AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DOS INGREDIENTES E DAS RAÇÕES COMERCIAIS PARA PISCICULTURA AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DOS INGREDIENTES E DAS RAÇÕES COMERCIAIS PARA PISCICULTURA Julliet Teixeira de Oliveira1; Maria Christina Sanches Muratori2; Maria Marlúcia Gomes Pereira2; Etelvina Maria de Carvalho Gonçalves Nunes3; Francisco das Chagas Cardoso Filho3; Rodrigo Maciel Calvet3* 1 Bolsista PIBIC/UFPI, Graduanda de Medicina Veterinária, UFPI; 2Departamento de Morfofisiologia Veterinária, UFPI; 3Programa de Pós Graduação em Ciência Animal, UFPI. * Autor para contato Palavras chave: Coliformes, Escherichia coli, Mesófilos, Piscicultura, Salmonella Introdução A piscicultura no Estado do Piauí ainda é pouco desenvolvida, contudo tende a ser mais valorizada. Os piscicultores dispõem de rações comerciais formuladas especialmente para atender às necessidades nutricionais dos peixes nas diversas fases de crescimento (NUNES, 2009). A ração representa um dos principais custos operacionais na aquicultura, deste modo é fundamental que os produtores avaliem, para reduzir os prejuízos, todas as formas de prevenção de perdas e as causas de alterações (CALVET, 2008). As bactérias devem ser pesquisadas pela capacidade de deteriorar alimentos e rações. Dentre essas bactérias encontram-se as heterotróficas aeróbias mesófilas e coliformes 35ºC indicadoras da qualidade higiênica, a Escherichia coli indicadoras de contaminação fecal e a Salmonella spp indicadora da qualidade sanitária (JAY, 2005). Deste modo, objetivou-se avaliar a qualidade microbiológica dos ingredientes e rações comerciais para piscicultura, comercializadas na cidade de Teresina, Piauí. Material e Métodos Foram adquiridas amostras de farelo de soja, farelo de milho, farinha de peixe e ração em uma fábrica na cidade de Teresina, Piauí (5 5′20″S, 42°48′7″W) que foi selecionada dentre as demais, por ser a única que processava ração para piscicultura. As amostras foram coletadas em sacos plásticos individuais em quantidades aproximadas de 1,0 kg. Após a coleta as amostras foram encaminhadas ao Laboratório de Controle Microbiológico de Alimentos do Núcleo de Estudos, Pesquisa e Processamento de Alimentos da Universidade Federal do Piauí para contagem de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas, enumeração de coliformes a 35º C e 45º C e pesquisa de Salmonella spp de acordo com a metodologia preconizada pela APHA, (2001). Resultados e Discussão Os resultados referentes às contagens de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas, enumeração de coliformes a 35º e 45º C em ingredientes e ração para peixes estão representados na Tabela 1. Tabela 1 Médias das contagens de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas (UFC/g em log10), e enumeração de coliformes a 35º C e 45º C (NMP/g em log10) em rações para peixes e seus ingredientes coletadas em uma fábrica de ração de Teresina, PI AMOSTRAS Coletas FS FM FP Ração CAM Col Col CAM Col Col CAM Col Col CAM Col Col 35ºC 45ºC 35ºC 45ºC 35ºC 45ºC 35ºC 45ºC 1 4,48 0,60 <3 4,48 3,38 3,38 3,00 1,32 1,18 4,19 0,60 0,60 2 4,30 2,66 0,85 4,30 2,66 0,60 4,34 <3 <3 3 4 5 6 Média a 5,00 5,00 3,30 4 4,35a 3,04 2,66 <3 <3 3,00a 2,18 5,00 3,38 2,66 3,00 1,97 <3 3,85 1,45 <3 3,30 1,59 2,00 a 4,00a 2,00 a 3,38 1,97 <3 0,85 2,00 a 4,00 - <3 - <3 - 4,20 3,86 3,51 3,87 4,00a <3 <3 <3 <3 - <3 <3 <3 <3 - = letras iguais representam resultados semelhantes na mesma linha (p>0,05%); - = amostra não disponíveis no dia da coleta; UFC/g e NMP/g em log10= unidades formadoras de colônias por grama e número mais provável por grama em números logarítmicos de base 10; FS= Farelo de Soja; FM= Farelo de Milho; FP= Farinha de Peixe; CAM= Contagem de Aeróbios Mesófilos; Col 35ºC= Coliformes a 35ºC; Col 45º= Coliformes a 45ºC. As contagens de bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas e enumeração de coliformes a 35º C e 45º C em farelo de soja, farelo de milho e rações para peixes foram semelhantes em todas as coletas (Tabela 1) e não foi detectada Salmonella spp nos ingredientes analisados. A ausência de coliformes a 35º C e a 45º C e Salmonella spp em quase todas as amostras de rações deve-se ao processo de fabricação da ração, onde a matéria – prima é submetida a um tratamento térmico de aproximadamente 95 a 110,0 Cº no condicionador e 95 a 130,0 Cº no secador (NUNES, 2009), eliminando grande parte dos microrganismos. Estes resultados assemelham-se aos de Fialho et al., (2007) que analisaram rações comerciais para camarões cultivados no litoral do Piauí. As amostras de farelo de soja, de milho e de ração, apresentaram valores para bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas dentro dos recomendados por Andriguetto et al, (1990) que é de 6,00 UCF/g log10, deste modo é importante que os fabricantes façam controle sobre os índices de contaminação microbiológica da matéria-prima a ser utilizada na formulação, pois algumas vezes o tratamento térmico pode ser insuficiente para eliminar completamente os microrganismos da ração. Conclusâo Os ingredientes utilizados no preparo de ração para piscicultura apresentaram contaminação por bactérias heterotróficas aeróbias mesófilas e coliformes a 35º C e 45º C tornando-se fonte de contaminação para a ração. Referências Bibliográficas AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Compedium of methods for microbiological examination of foods. 4 ed. Washington: American Public Health Association, 2001. ANDRIGUETTO, J.M.; PERLY,L.; MINARDI,I.; GEMAEL, A.; et al. As bases e os fundamentos da nutrição animal. 4 ed.São Paulo:Nobel, 1990. 2002 p. CALVET, R.M. Isolamento e identificação de fungos toxígenos em carcinicultura marinha. 2008. 83f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2008. JAY, J. M. Microbiologia de alimentos. 6 ed. Artmed; São Paulo; 2005.711 p. FIALHO, R. C. J; MURATORI, M. C. S., COSTA, A. P. R., PEREIRA, M. M. G., MONTE, A. M., CALVET, R. M., GUIMARAES, G., COSTA, R. P., NEVES, R. A., VELOSO, A. P. B., SANTOS, H. S., SANTOS, Y. F. M. Salmonella spp e Coliformes em Rações de Camarões In: XV Encontro Nacional de Analistas de Alimentos e Congresso Latino Americano de Analistas de Alimentos, 2007 NUNES, M. E. C. G. Micobiota Fúngica nos ingredientes e em Ração para Piscicultura. 2009. 35f. Dissertação (Mestrado em Ciência Animal), Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2009. *Autor a ser contactado: Rodrigo Maciel Calvet, Universidade Federal do Piauí, Teresina, PI e-mail: [email protected]