Caracterização do açaizal nativo da Comunidade São Maurício

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Caracterização do açaizal nativo da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA:
Estudo fitossociológico e comportamento produtivo das plantas em função da
densidade da touceira.
JOSÉ RENATO MARQUES BORRALHO JUNIOR
Engenheiro Agrônomo
Orientador: Prof. Dr. José Ribamar Gusmão Araujo
.
SÃO LUÍS
Maranhão – Brasil
Fevereiro – 2011
II
Caracterização do açaizal nativo da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA:
Estudo fitossociológico e comportamento produtivo das plantas em função da
densidade da touceira.
JOSÉ RENATO MARQUES BORRALHO JUNIOR
Engenheiro Agrônomo
Orientador: Prof. Dr. José Ribamar Gusmão Araujo
Dissertação apresentada ao Programa de Pós
graduação em Agroecologia da Universidade
Estadual do Maranhão, para obtenção de grau de
Mestre em Agroecologia.
SÃO LUÍS
Maranhão – Brasil
Fevereiro - 2011
III
Borralho Junior, José Renato Marques.
Caracterização do açaizal nativo da Comunidade São
Maurício, Alcântara - MA: estudo fitossociológico e
comportamento produtivo das plantas em função da densidade
da touceira / José Renato Marques Borralho Junior.– São Luís,
2011.
77 f
Dissertação (Mestrado) – Curso de
Universidade Estadual do Maranhão, 2011.
Agroecologia,
Orientador: Prof. Dr.José Ribamar Gusmão Araújo.
1.Euterpe oleraceae Mart. 2.Produtividade. 3.Freqüência.
I.Título
CDU: 634.61(812.1)
IV
Caracterização do açaizal nativo da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA:
Estudo fitossociológico e comportamento produtivo das plantas em função da
densidade da touceira.
JOSÉ RENATO MARQUES BORRALHO JUNIOR
Comissão Julgadora:
_______________________________________
Prof. Dr. José Ribamar Gusmão Araujo
______________________________________
Prof. Dr. Fabrício de Oliveira Reis
______________________________________
Drª. Renata da Silva Brant
(Embrapa Cocais)
V
A Deus pela graça concedida durante a minha jornada na
faculdade;
Aos meus pais José Renato Marques Borralho e Altaides
Maria Almeida Borralho, pela luta, amor e dedicação, à
minha esposa Luciana Santos da Silva, pela paciência,
amor, carinho e ajuda nos momentos difíceis;
A meu Irmão Cristian Fábio Almeida Borralho pelo
companheirismo;
Aos meus amigos e companheiros de curso, pela ajuda,
companheirismo e amizade.
VI
AGRADECIMENTOS
A Deus;
À Universidade Estadual do Maranhão – UEMA, pela oportunidade dada para
a realização do curso de pós-graduação;
Ao professor José de Ribamar Gusmão Araujo, pela orientação, pelo
aprendizado, paciência e amizade;
À CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
pela bolsa concedida;
Aos meus pais José Renato Marques Borralho e Altaides Maria Almeida
Borralho pelo carinho, amor, dedicação, credibilidade e oportunidade na vida de poder
estudar;
Á minha Esposa querida Luciana Santos da Silva pelo amor e dedicação
concedidos ao longo de toda a nossa caminhada juntos;
A meu Irmão querido Cristian Fábio Almeida Borralho pelo companheirismo,
pela força e carinho;
A meu grande amigo Ricardo Lucas Bastos Machado, companheiro de trabalho
e de pesquisa, pela ajuda e orientação concedida durante toda a execução deste trabalho,
contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento da pesquisa maranhense;
Aos professores Altamiro Ferraz Júnior, Ariadne Enes Rocha, Francisca
Helena Muniz e Moisés Rodrigues Martins pela ajuda concedida tanto em orientações
diversas para execução deste projeto quanto em orientações para a minha vida
profissional;
À Prefeitura Municipal de Alcântara, por meio da pessoa da Sra. Heloísa
Helena Franco Leitão, pela ajuda logística e financeira concedida em alguns momentos
da realização deste trabalho;
Ao José Maria e Simão Silva, moradores da comunidade de São Mauricio, que
muito contribuíram na execução deste projeto, enfrentando as dificuldades de acesso a
área do projeto, auxiliando na coleta de dados deste trabalho;
A todos que direta ou indiretamente colaboraram para a realização deste
trabalho.
