ISSN 1677-6704 MICROBIOTA ASSOCIADA À OSTEOMIELITE CRÔNICA DOS MAXILARES: ESTUDO DE CASOS. MICROBIOTA ASSOCIATED TO OSTEOMYELITIS OF THE JAWS: CASE STUDY 1 Sâmira Ambar LINS 2 Ellen Cristina Gaetti JARDIM2 Fátima Regina Nunes de SOUZA3 Christiane Marie SCHWEITZER4 Elerson GAETTI JARDIM JÚNIOR RESUMO: Objetivo do presente estudo foi avaliar a microbiota de 8 casos de osteomielites crônicas dos maxilares através de cultura e PCR. Amostras de secreção foram coletadas e inoculadas em meios de cultura seletivos e não seletivos para o isolamento microbiano, seguido de incubação por diferentes períodos de tempo em aerobiose e anaerobiose. Amostras desses espécimes clínicos também foram submetidas à extração do DNA microbiano para detecção, por PCR, dos principais microrganismos envolvidos com essas infecções de cabeça e pescoço. Os isolados foram identificados por “kits” comerciais. Por cultura, os principais isolados pertenceram aos gêneros Streptococcus, Actinomyces, Peptostreptococcus, Fusobacterium e Porphyromonas, enquanto por PCR além dos microrganismos citados, destacaram-se, Eikenella corrodens e Campylobacter rectus. UNITERMOS: Infecção, Osteomielite, Bactérias. padrão de susceptibilidade aos antimicrobianos 1- INTRODUÇÃO de microrganismos de cultivo mais exigente Segundo Mader et al.13 , as osteomielites oriundos desses processos infecciosos, visto que podem ser tradicionalmen-te divididas em a auto-medicação é um problema bastante osteomielites de origem hematogênica ou a comum em nosso país, o que pode modificar a processos infecciosos adjacentes. Contudo, composição original da microbiota envolvida nas clinicamente, as osteomielites se comportam osteomielites. Em teoria, a redução do c o m o d o e n ç a s c r ô n i c a s o u a g u d a s , suprimento sanguíneo junto ao tecido ósseo, independentemente da associação ou não com como ocorre em lesões traumáticas, na presença focos de infecção pré-existentes, sendo que na de tecido necrótico ou material exógeno, pode maioria das vezes a forma crônica e persistente é criar condições favoráveis aos microrganismos a encontrada. Essa infecção pode ficar restrita a anaeróbios obrigatórios e facultativos bucais, um único sítio ou se disseminar para outras áreas particularmente Porphyromonas gingivalis, da medula óssea, tecido ósseo e mesmo tecidos P r e v o t e l l a i n t e r m e d i a , P. n i g r e s c e n s , moles adjacentes 12 , podendo produzir quadros Aggregatibacter actinomycetemcomitans, infecciosos sistêmicos, particularmente em Fusobacterium nucleatum, Tannerella forsythia e pacientes cuja resposta tecidual e imunológica se Treponema denticola, cujo principal habitat é o 5,8 mostram alteradas, como pacientes diabéticos sulco gengival e poderiam vir a participar do não controlados, pacientes hospitalizados e desenvolvimento das osteomielites nos imunocomprometidos4. Essas doenças maxilares. Uma vez que o diagnóstico necessitam de tratamento envolvendo terapia antimicrobiana e cirúrgica adequadas, sendo que microbiológico pode ser fundamental para a escolha da droga antimicrobiana, além dos complementar o diagnóstico clínico e é relevante aspectos de farmacocinética e farmacodinâmica, no estabelecimento e acompanhamento do deve levar em consideração a composição da tratamento medicamentoso, se tornam bastante icrobiotaassociada a essas condições clínicas. problemáticas as limitações dos métodos Entretanto, os aspectos microbiológicos das convencionais de cultura para detecção de infecções de cabeça e pescoço, a despeito de um microrganismos de crescimento mais exigente, o p a d r ã o m a i s u n i v e r s a l , a p r e s e n t a m que pode levar vários dias a semanas. Nesse peculiaridades regionais ou nacionais, de forma sentido, os métodos de diagnóstico molecular, que não se deve extrapolar dados da literatura como os baseados na reação em cadeia da internacional para os padrões 3 nacionais ou polimerase (PCR), se converteram em uma locais da composição dessa microbiota, sob pena importante ferramenta na identificação das de se incorrer em erros que se refletirão na espécies microbianas bucais, principalmente as terapêutica a ser seguida. Esses aspectos são mais exigentes 3,10,20 , além de colaborar na