Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 46 5. ESPAÇOS VETORAIS EUCLIDIANOS 5.1 Definição Espaço Vetorial Euclidiano é todo o espaço vetorial real, de dimensão finita, no qual está definido um produto interno. 5.2 Produto Interno em Espaços vetoriais Definição: Chama-se produto interno no espaço vetorial V uma função de VV em R, que a todo par de vetores (u , v ) V V associa um número real, indicado por u v ou u , v , tal que os seguintes axiomas sejam verificados: P1: u v v u ; P2: u (v w) u v u w ; P3: (u ) v (u v ) para todo R ; P4: u u 0 e u u 0 se, e somente se, u 0 . Propriedades do Produto Interno I) 0 u u 0 0 para todo u V ; II) (u v ) w u w v w ; III) u (v ) (u v ) para todo o real; IV) u (v1 v2 vn ) u v1 u v2 u vn Exemplos: 1) No espaço vetorial V R 2 , a função que associa a cada par de vetores, u ( x1, y1 ) e v ( x2 , y2 ) o número real u v 3x1x2 4 y1 y2 é um produto interno? Solução: É necessário mostrar que a função dada verifica os quatro axiomas. P1: u v 3x1 x2 4 y1 y2 u v 3x2 x1 4 y2 y1 v u . P2: Se w ( x3 , y3 ) , então: u (v w) ( x1 , y1 ) ( x2 x3 , y 2 y3 ) 3x1 ( x2 x3 ) 4 y1 ( y 2 y3 ) u (v w) (3x1 x2 4 y1 y 2 ) (3x1 x3 4 y1 y3 ) u v u w . P3: (u ) v (x1 , y1 ) ( x2 , y2 ) 3(x1 ) x2 4(y1 ) y2 (3x1 x2 4 y1 y2 ) (u v ) ; P4: u u 3x 1 x 1 4y1 y1 3x 12 4 y12 0 e u u 3x 12 4 y12 0 se, e somente se, x1 y1 0 , isto é, u (0, 0) 0 . Isto prova que a função dada define um produto interno em V. Porém, esse produto interno é diferente do produto interno usual de R 2 , definido por: u v x1 x2 y1 y2 . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 47 2) Em relação ao produto interno usual de R 2 , calcule u v , sendo dados: a) u (3, 4) e v (5, 2) ; 1 b) u (6, 1) e v ( , 4) ; 2 c) u (2, 3) e v (0, 0) Solução: a) u v (3)5 4(2) 15 8 23 1 b) u v 6( ) 1(4) 3 4 7 2 c) u v 2(0) 3(0) 0 0 0 5.3 Módulo de um vetor Definição: Dado um vetor v de um espaço vetorial euclidiano V, chama-se módulo, norma ou comprimento de v o número real não-negativo, indicado por v , definido por: v v v Observe que se u ( x1 , y1 , z1 ) for um vetor do R 3 com produto interno usual, tem-se: u ( x1 , y1 , z1 ) ( x1 , y1 , z1 ) x12 y12 z12 5.4 Distância entre dois vetores Definição: chama-se distância entre vetores (ou pontos) u e v o número real representado por d (u , v ) e definido por: d (u , v ) | u v | Sendo u ( x1 , y1 , z1 ) e v ( x2 , y2 , z 2 ) vetores do R 3 , com produto interno usual, tem-se: d (u, v ) | u v || ( x1 x2 , y1 y2 , z1 z 2 ) | Ou d (u , v ) ( x1 x 2 ) 2 ( y1 y 2 ) 2 ( z1 z 2 ) 2 5.5 Propriedades do Módulo de um vetor Definição: Seja V um espaço vetorial Euclidiano. Então, as seguintes propriedades são válidas: I) | v | 0, v V e | v | 0, se, e somente se, v 0 . II) | v || | | v |, v V , R . III) | u v | | u | | v |, u , v V . IV) | u v | | u | | v |, u , v V . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 48 5.6 Ângulo de dois vetores Definição: Sejam u e v vetores não-nulos de um espaço vetorial euclidiano V. A desigualdade de Schwartz | u v | | u | | v | , pode ser escrita como: |u v | u v 1 ou 1 | u || v | | u || v | O que implica: u v 1 1 | u || v | Por esse motivo, pode-se dizer que essa fração é o co-seno de um ângulo , denominado ângulo dos vetores u e v : u v cos( ) , 0 | u || v | Problemas Resolvidos. 1) Considere o R 3 com o produto interno usual. Determine a componente c do vetor v (6, 3, c) tal que | v | 7 . Solução: | v | 6 2 (3) 2 c 2 7 36 9 c 2 49 c 2 4 c 2 2) Seja o produto interno usual no R 3 . Determinar o ângulo entre os seguintes vetores: u (2, 1, 5) e v (5, 0, 2) Solução: | u | 2 2 12 (5) 2 30 | v | 5 2 0 2 2 2 29 u v 2 5 1 0 (5) 2 10 10 0 Donde vem: u v 0 rad. cos( ) 0 2 | u || v | 30 29 5.7 Vetores Ortogonais Definição: Seja V um espaço vetorial Euclidiano. Diz-se que dois vetores u e v de V são ortogonais, e se representa por u v , se, e somente se, u v 0 . Exemplo: seja V R 2 um espaço vetorial euclidiano em relação ao produto interno ( x1 , y1 ) ( x2 , y2 ) x1 x2 2 y1 y2 . Em relação a este produto interno, os vetores u (3, 2) e v (4, 3) são ortogonais, pois: u v (3) 4 2 2 3 12 12 0 . Obs.: 1) O vetor 0 V é ortogonal a qualquer vetor v V . 2) Se u v , então u v para todo R . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 49 3) u1 v e u 2 v , então (u1 u2 ) v . 5.8 Conjunto Ortogonal de Vetores Definição: Seja V um espaço vetorial Euclidiano. Diz-se que um conjunto de vetores {v1 , v2 ,, vn } V é ortogonal se dois vetores quaisquer, distintos, são ortogonais, isto é, se vi v j 0 para i j . Exemplo: No R 3 , o conjunto {(1, 2, -3), (3, 0, 1), (1, -1, -5)} é ortogonal em relação ao produto interno usual, pois: (1, 2, 3) (3, 0, 1) 0 (1, 2, 3) (1, 5, 3) 0 (3, 0, 1)) (1, 5, 3) 0 5.8.1 Teorema Um conjunto ortogonal de vetores não nulos A {v1 , v2 , , vn } é linearmente independente (LI). Demonstração: Considere a igualdade: a1v1 a2 v2 an vn 0 E faça o produto interno de ambos os membros da igualdade por vi : (a1v1 a2 v2 an vn ) vi 0 vi ou a1 (v1 vi ) a2 (v2 vi ) an (vn vi ) 0 Como A é ortogonal v j vi 0 para j i e vi vi 0 , pois vi 0 . Então, ai (vi vi ) 0 implica ai 0 para todo i 1, 2, , n . Logo, A {v1 , v2 , , vn } é LI. cqd. 5.8.2 Base Ortogonal Definição: Diz-se que uma base {v1 , v2 ,, vn } de V é ortogonal se os seus vetores são dois a dois ortogonais. Assim, levando em conta o teorema anterior, se dim V = n, qualquer conjunto de n vetores nãonulos e dois a dois ortogonais, constitui uma base ortogonal. Por exemplo, o conjunto apresentado no exemplo anterior, {(1, 2, -3), (3, 0, 1), (1, -1, -5)}, é uma base ortogonal de R 3 . 5.8.2.1 Base Ortonormal Definição: Uma base B {v1 , v2 , , vn } de um espaço vetorial euclidiano V é ortonormal se B é ortogonal e todos os seus vetores são unitários, isto é, se: Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 50 0 para i j vi v j 1 para i j Exemplos: Em relação ao produto interno usual: 1) B {(1, 0), (0, 1)} é uma base ortonormal de R 2 (é a chamada base canônica); 2) B {( 3 1 1 3 , ), ( , )} é também uma base ortonormal de R 2 . (verifique); 2 2 2 2 3) B {(1, 0, 0), (0, 1, 0), (0, 0, 1} é uma base ortonormal de R 3 (é a base canônica); 5.8.3 Processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt Definição: Seja um espaço vetorial euclidiano V e uma base qualquer B {v1 , v2 , , vn } desse espaço. A partir dessa base é possível determinar uma base ortogonal de V. De fato, supondo que v1 , v2 ,, vn não são ortogonais, considere que: w1 v1 E determine o valor de de modo que w2 v2 w1 seja ortogonal a w1 : (v2 w1 ) w1 0 v2 w1 (w1 w1 ) 0 v2 w1 w1 w1 Isto é, v2 w1 w2 v2 w1 w1 w1 Assim, os vetores w1 e w2 são ortogonais. Considere agora o vetor: w3 v3 a2 w2 a1 w1 e determine os valores de a 2 e a1 de maneira que w3 seja ortogonal aos vetores w1 e w2 ou seja: (v3 a2 w2 a1 w1 ) w1 0 (v3 a2 w2 a1 w1 ) w2 0 v3 w1 a2 ( w2 w1 ) a1 ( w1 w1 ) 0 v3 w2 a 2 ( w2 w2 ) a1 ( w1 w2 ) 0 Tendo em vista que w1 w2 0 , vem: v3 w1 a1 ( w1 w1 ) 0 v3 w2 a2 ( w2 w2 ) 0 e Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati v3 w1 v3 w2 a1 ; a2 , isto é: w1 w1 w2 w2 2011 51 v3 w2 v3 w1 w3 v3 w2 w1 w2 w2 w1 w1 Assim, os vetores w1 , w2 e w3 são ortogonais. Pode-se concluir o teorema por indução, admitindo-se que, por esse processo, tenham sido obtidos (n-1) vetores w1 , w2 , , wn1 e considerar o vetor: wn vn an1 wn1 a2 w2 a1 w1 Sendo a1 , a2 , , an1 tais que o referido vetor wn seja ortogonal aos vetores w1 , w2 , , wn1 . Os valores a1 , a2 , , an1 que aparecem em wn são: vn w1 vn w2 vn wn1 a1 ; a2 ; ; an1 w1 w1 w2 w2 wn1 wn1 Assim, a partir de uma base qualquer B {v1 , v2 , , vn } , obteve-se a base ortogonal {w1 , w2 , , wn }. Esse processo que permite a determinação de uma base ortogonal a partir de uma base qualquer, chama-se processo de Ortogonalização de Gram-Schmidt. wi Para se obter uma base ortonormal, basta normalizar cada vetor wi . Fazendo ui , | wi | obtém-se: B {u1 , u 2 , , u n } Que é uma base ortonormal obtida a partir da base B {v1 , v2 , , vn } Exemplo: Sejam v1 (1, 1, 1) , v2 (0, 1, 1) e v3 (0, 0, 1) vetores de R 3 . Esses vetores constituem uma base B {v1 , v2 , v3 } não ortogonal em relação ao produto interno usual. Pretende-se obter, a partir de B, uma base B {u1 , u 2 , u3 } que seja ortonormal. Solução w1 v1 (1, 1, 1) w1 1 1 1 (1,1,1) u1 , , | w1 | 12 12 12 3 3 3 (0,1,1) (1, 1, 1) v2 w1 (1, 1, 1) w2 v2 w1 (0, 1, 1) w w ( 1 , 1 , 1 ) ( 1 , 1 , 1 ) 1 1 Apostila de Álgebra Linear 2 1 1 w2 ( , , ) 3 3 3 Prof. Airton Prati 2011 52 2 1 1 2 1 1 ( , , ) ( , , ) w 3 3 3 3 3 3 2 , 1 , 1 u2 2 | w2 | 4 1 1 6 6 6 6 9 9 9 3 v3 w2 v3 w1 w3 v3 w2 w1 w2 w2 w1 w1 2 1 1 (0, 0, 1) ( , , ) 2 1 1 (0, 0, 1) (1, 1, 1) 3 3 3 ( , , ) (1, 1, 1) w3 (0, 0, 1) 2 1 1 3 3 3 (1, 1, 1) (1, 1, 1) 2 1 1 ( , , ) ( , , ) 3 3 3 3 3 3 1 1 w3 (0, , ) 2 2 1 1 1 1 (0, , ) (0, , ) w3 2 2 2 2 0, 1 , 1 u3 | w3 | 1 1 2 2 2 0 4 4 2 A base B {u1 , u 2 , u3 } é uma base ortonormal, porque: u1 u 2 u1 u3 u 2 u3 0 e | u1 || u 2 || u3 | 1 5.8.4 Componentes de um Vetor numa Base Ortogonal Definição: Seja V um espaço vetorial euclidiano e B {v1 , v2 , , vn } uma base ortogonal de V. Para um vetor w V , tem-se: w a1v1 ai vi an vn . Efetuando o produto interno de ambos os membros da igualdade por vi , vem: w vi (a1v1 ai vi an vn ) vi ou w vi a1 (v1 vi ) ai (vi vi ) an (vn vi ) Ou w vi ai (vi vi ) , pois vi v j 0 para j i Logo, w vi ai vi vi é a i-ésima coordenada de w em relação a base B. Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 53 Exemplo: Seja V R 2 com produto interno usual e a base ortogonal B {( 2, 1), (1, 2)} . Calcule as coordenadas do vetor w (4, 7) em relação a essa base B, na qual v1 (2, 1) e v2 (1, 2) . Solução: w a1v1 a2 v2 Para determinar a1 e a 2 , utiliza-se a fórmula (5.8.4): w v1 (4, 7) (2, 1) 8 7 15 a1 3 v1 v1 (2, 1) (2, 1) 4 1 5 w v2 (4, 7) (1, 2) 4 14 10 a2 2 v2 v2 (1, 2) (1, 2) 1 4 5 Logo: ou w 3v1 2v2 wB (3, 2) Como se viu as coordenadas de w , na base canônica, são 4 e 7, enquanto na base B são 3 e 2. Obs.: No caso particular de B {v1 , v2 , , vn } ser uma base Ortonormal de V, os coeficientes a i do vetor w a1v1 ai vi an vn , pela fórmula (5.8.4), são dados por: a i w vi Pois, vi vi 1. Assim, w (w v1 )v1 (w v2 )vi (w vn )vn Exercícios Propostos: 1) Determinar o valor de m para que os vetores u (2, m, 3) e v (m 1, 2, 4) sejam ortogonais em relação ao produto interno usual do R 3 . 2) Seja V R 3 e o produto interno definido por: ( x1 , y1 , z1 ) ( x2 , y2 , z 2 ) 2x1 x2 3 y1 y2 z1 z 2 . Determinar um vetor unitário simultaneamente ortogonal aos vetores u (1, 2, 1) e v (1, 1, 1) . 3) O conjunto B {(1, 1), (2, b)} é uma base ortogonal de R 2 em relação ao produto interno definido por: ( x1 , y1 ) ( x2 , y2 ) 2x1 x2 y1 y2 Calcule o valor de b e a partir de B, calcule uma base ortonormal. 4) Considere o seguinte produto interno em P2 : p q a2 b2 a1b1 a0 b0 , sendo p a 2 x 2 a1 x a 0 e q b2 x 2 b1 x b0 . Dados os vetores p1 x 2 2 x 3 , p2 3x 4 e p3 1 x 2 , calcule: a) p1 p2 b) | p1 | e | p3 | c) | p1 p2 | Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 54 p2 d) | p2 | e) co-seno do ângulo entre p1 e p3 . Respostas: 1) m = 7/2. 2) ( 1 6 , 0, 2 1 , 3) B {( 3 6 ). 1 3 ), ( 1 6 , 2 4) (a) -18; (b) 14 e 2 ; (c) 6 )} 3 ; (d) 2 2 3 4 x ; (e) cos 5 5 5 6. TRANSFORMAÇÕES LINEARES Neste capítulo será estudado um tipo especial de função (ou aplicação), onde o domínio e o contradomínio são espaços vetoriais reais. Assim, tanto a variável dependente quanto a independente são vetores, por isso são chamadas funções vetoriais. Neste curso, o estudo será limitado ao estudo das funções vetoriais lineares, que serão denominadas de transformações lineares. Diz-se que T é uma transformação do espaço vetorial V no espaço vetorial W, e escreve-se T : V W . Sendo T uma função que a cada vetor v V tem apenas um vetor imagem w W , que será indicado por w T (v ) . Exemplo: seja a transformação T : R 2 R 3 que associa vetores v ( x, y) R 2 com vetores w ( x, y, z ) R 3 . Seja a lei que define a transformação T: T ( x, y ) (3x, 2 y, x y ) . Então, se v1 (2, 1) , tem-se: T (v1 ) T (2, 1) (3 2, 2 1, 2 1) (6, 2, 1) . 6.1 Definição Sejam V e W espaços vetoriais. Uma aplicação T : V W é chamada transformação linear de V em W se: I) T (u v ) T (u ) T (v ) ; II) T (u ) T (u ) para todo u , v V e para todo R . Obs.: uma transformação linear de V em V é chamada “Operador Linear”. Exemplo: A transformação T : R 2 R 3 , definida por T ( x, y ) (3x, 2 y, x y ) é linear Demonstração: I) Sejam u ( x1 , y1 ) e v ( x2 , y2 ) vetores genéricos de R 2 . Então: T (u v ) T ( x1 x2 , y1 y2 ) (3( x1 x2 ), 2( y1 y2 ), ( x1 x2 ) ( y1 y2 )) Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 55 T (u v ) (3x1 3x2 , 2 y1 2 y2 , x1 x2 y1 y2 ) T (u v ) (3x1 , 2 y1 , x1 y1 ) (3x2 , 2 y2 , x2 y2 ) T (u ) T (v ) II) Para todo o R e para todo u ( x1 , y1 ) R 2 , tem-se: T (u ) T (x1 , y1 ) (3x1 ,2y1 , x1 y1 ) (3x1 ,2 y1 , x1 y1 ) T (u ) . cqd. 6.2 Núcleo de uma Transformação linear Definição: chama-se núcleo de uma transformação linear T : V W ao conjunto de todos os vetores v V que são transformados em 0 W . Indica-se esse conjunto por N(T) ou ker(T): N (T ) {v V | T (v ) 0 W } Observe-se que N (T ) V e N (T ) , pois 0 N (T ) e T (0) 0 . Exemplos: 1) O núcleo da transformação linear T : R 2 R 2 , T ( x, y) ( x y, 2 x y) é o conjunto: N (T ) {( x, y ) | T ( x, y ) (0, 0)} x y 0 2 x y 0 o que implica em ( x y, 2 x y ) (0, 0) ou Sistema cuja solução é x = 0 e y = 0. Logo, N (T ) {( 0, 0)} 2) Seja a transformação linear T : R 3 R 2 , T ( x, y, z ) ( x y 4 z, 3x y 8z ) Neste caso, o núcleo é dado por: N (T ) {( x, y, z ) R 3 | T ( x, y, z ) (0, 0)} , isto é, um vetor ( x, y, z ) N (T ) se, e somente se, ( x y 4 z, 3x y 8 z ) (0, 0) ou Apostila de Álgebra Linear x y 4z 0 3x y 8 z 0 Prof. Airton Prati 2011 56 sistema homogêneo cuja solução é x 3z e y z . Logo, N (T ) {( 3z, z , z ) | z R} ou N (T ) {z (3, 1, 1) | z R} . Esse núcleo representa uma reta de R 3 que passa pela origem. 6.2.1 Propriedades do Núcleo 1) O núcleo de uma transformação linear T : V W é um subespaço vetorial de V. Demonstração: Sejam v1 e v2 vetores pertencentes ao núcleo N(T) e um número real qualquer. Então, T (v1 ) 0 e T (v2 ) 0 . Assim, I) T (v1 v2 ) T (v1 ) T (v2 ) 0 0 0 , isto é, (v1 v2 ) N (T ) . II) T (v1 ) T (v1 ) 0 0 , isto é, v1 N (T ) . cqd. 2) Uma transformação linear T : V W é injetora se, e somente se, N (T ) {0} . 6.3 Imagem Definição: chama-se imagem de uma transformação linear T : V W ao conjunto dos vetores w W que são imagem de pelo menos um vetor v V . Indica-se o conjunto imagem por Im(T) ou T(V).: Im( T ) {w W | T (v ) w} . Observe que Im( T ) W e Im(T ) , pois 0 T (0) Im( T ) . Se Im( T ) W , T é sobrejetora, isto é, para todo w W existe pelo menos um v V tal que T (v ) w . Exemplos: 1) Seja T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x, y, 0) a projeção ortogonal do R 3 sobre o plano xy. A imagem de T é o próprio plano xy: Im(T ) {( x, y, 0) R 3 | x, y R} Observe que o núcleo de T é o eixo-z: N (T ) {( 0, 0, z ) | z R} Pois T (0, 0, z ) (0, 0, 0) para todo z R . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 57 2) A imagem da transformação linear identidade I: V V definida por I (v ) v , v V , é todo o espaço V. O núcleo, neste caso, é N ( I ) {0} . 3) A imagem da transformação nula T : V W definida por T (v ) 0, v V , é o conjunto Im( T ) {0} . O núcleo, neste caso, é todo o espaço V. 6.3.1 Propriedades da Imagem A imagem de uma transformação linear T : V W é um subespaço de W. Demonstração: Sejam w1 e w2 vetores pertencentes a Im(T) e um número real qualquer. Deve-se mostrar que existem vetores v e u pertencentes a V tal que T (v ) w1 w2 e T (u ) w1 . Como w1 , w2 Im(T ) , existem vetores v1 , v2 V tais que T (v1 ) w1 e T (v2 ) w2 . Fazendo v v1 v2 e u v1 , tem-se: T (v ) T (v1 v2 ) T (v1 ) T v2 w1 w2 e T (u ) T (v1 ) T (v1 ) w1 . Portanto, Im(T) é um subespaço de W. cqd. 6.3.2 Teorema da Dimensão “Seja V um espaço de dimensão finita e T : V W uma transformação linear. Então, dim N(T)+dim Im(T) = dim V”. Exemplo: Determine o núcleo e a imagem do operador linear T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x 2 y z, y 2 z, x 3 y z ) e verifique o Teorema da Dimensão. Solução: a) N (T ) {( x, y, z ) R 3 | T ( x, y, z ) (0,0,0)} . De T ( x, y, z ) ( x 2 y z, y 2 z, x 3 y z ) (0,0,0) vem o sistema: x 2 y z 0 y 2z 0 x 3y z 0 Cuja solução geral é (5 z, 2 z, z ), z R . Logo, N (T ) {( 5 z,2 z, z ) | z R} {z (5,2, 1) | z R} [(5,2, 1)] b) Im(T ) {( a, b, c) R 3 | T ( x, y, z ) (a, b, c)} , isto é (a, b, c) Im( T ) se existir ( x, y, z ) R 3 tal que: ( x 2 y z, y 2 z, x 3 y z ) (a, b, c) Donde vem o sistema: Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 58 x 2 y z a y 2z b x 3y z c Que só terá solução se a b c 0 . Logo, Im(T ) {( a, b, c) R 3 | a b c 0} . Note que: dim N (T ) dim Im( T ) 1 2 3 , que é a dimensão do domínio R 3 . OBS.: De modo geral: “se T : V W é linear e {v1 , , v n } gera V, então {T (v1 ), , T (vn )} gera a Im(T)”. 6.3.3 Corolários Seja T : V W uma transformação linear. 1) Se dim V = dim W, então T é injetora se, e somente se, é sobrejetora. 