VII
“Reparta o seu conhecimento. É uma forma
de alcançar a imortalidade”.
[Dalai Lama]
VIII
SUMÁRIO
p
LISTA DE FIGURAS..........................................................................................
VIII
LISTA DE TABELAS..........................................................................................
X
LISTA DE QUADROS.........................................................................................
XI
RESUMO...............................................................................................................
XII
ABSTRACT...........................................................................................................
XIII
1 INTRODUÇÃO..................................................................................................
1
2 REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................
3
2.1 Aspectos Ecológicos.........................................................................................
3
2.2 Variedades e Híbridos.......................................................................................
6
2.3 Classificação Botânica e Sinonímias................................................................
8
2.4 Importância Econômica e Social do Açaizeiro.................................................
10
2.5 Manejo das Touceiras.......................................................................................
12
3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................
13
3.1 Local de Estudo................................................................................................
13
3.2 Escolha da Área de instalação das parcelas experimentais..............................
14
3.3 Identificação das parcelas para estudo fitossociológico..................................
15
3.4 Definição dos tratamentos para avaliação dos parâmetros a serem
analisados...............................................................................................................
17
3.5 Levantamento e parâmetros fitossociológicos..................................................
18
3.6 Determinação da produção de frutos do açaí...................................................
19
3.7 Determinação da produção e análise físico-química........................................
19
3.8 Estudo sócio-econômico da comunidade de São Maurício, Alcântara-
24
MA..........................................................................................................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................
25
4.1 Fitossociologia..................................................................................................
25
4.1.1 Densidade (DR), Frequencia (FR) e Dominancia (DoR) relativas por
espécie....................................................................................................................
25
4.1.2 Densidade (DR), Riqueza e Dominância (DoR) relativas por família..........
26
4.1.3 Distribuição dos valores de importância (VI) e de cobertura (VC) por
família.....................................................................................................................
4.1.4 Classes de diâmetro.......................................................................................
27
4.1.5 Composição das touceiras de açaí na área da “baixa” da comunidade de
30
28
IX
São Maurício...........................................................................................................
4.2 Produção dos açaizeiros....................................................................................
33
4.2.1 Produção de cachos.......................................................................................
33
4.2.2 Peso de frutos................................................................................................
35
4.2.3 Peso de polpa.................................................................................................
37
4.2.4 Rendimento de polpa.....................................................................................
39
4.2.5 Sólidos solúveis totais....................................................................................
40
4.2.6 Acidez total titulável......................................................................................
42
4.2.7 Referências de qualidade do açaí da comunidade São Maurício...................
43
4.3 Aspectos gerais e regionais da economia do açaí.............................................
44
4.3.1 Aspectos gerais..............................................................................................
44
4.3.2 Aspectos regionais.........................................................................................
47
4.3.3 Preço do açaí praticado no cenário maranhense............................................
51
4.3.4 Considerações finais......................................................................................
52
5 CONCLUSÕES..................................................................................................
56
REFERÊNCIAS...................................................................................................
57
APÊNDICE A........................................................................................................
64
X
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1 Imagem via satélite ENGESAT, da localização geográfica da área de
pesquisa....................................................................................................
13
Figura 2 Vista parcial da vegetação da área de estudo...........................................
14
Figura 3 Demarcação das parcelas experimentais com fita zebrada......................
15
Figura 4 Detalhe da medição do CAP e estimativa de altura (à esquerda) e
detalhe da numeração da planta do levantamento fitossociológico (à
direita)......................................................................................................
17
Figura 5 A - Detalhes de sementes provenientes de fruto imaturo e
completamente amadurecido B - aspecto de frutos amadurecidos...........
20
Figura 6 A- Debulha dos frutos; B- pesagem dos frutos; C– balança utilizada
para pesagem e D– garrafas pet identificadas para retirada de amostra...
22
Figura 7 Detalhe do despolpamento do açaí de forma artesanal e controle da
quantidade de água para produção do vinho............................................
21
Figura 8 Detalhe refratômetro manual...................................................................
21
Figura 9 Coletores assépticos utilizados em coleta de amostras da polpa/vinho
para análise em laboratório......................................................................
22
Figura 10 Detalhe dos potes com amostras devidamente identificados a serem
congeladas e enviadas ao laboratório.......................................................
22
Figura 11 Distribuição dos valores de DR, FR e DoR relativas por espécie.........
