UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS DE ARAGUAÍNA DOUTORADO EM CIÊNCIA ANIMAL TROPICAL CAPIM PIATÃ MANEJADO SOB LOTAÇÃO INTERMITENTE COM BASE NA ALTURA DA PLANTA NO PERÍODO DAS CHUVAS Valdinéia Patricia Dim ARAGUAÍNA 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS CAMPUS DE ARAGUAÍNA DOUTORADO EM CIÊNCIA ANIMAL TROPICAL Capim Piatã manejado sob lotação intermitente com base na altura da planta no período das chuvas Valdinéia Patricia Dim Tese apresentada para obtenção do título de Doutora, junto ao Programa de PósGraduação em Ciência Animal Tropical, da Universidade Federal do Tocantins. Área de concentração: Produção Animal Orientador: Profº. Dr. Emerson Alexandrino Co-orientador: Profº. Dr. Antônio Clementino dos Santos ARAGUAÍNA 2013 “Tenha fortaleza de ânimo, para resistir a todos os embates e tempestades do caminho. Não se iluda: mesmo a estrada do bem está cheia de tropeços e dificuldades... Continue, porém! Não dê ouvidos às pedras colocadas pela inveja, pelo ciúme, pela intriga... Marche de cabeça erguida, confiantemente, e vencerá todos os obstáculos da caminhada. E se for ferido, lembre-se de que as cicatrizes serão luzes que marcarão a sua vitória” Por Carlos Torres Pastorino Aos meus amados pais Valdevino e Marilene Pilares de apoio incondicional... Dedico. Aos meus irmãos, cunhadas, sobrinhos e familiares... Ofereço. III Agradecimentos À Deus, pela saúde, proteção e acalento em todos os momentos que dele precisei e o invoquei... À Universidade Federal do Tocantins e Professores por me receberem e contribuir enormemente para minha formação. Aos Meus Mestres: Dr. Emerson Alexandrino, Dr. Antônio Clementino do Santos, Dr José Neuman Miranda Neiva, Dr. Luciano Fernandes Sousa pela orientação, apoio, companheirismo e inestimável dedicação... Aos amigos e companheiros de curso Sabino, Rossini, Laerton, Angélica, Andrea, Durval, pela cumplicidade, amizade, horas de conversa e intercambio de culturas... Os amigos Aridouglas, Leonardo, Darlene, Jonathan, Joaquim, Gilson, André, Antonio, Diogo, Carlos, Danilo, Messias, Vanessa e Junior companheiros de pesquisa, pela ajuda no trabalho de campo. Agradeço em especial ao grande amigo Ronaldo Mendes pelo companherismo e ajuda durante todo período da realização do árduo trabalho. Ao meu querido Valci por todo companheirismo, carinho e compreenção durante todo meu perído de estudo. Aos Professores do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical. A todos os funcionários da EMVZ pelo apoio e colaboração em prol da realização do trabalho. Agradeço a CAPES pela concessão da bolsa a qual me subsidiou durante o período em que estive cursando o Doutorado. Meu muito obrigada! IV ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 8 2. CAPÍTULO 1 ...................................................................................................................... 10 3. REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 10 3.1 Utilização de Pastagem....................................................................................................... 10 3.1.1 O Solo .............................................................................................................................. 11 3.1.2 O Animal ......................................................................................................................... 12 3.1.3 A Planta ........................................................................................................................... 12 3.1.4 A inter-relação: Solo x Planta x Animal.......................................................................... 13 3.2 Brachiaria brizantha .......................................................................................................... 15 3.3 Intervalo de corte ................................................................................................................ 17 3.4 Fisiologia das Plantas Forrageiras ..................................................................................... 18 3.5 Características Morfogênicas ............................................................................................. 20 3.6 Características Estruturais .................................................................................................. 27 3.7 Composição Bromatológica ............................................................................................... 31 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................... 33 5. CAPÍTULO 2 ...................................................................................................................... 43 1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 45 1.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 46 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................... 50 1.4 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 56 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 57 6. CAPÍTULO 3 ...................................................................................................................... 59 1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 61 1.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 64 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 69 1.4 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 77 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 78 7. CAPÍTULO 4 ...................................................................................................................... 81 1.1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 83 1.2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 85 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 90 1.4 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 97 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 98 V LISTA DE SIGLAS: ALT= altura do dossel forrageiro AFE= espessura da lâmina foliar CMLF = comprimento médio da lâmina foliar CB= comprimento da bainha MST= massa seca total DVF= disponibilidade de folha verde MSc= massa seca de colmos MSMM= massa seca de material morto F/C= relação folha/colmo IAF= índice de área foliar MS= matéria seca MSLF= massa seca da lâmina foliar NFV= número de folhas vivas NFT= número de folhas totais NP= número de perfilhos TApF= taxa de aparecimento foliar TAlF= taxa de alongamento foliar TAlH= taxa de alongamento de hastes TSF= taxa de senescência foliar TAcMS= taxa de acúmulo de massa seca TAcF= taxa de acúmulo de forragem TAcLF= taxa de acúmulo de lâmina foliar TPBF= taxa de produção bruta de forragem TCC= taxa de crescimento cultural UA= unidade animal 6 CAPIM PIATÃ MANEJADO SOB LOTAÇÃO INTERMITENTE COM BASE NA ALTURA DA PLANTA NO PERÍODO DAS CHUVAS RESUMO: O experimento foi realizado na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal do Tocantins no período de janeiro a maio de 2011, e objetivando avaliar a produção de forragem, as características morfogênicas, estruturais e nutricionais em pastos de capim Piatã (Brachiaria brizantha cv. Piatã) com taxa de lotação variável, sendo a entrada dos animais no piquete definida pela altura do pasto, ao longo da estação de crescimento. O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas no tempo com combinação 3x2, sendo três alturas de pasto no momento de pré-pastejo (30, 45, 60 cm) e duas estações de crescimento (meio e final da estação) com quatro repetições por parcela. O método do pastejo utilizado foi o de lotação intermitente, com taxa de lotação variável. Para análise da composição bromatológica valor nutricional foram coletadas amostras por meio de simulação de pastejo. Na morfogênese foi utilizada a técnica de perfilhos marcados. Estudou-se a influência das alturas de pastejo e das estações de crescimento da planta sobre a cinética de fermentação ruminal in vitro. As porcentagens de lâmina foliar nas parcelas foram menores no meio da estação de crescimento, já a maior porcentagem de material morto ocorreu no final da estação de crescimento. A relação lâmina foliar:colmo não diferiu nas alturas analisadas. A taxa de alongamento foliar, alongamento do colmo e a senescência foliar não diferiram com as alturas, porém as duas primeiras alteraram-se ao longo da estação de crescimento. A taxa de aparecimento foliar ficou em torno de 0,09 folhas perfilho dia-1, sendo que nas alturas de 30 e 45 cm foram maiores que 60 cm. As variáveis estruturais: comprimento médio de lamina foliar e bainha variaram nas estações de crescimento acompanhando a sazonalidade da planta. A maior produtividade de MST por ciclo foi constatada na altura de 60 cm, com média de 4612,51 kg ha-1, e a menor na altura de 30 cm com a média de 3565,77 kg ha-1, sendo que nas alturas de 30 e 45 cm foram obtidos três ciclos de pastejo e a altura de 60 cm dois ciclos, constatando que a altura de pastejo de 45 cm foi a mais produtiva com total de 12.359 kg ha-1, sobrepondo a produção média da altura de 30 cm a qual foi de 10.697,31 kg ha-1 e a altura de 60 cm que foi de 9.225,02 kg ha-1. A taxa de crescimento cultural foi maior nas alturas menores. Na relação folha/colmo não houve diferença nas alturas estudadas, somente apresentando estreitamento na relação das estações de crescimento analizados. O número de perfilhos sofreu alteração no decorrer das alturas sendo observada a superioridade do número de perfilhos no meio da estação de crescimento. O aumento na altura do pasto, em geral, não proporcionou alteração no teor de PB e da degradabilidade e aumento nos teores de FDA, apenas foi alterado FDN na altura de 60 cm. Quando estas mesmas variáveis foram analisadas em relação ao meio e fim da estação de crescimento, nenhuma delas apresentou variação. Em termos de fermentação ruminal na altura de 30 cm houve maior fermentação no meio de estação e as alturas de 30 e 45 cm foram equivamentes e superiores a de 60 cm no final da estação de crescimento. Palavras-chave: estação de crescimento, estrutura do pasto, fermentação ruminal, morfogênese, pastagens, produção animal 7 PIATA GRASS MANAGED UNDER ROTATIONAL STOCKING WITH VARIABLE REST PERIOD ABSTRACT: The experiment was conducted at the School of Veterinary Medicine and Animal Science of the Federal University of Tocantins in the period January to May 2011, and to evaluate forage production, the morphogenesis, structural and nutritional Piata grass pastures (Brachiaria brizantha cv. Piata) with variable stocking rate, with the entry of animals on the picket line defined by sward height throughout the growing season. The experimental design was a randomized block in a split plot in time with combination 3x2, three sward heights at the time of pre-grazing (30, 45, 60 cm) and two growing seasons (middle and end of the season) with four replicates per plot. The grazing method used was intermittent stocking with variable stocking rate. To analyze the chemical composition nutritional value samples were collected by hand-plucking. Morphogenesis we used the technique of marked tillers. We studied the influence of grazing heights and periods (middle and end) of the growing season of the plants on the kinetics of ruminal fermentation in vitro. The percentages of leaf blade in the plots were smaller in the middle of the growing season, since the largest percentage of dead material occurred in the final period. The leaf leaf: stem ratio did not differ in height analyzed. The rate of leaf elongation, stem elongation and leaf senescence did not differ with heights, but the first two have changed throughout the growing season. The leaf appearance rate was around 0.09 tiller leaves day-1, and the heights of 30 and 45 cm were greater than 60 cm. Structural variables: average length of leaf blade and sheath varied in the periods following the seasonality of the plant. The higher productivity of MST per cycle was observed in 60 cm, with an average of 4612.51 kg ha -1, and the lowest in height of 30 cm with an average of 3565.77 kg ha-1, and the heights of 30 and 45 cm were obtained at three grazing cycles and height of 60 cm two cycles, noting that the grazing height of 45 cm was the most productive with a total of 12,359 kg ha -1, overlapping the production average height of 30 cm to which was 10697.31 kg ha -1 and 60 cm which was 9225.02 kg ha-1. The growth rate was higher in cultural heights less. In leaf/stem ratio, no differences in heights studied, only showing narrowing in respect of growing seasons analyzed. Tiller change during the course of the heights being observed superiority in the number of tillers in the middle of the growing season. The increase in sward height, in general, provided no change in CP concentration and degradability and increased levels of ADF, NDF has been amended only 60 cm in height. When these same variables were analyzed in relation to the middle and end of the growing season, none of them showed variation. In terms of ruminal fermentation in the height of 30 cm was greater in the middle of fermentation station and heights 30 and 45 cm were equivamentes and 60 cm above the end of the growing season. Key words: season growth, livestock, morphogenesis, sward structure, pastures, ruminal fermentation 8 1. INTRODUÇÃO A crescente pressão mundial para geração de comida em sistemas ambientalmente viáveis, desperta as atenções e opiniões publicas no século 21. O conjunto de práticas de manejos sustentáveis, melhoramento genéticos, recursos biotecnológicos, dentre outros, têm sido exploradas visando aumentar a produtividade, a qualidade e a sustentabilidade dos sistemas de produção animal e vegetal. O Brasil está posicionado como um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, em virtude de possuir extensa área territorial e clima favorável ao cultivo de pastagens. Em 2010 o Brasil chegou a exportar 951.255 toneladas de carne in natura, que correspondeu a uma receita de US$ 3,8 bilhões (ABIEC, 2011). Para isso, o país conta com um rebanho de aproximadamente 205,3 milhões de cabeças (IBGE, 2009). O Brasil nos últimos 10 anos apresentou grande avanço na bovinocultura de corte em decorrência da conscientização de que o ecossistema de pastagem deve ser preservado e sustentável, pelo melhor manejo do solo, das plantas e dos animais que participam desse ambiente. As forrageiras tropicais representam um dos recursos alimentares mais econômicos para a produção animal, sendo favorecidas no Brasil pelas características climáticas, proporcionando à forrageira elevado potencial de produção de biomassa vegetal. Segundo NASCIMENTO JÚNIOR e ADESE (2004), a produção dos pastos é o resultado do processo fotossintético das plantas, que utilizam a energia solar para formação de biomassa, sendo consumida pelo herbívoro e convertida em produto animal. Ao se referir à biomassa, pensa-se numa maior proporção de folhas, que se constitui na dieta mais adequada dos animais, evitando assim, grandes proporções de colmo e material morto. O pastejo provoca alterações na arquitetura do dossel forrageiro, podendo resultar em modificações no desenvolvimento, crescimento e, conseqüentemente, na produtividade, uma vez que, a folha colhida durante o pastejo é importante componente para a produção de massa seca da planta, além de interceptar boa parte da energia luminosa, e representar parte substancial do tecido fotossintético ativo, garantindo a produção de fotoassimilados que constitui-se em material de alto valor nutritivo (ALEXANDRINO et al., 2004). 9 Tendo a produção de folhas como prioridade na alimentação, para o bom manejo é necessário conhecer e compreender não apenas o processo de transformação da forragem em produto animal, mas, sobretudo, entender e controlar os processos de crescimento e de desenvolvimento que resultam na produção da forragem a ser consumida. Dessa forma, torna-se mais fácil adequar o manejo da pastagem visando à sustentabilidade do sistema de produção com alta produtividade dos componentes planta e animal, respeitando-se os limites ecofisiológicos das plantas forrageiras. Neste sentido podem ser enfatizados como métodos de avaliação de pastagem o: IAF, número de folhas, interceptação luminosa e altura do pasto, sendo este último o de mais fácil visualização e/ou manejo. O sistema de produção de bovinos em pastejo tem como objetivo a redução dos custos de produção, aliado a alta produtividade, visando afluir maiores margens de lucro, permitindo assim a exploração do alto potencial de produção das plantas forrageiras quando manejadas corretamente (BENEDETTI, 2002). A expansão de áreas de pastagens cultivadas, com espécies do gênero Brachiaria no Brasil tem se verificado em proporções jamais igualadas por outras forrageiras, em qualquer outro país de clima tropical. Cerca de 55 milhões de hectares são cobertos por pastagens do gênero Brachiaria, formando extensos monocultivos, principalmente no Brasil central e na Amazônia, resultado da rusticidade das espécies desse gênero, adaptação à baixa fertilidade e adversidades climáticas, além de boa produção (VALLE et. al., 2000 e COSTA et al., 2006). Isto posto, assume expressiva importância da geração de conhecimentos sobre as características produtivas, morfogênicas, estruturais e qualitativas da Brachiaria brizantha cv. capim Piatã manejado em diferentes alturas de entrada no sistema de lotação intermitente, podendo ser definido alguns princípios que orientarão o planejamento do manejo durante a estação de crescimento na Amazônia Legal. 10 2. CAPÍTULO 1 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 Utilização de Pastagem A maioria das pastagens do Brasil encontra-se no bioma Cerrado (ZIMMER et al., (1994), nas áreas de menor fertilidade e ou em áreas marginais, exploradas de maneira extrativista, e como consequência, desencadeando o processo de degradação. Esta situação tem contribuído para que a pecuária de corte apresente índices zootécnicos muito baixos. A produtividade animal em pastagem depende do desempenho animal, que está associado à quantidade da forragem, e da capacidade de suporte do pasto. A capacidade suporte foi definida por Mott (1960) como sendo a taxa de lotação (número de animais/unidade de área) na pressão de pastejo ótima (quilos de peso vivo/quilos de forragem disponível), ou seja, é a amplitude de utilização que permite o equilíbrio entre o ganho por animal e por unidade de área, favorecendo, desta forma, o maior rendimento por área. A disponibilidade de forragem determina a taxa de lotação e essa, por sua vez, controla, simultaneamente, a qualidade e a quantidade das pastagens, possibilitando, que as plantas se mantenham produtivas e, ao mesmo tempo, define a produção animal. Uma das maneiras para se garantir disponibilidade de forragem adequada à demanda dos animais é proceder ao ajuste da taxa de lotação. Em geral, grande proporção de forragem é produzida durante os períodos das águas, e baixa produção de forragem durante o período seco. Consequentemente, as pastagens comportam elevado número de animais nas águas e, esse número, se reduz drasticamente durante a seca (EUCLIDES, 2000; CORSI et al., 1994). Quatro pontos relacionados ao ecossistema de pastagem devem ser mencionados para a produção de carne em pastagem: o solo, o animal, a planta, o clima e a interação entre eles. 11 3.1.1 O Solo O clima do Brasil é diversificado em consequência de fatores variados, como a fisionomia geográfica, a extensão territorial, o relevo e a dinâmica das massas de ar a qual atua diretamente tanto na temperatura quanto na pluviosidade, provocando as diferenciações climáticas regionais. Por sua vez, os solos são de baixa fertilidade, fatores que afetam negativamente a qualidade nutritiva das plantas forrageiras, proporcionando, limitações no consumo de nutrientes e até no atendimento das exigências nutricionais dos animais (BRAZ et al., 2002). As limitações nutricionais impostas pelo solo devem ser corrigidas utilizando-se de calcários e fertilizantes. Nas pastagens o uso desses insumos é fundamental para que se eleve a capacidade suporte e desacelere o seu processo de degradação. Dados da FAO (2005) revelam que os fertilizantes e calcários contribuem para ganhos de, no mínimo, 50% na produtividade, cabendo o restante aos outros fatores de produção, espécie forrageira, controle de pragas e doenças, manejo, entre outros. Esta prática deve ser preocupação dos técnicos e pecuaristas tanto na implantação como na manutenção da produção da pastagem no decorrer dos anos. A utilização da prática de recuperação e manutenção da fertilidade do solo intensifica-se à medida que se usam plantas forrageiras com maior potencial produtivo, como conseqüência, maiores requerimentos nutricionais. Com isso, a escolha de determinada espécie forrageira dependerá do tipo de exploração animal a ser realizada, grau de tecnificação que será adotado dentro da propriedade, e como já mencionado, o nível de fertilidade do solo (LUZ et al., 2001). Os Neossolos Quartzarênicos ocupam cerca de 15% da região do cerrado (REATTO et al., 2008) e se originam de depósitos arenosos, com textura de areia ou areia franca até 2 m de profundidade, com teor de argila inferior a 15%. Embora sejam considerados como de baixa aptidão agrícola, a demanda por novas áreas para o cultivo agrícola, após a década de 1970, culminou com a incorporação desses solos para o sistema pastagem e, posteriormente, para o processo de produção de grãos. O uso contínuo desses solos, com culturas anuais, pode acarretar rápida degradação (EMBRAPA, 1999), porém o manejo correto pode elevar o seu potencial produtivo em curto prazo (SPERA et al., 1999). 12 3.1.2 O Animal O comportamento de bovinos em pastejo tem sido avaliado devido esses animais modificarem uma ou mais de suas atividades diárias em função das características da forragem disponível. O tipo, a quantidade e acessibilidade do alimento são fatores que podem modificar o comportamento ingestivo dos animais, (FISCHER et al., 2002). A quantidade de MS e principalmente, a disponibilidade de folhas verdes acessíveis na superfície do pasto afeta o tempo de permanência dos ruminantes na busca e colheita de alimento (TREVISAN et al., 2005). A facilidade de apreensão da forragem constitui um dos fatores determinantes de aumento ou redução no tempo de pastejo e, consequentemente, de alterações nos tempos de ruminação e ócio. Em geral, os animais tendem a ser mais seletivos em situações com menor disponibilidade de forragem, bem como menor relação folha/colmo. O tempo de pastejo compreende a distribuição e a magnitude do tempo dedicado à apreensão da forragem, envolvendo as etapas de procura e seleção da porção a ser ingerida, desfolhação do dossel forrageiro, manipulação na boca, mastigação, até a deglutição (PEREIRA et al., 2005). A apreensão de forragem equivale ao grau de facilidade bem-estar animal na da tração do bocado, determinando o grau de busca da dieta (PARENTE et al., 2007). Todavia, a probabilidade do alimento ser ingerido pelo animal depende da ação de fatores que interagem em diferentes situações de alimentação, comportamento animal e meio ambiente (PEREIRA et al., 2009). Normalmente, os bovinos apresentam comportamento típico com dois grandes picos de pastejo, um logo ao amanhecer e outro ao entardecer, e há uma tendência de minimização do tempo de pastejo noturno como estratégia de escape à predação, que pode ser atribuída a uma herança evolutiva (RUTTER et al., 2002). 