Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2012. ISSN 2317-9759 PROCESSAMENTO DE IMAGENS ORBITAIS DE SENSORIAMENTO REMOTO PARA O RECONHECIMENTO DA FORMAÇÃO PIONEIRA DE INFLUÊNCIA FLUVIAL - VÁRZEAS DO RIO PARANÁ ROSA, Joel Zubek RIBEIRO, Selma Regina Aranha INTRODUÇÃO A Formação Vegetacional Pioneira com influência fluvial, também conhecida como Vegetação de Várzeas, do Rio Paraná, representa um exemplo de fisionomia vegetacional de uma região com grandes sazonalidades caracterizada por intensas chuvas de verão seguidas por períodos de acentuada estiagem. De acordo com a classificação proposta pro Veloso e Góes-Filho (1982) e IBGE (1992), “essa vegetação está inserida na região de Floresta Estacional Semidecidual, com dupla estacionalidade climática: uma tropical e outra subtropical, sem período seco, mas com seca fisiológica provocada pelo frio do inverno.” Essas alterações em relação à condição temporal das formações vegetacionais são alguns dos aspectos que podem ser identificados com métodos e técnicas de processamento digital de imagens orbitais de Sensoriamento Remoto. As características de elementos, como o das fisionomias vegetacionais, que variam principalmente de acordo com as condições climáticas, pedológicas e ações antrópicas são alguns dos aspectos representados nas imagens orbitais, em forma de dados, dos comprimentos de ondas eletromagnéticas de cada banda espectral da imagem, com valores em cada elemento mínimo na imagem (pixel), que podem ser facilmente processados. O processamento digital oferece vantagens, como por exemplo, ao fato de usar todas as bandas espectrais das imagens, algo que um ser humano não consegue visualizar simultaneamente, e a vantagem de poder repetir processos com facilidade e por isso torna-se útil em trabalhos que envolvem grandes áreas. (CENTENO, 2004, p. 162) Nos processos de interpretações das análises de alterações ambientais, o processamento de imagens orbitais auxilia diversos profissionais, e entre eles os geógrafos, com métodos e técnicas que proporcionam interpretações coerentes. Neste contexto as representações do mundo real em imagens orbitais de sensoriamento remoto oferecem dados (informações), em relação às características de elementos (objetos), que proporcionam interpretações de acordo com os objetivos de cada análise. Segundo Barbosa (2009, p.31),“O êxito de análises de imagens orbitais depende de fatores que vão além dos princípios básicos de interpretação, como a época de obtenção das imagens de satélite, o tipo de produto, as bandas espectrais, a resolução espacial e, por fim, a experiência do analista”. Os métodos e técnicas utilizados no processamento digital de imagens orbitais consistem em importantes etapas de manipulações de dados que embasam a interpretação de informações em relação às condições do mundo real. Segundo Meneses; Almeida (2012, p. 82), “O processamento é configurado por algoritmos que tratam a imagem matematicamente. Porém, o processamento não é 100% a representação do mundo real. Por isso, sempre caberá ao usuário e não apenas ao computador, a análise dos dados contidos na imagem”. OBJETIVO Este trabalho tem por objetivo de reconhecer alterações em relação aos aspectos temporais e espaciais da Formação Pioneira das várzeas do Rio Paraná por meio de processamento de imagens orbitais de sensoriamento remoto. METODOLOGIA A área de estudo, correspondente ao recorte de duas cenas de imagens orbitais do sensor 21 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2012. ISSN 2317-9759 MODIS (Moderate Resolution Imaging Spectroradiometer) da plataforma AQUA, dos dias 21 de Março e 11 de Julho de 2012, localiza-se no sul do estado do Mato Grosso do Sul e noroeste do Estado do Paraná sobre as coordenadas limítrofes E=117.883,673; N=7.514.054,346 e E=348.584,102; N=7.325.583,298 (Figura 1). A B Figuras 1 A e B: Representação do recorte da área de estudo com imagens MODIS, nas composições vermelho (R), verde (G) e azul (B), dos dias 21 de Março e 11 de Julho de 2012 respectivamente. As imagens orbitais analisadas foram obtidas gratuitamente do site:http://earthexplorer.usgs.gov/ e processadas no software ENVI 4.7 a fim de avaliar de forma visual e estatística da evolução de seis classes de elementos representados nas imagens. Primeiramente