25
Figura 12 Distribuição do número de indivíduos (densidade), de espécies
(riqueza) e dominância das espécies por família...................................
26
Figura 13 Distribuição dos valores de VI e VC por família...................................
28
Figura 14 Distribuição da freqüência dos indivíduos amostrados nas classes de
diâmetros...............................................................................................
30
Figura 15 Composição das touceiras na área da baixa (indivíduos /touceira)........
32
Figura 16 Composição das touceiras de açaí, segundo a relação do número de
touceiras, plantas adultas e jovens.........................................................
33
Figura 17 Número de cachos colhidos em função da densidade de touceiras........
34
Figura 18 Peso médio dos frutos em função da densidade de touceiras.................
37
Figura 19 Peso de polpa em função da densidade de touceiras..............................
38
XI
Figura 20 Rendimento de polpa de açaí em função da densidade de touceiras......
40
Figura 21 Sólidos solúveis totais em função da densidade de touceiras................
41
Figura 22 Acidez total titulável de polpa de açaí em função da densidade de
touceiras....................................................................................................................
43
Figura 23 Estados brasileiros produtores de açaí. (IBGE, 2008)............................
45
Figura 24 Relação dos municípios de maior produção de açaí. Fonte: IBGE
(2008).....................................................................................................
46
Figura 25 Representação da produção de açaí nos municípios em relação a
produção estadual. Fonte: IBGE (2008)................................................
47
Figura 26 Freqüência de atividades praticadas pelos agricultores da comunidade
de São Maurício, Alcântara, MA...........................................................
48
Figura 27 Consumo médio familiar diário de açaí na comunidade no período de
safra........................................................................................................
Figura 28 Destino da produção de açaí da comunidade de São
Maurício/Alcântara................................................................................
Figura 29 Preço de venda pago ao produtor de açaí no Maranhão. Fonte: IBGE
(2008)....................................................................................................
50
51
52
XII
LISTA DE TABELAS
p
Tabela 1 Identificação das parcelas para o levantamento fitossociológico da
área de várzea da Comunidade São Mauricio, Alcântara, MA...........
Tabela 2 Distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro na área de São
Mauricio, com intervalos de classes de 10 cm, aberto na esquerda e
fechado na direita(n=500)...................................................................
Tabela 3 Peso médio dos frutos por touceira e por cacho nas diferentes classes
de estipes.............................................................................................
Tabela 4 Variação do peso médio de polpa de açaí nos tratamentos utilizados
na baixa da comunidade de São Maurício-Alcântara/MA..................
15
29
36
38
XIII
LISTA DE QUADROS
p
Quadro 1 Composição das touceiras de açaí e estimativa da densidade de
estipes adultos por hectare, da Comunidade São Maurício,
Alcântara, MA.....................................................................................
Quadro 2 Parâmetro entre trabalhos e norma técnica do Ministério da
Agricultura, pecuária e abastecimento – MAPA com suas
respectivas variações...........................................................................
31
43
XIV
Caracterização do açaizal nativo da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA:
Estudo fitossocioógico e comportamento produtivo das plantas em função da
densidade da touceira.
Autor: José Renato Marques Borralho Junior
Orientador: Prof. Dr. José de Ribamar Gusmão Araújo
RESUMO: O gênero Euterpe congrega cerca de 28 espécies, distribuídas das Antilhas
a América do Sul, notadamente nas regiões com florestas tropicais. O açaizeiro (Euterpe
oleracea Mart.) da família Arecaceae, é uma palmeira nativa da Amazônia que se
destaca pela abundância e por produzir o vinho do açaí, alimento importante para a
população local em suas refeições diárias, e o palmito obtido a partir do corte dos
estipes, com sua produção destinada ao mercado interno e externo. O trabalho, baseado
no estudo prévio da fitossociologia da floresta de várzea de açaizal da Comunidade
Quilombola São Mauricio, Alcântara, Maranhão, caracteriza o sistema agroextrativista
de açaí praticado por pequenos agricultores e avaliar alternativas de manejo
agroecológico da espécie Euterpe oleracea em seu ambiente natural, possibilitando
melhorias nos indicadores de produção e qualidade dos frutos, conservação do
ecossistema açaizal e aumento na geração de renda da comunidade. Foi realizada a
análise da produção nativa, ou seja, sem manejo, coletando dados de número de cachos
colhidos por parcela, total de peso dos frutos, média de peso dos frutos, total de peso da
polpa, média de peso da polpa, média de rendimento da polpa em percentagem, além de
analisar os sólidos solúveis presentes na polpa, a acidez total titulável e acidez em pH.
