Índice de Sódio em alimentos nos restaurantes “fast food” e sua

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Índice de Sódio em alimentos nos restaurantes “fast food” e sua relação com
hipertenção arterial
Felipe Brum de Araújo¹
Péricles Macedo Fernandes²
¹Biomédico. Aluno da Pós-Graduação em Vigilância Sanitária, Universidade Católica de Goiás/IFAR.
²Farmacêutico Industrial e Homeopata, atualmente Fiscal Federal Agropecuário do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento – MAPA.
Resumo
Alguns fatores alteraram os aspectos nutricionais da população, entre eles o consumo de fast foods, pois
tornaram-se convenientes à população ocidental, visando minimizar o trabalho, custo e principalmente o tempo
gasto nas tarefas diárias. Porém o consumo constante desses alimentos pode acarretar sérios problemas à saúde,
devido ao alto valor energético fornecido pelas grandes e únicas refeições, fazendo com que os fast foods
contribuam para a obesidade e outras doenças associadas, entre elas a hipertensão arterial, tendo como seus
fatores o consumo excessivo de sódio. Neste trabalho foram avaliados os valores nutricionais dos alimentos de
restaurantes fast food em relação a quantidade de sódio, e comparados com a Ingestão Diária Recomendada
(IDR) de sódio, de acordo com a RDC nº 360 de 23 de dezembro de 2003 da ANVISA. Foram analisadas tabelas
nutricionais de cinco restaurantes, que mostraram elevada quantidade de sódio nos hambúrgueres e nos seus
acompanhamentos oferecidos, chegando a valores maiores que os da IDR estabelecidos em uma única
combinação de alimentos. Os valores de sódio nos alimentos observados neste estudo demonstram resultados
significativamente altos em relação à quantidade que uma pessoa pode consumir em um único alimento ou
refeição.
Palavras-chaves: Hipertensão arterial, sódio, fast food
Index Sodium in food in fast food restaurants and their relationship with
arterial hypertension
Abstract
Some factors have altered the nutritional aspects of the population, including the consumption of fast foods
because they became convenient for the western population, aiming to minimize the work, especially the cost
and time spent on daily tasks. But the constant consumption of these foods can cause serious health problems
due to high energy supplied by large and unique meals, causing the fast foods contribute to obesity and other
related diseases, including hypertension, having as its factors excessive intake of sodium. This study evaluated
the nutritional values of fast food restaurants over the amount of sodium, and compared with the recommended
daily intake of sodium, according to RDC n º 360 of 23 December 2003 of ANVISA. We analyzed nutritional
tables of five fast food restaurants, which showed high amount of sodium in their burgers and side dishes
offered, reaching values higher than those established on a unique combination of foods. The amounts of sodium
in foods observed in the study showed significant upper results in relation to the amount that a person intend to
consume in a single food or meal.
Keywords: Hypertension, sodium, fast food
1
Introdução
O alimento é muito mais do que uma fonte de nutrição. A história da humanidade
atesta que o ser humano utiliza o alimento como forma de socialização, como expressão
cultural de seus valores e crenças sobre o mundo e, finalmente, como forma simples de
prazer. O significado do alimento não está ligado, portanto, exclusivamente a características
intrínsecas relacionada ao seu valor nutricional, como o teor de fibras e vitaminas, mas
também ao seu significado social e cultural (MONTEIRO et al, 2005).
Entre as intensas mudanças nos hábitos alimentares da população, tem se destacado o
crescimento da frequência da alimentação fora do domicílio, que é condicionada por vários
fatores, como tipo de serviços oferecidos, despesas com alimentação, qualidade do serviço,
segurança alimentar e consequente aumento da oferta desse tipo de serviço (LEAL, 2010). O
estilo de vida urbano baseado na praticidade e na falta de tempo e influenciado pela mídia,
trouxe alterações profundas na forma como as pessoas preparam e se relacionam com os
alimentos (MONTEIRO et al, 2005).