particularmente relevantes quando se avalia o compreensão das inter-relações entre essa __________________________________________________________________________________________________________________ 1Doutoranda - Pós-Graduação em Odontologia (Estomatologia - FOA-UNESP) 2Mestranda - Pós-Graduação em Odontologia (Estomatologia - FOA-UNESP) 3Centro de Matemática, Computação e Cognição-UFABC 4Disciplina de Microbiologia e Imunologia da FOAraçatuba –UNESP Curso de Pós-Graduação (Estomatologia) FOAraçatuba –UNESP Revista Odontológica de Araçatuba, v.28, n.2, p. 33-37, Maio/Agosto, 2007 33 ISSN 1677-6704 microbiota e seu hospedeiro. Assim, em função do papel desempenhado pela microbiota bucal e por diferentes fatores predisponentes no estabelecimento e progressão da odteomielite crônica dos maxilares, esse estudo teve como objetivo avaliar qualitativamente, por meio de cultura e PCR, a microbiota de lesões crônicas de osteomielite de mandíbula e maxilar. 2- MATERIAL E MÉTODOS A amostra estudada foi constituída de 8 pacientes de ambos os sexos, com idade variando entre 23 e 67 anos, sem distinção de grupo étnico ou classe social que, entre 1996 e 2006, procuraram as clínicas da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP para tratamento de osteomielite crônica de mandíbula (7 casos) ou maxila (1 caso), conforme diagnóstico clínico e histopatológico. Inicialmente precedia-se a anamnese, em formulários padronizados, constando a identificação do paciente, idade, aspectos étnicoraciais, história da doença atual, história médica e familiar. A seguir realizava-se a avaliação clínicoradiográfica de lesão, acompanhada pela aspiração do conteúdo da cavidade óssea. Nos casos em que a cavidade não possuía quantidade significativa de conteúdo líquido, semi-sólido ou pastoso, 1mL de solução salina pré-reduzida era empregado para banhar a lesão e era imediatamente aspirado. O conteúdo aspirado das lesões ósseas era imediatamente transferido para meio de transporte VMGA III14 ou solução de RingerPRAS (para as amostras coletadas antes de 2002), para diminuir o contato com o oxigênio atmosférico das amostras a serem submetidas ao cultivo microbiológico. Parte desse material foi armazenada a -196oC, em criotubos contendo 300 ìL de água ultra-pura Milli Q, e submetido a extração do DNA bacteriano. Após a coleta dos espécimes clínicos, os pacientes eram submetidos à remoção cirúrgica de possíveis seqüestros ósseos e a antibioticoterapia era instituída para cada paciente de acordo com suas condições de saúde e acompanhados para a evolução da infecção e do tratamento. Os espécimes clínicos para o cultivo foram processados dentro de um prazo de 4 horas de sua coleta. Os espécimes mantidos em tubos contendo meio de transporte VMGA III foram diluídos em VMG I, para minimizar o contato dos microrganismos com o oxigênio atmosférico e, dessas diluições, alíquotas de 0,1 mL foram inoculadas em placas contendo ágar Fastidious Anaerobe (FAA), enriquecido com extrato de levedura (0,5%), hemina (1 ìg/mL), menadiona (5 ìg/mL) e 5% de sangue desfibrinado de cavalo, incubado em anaerobiose (90 % N2 + 10% CO2), a 37o C, por 7 a 21 dias, Revista Odontológica de Araçatuba, v.28, n.2, p. 33-37, Maio/Agosto, 2007 para isolamento de microrganismos anoxibiontes. As amostras também eram inoculadas em ágar de tripticaseína de soja, suplementado 5 com extrato de levedura (0,5%) e incubadas em aerobiose, a 37o C, por 24-48 horas, para o isolamento de microrganismos aeróbios ou anaeróbios facultativos. A seguir realizou-se a identificação em nível de gênero e, quando possível, nível de espécie dos isolados 7,9. A identificação microbiana foi realizada através dos “kits comerciais” e outros testes fenotípicos. Quando necessário, microrganismos tinham sua identificação confirmada através de PCR com iniciadores específicos. O DNA das amostras clínicas nos criotubos com água Milli Q foi extraído através do “kit” QIAamp DNA (QIAGEN, Hilden, Alemanha), segundo as especificações fornecidas pelos fabricantes. As concentrações dos DNA bacterianos foram determinadas em espectrofotômetro (Beckman, Modelo DU-640), com leitura da absorbância (A260 nm). Avaliou-se, por PCR, a presença de Campylobacter rectus, Dialister