Dentre os parâmetros analisados observou-se uma variação em termos de maior
produção do número de cachos, peso de fruto e peso de polpa para os tratamentos com
menor densidade de estipes por touceira. Os valores médios de 2,13 ºBrix, 0,2 para
acidez total titulável e 5,05 para pH, servem de parâmetro para outras colheitas que
serão realizadas na área quando manejada e mostram que a polpa de açaí estudada
encontra-se dentro dos critérios estabelecidos pelo Ministério da Agricultura e
Abastecimento. Neste trabalho também se obteve informações importantes a cerca do
perfil sócio-econômico do município de Alcântara comparando os dados de produção,
comercialização e consumo em relação aos principais municípios produtores do Estado.
Com base no perfil sócio-econômico traçado na comunidade verificou-se que a espécie
E. oleraceae Mart. representa uma importante fonte de alimento para a Comunidade de
São Maurício, tendo em vista que, a maior parte da produção é utilizada na alimentação
e o excedente é comercializado em feiras locais.
Palavras-chave: Euterpe oleraceae Mart., Frequência e Dominância, Produtividade,
Qualidade de fruto.
XV
Characterization of native açaizal Community São Mauricio, Alcântara, MA:
Study fitossocioógico and productive performance of the plants depending on the
density of the clump.
Author: José Renato Marques Borralho Junior
Adviser: Prof. Dr. Jose de Ribamar Gusmão Araújo
ABSTRACT: The genus Euterpe brings together about 28 species distributed from the
Antilles to South America, especially in regions with tropical forests. The açaí palm
(Euterpe oleracea Mart.) Arecaceae family, is a palm native from the Amazon that
stands for abundance and for producing the wine açaí, important food for local people in
their daily meals, made from palm and cutting the stems, with its production for the
domestic and foreign markets. This study, based on prior study of phytosociological
forest floodplain açaizal Community Quilombola São Mauricio Alcantara, Maranhão,
aimed at characterizing the system Agroextrativista açai practiced by small farmers and
assess alternative agroecological management of the species Euterpe oleracea in their
environment natural, enabling improvements in indicators of production and fruit
quality, and ecosystem conservation açaizal increase in income generation of the
Community. We performed the analysis of native production, ie without any
management, collecting data on the number of bunches harvested per plot, total fruit
weight, average fruit weight, total pulp weight, average pulp weight average pulp yield
as a percentage, to analyze soluble solids in the pulp, the total acidity, total acidity and
pH. Among the parameters analyzed revealed a variation in terms of increased
production of the bunch number, fruit weight and pulp weight for treatments with lower
density of stems per plant. The average values of 2.13 ° Brix, 0.2 for total acidity and
pH 5.05 to serve as parameter for other crops that will be undertaken in the area when
handled and show that the pulp is studied within the criteria established by the Ministry
of agriculture and drinking. This work also had important information about the socioeconomic profile of the municipality of Alcântara comparing data on production,
marketing and consumption in relation to the main producing counties of the state.
Based on the socio-economic path in the community it was found that E. oleracea Mart.
represents an important source of food for the Community of São. Mauricio in order
that the bulk of production is used in food and the surplus is sold in local markets.
Keywords: Euterpe oleracea Mart., Frequency and Dominance, Productivity, Quality
of fruit.
1
1
INTRODUÇÃO
O gênero Euterpe congrega cerca de 28 espécies, distribuídas das Antilhas a
América do Sul, notadamente nas regiões com florestas tropicais. O açaizeiro (Euterpe
oleracea Mart.) da família Arecaceae, é uma palmeira nativa da Amazônia que se
destaca pela abundância e por produzir o vinho do açaí, alimento importante para a
população local em suas refeições diárias, e o palmito obtido a partir do corte dos
estipes, com sua produção destinada ao mercado interno e externo (Anderson &Jardim,
1987;; Lorenzi e Matos 1996; Jardim, 2002; e Viegas et al., 2004).
Atualmente, a produção nacional anual de açaí é de 132 mil toneladas de
frutos, 90% concentrada no Estado do Pará. Estima-se que o consumo médio na cidade
de Belém é de 180 mil litros de açaí por dia (SUFRAMA, 2003).
