESMITH, N.; JUNEAU, M.; THÉROUX, P. (2000 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). MALACH, M.; IMPERATO, P. (2004 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). MALZBERG, B. (1937 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). MALZBERG, B. (1937 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). MATTOS, M.; LOUGON, M.; TURA, B.; PEREIRA, B. (2005). Depression and 1Year Prognosis in Unstable Angina. Na angina instável observou-se que, de 430 pacientes, 40% apresentavam depressão e também tinham um risco de infarto do miocárdio fatal ou não 6,3 vezes superior. Depression and acute myocardial infarction. A depressão em pacientes com IAM aumenta em 2 a 7 vezes o risco de mortalidade. Mortality among patients with involution melancholia. #) Foi encontrada uma taxa de mortalidade por doença cardíaca oito vezes maior em pacientes com episódios de melancolia, em comparação à população geral. Mortality among patients with involutional melancholia. #) A mortalidade por doenças cardiovasculares em pacientes depressivos representa cerca de 40% das causas de morte. Depressão e Síndrome Isquêmica Coronariana Aguda. Avaliar a prevalência de depressão psíquica em pacientes com síndrome isquêmica coronariana aguda (SCA) e a interdepen- Pacientes admitidos na Unidade Coronarian a (UC) com diagnóstico de (SCA), no período de fevereiro a dezembro Ativação neurohormonal, principalmente a hipercortisolemia e o aumento de serotonina; aumento dos biomarcadores plaquetários e endoteliais (fator 4 plaquetário, #) Dos 135 pacientes internados com SCA, 98 apresentavam diagnóstico de infarto agudo do miocárdio e 37 de angina instável, com idade média de 61,8 anos, sendo 40% do sexo feminino; #) a depressão foi encontrada em 53,3% dos pacientes, uma prevalência que está escalonada em três graus de intensidade: 28,1% com depressão leve, 14,1% com depressão moderada e 11,1% com Os pacientes com maior transtorno depressivo têm sido reexaminados em período entre 1 e 6 meses após a alta hospitalar, podendose observar que são muito pequenas as alterações dos 90 dência dos fatores de risco (FR) para doença arterial coronariana (DAC) através da Escala de Beck. O´CONNOR, C.; GURBEL, P.; SEREBRUANY, V. (2000 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). O’ CONNOR ,C.; GLASSMAN, A.; HARRISON, W. (2001 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). PENNINX, B.; BEEKMAN, A.; HONIG, A.; de 2004. Foram avaliados consecutiva mente, 135 pacientes com diagnóstico de SCA, sendo 98 (72,6%) com IAM e 37 (27,4%) com angina instável. A idade média da população estudada foi de 61,8 anos. betatrombomodulina, molécula de adesão celular endotelial/plaquetária tipo 1; redução da variabilidade da freqüência cardíaca que reflete tônus autonômico cardíaco alterado e outros mecanismos ainda desconhecidos. depressão grave; #) entre os óbitos hospitalares, 88,9% ocorreram em pacientes com diagnóstico de depressão e apenas 11,1% entre os sem-depressão, com risco relativo de 6,99. Depression and Ischemic Heart Disease. A presença de depressão em indivíduos previamente sadios aumenta o risco de eventos cardíacos. A randomized double-blind placebo controlled trial of the selective serotonin re-uptake inhibitor (SSRI) sertraline for major depression after acute coronary syndromes (ACS). Depression and cardiac mortality: results from a Estudos multicêntricos randomizados estabeleceram que a depressão é uma das principais causas de morbimortalidade em pacientes com IAM ou angina instável (AI) e propuseram tratamento precoce com antidepressivos. #) A depressão aumentou o risco da mortalidade nos 4 anos do período de seguimento da doença cardíaca de 2.847 escores iniciais. Este fato sugere que aqueles escores elevados não foram devidos a estímulos estressantes, relacionados à crise coronariana aguda e à internação em unidade de tratamento intensivo, não sendo, nesse sentido, uma conseqüência direta do IAM, mas que estavam presentes antes da admissão hospitalar. Este fato evidencia que a depressão é subdiagnosticada e subtratada antes e após o IAM (p.291). 91 DEEG, D.; SCHOEVERS, R.; VAN EIJK, J. et al., (2001 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). communitybased longitudinal study. PRATT, L.; FORD, D.; CRUM R. et al., (1996, apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Depression, psychotropic medication and risk of myocardial infarction: prospective data from the Baltimore ECA follow up. ROZANSKI, A.; BLUMENTHAL, J.; KAPLAN, J. (1999 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). Impact of Psychological Factors on the Prognosis of Cardiovascular Disease and Implications for Therapy. Epidemiology of Comorbid Coronary Artery Disease and Depression. RUDISCH, B.; NEMEROFF, C. (2003 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). indivíduos com 55 a 85 anos; #) o risco relativo de mortalidade foi de 1,6 (IC 95%: 1,0-2,7), em indivíduos com menor depressão e doença cardíaca, 1,5 (IC 95%: 0,9-2,6), em indivíduos com depressão menor, sem doença cardíaca, 3,0 (IC 95%: 1,1-7,8), em indivíduos com depressão maior e doença cardíaca e 3,9 (IC 95%: 1,4-0,9) em indivíduos com depressão maior sem doença cardíaca. Esse efeito demonstra que na medida em que a depressão é mais grave maior é o risco de mortalidade. Pacientes com episódios de disforia (no mínimo duas semanas de tristeza profunda) tem um risco duas vezes maior para o desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio e em pacientes com depressão maior este oportunidade aumenta em quatro vezes em comparação a indivíduos sem histórico de depressão. A presença de depressão em indivíduos previamente sadios aumenta o risco de eventos cardíacos. Em portadores de insuficiência coronariana (ICC) ou pós-IAM a prevalência de depressão maior varia de 17% a 27%, podendo ser ainda mais elevada se forem considerados transtornos depressivos subsindrômicos. Podem contribuir para esta taxa variáveis como: uma “reação catastrófica” em pacientes pós-IAM confinados em unidades coronarianas, a gravidade do prejuízo funcional pós-IAM, risco médico geral elevado, histórico prévio de IAM, histórico prévio de depressão e baixo 92 RUGULIES, R. (2002 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). Depression as a predictor for coronary disease: a review and metaanalysis. SCHLEIFER; MACARIHINSON; COYLE et al., (1989 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). The nature and course of depression following myocardial infarction. SOARES, H.; COSTA, R.; MESQUITA, E. (2006). Depressão e doenças cardiovasculares. SPRINGER, F.; FIFE, A.; Psychosocial effects of enhanced Pacientes com DAC. Atualizar os recentes conceitos sobre a interação mente-coração para os profissionais de saúde que atuam com cardiopatas. Levando-se em consideração a interface Psiquiatria, Cardiologia e a medicina psicossomática. Fatores fisiopatológicos (alterações no eixo hipotalâmico-pituitárioadrenocortical, hiperreatividade simpático-adrenal, alterações nos receptores plaquetários e aumento na secreção de citocinas próinflamatórias, além da instabilidade e isquêmia miocárdica relacionada ao estresse mental) e o fator biopsicossocial. suporte social. #) Sintomas depressivos constituem um significativo fator independente de risco para o desencadeamento de coronariopatias; #) a depressão constitui um bom preditor para o desenvolvimento de doença coronariana em pessoas anteriormente saudáveis. #) Prevalência de 45% para a síndrome depressiva em pacientes pós-IAM; #) dentre os pacientes que desenvolvem sintomas depressivos pós- IAM 15 a 33% preenchem os critérios para depressão maior; #) a gravidade da doença cardíaca não parece estar relacionada com o risco aumentado para depressão pós-IAM; #) 38% dos pacientes que haviam preenchido critérios para depressão maior voltaram a trabalhar em três meses, contra 63% dos pacientes que não apresentavam depressão previamente; #) Entre 20 a 30% dos pacientes cardíacos manifestam um transtorno depressivo; #) Uma percentagem ainda maior apresenta sintomatologia depressiva quando usadas escalas de auto-relato; #) os sintomas depressivos após um infarto prejudicam a reabilitação e associam-se a taxas mais altas de mortalidade e morbidade clínica; #) a depressão principal é um fator de risco não somente para o desenvolvimento da DAC, mas também, para a mortalidade entre os pacientes que tiveram um infarto do miocárdio; #) a depressão não tratada em pacientes com doenças médicas tende a ter um curso mais prolongado ou recorrente. Transtornos depressivos estão presentes em percentuais que variam, entre 30% a 93 LAWSON, W.; HULL, J.; JANDORF, L.; COHN, P. et al., (2001 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). STEEDS, R.; BICKERTON, D.; SMITH, M.; MUTHUSAMY, R. (2004 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). STERN; PASCALE; ACKERMAN (1977 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). TENG, C.; HUMES, E.; DEMETRIO, F. (2005). external counterpulsation in the angina patient: a second study. Assessment of depression following acute myocardial infarction using the Beck Inventory. 50% em pacientes que apresentam SCA, constituindo um fator de risco independente de morbimortalidade; #) Risco de mortalidade é maior entre os pacientes deprimidos; #) os efeitos adversos da depressão independem da gravidade da coronariopatia. Utilização da escala de Beck para avaliar a prevalência de depressão em coronariopatas que sofreram IAM. Life adjustment post-myocardial infarction: determining predictive variables. Depressão e comorbidades clínicas. Uma sintomatologia depressiva intensa pós-IAM é um precedente de mortalidade. Discutir as evidências encontradas na literatura que demonstram a associação entre depressão e doenças clínicas. Fatores como pior aderência aos programas de reabilitação cardiovascular e medicamentos, associação com outros fatores de risco (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, hipercolesterolemia, obesidade), hiperexcitabilidade do eixo hipotálamohipófise-adrenal e Diversas doenças estão claramente associadas à depressão, com maior destaque para as doenças cardiovasculares, endocrinológicas, neurológicas, renais, oncológicas e outras síndromes dolorosas crônicas. 94 hipercortisolemia, decréscimo da variabilidade da freqüência cardíaca, níveis séricos elevados de citoquinas e próinflamatórios piorando a arterosclerose, aumento de agregação plaquetária e hipercoagulabilidade e estresse psicológico foram implicados no mecanismo da depressão levando a piora do prognóstico cardiovascular. VAN DEN BRINK, R.; VAN MELLE, J.; HONIG, A.; SCHENE, A.; CRIJINS, H.; LAMBERT, F. et al., (2002 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). ZELLWEGER, M.; REMO, H.; MATHIAS, E. (2004 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). Treatment of depression after myocardial infarction and the effects on cardiac prognosis and quality of life: rationale and outline of the Myocardial Infarction and DepressionIntervention Trial (MIND-IT). Coronary artery disease and depression. Demonstra que a presença de depressão em pacientes com IAM aumenta em 2 a 7 vezes o risco de mortalidade. Pesquisa com população européia assinala que a depressão se constitui um fator de risco independente para doença coronariana, tanto para pacientes sem diagnóstico prévio quanto para coronariopatas, sobretudo após IAM. 95 7. 