3.1.3 A Planta A utilização do índice de área foliar (IAF), que relaciona a área das folhas de uma comunidade de plantas por área de solo, é o principal fator determinante da produtividade de uma cultura. O IAF aumenta durante o crescimento das plantas e 13 atinge o valor ótimo quando a taxa de crescimento da cultura (TCC) é máxima (MAGALHÃES, 1979). A manutenção da área foliar pela lotação contínua ou sua reconstituição após desfolha intensa pela lotação rotacionada é importante para a produtividade e perenidade das forrageiras (GOMIDE, 1997), principalmente em áreas de pastagem em que se têm o controle da umidade e dos nutrientes exigidos pelas plantas forrageiras, para garantir o mínimo desperdício de energia luminosa disponível para seu crescimento (BALL et al., 1991). Outro fator de importância no manejo da pastagem são as reservas orgânicas, compostos elaborados pela planta na fotossíntese e constituídos por açúcares simples. O seu armazenamento se dá nas raízes, estolões e base dos colmos, e, quando necessários são utilizados pelas plantas. Nas plantas forrageiras têm-se os açúcares, as frutosanas e o amido como importantes compostos de reserva (TAIZ e ZEIGER, 2004). Independente da localização, da natureza das reservas e da interação com a área foliar, logo após a desfolhação ocorre diminuição nos teores de carboidratos de reserva, e isso continua ao menos por dez dias, após o que a sua concentração atinge o nível original ou superior (HERLING, 1995), sendo maior o tempo de recomposição, quando as plantas são submetidas à desfolha intensa. (VICKERRY, 1981). De certa forma, há evidência que compostos orgânicos de reserva, como proteínas e carboidratos, são utilizados durante a primeira semana de rebrotação e que a rebrota posteriormente é dependente da área foliar e fotossíntese, principalmente quando se considera cultivares de mesma espécie e diferentes órgãos de armazenamento (HERLING, 1995). 3.1.4 A inter-relação: Solo x Planta x Animal A produção de forragem aumenta com a adubação nitrogenada, porém ela pode resultar em diminuição da energia utilizável por unidade de peso de forragem (BLASER et al.,1966). O mesmo autor coloca ainda que, o pastejo não freqüente resulta em aumento nos teores de carboidratos de reserva, mas reduz a produção de massa seca. Deste modo, a melhor qualidade da forragem associada à melhor 14 nutrição animal pode ser traduzida em menor produção de forragem e do animal por unidade de área, levando a natureza das reservas ser de menor significado. As respostas das plantas forrageiras ao pastejo variam de acordo com seu hábito de crescimento. As plantas eretas ou cespitosas apresentam os meristemas apicais em posição mais vulneráveis à eliminação pelo corte ou pastejo, sendo a sua persistência condicionada à alterações na forma e função e às reservas da base do colmo e do sistema radicular (RODRIGUES e REIS, 1995). Preocupação ainda há pela baixa resistência de algumas plantas forrageiras e a inevitável compactação do solo causada pelo pisoteio em áreas de pastagem. Espécies de crescimento estolonífero e rizomatoso são mais tolerantes ao pisoteio do que aquelas de crescimento ereto ou cespitoso. Os danos provocados pelo pisoteio em pastagem é maior nos solos úmidos do que nos secos; nos solos argilosos do que nos arenosos; nos solos recentemente cultivados do que no estabelecido e na planta forrageira de porte baixo comparada aquela de porte alto (BALL et al., 1991). Na excreção ocorre o processo de reciclagem de nutrientes, porém de maneira desuniforme (AGUIAR, 1997), concentrando-os em aproximadamente 20% da área da pastagem e reduzindo a quantidade de forragem consumida, devido a rejeição pelo animal das partes contaminadas (BALL et al., 1991). As áreas de escape, como bebedouros, cochos de sal e sombreamento podem concentrar as excretas (MORAES e LUSTOSA, 1997). A separação desses condicionadores de pastejo, distanciando os bebedouros e cochos de sal nas áreas de sombra, pode reduzir o problema (BALL et al., 1991). O efeito do método de pastejo na produtividade animal é extremamente influenciada pela pressão de pastejo (animais por unidade de forragem disponível) e pela taxa de lotação (animais por unidade de área – cab ha-1). A taxa de lotação e sua relação com a forragem disponível é um importante fator de manejo influenciando o ganho animal em uma pastagem, a persistência e a produtividade de uma espécie forrageira e o retorno financeiro (MARASCHIN, 1994). Com o melhoramento das espécies forrageiras e o uso de adubação, a produção de forragem aumenta, havendo, portanto, a necessidade do aumento na taxa de lotação. Numa baixa taxa de lotação, a forragem disponível e a produção por animal tendem a ser altas, mas o ganho por área é baixo. Quando a qualidade da forragem piora devido ao acúmulo de hastes e material morto, a ingestão de matéria 15 seca por animal diminui e o ganho por animal é menor (NASCIMENTO JÚNIOR e GARCEZ NETO, 2002). Quando a taxa de lotação é aumentada em uma pastagem, menos forragem fica disponível por animal, alterando assim a pressão de pastejo (MOTT, 1960). O ganho animal individual diminui devido a competição pela forragem, portanto, com menor oportunidade de seleção. Entretanto, o ganho por área aumenta com o aumento da taxa de lotação até que o ganho por animal começa a diminuir ao ponto em que animais adicionais não compensam a redução no ganho por animal. Em altas taxas de lotação, ocorre enfraquecimento das plantas e, conseqüentemente, diminuição de seu crescimento. O acesso dos animais à pastagem e a melhor utilização da forragem disponível estão relacionados com a quantidade e disposição dos condicionadores de pastejo, cercas, bebedouros, sombra e cocho de sal. Numa condição em que bebedouros ou sombra são insuficientes, pode ocorrer em partes da pastagem o super-pastejo, reduzindo a forragem disponível aos animais devido a danos por esmagamento e degradação do estande. Por outro lado, adequando a quantidade e a distribuição desses condicionadores de pastejo, a utilização da forragem será melhorada. 3.2 Brachiaria brizantha O potencial de produção de uma planta forrageira é determinado geneticamente, porém, para que esse potencial seja alcançado, condições adequadas do meio como temperatura, umidade, luminosidade, disponibilidade de nutrientes e manejo devem ser observados. Dentre essas condições, nas regiões tropicais, a baixa disponibilidade de nutrientes é, seguramente, um dos principais fatores que interferem na produtividade e na qualidade da forragem (FAGUNDES et al., 2005). No Brasil, principalmente nas últimas três décadas, um razoável aporte de novos cultivares de forrageiras foi introduzido nos diferentes ecossistemas. Isso tem contribuído consideravelmente para melhorar a produtividade das pastagens brasileiras e aumentar a sua capacidade de suporte. A disponibilização de gramíneas forrageiras com elevado potencial de produção de massa, ocorrida nos últimos anos para os sistemas de produção é um fato concreto que vem contribuindo para o aumento produtivo da capacidade de 16 suporte, e possibilitando o uso mais intensivo das pastagens, resultando na obtenção de produtividades e rendimentos econômicos competitivos frente às demais atividades do agronegócios. No caso de gramíneas, inicialmente observou-se uma seqüência de estudos com espécies africanas representadas pelos capins, gordura, colonião, jaraguá, e num passado mais recente de espécies do gênero Brachiaria, com ênfase para espécies de B. decumbens e B. humidicola. De todos, os gêneros, Brachiaria e Panicum são os mais representativos nas pastagens brasileiras (EUCLIDES et al.,2005). Gramíneas do gênero Brachiaria alcançaram grande importância econômica no Brasil, nos últimos 30 anos, viabilizando a atividade pecuária nos solos fracos e ácidos dos Cerrados e promovendo novos pólos de desenvolvimento e colonização no Brasil Central. Segundo Fagundes et al. (2006), a utilização de espécies e/ou cultivares de Brachiaria foi proporcionada pelo conjunto de características desejáveis dessas forrageiras. Tal fato ocorre devido a sua adaptação a condições adversas de solo e clima, principalmente, por causa de sua adaptação a solos com baixa e média fertilidade, além de apresentarem produções satisfatórias de forragem (ZIMMER et al., 1994). A Brachiaria brizantha cv. Piatã, lançada recentemente pela Embrapa, constitue opção forrageira que visa atender as necessidades de produção de bovinos e a diversificação de pastagens. Por outro lado, os genótipos forrageiros apresentam variações de adaptação e produção em relação aos ambientes, sendo necessário gerar informações de pesquisa sobre produção e comportamento destas cultivares em diferentes regiões, subsidiando as recomendações de utilização nos sistemas de produção. Contudo, estudos já estão sendo realizados em algumas regiões e ecossistemas do país, os quais têm mostrado que o capim Piatã apresenta ampla adaptação e elevada produtividade, compatível com os valores observados para outras cultivares, representando assim boa alternativa para diversificação das pastagens brasileiras (ANDRADE e ASSIS, 2010). Em um trabalho comparando os capins Marandu, Piatã e Xaraés, consorciado com milho no estado de São Paulo, Chiarelli et al., (2009), mostraram que a produção de matéria seca de milho e a porcentagem de espigas, não diferiram entre as três cultivares de braquiárias, relatando apenas produção dos diferentes capins, 17 encontrando 6.400 kg ha-1 para Piatã, 4.921 kg ha-1 para Marandu e 5.837 kg ha-1 para o Xaraés. Trabalhando em solos de média fertilidade, sem reposição de adubação no Mato Grosso do Sul, Valle et al., (2007) obtiveram valores médios de 9,5 t ha-1 de MS para produção de forragem do capim Piatã, sendo que 30% dessa produção foi no período seco. 3.3 Intervalo de corte O intervalo de corte é um fator de manejo que contribui para determinar a produção e a qualidade de forrageiras (GONÇALVES et al., 2002). Cortes a intervalos menores resultam em baixas produções de matéria seca, a alta relação folha:colmo e valor nutritivo (RADIS, 2010). Estudando o capim Tanzania Cutrim, Jr. (2011) mostrou que a frequência de desfolhação alterou a produção de matéria seca total da forragem, com valores de 6,654; 7,976 e 9,375 kg ha-1 para 85, 95 e 97% de interceptação da radiação fotossinteticamente ativa, respectivamente. Esse aumento na matéria seca com o aumento da interceptação provavelmente é devido ao maior tempo de crescimento e aumento na produção de colmos a partir do período de descanso de 95% de interceptação da radiação fotossinteticamente ativa (IAF crítico). Quanto mais nova a planta é cortada, maiores são os teores de água; quanto mais próximo da sua maturidade, esse teor é reduzido e ocorre um aumento nos teores de MS. De acordo com Drudi e Favoretto (1987), à medida que prolonga o intervalo de corte, o teor de matéria seca de forragem tende a aumentar. Foi observado por Marcelino et al., (2006) que o efeito da altura de corte (10 e 20 cm) e do intervalo entre cortes no alongamento foliar (5, 7 e 9 folhas) do capim Marandu, os quais contataram que a maior altura e o menor intervalo entre cortes, acarretaram em maior alongamento foliar. Trabalhando com Brachiaria decumbens em Itapetinga-Bahia, Maranhão (2008), concluiu que para aumento na produção de matéria seca, os intervalos entre cortes variáveis de 39 dias no verão e 21 dias no outono e inverno mostram-se mais favoráveis para a produção diária de forragem, quando comparado aos intervalos fixos. 18 A avaliação agronômica de diferentes genótipos de Brachiria brizantha, em diferentes idades realizada por Costa e Paulino (1998) indicou que o aumento da idade das plantas resultou em maiores rendimentos de forragem, e o intervalo de corte mais adequado para conciliar produção de forragem e vigor de rebrota situa entre 28 e 42 dias para cultivar Marandu. A idade de corte afeta o rendimento da forragem colhida, resultando em incrementos significativos na produção de matéria seca à medida que se aumenta essa idade (COSTA et al., 2004). No manejo, merece destaque o intervalo entre cortes, observando-se, em geral, a magnitude da variação da produção de massa de forragem com a extensão do intervalo entre corte. Há relatos de que o intervalo de corte altera de maneira antagônica a produtividade e o valor nutritivo da forragem (ZAGO e GOMIDE, 1982). 3.4 Fisiologia das Plantas Forrageiras A interação entre plantas e seu ambiente externo é regulada por fatores fisiológicos, como a difusão estomática de CO2 e água, fotossíntese e respiração, absorção do nitrato ou fixação de nitrogênio, etc (TAIZ e ZEIGER, 2004). A energia dos raios solares é absorvida pela planta e transformada em energia química fixando os átomos de carbono assimilado. Durante o processo de assimilação do carbono ocorrem processos fotoquímicos, dirigidos pela luz, e processos enzimáticos não dependentes de radiação, e processos de difusão que são as trocas de dióxido de carbono e oxigênio entre o cloroplasto e a atmosfera (LARCHER, 2002). Por meio da respiração as plantas assimilam CO2 e devolvem O2 para a atmosfera, sendo o processo altamente dependente do suprimento de água e nutrientes. As respostas da fotossíntese ao suprimento destes nutrientes estão relacionadas à atividade fotossintética da folha e a distribuição espacial de área foliar. A área foliar verde resulta do balanço entre crescimento e senescência da planta forrageira (GASTAL e DURAND, 2000). Parte do carbono assimilado pelas plantas é utilizado para produção de energia de manutenção dos tecidos existentes, constituindo-se na respiração de manutenção, ou para síntese de novos tecidos (LEMAIRE e AGNUSDEI, 1999), chamada respiração de crescimento, sendo esta, proporcional a massa protéica das plantas. Este é armazenado na forma de amido ou carboidratos não estruturais, os 19 quais serão utilizados para a manutenção da planta em situações de estresse, como desfolhações severas, ou consumidas durante o estádio reprodutivo (MONTEGNER, 2004). A quantidade de carbono fixado pelo dossel forrageiro por unidade de tempo depende diretamente da qualidade da radiação fotossinteticamente ativa absorvida (RFAa) pelas folhas verdes. Características da radiação solar também influenciam a eficiência de absorção da RFA pelas forrageiras tropicais, como a relação luz difusa/direta, comprimento de onda e o ângulo da radiação incidente (LACA e LEMAIRE, 2000). O dossel de um pasto é considerado plenamente desenvolvido quando ocorre a interceptação de 90 a 95% da densidade do fluxo de fótons (DFF). Isto pode ser resultado de um elevado perfilhamento e expansão da área foliar das plantas constituintes do ecossistema (FERNANDES e ROSSIELO, 1995). Durante o crescimento reprodutivo de gramíneas o alongamento do entrenó empurra as folhas em crescimento para horizontes bem iluminados do dossel, o que evita o declínio da fotossíntese (WOLEDGE, 1978). Alterações na quantidade e qualidade da luz que alcança a base do dossel é determinada pelo índice de área foliar. À medida que o IAF aumenta ocorre um decréscimo da penetração de luz até o nível do solo, durante o crescimento de uma cultura (DA SILVA e PEDREIRA, 1997). As práticas de manejo adotadas determinam uma resposta estrutural e morfológica da planta e condicionam estratégias de tolerância das espécies a desfolhação e a luz ambiental. Alterações na arquitetura da planta, provocadas pela desfolhação ou competição por luz podem resultar em modificações no desenvolvimento, crescimento e morfogênese. O perfilhamento é sensível tanto aos eventos de desfolha quanto as alterações na luminosidade ambiental. Gemas axilares localizadas nas gemas de cada folha são responsáveis pelo surgimento de perfilhos (GAUTIER et al., 1999). Estudos realizados com muitas espécies de forrageiras tropicais verificaram que o crescimento radicular é paralisado quando 50% ou mais da área foliar é removida. A prioridade de distribuição de assimilados para a parte aérea pode ser considerada uma resposta adaptativa da planta a desfolhação, permitindo a restauração rápida do IAF para captura de luz e fixação de carbono para o crescimento (RICHARDS, 1993 apud MONTEGNER, 2004). 20 A distribuição de carboidratos nas plantas depende de padrões definidos, como força e proximidade dos drenos. Durante a fase vegetativa os meristemas apicais e radicular são mais importantes, mas durante a fase reprodutiva, as sementes se tornam os drenos preferenciais. A partição de carbono depende de uma série de fatores fisiológicos, genéticos e do meio, que em alguns casos podem ser manipulados de forma a aumentar a produtividade do pasto (PEDREIRA et al., 2001). Quando a planta forrageira é submetida a alta intensidade e freqüência de desfolhação, pode-se obter taxa máxima de crescimento da pastagem (PARSONS et al., 1988), em contrapartida, aumenta-se em grande escala o risco de degradação desta. Essa estratégia resulta em massas de forragem mais baixas a cada pastejo, mas a forragem produzida apresenta elevado valor nutritivo, que, associado ao maior número de ciclos de pastejo, permite a maximização da produção animal. A taxa de rebrotação da planta após a desfolhação depende da intensidade e freqüência de colheita e de fatores edafoclimáticos. Assim, a altura de resíduo (intensidade) após desfolhação consiste em uma característica de grande importância, pois pode alterar as características morfofisiológicas da planta. O conhecimento da estrutura da pastagem e sua relação com o meio são fundamentais para definir o período de descanso mais adequado da planta forrageira (HERLING et al., (1995). 3.5 Características Morfogênicas O estudo da morfogênese busca acompanhar a dinâmica de crescimento e desenvolvimento das folhas e perfilhos, que constituem o dossel forrageiro, determinando os índices produtivos deste, ocupando papel central nas avaliações produtivas e reprodutivas de determinada espécie. O conhecimento das características morfogênicas pode ser considerado elemento fundamental para o entendimento da dinâmica do acúmulo de biomassa e da estrutura de captação e repartição do carbono, considerando-se, em sua análise, a integração com os efeitos de fatores limitantes que afetam o modelo trófico, o que permite que inferências sejam feitas acerca de práticas de manejo para determinada gramínea (HODGSON, 1990; DA SILVA e NASCIMENTO JR, 2007). 21 Para gramíneas, a morfogênese é caracterizada pelas variáveis: aparecimento de folhas, alongamento de folhas e duração de vida da folha, como pode ser observado na Figura 1 (LEMAIRE e CHAPMAN, 2001). Tais taxas têm sido bastante estudadas em gramíneas do gênero Brachiaria em relação às respostas à adubação nitrogenada (ALEXANDRINO et al., 2004; SILVA et al., 2009), adubação nitrogenada e freqüência de corte (ALEXANDRINO et al., 2005; MARTUSCELLO et al., 2005), adubação nitrogenada e suas respostas nas diferentes estações do ano (FAGUNDES et al., 2006), adubação fosfatadas e nitrogenada (PATÊS et al., 2007), dentre outros. Figura 1: Relação entre características morfogênicas e estruturais da pastagem (Adaptado de LEMAIRE e CHAPMAN, 1996) As características morfogênicas são determinadas geneticamente de acordo com a espécie ou cultivar, porém, pode ser influenciadas por variáveis do ambiente como luz, temperatura, umidade, nutrientes e manejo (DURU e DUCROCQ, 2000; GARCEZ NETO et al., 2002; BARBOSA et al., 2002; GOMIDE et al., 2006). As folhas são o principal constituinte da área foliar fotossinteticamente ativa e são produzidas de acordo com uma programação morfogênica das plantas que sofre influência direta de fatores de meio ambiente, inclusive da desfolhação. O 22 surgimento de novas folhas exerce um papel central na morfogênese, devido à influência direta sobre o tamanho da folha, densidade populacional de perfilhos e número de folhas vivas por perfilho (LEMAIRE e CHAPMAN, 1996). Uma das principais características das gramíneas forrageiras que garante a sua persistência após o corte ou pastejo é a capacidade de regeneração de tecido foliar a partir da emissão de folhas dos meristemas remanescentes ou das gemas axilares por meio do perfilhamento (ALEXANDRINO et al., 2004). Por isso, as variáveis morfogênicas como taxas de aparecimento e alongamento de folhas e sua longevidade tornam-se importantes características no estabelecimento de modelos de manejo da pastagem (GOMIDE et al., 2006). A taxa de aparecimento foliar desempenha o papel central na morfogênese, e por conseqüência, no IAF, pois influencia diretamente cada um dos três componentes da estrutura da pastagem; área foliar, densidade de perfilhos e número de folhas por perfilho. A formação das folhas se da a partir do desenvolvimento dos primórdios foliares que surgem alternadamente a cada lado da parte apical do colmo originando os fitômeros, que são as unidades básicas de crescimento das gramíneas (Larcher (2002). A arquitetura de um perfilho de gramínea é determinada pelo tamanho, número e arranjo espacial dos fitômeros. Cada fitômero diferencia-se a partir de um único meristema apical e é constituído pela lâmina e bainha foliar, entre-nó, nó e uma gema axilar localizada abaixo do ponto de inserção da bainha (SKINNER e NELSON, 1994). As folhas de gramíneas são compostas de lâmina e bainha, as quais crescem uma após a outra e têm seu crescimento ocorrendo dentro do pseudo-colmo, formado de bainha de folhas velhas, e consiste de três zonas distintas: a zona de divisão celular que é a porção mais jovem da folha; zona de alongamento celular e a zona de maturação, que é a mais velha. A partir do instante que se inicia o desenvolvimento de um perfilho vegetativo, há possibilidade de distinção de três tipos de folhas: as completamente expandidas (suas bainhas formam pseudocolmos); folhas emergentes (seus ápices se tornam visíveis acima dos pseudocolmos); e as folhas ainda em expansão (que estão completamente contidas no interior do pseudocolmo) (GOMIDE e GOMIDE, 2000). Estudando as características morfogênicas de um dossel de Brachiaria decumbens sob lotação contínua, Grasselli et al. (2000) constataram a redução na 23 taxa de aparecimento de folhas (TApF) à medida que se aumentava a altura do mesmo. Já Garcez Neto et al., (2002) não detectaram efeito da altura de corte na TApF. No entanto, os autores ressaltam que o efeito de alturas de corte ou pastejo sobre a TApF, normalmente, são justificados pela altura de bainhas remanescentes. Alguns autores verificaram que o maior comprimento da bainha conduz a planta a uma menor TApF (SKINNER e NELSON, 1994; DURU e DUCROCQ, 2000). Isso se deve ao fato de as folhas surgirem sucessivamente, de forma alternada, em níveis de inserção cada vez maiores e ao processo natural de alongamento da bainha. Desse modo, a folha percorre um maior trajeto entre seu ponto de conexão com o meristema e a extremidade do pseudocolmo formado pelas bainhas das folhas mais velhas. No entanto, o comprimento da bainha não é o único fator que interfere na TApF. A taxa com que a folha se alonga e a temperatura, entre outros, agem simultaneamente determinando o aparecimento foliar (DURU e DUCROCQ 2000). O inverso do intervalo de tempo para o crescimento de duas folhas sucessivas estima a taxa de aparecimento de folhas, expresso em folhas por dia, e também é função dos genótipos e do meio ambiente, enquanto o “filocrono” pode ser descrito como intervalo entre o aparecimento de duas folhas visíveis consecutivas em perfilho, como uma escala de tempo-base para a determinação dos intervalos nos estudos dinâmicos de morfogênese, bem como na estruturação de relvados compostos por diferentes espécies forrageiras (LEMAIRE, 1997). A taxa de aparecimento de folhas e seu inverso, o filocrono, responde imediatamente a qualquer mudança de temperatura. Durante cada filocrono é adicionado ao colmo um fitômero, que é a unidade básica de desenvolvimento e crescimento de gramíneas. Avaliando os efeitos da adubação nitrogenada e desfolhação sobre a TApF em termos térmicos, Martuscello et al., (2005) observou efeito somente da adubação nitrogenada, com resposta linear positiva, o que realça a importância de se estabelecer os resultados em graus dia, visto que as plantas têm seu desenvolvimento altamente dependente da temperatura. Estudando Brachiaria brizantha cv. Marandu submetido a quatro intensidades de pastejo, Peternelli (2003) durante três períodos de avaliação observou variação de 8,1 a 10,7 dias.folha-1 no intervalo médio de aparecimento de folha. Essa amplitude de valores foi próxima ao encontrado no experimento de Silva et al. (2009), sendo de 7,4 a 11,2 dias.folha-1 para a cultivar Marandu. 