2) Se dim V = dim W e T é injetora, então T transforma base em base, isto é, se B {v1 , , vn } é base de V, então T ( B) {T (v1 ), , T (vn )} é base de W. Demonstração: 1) De fato: T é injetora N (T ) {0} (propriedade 2 do Núcleo de T) 0 + dim Im(T) = dim V (Teorema da Dimensão) dim Im(T) = dim W (hipótese) Im(T) = W. T é sobrejetora. Reciprocamente: T é sobrejetora Im(T) = W dim Im(T) = dim W dim Im(T) = dim V (hipótese) dim N(T) = 0 (Teorema da Dimensão) N (T ) {0} T é injetora (propriedade 2 do Núcleo de T). cqd. Assim, numa transformação linear na qual dim V = dim W , se T é injetora (ou sobrejetora), então T é também bijetora (injetora e sobrejetora ao mesmo tempo). 2) De fato: como dim V = dim W = n, basta mostrar que T(B) é LI. Para tanto, considere a igualdade: a1T (v1 ) anT (vn ) 0 Ou pela linearidade de T: T (a1v1 an vn ) 0 Com T é injetora, vem: a1v1 an vn 0 Sendo B uma base, B é LI e, portanto: a1 a n 0 Logo, T(B) é uma base de W. cqd. 6.3.4 Isomorfismo Definição: Chama-se isomorfismo do espaço vetorial V no espaço vetorial W a uma transformação linear T : V W , que é bijetora. Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 59 Será visto mais adiante que a todo isomorfismo T : V W corresponde um isomorfismo inverso T 1 : W V . Exemplos: 1) O operador linear T : R 2 R 2 , T ( x, y) (2 x y, 3x 2 y) é um isomorfismo no R 2 . Como dim V = dim W = 2, basta mostrar que T é injetora (Corolário 1 de 3.3.3). De fato: N(T) = {(0,0)}, o que implica em T ser injetora. 2) O espaço vetorial R 2 é isomorfo ao subespaço W {( x, y, z ) R 3 | z 0} do R 3 ( W representa o plano xy de R 3 }. De fato, a aplicação T : R 2 W , tal que T(x, y) = (x, y, 0), é bijetora: pois a cada vetor (x,y) de R 2 corresponde um só vetor (x, y, 0) de W e, reciprocamente. Logo, R 2 e W são isomorfos. 6.4 Matriz de uma Transformação Linear Sejam T : V W uma transformação linear, A uma base de V e B uma base de W. Sem prejuízo da generalização, considere o caso em que dim V = 2 e dim W = 3. Sejam A {v1 , v2 } e B {w1 , w2 , w3 } bases de V e W, respectivamente. Um vetor v V pode ser expresso por: v x1v1 x2 v2 ou v A ( x1 , x2 ) E a imagem T (v ) por: T (v ) y1 w1 y 2 w2 y3 w3 (1) ou T (v ) B ( y1 , y 2 , y3 ) Por outro lado: T (v ) T ( x1v1 x2 v2 ) x1T (v1 ) x2T (v2 ) Sendo T (v1 ) e T (v2 ) vetores de W, eles são combinações lineares dos vetores de B: T (v1 ) a11w1 a21w2 a31w3 T (v2 ) a12 w1 a22 w2 a32 w3 Substituindo-se esses vetores em (2), vem T (v ) x1 (a11w1 a21w2 a31w3 ) x2 (a12 w1 a22 w2 a32 w3 ) Ou T (v ) (a11 x1 a12 x2 )w1 (a21 x1 a22 x2 )w2 (a31 x1 a32 x2 )w3 Comparando-se essa igualdade com (1), conclui-se: y1 a11 x1 a12 x2 y2 a21 x1 a22 x2 y3 a31 x1 a32 x2 (2) (3) (4) Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 60 Ou na forma matricial: y1 a11 y a 2 21 y3 a31 a12 x a 22 1 x a32 2 Ou simbolicamente: T (v )B T BA vA Sendo a matriz T B denominada matriz de T em relação às bases A e B. A Exemplo: Seja T : R 3 R 2 , T ( x, y, z ) (2 x y z, 3x y 2 z ) , linear. Considere as bases com e sendo v1 (1, 1, 1), v2 (0, 1, 1), v3 (0, 0, 1) A {v1 , v2 , v3 } , B {w1 , w2 } , w1 (2, 1) e w2 (5, 3) . a) Determinar T B . b) Se v (3, 4, 2) (coordenadas em relação a base canônica do R 3 ), calcule T (v ) B utilizando a matriz encontrada. A Solução: a) A matriz T B é de ordem 2 3: A T BA a11 a12 a21 a22 a13 a23 T (v1 ) T (1, 1, 1) (2, 2) a11 (2, 1) a21 (5, 3) 2a11 5a 21 2 a 4 11 a11 3a 21 2 a 21 2 T (v2 ) T (0, 1, 1) (0, 1) a12 (2, 1) a22 (5, 3) 2a12 5a 22 0 a 5 12 a12 3a 22 1 a 22 2 T (v3 ) T (0, 0, 1) (1, 2) a13 (2, 1) a23 (5, 3) 2a13 5a 23 1 a 13 12 a 22 5 a13 3a 23 2 Logo: 4 5 13 2 2 5 T BA Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 61 b) Sabe-se que: T (v )B T BA vA Como v está expresso com componentes na base canônica, teremos, primeiramente, que expressálo na base A. Seja v A (a, b, c) , isto é, a3 (3, 4, 2) a(1, 1, 1) b(0, 1, 1) c(0, 0, 1) ou a b 4 a b c 2 Sistema cuja solução é a = 3, b = -7 e c = 6, ou seja v A (3, 7, 6) . Portanto: 3 4 5 13 31 T (v )B 7 2 2 5 6 10 Ou T (v )B (31, 10) 6.5 Operações com Transformações Lineares 6.5.1 Adição Sejam T1 : V W e T2 : V W transformações lineares. Chama-se soma das transformações lineares T1 e T2 à transformação linear T1 T2 : V W tal que (T1 T2 )(v ) T1 (v ) T2 (v ), v V . Se A e B são bases de V e W, respectivamente, demonstra-se que: T1 T2 BA T1 BA T2 BA 6.5.2 Multiplicação por Escalar Sejam T : V W transformação linear e R . Chama-se produto de T pelo escalar à transformação linear T : V W tal que (T )(v ) T (v ), v V . Se A e B são bases de V e W, respectivamente, demonstra-se que: T BA T BA Exemplo: Sejam T1 : R 2 R 3 e T2 : R 2 R 3 transformações lineares definidas por Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 62 T1 ( x, y) ( x 2 y, 2x y, x) e T2 ( x, y) ( x, y, x y) . Determine: a) T1 T2 . b) 3T1 2T2 c) a matriz canônica de 3T1 2T2 e mostrar que 3T1 2T2 3T1 2T2 Solução: a) (T1 T2 )( x, y) T1 ( x, y) T2 ( x, y) ( x 2 y, 2x y, x) ( x, y, x y) (T1 T2 )( x, y) (2 y, 2x, 2x y) b) (3T1 2T2 )( x, y) (3T1 )( x, y) (2T2 )( x, y) 3T1 ( x, y) 2T2 ( x, y) (3T1 2T2 )( x, y) 3( x 2 y, 2x y, x) 2( x, y, x y) (3T1 2T2 )( x, y) (5x 6 y, 6x 5 y, x 2 y) 5 c) 3T1 2T2 6 1 6 1 5 3 2 1 2 2 1 1 2 0 0 1 0 1 3T1 2T2 1 6.5.3 Composição Sejam T1 : V W e T2 : W U transformações lineares. Chama-se aplicação composta de T1 e T2 , e se representa por T2 T1 , à transformação linear T2 T1 : V U tal que (T2 T1 )(v ) T2 (T1 )(v ), v V Se A, B e C são bases de V, W e U, respectivamente, demonstra-se que: T2 T1 CA T2 CB T1 BA Exemplo: Sejam S e T operadores lineares em R 2 definidos por S ( x, y ) (2 x, y ) e T ( x, y ) ( x, x y ) . Determinar: Apostila de Álgebra Linear a) b) c) d) Prof. Airton Prati 2011 63 S T T S SS T T Solução: a) ( S T )( x, y ) S (T ( x, y )) S ( x, x y ) (2 x, x y ) Observe que: S T 2 0 2 0 1 0 S T 1 1 0 1 1 1 b) (T S )( x, y ) T ( S ( x, y )) T (2 x, y ) (2 x, 2 x y ) . Observe que S T T S . Isso geralmente ocorre. c) ( S S )( x, y ) S ( S ( x, y )) S (2 x, y ) (4 x, y ) d) (T T )( x, y ) T (T ( x, y )) T ( x, x y ) ( x, y ) . As transformações S S e T T são também representadas por S 2 e T 2 6.6 Transformações Lineares Planas Entende-se por transformações lineares planas as transformações de R 2 em R 2 . A seguir, serão vistas algumas de especial importância e suas interpretações geométricas. 6.6.1 Reflexões a) Reflexão em torno do eixo dos x. Essa transformação linear leva cada ponto (x, y) para sua imagem (x, -y), simétrica em relação ao eixo dos x. Demonstra-se que as reflexões são transformações lineares. T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) ( x, y ) , sendo sua Essa transformação particular é matriz canônica: 1 0 0 1 1 0 x x ou seja 0 1 y y b) Reflexão em torno do eixo dos y. Essa transformação particular é matriz canônica: 1 0 0 1 T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) ( x, y ) , sendo sua Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 64 1 0 x x ou seja y y 0 1 c) Reflexão na origem. Essa transformação particular é matriz canônica: T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) ( x, y ) , sendo sua 1 0 0 1 1 0 x x ou seja 0 1 y y 6.6.2 Dilatações e Contrações a) Dilatação ou contração na direção do vetor. Essa transformação particular é sua matriz canônica: T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) ( x, y ), R , sendo 0 0 0 x x ou seja 0 y y OBS.: Se 1 T dilata o vetor; Se 1 T contrai o vetor; Se 1 T é a identidade I; Se 0 T troca o sentido do vetor. b) Dilatação ou contração na direção do eixo dos x. Essa transformação particular é sua matriz canônica: 0 ou seja 0 T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) (x, y ), 0 , sendo 0 1 0 x x 1 y y Essa transformação é também chamada dilatação ou contração na direção 0x (ou horizontal) de um fator . Apostila de Álgebra Linear OBS.: Prof. Airton Prati 2011 65 Se 1 T dilata o vetor; Se 0 1 T contrai o vetor; c) Dilatação ou contração na direção do eixo dos y. Essa transformação particular é sua matriz canônica: T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) ( x, y ), 0 , sendo 1 0 0 1 0 x x ou seja 0 y y OBS.: Se, nesse caso, fizermos 0 , teríamos T ( x, y ) ( x, 0) e T seria a projeção ortogonal do plano sobre o eixo dos x. 6.6.3 Cisalhamentos a) Cisalhamento na direção do eixo dos x. Essa transformação particular é matriz canônica: T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) ( x y, y ) , sendo sua 1 0 1 1 x x y ou seja 0 1 y y Considere a figura abaixo. O efeito do cisalhamento é transformar o retângulo OAPB no paralelogramo OAP’B’, de mesma base e mesma altura. Esse cisalhamento é também chamado cisalhamento horizontal de fator . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 66 b) Cisalhamento na direção do eixo dos y. T : R 2 R 2 tal que T ( x, y ) ( x, y x) , sendo sua Essa transformação particular é matriz canônica: 1 1 ou seja 0 1 0 x x 1 y y x Esse cisalhamento é também chamado cisalhamento vertical de fator . 6.6.4 Rotação A rotação do plano em torno da origem (Figura abaixo), que faz cada ponto descrever um ângulo , determina uma transformação linear T : R 2 R 2 cuja matriz canônica é: cos T sen sen cos As imagens dos vetores e1 (1, 0) e e2 (0,1) , Figura da direita acima, são: T (e1 ) (cos , sen ) T (e2 ) (sen , cos ) Isto é, T (e1 ) (cos )e1 (sen )e2 T (e2 ) (sen ) e1 ( cos )e2 Portanto, a matriz da transformação T é: Apostila de Álgebra Linear T cos sen Prof. Airton Prati 2011 67 sen cos Essa matriz chama-se matriz de rotação de um ângulo , 0 2 , e é a matriz canônica da transformação linear T : R 2 R 2 , T ( x, y ) ( x cos ysen , xsen y cos ) . Exemplo: Obtenha a imagem do vetor v (4, 2) pela rotação / 2 . Solução: cos / 2 sen / 2 sen / 2 cos / 2 T (4, 2) 4 0 1 4 2 2 1 0 2 4 6.7 Transformações Lineares no Espaço Entende-se por transformações lineares no espaço as transformações de R 3 em R 3 . Dentre as diversas transformações lineares em R 3 , examinaremos as reflexões e as rotações. 6.7.1 Reflexões a) Reflexão em aos planos coordenados. A reflexão em relação ao plano xOy é transformação linear que leva cada ponto (x, y, z) para sua imagem (x, y, -z), simétrica em relação ao plano xOy. Assim essa transformação é definida por:. T ( x, y , z ) ( x, y , z ) E sua matriz canônica é: 1 0 0 0 1 0 0 0 1 As reflexões em relação aos planos xOz e yOz têm, respectivamente, as seguintes matrizes canônicas: 1 0 0 0 1 0 0 0 1 1 0 0 0 1 0 0 0 1 a) Reflexão em aos eixos coordenados. A reflexão em torno do eixo dos x é o operador linear T : R 3 R 3 definido por:. T ( x, y , z ) ( x, y , z ) E sua matriz canônica é: 1 0 0 0 1 0 0 0 1 Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 68 De forma análoga, T ( x, y, z ) ( x, y, z ) e T ( x, y, z ) ( x, y, z ) definem as reflexões em relação aos eixos Ou e Oz, respectivamente. a) Reflexão na origem. A reflexão na origem é o operador linear T : R 3 R 3 definido por:. T ( x , y , z ) ( x, y , z ) E sua matriz canônica é: 1 0 0 0 1 0 0 0 1 6.7.1 Rotações a) Rotação em torno do eixo dos z. Dentre as rotações do espaço ressaltamos a rotação do eixo dos z, que faz cada ponto descrever um ângulo . Esse operador linear é definido por:. T ( x, y, z ) ( x cos ysen , xsen y cos , z ) E sua matriz canônica é: cos sen 0 sen cos 0 0 0 1 OBS>: O ângulo corresponde ao ângulo central cujos lados interceptam, na circunferência de centro O , um arco de medida . Esse ângulo não é o ângulo formado pelos vetores v e T (v ). Exercícios Propostos Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 69 1) Verifique se a transformação é linear: a) T : R 2 R 3 , definida por T ( x, y ) ( x y, 2 x y, 0) ; b) T : R 2 R 2 , definida por T ( x, y ) ( x 2, y 3) ; c) T : R 2 R , definida por T ( x, y) x . 2) T : R3 R3 Considere o operador linear T ( x, y , z ) ( x 2 y 2 z , x 2 y z , x y 4 z ) . a) Determinar o vetor u R 3 tal que T (u ) (1, 8, 11) ; b) Determinar o vetor v R 3 tal que T (v ) v . definido por 3) Sabendo-se que T : R 2 R 3 é uma transformação linear e que T (1, 1) (3, 2, 2) e T (1, 2) (1, 1, 3) . Determinar T(x, y). 4) Seja T : R 3 R 2 uma transformação linear e B {v1 , v2 , v3 } uma base do R 3 , sendo v1 (0, 1, 0) , v2 (1, 0, 1) e v3 (1, 1, 0) . Determinar T (5, 3, 2) , sabendo-se que T (v1 ) (1, 2) , T (v2 ) (3, 1) e T (v3 ) (0, 2) 5) Seja T : R 3 R 2 uma transformação linear tal que T (e1 ) (1, 2) , T (e2 ) (0, 1) T (e3 ) (1, 3) , {e1 , e2 , e3 } a base canônica de R 3 . e a) Determine o N(T) e uma de suas bases. T é injetora? b) determine Im(T) e uma de suas bases. T é sobrejetora? 6) Seja T : R 3 R 2 , T ( x, y, z ) (2 x y z, 3x y 2 z ) , linear. A {v1 , v2 , v3 }, com v1 (1, 1, 1), v2 (0, 1, 1), v3 (0, 0, 1) e w1 (1, 0) e w2 (0, 1) ou seja a base canônica: Considere as bases B {w1 , w2 } , sendo a) Determine T B . b) Se v (3, 4, 2) , calcule T (v ) B , utilizando a matriz encontrada. A 7) Determinar a matriz da transformação linear de R 2 em R 2 que representa um cisalhamento por um fator 2 na direção horizontal seguida de uma reflexão em torno do eixo dos y. 8) Calcular o ângulo formado pelos vetores v e T( v) quando o espaço gira em torno do eixo dos z de um ângulo , nos seguintes casos: a) 180 e v (3, 0, 3) ; b) 90 e v ( 3 2 2 Respostas: 1) (a) sim; (b) não; (c) não. , 2 2 , ); 4 2 Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 70 2) (a) u (1, 2, 3) ; (b) v z (2, 1, 1), z R . 3) T ( x, y ) (7 x 4 y, 3x y, x y ) . 4) T (5, 3, 2) (10, 20) . 5) (a) N (T ) {( z, 5 z, z ) | z R} e T não é injetora; (b) Im(T ) T (1,0,0), T (0,1,0), T (0,0,1) e T é sobrejetora. 4 5 13 A 6) (a) T B ; 2 2 5 31 (b) T (v )B 10 1 2 7) 1 0 8) (a) 90 ; (b) 60 . 7. OPERADORES LINEARES No capítulo anterior foi dito que as transformações lineares T de um espaço vetorial V em si mesmo, isto é, T : V V , são chamadas operadores lineares sobre V. 7.1 Operadores Lineares 7.1.1 Definição As transformações lineares T de um espaço vetorial V em si mesmo, isto é, T : V V , são chamadas operadores lineares sobre V. 7.1.2 Operadores Inversíveis Definição:Um operador T : V V associa a cada vetor v V um vetor T (v ) V . Se por meio de outro operador S for possível inverter essa correspondência, de tal modo que a cada vetor transformado T (v ) se associe o vetor de partida v , diz-se que S é operador inverso de T, e se indica por T 1 . 7.1.2.1 Propriedades dos Operadores Inversíveis Seja T : V V um operador linear. I) Se T é inversível e T 1 é seu inverso, então: T T 1 T 1 T I (identidade). II) T é inversível se, e somente se, N (T ) {0} . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 71 III) Se T é inversível, T transforma base em base, isto é, se B é uma base de V, T(B) também é base de V. IV) Se T é inversível e B uma base de V, então T 1 : V V é linear e: T 1 B T B 1 isto é, a matriz do operador linear inverso numa certa base B é a inversa da matriz do operador T nessa mesma base. Exemplo 7.1.1 - Seja o operador linear em R 2 definido por: T(x, y) = (4x-3y, -2x+2y). a) Mostrar que T é inversível . b) Encontrar uma regra para T 1 como a que define T. Solução: 4 3 a) A matriz canônica de T é T . Como det [T] = 2 0, T é inversível. 2 2 1 1 32 4 3 1 1 b) T T 2 2 1 2 Logo: T 1 x 1 3 x x 32 y 1 3 ( x, y) T 1 2 ou T ( x, y) ( x 2 y, x 2 y) y 1 2 y x 2 y 7.2 Mudança de Base Sejam A e B bases de um espaço vetorial V. Pretende-se relacionar as coordenadas de um vetor v em relação à base A com coordenadas do mesmo vetor v em relação à base B. Para simplificar, considere o caso em que dimV = 3. O problema para espaços de dimensão n é análogo. Sejam as bases A {v1 , v2 , v3 } e B {w1 , w2 , w3 } . Dado um vetor v V, este será combinação linear dos vetores da base A e B. Assim, v x1v1 x2 v2 x3 v3 ou v A ( x1 , x2 , x3 ) v y1 w1 y 2 w2 y3 w3 ou v B ( y1 , y 2 , y3 ) . e (1) (2) Por sua vez, os vetores da base A podem ser escritos em relação à base B, isto é: v1 a11w1 a21w2 a31w3 v2 a12 w1 a22 w2 a32 w3 v3 a13 w1 a23 w2 a33 w3 Substituindo (3) em (1), resulta: (3) Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 72 v x1 (a11w1 a21w2 a31w3 ) x2 (a12 w1 a22 w2 a32 w3 ) x3 (a13 w1 a23 w2 a33 w3 ) Ou v (a11 x1 a12 x2 a13 x3 )w1 (a21 x1 a22 x2 a23 x3 )w2 (a31 x1 a32 x2 a33 x3 )w3 (4) Comparando (4) com (2), resulta: y1 a11 x1 a12 x 2 a13 x3 y 2 a 21 x1 a 22 x 2 a 23 x3 y 3 a31 x1 a32 x 2 a33 x3 Ou na forma matricial: y1 a11 y a 2 21 y3 a31 I BA a11 a 21 a12 a 22 a32 a13 x1 a 23 x2 a33 x3 a12 a 22 v1 v2 Ou, ainda v B I BA v A Sendo a matriz: I A B a11 a12 a 21 a 22 a31 a32 a13 a 23 a33 Chamada Matriz de Mudança de Base de A para B. Note que o papel dessa matriz é transformar as componentes de um vetor v na base A em componentes do mesmo vetor na base B. Observações: 1) Comparando a matriz I B com (3), observe que cada coluna, pela ordem, é formada pelas componentes dos vetores da base A em relação à base B, isto é, A a11 v1 B a21 , a31 a12 v2 B a22 e a32 a13 v3 B a23 a33 2) A matriz I B é também conhecida com matriz de transição de A para B. A Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 73 3) A matriz I B é, na verdade, a matriz do operador linear identidade I: V V considerado nas bases A e B. A 4) A matriz I B , por transformar os vetores linearmente independentes da base A nos vetores linearmente independentes da base B, é inversível. Portanto, da equação A v B I BA v A Pode-se obter: v A I BA v B 1 Donde se conclui que I A 1 B I A B Isto é, a inversa da matriz mudança de base de A para B é a matriz mudança de base B para A. Exemplo 7.1.2 - Sejam as bases A {v1 , v2 } e B {w1 , w2 } do R 2 , onde v1 (2, 1) , v2 (1, 1) e w1 (1, 0) , w2 (2, 1) . a) Determinar a matriz mudança de base de A para B. 4 A b) Utilizar a matriz I B para calcular v B , sabendo-se que v A . 