Na Pré-Amazônia, o maior produtor é o Maranhão, onde o açaizeiro é mais
conhecido por juçara. Em 1992, o Pará foi responsável por 94% da produção nacional
de frutos de açaí, seguido pelo Maranhão (3,05%), Amapá (2,26%), Acre (0,29%) e
Rondônia (0,07%) (Rogez, 2000).
No cenário de 2008, o Estado do Pará ainda figura como o maior produtor
seguido Maranhão, com uma diferença já bem expressiva em relação aos números do
ano de 1992, onde o Pará foi responsável por 86,81% da produção, seguido pelo
Maranhão (9,44%), Acre (1,35%), Amazonas (1,13%), Amapá (0,96%), Bahia (0,19%)
e Rondônia (0,12%) além de outros com menor expressão, como Pernambuco e
Tocantins (IBGE, 2008).
O açaí é uma espécie florestal típica da região do estuário Amazônico com
características de cultura perene, indicada para as condições tropicais de grande
precipitação pluviométrica e elevada temperatura, possibilitando proteção permanente
ao solo. Apresenta perfilhação abundante (hábito cespitoso) formando o que
popularmente chama-se "touceira", ideal para a exploração racional e permanente de
palmitos e frutos (Calzavara, 1972).
Outras espécies do gênero com importância sócio-econômica e ambiental são
Euterpe edulis Mart. (juçara da mata atlântica) e Euterpe espiritosantensis Fernandes
(açaí vermelho) distribuídas na Floresta Tropical Atlântica desde o sul da Bahia até o
norte do Rio Grande do Sul. Outra espécie comum nas matas da Amazônia Ocidental é
Euterpe precatoria Mart. (açaí solteiro) ocorrendo nos Estados do Amazonas, Acre,
2
Rondônia e Roraima (RIBEIRO, 2004). Uma característica comum às três espécies é o
não perfilhamento, pois são monocaules ou solitárias.
Dados comparativos de produção das quatro espécies denotam potencial
superior para a E. oleracea devido ao número de perfilhos. No entanto, isso não deve
ser causa de menor interesse econômico pelas outras três espécies, que se adaptam
muito bem ao cultivo em terra-firme (Rogez, 2000).
A Amazônia é composta por um conjunto de ecossistemas diversificados e na
sua maioria frágeis. A ação antrópica, por meio da implantação de monoculturas ou
atividades agropecuárias, tem causado efeitos desastrosos para o equilíbrio desses
ecossistemas (Rogez, 2000). As várzeas e igapós proporcionam condições climáticas e
biológicas ao desenvolvimento do açaizeiro (E. oleracea), por apresentarem condições
de inundação, circulação de nutrientes e iluminação razoável. O açaizeiro se desenvolve
bem nesses ecossistemas, porém, os diferentes padrões de adaptabilidade estrutural
permitem pleno desenvolvimento reprodutivo em áreas de terra firme (VIÉGAS et al.,
2004).
A grande demanda pelo produto no mercado local, bem como a abertura para
outras regiões, promove o açaí como produto potencial para a comercialização e
alternativa de diversificação do sistema de produção dos agricultores familiares.
A busca pelas informações está pautada em subsidiar (estimular) os pequenos
agricultores, manejando e promovendo maior rendimento dos sistemas de produção e
menor degradação dos recursos naturais, especialmente no caso dos açaizeiros que
tradicionalmente eram derrubados para a extração sem controle de palmito.
Objetivou-se com a realização deste trabalho o estudo prévio da fitossociologia
da floresta de várzea de açaizal da Comunidade Quilombola São Maurício, AlcântaraMA, caracterizando o sistema agroextrativista de açaí praticado por pequenos
agricultores e avaliar alternativas de manejo agroecológico da espécie Euterpe oleracea
em seu ambiente natural, visando melhorias nos indicadores de produção e qualidade
dos frutos, conservação do ecossistema açaizal e aumento na geração de renda da
comunidade.
3
2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Aspectos Ecológicos
O açaí (Euterpe oleracea Mart.) é considerado como um importante membro
da flora nativa, devido à diversidade de produtos obtidos a partir do fruto,
principalmente da polpa. São 200 gêneros e mais de 2600 espécies que constituem a
família Arecacea, distribuídos com predominância nas regiões tropicais e subtropicais
(Jones, 1995).