24 Avaliando a influência de intensidades e freqüências de desfolhação do capim Marandu, Marcelino et al. (2006) observaram redução na taxa de aparecimento de folhas com a diminuição da freqüência de cortes, e maior filocrono nas menores freqüências de desfolhação. Segundo esses autores cortes mais freqüentes proporcionaram maior remoção dos tecidos foliares e, conseqüentemente, maiores produção de folhas, possivelmente em virtude de maior penetração de luz no dossel. Trabalhando com Brachiaria brizantha submetida a três doses de nitrogênio, Alexandrino et al. (2004) verificaram que o aumento do suprimento de N provocou incremento positivo sobre a taxa de aparecimento foliar e o filocrono em média de 12,2; 8,47 e 6,99 dias.folha-1, para as plantas que receberam 0, 20 e 40 mg de N dm3 semana-1, respectivamente. À medida que avança o estádio de desenvolvimento da planta, após passar por uma fase de intenso aparecimento de folhas e perfilhos, observa-se continuo alongamento do pseudocolmo, resultando em aumento do filocrono de folhas individuais, pois a folha necessita percorrer distância maior entre o meristema apical e a extremidade do pseudocolmo (OLIVEIRA et al., 2000). O crescimento de folhas de gramíneas é limitado à região basal da folha, a qual é completamente encoberta pelas bainhas de folhas mais velhas ou pseudocolmo (SKINNER e NELSON, 1994). A taxa de alongamento foliar (TAlF) responde a qualquer mudança que ocorra no ambiente, porém os efeitos são mais pronunciados em resposta a adubação nitrogenada (Barbosa et al., 2002). Segundo Gastal & Nelson (1994) o maior acúmulo de N encontra-se na zona de divisão celular, como meristemas e bases de folhas, e talvez por isso essa variável seja tão sensível ao aumento do N no solo. Alexandrino et al., (2004); Alexandrino et al., (2005) e Martuscello et al., (2005), são alguns dos trabalhos que demonstram o efeito positivo das doses de N sobre a TAlF. Segundo Skinner & Nelson (1994), células meristemáticas da bainha estão presentes relativamente mais cedo nas folhas em desenvolvimento. Porém, o início da expansão da folha é confinado, primeiramente, em sua lâmina e o processo de expansão da bainha começa, efetivamente, quando a expansão da lâmina começa a declinar. O período de transição entre a expansão da lâmina para a expansão da bainha foliar é facilmente reconhecido pelo aparecimento da lígula e exposição do meristema intercalar, a partir da base da folha (Schnyder et al., 2000). 25 Estudando efeito de dois resíduos pós pastejo, Barbosa et al. (2002) não encontraram efeito da intensidade de desfolha sobre o alongamento foliar. Duru e Ducrocq (2000) não verificaram efeito dos regimes de corte na taxa de alongamento foliar, mas constataram acréscimo nesta quando a aplicação de nitrogênio aumentou de 0 para 120 kg ha-1. Da mesma forma Gastal et al. (1992) verificaram que a intensidade de desfolha é diretamente relacionada com o suprimento de nitrogênio à planta. O nível de umidade disponível no solo afeta a taxa de crescimento das plantas, principalmente a elongação das hastes por afetar a taxa de expansão das células próximas dos meristemas (SILVA et al., 2007). A taxa de elongação celular é um dos parâmetros mais sensíveis ao déficit hídrico, pois o crescimento da célula é quantitativamente relacionado à sua turgescência, a qual decresce com qualquer diminuição do potencial hídrico da célula. A radiação e a temperatura, que caracterizam a época do ano, influenciam significativamente na taxa de alongamento das hastes. Segundo DIAS FILHO (2000), ainda que a capacidade fotossintética das folhas seja superior sob luz mais intensa, isso necessariamente não implica em maior alongamento foliar, devido ao mecanismo de adaptação das plantas ao ambiente luminoso, reduzindo sua área foliar específica. Alguns ensaios de pastejo sob lotação contínua têm relatado elevação na taxa de alongamento foliar com aumento da altura do dossel ou da oferta de forragem (ALMEIDA et al., 2003), o que pode ser atribuído ao sombreamento mútuo desencadeando aumento na área foliar específica dos perfilhos (DIAS FILHO, 2000). Trabalhando com capim Xaraés submetido a diferente doses de nitrogênio e desfolhação, Martuscello et al. (2005) constatou que as plantas colhidas com menos folhas apresentaram maiores valores para a variável taxa de alongamento foliar, talvez como forma de recuperar mais rapidamente seu aparato fotossintético, tendo em vista que o vigor de rebrotação e, conseqüentemente, sua permanência no ecossistema, está diretamente relacionada à sua capacidade de emissão de folhas após a desfolhação. Portanto, qualquer efeito sobre a taxa de alongamento foliar afetará a velocidade de emissão de folhas, bem como o surgimento de perfilhos, e conseqüentemente, produção de matéria seca total (CECATO et al., 2000). Fagundes et al. (2005) relataram que uma importante característica observada na Brachiaria decumbens é a participação relativa do componente colmo, indicando 26 que uma porção representativa do potencial de produção dessa planta forrageira é proveniente da produção de colmos. As folhas de gramíneas são órgãos de crescimento de vida útil limitada, uma vez que, quando alcançam o seu tamanho final, elas permanecem no perfilho por um certo período, e depois morrem. O processo de senescência se inicia no ápice da folha, que é a parte mais velha, e se estende para a base, sendo o progressivo amarelecimento e eventualmente escurecimento e a desidratação os primeiros sinais visíveis. Inicialmente, parte dos constituintes celulares é mobilizada e redistribuída, mas a maioria é usada na respiração do próprio órgão senescente. Fatores como sombreamento, estresse hídrico, danos no sistema radicular provocados por pragas, doenças ou severidade de pastejo e insuficiência de nutrientes podem contribuir para acelerar a taxa de senescência (CAVALCANTE, 2001), bem como, com o incremento de alguns nutrientes, como o nitrogênio, pode aumentar a precocidade da planta elevando a senescência foliar dos perfilhos, a exemplo dos resultados obtidos por Alexandrino et al., (2004) em Brachiaria brizantha cv. Marandu sob diferentes doses de N. A duração de vida das folhas e, por consequência, a senescência foliar, são influenciadas pela temperatura da mesma forma que a TAF. Desta forma, quando um perfilho atinge seu número máximo de folhas vivas, passa a haver um equilíbrio entre a taxa de surgimento e senescência das folhas que alcançaram seu período de duração de vida. O conhecimento da duração de vida das folhas é fundamental no manejo da pastagem, pois, de um lado indica o potencial de rendimento da espécie e, por outro lado, é um indicador fundamental para a determinação da intensidade de pastejo com lotação contínua ou da freqüência do pastejo em lotação rotacionada que permita manter índices de área foliar próximos da maior eficiência de intercepção e máximas taxas de crescimento. Trabalhando com Brachiaria decumbens em quatro diferentes alturas de corte em quatro períodos de avaliação, Cavalcante (2001) observou efeito significativo da interação entre altura do dossel e período, verificando maior taxa de senescência na altura de 127 cm, promovendo assim baixa taxa de acúmulo de forragem. A dinâmica de recuperação ou renovação da área foliar de um pasto pode ser estudada de diferentes formas, seja pelo conhecimento dos órgãos das plantas, de plantas individuais, ou da população de plantas e a forma segundo a qual interagem 27 com o ambiente por meio de sua ecofisiologia (DA SILVA e NASCIMENTO JR., 2007). Além disso, animais em pastejo podem criar áreas no pasto de alturas variáveis por meio do pastejo seletivo, resultado da tendência de colher material vegetativo com menor proporção de colmos (BARTHRAM et al., 2005). Estudo com ofertas de forragem variando de 5 a 20% do PV em pastejo intermitente, em Brachiaria brizantha cv. Marandu, Braga et al. (2007) verificaram que tanto a altura pré-pastejo como a pós-pastejo variou de forma diferente em cada tratamento ao longo do período experimental. Nos tratamentos de maior oferta de forragem houve acréscimo da altura e da massa de forragem ao longo dos ciclos de pastejo. Em virtude disso os autores concluíram que ofertas generosas trouxeram conseqüências negativas sobre o acúmulo de forragem pelo dossel. Assim, a intensidade de pastejo é uma estratégia de manejo a ser utilizada com intuito de controlar a altura do dossel ao longo dos ciclos de pastejo, e está relacionado com a redução da taxa de alongamento de colmo. Em estudos sobre as características morfofisiológicas do capim Mombaça submetido a regimes de desfolhação, Lopes (2006) observou menor taxa de alongamento de colmos com o menor período de rebrotação, devido a maior competição por luz no interior do dossel forrageiro. Cândido et al. (2005) também observaram que o período de descanso mais curto, correspondente à expansão de 2,5 novas folhas, foi o único a exercer algum controle sobre o alongamento de colmo e o prolongamento do período de descanso até 4,5 novas folhas por perfilho em capim Mombaça, favorecendo o desenvolvimento de um dossel mais alto. Em algumas espécies tropicais de crescimento ereto, a taxa de alongamento de colmo é um importante componente do crescimento (CECATO et al., 2000; CAVALCANTE, 2001) e interfere significativamente na estrutura do pasto e no equilíbrio do processo de competição por luz (SBRISSIA e DA SILVA, 2008). 3.6 Características Estruturais A interação entre as variáveis: aparecimento de folhas, alongamento de folhas e duração de vida da folha, combinadas com a ação da luz, temperatura, água e nutrientes determina os componentes estruturais do pasto, que são o tamanho da folha, densidade populacional de perfilhos e número de folhas vivas por perfilho (Figura 1), sendo estes os responsáveis pelo índice de área foliar, primeiro fator 28 determinante da interceptação de luz (LEMAIRE e CHAPMAN, 1996; FISCHER e DA SILVA, 2001). O comprimento final de folha é uma característica importante, pois é uma combinação do aparecimento com o alongamento foliar (ALEXANDRINO et al., 2005), grandemente influenciado pela temperatura, disponibilidade hídrica, dentre outros. Segundo Garcez Neto et al. (2002), o nitrogênio é um nutriente que pode interferir consideravelmente neste fator, uma vez que ao estimular a produção de novas células possibilita aumento na taxa de alongamento foliar, constituindo meio preponderante para mudanças no tamanho da folha. Silva et al. (2009) constataram que a Brachiaria decumbens apresenta maior taxa de aparecimento de folhas porém, as folhas são menores ou com menor comprimento final, ocorrendo o oposto com a B. brizantha. Avaliando o tamanho médio da folha, em duas frequências de corte, Alexandrino (2004) verificou que os cortes mais frequentes comprometeram o tamanho médio das folhas, quando comparados a cortes menos frequentes. Isso ocorreu, provavelmente, devido ao maior tempo de rebrotação desta frequência. Este autor observou que os cortes mais freqüentes debilitaram o potencial de rebrota da Brachiaria brizantha, pela redução do tamanho médio das folhas. Contudo, o aumento da dose de N amenizou o efeito negativo das desfolhações freqüentes. Sabe-se que o número de folhas vivas por perfilho é relativamente constante para cada genótipo, ou seja, quando uma folha senesce surge uma nova folha no mesmo perfilho (HODGSON, 1990), desde que o perfilho não esteja em crescimento inicial. Nesse caso, o número de folhas expandidas é igual ao número de folhas verdes, porém, quando se inicia o processo de senescência de folhas o número de folhas expandidas é progressivamente maior que o número de folhas vivas por perfilho, que tende a se manter constante (GOMIDE e GOMIDE, 2000). NASCIMENTO JR. et al. (2002) destacam que o número de folhas em um perfilho representa importante referência ao potencial de perfilhamento, pois cada gema axilar associada a uma folha gerada pode potencialmente gerar um novo perfilho e, portanto, alterar as características estruturais da forragem. O número de folhas vivas por perfilho é decorrente do limitado tempo de vida da folha e do aparecimento de novas folhas (CHAPMAN e LEMAIRE, 1993), que é determinado por características genéticas, é influenciado pelas condições 29 ambientais, manejo (PETERNELLI, 2003) e principalmente pelo suprimento de nitrogênio (ALEXANDRINO et al., 2004). ALEXANDRINO (2004) relataram que as plantas recebendo N irão atingir seu número máximo de folhas vivas por perfilho mais precocemente em relação às nãoadubadas, promovendo, com isso, a possibilidade de colheitas mais freqüentes, a fim de evitar perdas por senescência foliar. Com isso, pode-se inferir que o momento ideal para corte de uma pastagem é quando esta atinge seu máximo de folhas vivas. Avaliando a Brachiaria brizantha sob intensidades de pastejo, Peternelli (2003) encontrou uma variação no número de folhas vivas por perfilho de 4,8 a 5,3 folhas vivas por perfilho, revelando efeito do período de avaliação. Já Gonçalves (2002) utilizando o método de lotação contínua apresentou valores médios de 4,5 folhas vivas por perfilho. Para manter o desenvolvimento do perfilho em condições limitantes de crescimento, parece lógico que a economia de assimilados comece pelo comprometimento do perfilhamento, passando pela redução no tamanho e no período de vida da folha (NABINGER e PONTES, 2001). O perfilho é a unidade básica de desenvolvimento das plantas forrageiras e é considerado como estruturas sobre as quais as sementes irão se desenvolver. As gramíneas utilizam o perfilhamento como forma de crescimento, aumento de produtividade e, sobretudo como forma de sobrevivência das plantas na pastagem (HODGSON, 1990; DIFANTE et al., 2008). O perfilhamento é geralmente um indicador de vigor e persistência de plantas forrageiras, e pode ser afetado por uma série de fatores ambientais. A demografia de perfilhos varia substancialmente entre gramíneas e geralmente começa a declinar antes do início da emissão das inflorescências. Esse declínio decorre de uma elevada taxa de mortalidade de perfilhos, até mesmo antes de completarem o desenvolvimento. Os perfilhos aéreos são produzidos durante a fase reprodutiva, sendo estimulados por alta disponibilidade de umidade e nitrogênio no solo. O perfilhamento das gramíneas forrageiras seria a característica mais importante para o aumento da produtividade dessas plantas, mas pode ser influenciada pelo sistema de manejo da pastagem (PETERNELLI, 2003). Comunidades de plantas forrageiras em pastagens procuram se ajustar às diferentes condições e intensidade de desfolhação através de mecanismos que visem assegurar sua perenidade e eficiência fotossintética. O IAF é o principal 30 componente estrutural do pasto sensível a adaptações dependentes da desfolha (FISCHER e DA SILVA, 2001) Segundo LEMAIRE (1997), sob pastejo, as plantas sofrem desfolhas sucessivas, cuja freqüência e intensidade dependem principalmente do sistema e da pressão de pastejo. Em se tratando de plantas individuais, dois tipos de respostas à desfolhação podem ser diferenciados: uma resposta fisiológica, oriunda da redução no suprimento de carbono para a planta, devido à perda de parte dos tecidos fotossintetizantes; e uma morfológica, que resulta em modificações na alocação do carbono entre os diferentes órgãos de crescimento da planta (folhas, perfilhos, raízes), o que confere às plantas tolerância às desfolhações. O pastejo além de reduzir a área foliar total do dossel, altera a estrutura das folhas do dossel e, conseqüentemente, a capacidade fotossintética das plantas (BRISKE, 1991). A baixa intensidade luminosa incidente na base do dossel é um dos principais fatores que pode interferir no perfilhamento. Trabalhando com o capim Marandu, em áreas manejadas em lotação continua com carga variável em diferentes alturas do dossel, Sbrissia et al. (2008) encontraram maiores taxas de aparecimento de perfilhos em pastos mantidos com menor altura em relação a dosséis mantidos com maior altura. O autor justifica este fato pela maior incidência de luz na base do dossel e pelas maiores taxas de aparecimento de folhas verificadas sob aquelas condições. Quando se entende a dinâmica de crescimento e desenvolvimento das plantas que compõem uma pastagem e as respostas morfofisiológicas como conseqüência dos fatores interferentes, torna-se, mais fácil adequar o manejo do pastejo visando à sustentabilidade do sistema de produção com alta produtividade dos componentes planta e animal, respeitando os limites ecofisiológicos das plantas forrageiras, e aspectos relacionados com a interface planta-animal determinante da facilidade de apreensão e de consumo de forragem pelos animais em pastejo (DA SILVA e NASCIMENTO JR. 2007). Portanto, vários trabalhos contemplam a problemática da freqüência de pastejo, tendo em vista sua importância na manutenção de um índice de área foliar (IAF) adequado, em que o máximo acúmulo de lâminas foliares seja alcançado. Resultados desses experimentos têm revelado que o conceito de IAF crítico, quando o dossel intercepta 95% da luz incidente, é válido para plantas temperadas e tropicais e pode ser utilizado para determinar o momento de entrada dos animais em 31 sistema de pastejo rotativo, com gramíneas da espécie Panicum maximum cv. Tanzânia e Mombaça e Brachiaria brizantha cv. Marandu e Xaraés (CARNEVALLI et al., 2006). 3.7 Composição Bromatológica O valor alimentício de uma espécie forrageira é influenciado pelo cultivar, fertilidade do solo, condições climáticas, idade fisiológica e manejo a que essa espécie é submetida. Em conseqüência desse grande número de fatores, faz-se necessário conhecer o valor alimentício da forragem, para que se possam tomar decisões objetivas de manejo, afim de obter a máxima produção animal (EUCLIDES, 1995). A maioria das forrageiras tropicais apresenta alta porcentagem de parede celular e baixo conteúdo celular (PRADO, 2007). O conteúdo celular, representado pela fração solúvel, mostra, potencialmente, 100% de digestibilidade. A parede celular, constituída pela fração insolúvel, apresenta potencial de degradação mais baixo, sendo resistente ao ataque de enzimas do trato gastrintestinal de ruminantes (SILVA e QUEIROZ, 2002). A fibra não é uma fração uniforme ou um composto puro, de composição química definida, e deve ser determinada por método analítico. Ela é formada pelos componentes da parede celular e estimada pela análise da fibra em detergente neutro (FDN) e pela fibra em detergente ácido (FDA). O valor nutritivo de gramíneas e leguminosas pode ser avaliado pelo tipo e quantidade de material fibroso na planta, caracterizado pelas frações de carboidratos presentes na FDN e FDA. O aumento dos níveis de FDN em forrageiras ou dietas está associado à limitação na ingestão de matéria seca; da mesma forma, a FDA está associada com ao consumo (RADIS, 2010). Inúmeros são os fatores que influenciam a composição bromatológica da planta, entre eles, Cecato et al., (2000) mencionam a altura de corte ou de pastejo, uma vez que, em cortes ou pastejos mais baixos, podem ser retirados materiais fibrosos e com menor teor de PB. A composição química da planta forrageira é um dos parâmetros utilizados para medir seu valor nutritivo e, dentre outros fatores, é afetada pela idade da planta (EUCLIDES, 2001). Com o avanço da idade fisiológica, 32 as plantas tropicais perdem qualidade mais rapidamente quando comparadas às plantas de clima temperado. Trabalhando com capim Marandu Euclides et al., (1996) relataram digestibilidade in vitro da matéria orgânica para folhas de 58,7% na águas e 54,9% na seca. Já Bittencourt e Veiga (2001) encontraram valores entre 53,3 e 57,5% para o mesmo componente. 33 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, A. P. A. Possibilidades de intensificação do uso da pastagem através de rotação sem ou com uso mínimo de fertilizantes. In: PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C. de; FARIA, V. P. de. SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM: fundamentos do pastejo rotacionado, 14, Piracicaba, 1997. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1997. p. 85138. ALEXANDRINO, E.; NASCIMENTO J, D.; MOSQUIM, P.R.; REGAZZI, A.J.; ROCHA, F.C. Características morfogênicas e estruturais na rebrotação da Brachiaria brizantha cv.Marandu submetida a três doses de nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1372-1379, 2004. ALEXANDRINO, E.; NASCIMENTO J., D.; REGAZZI, A. J.; MOSQUIM, P. R.; ROCHA, F. C.; SOUZA,. D. P Características morfogênicas e estruturais da Brachiaria brizantha cv. Marandu submetida a diferentes doses de nitrogênio e freqüências de cortes. Acta Scientiarum Agronomy, v.27, n.1. p.17-24, 2005. ALMEIDA, R.G.; NASCIMENTO JR., D.; EUCLIDES, V.P.B. et al. Disponibilidade, composição botânica e valor nutritivo da forragem de pastos consorciados, sob três taxas de lotação. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.1, p.36-46, 2003. ANDRADE, C. M. S.; ASSIS, G. M. L. Brachiaria brizantha cv. Piatã: Gramínea Recomendada para Solos Bem-drenados do Acre. Circular Técnica 54. ISSN 01009915. Rio Branco, AC Junho, 2010. BALL, D.M.; HOVELAND, C.S.; LACEFIELD, G.D. Grazing management. In: Southern Forages. Potash e Phosphate Institute (PPI), Atlanta - Georgia. 1991. p. 182-196. BARBOSA, R.A.; NASCIMENTO JR., D.; EUCLIDES, V.P.B. Características morfogênicas e acúmulo de forragem do capim-Tanzânia (Panicum maximum Jacq. cv. Tanzânia) em dois resíduos forrageiros pós-pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.2, p.583-593, 2002 BARTHRAM, E.; DUFF, G.T.I.; ELSTON, D.A. et al. Frequency distributions of sward height under sheep grazing. Ltd. Grass and Forage Science, v.60, p.4-16, 2005. BENEDETTI, E; Produção de leite a pasto – bases práticas. Salvador: SEAGRI, 2002. 176p. BITTENCOURT, P. C. S.; VEIGA, J. B. Avaliação de pastagens de B. brizantha. cv. Marandu em propriedades leiteiras de Ururá da transamazônica, para, Brasil. Pastures Tropicales. v.23, n.2, p. 2-9, 2001. BLASER, R.E. Efecto del animal sobre la pastura. In: PALADINES, O.L. (Ed.). Empleo de animales en las investigaciones sobre pasturas. Montevideo, IICA.1966. p.1-29. 34 BRAGA, G.J.; PEDREIRA, C.G.S.; HERLING, V.R. Eficiência de pastejo de capimmarandu submetido a diferentes ofertas de forragem. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.49, n.11, p.1641-1649, 2007. BRAZ, S. P., NASCIMENTO Jr., D., CANTARUTTI, R., B., REGAZZI, A .,J., MARTINS, C., E., FONSCA, D., M., Distribuição Espacial de feztes de Bovinos em pastagens de Brachiaria decumbens 1- Aspectos Descritivos, 2 – Distribuição de Freqüências e Índices de Dispersão, Anais, SBZ, Recife, 2002. BRISKE, DD. Developmental morphology and physiology of grasses. In: HEITSCHMIDT, R.K.; STUTH, J.W. (Eds.) Grazing management: an ecological perspective. Portland: Timber Press, p.85-108. 1991. CÂNDIDO, M.J.D.; GOMIDE, C.A.M.; ALEXANDRINO, E. Morfofisilogia do dossel de Panicum maximum cv. Mombaça sob lotação intermitente com três períodos de descanso. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.406-415, 2005. CARNEIRO, J. C.; VALENTIM, J. F.; WENDLING, I. J. Avaliação de Brachiaria spp. nas condições edafoclimáticas do Acre. In: REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. A produção animal na visão dos brasileiros: anais. Piracicaba: SBZ, 2001. 