O deslocamento das práticas alimentares dos indivíduos dos limites domésticos para o
espaço público pode implicar alteração de certos hábitos alimentares previamente
estruturados. Ao realizar a alimentação fora de casa, em especial em restaurantes
autosserviços, os consumidores se deparam tanto com dimensões relacionadas à ampla oferta
de alimentos quanto com aquelas relacionadas às questões individuais. Essa situação os
conforta com o dilema de ter que decidir onde, com quem, e o que comer, diferentemente da
situação doméstica, em que a escolha é geralmente determinada pelo responsável pela
alimentação da família. Assim, o comer fora de casa apresenta às pessoas opções alimentares
diferentes – às quais elas não estão acostumadas – e também a necessidade de confiar na
qualidade do que lhes é oferecido nos restaurantes, com possibilidade de consequências para
sua saúde (OLIVEIRA; PROENÇA; SALLES, 2012).
Atualmente se torna perceptível a pesada promoção de setores de alimentação como
redes de fast food, restaurante “por quilo”, lanchonetes, responsáveis por cerca de 27% dos
gastos com alimentação da população mundial, não sendo diferente no Brasil, onde esse setor
exibe franco crescimento (SOUZA; OLIVEIRA, 2008)
Os fast foods tornaram-se convenientes à população ocidental (NERI; CURTI, 2006),
visando minimizar o trabalho, custo e principalmente o tempo gasto nas tarefas diárias. O
consumo destes alimentos cresceu drasticamente a partir dos anos 70, onde o dinheiro gasto
com refeições fora de casa resultava em 25% do total gasto com alimentação, e já em 1999,
chegou aos 47% (CLAUSON, 1999).
A maior participação de alimentos industrializados na dieta familiar brasileira, ricos
em açúcares e gorduras – em detrimento dos alimentos básicos, fontes de carboidratos
complexos e fibras alimentares - é traço marcante da evolução do padrão alimentar nas
últimas décadas (LOBANCO et al, 2009). O processo de industrialização dos alimentos tem
sido apontado como uma das principais responsáveis pelo crescimento energético da dieta da
maioria das populações do Ocidente (MENDONÇA; ANJOS; 2004).
A preocupação com os hábitos alimentares é crescente, e desde a década de 80 vem
aumentando a conscientização do público a respeito da relação entre dieta e saúde. Através de
uma dieta equilibrada o organismo adquire energia e nutrientes necessários para o bom
desempenho de suas funções e para a manutenção de um bom estado de saúde (MARINS,
JACOB, PERES; 2008). A introdução desses hábitos importados além de comprometer o
padrão tradicional alimentar no país faz com que ele seja alterado com substituições de
refeições. Essas modificações podem contribuir para a dificuldade na manutenção da massa
corporal dentro dos padrões considerados saudáveis (MENDONÇA, ANJOS; 2004).
Existem diversas enfermidades relacionadas à alimentação que influenciam
diretamente a escolha alimentar do indivíduo, pois necessidades especiais de seus portadores
requerem restrição do consumo de determinados alimentos que, se ingeridos, podem
desencadear problemas de saúde. Dentre essas enfermidades, encontram-se as alergias e
intolerâncias alimentares, os distúrbios metabólicos e as doenças crônicas não transmissíveis,
como obesidade, doenças relacionadas ao consumo de gorduras, diabetes e hipertensão
arterial (OLIVEIRA; PROENÇA; SALLES, 2012).
As doenças crônicas não transmissíveis, por serem de longa duração, são as que mais
demandam ações, procedimentos e serviços de saúde, gerando no Brasil uma sobrecarga do
Sistema Único de Saúde (SUS). Estima-se que os gastos do Ministério da Saúde com
atendimento ambulatorial e internações em função das doenças crônicas não transmissíveis
sejam de aproximadamente R$ 7,5 bilhões por ano. A obesidade, diabetes e a hipertenção
arterial são propiciadas pelo perfil alimentar encontrado pelas famílias brasileiras, em que há
uma participação crescente de gorduras de origem animal e alimentos industrializados ricos
em açúcar e sódio, e a diminuição de cereais, leguminosas, frutas, verduras e legumes
(COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008).