realizou-se o pré-processamento das imagens, em relação à correção geométrica, que ajustou os pixels de todas as bandas utilizadas para 500 metros e corrigiu a cenas das distorções causadas pela curvatura terrestre, possíveis deslocamentos de órbita e inferiu ainda as coordenadas planas no sistema UTM com datum WGS-84. O processamento das imagens ocorreu mediante a classificação supervisionada na qual é necessária a coletas deamostras de treinamento. Estas amostras de treinamento são padrões que representaram as classes de uso dos solos do ano de 2012 nas imagens. As amostras, que devem ser puras e representativas de cada classe, foram reconhecidas de acordo com a tonalidade das imagens nas classes vegetação densa, vegetação média, vegetação rala, Formação Pioneira, água e solos exposto. A classe da Formação Pioneira também foi reconhecida por meio do Mapa Fitogeográfico do Paraná (ITCG, 2009). Portanto coletaram-se 160 pixels de cada uma das classes nas composições das bandas espectrais do infravermelho próximo 0.841 - 0.876µm, azul 0.459 – 0.479µm e verde 0.545 – 0.564µm, nos canais de cores R, G e B, respectivamente (Figura 2 A e B). A Figura 2 também exibe variações de intensidade entre as classes Formação Pioneira e Solo Exposto. A divergência transformação (Transformed Divergence) foi calculada para saber a distância estatística entre os padrões de treinamento. Para a classificação dos alvos (classes) nas imagens optou-se pelo método supervisionado da máxima verossimilhança (Maximum Likelihood). Após a classificação os produtos gerados foram validados pela matriz de confusão (confusion matrix) que demonstrou acuracidade da classificação. 22 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2012. ISSN 2317-9759 Solo exposto A Formação Pioneira Solo exposto B Formação Pioneira Figura 2 A e B: Recorte de imagens MODIS nas composições do infravermelho próximo (R), azul (G) e verde (B) dos dias 21 de Março e 11 de Julho de 2012. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os produtos gerados pelo processamento digital das imagens orbitais MODIS foram eficientes para reconhecer a localização e as variações da Formação Pioneira entre 21 de Março e 11 Julho de 2012. As variações de áreas das classes solo exposto e vegetação rala demonstram que a sazonalidade é um dos principais fatores responsáveis pela caracterização das formações vegetacionais na região (Figura 3). Os padrões de treinamento calculados pela divergência transformada apresentaram valores entre 1.89182529 e 2.00000000. A classificação digital das imagens orbitais MODIS foi validada pela matriz de confusão que demonstrou acuracidade da classificação de 98,3% e 97,9% para as imagens de 21/03/2012 e 11/07/2012 respectivamente. Solo exposto Vegetação rala Formação Pioneira Solo exposto Vegetação rala Formação Pioneira Figura 3 A e B: Produtos gerados pelo processamento de imagens MODIS de 21/03/2012 e 11/07/2012 respectivamente. REFERÊNCIAS 23 Anais Semana de Geografia. Volume 1, Número 1. Ponta Grossa: UEPG, 2012. ISSN 2317-9759 BARBOSA, A. P. Comparação de métodos de classificação de imagens, visando o gerenciamento de áreas citrícolas. 2009. 65 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia/Energia na Agricultura) – Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista. Botucatu, 2009. CENTENO, J. A. S. Sensoriamento remoto e processamento de imagens digitais. Ed. Curso de Pós Graduação em Ciências Geodésicas, Universidade Federal do Paraná,Curitiba, 2004, 219 p. IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Manual Técnico da Vegetação Brasileira. Rio de Janeiro, 1992, 92p. ITCG – INSTITUTO DE TERRAS CARTOGRAFIA E GEOCIENCIAS. Formações Fitogeográficas Estado do Paraná. 2009. Disponível em: <http://www.itcg.pr.gov.br/arquivos/File/Produtos_DGEO/Mapas_ITCG/PDF/Mapa_Fitogeografico _A3.pdf>. Acesso em: 16 de julho de 2012. MENESES, P. R.; ALMEIDA, T. D. Introdução ao Processamento de Imagens de Sensoriamento Remoto. Universidade de Brasília, Brasília, 2012, 266 p. VELOSO. H. P.; GÓES-FILHO, L. Fitogeografia Brasileira: Classificação Fisionômicoecológica da Vegetação Neotropical. Salvador: Projeto RADAMBRASIL, 1982, 85 p. EARTH EXPLORE. IMAGENS MODIS. 2012. Disponível em: <http://earthexplorer.usgs.gov/>. Acesso em: 20 de abril de 2012. 24