pneumosintes, Eikenella corrodens, Enterococcus faecalis, Fusobacterium nucleatum, Peptostreptococcus micros, Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedia, P. nigrescens, Staphylococcus aureus, Tannerella forsythia e Treponema denticola, seguindo a utilização de iniciadores específicos descritos na literatura1,2,19. A amplificação do DNA foi realizada em volumes de 25 ìl, contendo 2,5 ìl de 10 X tampão PCR, 1,25 ìl de MgCl2 (50 mM), 2,0 ìl de dNTP (10 mM), 0,25 ìl de Taq DNA polimerase (0,5 U), 1,0 ìl de cada iniciador (0,4 ìM), 7 ìl de água ultrapura Milli-Q esterilizada e 10 ìl de DNA (ng). A amplificação foi realizada em aparelho de PCR (Perkin Elmer, GeneAmp PCR System 2400) programado para: 1 ciclo de 94oC (5 min.); de 30 a 36 ciclos de 94oC (1 min.), temperatura de anelamento de cada iniciador por um tempo que variava de 30s. a 2 min., 72oC (1 min.) e 1 ciclo de 72oC (5 min.), para a extensão final da cadeia de DNA em amplificação. Em todas as reações foram utilizadas, como controle positivo, DNA de cepas de referência dos microrganismos estudados. Os produtos da amplificação pelo PCR foram submetidos à eletroforese em gel de agarose a 1%, corados com brometo de etídio (0,5 ìg/mL) e fotografados sobre transiluminador de luz UV. Como padrão de peso molecular utilizou-se o marcador 1Kb DNA ladder (Gibco, SP)6. 3- RESULTADOS Os resultados do presente estudo evidenciaram presença de conteúdo séptico em todas as amostras de osteomielite crônica dos maxilares, sendo que a maioria das amostras (75%) apresentou 3 espécies bacterianas 34 ISSN 1677-6704 concomitantemente, enquanto 2 casos (25%) representavam casos de monoinfecção, as quais foram produzidas apenas por isolados do gênero Streptococcus (1 caso) e toda a dinâmica dos sintomas como uma experiência sensorial e psicológica, aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais1. Durante detalhada anamnese deverão passar pelo crivo da investigação fatores traumáticos, biológicos, comportamentais, tais como atividades parafuncionais, estado emocional do paciente, como ansiedade e depressão. Alencar Junior.1 explica que existe a necessidade de instruir o paciente sobre as relações entre estados emocionais e as DTMs no início do tratamento salientando que o acompanhamento psicológico é parte do mesmo. Cabe ainda ao cirurgião-dentista fornecer literatura específica bem como uma explicação ao psicólogo sobre o que é uma DTM visto que por se tratar de uma especificidade no campo da odontologia a maioria dos psicólogos a ignora. A abordagem teórica utilizada em larga escala na intervenção em casos de DTM é de orientação cognitivo comportamental, sendo esta citada como um metodologia “salva vidas” no atendimento a pacientes com dor crônica2. Alencar Junior.1 sugere que tal terapia pudesse ser chamada terapia centrada na disfunção (TCD) por não se tratar de uma psicoterapia convencional, pois procurará concentrar-se em hábitos parafuncionais, sintomatologia ou desajustes que estejam interferindo no problema físico. A compreensão da dinâmica do distúrbio, a tomada de consciência do paciente ao reconhecer problemas implicados em seu modo de viver que contribuam como agravante em seu quadro clínico são pontos absolutamente centrais. O esclarecimento da relação entre tais problemas e a disfunção possibilitará a elaboração de estratégias de reabilitação e habilitação na lista de fatores ligados as DTMs. Reconheça e verbalize, de alguma forma a necessidade do paciente participar do plano de tratamento normalmente e ainda que ele terá um papel ativo em todas as etapas. Normalmente costuma-se dizer que o paciente terá 50% de responsabilidade no plano de tratamento, enquanto os outros 50% pertencem aos outros profissionais1. O cirurgião-dentista detectando durante anamnese a incidência de fatores psicológicos que supostamente estejam afetando uma adesão positiva do paciente ao tratamento deve buscar auxílio de profissional da área sendo o acompanhamento psicológico incluído no plano de treinamento. A literatura tem evidenciado a natureza multifatorial da constituição etiológica das DTMs, nesse ínterim a perspectiva biopsicossocial e a intervenção multidisciplinar possibilitam um olhar preciso e eficiente na Revista