3 Apêndice C Depressão e Pressão Arterial: AUTORES/ANO ABRAMSON, J.; BERGER, A.; KRUMHOLZ, H.; VACCARINO, V. (2001 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). ADAMIS, D.; BALL, C. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). AMARAL, G.; JARDIM, P.; BRASIL, M.; SOUZA, A.; FREITAS, H.; TANIGUCHI, L.; MELO, A.; RIBEIRO, C. (2007). TÍTULO OBJETIVO POPULAÇÃO RELAÇÃO CARDIOPATIA X DEPRESSÃO Depression and risk of heart failure among older persons with isolated systolic hypertension. Physical morbidity in elderly psychiatric inpatients: Prevalence and possible relations between the major mental disorders and physical illness. Prevalência de transtorno depressivo maior em centro de referência no tratamento de hipertensão arterial. Investigar em pacientes hipertensos a prevalência de transtorno depressivo, suas correlações com sexo e idade, possíveis diferenças no controle da pressão arterial e bioquímica sanguínea em relação a um grupo de pacientes não deprimidos. 285 pacientes com idade entre 18 a 70 anos matriculados em um centro para tratamento de HA e outros fatores de risco cardiovascular. Fatores psicossociais, genético, estilo de vida, estresse e variáveis sociodemográficas. RESULTADOS #) A depressão foi associada independentemente a um substancial aumento do risco de insuficiência cardíaca entre 4538 pessoas idosas de 60 anos e com hipertensão sistólica isolada em um estudo para o qual o período médio de acompanhamento foi de 4,5 anos (RR = 2,59; IC 95%: 1.57-4.27), (65); #) pessoas deprimidas também tiveram níveis elevados de pressão arterial sistólica. #) Aumento da prevalência de hipertensão em pacientes deprimidos; #) ao estudar comorbidades entre as doenças psiquiátricas e físicas em 75 idosos em um hospital psiquiátrico descobriram que pacientes deprimidos tinham mais doenças cardiovasculares e hipertensão do que os outros pacientes psiquiátricos. 20 % dos pacientes apresentaram os critérios para o diagnóstico de transtorno depressivo maior em relação ao grupo controle. Sendo que a prevalência é em mulheres e com idade superior a 52 anos. CRÍTICAS e SUGESTÕES Devido a prevalência de transtorno depressivo maior em pacientes hipertensos, se faz necessário uma atenção especial nos sintomas depressivos apresentado s por pacientes hipertensos no 96 atendimento primário e ambulatorial. BARRETTCONNOR, E.; PALINKAS, L. (1994 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). Low blood pressure and depression in older men: a population based study. CANKURTARAN, M.; HALIL, M.; YAVUZ, B.; DAGLI, N.; CANKURTARAN, E.; ARIOGUL, S. (2005 apud DUARTE; REGO, 2007). COHEN, H.; MADHAVAN, S.; ALDERMAN, M.; (2001 apud AMARAL, G. et al., 2007). CONSTANTINO, E.; ROOSE, S.; WOODRING, S. (1993 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). DUARTE, M.; REGO, M. (2007). Depression and concomitant diseases in a Turkish geriatric outpatient setting. #) Uma relação inversa entre baixa pressão arterial diastólica e os sintomas depressivos foi demonstrada em uma população estudada de 846 homens idosos sem um diagnóstico psiquiátrico. Níveis mais altos de sintomas depressivos e o diagnóstico de depressão foram encontrados nos indivíduos com pressão arterial diastólica maior 75mm Hg; #) homens com hipertensão diastólica apresentavam sintomas somáticos e afetivos como fadiga, pessimismo, tristeza, perda do apetite, perda de peso e preocupação com a saúde. Estudo realizado em um ambulatório geriátrico na Turquia, a depressão esteve presente em 21,8% dos idosos avaliados (n = 1.255). Entre as nove patologias crônicas investigadas, três estiveram associadas com depressão: hipertensão arterial, demência e osteoporose. History of treatment for depression: risk factor for myocardial infarction in Hypertensive patients. Tricyclic-induced orthostatic hypotension. Comorbidade entre depressão e doenças clínicas em um ambulatório Pacientes hipertensos deprimidos, apresentando maior taxa de infarto agudo do miocárdio quando comparados com aqueles não-deprimidos. Pacientes depressivos apresentam risco maior de hipotensão ortostática durante o tratamento com antidepressivos tricíclicos quando comparados aos grupos controles. Investigar a associação entre doenças crônicas e depressão em 1.120 idosos com idade entre 60 e 99 anos, em um Doenças clínicas podem contribuir para a patologia da depressão A depressão foi diagnosticada em 62 indivíduos, sendo mais freqüente em pacientes com idade até 75 anos e entre mulheres. A doença de Parkinson foi à patologia que mais se associou A menor freqüência de hipertensos 97 geriátrico. EVERSON, A.; KAPLAN, G.; GOLDBERG, D.; SALOMEN, J. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). Hypertension incidence is predicted by high levels of hopelessness in Finish men. FULLER, B. (1988 apud AMARAL, G. et al., 2007). DSM-III depression and hypertension in two psychiatric outpatient populations. idosos, diferenciando entre gênero e idade. ambulatório geriátrico. através de efeitos diretos na função cerebral, ou através de efeitos psicológicos ou psicossociais. #) Fator fisiológico comum a ambas as enfermidades; #) depressão como resultado de efeito adverso de medicação anti-hipertensiva; #) depressão secundária a uma doença crônica (no caso, a HA); #) depressão como resultado do tratamento para HA, onde a redução da pressão arterial poderia ser causa de uma insuficiência cerebral em com a depressão, seguido de obstipação intestinal e instabilidade postural. A associação entre hipertensão arterial e depressão foi mais contatada em homens. A desesperança foi associada com o aumento da incidência da hipertensão em 616 homens normotensos em um estudo prospectivo de 4 anos na Finlândia. Os homens que apresentaram maiores níveis de desesperança no início do estudo tinham 3 vezes mais probabilidades de se tornarem hipertensos dos que os homens que não apresentaram desesperança, isso após um ajuste por idade, índice de massa corporal, pressão arterial em repouso, atividade física, tabagismo, consumo de álcool, educação e histórico familiar de hipertensão. Prevalência de 28% de hipertensão entre pacientes deprimidos em tratamento ambulatorial. na população pode refletir a mortalidade cardiovascul ar mais precoce. Associação entre essas enfermidade s pode ser apenas coincidente. 98 idosos; GREENWALD, B.; KRAMERGINSBERG, E.; KRISHNAN, K.; HU, J.; ASHTARI, M.; WU, H. et al., (2001 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) . HUGHES, J.; STONEY, C. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). JONAS, B.; FRANKS, P.; INGRAM, D. (1997 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). JONAS, B.; LANDO, J. (2000 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). JONES-WEBB, R.; JACOBS, D.; FLACK, J.; LIU, K. (1996 apud SCALCO; A controlled study of MRI signal hyperintensities in older depressed patients with and without hypertension. Por outro lado, a hipertensão arterial tem sido proposta como um fator de risco para o desenvolvimento da depressão. Depressed mood is related to highfrequency heart-rate variability during stressors. O humor depressivo tem sido associado com maiores níveis de pressão arterial. Are symptoms of anxiety and depression risk factors for hypertension? Longitudinal evidence from the National Health and Nutrition Examination Survey I Epidemiologic Follow-up Study. Negative Affect as a Prospective Risk Factor for Hypertension. Estudo com 2.992 indivíduos normotensos com idade entre 25 a 64 anos, que foram acompanhados durante 6 a 7 anos, para avaliar a associação prospectiva entre sintomas depressivos e o desenvolvimento de hipertensão, os altos escores de sintomas depressivos dobrou o risco de hipertensão sanguínea, definida em 160/95 mm Hg ou mais, ou a prescrição de medicações antidepressivas, concluindo que a depressão pode ser um fator de risco para o desenvolvimento da hipertensão. Relationship between depressive symptoms, anxiety, alcohol consumption, and blood pressure: A hipertensão arterial é fator de risco para doença coronariana e outras doenças cardíacas parece ocorrerem mais em pacientes com sintomas depressivos e ansiosos. Os mecanismos fisiológicos subjacentes, a relação entre depressão ou ansiedade e “The CARDIA Study” (1996) analisou as relações entre sintomas depressivos, ansiedade, alcoolismo e pressão arterial em uma amostra de 4.352 adultos e descobriu que os sintomas depressivos e ansiedade eram independentes da pressão arterial. 99 SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). Results form the CARDIA study. KARIO, K.; JOSEPH, E.; SCHWARTZ; KARINA, W.; DAVIDSON; THOMAS, G.; PICKERING, 2001. Gender Differences in Associations of Diurnal Blood Pressure Variation, Awake Physical Activity, and Sleep Quality With Negative Affect: The Work. Circadian blood pressure regulation in hospitalized depressed patients and nondepressed comparison subjects LEDERBOGEN, F.; GERNOTH, C.; HAMANN, B.; KNIEST, A.; HEUSER, I.; DEUSCHLE, M. (2003 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). MEYER, C.; ARMENIAN, H.; EATON, W.; FORD, D. (2004 apud AMARAL, G. et al., 2007). NAKAGAWARA, M.; WITZKE, W.; MATUSSEK, N. (1987 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). PILGRIM, J.; CRAWFORD, M. pressão arterial provavelmente envolvem o sistema nervoso simpático. A disfunção no sistema nervoso autônomo e a regulação hormonal foram as hipóteses para explicar os resultados. A regulação anormal da pressão sanguínea circadiana tem sido associada com a depressão devido a associação entre os sintomas depressivos e uma maior razão de pressão sistólica noite/dia em 126 homens que estavam sem doenças psiquiátricas e também livres de medicações. A monitorizarão de 24 horas da pressão sanguínea revelou um aumento da média em 24 horas, mas a pressão arterial sistólica normal aumentou nos períodos noturnos em um subgrupo substancial de pacientes deprimidos internados, resultando em uma alta taxa dia e noite. Os indivíduos não tinham hipertensão arterial, mas apresentaram uma maior reatividade cardiovascular durante o dia e dificuldade de dormir a noite. Incident hypertension associated with depression in the Baltimore Epidemiologic Catchment area follow-up study. Hypertension in depression. Transtorno depressivo maior é um fator de risco independente para hipertensão arterial, principalmente se acontecem episódios recorrentes ou mesmo um longo tempo de desenvolvimento da doença. Low blood pressure and well being. Existem também estudos que não conseguiram encontrar uma associação entre depressão e Encontrou-se uma maior freqüência de hipertensão em pacientes deprimidos, mas somente naqueles com características melancólicas. 