O Açaí tem grande participação na vegetação de igarapés, terrenos de baixada
e de áreas alagadas, aparecendo naturalmente no estuário amazônico, Maranhão, Baixo
Amazonas, Tocantins e Amapá, sendo encontrado quase que exclusivamente, no estágio
plântula e juvenil (Aguiar et al., 2000).
A adaptação das plantas é um processo que ocorre a longo prazo, envolvendo
muitas gerações. Em condições desfavoráveis ao crescimento, utilizam diferentes
recursos para obter condições mínimas ao desenvolvimento e reprodução (Sousa, 2006).
As palmeiras se adaptam a diferentes ambientes como várzea, igapó¹ e terra
firme, devido à sua habilidade de alocação de recursos para as folhas e raízes. A
eficiência das folhas para captação de energia luminosa, a capacidade de conversão
dessa energia em carboidratos, assim como o seu transporte e o metabolismo nas
diversas partes das plantas, são fatores que influenciam no crescimento e sobrevivência
das palmeiras quando crescem em locais adversos (Scariot, 2001).
Estudando a estrutura de açaizais em ecossistemas inundáveis da Amazônia,
Silva e Almeida (2004), observaram que o número de plantas que se desenvolveram na
várzea foi maior que no igapó, sendo que o maior número de estipes por touceira foi
encontrado no igapó.
A espécie tem capacidade de desenvolve-se bem em uma gama variada de solos,
desde o tipo bastante argiloso das várzeas altas do estuário do rio Amazonas até o
areno-argiloso das áreas de terra firme. O crescimento da planta é favorecido pela
existência de altos teores de matéria orgânica. As áreas muito arenosas, com baixa
capacidade de retenção de água, devem ser evitadas.
No que se refere a classificação do solo, Nogueira (2005) afirma que o solo
predominante nas áreas de várzea do estuário amazônico é do tipo Gley pouco húmico,
resultante do acúmulo de sedimentos deixados pelas águas das marés, mal drenados,
elevado teor de argila, baixa saturação de bases e pH de 4,5 a 5,0.
1 Termo utilizado para denominar uma mata inundada, por sua vez, várzea se refere a áreas inundadas
periodicamente por rios de água branca.
4
Para Oliveira (2003), o solo em que o açaí ocorre nos baixios da região de
Maracanã em São Luís-MA, tradicional área produtora e centro de consumo de frutos, é
classificado como Podzólico Vermelho Amarelo Petroplíntico (Concrecionário),
pertence a classe textural Franco-arenosa, caracterizada por alto teor de areia e baixos
teores de silte e argila.
A disponibilidade de água no solo influencia no crescimento, distribuição e
sobrevivência das plantas. Em condições naturais, plantas que habitam locais úmidos,
como o açaí, em certas ocasiões são submetidas naturalmente ao déficit moderado de
água. A capacidade de tolerar um estresse moderado é muito importante para a
propagação da espécie em ambientes diferentes do seu habitat natural (Calbo & Moraes,
2000).
Calbo & Moraes (2000) relataram que o déficit hídrico provoca diminuição nas
atividades
fisiológicas
do
açaizeiro
(fotossíntese,
condutância
estomática
e
transpiração). Tsukamoto Filho et al. (2001) observaram que E. edulis plantado em
florestas secundárias em pleno sol apresentou menor produção de biomassa em virtude
do estresse hídrico ocorrido nas parcelas, e Carvalho et al. (1998) citam que o açaizeiro
é adaptado a ambiente com alagamento periódico do sistema radicular ocasionado pelo
efeito das marés, não afetando a absorção de água pelas raízes; já no período de seca,
onde a maré alta não cobre parte da vegetação, a absorção de água é mantida em níveis
suficientes para suprir a demanda de transpiração.
A baixa disponibilidade de luz afeta o crescimento e a sobrevivência das plantas
em função da quantidade de energia luminosa interceptada pelas folhas. O crescimento
satisfatório de algumas espécies em ambientes com diferentes disponibilidades
luminosas pode ser atribuído à capacidade de ajustar rapidamente seu comportamento
fisiológico para maximizar a aquisição de recursos nesses ambientes (Dias-Filho, 1997).
Segundo Scalon & Alvarenga (1993), as plantas nativas geralmente possuem
respostas diferentes à luminosidade, principalmente quanto ao desenvolvimento
vegetativo da parte aérea e a sobrevivência das plântulas. Por isso, a eficiência do
crescimento da planta pode ser relacionada com a habilidade de adaptação às condições
luminosas do ambiente.