1544 p. CARNEVALLI, R.A.; SILVA, S.C. da; BUENO, A.A. de O.; UEBELE, M.C.; HODGSON, J.; SILVA, G.N.; MORAIS, J.P.G. Herbage production and grazing losses in Panicum maximum cv. Mombaça under four grazing managements. Tropical Grasslands, v. 40, p.165-176, 2006. CAVALCANTE, M.A.B. Características morfogênicas e acúmulo de forragem em relvado de Brachiaria decumbens cv. Basilisk sob pastejo, a diferentes alturas. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2001. 64p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, 2001. CECATO, U.; MACHADO, A. O.; MARTINS, E. N. Avaliação da produção e de algumas características de rebrota de cultivares e acessos de Panicum maximum Jacq. sob duas alturas de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa-MG, v.29, n.3, p.660-668, 2000. CHAPMAN, D.F..; LEMAIRE, G. Morphogenetic and structural determinants of plant regrowth after defoliation. In: International Grassland Congress, 17, 1993, Proceedings, p.95-104, 1993. CHIARELLI, C. A.; RUGGIERI, A. C.; CUNHA NETO, D. C.; JANUSCKIEWICZ, E.R.; SANTOS, N. L. Interferências entre a cultura do milho e três cultivares de Brachiaria brizantha em consórcio. IN: CONGRESSO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UNESP, 21., 2009, São José do Rio Preto. Anais... São José do Rio Preto: UNESP, 2009. 1 CD-ROM. CORSI, M.; BALSALOBRE, M.A.; SANTOD, P.M.; SILVA, S.C. da. 1994. Bases para o estabelecimento do manejo de pastagens de brachiária. In: SIMPÓSIO SOBRE 35 MANEJO DE PASTAGEM, 11. 1994, Piracicaba. Anais... . Piracicaba: FEALQ, p.249-266. COSTA, N.L.; PAULINO, V.T. Avaliação agronômica de genótipos de Brachiaria brizantha em diferentes idades de corte. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 35., 1998, Botucatu, SP. Anais... Botucatu: UNESP, 1998. V.2 p. 614 – 616. COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C. R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R. G. de A. Curva de crescimento e composição química de Paspalum atratum Bra-009610 em Rondônia. In: ZOOTEC, 2004, Brasília. Anais... Brasília: ABZ/AZOO, 2004. p 1-4. 1 CD ROM. COSTA, N.L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PAULINO, V.T.; PEREIRA, R.G.A. Formação e manejo de pastagens na Amazônia do Brasil. Revista Eletrônica de Veterinária, v.7, n.1, p.1-23, 2006 CUTRIM JUNIOR, J. A. A., CÂNDIDO, M. J. D., VALENTE, M. B. S. Características estruturais do dossel de capim-tanzânia submetido a três frequências de desfolhação e dois resíduos pós-pastejo. Revista Brasileira Zootecnia., v.40, n.3, p.489-497, 2011 DA SILVA, S.C.; PEDREIRA, C.G.S. Princípios de ecologia aplicados ao manejo de pastagem. In: SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMAS DE PASTAGENS, 3., 1997, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal, SP: FUNEP, 1997. p. 1-62. DA SILVA, S.C.; NASCIMENTO JR., D. Avanços na pesquisa com plantas forrageiras tropicais em pastagens: características morfológicas e manejo do pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p.121-138, 2007. DIAS FILHO, M.B. Growth and biomass allocation of the C4 grasses Brachiaria brizantha and B. humidicola under shade. Pesquisa Agropecuária brasileira, Brasília, v.35, n.12, p.2335-2341, dez. 2000. DIFANTE, G., NASCIMENTO JUNIOR, D., SILVA, S. C. Dinâmica do perfilhamento do capim-marandu cultivado em duas alturas e tres intervalos de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 37, n. 2, p.189-196, fev. 2008. DRUDI, A., FAVORETTO, V. Influência da freqüência, época e altura de corte na produção e composição química do capim Andropógon. Pesq. Agrop. Bras., 1987. 22(11):1287-1292. DURU, M.; DUCROCQ, H. Growth and senescence of the successive leaves on a Cocksfoot tiller. Effect of nitrogen and cutting regime. Annals of Botany, v.85, p.645653, 2000. EMBRAPA. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa Produção de Informação; Rio de Janeiro: Embrapa Solos, 1999. 412p. 36 EUCLIDES. V.P.B. Valor alimentício da espécies forrageiras do gênero Panicum. In: Simposio Manejo da pastagem. Anais 12. Piracicaba. FEAQ. 1995. EUCLIDES, V.P.B.; MACEDO, M. C. M.; OLIVEIRA, M. P. Valores nutritivos de cinco gramíneas sob pastejo. In: Reunião anual da sociedade Brasileira de zootecnia, Fortaleza, 1996. Anais. SBZ. V. 32. P. 90 – 92. 1996. EUCLIDES, V.P.B. Alternativas para intensificação da produção de carne bovina em pastagem. Campo Grande: Embrapa gado de corte, 65p. 2000. EUCLIDES, V.P.B.; VALLE, C.B.; MACEDO, M.C.M.; OLIVEIRA, M.P. Evaluation of B. brizantha. ecotypes under grazing in small plots. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19. Proceedings... São Paulo, SP: FEALQ, 2001. CDROM. 2001. EUCLIDES, V. P. B.; MACEDO, M. C. M.; VALLE, C. B. Do. Animal performance and produtivity of new ecotypes of Brachiaria brizantha in Brazil. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 20, 2005 FAGUNDES, J.L.; FONSECA, D.M. MORAIS, R. V.; MISTURA, C.; VITOR, C. M. T. ; GOMIDE, J. A.; NASCIMENTO JUNIOR, D.; SANTOS, M. E. R.; LAMBERTUCCI, D. M. Avaliação das características morfogênicas e estruturais do capim-braquiária em pastagem adubada com nitrogênio avaliadas nas quatro estações do ano. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.21-29, 2006. FAGUNDES, J.L.; FONSECA, D.M.; GOMIDE, J. A. ; NASCIMENTO JUNIOR, D. ; VITOR, C. M. T.; MORAIS, R. V. ; MISTURA, C. ; REIS, G. C. ; MARTUSCELLO, J. A.. Acúmulo de forragem em pastos de Brachiaria decumbens Stapf. adubados com nitrogênio. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v.40, n.4, p. 397-403. 2005. FAO. Food and Agriculture Organization of the United Nations. Statistical Databases. Agriculture. 2005. Disponível em: <http:// www.fao.org/faostat> FERNANDES, M.S.; ROSSIELO, R.O.P. Mineral nitrogen in plant physiology and plant nutrition. Critical Reviews in Plant Sciences. n.14.v2, p.111-148, 1995. FISCHER, A., DA SILVA, S. C. O ecossistema de pastagens e a producao animal. In: REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38. Piracicaba, Anais... Piracicaba, ESALQ. p. 733-754. 2001. FISCHER, V.; DESWYSEN, A.G.;DUTILLEUL, P.; DE BOVER, J. Padrões da distribuição nictemeral do comportamento ingestivo de vacas leiteiras, ao inicio e ao final da lactação, alimentadas com dieta à base de silagem de milho. Revista Brasileira de Zootecnia, v.3, n.5, 2119-2138, 2002. GARCEZ NETO, A.F.; NASCIMENTO JR., D.; REGAZZI, A. J.; FONSECA,. D.M.; MOSQUIM, P.R.; GOBBI, K.F. Respostas morfogênicas e estruturais de Panicum maximum cv. Mombaça sob diferentes níveis de adubação nitrogenada e alturas de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, v.31, n.5, p.1890-1900, 2002. 37 GASTAL, F.; BÉLANGER, G.; LEMAIRE, G. A model of the leaf extension rate of tall fescue in response to nitrogen and temperature. Annals of Botany, London, v. 70, n. 2, p. 437-442, 1992. GASTAL, F.; DURAND, J.L. Effects of nitrogen and water supply on N and C fluxes and partitioning in defoliated sward. In: Grassland Ecophysiology and Grazing Ecology (eds. G. Lemaire, J. Hodgson, A. de Moraes, C. Nabinger and P.C. de F. Carvalho), CAB International, 2000. GAUTIER, H.; VARLET-GRANCHER, C.; HAZARD, L. Tillering responses to the light environment and to defoliation in populations of perennial ryegrass (Lolium perene L.) selected for contrasting leaf length. Annals of Botany, 83, p. 423-429, 1999. GOMIDE, C.A.M.; GOMIDE, J.A. Morfogênese de cultivares de Panicum maximum Jacq. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa-MG, v.29, n.2, p.341-348, 2000. GOMIDE, C.A.M.; GOMIDE, J.A.; PACIULLO, D.S.C. Morfogênese como ferramenta para o manejo de pastagens. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, p.554-579, 2006. GOMIDE, J. A. Morfogênese e análise de crescimento de gramíneas tropicais. In: GOMIDE, J. A. (Ed.). SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO. Viçosa, 1997. Anais... Viçosa: UFV, p. 411-430. 1997. GRASSELLI, L.C.P.; GOMIDE, C.A.M.; PACIULLO, D.S.C.; GOMIDE, J.A. Características morfogênicas e estruturais de um relvado de B. decumbens sob lotação contínua. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 37., 2000, Viçosa. Anais... Viçosa: Sociedade Brasileira de Zootecnia, p.3 (CDROM), 2000. HERLING, V. R. Efeito de níveis de nitrogênio sobre algumas características fisiológicas e qualitativas dos cultivares Colonião e Centenário (Panicum maximum Jacq.). Jaboticabal, 1995. 133p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP, 1995. HODGSON, J. Grazing management: science into practice. New York: Wiley; Burnt Mill, Harlow, Essex: Longman Scientific and Technical, 1990. 203p. HODGSON, J.; CLARK, D.A.; MITCHELL, R.J. Foraging behavior in grazing animals and its impact on plant communities. In: FAHEY, G.C. (Ed.). Forage quality, evaluation and utilization. NATIONAL CONFERENCE ON FORAGE QUALITY, Lincoln, American Society of Agronomy. p. 796-827. 1994. LACA, E.A .; LEMAIRE, G. Measuring sward structure. In: T’MANNETJE, L.; JONES, R.M. (Ed.). Field and laboratory methods for grassland and animal production research. CABI, p.103-122. 2000. LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. São Carlos: RiMa, 531p. 2002. 38 LEMAIRE, G. The physiology of grass growth under grazing: tissue turnover. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO, 1997, Viçosa.: UFV, 1997. p.117-144. LEMAIRE, G.; AGNUSDEI, M. Leaf tissue turn-over and efficiency of herbage utilisation. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL GRASSLAND ECOPHYSIOLOGY AND GRAZING ECOLOGY, 1., Curitiba, 1999. Anais . Curitiba: UFPR, p.165-183. 1999. LEMAIRE, G.; CHAMPMAN. Ecophysiology of grasslands: dynamics aspects of forage plant populations in grazed swards. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19. 2001, São Pedro. Proceedings... São Pedro: 2001. p.29-37. LEMAIRE, G.; CHAPMAN, D.F. Tissue flows in grazed communities. In: HODGSON, J.; ILLIUS, A.W. (Eds.). The ecology and management of grazing systems. Wallingford: CAB International, p.3-37. 1996. LOPES, B. A. Características morfogênicas e acúmulo de forragem em capimmombaça submetido a regimes de desfolhação. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2006. 188 p. Tese (Doutorado em Zootecnia) – Universidade Federal de Viçosa, 2006. LUZ, P.H.C; HERLING, V.R.; PETERNELLI, M.;BRAGA, G.J. Calagem e adubação no manejo intensivo do pastejo. In: EVANGELISTA, A. R.; SALES, E.C.J.; SIQUEIRA, G.R.; LIMA, J. A. (Ed.). II Simpósio de Forragicultura e Pastagens. Anais.... Lavras: P. 27-110. 2001. MAGALHÃES, A.C.N. Análise quantitativa do crescimento. In: Fisiologia Vegetal. Editora da USP, p.331-350. 1979. MARANHÂO, C.M.A. Características Produtivas, Morfogênicas e Estruturais do Capim-Braquiária Submetido a Intervalos de Cortes e Adubação Nitrogenada. Dissertação (mestrado). – Itapetinga – BA: UESB / Mestrado em Zootecnia, 2008, 61p. II. MARASCHIN, G. E. Avaliação de forrageiras e rendimento de pastagens com o animal em pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA (Simpósio Internacional de Forragicultura), 31, Maringá, 1994. Anais... Maringá: UEM-SBZ, p. 65-98. 1994. MARCELINO, K.R.A.; NASCIMENTO JR., D.; SILVA, S.C. Características morfogênicas e estruturais e produção de forragem do capim marandu submetido a intensidades e frequências de desfolhações. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.6, p.2243-2252, 2006. MARTUSCELLO, J. A.; FONSECA, D. M; NASCIMENTO JÚNIOR, D; MENEZES SANTOS, P; RIBEIRO JUNIOR, J. I; CUNHA, D. N. F. V.; MOREIRA, L. M. Características Morfogênicas e Estruturais do Capim-Xaraés Submetido à Adubação Nitrogenada e Desfolhação. Revista Brasileira de Zootecnia., V.34, n.5, p.14751482, 2005. 39 MONTAGNER, D. B.; In: Fluxos de Carbono e Nitrogênio em Pastos Sob Pastejo. UFV, Viçosa. p. 4-1, 2004. MORAES, A.; LUSTOSA, S.B.C. Efeito do animal sobre as características do solo e a produção da pastagem. In: JOBIM, C.C.; SANTOS, G.T.; CECATO, U. (Eds.). SIMPÓSIO SOBRE AVALIAÇÃO DE PASTAGENS COM ANIMAIS. Maringá: Cooper Graf. Artes Gráfica Ltda, p.129-149. 1997. MOTT, G.O. Grazing pressure and the measurament of pasture production. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 8., Reading. Proceeding…Reading: University of Reading. P606-661. 1960. NABINGER, C.; MEDEIROS, R.B. Produção de sementes de Panicum maximum Jacq. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 14., 1992, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, 1995. p.59-128. NABINGER, C.; PONTES, L.S. Morfogênese de plantas forrageiras e estrutura do pasto. In: Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.38, 2001, Piracicaba. Resumos... Piracicaba: SBZ, 2001. p.755-771. NASCIMENTO JUNIOR, D. do; ADESE, B. Acúmulo de biomassa na pastagem. In: PEREIRA, O. G.; OBEID, J. A.; FONSECA, D. M.; NASCIMENTO JUNIOR, D. (Org.). In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, 2., 2004, Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. v. 1, p. 289-346. NASCIMENTO JÚNIOR, D., GARCEZ NETO, A. F. Complexidade e estabilidade dos sistemas de pastejo. Vicosa, 2001. Disponível < www.tdnet.com.br/domicio/complexidade_e_ estabilidade dos sistemas de pastejo>. Acesso em 09 de julho de 2001) NASCIMENTO JÚNIOR, D.; GARCEZ NETO, A.F.; BARBOSA, R.A. et al. Fundamentos para o manejo de pastagens: Evolução e Atualidade. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, I., Viçosa, 2002. Anais... Viçosa: UFV p.149-196, 2002. OLIVEIRA, M.A; PEREIRA, O.G.; MARTINEZ Y HUAMAN, C.A.; GARCIA, R.; GOMIDE, J.A.; CECON, P.R.; SILVEIRA, P.R. Características morfogênicas e estruturais do capim-bermuda ‘Tifton 85’ (Cynodon spp.) em diferentes idades de rebrota. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 29, n. 6, p. 1939-1948, 2000. PARENTE, H.N.; ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; OLIVEIRA, J.S. Comportamento ingestivo de ovinos em pastagem de Tifton 85 (Cynodon ss) na região Nordeste do Brasil. Ciência Animal Brasileira, v.38, n.2, p.210-215, 2007. PARSONS A. J.; JOHNSON I. R.; WILLIANS J. H. H. Leaf age structure and canopy photosynthesis in rotationally and continuously grazed swards. Grass and Forage Sci., v 43, p. 1-14, 1988. 40 PATÊS, S.N.M.; RIBEIRO JUNIOR, J. I; FAGUNDES, J. L. Características morfogênicas e estruturais do capim-tanzânia submetido a doses de fósforo e nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, vol.36, no.6, p.1736-174. 2007. PEDREIRA, C.G.S.; MELLO, A.C.L.; OTANI, L. O processo de produção de forragem em pastagens. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38, Piracicaba, Anais...Piracicaba: FEALQ, 2001. p.772-807. 2001. PEREIRA, L.M.R.; FISCHER, V.; MORENO, C.B. PARDO, M.P., GOMES, J.F.,. MONKS,P.L.Comportamento ingestivo diurno de novilhas jersey em pastejo recebendo diferentes suplementos. Revista Brasileira de Agrociência, v. 11, n. 4, p. 453-459, 2005. PEREIRA, E.S.; MIZUBUTI, I.Y.; RIBEIRO, E.L.A.; VILLARROEL, A.B.S.; PIMENTEL, P.G.Consumo, digestibilidade aparente dos nutrientes e comportamento ingestivo de bovinos da raça Holandesa alimentados com dietas contendo feno de capim-tifton 85 com diversos tamanhos de partícula. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.1, p.190-195, 2009. PETERNELLI, M. Características morfogênicas e estruturais do capimbraquiarão [Brachiaria brizantha (Hochst ex A. Rich.) Stapf. cv. Marandu] sob intensidades de pastejo. Pirassununga: Universidade de São Paulo, 79p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia), 2003 PRADO, R.M. Manual de nutrição de plantas. FUNEP: Jaboticabal, SP. 2007, 500p. PRÓSPERO, A.O. Variação estacional composição químico-bromatológica, do teor de macronutrientes minerais e da digestibilidade “in vtro”do capim elefante (Pennisetum Purpureum, Schum) Variedade Napier. Anais da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, v,29, p.81-93, 1972. RADIS, A.C. Características estruturais e valor nutritivo de B. brizantha. cv. Piatã em diferentes idades e altura de corte. 71 p. Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Marechal Cândido Rondon, 2010 REATTO, A.; CORREIA, J. R.; SPERA, S. T.; MARTINS, E. S. Solos do Bioma Cerrado: Aspectos Pedológicos. In: SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. (eds.). Cerrado: Ecologia e Flora, v.1. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica, 2008. p.107-149. RODRIGUES, L. R. de A., REIS, R. A. Bases para o estabelecimento do manejo de capins do gênero Panicum. In: In: PEIXOTO, A.M., MOURA, J. C. DE; FARIA, V. P. de.(Eds.) SIMPÓSIO SOBRE O MANEJO DE PASTAGEM, 12,Piracicaba, 1995. Anais..., Piracicaba: FEALQ, p. 197-217, 1995. SANTANA, J.R., PEREIRA, J.M., ARRUDA, N.G. 1989. Avaliação de cultivares de capim-elefante (Pennisetum purpureum, Schum.) no sul da Bahia. I Agrosistema Cacaueiro. Revista Sociedade Brasileira de Zootecnia. 18:273-283. 41 SBRISSIA, A. F.; DA SILVA, S. C. Compensação tamanho/densidade populacional de perfilhos em pastos de capim-marandu. Revista Brasileira de Zootecnia. V.37, n.1, p.35-47, 2008. SCHNYDER, H.; SCHÄUFELE, R.; VISSER, R.; NELSON, C.J. Na integrated view of C and N uses in leaf growth zones of defoliated grasses. In: LEMAIRE, G.; HODGSON, J.; MORAES, A., et al., (Eds.). Grassland Ecophysiology and Grazing Ecology. CAB International. p.41-60, 2000. SILVA, C. C. F; BONOMO, P; PIRES, A. J. V; MARANHÃO, C. M A; PATÊS, N. M. S; SANTOS, L.C. Características morfogênicas e estruturais de duas espécies de braquiáriaadubadas com diferentes doses de nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v.38, n.4, p.657-661, 2009. SILVA, D.J.; QUEIROZ, A.C. Análises de alimentos: métodos químicos e biológicos. 3. ed. (Livro). Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2002. 235p. SILVA, S.C. da; NASCIMENTO JÚNIOR, D. Avanços na pesquisa com plantas forrageiras tropicais em pastagens: características morfofisiológicas e manejo do pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p.121-138, 2007. SILVEIRA, A.C.; TOSI, FARIA, V.P. et al., Efeitos da maturidade sobre a composição químico-bromatológica do capim Napier (Pennisetum purpureum, Schum). Revista da socidade Brasileira de Zootecnia, v.3, n.2, p. 158-171, 1974. SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Role of leaf appearance rate and the coleoptile tiller in regulating tiller production. Crop Science Madison, v.34, n.1, p.71-75, 1994. TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia Vegetal. Porto Alegre: Artmed, 3.ed., 719p. 2004. SPERA, S.T.; REATTO, A.; MARTINS, E.S.; CORREIA, J.R.; CUNHA, T.J.F. Solos arenoquartzosos do Cerrado: características, problemas e limitações ao uso. Planaltina: Embrapa-CPAC, 1999. 48p. TREVISAN, N.B.; QUADROS, F.L.F.; SILVA, A.C.F.; BANDINELLI, D.G. MARTINS, C.E.N. Efeito da estrutura de uma pastagem hibernal sobre o comportamento de pastejo de novilhos de corte. Revista Brasileira Zootecnia, v.34, n.3, p.774-780, 2005. VALLE, C.B. do; EUCLIDES, V.P.B.; MACEDO, M.C.M. Características das plantas forrageiras do gênero Brachiaria. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 17, Piracicaba, 2000. Anais. Piracicaba: Fealq, p.65-108. 2000. VALLE, C.B.; EUCLIDES, V.P.B.; PEREIRA, J.M.; O Capim Xaraés (Brachiaria brizantha cv. Xaraés) na diversificação das pastagens de braquiária. Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 36 p. 2004. VALLE, C. B.; EUCLIDES, V. P. B.; VALÉRIO, J. R.; MACEDO, M. C. M.; FERNANDES, C. D.; DIAS-FILHO, M. B. Brachiaria brizantha cv. Piatã: uma forrageira para diversifi cação de pastagens tropicais. Seed News, v. 11, n. 2, p. 2830, 2007. 42 VICKERY, P. J. Pasture growth under grazing. In: MORLEY, F. H. W. Grazing animals. World Animal Science, v. B-1. Amsterdam: Elsevier Science Publishers, p.55-77. 1981. WOLEDGE, J. The effect of shading during vegetative and reproductive growth on the photosynthetic capacity of leaves of a grass sward. Annals of Botany, 42, p.1085- 1089, 1978. ZAGO, C.P.; GOMIDE, J.A. Valor nutritivo do capim-colonião, submetido a diferentes intervalo de corte, com e sem adubação de reposição. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v 11, n.3, p. 512 – 528, 1982. ZIMMER, A.H.; MACEDO, M.C.M.; BARCELLOS, A.O.; et al. Estabelecimento e recuperação de pastagem da Brachiaria. In: PEIXOTO, A.M.; MOURA, J. C. de; FARIA, V.P. de (Eds.). Simpósio sobre manejo da pastagem, 11, Piracicaba, 1994. Anais... Piracicaba: FEALQ, 1994, p.153-208, 1994. 43 5. CAPÍTULO 2 Características morfogênicas e estruturais do capim Piatã manejado em lotação intermitente com diferentes alturas do pré-pastejo RESUMO: O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência das diferentes alturas de pastejo sobre as características morfogênicas e estruturais da B. brizantha cv. Piatã manejada sob lotação intermitente. Foram avaliadas três alturas do dossel forrageiro (30, 45 e 60 cm) em duas estações de crescimento (meio e final). Adotou-se o delineamento em blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, onde nas parcelas foram alocadas as três alturas de entrada (30, 45 e 60 cm) em duas subparcelas, as duas estações de crescimento (meio e final da estação). A taxa de aparecimento e alongamento foliar do capim Piatã foi influenciada pelas alturas das plantas diminuindo com o aumento da altura do dossel no mesmo pasto. O alongamento de colmo não foi alterado pelas alturas estudadas. Os perfilhos presentes nos locais com maior altura apresentaram maior filocrono (15,7 dias). As alturas do dossel forrageiro não alteraram a taxa de senescência foliar, a qual apresentou valores médio de 9,8 mm perfilho dia-1. O número de folhas vivas foi mais expressivos na altura de 30 cm com 5,14 folhas e o número de folhas mortas foi maior nas alturas de 45 e 60 cm, com 4,14 e 4,91 folhas, respectivamente. O comprimento de bainha foi superior na maior altura (60 cm) com 283,99 mm, já o comprimento da lâmina foliar não diferiu com o aumento na altura, apresentando média de 207,13 mm de comprimento entre as três alturas estudadas. O capim Piatã apresentou melhores resultados quando manejados a alturas mais baixas, tanto em relação às características morfogênicas e estruturais quanto ao fato de ter possibilitado mais ciclos de pastejo. Palavras chave: altura de pastejo, característica de crescimento, estrutura do pasto 44 Morphogenetic and structural grass Piata managed under rotational stocking with different heights of the pre-grazing ABSTRACT: The experiment was conducted to evaluate the influence of different grazing heights on the morphogenetic and structural characteristics of B. brizantha cv. Piata managed under rotational stocking. We evaluated three canopy heights (30, 45 and 60 cm) in two growing seasons (middle and end). We adopted the design of randomized blocks in a split-plot, where plots were allocated in three heights input (30, 45 and 60 cm) in two plots, the two growing seasons (middle and end of the season). Appearance rate and leaf elongation of the grass Piata was influenced by the heights of the plants decreased with increasing canopy height in the same pasture. The elongation of stems was not amended by the heights studied. The tillers present in locations with greater height had higher phyllochron (15.7 days). The canopy heights did not change the rate of leaf senescence, which showed mean of 9.8 mm day-1 tiller. The number of live leaves was more significant in the height of 30 cm with 5.14 leaves and the number of dead leaves was greater in heights of 45 and 60 cm, with 4.14 and 4.91 leaves respectively. The length of the sheath was higher in the higher height (60 cm) to 283.99 mm, whereas the length of the leaf did not differ with increasing height, with an average of 207.13 mm from the three heights studied. The grass Piata showed better results when handled at lower altitudes, both in relation to morphogenetic and structural characteristics as the fact that it enabled more grazing cycles. Key words: grazing height, growth characteristics, sward structure 45 1.1 INTRODUÇÃO O sucesso da utilização das pastagens depende não apenas da escolha correta da planta forrageira, mas também da determinação de uma estratégia de manejo que proporcione adequada produção de forragem sustentável e desempenho animal ao longo do tempo. Para tanto, a compreensão dos mecanismos morfofisiológicos das plantas forrageiras e sua interação com o ambiente são fundamentais para a adoção de metas de manejo do pastejo que proporcionem a manutenção da capacidade produtiva do pasto (NASCIMENTO Jr. et al. 2002). As gramíneas forrageiras tropicais apresentam respostas diferentes nos diversos ambientes, implicando em diferentes recomendações de manejo do pastejo. Tal fato está associado principalmente ao alongamento de colmo determinando a diminuição da relação folha/colmo (CÂNDIDO et al., 2005), conseqüentemente, dificultando a apreensão de forragem resultando no declínio no consumo animal (GONTIJO NETO et al., 2006). Por sua vez, a altura ideal de desfolhação pode controlar o alongamento das hastes do capim tropical, e consequentemente, permitir a melhoria da produtividade do sistema, onde atualmente no Brasil tem sido desenvolvidas várias pesquisas para definir a melhor altura para o melhor momento da desfolhação de gramíneas tropicais. O conhecimento da altura de pastejo adequada é de fundamental importância para a redução dos efeitos negativos do pastejo animal sobre o crescimento e desenvolvimento da pastagem. A altura pode ser usada para estabelecer quais condições de manejo proporcionariam ambiente favorável para as melhores respostas de determinado capim ao pastejo na região do ecótono Cerrado Amazônia, tanto em relação ao acúmulo de forragem quanto em ganho de peso animal. No entanto, as respostas morfofisiológicas das plantas forrageiras à desfolhação, apesar de serem determinadas geneticamente, são fortemente influenciadas pelas condições do meio (PEDREIRA et al., 2001). Principalmente para a região norte do Brasil as informações ainda são limitadas. Sendo assim, objetivou-se avaliar sob as condições do norte Tocantinense as características morfogênicas e estruturais do capim Piatã, manejado sob lotação intermitente, e com isso, subsidiar bases para o estabelecimento do manejo do pastejo adequado para a produção de bovinos em pastejo. 