100 (1993 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). RABKIN, J.; CHARLES, E.; KASS, F. (1983 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). SCALCO, A.; SCALCO, M.; AZUL, J.; LOTUFO NETO, F. (2005). SCALCO, M.; ALMEIDA, O.; HACHUL, D.; CASTEL, S.; SERRO-AZUL, J.; WAJNGARTEN, M. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). pressão arterial. Não houve diferença significativa na pressão arterial entre pacientes psiquiátricos deprimidos e não deprimidos (n=1046). Hypertension and DSM-III depression in psychiatric outpatients. Hypertension and Depression. Comparison of risk of orthostatic hypotension in elderly depressed hypertensive women treated with nortriptyline and thiazides versus elderly depressed normotensive women treated with nortriptyline. Encontrou-se uma freqüência de 3 vezes de depressão maior em pacientes tratados para hipertensão. Revisão dos aspectos metodológicos, patofisiológicos, prognósticos e implicações no tratamento, relacionados à associação entre depressão e hipertensão arterial sistêmica. Encontrou-se descrições de prevalência aumentada de depressão em pacientes hipertensivos, associação entre sintomatologia depressiva e hipotensão e alteração da variação circadiana da pressão arterial de pacientes deprimidos. Ainda a presença de depressão pode piorar o curso da doença hipertensiva. #) Os idosos são mais vulneráveis à HO. A ocorrência de HO e sua associação com a queixa de tontura foi estudada em mulheres idosas depressivas que receberam 35 a 100 mg por dia de nortriptilina, durante 8 semanas; #) indivíduos normotensos e hipertensos (PA controlada com diuréticos tiazídicos) foram comparados. PA e FC foram avaliados no sua linha de base e a cada 2 semanas, e um teste de inclinação (tilt-table test) foi realizado antes e após o tratamento. Houve um aumento na PAS e queda na ortostase em ambos os grupos (a média de queda da PAS foi de 10,5 mm Hg para hipertensos e 7,7 mm Hg para mulheres normotensas) e um aumento da FC (média de aumento de 14 bpm) (Fig. 1). Hipotensão ortostática foi observada em 21% dos pacientes no início do estudo e em 33% após 8 semanas do tratamento. Os resultados do teste de inclinação 101 SCHWARTZ, S.; FELLER, A.; PERLMUTER, L. (2001 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). SCHWARTZ, S.; FELLER, A.; PERLMUTER, L. (2001 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). SHINAGAWA, M.; OTSUKA, K.; MURAKAMI, S.; KUBO, Y.; CORNELISSEN, G.; MATSUBAYASHI, K. et al., (2002 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). SIMONSICK, E.; WALLACE, R.; BLAZER, D.; BERKMAN, L. (1995 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; Postprandial systolic blood pressure and subsyndromal depression confirmaram este aumento da frequência de HO no pós-tratamento. Não houve correlação entre HO e queixas subjetivas de tonturas antes ou depois do tratamento. Tontura foi relatada por 53% e 38% dos pacientes após o tratamento, sugerindo que a depressão estava provavelmente envolvida com a freqüência de queixas de tonturas. Outro indicador de uma má regulação da pressão arterial em pacientes depressivos foi a maior queda pósprandial da pressão arterial sistólica. Postprandial systolic blood pressure and subsyndromal depression. A disfunção autonômica associada com depressão poderia contribuir para esta vulnerabilidade. Além disso, maior queda na PAS pós-prandial tem sido descrita em idosos deprimidos sub-sindrômicos. Seven-day (24 h) ambulatory BP monitoring, self-reported depression and quality of life scores. A depressão auto-relatada foi associada com mais alta pressão arterial sistólica e diastólica e mais baixa variação de pressão arterial dia/noite. Depressive symptomatology and hypertensionassociated morbidity and mortality in older adults. #) Embora não haja provas definitivas de uma associação entre depressão e o desenvolvimento da hipertensão, a depressão pode prejudicar a administração e o prognóstico da hipertensão; #) um estudo epidemiológico longitudinal analisou a associação entre sintomatologia depressiva e controle da pressão arterial, acidente vascular 102 LOTUFO NETO, 2005). SIMONSICK, E.; WALLACE, R.; BLAZER, D.; BERKMAN, L. (1995 apud AMARAL, G. et al., 2007). Depressive symptomatology and hypertensionassociated morbidity and mortality in older adults. cerebral, e mortalidade relacionada a problemas cardiovasculares em idosos. Este estudo demonstrou um aumento do risco de acidente vascular cerebral entre os pacientes mais idosos com hipertensão arterial e níveis elevados de sintomas depressivos, e a associação pareceu ser uma função de controle da pressão arterial, principalmente em mulheres. Em amostra multicêntrica de hipertensos acompanhados por 10 anos, utilizando a escala Center for Epidemiologic Studies – Depression (CES-D), encontraram prevalência de depressão entre 9,4 e 13,5% para homens e 20,6 e 27,1% para mulheres, estabelecendo uma média de prevalência de 18%, o que designou como alta sintomatologia depressiva, o que indicaria a possibilidade de serem pacientes caracterizados como portadores de TDM. A prevalência encontrada neste estudo pode parecer subestimada em relação à prevalência observada em outras pesquisas, mas deve ser considerado que outras pesquisas trabalharam com escalas que definiam apenas sintomas depressivos e não especificame nte diagnóstico de TDM, permitindo inferir que a variação desses resultados citados na literatura pode ser devida às 103 diferentes formas de avaliação. STRESS, M. (2003 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). WAKED, E.; JUTAI, J. (1990 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). WASSERTHEILSMOLLER, S.; APPLEGATE, W.; KENNETH, B.; CHEE JEN, C.; BARRY, D.; GRIMM, R. et al., (1996 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). Blood pressure regulation, cognition, and depression in response to orthostatic challenge in African American children: an initial investigation. Baseline and reactivity measures of blood pressure and negative affect in borderline hypertension. Change in depression as a precursor of cardiovascular events. SHEP Cooperative Research Group. A pressão arterial menos eficaz em resposta a um desafio ortostático tem sido associada com depressão em 33 indivíduos. Pacientes hipertensos limítrofes com hiperreatividade da PA, também apresentaram maiores pontuações de afeto negativo após tarefas, sugerindo uma associação entre sintomas depressivos e hiperreatividade. #) Embora não haja provas definitivas de uma associação entre depressão e o desenvolvimento da hipertensão, a depressão pode prejudicar a administração e o prognóstico da hipertensão; #) o excesso significativo de risco de morte e acidente vascular cerebral ou infarto do miocárdio foi associado com um aumento de sintomas depressivos em pacientes com 60 anos de idade ou mais (n = 4.736) e com hipertensão sistólica (HAS), definida como PAS ≥ 160 mm Hg e PAD <90 mm Hg. 104 7. 4 Apêndice D Depressão e Fatores de risco: AUTORES/ANO TÍTULO GREWEN, K.; GIRDLER, S.; HINDERLITER, A.; LIGHT, K. (2004 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). Depressive symptoms are related to higher ambulatory blood pressure in people with a family history of hypertension. AROMAA; RAITASALO; REUNANEN, et al., (1994 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Depression and cardiovascular diseases. BAREFOOT; SCHROLL (1996, apud MANICA; LEÃES; FREY; Symptoms of depression, acute mycardial infarction, and OBJETIVO POPULAÇÃO RELAÇÃO CARDIOPATIA X DEPRESSÃO RESULTADOS #) A pressão arterial e a susceptibilidade para hipertensão são influenciados por fatores genéticos; #) investigação buscando se o histórico familiar de hipertensão aumentaria o impacto sobre a instabilidade da pressão arterial através do humor deprimido relatado no Inventário de Depressão de Beck (IDB). Foi identificado que os escores superiores do IDB foram significativamente associados com maior instabilidade da pressão arterial nas pessoas com histórico familiar de hipertensão, mas não nos participantes que não apresentam este histórico. As relações foram significativamente mais fortes naqueles com os pais hipertensos, do que os que tinham apenas um dos pais hipertensos, que por sua vez, foram maiores do que para os não tinham pais hipertensos. Em contraste, esta interação foi menos preditiva durante o sono, sugerindo que a influência da depressão na pressão arterial em sujeitos sem pais com histórico familiar de hipertensão é manifestada durante respostas ao estresse e tensão diárias #) A depressão é um fator de risco independente para a ocorrência de cardiopatia isquêmica, mesmo quando os fatores de risco tradicionais como fumo, hipertensão, hiperlipidemia, sexo, idade, obesidade, sedentarismo estão controlados; #) os pacientes deprimidos tendem a não aderir a mudanças alimentares; #) maior prevalência de mulheres e de não-casados no grupo dos deprimidos; #) Maior prevalência entre os pacientes deprimidos de maior abuso e dependência de tabaco. A depressão é um fator de risco independente para a ocorrência de cardiopatia isquêmica, mesmo quando os fatores de risco tradicionais como fumo, hipertensão, hiperlipidemia, sexo, idade, obesidade, CRÍTICAS e SUGESTÕ ES 105 JURUENA, 1999). BIRTCHNELL, J.; MASTERS, N.; DEAHL, M. (1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). BLUMENTHAL, J.; WILLIAMS, R.; WALLACE, A.; WILLIAMS, R.; NEEDLES, T. (1982 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). BROWN, G (1991 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). BROWN, G.; HARRIS, T. (1978 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). CARNEY, R.; FREEDLAND, K.; MILLER, G.; JAFFE, A. (2002 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). total mortality in a community sample. Depression and the physical environment. sedentarismo estão controlados. A maior prevalência da mulher em sintomas depressivos e doença cardíaca pode ser explicada pelo tipo de habitação. Physiological and psychological variables predict compliance to prescribed exercise therapy in patients recovering from myocardial infarction. A psychosocial view of depression. Social origins of depression: a study of psychiatric disorder in women. Depression as a risck factor for cardiac mortality and morbidity. A review of potencial mechanism. Outra hipótese para depressão e DAC propõe que os doentes cardíacos deprimidos e ansiosos revelam menor taxa de aderência aos regimes de tratamento (como medicações e exercícios). A maior prevalência da mulher em sintomas depressivos e doença cardíaca pode ser explicada pela ausência de um companheiro, ou marido que proporcione intimidade e uma relação de confiança. A maior prevalência da mulher em sintomas depressivos e doença cardíaca pode ser explicada pela ausência de um companheiro, ou marido que proporcione intimidade e uma relação de confiança. Associação como os fatores de risco (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, hipercolesterolemia, obesidade), hiperexcitabilidade do eixo hipotálamohipófiseadrenal e hipercortisolemia, decréscimo da variabilidade da freqüência cardíaca, níveis séricos elevados Pacientes com DAC e sintomas depressivos apresentam uma pior aderência aos programas de reabilitação cardiovascular e medicamentos. 