Odontológica de Araçatuba, v.28, n.2, p. 33-37, Maio/Agosto, 2007 compreensão do fenômeno. Israel e Scrivani9 consideram que dores crônicas tem sido um desafio para profissionais de saúde, assim enfatizam a necessidade de um diagnóstico apurado e uma condução apropriada na triagem de pacientes com complexas dores orofaciais. Townsend et al.18 e Golden 6 apontam que a intervenção em saúde no enfoque multidisciplinar tem obtido sucesso, afirmam que há uma ampla evidência documentada de que tal metodologia tem sido mais efetiva que outras, sendo considerada ótima no que diz respeito a intervenção de dores crônicas. No limite da apreensão de realidades complexas, a investigação científica não pode limitar-se a uma compreensão reducionista, mecano-organicista que busca apreender um determinado objeto separando-o em partes distintas e desconsiderando sua integralidade e seu todo. Esta é a compreensão que se reflete ainda na dualidade entre problemas biológicos e psicológicos como se tal divisão fosse possível no individuo humano. Muitas das respostas que se buscam para os problemas humanos podem ser alcançadas pelo diálogo entre as várias áreas do conhecimento a interdisciplinaridade, tendência que vem se constituindo no âmbito da saúde, tem possibilitado pela Staphylococcus aureus (1 caso). Não foram observadas monoinfecções por anaeróbios. A detecção, por PCR, dos principais patógenos oportunistas evidenciou a presença de microrganismos anaeróbios de cultivo mais exigente como Tannerella forsythia e Treponema denticola, denotando uma microbiota mais complexa. 4- DISCUSSÃO Diferentes condições clínicas podem levar ao desenvolvimento de infecções que atingem a medula óssea da mandíbula e maxila, cuja origem está associada às bacteremias ou a partir de infecções locais, como mais comumente ocorre na região dos maxilares15. Contudo, a microbiota normalmente associada às bacteremias transitórias em odontologia, freqüentemente reflete a própria microbiota bucal, dificultando a determinação das condições que podem ter originado a osteomielite. Assim, desde que a microbiota freqüentemente isolada da corrente sanguínea apresenta notáveis semelhanças com aquela apresentada nas Tabelas 1 e 218 ou com a microbiota associadas às infecções 7 ou periodontais 10,20 , torna-se difícil a determinação da origem do microrganismo associado a esse processo patológico. Entretanto, direta ou indiretamente, a cavidade bucal é fonte da grande maioria dos microrganismos que colonizaram as lesões ósseas, independentemente da via de acesso. 6 Segundo Fenollar et al. , os 35 ISSN 1677-6704 procedimentos convencionais de cultura ou apenas a realização do esfregaço para avaliação da contaminação microbiana nas infecções envolvendo tecido ósseo não oferecem subsídios adequados ao clínico, sendo que o empirismo durante o planejamento e implementação do tratamento são procedimentos que levam a um prognóstico pobre. Assim, a associação de métodos moleculares, como o PCR, pode fornecer informações sobre 7 a complexidade da microbiota envolvida nessas infecções em poucas horas, ao contrário do cultivo de microrganismos anaeróbios, que pode levar semanas. A microbiota isolada através de cultura ou detectada através dos métodos moleculares apresenta características que muito se assemelham à microbiota periodontal, com a adição de espécies exógenas à cavidade bucal, como a ocorrência de microrganismos dos gêneros Staphylococcus e Enterococcus, que embora possam ser detectados na cavidade bucal humana, não são considerados como membros da microbiota bucal normal. A presença de diferentes espécies anaeróbias bucais sugere que as associações ecológicas são relevantes no desenvolvimento das osteomielites dos maxilares, desde que esses microrganismos raramente são encontrados como monoinfectantes. Esses anaeróbios também dependem de condições locais ou sistêmicas favoráveis, desde que possuem virulência moderada e raramente se implantam profundamente nos tecidos. Dentre os microrganismos cultivados, destacam-se os membros dos gêneros Streptococcus e Actinomyces, sendo que devido sua ampla distribuição na cavidade bucal, como parte da microbiota normal do biofilme subgengival e supragengival, da língua e mucosas