A hipertensão arterial está associada a altos índices de morbimortalidade e constitui
um dos grandes problemas de saúde pública no mundo, dada a sua alta prevalência. É uma das
maiores causas de acidentes vasculares cerebrais, doenças cardiovasculares, insuficiência
renal e morte prematura em todo o mundo. As alterações dos níveis pressóricos são
decorrentes dos fatores genéricos e ambientais. O fator genético é atribuível à genética
comum de base (herança familiar). Já os fatores ambientais atuam nos indivíduos suscetíveis,
por hábitos de estilo de vida, como excesso na ingestão de sal (FEDALTO et al, 2011).
Molina e colaboradores (2003) também descrevem outros fatores que podem estar associados
à elevação da pressão arterial como o sedentarismo, o estresse, o tabagismo, o
envelhecimento, a raça, o gênero e o peso.
O equilíbrio de sódio é mantido estável através de vários fatores, porém isso não
ocorre em certos indivíduos suscetíveis, e a ingestão excessiva de sódio deixa de ser regulada.
Essa ingestão contribui para o aumento do volume de líquido e eleva a pressão arterial para
níveis que podem representar risco para a saúde (MCARDLE et al, 1998).
A principal fonte de sódio na alimentação é o sal comum (40% de sódio), que é
empregado rotineiramente na cozinha, no processamento dos alimentos e à mesa. O sal é
muito utilizado na conservação de alimentos. Assim, alimentos industrializados, como
temperos prontos, enlatados, embutidos, queijos e salgadinhos, contêm grandes quantidades
de sal (COSTA; MACHADO, 2010).
Nos países desenvolvidos, que contam com estimativas confiáveis sobre o consumo de
sódio, a ingestão desse mineral tende a ultrapassar o limite máximo de 2 gramas (ou 5 gramas
de sódio) por pessoa por dia recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS)
(SARNO et al., 2009).
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), a recomendação
para a ingestão diária de sódio é de 2400 miligramas, o que corresponde a 6 gramas de sal. O
Brasil está classificado entre os maiores consumidores mundiais de sal, com média de
ingestão de 15,09 gramas diários (FEDALTO et al, 2011).
A redução de sódio na alimentação é possível e implica na diminuição da adição de sal
aos alimentos. No entanto, uma vez que o sódio de adição está presente em muitos alimentos
industrializados, e que muitas vezes o consumidor não está consciente da sua presença, a
redução da ingestão pode ser potenciada por intervenções no âmbito das indústrias de
alimentos (RAMOS, 2010).
Os consumidores no mundo inteiro procuram, cada vez mais, informações sobre os
alimentos que consomem. Uma fonte importante para obter esse tipo de informação são os
rótulos dos alimentos, que, muitas vezes, dispõem de dados sobre o conteúdo nutricional, bem
como frases que relacionam seu consumo com benefícios para a saúde (COUTINHO,
RECINE; 2007). Tendo essa preocupação em termos de serviços alimentícios, a ANVISA,
pela Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 360 de 23 de dezembro de 2003, promove o
regulamento técnico sobre rotulagem nutricional de alimentos produzidos e comercializados,
embalados na ausência do cliente, tornando obrigatória a rotulagem nutricional (BRASIL,
2003b).
Desde 2003, quando se tornou obrigatória a rotulagem nutricional, as informações
contidas nos rótulos tornaram-se mais complexas. Passou a exigir maior habilidade do
consumidor para interpretá-las e entendê-las (PONTES et al, 2009). Quando as informações
disponibilizadas nos rótulos se apresentam de maneira clara e com precisão, o consumidor
tende a dar mais credibilidade ao produto e, em muitos casos, faz a opção por este produto na
composição da dieta familiar. Através dos rótulos dos alimentos, o consumidor é capaz ainda
de avaliar se o produto atende às suas necessidades nutricionais, sobretudo quando algum
indivíduo da família é portador de alguma doença – relacionada com a alimentação – ou se
está acima ou abaixo do peso desejado (MARINS; JACOB; PERES, 2008).