3 Solução: a) pretende-se calcular: a a I BA 11 12 a 21 a 22 v1 v2 Expresse os vetores da base A em relação à base B: v1 (2, 1) a11 (1, 0) a21 (2, 1) a11 2a 21 2 a 21 1 a11 4 e a21 1 , v2 (1, 1) a12 (1, 0) a22 (2, 1) a12 2a 22 1 a 22 1 Logo, ou isto é, v1 B 4 1 isto é, v2 B 3 1 ou a12 3 e a22 1, Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 74 4 3 1 1 I BA b) Sabendo-se que: v B I BA v A e v A 4 3 Obtém-se: 4 3 4 1 1 3 v B v B 7 1 Obs.: Caso se queira v na base canônica, basta fazer: v 7(1, 0) 1(2, 1) (5, 1) . v 4(2, 1) 3(1, 1) (5, 1) ou A Se o problema fosse apenas calcular v B a partir de v A , sem utilizar a matriz I B , bastaria determinar o vetor v na base canônica, isto é, v (5, 1) e, depois, resolver a equação: (5, 1) a1 (1, 0) a2 (2, 1) para encontrar a1 7 e a2 1 . 7.2.1 Outra forma de determinação da Matriz Mudança de Base A matriz mudança de base I B pode ser determinada de uma forma diferente. Valendo-se das bases A e B do exemplo anterior e sendo C {(1, 0), (0, 1)} a base canônica, vem: A 2 1 1 1 I CA e I CB 1 2 0 1 Assim, a matriz mudança de base de uma base qualquer para a canônica é a matriz que se obtém A B daquela base dispondo seus vetores em colunas. Faça I C A e I C B . Levando em conta o que foi visto em 6.5.3, pode-se escrever: I BA I I BA I CB I CA I CB I CA B 1 A 1 Então, para as bases B e A dadas, tem-se: I A B 1 2 B A 0 1 1 1 2 1 1 2 2 1 4 3 1 1 0 1 1 1 1 1 7.2.1 Aplicações da Matriz-Rotação Foi visto que a matriz rotação de um ângulo é: Apostila de Álgebra Linear cos sen Prof. Airton Prati 2011 75 sen cos Observe que as imagens de (1, 0) e (0, 1), pela rotação de , são: cos sen sen 1 cos cos sen 0 sen e sen cos 1 cos respectivamente. cos 0 sen Portanto, a base P {u1 , u2 } , sendo u1 (cos , sen ) e u2 (sen , cos ) , é obtida da base canônica C {eˆ1 , eˆ2 }, sendo eˆ1 (1, 0) e eˆ2 (0, 1) , pela rotação de um ângulo . Assim, como a base canônica C determina o sistema de coordenadas retangulares xOy, a base P determina também um sistema de coordenadas retangulares x Oy que provém do sistema xOy por meio da rotação de um ângulo . Conseqüentemente, cada ponto R ou cada vetor v do plano possui coordenadas (x, y) em relação ao sistema xOy e ( x , y ) em relação ao sistema x Oy . A matriz rotação pode ser encarada como matriz mudança de base de P para C, isto é, I CP Pois, cos sen sen cos (cos , sen ) cos (1, 0) sen (0, 1) ( sen , cos ) sen (1, 0) cos (0, 1) Exemplo 7.1.3 - Para =90, tem-se a base: P {(cos 90, sen90), ( sen90, cos 90)} {( 0, 1), (1, 0)} E, portanto: I CP 0 1 1 0 Considerando o vetor vP (4, 2) , o vetor v na base canônica é: 0 1 4 2 1 0 2 4 v C I CP v P Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 76 No caso de mudança de base de C para P, já foi visto que: I C P I P 1 C cos sen sen cos 1 cos sen sen cos Exemplo 7.1.4 Para uma rotação de 45 no sistema xOy, o vetor v ( x, y ) (4, 2) na base canônica será v P ( x , y ) (3 2 , 2 ) na base P. De fato: sen 45 sen 45 cos 45 v P cos 45 2 4 2 2 2 2 2 2 4 3 2 2 2 2 2 7.3 Matrizes Semelhantes Definição: Seja T : V V um operador linear. Se A e B são bases de V e T A e T B as matrizes que representam o operador T nas bases A e B, respectivamente, então: T B I BA T A I BA 1 Sendo I A a matriz mudança de base de B para a base A. As matrizes T A e T B são chamadas semelhantes. Pode-se afirmar ainda que duas matrizes T A e T B são semelhantes quando definem em V um mesmo operador linear T. Mais precisamente, duas matrizes T A e T B são semelhantes quando existir uma matriz M tal que B T B M 1 T A M 7.3.1 Propriedades As matrizes semelhantes T A e T B possuem o mesmo determinante, isto é, detT B detT A Problemas Resolvidos. 1) Sejam T : R 2 R 2 um operador linear e as bases A {( 3, 4), (5, 7)} e B {(1, 1), (1, 1)} . E seja: 2 4 T A 2 1 A matriz de T na base A. Calcule T B pela relação: T B M 1 T A M na qual M é a matriz mudança de base de B para A. Solução: Necessita-se da matriz M que será calculada pela relação: M I A A 1 B , isto é, B Apostila de Álgebra Linear 3 5 M 4 7 1 Prof. Airton Prati 2011 1 1 7 5 1 1 2 12 1 1 4 3 1 1 1 7 77 e M 1 7 2 6 1 1 2 Logo: 7 2 6 2 4 2 12 5 8 2 12 M 1 7 1 1 1 7 1 2 1 1 2 T B M T A 1 T B 2 4 1 5 As matrizes T A e T B são semelhantes, pois detT B detT A . Ou seja detT B 2 4 10 4 6 1 5 detT A 2 4 2 8 6 2 1 e 2) Seja o operador T : R 2 R 2 definido por: T ( x, y ) (2 x 9 y, x 2 y ) . Determinar T , a matriz canônica de T, e a seguir utilizar a relação T B M 1 T A M para transformá-la na matriz de T na base B {( 3, 1), (3, 1)} . Solução: Da definição de T, obtém-se imediatamente: T 2 9 1 2 A matriz M de mudança de base de B para a canônica A, é dada por: 1 0 M 0 1 1 3 3 1 0 3 3 3 3 1 1 0 1 1 1 1 1 e M 1 Portanto: 1 6 1 6 1 2 1 2 M I A A 1 B ou B Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 1 M 6 1 6 T B M 1 T A 2011 1 5 2 2 9 3 3 6 1 1 2 1 1 1 2 6 78 5 2 3 3 1 1 1 2 T B 5 0 0 1 7.4 Operador Ortogonal Definição: Seja V um espaço vetorial euclidiano. Um operador linear T : V V é ortogonal se preservar o módulo de cada vetor de V, isto é, T (v ) v Exemplos: R 2 , com o produto interno 3 3 4 4 T ( x, y ) x y, x y é ortogonal. 5 5 5 5 1) No usual, o operador linear definido por: De fato: 2 2 3 4 16 2 24 9 2 9 2 24 16 2 4 3 T ( x, y ) x y x y x xy y x xy y 5 5 25 25 25 25 25 25 5 5 T ( x, y) 25 2 25 2 x y x 2 y 2 ( x, y) , ( x, y) R 2 25 25 2) Considere o R 2 com o produto interno usual. A rotação do plano de um ângulo dada por: T ( x, y ) ( x cos ysen , xsen y cos ) é ortogonal. Verifique. 3) No R 3 , com o produto interno usual, o operador linear dado por: T ( x, y, z ) ( y, x, z ) é ortogonal. De fato: T ( x, y, z) ( y) 2 x 2 ( z) 2 x 2 y 2 z 2 ( x, y, z) 7.4.1 propriedades do Operador Ortogonal I) Seja T : V V um operador ortogonal sobre o espaço euclidiano V. Então, a inversa da matriz de T coincide com sua transposta, isto é, T 1 T T Exemplo: cos 1) A matriz rotação de : T sen sen 1 T é ortogonal. Logo, T T . Verifique. cos II) O determinante de uma matriz ortogonal é 1 ou 1 . Verifique usando o exemplo anterior. III) Todo o operador linear ortogonal T : V V preserva o produto interno de vetores, isto é, para quaisquer vetores u , v V , tem-se: u v T (u ) T (v ) Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 79 IV) A composta de duas transformações ortogonais é uma transformação ortogonal ou, equivalentemente, o produto de duas matrizes ortogonais é uma matriz ortogonal. V) As colunas ou linhas de uma matriz ortogonal são vetores ortonormais. 7.5 Operador Simétrico Definição: Diz-se que um operador linear T : V V é simétrico se a matriz que o representa numa base ortonormal A é simétrica, isto é, se: T A T T A Observações: 1) Demonstra-se que a matriz do operador simétrico é sempre simétrica, independente da base ortonormal do espaço. Em nosso estudo só trabalharemos com bases canônicas. 2) O operador simétrico é também chamado operador auto-adjunto. Exemplos: 1) O operador linear T : R 2 R 2 , T ( x, y ) (2 x 4 y, 4 x y ) é simétrico. Mostre. 2) No R 3 , o operador T definido por: T ( x, y, z ) ( x y, x 3 y 2 z, 2 y ) é simétrico. Verifique. 7.5.1 Propriedades Seja V um espaço vetorial euclidiano. Se T : V V é um operador simétrico, então para quaisquer vetores u , v V , tem-se: T (u ) v u T (v ) Exemplo: Seja o operador simétrico, no R 2 , definido por: T ( x, y ) ( x 3 y, 3x 4 y ) . Considere os vetores: u (2, 3) e v (4, 2) . Demonstre a propriedade acima. Solução: T (u ) T (2, 3) (11, 6) T (v ) T (4, 2) (10, 4) T (u ) v (11, 6) (4, 2) 44 12 32 e mas, T (v ) u (10, 4) (2, 3) 20 12 32 . Logo, T (u ) v u T (v ) Exercícios Propostos: 1) A seguir são dados operadores lineares T em R 2 e em R 3 . Verificar quais são inversíveis e, nos casos afirmativos, determinar uma fórmula para T 1 . a) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) (3x 4 y, x 2 y ) b) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) ( x 2 y, 2 x 3 y ) c) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) (2 x y, 4 x 2 y ) d) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x y 2 z, y z, 2 y 3z ) Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 80 e) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x y z, x 2 y, z ) f) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x, x z, x y z ) 2) Seja o operador linear T : R R definido pela matriz: 3 3 1 0 1 2 1 1 . 