46 1.2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins- UFT, Campus Universitário de Araguaína-TO, na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, localizado a 07º12’28”, Latitude Sul e 48º12’26”, Longitude Oeste, com altitude de 236 m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen (1948), é AW – Tropical de verão úmido, com estação seca e chuvosa bem definida com período de estiagem no inverno. Apresenta temperaturas máximas de 40ºC e mínimas de 18ºC e umidade relativa do ar média anual de 76%. Os dados das variáveis ambientais foram coletados na Estação Agrometeorológica do Campus Universitário de Araguaína-TO, localizado nas proximidades do experimento (700 m), durante todo o período experimental (Tabela 1). Tabela 1 - Valores médios da temperatura, umidade relativa do ar, radiação solar, precipitação pluvial e velocidade do vento nos ciclos e no meio e final da estação de crescimento Altura de 30 cm Variáveis Ciclo1 Ciclo 2 Ciclo3 Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 25,9 85,5 1412,5 287 0,75 26,6 86,1 1482,5 282 0,83 26,4 84,5 1384,2 246 0,9 Meio da Final da estação estação 25,9 26,5 85,5 85,3 1412,5 1433,4 282 528 0,75 0,86 Altura de 45 cm Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 26,0 86,7 1308,7 463 0,8 26,4 86,6 1343,4 280 0,8 26,4 81,1 1457,0 94 1,15 26,0 86,7 1308,7 463 0,8 26,4 83,9 1400,2 374 0,97 26,11 86,3 1325,3 537 0,76 26,8 84,3 1466,0 297 0,86 Altura de 60 cm Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 26,11 86,3 1325,3 537 0,76 26,8 84,3 1466,9 297 0,86 O solo da área experimental é o Neossolo Quartzarênico Órtico típico (EMBRAPA, 2006), o qual foi analisado no Laboratório de Solos da UFT, na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. 47 A semeadura da forrageira foi realizada a lanço após gradagem da área no final das chuvas da estação de crescimento 2008/2009, em área previamente corrigida e adubada com base na análise do solo. Em maio de 2010, a forragem foi colhida com máquina forrageira. Posteriormente, a área foi vedada durante o inverno até o mês de outubro de 2010, quando deu-se o início do preparo da área para condução do estudo. Inicialmente realizou-se a correção do pH do solo, utilizando-se 1 tonelada ha-1 de calcário (PRNT= (98%) em superfície. Posteriormente, aplicou-se 80 kg de P2O5 ha-1 via superfosfato simples em meados de novembro. Em janeiro de 2011 foi feito um corte de uniformização da área experimental, e no início do perfilhamento, após três dias , foi realizada adubação de cobertura com adubo formulado (20:0:20) na dose de 250 kg ha-1. Posteriormente, ao longo do período experimental a adubação foi realizada a cada corte, sendo calculado a quantidade de adubo a ser aplicado de acordo com os dias de descanso de cada área e/ou altura, ou seja, a adubação foi realizada com recomendação diária com com média de 1,6 kg de N e K2O ha dia-1 de rebrotação. O período experimental foi de janeiro à maio de 2011. A área experimental foi de 7,1 hectares, subdividida em duas glebas, sendo alocados três piquetes em cada uma de 1,18 ha cada, sendo um piquete para cada altura de pasto avaliada. Cada piquete foi subdividido em função da altura de manejo estudada, em 6, 7 e 8 faixas, para as alturas de 30, 45 e 60 cm respectivamente (Figura 1). O maior número de faixas para a maior altura de manejo é resultado da necessidade de maior período de descanso demandado pela planta atingir maior altura de entrada. 48 Figura 1 – Croqui da divisão da área experimental O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas com combinação 3x2, sendo três alturas do pasto no momento de pré-pastejo (30, 45, 60 cm de altura) e duas estações de crescimento (meio e final), com quatro repetições por tratamento. A área experimental foi manejada sob lotação intermitente, com taxa de lotação variável, sendo a movimentação dos animais baseada em função da altura do pasto no momento pré e pós-pastejo. As alturas pré-pastejo respeitaram os tratamentos experimentais, e a condição pós-pastejo foi de aproximadamente 50% da altura inicial. Para a avaliação da morfogênese foi utilizada a técnica de perfilhos marcados (DAVIES, 1993), em que se acompanha a dinâmica de aparecimento, alongamento e senescência de lâminas foliares bem como o alongamento de colmo. Dez perfilhos por faixa foram identificados e marcados a 3 m espaçados em um mesmo alinhamento, aproximadamente cinco dias após o pastejo dos animais, e os seus componentes morfológicos foram avaliados semanalmente até o final do período de 49 descanso de cada ciclo de pastejo, sendo os dados registrados em planilhas eletrônicas, com os quais foram estimadas as taxas de aparecimento foliar (TApF= folhas perfilho-1 dia-1), alongamento foliar (TAlF= mm dia-1 perfilho-1), de senescência foliar (TSF= mm dia-1 perfilho-1) e de alongamento de colmo (TAlC= mm dia -1 perfilho-1). Ainda com as avaliações dos perfilhos, estimou-se o número de folhas totais (NFT= folhas perfilho-1) e vivas por perfilho (NFV= folhas perfilho-1), o comprimento médio de lâminas foliares (CMLF= cm) e comprimento da bainha (Bainha= cm) (ALEXANDRINO et al., 2004). O monitoramento da altura do pasto foi realizado duas vezes por semana medindo-se com régua graduada 30 pontos aleatórios por subdivisão, tendo o plano imaginário da altura média da curvatura das folhas como referência da altura do dossel forrageiro. As análises foram realizadas com auxílio do programa SISVAR, Sistema para Análises Estatísticas versão 5.1, onde resultados foram submetidos à análise de variância, e quando significativos (P<0,05) foi realizada a comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade para os efeitos principais, e do desdobramento da interação quando necessário. 50 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores observados para TApF variaram de 0,0737 a 0,1090 folhas perfilho dia-1, os quais estão próximos aos verificados na literatura para o gênero Brachiaria (CAVALCANTE et al., 2001; SBRISSIA E DA SILVA, 2008; SANTOS et al, 2011). Contudo, a resposta do capim Piatã não variou significativamente quando comparadas as duas estações de crescimento (Tabela 2). Contudo, no meio da estação, o manejo das alturas no pré-pastejo alterou a TApF, observando-se maior valor para a altura de 30 cm em relação a de 60 cm. Por ser inversamente proporcional à TApF, o filocrono foi alterado somente pela altura de manejo, mas sem interferência da estação de crescimento (Tabela 2). No geral, a maior altura no pré-pastejo incrementou filocrono, resultado que pode estar associado tanto ao efeito do comprimento do pseudo-colmo como da taxa de alongamento foliar (SKINER e NELSON, 1994). O maior filocrono para a maior altura de pré-pastejo, indicou que a elevação da altura para 60 cm impactou na resposta morfofisiológica da planta reflexo direto da modificação na arquitetura da planta. Conforme apresentado anteriormente, a redução no ritmo de aparecimento das folhas do perfilho para plantas pastejadas em porte mais elevados está intimamente relacionado com a elevação da distância que a folha tem que percorrer para emergir. Normalmente, destaca-se na literatura que o alongamento foliar ocorre até o surgimento do ápice foliar, ou seja, cessa com a exposição da lígula. Assim, plantas que apresentam maior comprimento de bainha normalmente apresentam maior comprimento de lâmina foliar e menor filocrono. 51 Tabela 2 - Taxa de aparecimento foliar (TApF), e Filocrono do capim Piatã no prépastejo manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante duas estações de crescimento da forragem (meio e final) Período Altura (cm) 30 45 60 Média Meio Final TApF (folhas perf dia-1) 0,1090aA 0,1044aA 0,1009aAB 0,0930aA 0,0737aB 0,0853aA 0,0945 0,0942 Média 0,1067 0,0969 0,0795 0,0944 CV% 16,27 Filocrono 30 45 60 Média 10,64 10,91 15,44 12,33a 10,18 11,75 15,98 12,64a 10,41B 11,33B 15,71A 12,48 26,74 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro Via de regra, a lotação intermitente que tem como indicação do momento de entrada dos animais no piquete a condição da planta, como: número de folhas vivas por perfilho, interceptação da radiação e altura do pasto, como o presente trabalho. Normalmente, como o crescimento forrageiro é o reflexo das condições anbientais, o período de descanso para atingir a altura da planta torna-se variável conforme mostra Tabela 3. Tabela 3 - Período de descanso (dias) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante duas estações de crescimento (meio e Final) Altura (cm) 30 45 60 Média Meio da estação 36aC 46aB 65bA 49,17 Final da estação 32aB 32bB 43aA 35,67 Média 34 39 54 42,42 CV% 10,29 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro Em termos gerais, a elevação da altura de pré-pastejo, incrementou o período de descanso, sendo essa resposta variável em função dos períodos de avaliação. Apesar de distintos, a altura de pré-pastejo de 30 e 45 cm foram semelhantes no final da estação de crescimento. Contudo, após a altura de 45 cm, notou-se que o PD incrementou consideravelmente, provavelmente em resposta à desaceleração da taxa de crescimento diário da gramínea, indicando que a essa altura a planta atingiu o platô da baixa taxa de forragem na curva de crescimento sigmóide do capim Piatã. 52 Para aproximadamente o mesmo período experimental entre as três alturas de pastejo, a variação no PD gerou para a altura de 60 cm um ciclo de pastejo a menos, pois essa condição demandou maior PD. Apesar da mesma área e época de avaliação, essa variação no PD impôs condições diferenciadas de meio ambiente para os mesmos ciclos de diferentes alturas pré-pastejo. Para a altura de 30 cm verificou-se menor oscilação das condições ambientais tanto para os ciclos como para estação de crescimento, ao passo que para a altura de 60 cm, apresentou maior heterogeneidade das variáveis ambientais entre as estações (Tabela 1), que pode proporcionar maiores variações no crescimento da planta manejada sob essa condição. Certamente, as interações observadas entre altura pré-pastejo e a estação de crescimento sobre o PD pode estar relacionada às diferentes condições do meio durante as diferentes etapas de rebrotação. A Tabela 1 apresenta as condições ambientais ao longo dos ciclos de avaliação e também a estratificação dessas condições para cada estação de crescimento chuva avaliado. A taxa de alongamento foliar (TAlF) do capim Piatã obteve desempenho superior no final da estação de crescimento, e no meio da estação ela foi reduzida com a elevação da altura do pasto indicando que em longos períodos de descanso, a planta amadureceu em termos fisiológicos, com redução de crescimento, e também fica mais suceptível a variações ambientais, principalmente à precipitação (Tabela 1). No entanto, dentro de uma faixa tolerável de manejo, resultado do crescimeto natural da planta ao longo da estação de crescimento, a quantidade e qualidade da luz que chega ao interior do dossel exercem papel importante no alongamento foliar, ou seja, em um manejo com alturas mais baixas e/ou maior freqüência de pastejo, podendo contribuir para o incremento de TAlF, efeito também observado por FISCHER e da SILVA, 2001, LEMAIRE, 2001, CAVALCANTE, 2001. A taxa de alongamento de colmo (TAlC) variou em função das alturas do pasto, e essa resposta ocorreu somente em função do período de avaliação, verificando-se maiores valores para o final da estação de crescimento. Sabe-se que a planta pode alongar seus colmos para alcançar horizontes mais altos no processo de competição por luz, este fator não influenciou a TAlC nas diferentes alturas do capim Piatã nas condições observadas (Tabela 4). 53 O incremento da TAlC corrobora com a literatura que destaca que ao longo da estação de crescimento é comum o alongamento natural da haste (MACEDO et al. 2010), mas a manutenção da TAlC com a elevação da altura do pasto vai de encontro com referências que citam que aumento da altura de pastejo é proporcional a TAlC. Provavelmente, em função de ser uma área implantada recentemente, e com isso, não ter atingido o estado de equilíbrio na densidade populacional de perfilhos, pode ser que, mesmo com a elevação da altura do dossel forrageiro não tenha comprometido o ambiente luminoso e, consequentemente, não interferido a TAlC. Tabela 4 - Taxa de alongamento foliar (TAlF) e taxa de alongamento de colmo (TAlC), Comprimento de Bainha (CB) e Comprimento Médio de Lâmina Foliar (CMLF) do capim Piatã no pré-pastejo manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante duas estações de crescimento (Meio e Final) Período Altura (cm) 30 45 60 Média 30 45 60 Média 30 45 60 Média 30 45 60 Média Meio Final Média TAlF (mm perf dia-1) 22,80bA 31,91aA 27,36 21,85aAB 24,01aA 22,93 12,85bB 25,90aA 19,38 19,17b 27,27a 23,22 -1 TAlC (mm perf dia ) 1,23 4,26 2,75A 1,57 4,65 3,11A 1,52 4,81 3,16A 1,44b 4,57a 3,00 Comprimento de Bainha (mm) 186,43bA 260,71aB 223,57 184,21bA 302,64aAB 243,42 208,28bA 359,69aA 283,99 192,97 307,68 250,32 Comprimento Médio de Lâmina Foliar (mm) 193,57 260,47 227,02 192,58 217,54 205,06 153,64 224,98 189,31 179,93b 234,33a 207,13 CV% 22,42 35,95 18,84 14,72 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro Em relação ao comprimento de bainha (CB), independente da altura de manejo, somente no final da estação de crescimento verificou-se maiores valores de CB para as maiores alturas. Embora o déficit hídrico não tenha sido tão acentuado no meio da estação de crescimento (Tabela 1), provavelmente em razão de 54 condições climáticas favoráveis ao crescimento dos perfilhos do capim Piatã, corroborando com Faria (2009), que observou em B. decumbens cv. Basilisk que o CB foi incrementado com elevação da altura do pasto para 10, 20, 30 e 40 cm em lotação contínua. O comprimento médio de lâmina foliar (CMLF) não variou em função da altura, mas os maiores valores foram verificados no final da estação de crescimento (Tabela 4), corroborando com Sbrissia et al. (2008) que trabalhou com capim Marandu. Avaliando-se o comportamento do comprimento médio de lâmina foliar em função das alturas estudadas, observa-se que ocorre principalmente em função da distância que percorre para emergir e, consequentemente, cessar a divisão celular. No entanto, novamente não se verificou resposta do CMLF em função da altura, provavelmente porque as duas variáveis responsáveis pelo CMLF, o CB e a TAlF, responderam inversamente a elevação da altura, contrabalanceando os seus efeitos sobre o CMLF. O número de perfilhos se manteve estável em todas as alturas de manejo estudadas, quando avaliadas em relação a estação de cresciemnto o qual foi superior no meio da estação (Tabela 5). Tabela 5 – Número de Perfilhos (NP) do capim Piatã no pré-pastejo manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante duas estações de crescimento (Meio e Final) Períodos Altura(cm) 30 45 60 Média Meio Final NP 1835,42 1927,97 1276,15 1679,85a 1308,65 1360,25 979,79 1216,23b Média 1572,03A 1644,11A 1127,97A 1448,04 CV% 12,01 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro De acordo com os dados observados, o número de folhas totais (NFT) permaneceu constante com o aumento da altura do pasto, apresentando significância apenas na estação de crescimento analizadas, os quais foram mais expressivos no final da estação de crescimento (Tabela 6). Quando analisada a variável número de folhas vivas (NFV) foi observada interação entre as alturas do pasto, onde a altura de 30 cm apresentou maior NFV no inicio da estação de crescimento. Segundo Lemaire e Chapman (1996), o número de folha viva por perfilho, apesar de determinado geneticamente, pode variar com as condições de 55 meio e de manejo da pastagem. Isto posto, os dados obtidos no estudo indicaram que o pastejo em alturas mais baixas propicia adequado disponibilidade de alimento aos animais, uma vez que a planta em alturas maiores investe em alongamento de colmo, buscando horizontes mais altos para maior interceptação da luz, na tentativa de balancear a atividade fotossintética (LEMAIRE, 1997). Tabela 6 - Número de Folhas Total (NFT), Número de Folhas Vivas (NFV) e Número de folhas Mortas (NFM) do capim Piatã no pré-pastejo manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante duas estações de crescimento (Meio e Final) Períodos Altura (cm) 30 45 60 Média 30 45 60 Média 30 45 60 Média Meio Final NFTotal (folhas perf-1) 8,19 7,61 8,55 7,93 9,73 8,45 8,82b 8,00a NFVivas (folhas perf-1) 4,96 aA 5,31 aA 3,85 aB 4,35 aB 3,68 bB 4,67 aAB 4,16 b 4,78 a NFMorta (folhas perf-1) 3,22 aB 2,30 aB 4,70 aA 3,58 aAB 6,05 bA 3,77 aA 4,65 a 3,22 b Média 7,90A 8,24A 9,09A 8,41 5,14 4,10 4,17 4,47 2,76 4,14 4,91 3,93 CV% 11,38 10,59 20,67 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro Em relação ao número de folhas mortas (NFM), pode ser observada interação entre as alturas estudadas sendo maior NFM nas maiores alturas (Tabela 6) o que possivelmente ocorreu pelo aumento do sombreamento das lâminas foliares mais velhas, ocasionando elevação na morte das folhas baixeiras nas maiores alturas. Fato este também constatado por Santos et al., (2011), trabalhando com Brachiaria em diferentes alturas. Também houve interação nas estações de cresciemnto observadas, sendo que o meio da estação foi superior ao final tanto para altura de 30 quanto para 40 cm. Os resultados também corroboram com os de Faria (2009), que quantificou aumento da morte foliar na medida em que a aumentava altura do pasto de B. decumbens, manejada sob lotação contínua. 56 1.4 CONCLUSÕES Verificou-se que o capim Piatã apresenta melhores valores de taxa de aparecimento e alongamento foliar quando manejados á 30 e 45 cm de altura, propiciando maior rapidez na retomada do dossel forrageiro pós-pastejo, além de possibilitar maior número de ciclos de pastejo. Alturas menores exercem importante efeito no desenvolvimento do capim Piatã, uma vez que favorece a rápida recuperação de seu aparato fotossintético após a desfolhação, reduzindo o tempo para o aparecimento de duas folhas consecutivas. 57 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXANDRINO, E.; NASCIMENTO JUNIOR, D.; MOSQUIM, P.R.; REGAZZI, A.J.; ROCHA, F.C. Características morfogênicas e estruturais na rebrotação da Brachiaria brizantha cv.Marandu submetida a três doses de nitrogênio. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.6, p.1372-1379, 2004. ALEXANDRINO, E.; NASCIMENTO JR., D.; REGAZZI, A. J.; MOSQUIM, P. R.; ROCHA, F. C.; SOUZA,. D. P Características morfogênicas e estruturais da Brachiaria brizantha cv. Marandu submetida a diferentes doses de nitrogênio e freqüências de cortes. Acta Scientiarum Agronomy, v.27, n.1. p.17-24, 2005. CÂNDIDO, M.J.D.; GOMIDE, C.A.M.; ALEXANDRINO, E. Morfofisiologia do dossel de Panicum maximum cv, Mombaça sob lotação intermitente com três períodos de descanso. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.406-415, 2005. CAVALCANTE, M.A.B. Características morfogênicas e acúmulo de forragem em relvado de Brachiaria decumbens cv. Basilisk sob pastejo, a diferentes alturas. Viçosa, MG: Universidade Federal de Viçosa, 2001. 64p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, 2001. COSTA, N.L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PAULINO, V.T.; PEREIRA, R.G.A. Formação e manejo de pastagens na Amazônia do Brasil. Revista Eletrônica de Veterinária, v.7, n.1-23, 2006. DAVIES, A. Tissue turnover in the sward. In: DAVIES, A.; BAKER, R.D.; GRANT, S.A. (Eds.) Sward measurement handbook. London: British Grassland Society, 1993. p.183-216. EMBRAPA. Centro Nacional e Pesquisa em Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasilia: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa-Solos, 2006. 306 p. FARIA, D.J.G. Características morfogênicas e estruturais dos pastos e desempenho de novilhos em capim-braquiária sob diferentes alturas. 2009. 145f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. GOMIDE, J.A., WENDLING, I.J., BRÁS, S.P., QUADROS, H.B. Consumo e produção de leite de vacas mestiças em pastagem de Brachiaria decumbens manejadas sob duas ofertas diárias de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa – MG, v.30, n.4, p. 1194-1200, 2001. GONTIJO NETO, M.M.; EUCLIDES, V.P.B.; NASCIMENTO JR., D. et al. Consumo e tempo diário de pastejo por novilhos Nelore em pastagem de capim-tanzânia sob diferentes ofertas de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.60-66, 2006. 58 HERLING, V.R. Efeitos de níveis de nitrogênio sobre algumas características fisiológicas e qualitativas dos cultivares Colonião e Centenário (Panicum maximum Jacq.). Jaboticabal, 1995. 133p. Tese (Doutorado) – Faculdade de Ciências Agrérias e Veterinárias, UNESP, 1995. KÖPPEN, W. Climatologia: com um estúdio de los climas de la tierra. Publications In: Climatology. Laboratory of Climatology, New Gersey. 104p. 1948. LEMAIRE, G. The physiology of grass growth under grazing: tissue turnover. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO, 1997, Viçosa.: UFV, 1997. p.117-144. LEMAIRE, G.; CHAPMAN, D.F. Tissue flows in grazed communities. In: HODGSON, J.; ILLIUS, A.W. (Eds.). The ecology and management of grazing systems. Wallingford: CAB International, p.3-37. 1996. NASCIMENTO JÚNIOR, D.; GARCEZ NETO, A.F.; BARBOSA, R.A. et al. Fundamentos para o manejo de pastagens: Evolução e Atualidade. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO ESTRATÉGICO DA PASTAGEM, Viçosa, 2002. Anais... Viçosa: UFV p.149-196, 2002. PEDREIRA, C.G.S.; MELLO, A.C.L.; OTANI, L. O processo de produção de forragem em pastagens. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38. 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2001. p. 772-807 SANTOS, M. E. R.; FONSECA, D. M.; BRAZ, T. G. S.; SILVA, S. P.; GOMES, V. M.; SILVA, G. P. Características morfogênicas e estruturais de perfilhos de capimbraquiária em locais do pasto com alturas variáveis. R. Bras. Zootec., v.40, n.3, p.535-542, 2011 SBRISSIA, A. F.; DA SILVA, S. C. Compensação tamanho/densidade populacional de perfilhos em pastos de capim-marandu. Revista Brasileira de Zootecnia. V.37, n.1, p.35-47, 2008. VALLE, B.C.; EUCLIDES, V.P.B.; PEREIRA, J.M.; O capim xaraés (Brachiaria brizantha cv. Xaraés) na diversificação das pastagens de braquiaria – Campo Grande: Embrapa Gado de Corte, 2004 36 p. 59 6. CAPÍTULO 3 Características agronômicas, estruturais e bromatológicas do capim Piatã em lotação intermitente com período de descanso variável em função da altura do pasto RESUMO: O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência das diferentes alturas de pastejo sobre as características agronômicas, estruturais e bromatológicas da Brachiaria brizantha cv. Piatã manejada sob lotação intermitente. Foram avaliadas três alturas do dossel forrageiro (30, 45 e 60 cm) ao longo de duas estações de crescimento (Meio e Final da estação). Adotou-se o delineamento em blocos ao acaso, com parcelas subdivididas, onde nas parcelas foram alocadas as alturas e nas subparcelas as estações de crescimento da forragem. Os valores de altura atenderam o protocolo experimental apresentando médias de 35,2; 43,5 e 59,4, respectivamente para 30, 45 e 60 cm de altura. O período de descanso (PD) foi variável no decorrer das alturas e proporcionou diferentes ciclos de pastejo, com PD médio de 34, 39 e 54 dias, respectivamente, para as alturas de 30, 45 e 60 cm. A maior produtividade de MST obtida por ciclo foi na altura de 60 cm, com média de 4612,51 kg ha-1 e, 3566 kg ha-1 para altura de 30 cm. No entanto nas alturas de 30 e 45 cm foram obtidos três ciclos de pastejo e somente dois para a altura de 60 c, totalizando com isso, 12,4, 10,7 e 9,2 t MS ha-1 no período, respectivamente, para as alturas de 30, 45 e 60 cm. A taxa de crescimento cultural foi maior nas alturas menores. Na relação folha/colmo não houve diferença nas alturas estudadas, somente apresentando estreitamento na relação no final da estação de crescimento. Houve interação altura × estação de crescimento sobre o IAF, sendo superiores no final da estação e na altura de 60 cm. O número de perfilho não sofreu alteração no decorrer das alturas sendo observada a superioridade do número de perfilhos no meio da estação de crescimento. O aumento na altura do pasto, em geral, não proporcionou alteração no teor de PB e na digestibilidade e aumento nos teores de FDA, apenas foi alterado FDN na altura de 60 cm. Com o trabalho constatou-se, portanto, interação entre as estratégias de manejo sobre a produção de forragem. Palavras-chave: capim Piatã, estrutura do pasto, produção de forragem 60 Agronomic characteristics, structural and chemical characteristics of grass in Piata stocking with intermittent rest periods vary depending on the sward height ABSTRACT: The experiment was conducted to evaluate the influence of different grazing height on agronomic characteristics, structural and chemical characteristics of Brachiaria brizantha cv. Piata managed under rotational stocking. We evaluated three canopy heights (30, 45 and 60 cm) over two periods of (Start and End of rains). We adopted the design of randomized blocks with split plots where the plots were allocated heights and subplots periods of rainfall. The values of the experimental protocol met when showing averages of 35.2, 43.5 and 59.4, respectively 30, 45 and 60 cm high. The rest period (PD) was variable during the heights and provided different grazing cycles, with average DP of 34, 39 and 54 days, respectively, to the heights of 30, 45 and 60 cm. The higher productivity of MST per cycle was obtained at 60 cm, with an average of 4612.51 kg ha -1 and 3566 kg ha-1 to 30 cm high. However the heights of 30 and 45 cm were obtained at three grazing cycles and only two to the height of 60 c, totaling about it, 12.4, 10.7 and 9.2 t DM ha -1 in the period, respectively, for heights of 30, 45 and 60 cm. The growth rate was higher in cultural heights less. In leaf/stem ratio, no differences in heights studied, only showing narrowing in the relationship in the final period of the rains. There was interaction time × period rainfall over the IAF, being higher in the final period and height of 60 cm. The number of tillers did not change during the heights being observed superiority in the number of tillers in the initial period of the rains. The increase in sward height, in general, provided no change in CP content and digestibility and increased levels of ADF, NDF has been amended only 60 cm in height. With the paper noted, therefore, interaction management strategies on the production of forage. Key words: herbage production, pasture structure, Piata grass 61 1.1 INTRODUÇÃO O Brasil é um dos maiores exportadores de carne bovina do mundo, em virtude de possuir extensa área territorial e clima favorável ao cultivo de gramíneas, conseguindo produzir grande quantidade de matéria seca digestível. Em 2010 o Brasil chegou a exportar 951.255 toneladas de carne in natura, que correspondeu a uma receita de US$ 3,8 bilhões (ABIEC, 2011). Para isso, o país conta com um rebanho de aproximadamente 205,3 milhões de cabeças (IBGE, 2009). Com a expansão da atividade pecuária no país e o aumento na comercialização de carne bovina no mercado externo, torna-se crescente a demanda pela eficiência em produtividade, resultando na busca pela competitividade. As pastagens cultivadas já conquistaram destaque no Brasil em substituição às nativas, principalmente devido ao padrão de produção que se firmou nos últimos anos, exigindo cultivares mais produtivos e adaptados (ZIMMER E EUCLIDES, 2000). As gramíneas são capazes de produzir grandes quantidades de matéria seca, com boa relação folha/colmo, resultando em um adequado valor nutritivo. Segundo FAGUNDES et al. (2005), o potencial de produção de uma planta forrageira é determinado geneticamente, porém, para que esse potencial seja alcançado, condições adequadas do meio e de manejo devem ser observados. Lançado pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) em 2007, a Brachiaria brizantha cv. Piatã é uma variedade resultante de um processo de seleção entre os demais exemplares de Brachiaria brizantha. Segundo a EMBRAPA – Gado de Corte, o capim Piatã estará pronto para consumo dos animais de dois a três meses após a semeadura. O capim piatã é uma planta apropriada para solos de média fertilidade, produz forragem de boa qualidade e acumulação de folhas, possui colmos finos o que resulta em um melhor aproveitamento pelo animal, sendo resistente ao ataque de cigarrinhas-das-pastagens (EMBRAPA, 2007). Estudos apontam que o capim Piatã apresenta boa produção de forragem e, em parcelas sob corte, em solos de média fertilidade e sem adubação de reposição, em Mato Grosso do Sul, produziu em média 9,5 t ha-1 de matéria seca com 57% de folhas, sendo 30% dessa produção obtidas no período seco (MALVES, 2010). Comparada com o capim Marandu, o Piatã destacou-se pela elevada taxa de crescimento e disponibilidade de folhas sob pastejo. O teor médio de proteína bruta 62 nas folhas foi de 11,3%, e a média anual de digestibilidade in vitro da matéria orgânica, de 58%, além disso, apresenta rebrota mais rápida do que o capim Marandu. Em Campo Grande, em solos de fertilidade média, as taxas de acúmulo de massa seca de folhas nos períodos de água e seca foram, respectivamente, de 53,6 e 8,3 kg ha dia-1, para o capim piatã, superiores aos 47,8 e 6,70 kg ha dia-1 do capim Marandu (MALVES, 2010). Em ensaio sob condições semicontroladas, em casa de vegetação, o capim Piatã apresentou tolerância intermediária ao alagamento do solo, tendo desempenho semelhante ao capim Xaraés, porém superior ao capim Marandu (CAETANO e DIAS-FILHO, 2005). Nesse contexto, a Brachiaria brizantha cv. Piatã apresenta-se como uma alternativa interessante à produção de ruminantes em pastejo. A recomendação de uso do capim Piatã é semelhante àquela para o capim Marandu (Brachiaria brizantha cv. Marandu). No entanto, assim como acontece com a cultivar Xaraés, é possível que no sistema de produção o capim Piatã apresente necessidades de manejo distintas do Marandu. As condições de clima (insolação, temperatura, precipitação pluvial, etc.) são distintas e específicas em cada estação do ano e localização global, o que determina mudanças nos tipos e magnitudes dos processos que ocorrem no pasto, como crescimento, senescência e florescimento, dentre outros. Diante dessa situação, o manejo do pastejo deveria ser contextualizado às estações do ano e a essa localização específica, pois uma única ação de manejo não seria eficiente e/ou vantajosa sob condições abióticas diferentes nas mais diversas regiões do país. Na verdade, o manejo do pastejo, concebido e idealizado de forma sazonal, consiste em ajuste fino ou aprimoramento das atuais recomendações de manejo, baseadas em valores de alturas médias dos pastos sob lotação intermitente. Em estudo comparando as Brachiarias brizantha cv. Marandu, Xaraés e Piatã, com período de descanso de 28 dias, Euclides et al., (2001) constataram que a massa de forragem média do capim Piatã no pré-pastejo foi de 3.850 kg ha-1 de matéria seca (MS). Um outro estudo coordenado por Carneiro et al., (2001) avaliando o capim Piatã no período seco e chuvoso, verificou que o capim Piatã produziu cerca de 12 t ha-1 de MS, ou seja, os dados e valores apresentados nos estudos ainda são bastante discrepantes. 63 Em decorrência da carência de informações sobre o comportamento de tais características do capim Piatã sob pastejo intermitente, realizou-se este trabalho com o objetivo de estudar o efeito das diferentes alturas de corte sobre produção da biomassa de forragem, comportamento estrutural e nutricional em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Piatã ao longo da estação de crescimento da forragem na região norte do Tocantins. 64 1.2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins- UFT, Campus Universitário de Araguaína-TO, na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, localizado a 07º12’28”, Latitude Sul e 48º12’26”, Longitude Oeste, com altitude de 236 m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen (1948) é AW – Tropical de verão úmido com estação seca e chuvosa bem definida com período de estiagem no inverno. Apresenta temperaturas máximas de 40ºC e mínimas de 18ºC, com umidade relativa do ar média anual de 76%. Os dados das variáveis ambientais foram coletados semanalmente na Estação Agro-meteorológica do Campus Universitário de Araguaína-TO, localizado nas proximidades do experimento (700 m), durante todo o período experimental (Tabela 1). Tabela 1 - Valores médios da temperatura, umidade relativa do ar, radiação solar, precipitação pluvial e velocidade do vento nos ciclos e na estação de crescimento (meio e final da estação) Altura de 30 cm Variáveis Ciclo1 Ciclo 2 Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 25,9 85,5 1412,5 287 0,75 26,6 86,1 1482,5 282 0,83 Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 26,0 86,7 1308,7 463 0,8 Ciclo3 Meio da Final da estação estação 26,4 25,9 26,5 84,5 85,5 85,3 1384,2 1412,5 1433,4 246 282 528 0,9 0,75 0,86 Altura de 45 cm 26,4 86,6 1343,4 280 0,8 26,4 81,1 1457,0 94 1,15 26,0 86,7 1308,7 463 0,8 26,4 83,9 1400,2 374 0,97 26,11 86,3 1325,3 537 0,76 26,8 84,3 1466,0 297 0,86 Altura de 60 cm Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 26,11 86,3 1325,3 537 0,76 26,8 84,3 1466,9 297 0,86 65 O solo da área é classificado como Neossolo Quartzarênico Órtico típico (EMBRAPA, 2006) o qual foi analisado no Laboratório de Solos da UFT, na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. A semeadura das forrageiras foi feita a lanço após gradagem da área no início das chuvas da estação de crescimento 2008/2009, em área previamente corrigida e adubada com base na análise do solo. Em maio de 2010, a forragem foi coletada com máquina forrageira e o material armazenado em silos, os quais foram utilizados para confinamento no período de julho a setembro do mesmo ano. A área permaneceu vedada até o mês de outubro de 2010, onde teve início a correção do solo com 1 tonelada ha-1 de calcário (PRNT= (98%) em superfície, e em seguida, aplicação de dose única de 80 kg de P2O5 ha-1 via superfosfato simples em meados de novembro. Em janeiro de 2011 foi feito o corte de uniformização da pastagem, e no início do perfilhamento, foram realizadas duas adubações de cobertura com adubo formulado (20:0:20) na dose de 250 kg ha-1 ano. Ao longo do período experimental a adubação foi realizada a cada corte, sendo calculado a quantidade de adubo a ser aplicado de acordo com os dias de descanso de cada área e/ou altura o foi em média de 1,6 kg de N e K2O ha dia-1 de rebrotação. O período experimental teve início em janeiro de 2011 e se estendeu até maio de 2011. A área experimental foi de 7,1 hectares, subdividida em duas glebas, sendo alocados três piquetes em cada uma com 1,18 ha em cada piquete. Os piquetes designados a altura de 30 cm foram subdivididos em 6 faixas com o auxilio de fitas eletrificadas (1.953,3 m2), os de 45 cm em 7 (1.673,6 m²) e os de 60 cm em 8 faixas (1.464,3 m²), conforme expectativa para o período de descanso (Figura 1). 66 Figura 1 – Croqui da divisão da área experimental O delineamento experimental foi em blocos casualizados em esquema de parcelas subdivididas com combinação 3x2, sendo três alturas do pasto no momento de pré-pastejo (30, 45, 60 cm de altura) e duas estações de crescimento (meio e final), com quatro repetições por tratamento. A área experimental foi manejada sob lotação intermitente, com taxa de lotação variável, sendo a movimentação dos animais baseada em função da altura do pasto no momento pré e pós-pastejo. As alturas pré-pastejo respeitaram os tratamentos experimentais, e a condição pós-pastejo foi de aproximadamente 50% da altura inicial. O monitoramento da altura do pasto foi realizado duas vezes por semana medindo-se com régua graduada 30 pontos aleatórios por piquete, tendo o plano imaginário da altura média da curvatura das folhas como referência da altura do dossel forrageiro. 67 Para avaliação do número de perfilhos (NP), expresso em perfilhos m2 utilizouse uma área de amostragem de 0,031416 m2 representada por um anel de cano plástico (PVC) de 20 cm de diâmetro e 5 cm de altura fixado ao solo, sendo que em cada unidade experimental existiam dois anéis. Cada amostragem foi realizada dentro de um período de oito dias. As gerações de perfilhos foram marcadas com argolas plásticas de cores distintas, sendo que a cada amostragem os perfilhos pertencentes às gerações pré-existentes eram contados e os novos marcados com uma nova cor. No momento em que a planta atingia a altura de entrada pré-estabelecida (30, 45, 60), eram amostrados dois pontos por parcela, representado pela altura média do dossel forrageiro, e com auxílio de um quadro de amostragem, um retângulo metálico de 0,6 m2 (1,0 x 0,6) a forragem foi colhida à altura de 10 cm do solo, colocada em sacos previamente identificados, levada a casa de apoio para processamento. O material foi separado em lâmina foliar, colmo e material morto, pesando-se cada fração separadamente. Em seguida foi seca a 55ºC por 72 horas a fim de se estimar sua massa seca. A partir desses dados, foi estimada: a biomassa seca total, de folhas, de colmo, de material morto e a relação folha/colmo. Para a avaliação bromatológica do capim Piatã, foi feio uma coleta de forragem simulando o pastejo animal. Este material foi colocado em sacos de papel identificados e seco em estufa à 55ºC por 72 horas. Após a secagem as amostras foram moídas em moinho do tipo Willey, com peneira de 1 mm, armazenadas em recipientes plásticos e identificadas. Em seguida foram realizadas as análises, no Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, para determinação da proteína bruta (PB), fibra detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácida (FDA) e matéria seca (MS), conforme a metodologia de Van Soest, (1994). O índice de área foliar (IAF) foi estimado a partir de uma sub-amostra de lâmina foliar do material colhido. Para isso, uma alíquota das lâminas foliares foi cortada em segmentos de 10 cm, e o somatório da largura média de todos segmentos era multiplicado por 10 cm, estimando-se assim área foliar da subamostra. Os segmentos medidos, em torno de 100, em média, eram pesados a fim de se estimar sua área foliar específica (cm2 de lâmina foliar g de lâmina foliar-1), a partir da qual e do peso total das lâminas foliares, foi estimado a área foliar correspondente à área do quadro de amostragem (0,6 m 2). O IAF (m2 de folha m2 de 68 solo-1) foi obtido pela divisão da área foliar estimada por 0,6 m2 (ALEXANDRINO et al., 2005). As análises foram realizadas com auxílio do programa SISVAR Sistema para Análises Estatísticas versão 5.1, onde resultados foram submetidos à análise de variância, e quando significativos (P<0,05) foi realizada a comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade para os efeitos principais e do desdobramento da interação quando necessário. 69 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os pastos tiveram pequenas variações nas alturas pretendidas no decorrer do período estudado, atendendo o protocolo experimental de forma satisfatória, onde foram obtidas as médias de alturas de 35,2; 43,5 e 59,4 respectivamente (Figura 2). De acordo com Gonçalves (2002), o intervalo de corte é uma prática de manejo que contribui para determinar a produção e a qualidade da forragem, sendo que cortes em intervalos menores, resultam em baixas produções de matéria seca; no entanto apresenta alta relação folha/colmo, determinando valor nutritivo mais Altura dossel observada (cm) elevado. 70 59,4a 60 50 43,5b 40 30 35,2c 29,5a 30,7a 23,4b 20 10 0 30 45 60 Altura do dossel pretendida (cm) Pós Pré Figura 2 - Altura do dossel forrageiro no pós e pré-pastejo do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada Para todas as variáveis, na condição de pós-pastejo verificou-se efeito somente para a altura de manejo (Figura 2), possivelmente em função do controle de saída dos animais das áreas em função do manejo do pastejo. Certamente, as interações observadas entre altura pré-pastejo e estação de crescimento sobre o período de descanso (PD) pode estar relacionada às diferentes condições do meio durante os diferentes períodos de rebrotação (Tabela 1). O período de descanso (PD) foi variável no decorrer das alturas e proporcionou diferentes ciclos de pastejo, sendo três ciclos na altura de 30 e 45 cm e apenas dois 70 ciclos na altura de 60 cm ao longo do período experimental, sendo essa resposta variável em função das estações de crescimento. O PD foi variável para todas as alturas de manejo no meio da estação de crescimento, mas no final da estação não observou-se diferença entre as alturas de 30 e 45 cm (Tabela 2). Tabela 2 - Período de descanso (dias) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante as estações de crescimento (meio e final) Altura (cm) 30 45 60 Média Meio da estação Final da estação 36,00aC 32,00aB 46,00aB 32,00bB 65,50aA 43,00bA 49,17 35,67 Média 34,00 39,00 54,25 42,42 CV% 10,29 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro A massa seca total de forragem (MST) foi variável em função das alturas avaliadas, mas observou-se resposta diferenciada em função da estação avaliada. Na avaliação do inicio das chuvas, a massa seca total foi incrementada à medida que elevou a altura do dossel, mas no final da estação não foi observado efeito de altura sobre a MST. Multiplicando-se o número de ciclos pela MST média de cada ciclo, obtem-se que os dosséis forrageiros manejados entre 30 e 45 cm de altura produziram em média 11.5 t MS ha-1, ao passo que os de 60 cm foram 20% menos produtivos (9.2 t MS ha-1). Provavelmente, a menor produção ocasionada nos pastos manejados em maior altura reflete a fase de platô na curva de crescimento sigmóide do capim. Quando comparado o efeito dasestações de crescimento, somente para a altura de 30 cm foi observado maior produção para o final da estação de crescimento. Provavelmente, essa resposta esteja relacionada às condições ambientais reinantes em cada estação de crescimento de cada altura de manejo (Tabela 1). Os componentes morfológicos lâmina foliar e colmo, também sofreram alteração no decorrer das alturas na qual na altura de 60 cm foi superior somente a altura de 30 cm (Tabela 3), sendo o colmo com a mesma interferência que a MST teve em relação à estação de crescimento estudadas, ou seja, sendo responsiva somente no meio da estação, enquanto em plantas mais altas, os perfilhos são mais compridos e, assim, necessitam de colmo mais espesso e desenvolvido para sustentar seu maior peso. Ademais, é possível que tenha ocorrido competição por 71 luz entre os perfilhos e, como conseqüência, ocorreu o alongamento do colmo para expor as folhas jovens na parte superior do dossel, onde a luz é mais abundante (DA SILVA e CORSI, 2003). Tabela 3 - Matéria seca total (MST) e dos componentes morfológicos lâmina foliar (MSLF), colmo (MSC) e material morto (MSMM) do capim Piatã no pré-pastejo manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante as estaçãos (meio e final da estação) Meio Final Período Altura (cm) 30 45 60 Média 30 45 60 Média Altura 30 45 60 Média 30 45 60 Média MST (kg ha-1) 2957,8bB 4173,7aA 3803,9aAB 4435,4aA 4413,8aA 4811,2aA 3725,2 4473,4 -1 MSLF (kg ha ) 1749,4bB 2308,6aB 2297,2aAB 2104,3aAB 2619,0aA 2750,6aA 2221,8 2387,8 -1 MSC (kg ha ) 716,5bB 1155,8aA 1091,5bAB 1497,7aA 1334,1aA 1503,6aA 1047,4 1385,7 MSMM (kg ha-1) 491,8aA 709,3aA 415,2bA 833,3aA 460,7aA 556,9aA 455,9 699,8 Média 3565,7 4119,7 4612,5 4099,3 2028,9 2200,7 2684,8 2304,8 936,2 1294,6 1418,8 1216,5 600,6 624,2 508,8 577,9 CV% 19,36 17,49 23,47 34,07 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem ao teste Tukey a 5% de probabilidade de erro O aumento da massa de colmo no pasto influencia a distribuição de folhas no perfil do dossel e modifica a quantidade e a qualidade da luz no seu interior (FAGUNDES et al., 2006), o que altera as características morfogênicas e o perfilhamento do pasto. Além disso, com a elevação da massa de colmo, há incremento na produção de forragem, porém a estrutura do pasto é prejudicada devido ao efeito negativo deste componente morfológico sobre o comportamento ingestivo do animal e a eficiência do pastejo (CARVALHO et al., 2001). A elevação da altura de pastejo não influenciou a quantidade de matéria seca do material morto na pastagem (Tabela 3), o qual se manteve constante no decorrer das alturas, independente da estação de crescimento. A taxa de crescimento cultural 72 foi maior nas alturas menores, mas verificou-se para a altura de 45 cm, que houve efeito da estação de crescimento, observando-se maior valor no final da estação, no entanto essa resposta é variável em função da estação de crescimento, verificando efeito significativo da altura somente no final da estação de crescimento (Tabela 4). Independente da altura, o periodo final das chuvas proporcionou maiores valores de TCC, possivelmente em resposta as variáveis ambientais dessa estação (Tabela 1). Tabela 4 - Taxa de Crescimento Cultural (TCC) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante as estações de crescimento (meio e final da estação) Período Altura (cm) 30 45 60 Média Meio Final TCC (Kg ha dia-1) 78,76bA 82,90bA 67,39bA 76,35 133,97aAB 155,05aA 112,04aB 133,69 Média 106,36 118,98 89,72 105,02 CV% 21,45 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro Diversos estudos apontam as características estruturais do dossel forrageiro como fator determinante do comportamento ingestivo do ruminante em pastejo, tornando-as bastante importante na interação planta-animal (SANTOS et al., 2009; GOMIDE et al., 2001; CÂNDIDO et al., 2005). A relação folha/colmo é uma dessas características, e essa pode ser bastante influenciada pelo período de descanso e resíduo de pastejo. No presente estudo, as diferentes alturas apresentaram efeito sobre a relação folha/colmo exclusivamente no primeiro período de avaliação, com maiores valores para as alturas maiores e somente para a altura de 30 cm foi verificado efeito do período de avaliação. Normalmente, as maiores relações F/C são observadas em dosséis que tiveram certo controle no alongamento de colmo, e por isso, acredita-se que no meio da estação de crescimento houve melhor controle da estrutura do pasto, possivelmente em função do menor crescimento observado nesse período (Tabela 5). 