106 de citoquinas e próinflamatórios piorando a aterosclerose, aumento de agregação plaquetária e hipercoagulabilidade e estresse psicológico. CARNEY, R.; RICH, M.; FREEDLAND, K.; SAINI, J.; SIMEONE, C.; CLARK, K. (1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). CARNEY; FREEDLAND; RICH, M.; SMITH; JAFFE (1993 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). CARNEY; FREEDLAND; SMITH; LUSTMAN; JAFFE (1991 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). CARNEY; RICH; TEVELDE; SAINI; CLARK; JAFFE (1987 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). CASE, R.; MOSS; CASE, N.; MCDERMOTT; EBERLY (1992 apud MANICA; LEÃES; FREY; Major depressive disorder predicts cardiac events in patients with coronary artery disease. #) Forte associação entre a doença cardiovascular crônica e a síndrome depressiva, traduzida pela elevação da mortalidade, em particular devido a DAC, mesmo após controle de variáveis de confudimento (nível sócio-econômico, gravidade e extensão da DAC, fracção de ejeção ventricular esquerda, hábitos tabágicos. Ventricular tachycardia and psychiatric depression in patients with coronary artery disease. Relation of depression and mortality after myocardial infarction in women. #) Os pacientes deprimidos tendem a não abandonar o cigarro; #) maior prevalência de mulheres e de não-casados no grupo dos deprimidos; A mortalidade pós-IAM no sexo feminino pode estar relacionado a um grau mais severo de depressão em mulheres com cardiopatia isquêmica. Major depressive disorder in coronary artery disease. Fatores psicossociais como o estresse, o isolamento social contribuem para o aparecimento de sintomas depressivos em pacientes com DAC. Living alone after myocardial infarction: impact on prognosis. O baixo nível educacional influência aparecimento de sintomas depressivos. para o 107 JURUENA, 1999). CROOG, S.; LEVINE, S. (1982 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). DALY, L.; MULCABY, R.; GRAHAM, J.; HICKEY, N. (1983 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). FORD, D.; MEAD, L.; CHANG, P. et al., (1994 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). FRASURE-SMITH, N.; LESPÉRANCE, F.; TALAJIC, M. (1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). FRASURE-SMITH; LESPÉRANCE; TALAJIC (1993 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). GABE, J.; WILLIAMS, P. (1987 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). GREENLAND; REICHER-REISS; GOLDBOURT; BEHAR (1991 apud Life after heart attack. Sabe-se que os pacientes deprimidos tendem a aderir menos ao tratamento medicamentoso e aos exercícios programados. Long-term effect on mortality of stopping after unstable angina and myocardial infarction. Outra hipótese para depressão e DAC propõe que os doentes cardíacos deprimidos e ansiosos revelam maior dificuldade de modificar os fatores de risco como tabagismo. Depression predicts cardiovascular disease in men: the precursors study. Dedression and 18-month prognosis after myocardial infarction. A depressão é um fator de risco independente para a ocorrência de cardiopatia isquêmica, mesmo quando os fatores de risco tradicionais como fumo, hipertensão, hiperlipidemia, sexo, idade, obesidade, sedentarismo estão controlados. Depression following myocardial infarction: impact on 6-month survival. Is space bad for your health? The relationship between crowding in the home and emotional distrees in women. In-hospital and 1year mortality in 1524 women after myocardial O sexo feminino apresenta maior susceptibilidade à depressão. Pacientes deprimidos mudanças alimentares. tendem a não aderir a A maior prevalência da mulher com sintomas depressivos e doença cardíaca pode ser explicada pela sobrelotação do lar. Maior tendência em relação à mortalidade pós-IAM no sexo feminino. 108 MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). HARRIS, T. (1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). HIPPISLEY-COX; FIELDING; PRINGLE (1998 apud MANICA, LEÃES, FREY, JURUENA, 1999). HOLAHAN, C.; MOOS, R.; BRENNAN, P. (1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). JONAS, B.; LANDO, J. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). infarction: comparison with 4315 men. Psychosocial vulnerability to depression. Depression as risk factor for ischaemic heart disease in men: population based case-control study. Social support, coping, and depressive symptoms in a latemiddle-aged sample of patients reporting cardiac illness. Negative affect as a prospective risk factor for hypertension. JOYNT, K.; WHELLAN, D.; O´CONNOR, C. (2003 apud TENG; HUMES; DEMETRIO, 2005). Depression and Cardiovascular Disease: Mechanism of Interaction. LAUZON, C.; BECK, C.; HUYNH, T.; DION, D.; RACINE, N.; Depression and prognosis following hospital A maior prevalência da mulher com sintomas depressivos e doença cardíaca pode ser explicada pela falta de suporte social, a adversidade social prolongada (problemas de habitação ou desemprego). A depressão é um fator de risco independente para a ocorrência de cardiopatia isquêmica, mesmo quando os fatores de risco tradicionais como fumo, hipertensão, hiperlipidemia, sexo, idade, obesidade, sedentarismo estão controlados. Forte associação entre a doença cardiovascular crônica e a síndrome depressiva, traduzida pela elevação da mortalidade, em particular devido a DAC, mesmo após controle de variáveis de confudimento (nível sócio-econômico, gravidade e extensão da DAC, fracção de ejeção ventricular esquerda, hábitos tabágicos. Sintomas de depressão e ansiedade medidos pelo General Well-Being também foram associados com maior aumento de risco de incidência hipertensão (n=3.310), e este efeito foi mais verificado em mulheres negras (RR=3,12, 95% CI=1,24-7,88) em comparação com as mulheres brancas (RR=1,73, 95% CI= 1,30-2,30) ou homens (RR=1,56; 95% CI=1.082.25). Fatores como pior aderência aos programas de reabilitação cardiovascular e medicamentos foram verificados em pacientes com depressão e DAC. Maior proporção de pacientes do sexo feminino no grupo de deprimidos pós-IAM, sem nenhuma diferença significativa em outras características clínicas e demográficas. 109 CARIGNAN, S. (2003 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). LETT, H.; BLUMENTHAL, J.; BABYAK, M.; SHERWOOD, A.; STRAUMAN, T.; ROBINS, C. et al., (2004 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). MANICA, A.; LEÃES, C.; FREY, B.; JURUENA, M. (1999). admission because of acute myocardial infarction. MASTHWS (1989 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Are sociodemographic varables markers for psychological determinants of health? Depressão e Síndrome Isquêmica Coronariana Aguda. MATTOS, M.; LOUGON, M.; TURA, B.; PEREIRA, B. (2005). Depression as a risk factor for coronary artery disease: evidence, mechanisms, and treatment. O papel da depressão na doença coronária. Os mecanismos possíveis ligando depressão e DAC incluem a aderência ao tratamento, fatores relacionados ao estilo de vida. Levantar os principais aspectos entre a associação entre depressão e DAC. Avaliar a prevalência da depressão psíquica em pacientes com síndrome isquêmica coronariana aguda e a interdepen- Pacientes admitidos na Unidade Coronariana (UC) com diagnóstico de Síndrome Coronariana Isquêmica Aguda (SCA), Mecanismos psicossociais e mecanismos fisiopatológicos. Pacientes deprimidos tendem a aderir menos ao tratamento medicamentoso, aos exercícios programados, ao abandono do cigarro e a mudanças alimentares. Maior prevalência de mulheres e de nãocasados no grupo dos deprimidos, além de um maior abuso e dependência de álcool e de tabaco. O que contribui de maneira significativa para o aumento da morbimortalidade cardiovascular nos pacientes com sintomas depressivos (psicossocial). O baixo nível educacional influência para o aparecimento de sintomas depressivos. Ativação neurohormonal, principalmente a hipercortisolemia e o aumento de serotonina; aumento dos biomarcadores plaquetários e endoteliais (fator 4 plaquetário, betatrombomodulina, molécula de adesão celular A depressão foi mais freqüente em pacientes do sexo feminino. 110 dência dos fatores de risco para a (DAC) através da Escala de Beck. MUSSELMAN; TOMER; MANATUNGA et al., (1996 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). ORTH-GOMÉR, K. (1998 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). PRATT, L.; FORD, D.; CRUM R. et al., (1996, apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). SCHLEIFER; MACARI-HINSON; COYLE, et al., (1989 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). SHUMAKER, S.; CZAJKWSI, S. (1993 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000). endotelial/plaquetária tipo 1; redução da variabilidade da freqüência cardíaca que reflete tônus autonômico cardíaco alterado e outros mecanismos ainda desconhecidos. Exagerated platelet reactivity in major depression. Maior prevalência de mulheres e de não-casados no grupo dos deprimidos. Psychosocial risk factor profile in women disease. O sexo feminino apresenta maior susceptibilidade à depressão. Depression, psychotropic medication and risk of myocardial infarction: prospective data from the Baltimore ECA follow up. The nature and course of depression following myocardial infarction. #) Pacientes deprimidos tendem a não aderir a mudanças alimentares; #) maior prevalência entre os pacientes deprimidos de maior abuso e dependência de álcool. A review of health-related quality-of-life and psychosocial factores in women with cardiovascular disease. Pacientes com doença arterial coronariana. #) Maior prevalência de depressão nas mulheres com ou sem DAC. As mulheres com doença cardíaca, quando comparadas com homens, apresentam mais sintomas, estão mais deprimidas e revelam menor capacidade funcional. 111 STERN; PASCALE; ACKERMAN (1977 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Life adjustment post-myocardial infarction: determining predictive variables. Relationship between low blood pressure and depressive symptomatology in older people. STROUPBENHAM, C.; MARKIDES, K.; BLACK, S.; GOODWIN, J. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). TENG, C.; HUMES, E.; DEMETRIO, F. (2005). Depressão e comorbidades clínicas. WETHERINGTON, E.; KESSLER, R. (1986 apud TRIGO; ROCHA; COELHO 2000). Perceived support, received support and adjustment to stressful events. Maior prevalência de depressão nas mulheres com ou sem DAC. Há também descrições recentes de baixa pressão arterial associado a sintomas depressivos. Num estudo de 2.723 idosos vivendo na comunidade, foi associado a hipotensão com o aumento da sintomatologia depressiva, após um ajuste de idade, sexo e prescrições de antidepressivos. Indivíduos com hipotensão também apresentaram menor auto-estima. Esta em outra tabela. Discutir as evidências encontradas na literatura que demonstram a associação entre depressão e doenças clínicas. Fatores como pior aderência aos programas de reabilitação cardiovascular e medicamentos, associação com outros fatores de risco (tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, hipercolesterolemia, obesidade), hiperexcitabilidade do eixo hipotálamohipófise-adrenal e hipercortisolemia, decréscimo da variabilidade da freqüência cardíaca, níveis séricos elevados de citoquinas e pró-inflamatórios piorando a arterosclerose, aumento de agregação plaquetária e hipercoagulabilidade e estresse psicológico. A maior prevalência da mulher em sintomas depressivos e doença cardíaca pode ser explicada pela própria eclosão da doença, fatores de vulnerabilidade como a percepção. 7. 5 Apêndice E Depressão e Medicamentos: TÍTULO AUTORES/ANO AMSTERDAM, J.; GARCIAESPANA, F.; FAWCETT, J.; QUITKIN, F.; REIMHERR, F.; ROSENBAUM, J. et al.,(1999 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). Blood pressure changes during short-term fluoxetine treatment. ANON (1993 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). AVERY, D.; WINOKUR, G. (1976 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Venlafaxine: a new dimension in antidepressant pharmacotherapy. Mortality in depressed patients treated with electroconvulsive therapy and antidepressants. OBJETIVO POPULAÇÃO RELAÇÃO CARDIOPATIA X DEPRESSÃO RESULTADOS #) Os ATCs ou inibidores da monoaminooxidase (IMAO's) têm sido associados com redução e elevação da pressão sistólica e diastólica. Embora os ISRS produzam menos efeitos hemodinâmicos, a hipertensão em doentes que tomam ISRS também foi relatada; #) estudo analisou a PA em 796 pacientes deprimidos que tomavam 20mg de fluoxetina por dia por até 12 semanas. Uma modesta redução da PAS e PAD foi observada. Pacientes pré com PAD <60mm Hg mostraram um modesto aumento na média de PAD. Pacientes com doenças cardiovasculares preexistentes, incluindo hipertensão, não mostraram mudanças significativas na PA; #) outra hipótese é que a transmissão serotoninérgica central pode ter um papel essencial na regulação da PA. O bloqueio na recaptação de serotonina poderia iniciar uma cascata de mudanças na neurotransmissão central serotoninérgica que resulta em uma aumento do tônus autônomo. A venlafaxina tem sido associada a um aumento da PA e da FC, além de hipertrigliceridemia. #) O tratamento com antidepressivo em pacientes com depressão e DAC, apresenta um impacto prognóstico importante na evolução da doença cardíaca; #) maior recorrência de IAM em pacientes deprimidos com DAC, que fazem CRÍTICAS e SUGESTÕES 112 CARNEY, R.; RICH, M.; FREEDLAND, K. et al., (1988 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). COOPER, G. (1988 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). CREWE, H.; LENNARD, M.; TUCKER, G. et al., (1992 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Major depressive disorder predicts cardiac events in patients with coronary artery disease. DWIGHT; STOUDEMIRE (1997 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Effects of depressive disorders on coronary artery disease: A review. EDWARDS, E.; KING, J.; FRAY, J. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). Hypertension and insulin resistant models have divergent propensities to learned helpless behavior in rodents. tratamento antidepressivo de forma inadequada, em comparação aos que seguem corretamente o tratamento. O tratamento com antidepressivo em pacientes com depressão e DAC, apresenta um impacto prognóstico importante na evolução da doença cardíaca. The safety of fluoxetine: an update. A classe de fármacos (ISRS) não causa um prolongamento dos intervalos PR, QT ou QRS, nem bloqueiam os canais de sódio diferentemente dos ATCs. The effect of selective serotonin reuptake inhibitors on cytochrome P4502D6 (CYP2D6) activity in human liver microsomes. Apesar de ser uma classe de drogas relativamente segura, os ISRS tem um grande potencial de interação medicamentosa através do metabolismo hepático do citocromo P450, podendo aumentar os níveis plasmáticos de drogas também metabolizadas por essa via, como antiarrítmicos, ATCs e fenotiazinas Isso poderia levar a uma potencialização da cardiotoxicidade desses fármacos. #) Os ATCs podem causar um prolongamento dos intervalos QT, PR e QRS em pacientes com lesão miocárdica e um efeito arritmogênico ou uma exacerbação do grau de bloqueio de ramo em pacientes com distúrbios de condução; #) o bupropion não apresenta efeitos maiores na condução ou na contratilidade miocárdica, mas pode provocar leve hipotensão postural e aumento da pressão arterial. #) Vários estudos clínicos têm sugerido que o captopril, uma angiotensina – inibidor da enzima conversora - exibe propriedades antidepressivas em seres humanos, sugerindo que o sistema reninaangiotensina pode não só participar na elevação da pressão arterial, mas também 113 ESLER, M.; WALLIN, G.; DORWARD, P.; EISENHOFER, G.; WESTERMAN, R.; MEREDITH, I. et al., (1991 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). GLASSMAN, A. (1984 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). GLASSMAN, A.; BIGGER, J. (1981 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Effects of desipramine on sympathetic nerve firing and norepinephrine spillover to plasma in humans. GLASSMAN, A.; JOHNSON, L.; GIARDINA, E. et al., (1983 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). GLASSMAN, A.; ROOSE, S.; GIARDINA, E. (1987 apud The use of imipramine in depressed patients with congestive heart failure. The newer antidepressant drugs and their cardiovascular effects. Cardiovascular effects of therapeutic doses os tricyclic antidepressants: a review. Cardiovascular effects of tricyclic antidepressants. contribuir para a depressão, embora o sua mecanismo seja desconhecido. Um aumento regional da atividade noradrenérgica cardíaca pode ser o mecanismo pelo qual a desipramina (um potente inibidor da recaptação norepinefrina) aumenta a PA. A hipotensão ortostática causada pelos ATC é mais proeminente em pacientes com distúrbios de condução, especialmente bloqueios de ramo, e em pacientes com insuficiência cardíaca. #) Os antidepressivos tricíclicos (ATC) são comprovadamente cardiotóxicos, sendo seu efeito adverso cardiovascular mais comum a hipotensão ortostática; #) O emprego de ATCs nos primeiros 2 a 3 meses pós-IAM deve ser evitado sempre que possível pois, nesse período de recuperação, os pacientes se apresentam mais suscetíveis aos efeitos adversos cardiovasculares desse grupo de medicamentos. O efeito adverso cardiovascular mais comum com o tratamento com os ATC é a hipotensão ortostática o que gerou a descontinuação do tratamento em 25 a 50% dos pacientes com doença cardíaca pré-existente. #) Os ATC são comprovadamente cardiotóxicos, sendo seu efeito adverso cardiovascular mais comum a hipotensão ortostática; 114 MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). GOLINO, P. PISCIONE, F. WILLERSON, J. et al., (1991 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). GRUBB, B.; SAMOIL, D.; KOSINSKI, D.; TEMESYARMOS, P.; AKPUNONU, B. (1994 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). GRUBB, B.; SAMOIL, D.; KOSINSKI, D.; WOLFE, D.; LORTIN, M.; MADU, E. (1994 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). HYMAN, S.; ARANA, G.; ROSENBAUEU, J. (1995 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Divergent effects of serotonin on coronary artery dimensions and blood flow in patients with coronary atherosclerosis and control patients. Use of serotonin reuptake inhibitors for the treatment of recurrent syncope due to carotid sinus hypersensitivity unresponsive to dual chamber cardiac pacing. #) o emprego de ATCs nos primeiros 2 a 3 meses pós-IAM deve ser evitado sempre que possível, pois, nesse período de recuperação, os pacientes se apresentam mais suscetíveis aos efeitos adversos cardiovasculares desse grupo de medicamentos. Os ISRS podem interferir na integridade cardiovascular, via amplificação da agregação plaquetária e vasoconstrição em resposta a estímulos serotonérgicos, devido ao aumento da oferta da serotonina nos sítios plaquetários e cerebrais. A fluoxetina e sertralina podem aumentar e estabilizar a PA em pacientes com hipotensão e também fornecer uma profilaxia de apoio contra a hipotensão recorrente. Fluoxetine hydrochloride for the treatment of severe refractory orthostatic hypotension. A fluoxetina e sertralina podem aumentar e estabilizar a PA em pacientes com hipotensão e também fornecer uma profilaxia de apoio contra a hipotensão recorrente. Handbook of psychiatry drug therapy. O trazodone não parece exercer efeitos na condução cardíaca, quando utilizado em doses terapêuticas ou mesmo tóxicas; porém, existe caso relatado de taquicardia ventricular não-sustentada com o uso deste fármaco. 115 KHAN, A.; FABRE, L.; RUDOLPH, R. (1991 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). KUHS, H.; RUDOLF, G. (1990 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). LASNIER, C.; MAREY, C.; LAPEYREG, G.; DELALLEAU, B.; GANRY, H. (1991 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). MCFADDEN, E.; CLARCKE, J.; DAVIES, G. et al., (1991 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). NEMEROFF, C.; DEVANE, C.; POLLOCK, B. (1996 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Venlafaxine in depressed outpatients. A venlafaxina tem sido associada a um aumento da PA e da FC, além de hipertrigliceridemia. Cardiovascular effects of paroxetine. A classe de fármacos (ISRS) não causa um prolongamento dos intervalos PR, QT ou QRS, nem bloqueiam os canais de sódio diferentemente dos ATCs. 4 Cardiovascular acceptability of tianeptine. A tianeptina (inibidor da recaptação de norodrenalina) parece ser um fármaco relativamente seguro. Effect of intracoronary serotonin on coronary vessels in patients with stable angina and patients with variant angina. Newer antidepressants and the cytochrome P450 system. Os ISRS podem interferir na integridade cardiovascular, via amplificação da agregação plaquetária e vasoconstrição em resposta a estímulos serotonérgicos, devido ao aumento da oferta da serotonina nos sítios plaquetários e cerebrais. ROOSE, S.; DALACK, G.; GLASSMAN, A. et al., (1991 apud MANICA; LEÃES; Cardiovascular effects of bupropion in depressed patients with heart disease. Apesar de ser uma classe de drogas relativamente segura, os ISRS tem um grande potencial de interação medicamentosa através do metabolismo hepático do citocromo P450, podendo aumentar os níveis plasmáticos de drogas também metabolizadas por essa via, como antiarrítmicos, ATCs e fenotiazinas Isso poderia levar a uma potencialização da cardiotoxicidade desses fármacos. O bupropion não apresenta efeitos maiores na condução ou na contratilidade miocárdica, mas pode provocar leve hipotensão postural e aumento da pressão arterial. 