Pontes e colaboradores (2009) ressaltam que, quanto à informação nutricional
obrigatória, uma das alterações aprovadas pela RDC 360/03 é o valor de referência diária
(%VD) em 2.000kcal. Esse valor pré-estabelecido como padrão para ser utilizado em rótulos
de alimentos embalados não pode ser utilizado como referência para todas as faixas etárias.
Os valores diários podem ser maiores ou menores dependendo da necessidade energética.
Sabe-se que a implementação da informação nutricional de alimentos embalados, na
forma de rotulagem, é bastante recente no mundo, incluindo o Brasil. Mas segundo a
legislação brasileira, as informações nutricionais são obrigatórias apenas em rótulos de
alimentos industrializados, excluindo os demais alimentos – por exemplo, os comercializados
em restaurantes – de informarem sua composição nutricional, tampouco seus ingredientes
(OLIVEIRA; PROENÇA; SALLES, 2012). Contudo, em dezembro de 2010, mais de 60
restaurantes e lanchonetes estão disponibilizando informações nutricionais sobre produtos
alimentícios que comercializam, através do termo de ajustamento de conduta firmado pela
ANVISA, o Ministério Público Federal, e a Associação Nacional de Restaurantes (BRASIL,
2010a).
A medida está alinhada com as recomendações da Estratégia Global para a
Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde, da OMS, e com as diretrizes da Política
Nacional de Alimentação e Nutrição, do Ministério da Saúde. A rotulagem nutricional é
citada no documento da Estratégia global como um meio e direito dos consumidores de
receber informações sobre a composição dos alimentos, a fim de orientar escolhas mais
adequadas (BRASIL, 2010a). É fundamental associar medidas de incentivo voltadas ao
indivíduo como as estratégias de informação, campanhas e educação alimentar e nutrição;
com medidas de apoio que auxiliem os indivíduos a fazerem suas escolhas mais saudáveis,
como por exemplo; rotulagem nutricional dos alimentos, incentivos voltados à produção de
alimentos, comercialização, abastecimento e o acesso físico a alimentos mais saudáveis
(COUTINHO; GENTIL; TORAL, 2008).
A rotulagem nutricional em restaurantes, por meio das informações nutricionais e de
saúde nos cardápios, pode ajudar o consumidor a entender melhor o papel da dieta para a
promoção da saúde e efetuar escolhas de alimentos que contribuam para uma refeição
saudável (MAESTRO; SALAY, 2008).
De acordo com o exposto, o presente trabalho teve por objetivo observar os valores
nutricionais dos alimentos de restaurantes fast food em relação à quantidade de sódio, e
compará-los em relação à ingestão diária recomendada (IDR) de sódio, de acordo com a
legislação RDC nº360/03 da ANVISA.
2
Metodologia
Esse estudo é de caráter descritivo seccional, e constitui em pesquisa de campo sobre a
avaliação dos teores de sódio de alimentos comercializados em restaurantes fast food mais
conhecidos e consumidos na região de Brasília, tendo como base tabelas de valores
nutricionais dos alimentos comercializados, oferecidos nos respectivos restaurantes, tanto por
suas lojas físicas ou em qualquer outro meio de informação oferecido por cada restaurante.
Para cada empresa, foram observadas a presença de valores nutricionais, os valores de teor de
sódio em sanduíches e combinações denominados “promoções”, que se delimita a um
sanduíche de opções variadas de cada restaurante, uma porção de batatas fritas com variação
de tamanho entre pequeno médio e grande, e refrigerante por quantidades de 300, 500 e 700
mL. Com a possível variedade de sanduiches disponibilizados nos restaurantes, as escolhas
dos sanduíches foram selecionadas em até 5 sanduíches, tendo entre 3 de maiores e 2 de
menores índices de sódio apresentados pela tabela nutricional oferecida em cada restaurante.