73 Tabela 5 - Relação dos componentes folha/colmo (F/C) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante a estação de crescimento (meio e final da estação) Meio Final Período Média CV% Altura (cm) Folha/Colmo 30 45 60 Média 3,3aA 2,1aAB 2,0aB 2,5a 2,1bA 1,4aA 1,8aA 1,82b 1,79 1,96 2,69 36,65 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro A composição morfológica do capim Piatã foi influenciada tanto pelas estaçõesde crescimento avaliadas quanto pelas alturas de pastejo. Quando analisados os percentuais de lâmina foliar, colmo e material morto todos sofreram ação das diferentes alturas (Tabela 6). Verificou-se que o percentual de colmo apresentou diferença significativa na altura de 30 cm sendo inferior às alturas de 45 e 60 cm. Este efeito diferencial da estação de crescimento sobre os componentes lâmina foliar, colmo e material morto pode ser atribuído a fatores climáticos que atuam na morfologia das plantas, alterando as relações folha/colmo e material vivo/morto. Tabela 6 - Porcentagem de Lâmina Foliar (PLF), colmo (PCO) e material morto (PMM) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante a estação de crescimento (meio e final da estação) Meio Final Período Altura (cm) 30 45 60 Média 30 45 60 Média 30 45 60 Média PLF (%) 62,47aA 60,58aA 59,33aA 3,85 55,61aAB 47,10bB 57,38aA 4,60 PCO (%) 21,98bB 27,46aB 28,79bA 33,78aA 30,07aA 31,02aAB 26,95b 30,75a PMM (%) 15,54aA 16,93aAB 10,63bA 19,12aA 10,59aA 11,60aB 15,89b 12,26a Média CV% 59,04 53,84 58,35 10,52 24,72 31,28 30,55 11,65 16,24 14,88 11,10 28,62 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro 74 O conceito de índice de área foliar crítico, condição na qual 95% da luz incidente é interceptada pelo dossel, tem demonstrado ser efetivo e válido para o manejo de gramíneas tropicais, especialmente sob lotação intermitente (CARNEVALLI et al., 2006; BARBOSA et al., 2007; TRINDADE et al., 2007; PEDREIRA et al., 2007; BRAGA et al., 2009). Possivelmente, as plantas com 60 cm de altura interceptaram luz acima do nível considerado ótimo para definição da condição adequada de manejo. As mudanças na estrutura e composição do pasto, decorrentes do número de folhas verdes por perfilho e do tamanho final da folha, determinam a quantidade máxima de tecido foliar verde que um perfilho acumula, que, associada ao número de perfilhos por área, contribui para o índice de área foliar. Esta variável é importante para a eficiência de absorção luminosa, a capacidade fotossintética do relvado e, conseqüentemente, para a produtividade da pastagem (LEMAIRE, 1997). Foi constatada significância da interação altura x periodo das chuvas sobre o IAF, de modo que os valores de IAF foram superiores no final da estação de crescimento e na altura de 60 cm. O número de perfilhos não teve alteração no decorrer das alturas sendo somente observado a superioridade do número de perfilhos no meio da estação de crescimento, como podem ser observados na Tabela 7. Tabela 7 - Índice de área foliar (IAF) e número de perfilhos (NP) do capim Piatã no pré-pastejo manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante a estação de crescimento (meio e final da estação) Meio Final Período Altura (cm) 30 45 60 Média 30 45 60 Média IAF (m²/m²) 3,40bA 4,40aB 4,06aA 3,73aB 4,08bA 5,66aA 3,85 4,60 -1 NP (perf dia ) 1835,42 1308,65 1927,97 1360,25 1276,15 979,79 1679,85a 1216,23b Média CV% 3,90 3,89 4,87 13,38 4,22 1572,03A 1644,11A 1127,97A 12,01 1448,04 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro Em pastagens de clima tropical, a densidade da forragem é componente importante da estrutura da forragem que determina a taxa de consumo dos animais 75 em pastejo (HODGSON et al., 1994). Quando tal componente foi avaliado nas alturas observou-se que houve diferença significativa no segundo período de avaliação, onde nas alturas de 45 e 60 foram equivalentes e superiores à altura de pastejo de 30 cm (Tabela 8). Quando analisado nas estações, verificou-se variação somente para a altura de 30 cm. Estudos realizados por Molan (2004) constatou que a densidade de forragem decresceu 20% com o aumento de 10 para 40 cm da altura média do pasto de capim Marandu sob lotação contínua. Tabela 8 - Densidade de forragem (kg cm ha-1) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante duas estações de crescimento (Meio e Final da estação) Meio Final Período Altura (cm) 30 45 60 Média Densidade (kg cm ha-1) 82,93bA 118,65aB 93,04aA 102,08aAB 76,95aA 80,72aA 84,31 100,48 Média CV% 100,79 97,56 78,83 20,72 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro A planta quando nova apresenta altos teores de água, quanto mais próximo da sua maturidade esse teor é reduzido e ocorre um aumento nos teores de MS. De acordo com Drudi e Favoretto (1987) à medida que prolonga o intervalo de corte, o teor de matéria seca de forragem tende a aumentar e seus teores nutricionais são diminuídos. Em gramíneas tropicais, os constituintes da parede celular dos tecidos, a celulose e a hemicelulose são normalmente a maior fonte de substrato disponível para a fermentação no rumen, e constituem a principal fonte de energia para o ruminante. No entanto, a presença de lignina na parede celular influencia a digestibilidade dessas substâncias (REIS et al., 2005). O aumento na altura do pasto do capim Piatã, em geral, resultou em variações no FDN e PB, sendo essa resposta influenciada pela estação de avaliação. Em relação ao FDA não foi verificado efeito das fontes de variação (Tabela 9). 76 Tabela 9 - Fibra em detergente neutro (FDN), Fibra em detergente ácido (FDA), Proteína Bruta (PB) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante as estações de crescimento (meio e final na estação) Meio Final Periodos Média CV% Altura (cm) FDN (%) 30 56,93bC 64,08aB 60,17 45 66,32aB 64,06aB 65,19 3,10 60 69,52aA 68,81aA 69,16 Média 64,26 65,65 64,95 FDA (%) 30 34,60 33,45 34,01A 45 34,45 35,10 34,80A 5,03 60 35,23 35,98 35,59A Média 34,76a 34,84a 34,8 PB (%) 30 9,43aA 7,21aB 8,32 45 9,64aA 12,44aA 11,04 32,26 60 7,98aA 8,61aAB 8,29 Média 9,01 9,42 9,21 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro O FDN foi influenciado pela mudança da estação de crescimento e ainda houve alteração conforme aumentou a altura das plantas. Tal fato corrobora com os estudos de REIS et al., (2005) nos quais verificaram que à medida que a idade fisiológica da planta avança, aumentam as porcentagens de celulose, hemicelulose e lignina, reduzindo a proporção dos nutrientes potencialmente digestíveis (carboidratos solúveis, proteínas, minerais e vitaminas), que pode representar queda na digestibilidade. 77 1.4 CONCLUSÕES . O estudo mostrou que o manejo das alturas de pastejo exerce importante efeito sobre a produção de forragem. A maior produção de MS foi obtida na maior altura (60 cm), no entanto, a produção foi compensada quando os dados foram calculados em relação ao número total de ciclos na estação de estudo, onde constatou-se que a altura de 45 e 30 cm respectivamente, foram superiores à altura de 60 cm. Verificou-se também, interação entre as estações de avaliação (Meio e final da estação de crescimento) e as alturas de manejo. Em termos qualitativos foram encontradas sensível diferença nos valores de FDN e PB as quais foram influenciadas pela estação de crescimento avaliada. 78 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABIEC - Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras http://www.abiec.com.br/3_pecuaria.asp - Acessado em 25/10/11 de Carnes ALEXANDRINO, E.; NASCIMENTO JR., D.; REGAZZI, A. Características morfogênicas e estruturais da Brachiaria brizantha cv. Marandu submetida a diferentes doses de nitrogênio e freqüências de cortes. Acta Scientiarum Agronomy, v.27, p.17-24, 2005. BARBOSA, R.A.; NASCIMENTO JR., D.; EUCLIDES, V.P.B. Capim-tanzânia submetido a combinações entre intensidade e freqüência de pastejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, n.3, p.329-340, 2007. BRAGA, G.J.; PEDREIRA, C.G.S.; HERLING, V.R. Eficiência de pastejo de capimmarandu submetido a diferentes ofertas de forragem. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.49, n.11, p.1641-1649, 2009. CAETANO, L.P.S. DIAS-FILHO, M.B. Responses of six Brachiaria spp. accessions to CÂNDIDO, M. J. D.; GOMIDE, C. A. M.; ALEXANDRINO, E.; GOMIDE, J. A.; PEREIRA, W. E. Morfofisiologia do Dossel de Panicummaximum cv. Mombaça sob Lotação Intermitente com Três Períodos de Descanso. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.2, p.338-347, 2005. CARNEIRO, J. C.; VALENTIM, J. F.; WENDLING, I. J. Avaliação de Brachiaria spp. nas condições edafoclimáticas do Acre. In: REUNIAO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. A produção animal na visão dos brasileiros: anais. Piracicaba: SBZ, 2001. 1544 p. CARNEVALLI, R.A.; SILVA, S.C. da; BUENO, A.A. de O.; UEBELE, M.C.; HODGSON, J.; SILVA, G.N.; MORAIS, J.P.G. Herbage production and grazing losses in Panicum maximum cv. Mombaça under four grazing managements. Tropical Grasslands, v. 40, p.165-176, 2006. CARVALHO, P.C.F.; MARÇAL, G.K.; RIBEIRO FILHO, H.M.N. Pastagens altas podem limitar o consumo dos animais. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2001. p.265-268. DA SILVA, S.C.; CORSI, M. Manejo do pastejo. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 20., 2003, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, 2003.p.155-186. DRUDI, A., FAVORETTO, V. Influência da freqüência, época e altura de corte na produção e composição química do capim Andropógon. Pesq. Agrop. Bras., 1987. 22(11):1287-1292. EMBRAPA. Centro Nacional e Pesquisa em Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasilia: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa-Solos, 2006. 306 p. 79 EMBRAPA GADO DE CORTE CNPGC. Informe Agronômico BRS Piatã. Folheto 2472-1 . 2007. EUCLIDES, V.P.B.; VALLE, C.B.; MACEDO, M.C.M.; OLIVEIRA, M.P. Evaluation of B. brizantha. ecotypes under grazing in small plots. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19., 2001, São Pedro. Proceedings... São Paulo, SP: FEALQ, 2001. CD-ROM. FAGUNDES, J.L.; FONSECA, D.M. MORAIS, R. V.; MISTURA, C.; VITOR, C. M. T. ; GOMIDE, J. A.; NASCIMENTO JUNIOR, D.; SANTOS, M. E. R.; LAMBERTUCCI, D. M. Avaliação das características morfogênicas e estruturais do capim-braquiária em pastagem adubada com nitrogênio avaliadas nas quatro estações do ano. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.1, p.21-29, 2006. FAGUNDES, J.L.; FONSECA, D.M.; GOMIDE, J. A. ; NASCIMENTO JUNIOR, D. ; VITOR, C. M. T.; MORAIS, R. V. ; MISTURA, C. ; REIS, G. C. ; MARTUSCELLO, J. A.. Acúmulo de forragem em pastos de Brachiaria decumbens Stapf. adubados com nitrogênio. Pesquisa Agropecuaria Brasileira, v.40, n.4, 2005. GOMIDE, J.A., WENDLING, I.J., BRÁS, S.P., QUADROS, H.B. Consumo e produção de leite de vacas mestiças em pastagem de Brachiaria decumbens manejadas sob duas ofertas diárias de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa – MG, v.30, n.4, p. 1194-1200, 2001. GONÇALVES, G.D.; SANTOS, G.T.; CECATO, et al. Produção e valor nutritivo degramíneas do gênero Cynodon em diferentes idades ao corte durante o ano. Acta Scientiarum, v.24, n.4, p.1163-1174, 2002. HODGSON, J.; CLARK, D.A.; MITCHELL, R.J. Foraging behavior in grazing animals and its impact on plant communities. In: FAHEY, G.C. (Ed.). Forage quality, evaluation and utilization. NATIONAL CONFERENCE ON FORAGE QUALITY, Lincoln, American Society of Agronomy. p. 796-827. 1994. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA–IBGE, 2009. Produção.Agrícola.Municipal.Disponível.www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric/default.asp. Acesso em 15 nov. 2011. KÖPPEN, W. Climatologia: com um estúdio de los climas de la tierra. Publications In: Climatology. Laboratory of Climatology, New Gersey. 104p. 1948. LEMAIRE, G. The physiology of grass growth under grazing: tissue turnover. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PRODUÇÃO ANIMAL EM PASTEJO, 1997, Viçosa.: UFV, 1997. p.117-144. MALVES, D. EMBRAPA GADO DE CORTE. blogpiata.cnpgc.embrapa.br/?p=165, Acessado dia 08/02/2011. 2010. CNPGC. MOLAN, L.K. Estrutura do dossel, interceptação luminosa e acúmulo de forragem em pasto de capim-maradu submetidos a alturas de pastejo por meio de lotação 80 continua. Piracicaba, Dissertação (mestrado). Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2004. PEDREIRA, B. C.; PEDREIRA, C.G. S ; DA SILVA, S.C. Estrutura do dossel e acúmulo de forragem de capim-xaraés em resposta a estratégias de pastejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 42, p. 281-287, 2007. PORTES, T. A.; CARVALHO, S. I. C. Crescimento e alocação de fitomassa de cinco gramíneas forrageiras em condições de cerrado. Revista de Biologia Neotropical, Goiânia, v. 6, p. 1-14, 2009. REIS, R.A.; MELO G.M.P.; BERTIPAGLIA L.M.A. et al., Otimização da utilização da forragem disponível através da suplementação estratégica. In: REIS R.A.; SIQUEIRA, G.R.; BERTIPAGLIA, L.M.A. et al., (Eds.). Volumosos na produção de ruminantes. Jaboticabal: Funep, 2005. p.187-238. SANTOS, M. E. R. ; FONSECA, D. M. ; BALBINO, E. M. ; MONNERAT, J. P. I. ; SILVA, S. P. . Capim-braquiária diferido e adubado com nitrogênio:produção e características da forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, p. 650-656, 2009. TRINDADE, J.K.; SILVA, S.C.; SOUZA JÚNIOR, S.J.; GIACOMINI, A.A.; ZEFERINO, C.V.; GUARDA, V.D.A.; CARVALHO, P.C.F. Composição morfológica da forragem consumida por bovinos de corte durante o rebaixamento do capim-marandu submetido a estratégias de pastejo rotativo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, p.883-890, 2007. ZIMMER, A H.; EUCLIDES, V. P. Importância das Pastagens para o Futuro da Pecuária de Corte no Brasil. I Simpósio de Forragicultura e Pastagens: temas em evidência (1.: 2000: Lavras - MG) UFLA, 2000. p.1-14. 81 7. CAPÍTULO 4 Composição bromatológica e cinética de fermentação ruminal através da técnica in vitro de produção de gases, do capim Piatã sob pastejo rotacionado em diferentes alturas RESUMO: O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a influência das diferentes alturas de entrada em Bachiaria brizantha cv. Piatã manejada sob lotação intermitente durante a estação das águas. Foram avaliadas três alturas do dossel forrageiro (30, 45 e 60 cm) em duas estações de crescimento (Meio e Final). Adotouse o delineamento em blocos ao acaso em esquema de parcelas subdivididas, onde nas parcelas foram alocadas as alturas e nas subparcelas as estações (meio e final da estação), e avaliou-se e a cinética de fermentação ruminal in vitro e a composição bromatológica da gramínea Brachiaria brizantha cv. Piatã. O aumento na altura do pasto, em geral, não proporcionou alteração no teor de PB e da digestibilidade, mas aumentou nos teores de FDA, para a altura de 60 cm. Não houve efeito das estações sobre as variáveis estudadas. Na altura de 30 cm foi encontrada a maior fermentação ruminal no meio da estação de avaliação, enquanto para a segunda estação 30 e 45 cm foram similares e superiores ao de 60 cm. A altura de corte da forragem modifica a qualidade de forragem. Forragem das alturas menores, portanto, mais jovens possuem maior degradabilidade, quando comparado a as mais velhas. Neste sentido as alturas de 30 e 45 cm tiveram maior cinética de fermentação da MS quanto comparadas à altura de 60 cm. A fermentação ruminal se mostrou superior no meio da estação de crescimento em relação á estação final. Palavras chave: altura de pastejo, estrutura do pasto, degradabilidade 82 Kinetics of ruminal fermentation, through the technique of in vitro gas production, the grass Piata under rotational grazing at different heights ABSTRACT: The experiment was conducted to evaluate the influence of different heights of entry into Bachiaria brizantha cv. Piata managed under rotational grazing during the rainy season. We evaluated three canopy heights (30, 45 and 60 cm) in two growing seasons (Middle and End). We adopted the design of randomized blocks in a split-plot, where the plots were allocated heights and subplots stations (middle and end of the season), and we evaluated the kinetics of in vitro ruminal fermentation and chemical composition of Brachiaria brizantha cv. Piata. The increase in sward height, in general, provided no change in CP content and digestibility, but increased on the ADF to the height of 60 cm. There was no effect of the seasons on the variables studied. At the height of 30 cm was found to be higher ruminal fermentation in the middle of the station for evaluation, while in the second station 30 and 45 cm were similar and higher than 60 cm. The cutting height of the forage change the quality of forage. Fodder lower heights, therefore, possess greater degradability young compared to older women. In this sense the heights of 30 and 45 cm had higher fermentation kinetics of MS as compared to the height of 60 cm. Rumen fermentation was higher than in the middle of the growing season in thier final season. Key words: degradability, grazing height, sward structure, 83 1.1 INTRODUÇÃO O manejo do pastejo visa a otimização da produção forrageira e da eficiência de uso do pasto produzido para adequada nutrição e, consequentemente, desempenho animal. A disponibilidade de forragem e altura do pastejo que caracterizam pressão ótima de pastejo ainda está para ser estabelecida na maioria das forrageiras tropicais. A exploração dos rebanhos em pastagens depende fundamentalmente da produção de forragem, portanto, é de fundamental importância, adequado manejo e escolha da espécie forrageira face às condições do meio em que se insere o sistema produtivo. Para tanto, em sistema de produção em pastejo é bastante relevante conhecer as características adaptativas da espécie a ser implantada, bem como seu valor nutritivo, sua composição bromatológica, sua cinética de fermentação ruminal, dentre outros aspectos (MOTT, 1970). A composição química das plantas forrageiras nos diversos estádios de desenvolvimento é um dos fatores que deve ser considerado para o seu manejo adequado. À medida que ocorre a maturação das gramíneas tropicais há redução nos teores de proteína bruta e elevação nos de matéria seca, cinza, celulose e lignina, resultando em decréscimos da digestibilidade e aceitabilidade da gramínea pelos animais. Cortes ou pastejos menos frequentes resultam em maiores produções de forragem, porém, concomitantemente, ocorrem alterações negativas acentuadas na sua composição química (COSTA et al., 1997; LISTA et al., 2007). A fração do alimento ingerido que é absorvida depende da velocidade em que é fermentada no rúmen, ou seja, a fração efetivamente degradada é função das taxas de digestão e de passagem, o que pode ser influenciado pela natureza e teor dos constituintes da parede celular e da disponibilidade ruminal de nitrogênio. Isto posto, a avaliação dos componentes da parede celular e do conteúdo protéico, juntamente com a determinação da taxa e da extensão de fermentação no rúmen, constituem parâmetros importantes nos estudos do valor nutritivo das forrageiras (TOMICH et al., 2003). Nos anos 40 foram desenvolvidas técnicas para a quantificação dos gases produzidos na fermentação ruminal, a qual cresceu sua utilização por grande parte dos pesquisadores nutricionistas nos últimos anos, pelo fato de possibilitar o estudo da cinética de fermentação, preservar a amostra a cada coleta de dados e permitir a 84 detecção da contribuição das frações solúveis dos alimentos para a fermentação ruminal (GETACHEW et al., 1998). O objetivo foi avaliar a composição bromatológica e cinética de fermentação ruminal da gramínea Brachiaria brizantha cv. Piatã manejada em lotação intermitente sob diferentes alturas de entrada dos animais nos piquetes durante duas estações de crescimento no Norte do Tocantins. 85 1.2 MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido na Universidade Federal do Tocantins- UFT, Campus Universitário de Araguaína - TO, na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, localizado a 07º12’28”, Latitude Sul e 48º12’26”, Longitude Oeste, com altitude de 236 m. O clima da região, segundo a classificação de Köppen (1948), é AW – Tropical de verão úmido com estação seca e chuvosa bem definida com período de estiagem no inverno. Apresenta temperaturas máximas de 40ºC e mínimas de 18ºC, com umidade relativa do ar média anual de 76%. Os dados das variáveis ambientais foram coletados na Estação Agrometeorológica do Campus Universitário de Araguaína-TO, localizado nas proximidades do experimento (700 m), durante todo o período experimental (Tabela 1). Tabela 1 - Valores médios da temperatura, umidade relativa do ar, radiação solar, precipitação pluvial e velocidade do vento nos ciclos e estudadas durante a estação de crescimento (meio e final da estação) Altura de 30 cm Variáveis Ciclo1 Ciclo 2 Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 25,9 85,5 1412,5 287 0,75 26,6 86,1 1482,5 282 0,83 Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 26,0 86,7 1308,7 463 0,8 Ciclo3 Meio da Final da estação estação 26,4 25,9 26,5 84,5 85,5 85,3 1384,2 1412,5 1433,4 246 282 528 0,9 0,75 0,86 Altura de 45 cm 26,4 86,6 1343,4 280 0,8 26,4 81,1 1457,0 94 1,15 26,0 86,7 1308,7 463 0,8 26,4 83,9 1400,2 374 0,97 26,11 86,3 1325,3 537 0,76 26,8 84,3 1466,0 297 0,86 Altura de 60 cm Temp. Média (ºC) Umidade(%) Radiação (W/m2) Precipitação (mm) Velocidade do vento (m/s) 26,11 86,3 1325,3 537 0,76 26,8 84,3 1466,9 297 0,86 O solo da área foi classificado como Neossolo Quartzarênico Órtico típico (EMBRAPA, 2006) o qual foi analisado no Laboratório de Solos da UFT, na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. 