116 FREY; JURUENA, 1999). ROOSE, S.; GLASSMAN, A. (1994 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). SCALCO, A.; SCALCO, M.; AZUL, J.; LOTUFO NETO, F. (2005) SCALCO, M.; SERRO-AZUL, J.; GIORGI, D.; ALMEIDA, O.; WAJNGARTEN, M. (2003 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). SHELINE, Y.; FREEDLAND, K.; CARNEY, R. (1997 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). SMITH, W.; GLAUDIN, V.; Antidepressant Choice in the Patient with Cardiac Disease: Lessons from the Cardiac Arrythmia Supression Trial (CAST) Studies. Hypertension and Depression. O efeito adverso cardiovascular mais comum com o tratamento com os ATC é a hipotensão ortostática o que gerou a descontinuação do tratamento antidepressivo em aproximadamente 10% dos pacientes sem cardiopatia. Revisar os aspectos metodológicos, patofisiológicos, prognóstico e implica-ções no tratamento, relacionado à associação entre depressão e HAS. . Acredita-se que mecanismos envolvendo hiperatividade de sistema nervoso simpático e influências genéticas possa ser a base fisiopatológica da relação entre depressão e hipertensão arterial sistêmica. A presença de depressão pode piorar o curso da doença hipertensiva pois o uso de medicações antidepressivas pode induzir o aumento da pressão arterial, diminuição de pressão arterial e hipotensão ortostática, dificultando o manejo de pacientes com hipertensão arterial sistêmica. Effect of nortriptyline on the day-night systolic blood pressure difference in hypertensive and normotensive elderly depressed women. A redução da queda fisiológica noturna da PA também foi relatada em mulheres idosas deprimidas durante 8 semanas de tratamento com nortriptilina. Isto poderia ser explicado por hiperatividade simpática levando a dilatação vascular periférica, sugerindo que a nortriptilina pode afetar a PA em indivíduos idosos deprimidos. How safe are serotonin reuptake inhi–bitors for depression in patients with coronary heart disease? Mirtazapine vs amitriptyline vs A incidência de efeitos adversos cardíacos dos ISRS gira em torno de 0,0003%, variando entre alterações eletrocardiográficas, arritmias, tromboflebite e acidente vascular cerebral. A mirtazapina parece ser uma droga relativamente segura, visto que os índices 117 PANAGIDES, J. et al., (1990 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). SUCAR, D. (2000). THASE, M. (1998 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005). placebo in the treatment of major depression disorder. Interação medicamentosa de venlafaxina com captropil. Effects of Venlafaxine on blood pressure: a metaanalysis of original data from 3744 depressed patients. de hipertensão, hipotensão ortostática e taquicardia, relatados foram similares ao grupo placebo. Identificar através de um estudo de caso as reações decorrentes da interação dos medicamentos venlafaxina e captropil. Mulher de 53 anos, com diagnóstico de depressão e hipertensão arterial. Após o início do uso associado de venlafaxina e captropil a paciente passou a apresentar elevações da pressão arterial. Desta forma, o venlafaxina deve ser evitada em pacientes hipertensos. #) Uma metanálise foi realizada utilizando os dados originais de 3744 pacientes da PA em com depressão maior estudada em ensaios clínicos controlados comparando venlafaxina, imipramina, e placebo. Venlafaxina e imipramina foram associadas com um pequeno, mas estatisticamente significativo aumento da pressão arterial diastólica supina. O efeito da venlafaxina foi dose-dependente sem afetar negativamente o controle da PA em pacientes com PA elevada pré-existentes. No entanto, a elevação da PA foi persistente durante a continuidade do tratamento; #) a potencialização da neurotransmissão noradrenérgica pode ser um dos mecanismos pelo qual os antidepressivos aumentam a PA. Nas crises hipertensivas associadas à terapia com IMAO, níveis altos de tiramina não metabolizada ou simpatomiméticos, dispararam a liberação de norepinefrina dos neurônios periféricos; #) em termos clínicos, o risco de hipotensão ortostática (OH) durante a farmacoterapia com tricíclicos é muito mais importante que as elevações da PA. Os 118 VITULLO; WHARTON; ALLEN; PRITCHET (1990 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). Trazodone-related exercise-induced nonsustained ventricular tachycardia. IMAOs também causam taxas de OH relativamente elevadas. O trazodone não parece exercer efeitos na condução cardíaca, quando utilizado em doses terapêuticas ou mesmo tóxicas; porém, existe caso relatado de taquicardia ventricular não-sustentada com o uso deste fármaco. 119 7. 6 Apêndice F Depressão e Variabilidade da Freqüência Cardíaca (VFC) AUTORES/ANO TÍTULO OBJETIVO POPULAÇÃO RELAÇÃO CARDIOPATIA X DEPRESSÃO RESULTADOS BALOGH, S.; FITZPATRICK, D.; HENDRICKS, S.; PAIGE, S. (1993 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) CARNEY, R.; BLUMENTHAL, J.; STEIN, P.; WATKINS, L.; CATELLIER, D.; BERKMAN, L.et al. (2001 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) Increases in heart rate variability with successful treatment in patients with major depressive disorder. Depression, heart rate variability, and acute myocardial infarction. CARNEY, R.; FREEDLAND, K.; STEIN, P.; SKALA J.; HOFFMAN, P.; JAFFE, A.(2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) CARNEY; SAUNDERS; FREEDLAND et al (1995 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) Change in heart rate and heart rate variability during treatment for depression in patients with coronary artery disease. A diminuição da variabilidade da freqüência cardíaca (VFC) também reflete uma maior atividade simpática e uma diminuição da atividade parassimpática em pacientes deprimidos. Association of depression with reduced heart rate variability in coronary artery disease. Pacientes com depressão. apresentam uma redução da VFC, devido a uma alteração do tônus autônomo. Este tipo de alteração da FC é um fator de risco independente para mortalidade em pacientes pós IAM. Aumentos na VFC foram positivamente correlacionados com os escores Hamilton Rating Scale para Depressão (HAM-D) no pós-tratamento com a utilização de vários antidepressivos. Foram comparados 380 pacientes com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio e depressão; e 424 pacientes com infarto do miocário e sem depressão . A VFC permaneceu significantemente mais baixa em pacientes com depressão, o que sugere o aumento da atividade simpática e ou diminuição na modulação parassimpática. CRÍTICAS e SUGESTÕES 120 DALACK, G.; ROOSE, S. (1990 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) Perspectives on the relationship between cardiovascular disease and affective disorder. FIELDING, R. (1991 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). Depression and acute myocardial infarction: a review and reinterpretation. KHAYKIN, Y.; DORIAN, P.; BAKER, B.; SHAPIRO, C.; SANDOR, P.; MIRONOV, D, et al., (1998 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) KLEIGER; MILLER; BIGGE; MOSS (1987 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) Autonomic correlates of antidepressant treatment using heartrate variability analysis. LIGHT, K. (1987 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) Decreased heart rate variability and its association with increased mortality after acute myocardial infarction. Psychosocial precursors of hypertension: Experimental evidence. #) 24 horas de registro de ECG foram obtidos de pacientes voluntários com depressão maior, indivíduos clinicamente saudáveis. A VFC foi marcadamente diminuída em pacientes deprimidos, o que indica que eles podem ter uma anormalidade na atividade do sistema nervoso parassimpático; #) pacientes com depressão apresentam uma redução da variabilidade da freqüência cardíaca, devido a uma alteração do tônus autonômo. As principais hipóteses sobre os mecanismos responsáveis pela morbidade e mortalidade cardíaca aumentadas em pacientes com depressão e SCA são: redução da VFC que reflete tônus autonômico cardíaco alterado e outros mecanismos ainda desconhecidos. Aumentos na VFC foram positivamente correlacionados com os escores Hamilton Rating Scale para Depressão (HAM-D) no pós-tratamento com a utilização de vários antidepressivos. Pacientes com depressão apresentam uma redução da VFC, devido a uma alteração do tônus autonômico. Este tipo de alteração da FC é um fator de risco independente para mortalidade em pacientes pós IAM. Disfunção do sistema nervoso autônomo. #) Estudos de hemodinâmica, em pacientes hipertensos limítrofes têm mostrado um aumento do débito cardíaco, mediado pela atividade beta-adrenérgica aumentada e diminuída atividade parassimpática; #)pacientes com hipertensão demonstram 121 LOWN, B.; VERRIER, R. (1976 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) MAGID; ECKBERG; SPRENKLE (1883 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) MANICA, A.; LEÃES, C.; FREY, B.; JURUENA, M. (1999). RECHLIN; WEIS; ASPITZER; KASCHKA (1994 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) ROZANSKI, A.; BLUMENTHAL, J.; KAPLAN, J. (1999 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) maior aumento na FC e PA do que sujeitos normotensos em resposta a eventos tais como operações aritméticas difíceis, ou interações interpessoais que despertam raiva ou medo ou a exposição a conflitos pessoais. A diminuição do tônus vagal reduz a VFC e predispõe, assim, o desenvolvimento de fibrilação ventricular, estes achados foram comprovados em estudos de animais, com IAM induzido experimentalmente. A diminuição do tônus vagal reduz a VFC e predispõe, assim, o desenvolvimento de fibrilação ventricular, achados estes comprovados em estudos de animais, com IAM induzido experimentalmente. Neural activity and ventricular fibrillation. Low dose atropine reduces ventricular vulnerability in normal and ischemic hearts. O papel da depressão na doença coronária. Are affective disorders associated with alterations of heart rate variability? Impact of psychological factors on the pathogenesis of cardiovascular disease and implications for therapy. Levantar os principais aspectos entre a associação entre depressão e DAC Artigo de revisão. Mecanismos psicossociais e mecanismos fisiopatológicos. Há quatro possíveis fatores na relação de depressão e DAC: aumento da atividade plaquetária, alterações na regulação do sistema nervoso autônomo, diminuição da VFC e disfunção do eixo hipotálamo-hipófiseadrenal. Pacientes com depressão apresentam uma redução da VFC, devido a uma alteração do tônus autonômico. #) Há uma quantidade considerável de dados ligando a hiperresponsividade do sistema nervoso simpático para o desenvolvimento de hipertensão. A hiperresponsividade se manifesta pela respostas exagerada na FC e PA, a estímulos psicológicos, experimentados como envolvente, desafiadores ou