3
Resultados
Foram observados cinco restaurantes de fast food que apresentaram tabelas
nutricionais, identificados no estudo com as letras da “A” a “E”. Para cada empresa foram
selecionados pela disponibilidade do restaurante até cinco sanduíches, as porções de batata
frita, incluindo suas diferenças de tamanho, e os refrigerantes, também com suas quantidades
distintas. Entre os restaurantes selecionados, 4 apresentavam a tabela nutricional em seu
estabelecimento físico, enquanto o restaurante “B” não foi visivelmente identificado, obtendo
a tabela através de seu site. As observações dos valores de sódio dos produtos de interesse do
estudo, tendo tanto sua quantidade em miligramas quanto a representatividade desta em valor
diário (%VD), podem ser observados nas tabelas a seguir. Como as marcas de refrigerante são
utilizadas em todos os estabelecimentos estudados, adotaram-se os valores de sódio dos
refrigerantes para todos os estabelecimentos.
Tabela1: Quantidade de sódio nos sanduíches em cada restaurante fast food.
Restaurantes
Fast foods
A
B
C
D
E
Sanduíches
1
2
3
4
Sódio (mg)
1917
1716
1487
639
VD (%)
80
72
62
27
5
1
2
3
4
434
1828
1816
1454
737
18
76
76
61
31
5
1
2
3
4
690
1834
1832
1497
399
29
76
76
62
17
5
1
2
3
4
324
2489
2079
1799
1108
14
104
87
75
46
5
1
2
3
769
1986
1764
1743
32
81
74
73
4
1042
43
Tabela 2: Quantidade de sódio nas batatas fritas disponibilizadas nos restaurantes fast
food.
Restaurante
Fast foods
A
Tamanho
P
M
Sódio (mg)
221
309
VD(%)
9
13
B
G
P
M
442
198
340
18
8
14
C
G
P
M
412
360
565
17
15
24
D
G
P
M
692
241
459
29
10
19
G
479
20
Único
227
9
E
Tabela 3: Quantidade de sódio nos refrigerantes dos restaurantes fast food.
REFRIGERANTES
Cola
Cola diet
Guaraná
Guaraná diet
Limão
Laranja
4
300mL
Sódio (mg)
VD (%)
13
1
42
2
29
1
42
2
32
1
25
1
QUANTIDADES
500mL
Sódio (mg)
VD (%)
22
1
70
3
48
2
70
3
53
2
42
2
700mL
Sódio (mg)
VD (%)
31
1
98
4
67
3
98
4
74
3
59
3
Discussão
Com a prática dos restaurantes de adotar o termo de ajustamento de conduta e aplicar
as informações nutricionais de seus produtos, torna-se mais acessível e prático para os clientes
verificarem o quanto de nutrientes estão consumindo, principalmente em restaurantes fast
food, que são bem conhecidos por seu alto valor energético em seus alimentos.
Comparando a quantidade adequada de consumo diário de sódio estabelecido pela
RDC 360/03, os resultados apresentados mostram uma elevada quantidade de sódio nos
alimentos incluídos no estudo, tendo como base uma alimentação balanceada. Se um cliente
fizer um pedido no fast food “D” de uma promoção que inclua o hambúrguer 1 mais a batata
frita tamanho G com o refrigerante de limão de 700 mL, ele consumirá somente naquela
refeição 3042 miligramas de sódio, o equivalente a 126% do valor diário de sódio sugerido.
Por mais que, tendo essa informação também implementada na tabela nutricional,
mostrada pela RDC 360/03, os valores diários tem como base uma dieta de 2000 kcal e que
podem ser maiores ou menores dependendo da necessidade energética do consumidor, certos
valores de combinações de alimentos dos estabelecimentos demonstrados nas tabelas
anteriormente, apresentam valores elevados, até ultrapassando o valor do consumo de sódio
sugerido por dia designado pela resolução, levando em consideração outras refeições que o
indivíduo teve ou terá ao longo do dia.