0 0 1 a) Determine a lei que define o operador T 1 . b) Utilize a matriz T ou T 1 para obter o vetor v R 3 tal que T (v ) (2, 3, 0) . 3) Considere as seguintes bases de R 2 : A = {(1, 1), (0, -1)} e B = {(2, -3), (-3, 5)}. A a) Determine a matriz mudança de base I B . b) Utilize a matriz obtida no item (a) para calcular v B , sendo v A (2, 3) . c) Determinar a matriz mudança de base de B para A. 4) Sejam B {(1, 0), (0, 1)} , B1 {(1, 1), (1, 0)} , B2 {( 1, 1), (2, 3)} e B3 {( 2, 1), (5, 1)} , bases de R 2 . I BB1 , I BB1 , I BB2 , I BB2 e I BB32 . a) Determinar as matrizes mudança de base: b) Determinar o vetor coordenada de v (3, 4) em relação as bases B , B1 , B2 e B3 . 7 6 A 5) Sabendo que I B e A {(1, 3), (2, 4)} , determinar a base B. 11 8 6) Em relação aos operadores dados, determinar primeiramente a matriz de T na base A e, a seguir< utilizar a relação entre matrizes semelhantes para calcular a matriz de T na base B. a) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) ( x 2 y, x y ) ; A {(1, 1), (1, 2)} e B {(1, 3), (0, 2)} b) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) (2 x 3 y, x y ) ; A {(1, 0), (0, 1)} e B {( 3, 0), (2, 1)} c) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) (7 x 4 y, 4 x y ) ; A é a base canônica e B {(2, 1), (1, 2)} d) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x 2 y 2 z, y, 2 y 3z ) ; A é a base canônica e B {( 0, 1, 1), (1, 0, 0), (1, 0, 1)} . 7) Quais dos seguintes operadores são ortogonais? a) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) ( 1 x 1 y, 2 2 2 2 b) T : R R , T ( x, y ) ( y, x) c) T : R 2 R 2 , T ( x, y ) ( x y, x y ) d) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( z, x, y ) e) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x, y, z ) 1 2 x 1 2 y) 8) Determinar a e b para que os seguintes operadores sejam simétricos: a) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) (3x 2 y, ax y 3z, by z ) b) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x 2 z, ax 4 y bz, 2 x 3 y z ) Respostas: 1) a) T 1 ( x, y ) ( x 2 y, 1 3 x y ) b) T 1 ( x, y) (3x 2 y, 2 x y) c) T não é inversível. 2 2 Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati d) T 1 ( x, y, z ) ( x y z, 3 y z, 2 y z ) 2011 81 e) T 1 ( x, y, z ) (2 x y 2 z, x y z, z ) f) T não é inversível. 2) a) T 1 ( x, y, z ) ( x z, 2 x y z, z ) . b) v (2, 7, 0) 8 3 A 3) a) I B ; 5 2 b) vB (7, 4) ; 2 3 B c) I A 5 8 0 1 1 2 1 1 B 4) a) I B1 , I BB1 I BB2 1 0 1 1 1 3 8 17 I BB32 3 6 b) vB (3, 4) , v B1 (4, 7) , v B2 (1, 1) , v B3 ( 233 , 113 ) I BB 2 3 2 1 1 5) B {( 3, 2), (2, 1)} 0 3 6) a) T A , 1 2 2 3 b) T A , 1 1 5 4 19 2 7 0 53 3 3 T B T B 7 4 c) T , 4 1 1 2 2 d) T 0 1 0 , 0 2 3 7) a) é ortogonal; e) é ortogonal; 8) a) a = -2 e b = -3; T B 9 0 0 1 T B 1 0 0 0 1 0 0 0 3 b) é ortogonal; c) não é ortogonal; b) a = 0 e b= -3. d) é ortogonal; Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 82 8. AUTOVETORES E AUTOVALORES 8.1 Definição de autovetor e autovalor Seja T : V V um operador linear. Um vetor v V , v 0 , é um autovetor do operador T se existir R tal que T (v ) v . O número real tal que T (v ) v é denominado autovalor de T associado ao autovetor v . Observações: a) como se vê pela definição, um vetor v 0 é autovetor se a imagem T (v ) for um múltiplo escalar de v . No R 2 e R 3 , dir-se-ia que v e T (v ) têm a mesma direção. Assim, dependendo do valor de , o operador T dilata v , contrai v , inverte o sentido de v ou o anula se no caso em que = 0. b) Os autovalores são também denominados vetores característicos ou vetores próprios. c) Os autovalores são também denominados valores característicos ou valores próprios. Exemplos: 1) O vetor v (5, 2) é autovetor do operador linear T : R 2 R 2 , T ( x, y ) (4 x 5 y, 2 x y ) associado ao autovalor = 6, pois: T (v ) T (5, 2) (30, 12) 6(5, 2) 6v . 2) Na simetria definida no R 3 por T (v ) v , qualquer vetor v 0 é autovetor associado ao autovalor = -1. 8.2 Determinação dos Autovalores e dos Autovetores 8.2.1 Determinação dos Autovalores Seja o operador linear T : R 3 R 3 , cuja matriz canônica é: a11 A a 21 a31 a12 a 22 a32 a13 a32 a33 Isto é, A T . Se v e são, respectivamente, autovetor e correspondente autovalor do operador T, tem-se: ( v é matriz coluna 31) A v v Ou A v v 0 Tendo em vista que v I v (I é a matriz identidade), pode-se escrever: ( A I )v 0 Para que esse sistema admita soluções não nulas, isto é, Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 83 x 0 v y 0 z 0 Deve-se ter: det( A I ) 0 (8.2.1) Ou a11 det a 21 a 31 a12 a 22 a32 a13 0 0 a32 0 0 0 a33 0 0 Ou ainda, a12 a13 a11 det a 21 a 22 a32 0 a31 a32 a33 (8.2.2) A equação det( A I ) 0 é denominada equação característica do operador T ou da matriz A, e suas raízes são os autovalores do operador T ou da matriz A. O determinante det( A I ) 0 é um polinômio em denominado polinômio característico. 8.2.2 Determinação dos Autovetores A substituição de pelos seus valores no sistema homogêneo de equações lineares (8.2.1) permite determinar os autovetores associados. Problemas resolvidos 1) Determinar os autovalores e os autovetores do operador linear T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) (3x y z, x 5 y z, x y 3z ) Solução A matriz canônica do operador T é: 3 1 1 A 1 5 1 1 1 3 A equação característica do operador T é: 3 1 1 det( A I ) 1 5 1 0 1 1 3 Resolvendo o determinante e efetuando algumas operações algébricas, chega-se a equação: 3 112 36 36 0 (8.2.3) Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 84 As soluções inteiras da equação característica (8.2.3), caso existam, são múltiplas do termo independente -36. Com as devidas substituições na equação acima se constata que 2 é uma delas. Assim, após divisão da equação (8.2.3) pelo fator (-2), resulta: ( 2)(2 9 18) 0 E, portanto, as demais raízes são solução da equação: 2 9 18 0 Logo, os autovalores do operador T são: 1 2 , 2 3 e 3 6 . O sistema de equações lineares que permite a determinação dos autovetores associados é: det( A I ) 0 . x Considerando v y , o sistema fica: z 1 x 0 3 1 1 5 1 y 0 1 1 3 z 0 (8.2.4) Substituindo por 2 no sistema (8.2.4), obtêm-se os autovetores associados a 1 2 . 1 1 1 x 0 1 3 1 y 0 1 1 1 z 0 Isto é, x yz 0 x 3 y z 0 x yz 0 O sistema admite infinitas soluções próprias do tipo: z = -x y = 0. Assim os vetores do tipo v1 ( x, 0, x) x(1, 0, 1) , com x 0 , são autovetores associados o autovalor 1 2 . De maneira semelhante, os autovetores associados aos demais autovalores, são: 2 3 v2 x(1, 1, 1) , com x 0 . v3 x(1, 2, 1) , com x 0 . 3 6 . 2) Determinar os autovalores e os autovetores da matriz: 4 5 A 2 1 Solução: A equação característica de A é: Apostila de Álgebra Linear det( A I ) Prof. Airton Prati 2011 85 4 5 0 2 1 Isto é: (4 )(1 ) 10 0 ou 2 5 6 0 Cujas raízes são: 1 6, 2 1 . Que são os autovalores da matriz A. O sistema homogêneo de equações lineares que permite a determinação dos autovetores associados é: 5 x 0 4 ( A I ) v 0 1 y 0 2 (8.2.5) Substituindo por 6 no sistema 8.2.5), obtém-se os autovetores associados ao autovalor 1 6 : 2 5 x 0 2 5 y 0 Isto e: 2 x 5 y 0 2x 5 y 0 O sistema admite uma infinidade de soluções próprias: y 2 x. 5 2 2 Assim, os vetores do tipo v1 ( x, x) x(1, ) , com x 0, ou, ainda, v1 x(5, 2) são autovetores 5 5 associados ao autovalor 1 6 . Substituindo-se por -1 no sistema (8.2.5), obtém-se os autovetores associados ao autovalor 2 1 . 5 5 x 0 2 2 y 0 Isto é: 5 x 5 y 0 2 x 2 y 0 y x . O sistema admite uma infinidade de soluções próprias: Assim, os vetores do tipo v2 ( x, x) x(1, 1) , com x 0, são autovetores associados ao autovalor 2 1 . 3) Determinar os autovalores e os autovetores da matriz: 16 10 A 16 8 Solução: A equação característica de A é: Apostila de Álgebra Linear det( A I ) Prof. Airton Prati 2011 86 16 10 0 16 8 Isto é: (16 )(8 ) 160 0 ou 2 8 32 0 Cujas raízes são: 1 4 4i, 2 4 4i . Portanto, como só estamos considerando autovalores reais e as raízes são complexas, diz-se que a matriz A não tem autovalores e nem autovetores reais. 