aversiva; #) Comparado a indivíduos calmos, os mais hostis manifestam maior FC e PA a estímulos fisiológicos, tais como tarefas mentais, bem como maior PA medida em ambulatório durante atividades rotineiras. Há evidência também de que os indivíduos hostis são mais 122 SCHINS, A.; HAMULYAK, K.; SCHARPE, S.; LOUSBERG, R.; VAN MELLE, J.; CRIJNS, H. et al., (2004 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). SPIEKER, L.; NOLL, G. (2003 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005). Whole blood serotonin and platelet activation in depressed post-myocardial infarction patients. TULEN, J.; BRUIJN, J.; DE MAN, K.; PEPPLINKHUIZE; VAN DEN MEIRACKER, A. et al., (1996 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) Cardiovascular variability in major depressive disorder and effects of imipramine or mirtazapine (Org 3770). Pathophysiologic cardiovascular changes in stress and depression. propensos a apresentar hipercortisolemia e altos níveis de catecolaminas, bem como a diminuição da função dos receptores betaadrenérgicos de leucócitos mononucleares, diminuíram modulação vagal da função cardíaca. As principais hipóteses sobre os mecanismos responsáveis pela morbidade e mortalidade cardíaca aumentadas em pacientes com depressão e SCA são: redução da VFC que reflete tônus autonômico cardíaco alterado e outros mecanismos ainda desconhecidos. As principais hipóteses sobre os mecanismos responsáveis pela morbidade e mortalidade cardíaca aumentadas em pacientes com depressão e SCA são: redução da VFC que reflete num tônus autonômico cardíaco alterado e outros mecanismos ainda desconhecidos. Pacientes tratados com mirtazapina ou amitriplina mostraram redução significativa na VFC após tratamento. 123 7. 7 Apêndice G Depressão e Sistema Nervoso Autônomo: AUTORES/ANO BIGGER; FLEISS; KLEIGER; MILLE; ROLNITZKY (1984 apud MANICA et al., 1999). BRUNO, R.; MYERS, S.; GLASSMAN, A.; (1983 apud SCALCO et al.,2005) BUCK, C.; DONNER, A. (1984 apud SCALCO et al., 2005) CARNEY, R.; FREEDLAND, K.; RICH, M.; SMITH, L.; JAFFE, A. (1993 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000) TÍTULO The relationship among ventricular arrythmias, left ventricular dysfunction, and mortality in 2years after myocardial infarction. A correlational study of cardiovascular autonomic functioning and unipolar depression. Blood pressure control in hypertensives – a model for the study of life events. Ventricular tachycardia and psychiatric depression in patients with coronary artery disease. OBJETIVO POPULAÇÃO RELAÇÃO CARDIOPATIA X DEPRESSÃO RESULTADOS Entre os pacientes com DAC, aqueles com depressão maior apresentam uma maior prevalência de taquicardia ventricular em comparação aos não deprimidos. Avaliar o funcionamento cardiovascular. 22 pacientes depressivos unipolares. A atividade colinérgica, simpático alfa-e-betaadrenérgico foi avaliado através da medição do fluxo sanguíneo do antebraço e do período préejeção cardíaca. Foram encontradas correlações negativas entre sintomas depressivos e o fluxo sanguíneo do antebraço e correlações positivas entre sintomas depressivos e pré-ejeção cardíaca. Concluiu-se, que o perfil autônomo da depressão é caracterizada por uma diminuição no fluxo colinérgico central simpático, acoplado com o aumento de alfa-adrenérgicos e em betaadrenérgicos. A hiperreatividade parece estar relacionada a aspectos psicossociais. Elevação da pressão arterial foi associada com certas características da personalidade, tais como a raiva e a sua repressão, e também a eventos infelizes e inesperados da vida. #) Maior elevação da prevalência da taquicardia ventricular entre os doentes com DAC e depressão que naqueles sem sintomas depressivos, fato que os coloca em risco de mortalidade; #) uma das hipóteses para a relação depressão e DAC seria que os doentes com depressão maior e, de forma menos evidente, com depressão menor, estão mais expostos ao risco de taquicardia ventricular, pois parece estar CRÍTICAS e SUGESTÕES 124 CARNEY, R.; RICH, M.; TEVELDE, A.; SAINI, J.; CLARK, K.; FREEDLAND, K. (1988 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000) Heart rate, heart rate variability and depression in patients with coronary artery disease. COOPER, S.; KELLY, J.; KING, D. (1985 apud SCALCO et al., 2005) Adrenergic receptors in depression. Effects of electroconvulsive therapy. DEVILLIERS, A.; RUSSELL, V.; CARSTERS, M.; ALBERS, C.; GAGIANO, C.; CHALTON, D. et al., (1987 apud SCALCO et al., 2005) Noradrenergic function and hypothalamicpituit ary-adrenal axis activity in primary major depressive disorder. FRASURE-SMITH, N.; LESPÉRANCE, F.; TALAJIC, M. (1995 apud TRIGO; ROCHA; COELHO, 2000) GOLDSTEIN D, (1994 apud SCALCO et al., 2005) The impact of negative emotions infarction: is it more than depression? Plasma norepinephrine and epinephrine levels in essential relacionado ao aumento da atividade do sistema nervoso simpatico e pertubaçao do eixo hipotalamico-pituitário-supra-renal que pode agravar o risco de incidência de pertubações isquêmicas, arritmias, morte súbita e progressão da aterosclerose. Uma das hipóteses para a relação da depressão e DAC seria que os doentes com depressão maior e, de forma menos evidente, com depressão menor, estão mais expostos ao risco de taquicardia ventricular, pois parece estar relacionado ao aumento da atividade do sistema nervoso simpático que pode agravar o risco de incidência de perturbações isquêmicas, arritmias, morte súbita e progressão da aterosclerose. #) Existem também evidências relatadas mostrando uma função anormal do SNA depressão, mas especificamente em relação o aumento da atividade simpática e um controle pobre do músculo vagal. #) No líquido cefalorraquidiano de pacientes depressivos foram encontrado níveis elevados de noradrenalina e de 3-metoxi-4-hidroxifenilglicol, que é o metabólito da noradrenalina. #)Existem também evidências relatadas mostrando uma função anormal do SNA na depressão, mas especificamente em relação o aumento da atividade simpática e um controle pobre do músculo vagal. #) No líquido cefalorraquidiano de pacientes depressivos foram encontrado níveis elevados de noradrenalina e de 3-metoxi-4-hidroxifenilglicol, que é o metabólito da noradrenalina. Segundo o que parece, com o primeiro episódio de depressão acontecem uma série de alterações bioquímicas, de pertubações no SNA. Uma metanálise mostrou que a noradrenalina plasmática, como marcador indireto de tônus simpático, foi elevada em pacientes com hipertensão essencial. 125 JAMES, A. (1987 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) KENNEDY; HOFE; COHEN; SHINDLEDECKER; FISHE (1987 apud MANICA et al., 1999) KIRBY; PINTO; HOTTINGER; JOHNSON; LOWN (1991 apud MANICA et al., 1999). LAKE; PICKAR; ZIEGLER; LIPPER; SLATER; MURPHY (1982 apud MANICA et al., 1999) LAWLER, K.; KLINE, K.; SEABROOK, E.; KRISHNAMOORTH Y, J.; ANDERSON, S.; WILCOX, Z. et al., (1998 apud SCALCO et al., 2005) LECHIN, F.; VAN DER DIJS, B.; OROZCO, B.; LECHIN, M.; BAÉZ, S.; LECHIN, A. et al., (1995 apud SCALCO et al., hypertension. Psychosocial precursors of hypertension: A review of the epidemiologic evidence. Signifficance of depression and cognitive impairment in patients undergoing programmed stimulation of cardiac arrythmias. Behavioural arousal enhaces inducibility and rate of ventricular tachycardia. High plasma norepinephrine levels in patients with major affective disorder. Family history of hypertension: a psychophysiologic al analysis. Plasma neurotransmitters, blood pressure, and heart rate during supineresting, orthostasis, and Disfunção do SNA. A hiperreatividade parece estar relacionada a aspectos psicossociais. Elevação da pressão arterial foi associada com certas características da personalidade, tais como a raiva e a sua repressão, e também a eventos infelizes e inesperados da vida. A taxa de mortalidade é cinco vezes maior em pacientes submetidos a tratamento para taquiarritmias supraventriculares e ventriculares, que apresentavam sintomas depressivos no momento do diagnóstico, em relação aos que não apresentavam tais sintomas. Outro fator associado à redução do limiar de excitabilidade, em modelos animais e humanos, é o estímulo do SNS. Aumento dos níveis plasmáticos de norepinefrina em pacientes com depressão maior em relação a indivíduos normais. #) Indivíduos com uma história familiar positiva de hipertensão apresentaram níveis mais elevados de PAl e da FC de repouso, durante tarefas de estresse mental e, durante a recuperação; #) Indivíduos com história familiar positiva relataram mais depressão durante as tarefas, o que sugere que fatores genéticos e psicológicos estão envolvidos com hiperreatividade cardiovasculares. Observou-se a freqüência cardíaca aumentada durante a ortostase e períodos de exercício e valores maiores de noradrenalina em pacientes deprimidos, sugerindo atividade simpática máxima em ambos. 126 2005) LETT, H.; BLUMENTHAL, J.; BABYAK, M.; SHERWOOD, A.; STRAUMAN, T.; ROBINS, C. et al., (2004 apud MATTOS; et al., 2005) LOWN, B.; VERRIER, R. (1976 apud MANICA et al., 1999) moderate exercise conditions in major depressed patients. Depression as a risk factor for coronary artery disease: evidence, mechanisms, and treatment. Neural activity and ventricular fibrillation. MAES, M.; MELTZER, H.; SUY, E.; MINNER, B.; CALABRESE, J; COSYNS, P. (1993 apud SCALCO et al., 2005) Sleep disorders and anxiety as symptom profiles of sympathoadrenal system hyperactivity in major depression. MALZBERG, B. (1937 apud MANICA et al., 1999) Mortality among patients with involution melancholia. Revisão sistemática, com o objetivo de analisar a depressão como FR para DAC. Os mecanismos possíveis ligando depressão e DAC incluem alterações no funcionamento do SNA. #) Um estímulo elétrico chega ao miocárdio durante o período de repolarização, sendo capaz de ultrapassar o limiar de excitabilidade, desencadeando uma instabilidade elétrica miocárdica, Este limiar está diminuído em miocardiopatias, especialmente na isquemia miocárdica; #) A diminuição do tônus vagal reduz a VFC e predispõe, assim, o desenvolvimento de fibrilação ventricular, estes achados foram comprovados em estudos de animais, com IAM induzido experimentalmente. Foi avaliado, durante 24hs, a excreção de noradrenalina, adrenalina, dopamina e MHPG através da urina em indivíduos deprimidos. Houve correlações positivas entre os distúrbios do sono e excreção de noradrenalina, adrenalina e dopamina. A excreção de MHPG foi negativamente correlacionada com a ansiedade e a hipocondria. Foi indicado que essas relações entre estes sintomas (depressão e hipertensão) e a disfunção na rotatividade das catecolaminas, poderiam refletir a ocorrência de um estado hipercitação em alguns transtornos depressivos. A presença de sintomas melancólicos aumenta ainda mais os níveis plasmáticos de norepinefrina, quando comparada a pacientes com distimia e depressão maior sem história de melancolia. 