É importante ressaltar outros alimentos disponíveis nos restaurantes, não incluídos no
estudo, como sobremesas ou outros aperitivos e bebidas, que também apresentam quantidades
consideráveis de sódio, e podem ser consumidos livremente de acordo com a vontade do
cliente.
A escolha de selecionar sanduíches que apresentam menor e maior valor de sódio em
cada restaurante apresentado na respectiva pesquisa mostra a variedade e a diferença de
valores nutritivos que a própria empresa oferece em seus produtos, além das opções variadas
que o consumidor possui de produtos para escolha. Sobre a importância do conhecimento
nutricional dos alimentos nos restaurantes fast food, um estabelecimento mostrou informações
incompletas, e outro estabelecimento pesquisado teve ausência de informações no
estabelecimento físico ou por outros meios de informação, ocasionando dificuldade de
inclusão desses restaurantes no estudo comparativo.
No caso do restaurante “B”, notou-se uma falha de informação ao consumidor sobre a
informação nutricional de seus produtos, pois ele apresentava essas informações, tendo esta
sendo identificada em seu site, porém não foi visualizada em seu estabelecimento físico, no
qual provavelmente localiza-se a grande parte da comercialização do seus produtos, além da
interação direta entre o restaurante e seus consumidores. Além de ressaltar que por mais que
esteja bem difundida a utilização da internet tanto pela busca de informações quanto ao ponto
de se fazer pedidos via on-line, ainda não são todos que utilizam desse meio de comunicação
para fazer seus pedidos de refeições, limitando uma informação importante ao consumidor.
Todas as empresas estudadas disponibilizam as tabelas nutricionais em seus
respectivos sites, oferecendo a venda de seus produtos também por pedidos via on-line.
Entretanto, a empresa “A” mostrou não só dados nutricionais completos, como ofereceu esses
dados a cada pedido feito ou não, tendo o cliente conhecimento nutricional da refeição
adquirida, de forma acessível.
Esse mesmo restaurante, principalmente no seu site, mostra alas designadas à nutrição,
oferecendo aos seus clientes conhecimentos e informações sobre obesidade, saúde, entre
outros assuntos relacionados ao tema, ressaltando novamente a impossibilidade de todos a
usarem esse meio de comunicação. Essa estratégia de interesse no bem estar do cliente
oferecida no site da empresa poderia ser desenvolvida também em suas lojas físicas, no qual
não foi visivelmente reparada durante o estudo.
Mesmo com os resultados conclusivos sobre a quantidade excessiva não só de sódio,
como de outros nutrientes não incluídos na pesquisa, outras pesquisas que envolvam o
comportamento de clientes em restaurantes fast food ou do consumo de sódio na população
complementariam esse estudo, tendo em consideração: faixa etária, classe econômica, o
conhecimento das informações nutricionais e a quantidade de nutrientes que consomem, a
frequência que os indivíduos frequentam os restaurantes e também, a susceptibilidade de
doenças associadas à alimentação, como a hipertensão arterial.
5
Conclusão
Os valores de sódio nos alimentos observados no estudo demonstram resultados
significativamente altos em relação à quantidade de sódio que uma pessoa pode consumir em
um único alimento ou refeição em restaurantes fast food, podendo uma combinação possuir o
equivalente a 126% do valor diário de sódio sugerido por dia, além da importância da
presença dos valores nutricionais dos alimentos tanto em seus estabelecimentos físicos quanto
em outros meios de comercialização de seus alimentos. A falta de informação nutricional
ocasiona um desconhecimento do cliente dos valores nutricionais do alimento que ele
consome.
Também é necessário que outras pesquisas complementares avaliem a rotina dos
clientes em cada estabelecimento, principalmente o conhecimento das quantidades de
nutrientes que estão consumindo, demonstrando nesse trabalho que, por via do consumo
excessivo de sódio, restaurantes fast food proporcionam grande risco à saúde de seus
consumidores para desenvolverem hipertensão arterial ou outras doenças associadas ao
consumo excessivo e desconhecido de alimentos com grande excesso de nutrientes.
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