8.3 Propriedades dos Autovalores e dos Autovetores I) Se v é autovetor associado ao autovalor de um operador linear T, o vetor v , para todo real 0, é também autovetor de T associado ao mesmo . T (v ) T (v ) (v ) (v ) De fato: T (v ) v e autovetor associado ao autovalor . o que prova que o vetor v é II) Se é um autovalor de um operador linear T : V V , o conjunto S de todos os vetores v V , inclusive o vetor nulo, associado ao autovalor , é um subespaço vetorial de V. De fato: se v1 , v2 S : e, portanto, v1 v2 S . T (v1 v2 ) T (v1 ) T (v2 ) v1 v2 (v1 v2 ) Por outro lado, se v S , para todo R , tem-se; T (v ) T (v ) (v ) (v ) e, portanto, v S . O subespaço vetorial S {v V | T (v ) v} é denominado subespaço associado ao autovalor ou espaço característico de T correspondente a ou auto-espaço associado a . III) Matrizes semelhantes têm o mesmo polinômio característico e, por isso, os mesmos autovalores. De fato: Sejam T : V V um operador linear e A e B bases de V. Sabe-se que a relação entre matrizes semelhantes é T B M 1 T A M , sendo M a matriz mudança de base de B para A. Então: det(T B I ) det( M 1 T A M I ) det( M 1 T A M M 1 I M ) det(T B I ) det( M 1 T A M I ) det( M 1 (T A I ) M ) det M 1 det(T A I ) det M det(T B I ) det M 1 det M det(T A I ) det( M 1 M ) det(T A I ) det(T B I ) det(T A I ) 8.4 Diagonalização de Operadores cqd. Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 87 Sabe-se que, dado um operador T : V V , a cada base B de V corresponde uma matriz T B que representa T na base B. O propósito aqui é obter uma base do espaço de modo que a matriz de T nessa base seja a mais simples representante de T. Essa matriz é a matriz diagonal. 8.4.1 Propriedade Autovetores associados a autovalores distintos de um operador T : V V são linearmente independentes. Demonstração: Considere o caso em que 1 e 2 são distintos. A prova para o caso de n autovalores distintos é análoga. Sejam T (v1 ) 1v1 e T (v2 ) 2 v2 , com 1 2 . Considere a igualdade: a1v1 a 2 v 2 0 (8.4.1) Pela linearidade de T, tem-se: a1T (v1 ) a 2T (v 2 ) 0 a11v1 a 2 2 v 2 0 ou Multiplicando ambos os membros da igualdade (8.4.1) por 1 , vem: a11v1 a 2 1v 2 0 (8.4.2) (8.4.3) Subtraindo-se (8.4.3) de (8.4.2), resulta: a 2 (2 1 ) v2 0 Mas: 2 1 0 e v 2 0 . Logo, a2 0 . Substituindo-se a 2 por seu valor em (8.4.1), tendo em vista que vˆ1 0 , vem: a1 0 . Logo, o conjunto {v1 , v2 } é LI. cqd. Corolário: Sempre que se tiver um operador T : R 2 R 2 com 1 2 , o conjunto {v1 , v2 }, formado pelos autovetores associados , será uma base de R 2 . Este fato vale em geral, isto é, se T : V V é linear, dimV=n e T possui n autovalores distintos, o conjunto {v1 , v2 , , vn } , formado pelos correspondentes autovetores, é uma base de V Exemplo: Seja o operador linear: T : R 2 R 2 , T ( x, y) (3x 5 y, 2 y) . A matriz canônica de T é: 3 5 A 2 0 A equação característica de T é: 3 det( A I ) 0 5 0 2 ou (3 )( 2 ) 0 2 6 0 . Cujas raízes são: 1 2, 2 3 . Portanto, os autovalores Que resulta em; de T são 1 2, 2 3 . Como 1 2 , os correspondentes autovetores formam uma base de R2 . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 88 Calculam-se os autovetores através do sistema homogêneo 3 0 5 x 0 2 y 0 Obtém-se: Para 1 2 os vetores v1 x(1, 1) . Para 2 3 os vetores v2 x(1, 0) . Logo, o conjunto {(1, 1), (1, 0)} é uma base de R 2 . Problema resolvido: 4) Os autovalores de um operador linear T : R 2 R 2 são 1 2 e 2 3 , sendo v1 (1, 1) e v2 (1, 0) os respectivos vetores associados. Determinar T(x, y). Solução: Expresse, inicialmente, (x, y) em relação a base {(1, 1), (1, 0)} : ( x, y ) a(1, 1) b(1, 0) ou a b x a y Donde vem: a y operador T, resulta: e b x y . Logo, ( x, y ) y (1, 1) ( x y )( 1, 0) . Aplicando o T ( x, y ) yT (1, 1) ( x y )T (1, 0) Mas, T (1, 1) 2(1,1) (2,2) T (1, 0) 3(1,0) (3, 0) Logo, T ( x, y ) y (2, 2) ( x y )(3, 0) T ( x, y ) (3x 5 y, 2 y ) Observação: Chamando de P a base acima, isto é: P {(1, 1), (1, 0)} . E observando que: T (1, 1) 2(1,1) 2(1,1) 0(1, 0) T (1, 0) 3(1,0) 0(1, 1) 3(1,0) Donde, conclui-se que a matriz Apostila de Álgebra Linear T P Prof. Airton Prati 2011 89 0 0 3 2 Que representa o operador T na base dos autovetores e é uma matriz diagonal cujos elementos da diagonal principal são 1 e 2 . 8.4.2 Propriedade Considere um operador linear T em R 3 que admite autovalores 1 , 2 e 3 distintos, associados v1 , v2 e v3 , respectivamente. O corolário da propriedade anterior assegura que o conjunto P {v1 , v2 , v3 } é uma base de R 3 . Tendo em vista que T (v1 ) 1v1 1v1 0v2 0v3 T (v2 ) 2 v2 0v1 2 v2 0v3 T (v3 ) 3 v3 0v1 0v2 3 v3 O operador T é representado na base P dos autovetores pela matriz diagonal: T P 1 0 0 0 2 0 0 0 D 3 Constituída de autovalores na diagonal principal. Sendo A a matriz canônica do operador T, isto é, T A , as matrizes A e D são semelhantes por representarem o mesmo operador T em bases diferentes. Logo, a relação entre matrizes semelhantes, permite escrever: D M 1 A M sendo M a matriz mudança de base P para a canônica C {e1 , e2 , e3 } , onde e1 (1, 0, 0) , e2 (0, 1, 0) e e3 (0, 0, 1) . Como: M I C C 1 P I 1 P P P Portanto, a relação anterior escreve-se: D P 1 A P (8.4.4) Sendo P a matriz cujas colunas são os autovetores do operador T. A relação (8.4.4) motiva a definição seguinte: A matriz quadrada A é diagonalizável se existir uma matriz inversível P tal que P 1 A P seja diagonalizável. Diz-se, nesse caso, que a matriz P diagonaliza A ou que P é a matriz diagonalizadora. Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 90 A definição acima pode ser expressa de modo equivalente: Um operador linear T : V V é diagonalizável se existir uma base de V formada por autovetores de T. Problemas resolvidos 5) Determinar uma matriz P que diagonaliza a matriz: 3 1 1 A 1 5 1 1 1 3 E calcular P 1 A P . Solução: No problema resolvido número 1, já foram calculados os autovalores e os autovetores de A e foi encontrado: 1 2 e v1 (1, 0, 1) , 2 3 e v2 (1, 1, 1) , 3 6 e v3 (1, 2, 1) . Como os i são distintos, o conjunto P {v1 , v2 , v3 } forma base do R 3 e, portanto, a matriz 1 1 1 P 0 1 2 1 1 1 diagonaliza A. Calculando: 12 P 1 AP 13 16 12 P 1 AP 13 16 0 1 3 13 0 1 3 13 12 3 1 1 1 1 1 1 5 1 0 1 2 3 1 1 1 3 1 1 1 6 1 12 2 3 6 1 3 12 3 0 1 3 6 6 2 2 0 0 P AP 0 3 0 D 0 0 6 1 T ( x, y ) ( 4 x 5 y , 2 x y ) . 6) Seja T : R 2 R 2 um operador linear dado por: 2 uma base de R em relação a qual a matriz de T é diagonal. Solução: A matriz canônica do operador T é: 4 5 A 2 1 Encontre Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 91 Pelo problema resolvido de número 2, os autovalores são: 1 6, 2 1 , e os respectivos autovetores são: v1 (5, 2) e v2 (1, 1) . A base em relação a qual a matriz P é diagonal é P {( 5, 2), (1, 1)} , base dos autovetores. Por conseguinte a matriz 5 1 P 2 1 é a matriz que diagonaliza A, isto é: 1 P 1 AP 72 7 4 5 5 1 6 0 D 2 1 2 1 0 1 1 7 5 7 7) Determinar a matriz P que diagonaliza a matriz 2 1 0 A 0 1 1 0 2 4 Solução: A equação característica de A é: 1 0 2 det( A I ) 0 1 1 0 0 2 4 Ou seja, (2 )(1 )( 4 ) 2(2 ) 0 Ou, ainda (2 )[(1 )(4 ) 2] (2 )[2 5 6] (2 )(2 )(3 ) 0 Donde vem: 1 2 e 2 3 (o número 2 é uma raiz dupla da equação). Calculando os autovetores por meio do sistema homogêneo: 1 0 x 0 2 0 1 1 y 0 0 2 4 z 0 Obtém-se: Para 1 2 um só autovetor LI, v1 (1, 0, 0) ; Para 2 3 um só autovetor LI, v1 (1, 1, 2) . Como só existem 2 vetores LI de R 3 , não existe uma base P constituída de autovetores . Logo, A não é diagonalizável. 8.5 Diagonalização de Matrizes Simétricas Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 92 8.5.1 Propriedades I) A equação característica de uma matriz simétrica tem apenas raízes reais. Será demonstrado apenas o caso de uma matriz simétrica A de ordem 2. De fato: seja a matriz p r A r q A equação característica de A é: det( A I ) p r 0 r q Isto é, ( p )(q ) r 2 0 Ou: 2 ( p q) ( pq r 2 ) 0 O discriminante dessa equação do 2º.grau em é: ( p q) 2 4( pq r 2 ) p 2 2 pq q 2 4 pq r 2 p 2 2 pq q 2 r 2 ( p q) 2 r 2 Tendo em vista que esse discriminante é uma soma de quadrados (não negativo), as raízes da equação característica são reais e, por conseguinte, a matriz A possui dois autovalores. II) Se T : V V é um operador linear simétrico com autovalores distintos, então os autovetores são ortogonais. De fato: Sejam 1 e 2 dois autovalores do operador simétrico T e 1 2 . Sejam ainda T (v1 ) 1v1 e T (v1 ) 1v1 e T (v2 ) 2 v2 . Pretende-se mostrar que v1 v2 0 Sendo T um operador simétrico, pela propriedade 7.5.1, vem: T (v1 ) v2 v1 T (v2 ) Ou 1v1 v2 v1 2 v2 Ou: 1v1 v2 v1 2 v2 0 Ou, ainda: (1 2 ) (v1 v2 ) 0 Mas, 1 2 0 implica v1 v2 0 , ou seja: v1 v2 III) em 8.4.3 foi visto que uma matriz A é diagonalizada pela matriz P dos autovetores através de: Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 D P 1 A P 93 (8.5.1) No caso particular de a matriz A ser simétrica, pela propriedade anterior (II), P será base ortogonal. Tendo em vista futuras aplicações, é conveniente que P, além de ortogonal, seja ortonormal, o que se obtém normalizando cada vetor. Assim, de acordo com a propriedade V de 7.4.1, os autovetores ortonormais de P formarão uma matriz ortogonal e, pela propriedade I de 7.4.1, tem-se P 1 P T . Portanto, a relação (8.5.1) fica: D PT A P e, nesse caso, diz-se que P diagonaliza A ortogonalmente. 