lisas, é problemática a avaliação desempenhada pelos mesmos no desenvolvimento da osteomielite crônica. Contudo, para os estreptococos bucais, as evidências têm sugerido que esses microrganismos anaeróbios facultativos poderiam criar condições para a implantação e multiplicação de microrganismos mais exigentes, como os anaeróbios obrigatórios, mas não se pode esquecer que condições bacterêmicas em que esses cocos estão presentes representam sério fator predisponente para o desenvolvimento da endocardite séptica. Se o papel desempenhado pelos estreptococos nessas patologias permanece controverso, o mesmo não se pode dizer dos actinomicetos, os quais podem levar ao desenvolvimento de infecções persistentes e tolerantes aos antimicrobianos, como acontece em casos de abscessos actinomicóticos periapicais 7 . Algumas das espécies bacterianas detectadas, por cultura e/ou por PCR, apresentam notável capacidade proteolítica, Revista Odontológica de Araçatuba, v.28, n.2, p. 33-37, Maio/Agosto, 2007 como os anaeróbios Treponema denticola, Prevotella intermedia e Porphyromonas gingivalis, e também são causa freqüente de infecções orofaciais agudas e crônicas, além de relação com condições septicêmicas graves ou bacteremias 18 . A participação desses 8 microrganismos no processo de doença constitui fato importante que colabora na compreensão dos benefícios representados pelo uso do oxigênio hiperbárico, que além de estimular a angiogênese ao redor do osso com como Enterobacter cloacae, Enterococcus faecalis, e Proteus vulgaris, normalmente ligados a infecções multirresistentes, infecções nosocomiais, pacientes imunocomprometidos17 e em osteomielites crônicas16. Nesse sentido, quatro dos cinco pacientes que albergavam esses microrganismos em suas lesões apresentavam histórico de uso de antimicrobianos por indicação profissional ou por automedicação. Esse aspecto é relevante desde que o tratamento inicial da patologia, se não realizado corretamente, pode dificultar a evolução clínica posterior, pela seleção de uma microbiota mais refratária aos antimicrobianos. Nos casos em que isolou ou se detectou microrganismos entéricos, nenhum dado clínico sugere que os pacientes possuíam problemas neurológicos que colaborasse para a autoinoculação com esses microrganismos, como aventado por Scolozzi et al.16 , ou sistêmicos que permitissem a implantação dessas bactérias. 5- CONCLUSÃO Ao contrário das osteomielites dos ossos longos, a evolução das lesões dos maxilares depende de uma microbiota mais complexa, onde as monoinfeções são incomuns e a maioria dos microrganismos detectados é parte do biofilme dental. ABSTRACT The aim of this study was to evaluate the microbiota of 8 lesions of chronic osteomyelitis of the jaws through culturing and PCR. Clinical samples of secretions from the lesions were collected and inoculated into selective and nonselective culture media for microbial isolation, followed by incubation in anaerobiosis and aerobiosis for several periods of time, at 37oC. Microbial DNA from these clinical samples were extracted and submitted to tests to verify the presence of the major pathogens involved in head and neck infections by PCR. Microorganisms detected by culture were identified by mean of commercial kits and biochemical tests. The most commonly cultivated microorganisms belonged to genera Streptococcus, Actinomyces, Peptostreptococcus, Fusobacterium, and Porphyromonas. In addition, besides these 36 ISSN 1677-6704 genera, Eikenella corrodens and Campylobacter rectus were the most frequently detected microorganisms by PCR. UNITERMS: Infection, Osteomyelitis, Bacteria, Anaerobes. REFERÊNCIAS 1 - Ashimoto A, Chen C, Bakker I, Slots J . Polymerase chain reaction detection of 8 putative periodontal pathogens in subgingival plaque of gingivitis and advanced periodontitis lesions. Oral Microbiol Immunol. 1996; 11(4): 266-73. 2 - Avila-Campos MJ, Velasquez-Melendez G. 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Endereço para correspondência Elerson Gaetti Jardim Júnior Rua José Bonifácio, 1193, Vila Mendonça, Araçatuba-SP CEP:16015-050 E-mail:[email protected] Recebido para publicação em 08/10/2007 Enviado para analise 30/10/2007 Aprovado para publicação em 12/02/2008 37