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LEIA ABAIXO O TEXTO PARCIAL DAS DUAS
PRIMEIRAS PÁGINAS DO CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 9
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INTRODUÇÃO
Uma variedade de microrganismos possui uma longa história de usos como
agentes fermentadores para a preservação de alimentos. Alguns dos
microrganismos fermentativos, especialmente a bactéria do ácido láctico, são
habitantes endógenos das mucosas do cólon e vagina dos humanos.
Na fase fetal, a espécie humana e outras espécies não possuem germes,
mas logo após o nascimento as superfícies e mucosas são rapidamente
colonizadas e a duração desse processo varia de espécie para espécie. No ser
humano, por exemplo, são necessários de seis a 12 meses para que uma
microbiota (microflora) semelhante à de um adulto se instale.
Um ser humano adulto carrega cerca de 100 trilhões de microrganismos de
300 a 400 espécies diferentes. No total, essa microbiota pesa aproximadamente
1,2 kg e tem uma atividade metabólica global semelhante à de um fígado. A
microbiota normal é considerada por muitos como um órgão responsável pelo
desempenho de funções benéficas. A proteção ecológica (que impede a
multiplicação de microrganismos patogênicos), a imunomodulação (que permite
resposta rápida e adequada do sistema imune a agressões infecciosas) e a
contribuição nutricional (que regula a fisiologia digestiva e fornece vitaminas e
fontes energéticas) são as principais funções da microbiota no trato digestivo.
Diante da importância dessas atividades, é fundamental que a microbiota se
fixe rapidamente e, uma vez instalada, tenha suas funções preservadas. Diversos
fatores podem interferir no processo de instalação da microbiota normal em
recém-nascidos (parto normal ou cesariana; isolamento em incubadora;
amamentação no seio ou por fórmula) ou na sua manutenção em adultos (uso de
antimicrobianos; mudanças alimentares drásticas; estresse), provocando,
respectivamente, atraso na sua implantação ou falha de suas funções. Quando
são previstas perturbações ou estas já se instalaram, pode-se compensar os
desequilíbrios com a administração de probióticos, prebióticos ou simbióticos,
úteis tanto para humanos quanto para animais.
PROBIÓTICOS
Os probióticos podem ser considerados como suplementos microbianos
vivos que, quando ingeridos, melhoram o balanço microbiano do intestino do
hospedeiro. Durante muitos anos ao longo da história, foram atribuídos diversos
benefícios à saúde pelo uso regular dessas bactérias “amigas”. Entretanto,
somente no início do século XX é que foram reconhecidas suas funções
específicas no nosso organismo. Por causa desse reconhecimento científico,
essas bactérias benéficas começaram a ser largamente utilizadas e disponíveis na
forma de suplementos alimentares. São considerados probióticos qualquer adjunto
à dieta, alimentos ou suplementos que contenham microrganismos que irão
colonizar as mucosas do hospedeiro. Dentre os probióticos mais estudados, tanto
experimental quanto clinicamente, estão as bactérias e as leveduras. Alguns já
são comercializados, sendo vendidos sob a forma de preparações, com um ou
vários microrganismos vivos.
Dentre as bactérias mais investigadas, os gêneros Lactobacillus e Bífido
são os que apresentam dados mais consistentes. Os Lactobacilli foram os
primeiros microrganismos a serem administrados em sua forma viva, por via oral,
visando produzir efeitos benéficos a microbiota digestiva. No início deste século, o
microbiólogo russo Elie Metchnikoff (1845-1916) sugeriu o consumo de leite
fermentado para modular essa microbiota. Na mesma época, o microbiólogo
francês Tissier observou que a microbiota fecal de recém-nascidos amamentados
no seio apresentava mais Bifidobacterium do que a microbiota fecal de crianças
que haviam recebido formulações e reconheceu o papel benéfico dessa bactéria.
De fato, o gênero Bifidobacterium é típico da microbiota que predomina no
trato digestivo humano, apresentando alta estabilidade populacional. Já os
Lactobacilli são subdominantes, com populações bastante flutuantes. Desses
gêneros de bactérias lácticas, as espécies mais usadas hoje como probióticos são
Lactobacillus acidophilus, L. casei, L. fermentum, L. plantarum, Bifidobacterium
bifidum e B. longum.
À exceção do Lactobacillus GG, não se conhecem probióticos capazes de
se instalar no trato digestivo do adulto, mesmo após sua ingestão prolongada, pois
a microbiota local, ainda que desequilibrada, rejeita essa colonização. Mas eles
permanecem viáveis durante sua passagem pelo sistema digestivo, razão pela
qual são indicados como bioterapêuticos. A viabilidade não é, no entanto, o único
fator importante na ação de um probiótico. O nível populacional do microrganismo
deve ser suficientemente elevado igual ou superior a 10 milhões de células por
grama de conteúdo para que ele exerça adequadamente sua função. A ingestão
diária de um probiótico é, pois, indispensável para manter ...
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