86 A semeadura das forrageiras foi realizada a lanço após gradagem da área no início das chuvas da estação de crescimento 2008/2009, em área previamente corrigida e adubada com base na análise do solo. Em maio de 2010, a forragem foi colhida com máquina forrageira. Posteriormente a área foi vedada durante o inverno até o mês de outubro de 2010, onde deu-se o início do preparo da área para condução do estudo. Inicialmente realizou-se a correção do solo, no qual foi utilizada 1 tonelada ha-1 de calcário calcítico (PRNT= (98%) em superfície, posteriormente aplicou-se 80 kg de P2O5 ha-1 via superfosfato simples em meados de novembro. Em janeiro de 2011 foi feito o corte de uniformização da área experimental, e no início do perfilhamento, após três dias , foi realizada adubação de cobertura com adubo formulado (20:0:20) na dose de 250 kg ha-1 ano-1. Ao longo do período experimental a adubação foi realizada a cada corte, sendo calculado a quantidade de adubo a ser aplicado de acordo com os dias de descanso de cada área e/ou altura, ou seja a adubação foi realizada com adubo formulado 20:0:20 com recomendação diária com base na dose de 50 kg de N ha -1, totalizando 1,6 kg N e K2O ha dia-1 de rebrotação. O período experimental teve início em janeiro de 2011 e se estendeu até maio de 2011. A área experimental foi de 7,1 hectares, subdividida em duas glebas, onde foram alocados três piquetes de 1,18 ha em cada, sendo um piquete para cada altura de pasto avaliada. Cada piquete foi subdividido em função da altura de manejo estudada, sendo 6, 7 e 8 faixas, respectivamente, para as alturas de 30, 45 e 60 cm. O maior número de faixas para a maior altura de manejo foi resultado da necessidade de maior período de descanso demandado pela planta atingir maior altura de entrada (Figura 1). 87 Figura 1 – Croqui da divisão da área experimental O delineamento experimental foi em blocos casualizado, em esquema de parcelas subdivididas no tempo com combinação 3x2, sendo três alturas de pasto no momento de pré-pastejo (30, 45, 60 cm) e duas estações de crescimento da forragem (Meio e Final) com quatro repetições por tratamento. A área experimental foi manejada sob lotação intermitente, com taxa de lotação variável, sendo a movimentação dos animais baseada em função da altura do pasto no momento pré e pós-pastejo. As alturas pré-pastejo respeitaram os tratamentos experimentais e a condição pós-pastejo foi de saída dos animais quando a forragem atingisse em torno de 50% da altura inicial. O monitoramento da altura do pasto foi realizado duas vezes por semana medindo-se com régua graduada 30 pontos aleatórios por piquete, tendo o plano imaginário da altura média da curvatura das folhas como referência da altura do dossel forrageiro. No momento em que a planta atingia a altura de entrada préestabelecida (30, 45, 60), eram amostrados dois pontos por parcela, representado pela altura média do dossel forrageiro, e com auxílio de um quadro de amostragem, 88 um retângulo metálico de 0,6 m2 (1,0 x 0,6) a forragem foi colhida à altura de 10 cm do solo, colocada em sacos previamente identificados, levada a casa de apoio para processamento. O material foi seco a 55ºC por 72 horas e logo após a secagem as amostras foram moídas em moinho do tipo Willey, com peneira de 1 mm, armazenadas em recipientes plásticos e identificadas. Para a avaliação bromatológica do capim Piatã, foi feio uma coleta de forragem simulando o pastejo animal. Este material foi colocado em sacos de papel identificados e seco em estufa à 55ºC por 72 horas. Após a secagem as amostras foram moídas em moinho do tipo Willey, com peneira de 1 mm, armazenadas em recipientes plásticos e identificadas. Em seguida foram realizadas as análises, no Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, para determinação da proteína bruta (PB), fibra detergente neutro (FDN) e fibra detergente ácida (FDA) e matéria seca (MS), conforme a metodologia de Van Soest, (1994). Essas mesmas amostras foram submetidas a ensaio de produção de gases e degradabilidade, no período de 07 de outubro de 2011 a 14 de outubro de 2011, por meio de uma adaptação da técnica “Hohenheim Gas Test” desenvolvida por Menke et al. (1979), utilizando seringas de vidro de 100 ml graduadas para mensuração da produção de gases. Foram usados 0,2 g das amostras de forragem, incubando estes nas seringas com 10 ml de inóculo e 20 ml de meio de cultura. O líquido ruminal (inóculo) foi coletado, antes do fornecimento da alimentação matinal de um bovino fistulado no rumen, manejado exclusivamente em pastejo. Os seguintes horários foram usados para medida do volume dos gases produzidos: 3; 6; 9; 12; 24; 48; 72 e 96 horas após inoculação. Os dados obtidos foram corridos utilizando brancos (seringas sem amostra) e os valores ajustados para produção por grama de MS. Após tal procedimento, o modelo de FRANCE et al. (1993) foi ajustado aos dados, como expresso abaixo: Y A. 1 exp b . t . T c . t T (1) Foram obtidos os seguintes parâmetros referentes à cinética de produção de gases: produção de gases acumulada “Y” em ML, tempo de incubação “t” em horas, total de gases “A” em mL, tempo de colonização “T” em horas e taxa de degradação fracional “µ” em ML . h-1, calculada através da equação: µ = (b + c) / 2 * (√tmetade) 89 Em que: tMetade é o tempo de incubação na metade da produção total de gases e “b” e “c” são constantes. As equações geradas foram comparadas por meio de teste de paralelismo e identidade de curvas de acordo com REGAZZI E SILVA (2004), ao nível de 5% probabilidade de erro. Foram estimadas também as degradabilidades efetivas, como expresso abaixo: DE S0 . exp kt . (1 kI ) /( S0 U 0 ) (2) Em que: DE = Degradabilidade efetiva, k = taxa de passagem; sendo calculado para k = 0,05; 0,06; 0,07 e 0,08 e S0 e U0 = frações inicialmente fermentáveis e frações não fermentáveis, respectivamente, sendo: I exp b . t . T c . t T dt (3) 90 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO O estádio de desenvolvimento da forragem influenciou diretamente a fermentação ruminal mostrada através dos ensaios de produção de gases da forragem. À medida que a planta amadurece, os componentes digestíveis como, proteínas e carboidratos solúveis, tendem a decrescer e a proporção de lignina, celulose, hemicelulose, cutina e sílica aumentam, fazendo com que a digestibilidade seja reduzida (EUCLIDES et al., 1995 e PAULINO et al., 2000). No estudo em questão, os resultados não foram diferentes e os mesmos resultados estiveram de acordo com os descritos por Reis e Rodrigues, (1993). Em gramíneas tropicais, os constituintes da parede celular dos tecidos, a celulose e a hemicelulose são normalmente a maior fonte de substrato disponível para a fermentação no rúmen e constituem a principal fonte de energia para o ruminante. No entanto, a presença de lignina na parede celular influencia a digestibilidade dessas substâncias (REIS et al., 2005). O aumento na altura do pasto do capim Piatã, em geral, não proporcionou alteração no teor de PB e FDA. Quando estas variáveis foram analisadas em relação à estação de crescimento, nenhuma delas apresentou variação nas duas estações de crescimento avaliadas (Tabela 2). O FDN foi influenciado pela mudança de estação de crescimento na altura de 30 cm e também sofreu alteração conforme aumentou a altura de pastejo. Tal fato corrobora com os estudos de Reis et al., (2005), nos quais verificaram que à medida que a idade fisiológica da planta avança, aumentam as porcentagens de celulose, hemicelulose e lignina, reduzindo a proporção dos nutrientes potencialmente digestíveis (carboidratos solúveis, proteínas, minerais e vitaminas), que podem refletir negativamente sobre a digestibilidade da forragem. Sabe-se que a concentração de fibra em detergente neutro (FDN) da dieta está relacionada com o espaço ocupado pelos alimentos no rúmen e expressa a capacidade de enchimento desse órgão (VAN SOEST, 1994). A utilização de forrageiras na alimentação de ruminantes, com teores de FDN superiores a 60%, e proteína bruta (PB) inferiores a 6%, caracterizam uma forrageira de baixa qualidade, proporcionam menor taxa de passagem de partículas, acarretando o aumento do enchimento ruminal e, consequentemente, redução do consumo de matéria seca (FORBES, 1995). 91 Tabela 2 – Percentagem de Fibra em detergente neutro (FDN), Fibra em detergente ácido (FDA), Proteína Bruta (PB) do capim Piatã manejado sob lotação intermitente com três alturas de entrada durante as estações de crescimento (meio e final da estação) Meio Final Período Média CV% Altura (cm) FDN (%) 30 56,93bC 64,08aB 60,17 45 66,32aB 64,06aB 65,19 3,10 60 69,52aA 68,81aA 69,16 Média 64,26 65,65 64,95 FDA (%) 30 34,60 33,45 34,01A 45 34,45 35,10 34,80A 5,03 60 35,23 35,98 35,59A Média 34,76a 34,84a 34,8 PB (%) 30 9,43aA 7,21aB 8,32 45 9,64aA 12,44aA 11,04 32,26 60 7,98aA 8,61aAB 8,29 Média 9,01 9,42 9,21 Médias seguidas de letras iguais maiúsculas na coluna e minúsculas na linha iguais não diferem entre si pelo teste Tukey a 5% de probabilidade de erro Na Tabela 3 estão expressos os dados de produção acumulada de gases e os modelos gerados pelas análises de regressão ao modelo de France et al. (1993) do capim Piatã em diferentes alturas de manejo. Tabela 3 - Equações da produção acumulativa de gases (PCG), em ML g-1 de MS do capim Piatã manejado a 30, 45 e 60 cm de altura em duas estações de crescimento (Meio e Final) Altura (cm) Equações (Modelo de France) R2 (%) Meio da estação de crescimento 30 Y = 287,3540 x {1 – exp [ –(0,0339) x (t – 0,2773) – (-0,0368) x (√ t – √ 0,2773)]} a A 99,40 45 Y = 281,6655 x {1 – exp [ –(0,0329) x (t – 1,1678) – (-0,0445) x (√ t – √ 1,1678)]} a B 99,40 60 Y = 275,1543 x {1 – exp [ –(0,0292) x (t – 1,7349) – (-0,0447) x (√ t – √ 1,7349)]} a C 99,70 Final da estação de crescimento 30 Y = 253,1500 x {1 – exp [ –(0,0363) x (t – 0,0300) – (-0,0539) x (√ t – √ 0,0300)]} a B 99,70 45 Y = 254,3597 x {1 – exp [ –(0,0392) x (t –0,0365) – (-0,07422) x (√ t – √ 0,0365)]} a B 98,90 60 Y = 235,1453 x {1 – exp [ –(0,0351) x (t – 0,0501) – (-0,0624) x (√ t – √ 0,0501)]} a A 98,50 Equações acompanhadas por letras minúsculas iguais na mesma coluna são paralelas pelo teste de paralelismo de curvas a 5% de probabilidade. Equações acompanhadas por letras maiúsculas iguais na mesma coluna são idênticas pelo teste de identidade de curvas a 5% de probabilidade 92 Foi observado aumento da degradabilidade efetiva (DE) e do tempo de fermentação conforme houve incremento da altura de pastejo. Quando estes parâmetros foram comparados em relação à estação de crescimento (Meio e final) os três tratamentos mostraram o mesmo padrão de respostas, sendo significativamente equivalente o aumento da DE e do tempo de fermentação da MS do capim Piatã (Tabela 4). O fato possivelmente pode estar ligado aos maiores teores de lignina depositados nas paredes celulares, subsídio usado pela planta para o seu crescimento (Tabela 2). A lignina tem sido reconhecida como o principal componente químico da parede celular a limitar a digestibilidade de forragens, uma vez que, com a maturidade da planta, ocorrem mudanças na composição química (BALSALOBRE et al., 2001). Tabela 4 - Parâmetros da cinética de fermentação ruminal in vitro de MS do capim Piatã manejado a 30, 45 e 60 cm de altura em duas estações de crescimento (Meio e final) utilizando o modelo de France e degradabilidade efetiva Parâmetro de France Altura de Manejo (cm) 30 45 60 Meio da estação de crescimento A 287,3540 281,6655 275,1543 00:16 01:10 01:44 µ 0,02937 0,02749 0,02356 DE (2%) 56,0397 54,2775 52,1130 DE (3%) 55,1452 52,9369 50,5359 DE (4%) 54,2552 51,6201 48,9975 DE (5%) 53,3697 50,3268 47,4971 T (Horas:minutos) Final da estação de crescimento A 253,1500 254,3597 235,1456 00:01 00:02 00:03 µ 0,02984 0,03053 0,07752 DE (2%) 55,4706 53,1806 51,2749 DE (3%) 54,7221 52,4617 50,5720 DE (4%) 53,9742 51,7433 49,8699 T (Horas:minutos) 53,2266 51,0254 49,1685 DE (5%) Potencial máximo de produção de gases (A) em mL/g de MS, tempo de colonização (T) em horas e minutos, taxa de produção de gases (µ) em mL/g de MS/h e degradabilidade efetiva (DE) da matéria seca (% de MS) para as taxas de passagem 2%, 3%, 4% e 5% do capim Piatã 93 Com base nos dados da cinética de fermentação ruminal do capim Piatã (Tabela 4), foi possível estimar a quantidade de MS efetivamente degradada no rumem de acordo com a produção de MST por ciclo, acumulada no número de ciclos e nas estações de crescimento estudados. A fermentação apresentou-se de forma crescente em todas as alturas de manejo estudadas e foi superior no meio da estação de crescimento (Tabela 5). Em contrapartida, nas alturas de 30 e 45 cm foram obtidos três ciclos, enquanto a altura de 60 cm foram apenas dois ciclos de pastejo na estação de crescimento estudada, observa-se compensação da quantidade de matéria seca efetivamente degradada no rumem, sendo constatada que o manejo em 45 cm foi mais eficiente nas duas estações de crescimento avaliadas. Os dados obtidos no estudo corroboram com Sá et al., (2010), onde os autores inferem que o intervalo entre cortes é prática de manejo que contribuí para determinar a produção e a qualidade da forragem, porém o aumento dos intervalos de corte normalmente resulta em incrementos na MS, com declínio no valor nutritivo da forragem produzida. Este maior incremento de matéria seca efetivamente degradada no rúmem no final da estação de crescimento, provavelmente se deu em virtude das maiores valores dos parâmetros climáticos destacados na Tabela 1, principalmente precipitação e radiação solar, os quais são de grande importância para o desenvolvimento da forrageira. Os dados meteorológicos são ainda mais significativos nos primeiros ciclos de pastejo, privilegiando os tratamentos de 30 e 45 cm, os quais obtiveram mais ciclos de pastejo, consequentemente, evidenciando um aumento da produção de matéria seca digestível ha-1. Tabela 5 - Matéria seca efetivamente degradada no rúmem por ciclo de pastejo e por número total de ciclos avaliados em diferentes alturas de manejo MSEDRC MSEDRTC Altura (cm) Inicial Inicial Final Final 30 1.657,53 2.315,20 4.972,59 6.945,61 45 2.064,68 2.358,94 6.194,04 7.076,82 60 2.300,16 2.466,94 4.600,32 4.933,88 MSEDRC - Matéria Seca Efetivamente Degradada no rúmen por Ciclo; MSEDRTC - Matéria Seca Efetivamente Degradada no rúmen de acordo com o número Total de ciclos 94 As curvas de regressão dos dados de produção de gases do capim Piatã quando comparadas em relação ao meio e final da estação de crescimento, pode ser observado maior fermentação no meio na estação e comparando tal efeito nas diferentes alturas de manejo também verificou-se variação, sendo que nas menores alturas de manejo obteve-se maiores fermentações (Figura 2). Nas alturas menores (30 e 45 cm) as plantas estão trabalhando para o crescimento, os carboidratos ainda não estão alocados, ou seja, estão prontamente disponíveis à colonização das bactérias. Essas interações resultariam em processo de fermentação mais lento da forrageira com o aumento das alturas e, conseqüentemente, a idade da planta. Tal comportamento é explicado uma vez que, o avanço na idade da planta produz aumento dos constituintes da parede celular, e consequentemente, redução nos teores de carboidratos não fibrosos (CNF), diminuindo assim o fornecimento de energia de rápida degradação para os Produção gases (mL) microrganismos ruminais (BALSALOBRE et al., 2003). 300,0 275,0 250,0 225,0 200,0 175,0 150,0 125,0 100,0 75,0 50,0 25,0 0,0 Inicial 30 cm Inicial 45 cm Inicial 60 cm Final 30 cm Final 45 cm Final 60 cm 0 12 24 36 48 60 72 84 96 Tempo de Incubação (h) Figura 2 - Produções de gases por hora para B. brizantha cv. Piatã em duas estações de crescimento (Meio e Final) e com alturas de manejo diferentes (30, 45 e 60 cm) Quando os tratamentos foram comparados entre si no meio da estação de crescimento, mostraram maior fermentação do capim manejado à altura de 30 cm, o que pode ser justificado de forma simplificada pela quantidade de carboidratos disponíveis em plantas mais jovens, uma vez que estas normalmente têm alta 95 digestibilidade dos componentes nutritivos e o consumo de forragem é alto. À medida que a planta amadurece, o valor nutritivo decresce, por causa da diluição dos nutrientes e aumento nos componentes fibrosos (DIAS et al., 2008) . As alturas de 45 e 60 cm mostraram-se significativamente equivalente (Figura 2). No meio da estação de crescimento houve bastante proximidade nas datas das coletas das alturas de 45 e 60 cm, ou seja, estiveram submetidas a praticamente as mesmas condições. A cinética de fermentação do capim Piatã no final da estação de crescimento apresentou similaridade nas duas menores alturas de manejo estudadas (30 e 45) as quais foram também superiores à altura de 60 cm. Observa-se que não houve diferenças entre as elevações na cinética de fermentação dos CHO’s solúveis e CHO’s fibrosos do capim Piatã nas alturas de manejo mais baixas (30 e 45), as quais tiveram fermentação superior à altura de 60 cm. Isso ocorre principalmente em virtude das diferenças existentes nos teores de CHO’s solúveis de gramíneas forrageiras tropicais mais jovens e as mais velhas (SOARES FILHO, 1994). A redução na concentração dos CNF é atribuída ao aumento de carboidratos fibrosos com o avanço na maturidade da forrageira e de acordo com Stabile et al. (2010) as maiores mudanças que ocorrem na composição química das plantas forrageiras são aquelas que acompanham sua maturação. À medida que a planta envelhece, a proporção dos componentes potencialmente digestíveis tende a diminuir e a de fibras, aumentar. Com relação às taxas constantes de degradação ruminal da MS da B. brizantha cv. Piatã, o meio da estação de crescimento apresentou fermentação superior ao final da estação, o que pode ter ocorrido devido a possíveis influências de temperatura, podendo ter recebido maior quantidade de radiação solar e água nesse período (Tabela 1). As forrageiras apresentam diferenças no decorrer da estação de crescimento, onde no início do período das águas, inicia-se a rebrotação, e essas plantas ainda tenras apresentam alto teor de água e menor teor de matéria seca, consequentemente, maior fermentação. Caminhando para o período final das águas, as plantas tendem a fazer reservas dos seus nutrientes com propósito de se reproduzirem (estádio de florescimento), apresentando alto teor de fibra (PAULINO et al., 2000; ANDRADE e MARQUES NETO, 1989; SOARES FILHO, 1991) período em que os resultados do presente ensaio são pertinentes, uma vez que no final da 96 estação de crescimento ficou constatado menor fermentação da forragem, reflexo de maior quantidade de carboidratos com menor poder de fermentação. 97 1.4 CONCLUSÃO O manejo de corte da forrageira é um fator que modifica tanto a produção quanto a qualidade de forragem. Menores intervalos entre cortes resultam em menor produção de massa seca, porém de maior degradabilidade dessa forragem, quando comparado a intervalos maiores, que proporciona produções mais elevadas e qualidade inferior. A cinética de fermentação da MS é afetada pelas diferentes alturas de manejo estudadas, sendo que a altura de 30 cm resulta em uma maior fermentação no meio da estação de crescimento e a altura de 45 cm se mostrou equivamente e superior a de 60 cm no final da estação de crescimento em termos de fermentação ruminal. 98 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, I.F.; MARQUES NETO, J. Efeito da carga animal sobre os níveis de carboidratos solúveis e pesos seco da base do colmo, base do caule e sistema radicular de Brachiaria decumbens. Revista da Sociedade Brasileira de Zootecnia, v.18, p.426-431, 1989. A.O.A.C. Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC international. 17. ed., Washington, 2002. BALSALOBRE, M.A.A; NUSSIO, L.G.; MARTHA JÚNNIOR, G.B. Controle de perdas na produção de silagem de gramíneas tropicais. In: MATTOS, W.R.S.; FARIA, V.P.; DA SIOLVA, S.C. et al. (Ed.). A produção animal na visão dos brasileiros. Piracicaba: FEALQ, 2001. p.890-911. COSTA, N. de L.; TOWNSEND, C.R.; MAGALHÃES, J.A.; PEREIRA, R.G. de A. Resposta de pastagens degradadas de Brachiaria brizantha cv. Marandu à fontes e doses de fósforo. Porto Velho: Embrapa-CPAF, 1997. 4p. (EmbrapaCPAF Rondônia. Comunicado técnico, 138). DIAS, F.J.; JOBIM, C.C.; BRANCO, A.F.; et al. Efeito de fontes de fósforo sobre a digestibilidade “in vitro” da matéria seca, da matéria orgânica e nutrientes digestíveis totais do capim-Mombaça (Panicum maximum Jacq. Cv. Mombaça). Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v. 29, n. 1, p. 211-220, 2008. EMBRAPA. Centro Nacional e Pesquisa em Solos. Sistema Brasileiro de Classificação de Solos. Brasilia: Embrapa-SPI; Rio de Janeiro: Embrapa-Solos, 2006. 306 p. EUCLIDES, V.P.B.; MACEDO, M.C.M; VALLE, L.C.S. et al. Avaliação de acessos de Panicum maximum sob pastejo. Campo Grande: EMBRAPA,CNPGC, 1995. 7p. FORBES, J.M. Voluntary food intake and diet selection in farm animals. Wallingford: CAB International, 1995. 532p. FRANCE, J.; DHANOA, M. S.; THEODOROU, M. K. et al. A model to interpret gas accumulation profiles with in vitro degradation of runinant feeds. J. Theor. Biol., v. 163, n. 1, p. 99-111, 1993. GETACHEW, G.; MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K. In vitro gas measuring techniques for assessment of nutritional quality of feeds: a review. Anim. Feed Sci. Technol., v. 72, n. 3, p. 261-281, 1998. KÖPPEN, W. Climatologia: com um estúdio de los climas de la tierra. Publications In: Climatology. Laboratory of Climatology, New Gersey. 104p. 1948. LISTA, F.N.; SILVA, J.F.C. da; VAZQUEZ, H.M.; DETMANN, E.; DOMINGUES, F.N.; FEROLLA, F.S. Avaliação nutricional de pastagens de capim-elefante e capim- 99 mombaça sob manejo rotacionado em função do período de ocupação. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa, v.36, n.5, p.1413-1418, 2007. MENKE, K. H.; RAAB, L.; SALEWSKI, A. et al. The estimation of digestibility and metabolizable energy content of ruminal feedstuffs from the gas production when they are incubated with rumen liquor in vitro. J. Agric. Sci., v. 93, n. 3, p. 217-222, 1979. MOTT, G. O. Evaluacion de la produccion de forrajes. In: HUGHES, H. D.; HEATH, M. E.; METCALFE, D. S. (Ed.) Forrajes - la ciencia de la agricultura basada en La producción de pastos. México: Continental, 1970. p. 131-141. PAULINO, M. F.; DETMAN, E.; ZERVOUDAKIS, J. T. Suplementos Múltiplos para recria e engorda de bovinos em pastejo. In: SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO DE BOVINOS DE CORTE, 2, 2000. Anais... Viçosa MG: UFV , 2001. p. 187-232. REGAZZI, A.J. e SILVA, CHO Teste para verificar a igualdade de parâmetros e a identidade de modelos de regressão não-linear. I. dados no delineamento inteiramente casualizado. Revista de Matemática e Estatística, 22:33-45. 2004. REIS, R. A.; RODRIGUES, L. R. A. Valor nutritivo de plantas forrageiras. Jaboticabal: FCAVJ-UNESP/FUNEP 1993, 26p. REIS, R.A.; MELO, G.M.P.; BERTIPAGLIA, L.M.A. et al. Otimização da utilização da forragem disponível através da suplementação estratégica. In: VOLUMOSOS NA PRODUÇÃO DE RUMINANTES, 2., 2005, Jaboticabal. Anais...Jaboticabal: FUNEP, 2005. p.25-60. SÁ, J.F.; PEDREIRA, M.S.; SILVA, F.F; et al. Fracionamento de carboidratos e proteínas de gramíneas tropicais cortadas em três idades. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia., v.62, n.3, p.667-676, 2010. SOARES FILHO, C.V. Recomendações de espécies e variedades de Brachiaria para diferentes condições. In: SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DA PASTAGEM, 11., 1994, Piracicaba. Anais... Piracicaba: Fundação de Estudos Agrários "Luiz de Queiroz", 1994. p.25-48. SOARES FILHO, C.V. Variação sazonal de parâmetros bioquímico-fisiológicos em braquiária decumbens estabelecida em pastagem. Piracicaba, 1991. 110p. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo. STABILE, S.S.; SALAZAR, D.R.; JANK, L. et al. Características de produção e qualidade nutricional de genótipos de capim-colonião colhidos em três estádios de maturidade. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, p.1418-1428, 2010. TOMICH, T. R.; GONÇALVES, L. C.; MAURICIO, R. M. et al. Composição bromatológica e cinética de fermentação ruminal de híbridos de sorgo com capim sudão. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v. 55, n. 6, p. 747-755, 2003. 100 VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. 2. ed. Ithaca: Cornell University Press, 1994. 476 p. 8