127 MANICA et al., 1999. O papel da depressão na doença coronária. RAHN, K.; BARENBROCK, M.; HAUSBERG, M. (1999 apud SCALCO et al., 2005) The sympathetic nervous system in the pathogenesis of hypertension. ROOSE; DALACK; WOODRING (1991 apud MANICA et al., 1999) ROY; PICKAR; DEJONG; KAROUN; LINNOILA (1988 apud MANICA et al., 1999) Death, depression and heart disease. ROY; PICKAR; LINNOILA; POTTE (1985 apud MANICA et al., 1999) SCALCO et al., 2005. Norepinephrine ans its metabolites in cerebrospinal fluid, plasma, and urine: relationship to hypothalamicpituitaryadrenal axis function in depression. Plasma norepinephrine level in affective disorders: relationship to melancholia. Hypertension and Depression. Levantar os principais aspectos entre a associação entre depressão e DAC. Artigo de revisão. Mecanismos psicossociais e mecanismos fisiopatológicos. Há quatro possíveis fatores na relação de depressão e DAC: aumento da atividade plaquetária, alterações na regulação do SNA, diminuição da VFC e disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Observou-se que a taxa de eliminação da noradrenalina a partir de terminais nervosos simpáticos aumentou na hipertensão essencial. Esses dados surgiram a partir de medidas diretas entre o tráfego do sistema nervoso e o músculo esquelético utilizando a técnica de microeletrodos. A maioria dos estudos utilizando este método demonstrou o aumento da atividade do sistema nervoso simpático em pacientes com hipertensão essencial. Pelo contrário, os pacientes com hipertensão secundária não diferem de pacientes normotensos . Entre os pacientes com DAC, aqueles com depressão maior apresentam uma maior prevalência de taquicardia ventricular em comparação aos não deprimidos. Altas concentrações urinárias de metabólitos da norepinefrina em relação a indivíduos normais. A presença de sintomas melancólicos aumentam ainda mais os níveis plasmáticos de norepinefrina, quando comparada a pacientes com distimia e depressão maior sem história de melancolia. Revisão da associação entre O método utilizado foi consulta ao Acredita-se que mecanismos envolvendo hiperatividade de sistema Encontrou-se descrições de prevalência aumentada de depressão em pacientes hipertensivos, associação entre sintomatologia 128 depressão e hipertensão arterial sistêmica. SCHWARTZ; SNEBOLD; BROWN (1976 apud MANICA et al., 1999) TOWNSEND, M.; BOLOGNA, N.; BERBEE, J. (1998 apud SCALCO et al., 2005) VEITH, R.; LEWIS, N. LINARES, O.; BARNES, R.; RASKIND, M.; VILLACRES, E. et al. (1994 apud SCALCO et al., 2005) VEITH, R.; LEWIS, N. LINARES, O.; BARNES, R.; RASKIND, M.; VILLACRES, E. et al. (1994 apud SCALCO et al., 2005) Effects of unilateral cardiac sympathetic denervation on the ventricular fibrillation threshold. Heart Rate and blood pressure in panic disorder, major depression, and comorbid panic disorder with major depression. Sympathetic nervous system activity: Basal and desipramineinduced alterations in plasma norepinephrine kinetics. Sympathetic nervous system activity: Basal and desipramineinduced alterations in plasma norepinephrine banco de dados bibliográficos Medline, no período de 1980 a 2004. nervoso simpático e influências genéticas possa ser a base fisiopatológica da relação entre depressão e hipertensão arterial sistêmica. depressiva e hipotensão e alteração da variação circadiana da pressão arterial de pacientes deprimidos. Ainda, a presença de depressão pode piorar o curso da doença hipertensiva, e o uso de medicações antidepressivas pode induzir o aumento da pressão arterial, diminuição de pressão arterial e hipotensão ortostática, dificultando o manejo de pacientes com hipertensão arterial sistêmica. Outro fator associado à redução do limiar de excitabilidade, em modelos animais e humanos, é o estímulo do sistema nervoso simpático. Os mecanismos fisiológicos subjacentes a relação entre depressão ou ansiedade e pressão arterial provavelmente envolvem o sistema nervoso simpático. Foram observados níveis elevados de noradrenalina em pacientes deprimidos quando comparados com o grupo controle. Contudo, a taxa de noradrenalina foi semelhante nos dois grupos. Foram observados níveis elevados de noradrenalina em pacientes deprimidos quando comparados com o grupo controle. Contudo, a taxa de noradrenalina foi semelhante nos dois grupos. 129 kinetics. VEITH; LEWIS; LINARES et al., (1994 apud MANICA et al., 1999) Sympathetic nervous system activity in major depression: basal and desipramineinduced alterations in plasma norepinephrine kinetics. #) Aumento dos níveis plasmáticos de norepinefrina em pacientes com depressão maior em relação a indivíduos normais; #) Altas concentrações urinárias de metabólitos da norepinefrina em relação a indivíduos normais. 130 7. 8 Apêndice H Depressão e Eixo Hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA) AUTORES/ANO TÍTULO OBJETIVO POPULAÇÃO RELAÇÃO CARDIOPATIA RESULTADOS X DEPRESSÃO AMSTERDAM, J.; WINOKUR, A.; ABELMAN, E. et al (1983 apud MANICA et al., 1999) AMSTERDAM; MAISLIN; WINOKUR et al (1987 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) ARANA, G.; BALDESSARINI, R.; ORNSTEEN, M. (1985 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) ARANA, G.; MOSSMAN, D. (1988 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999). BANKI; KARMASCI; BISSETTE et al (1992 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) Cosyntropin stimulation test in depressed patients and healthy controls. Pituitary and adrenocortical response to the ovine corticotropin releasing hormone in depressed patients and healthy volunteers. The dexamethasone supression test for diagnosis and prognosis in psychiatry: coommentary and review. The desamethasone supression test and depression. CSF corticotropinreleasing and somatostatin in major depression: response to CRÍTICAS SUGESTÕES O estado de estresse, causado pela depressão, pode levar a uma hiperatividade do eixo HHA devido a uma hiperresponsividade do córtex suprarrenal ao hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). #) Alterações do eixo HHA em pacientes depressivos acarretam em elevados níveis de cortisol plasmático; #) o estado de estresse, causado pela depressão, pode levar a uma hiperatividade do eixo HHA devido a um aumento na secreção do hormônio de liberação da corticotropina (CRH) pelo hipotálamo. O teste da supressão da dexametasona (TSD) apresenta-se mais freqüentemente alterado em pacientes melancólicos (>50%) do que em pacientes com depressão menor (23%) ou com reações de ajustamento (10%). O teste da supressão da dexametasona (TSD) apresenta-se mais freqüentemente alterado em pacientes melancólicos (>50%) do que em pacientes com depressão menor (23%) ou com reações de ajustamento (10%). Alterações do eixo HHA em pacientes depressivos, que acarretam em elevados níveis de cortisol plasmático. e 131 CARROL, B.; MARTIN, F.; DAVIS B. (1968 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) CHARLTON; FERRIER (1989 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) EDWARDS, E.; KING, J.; FRAY, J. (2000 apud SCALCO; SCALCO; AZUL; LOTUFO NETO, 2005) FIELDING, R. (1991 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005) GOLD; LORIAUX; ROY et al (1986 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) antidepressant treatment and relapse. Resistance to Supression by Dexamethasone of Plasma 11(OH)CS Levels in Severe Depressive Illness. Hypothalamopituitary-adrenal axis abnormalities in depression: a review and a model. Hypertension and insulin resistant models have divergent propensities to learned helpless behavior in rodents. Depression and acute myocardial infarction: a review and reinterpretation. Response to corticotropinreleasing hormone in the hypercorticolism of depression and cushing’s disease: pathophysiolo- A não-supressão da secreção de cortisol, após administração de dexametasona exógena em pacientes com depressão, foi observada, pela primeira vez, por Carrol e cols. em 1968. O estado de estresse, causado pela depressão, pode levar a uma hiperatividade do eixo HHA devido a uma hiperresponsividade do córtex suprarrenal ao hormônio adrenocorticotrópico (ACTH). Ratos geneticamente propensos à hipersensibilidade tinham uma elevada propensão para desenvolver depressão (aprendizagem de desamparo aprendido). Além disso, o funcionamento hiporesponsivo do eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA) se correlaciona com uma propensão para o desamparo aprendido. As principais hipóteses sobre os mecanismos responsáveis pela morbidade e mortalidade cardíaca aumentadas em pacientes com depressão e SCA são: ativação neuro-hormonal, principalmente a hipercortisolemia e o aumento de serotonina. O estado de estresse, causado pela depressão, pode levar a uma hiperatividade do eixo HHA devido a um aumento na secreção do hormônio de liberação da corticotropina (CRH) pelo hipotálamo. 132 LETT, H.; BLUMENTHAL, J.; BABYAK, M.; SHERWOOD, A.; STRAUMAN, T.; ROBINS, C. et al. (2004 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005) MANICA, A.; LEÃES, C.; FREY, B.; JURUENA, M. (1999). ROY, A.; GUTHRIE, S.; PICKAR, D.; LINNOILA, M. (1987 apud MANICA; LEÃES; FREY; JURUENA, 1999) SCHINS, A.; HAMULYAK, K.; SCHARPE, S.; LOUSBERG, R.; VAN MELLE, J.; CRIJNS, H. et al. (2004 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005) SPIEKER, L.; NOLL, G. (2003 apud MATTOS; LOUGON; TURA; PEREIRA, 2005) gic and diagnostic implications. Depression as a risk factor for coronary artery disease: evidence, mechanisms, and treatment. O papel da depressão na doença coronária. Os mecanismos possíveis ligando depressão e DAC incluem alterações no funcionamento do eixo adrenal-pituitária–hipotálamo, Revisão sistemática, com o objetivo de analisar a depressão como FR para DAC. Levantar os principais aspectos entre a associação entre depressão e DAC. Artigo de revisão. Mecanismos psicossociais e mecanismos fisiopatológicos. Há quatro possíveis fatores na relação de depressão e DAC: aumento da atividade plaquetária, alterações na regulação do sistema nervoso autônomo, diminuição da variabilidade da freqüência cardíaca e disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Plasma NE responses to cold challenge in depressed patients and normal controls. Whole blood serotonin and platelet activation in depressed postmyocardial infarction patients. Pacientes depressivos não supressores ao TSD apresentam concentrações séricas de noradrenalina significativamente mais elevadas do que os pacientes depressivos supressores ao TSD. Pathophysiologi c cardiovascular changes in stress and depression. As principais hipóteses sobre os mecanismos responsáveis pela morbidade e mortalidade cardíaca aumentadas em pacientes com depressão e SCA são: ativação neuro-hormonal, principalmente a hipercortisolemia e o aumento de serotonina. As principais hipóteses sobre os mecanismos responsáveis pela morbidade e mortalidade cardíaca aumentadas em pacientes com depressão e SCA são: ativação neuro-hormonal, principalmente, a hipercortisolemia e o aumento de serotonina.