8.5.2 Problemas resolvidos 8) Determine uma matriz ortogonal P que diagonaliza a matriz simétrica: 7 2 0 A 2 6 2 0 2 5 Solução: A equação característica de A é: 7 2 0 det( A I ) 2 6 2 0 0 2 5 Ou: (7 )(6 )(5 ) 4(5 ) 4(7 ) 0 (7 )(6 )(5 ) 48 8 0 (7 )(6 )(5 ) 8(6 ) 0 (6 )(2 12 27) 0 (6 )( 3)( 9) 0 As raízes dessa equação são 1 3 , 2 6 e 3 9 e, por conseguinte, são autovalores da matriz A. O sistema homogêneo de equações que permite a determinação dos autovetores associados é: ( A I )v 0 x Considerando v y , o sistema fica: z Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 0 x 0 7 2 ( A I )v 2 6 2 y 0 0 2 5 z 0 94 (8.5.2) Substituindo-se por 3 no sistema (8.5.2), obtém-se os autovetores associados a 1 3 . 4 2 0 x 0 2 3 2 y 0 0 2 2 z 0 4x 2 y 0 2 x 3 y 2 z 0 2 y 2z 0 y 2 x , z 2x . O sistema admite uma infinidade de soluções próprias: Assim, os vetores v1 ( x, 2x, 2x) x(1, 2, 2) são autovetores associados ao autovalor 1 3 . Fazendo: x 1 1 2 2 2 2 1 3 Obtém-se o autovetor unitário u1 ( 13 , 23 , 23 ) associado a 1 3 . De maneira similar, substituindo-se 2 6 e 3 9 em (8.5.2), resultam, respectivamente: e v2 ( x, 12 x, x) x(1, 12 , 1) u 2 ( 23 , 13 , 23 ) ; e v3 ( x, x, 12 x) x(1, 1, 12 ) u 2 ( 23 , 23 , 13 ) . A matriz P, cujas colunas são as componentes dos autovetores unitários u1 , u 2 e u3 associados aos autovalores 1 , 2 e 3 é ortogonal: 13 P 23 23 2 3 1 3 23 1 3 2 3 2 3 A matriz P é a matriz diagonalizadora. De fato: D P 1 A P P T A P Isto é, 13 D 23 23 13 D 23 23 2 3 1 3 23 2 3 1 3 23 7 2 0 13 23 2 6 2 23 1 2 5 23 3 0 2 3 6 1 4 23 2 2 6 1 4 3 3 2 3 0 0 D 0 6 0 0 0 9 2 3 2 3 1 3 23 1 3 2 3 2 3 Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 95 9) Seja o operador linear simétrico T : R 3 R 3 definido pela matriz: 1 0 2 A 0 0 0 2 0 4 Determinar uma matriz ortogonal que diagonaliza A. Solução: A equação característica de A é: 1 0 2 det( A I ) 0 0 0 2 0 4 Ou seja: (1 )( )( 4 ) 4 0 3 52 0 2 (5 ) 0 As raízes dessa última equação são: 1 0 , 2 0 e 3 5 e, por conseguinte, são autovalores do operador linear simétrico T. O sistema homogêneo de equações que permite a determinação dos autovetores associados é: ( A I )v 0 x Considerando v y , o sistema fica: z 2 x 0 1 0 0 0 y 0 2 0 4 z 0 (8.5.3) Substituindo-se por zero no sistema (8.5.3), obtém-se os autovetores associados a 1 0 e 2 0 : 1 0 2 x 0 0 0 0 y 0 2 0 4 z 0 x 2z 0 2 x 4 z 0 O sistema admite uma infinidade de soluções próprias: z 12 x e y qualquer. Assim os vetores v ( x, y, 12 x) são autovetores associados a 1 0 e 2 0 . Fazendo-se x = 2 e y = 0, por exemplo, obtém-se um vetor v1 (2, 0, 1) ; fazendo-se x = 0 e y = 1, por exemplo, obtém-se outro vetor v2 (0, 1, 0) . Os autovetores v1 e v2 , linearmente independentes, são associados ao mesmo autovalor 0 . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 96 Os autovetores unitários associados a v1 e v2 , são: 1 2 1 u1 v1 ( , 0, ); v1 5 5 1 u 2 v2 (0, 1, 0) v2 Substituindo por 5 no sistema (8.5.3), obtém-se os autovetores associados a 3 5 : 4 0 2 x 0 0 5 0 y 0 2 0 1 z 0 4 x 2 z 0 5y 0 2x z 0 O sistema admite uma infinidade de soluções próprias: z 2 x e y 0 . Assim, os vetores v3 ( x, 0, 2 x) x(1, 0, 2) , são os autovetores associados a 3 5 . Fazendo x 1 1 0 4 1 5 1 2 obtém-se o autovetor unitário u 3 ( , 0, ) , associado a 3 5 . 5 5 A matriz P, cujas colunas são as componentes dos autovetores unitários u1 , u 2 e u3 associados aos autovalores 1 , 2 e 3 é ortogonal: 2 5 P0 1 5 0 1 0 0 2 5 1 5 A matriz P é a matriz diagonalizadora. De fato: D P 1 A P P T A P Isto é, 2 5 D0 1 5 0 1 0 1 0 2 2 5 0 0 0 0 0 2 2 0 4 15 5 2 5 D0 1 5 0 1 0 5 0 0 5 0 0 0 0 2 0 0 105 5 1 5 1 5 0 0 0 D 0 0 0 . 0 0 5 0 1 0 0 2 5 1 5 Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 97 10) Seja o operador linear simétrico T : R 2 R 2 definido pela matriz 4 12 A 12 3 Determine a matriz ortogonal P que diagonaliza A. Solução: A equação característica de A é: det( A I ) 4 12 0 12 3 Isto é: (4 )( 3 ) 144 0 2 156 0 As raízes dessa equação são 1 12 e 2 13 e, por conseguinte, 1 12 e 2 13 são os autovalores do operador linear T. O sistema homogêneo de equações que permite a determinação dos autovetores associados é: ( A I )v 0 x Considerando v , o sistema fica: y 4 12 12 x 0 3 y 0 (8.5.4) Substituindo por -12 no sistema (8.5.4), obtêm-se os autovetores associados a 1 12 : 16 12 x 0 12 9 y 0 16 x 12 y 0 12 x 9 y 0 O sistema admite uma infinidade de soluções próprias: y 43 x . Assim, os vetores v1 ( x, 43 x) x(1, 43 ) são os autovetores associados a 1 12 . Fazendo: x 1 1 16 9 1 25 9 3 5 obtém-se o autovetor unitário u1 ( 53 , 54 ) associado ao autovalor 1 12 . Substituindo por 13 no sistema (8.5.4), obtêm-se os autovetores associados a 2 13 : 9 12 x 0 12 16 y 0 9 x 12 y 0 12 x 16 y 0 O sistema admite uma infinidade de soluções próprias: y 34 x . Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 98 Assim, os vetores v2 ( x, 34 x) x(1, 34 ) são os autovetores associados a 2 13 . Fazendo: x 1 1 169 1 25 16 4 5 obtém-se o autovetor unitário u 2 ( 54 , 53 ) associado ao autovalor 2 13 . A matriz P, cujas colunas são as componentes dos autovetores unitários u1 e u 2 associados aos autovalores 1 e 2 é ortogonal: 53 P 4 5 4 5 3 5 A matriz P é a matriz diagonalizadora de A. De fato: D P 1 A P P T A P 53 D 4 5 54 4 12 53 3 3 54 5 12 53 D 4 5 54 365 3 48 5 5 52 5 39 5 4 5 3 5 12 0 D 0 13 Exercícios Propostos 1) verifique, utilizando a definição, se os vetores dados são autovetores das correspondentes matrizes: 2 2 a) v (2, 1), 1 3 1 1 1 b) v (1, 1, 2), 0 2 1 0 2 3 1 1 0 c) v (2, 1, 3), 2 3 2 1 2 1 2) Determinar os autovalores e os autovetores das seguintes transformações lineares: a) T : R 2 R 2 , T ( x, y) ( x 2 y, x 4 y) . b) T : R 2 R 2 , T ( x, y) (2 x 2 y, x 3 y) c) T : R 2 R 2 , T ( x, y) (5x y, x 3 y) d) T : R 2 R 2 , T ( x, y) ( y, x) e) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x y z, 2 y z, 2 y 3z ) f) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x, 2 x y, 2 x y 2 z ) g) T : R 3 R 3 , T ( x, y, z ) ( x y, y, z ) Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 99 3) Calcular os autovalores e os correspondentes autovetores das seguintes matrizes: 1 3 a) A 1 5 2 1 b) A 3 4 1 1 0 c) A 2 3 2 1 1 2 3 1 3 d) A 0 2 3 0 0 1 1 0 0 e) A 1 1 2 0 1 1 3 2 1 f) A 1 4 1 1 2 3 4) Verificar se a matriz A é diagonalizável. Caso seja, determinar uma matriz P que diagonaliza A e calcular P 1 AP . 2 4 a) A 3 1 9 1 b) A 4 6 5 1 c) A 1 3 1 2 1 d) A 1 3 1 0 2 2 0 0 1 e) A 2 3 1 0 4 3 2 3 1 f) A 0 1 4 0 0 3 5) Seja T : R 2 R 2 o operador linear definido por T ( x, y ) (7 x 4 y, 4 x y ) . a) Determinar uma base de R 2 em relação à qual a matriz do operador T é diagonal. b) Dar a matriz T nessa base. 6) Para cada uma dessas matrizes simétricas A, encontrar uma matriz ortogonal P, para a qual P 1 A P seja diagonal: 2 2 a) A 2 2 1 0 1 d) A 0 1 0 1 0 1 3 1 b) A 1 3 2 2 c) A 2 5 7 2 2 e) A 2 1 4 1 2 4 7) Determinar uma matriz ortogonal P que diagonaliza A ortogonalmente e calcular P 1 A P . 5 3 a) A 3 5 6 0 6 d) A 0 2 0 6 0 1 Respostas: 0 0 2 b) A 0 1 0 2 0 0 3 1 1 c) A 1 5 1 1 1 3 2 2 1 e) A 2 2 1 1 1 5 Apostila de Álgebra Linear Prof. Airton Prati 2011 100 1) a) sim; b) sim; c) não. 2) a) 1 3 , v1 ( y, y) ; 2 2 , v2 (2 y, y) . b) 1 1 , v1 y(2, 1) ; 2 4 , v2 x(1, 1) . c) 1 2 4 , v x(1, 1) . d) Não existem. e) 1 2 1 , v ( x, y, y ) ; 3 4 , v3 x(1, 1, 2) . f) 1 1 , v1 z(3, 3, 1) ; 2 1 , v2 z(0, 3, 1) ; 3 2 , v3 z (0, 0, 1) g) 1 2 3 1 , v ( x, 0, z ) , x e z não simultaneamente nulos. 3) a) 1 2 , v1 y(3, 1) ; 2 4 , v2 y(1, 1) . b) 1 1 , v1 y(1, 1) ; 2 5 , v2 x(1, 3) . c) 1 1 , v1 x(1, 0, 1) ; 2 2 , v2 z(2, 2, 1) ; 3 3 , v3 x(1, 2, 1) d) 1 1 , v1 x(1, 1, 1) ; 2 2 , v2 x(1, 1, 0) ; 3 3 , v3 x(1, 0, 0) e) 1 1 , v1 z(2, 2, 1) ; 2 e 3 imaginários. f) 1 2 , v1 ( x, y, x 2 y) ; 2 6 , v2 ( x, x, x) 2 0 P 1 A P 0 5 1 4 4) a) P , 1 3 1 1 b) P , 1 4 10 0 P 1 A P 0 5 c) Não diagonalizável. 2 1 0 d) P 1 0 1 , 2 1 2 3 0 0 P A P 0 2 0 0 0 1 1 e) Não diagonalizável. 3 1 7 f) P 1 0 2 , 0 0 1 5) a) {(-2, 1), (1, 2)}; 1 2 6) a) P 1 2 1 2 1 2 1 0 0 P A P 0 2 0 0 0 3 1 9 0 b) . 0 1 b) P 1 2 1 2 1 2 1 2 c) P 1 5 2 5 2 5 1 5 Apostila de Álgebra Linear 1 2 d) P 0 1 2 7) a) P 1 b) P 1 2 0 1 2 2 1 2 , 1 2 1 2 1 0 , 1 0 2 2 1 2 c) P 0 1 2 1 6 1 e) P 6 2 6 1 3 1 3 1 3 2 13 0 2 13 1 1 6 2 , 6 1 6 13 0 , 3 13 3 3 1 3 1 3 2011 1 3 1 1 6 1 3 1 6 1 3 6 0 1 2 1 2 8 0 PT A P 0 2 0 2 0 1 0 d) P 1 0 e) P 0 1 0 1 2 1 Prof. Airton Prati 0 2 0 P A P 0 1 0 0 0 2 T 2 0 0 P A P 0 3 0 0 0 6 T 2 0 0 P A P 0 10 0 0 0 3 T 1 2 1 , 2 0 Bibliografi [1] BOLDRIN, C e FIGUEIREDO, W., Álgebra Linear, Ed. 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