Gama et al. (2002) afirmaram que em ambiente de várzea o açaizeiro se
desenvolve no sub-bosque com pouca luminosidade, contudo, as plantas têm respostas
fisiológicas (fotossíntese) e morfológicas (crescimento) diferentes dependendo do nível
de luz a que são submetidas.
5
Sampaio (2003), estudando o efeito da irradiância no crescimento inicial de
plantas jovens de açaizeiro (E. oleracea) em sistemas agroflorestais no município de
Bragança – PA, observou grande plasticidade no crescimento e na eficiência do uso da
radiação disponível em função das intensidades de irradiância. O autor afirmou que a
adaptação na faixa de irradiância vai do intenso sombreamento à intensidade alta de
irradiância, constatando que o crescimento aumentou com a disponibilidade de luz até
um máximo de 80% e que a adaptabilidade aumentou em função da idade dos
açaizeiros.
Nogueira & Conceição (2000) estudaram o crescimento de açaizeiro em área de
várzea no estuário Amazônico, constatando que quatro anos após o corte do estipe para
extração do palmito, os perfilhos estavam prontos para produção de frutos e de
palmitos. O número de perfilhos produzidos em todos os estádios de crescimento da
palmeira está associado ao vigor da planta nas primeiras fases de desenvolvimento. No
entanto, não se deve permitir o número excessivo de perfilhos, pois a competição se
torna acentuada, trazendo como conseqüência menor desenvolvimento do palmito (Bovi
et al., 1998).
Ohashi & Kageyama (2004) estudaram a variabilidade genética de nove
populações de açaizeiro (E. oleracea) na região do estuário amazônico e observaram
que o crescimento das plantas (altura e diâmetro do colo) foi influenciado pelas
condições ambientais, não sendo possível selecionar populações como superiores ou
mais produtivas com base nesses parâmetros e pela distribuição geográfica. Contudo,
Bovi et al. (1998) estudando as correlações fenotípicas entre caracteres avaliados nos
estádios juvenil e adulto de açaizeiro em Ubatuba – SP observaram que o crescimento
do açaizeiro foi influenciado pelo número de perfilhos até o 4° ano após o plantio e que
o desbaste das plantas inferiores com base em mensuração da circunferência acelerou o
processo de florescimento e frutificação.
As barreiras naturais à cultura do açaizeiro podem ser facilmente rompidas com
o surgimento de pesquisas voltadas ao desenvolvimento sustentável em diversos
ambientes. Dessa maneira, é esperada a transição entre um extrativismo de caráter
extensivo para um extrativismo de caráter intensivo.
6
2.2 Variedades e Híbridos
O açaizeiro apresenta duas variedades ou tipos que podem ser diferenciados
pela coloração e característica do fruto quando maduro.
O açaí roxo possui frutos roxos e violetas, polpa brilhante e escura que
representam quase que 99% do volume da comercialização, sendo bastante procurado
para a produção do tradicional “vinho” – termo utilizado na região amazônica para o
suco de açaí e na produção de picolés e sorvetes destinados ao consumo pela população.
O açaí “branco” possui frutos e polpa verde escura brilhante, produzindo suco
de coloração creme-claro. Esta é a diferença marcante entre os dois tipos mencionados.
Outras variedades de açaizeiros ocorrem, porém são poucos comuns (Calzavara, 1972;
Cavalcante, 1991; Nogueira et al., 1995).
Para garantir a sustentabilidade do açaí e a recuperação das áreas degradadas,
pesquisas de manejo e enriquecimento de açaizais nativos foram desenvolvidas, assim
como estudos de cruzamentos intra e interespecíficos, em busca de cultivares ou
híbridos adaptados ao ambiente de terra firme, mais precoces e produtivos que seus
genitores.
Pesquisadores da Embrapa Amazônia Oriental produziram a cultivar BRS Pará
destinada ao plantio em terra firme. A seleção foi a partir de açaizeiros (Euterpe
oleracea) que apresentaram boa produção de frutos e alto vigor de perfilhamento. É
uma planta precoce, iniciando seu ciclo de produção de frutos com três anos após o
plantio a uma altura em torno de um metro, mais produtiva e com maior rendimento de
polpa em torno de 15 a 25% (EMBRAPA, 2004).
Bovi et al. (1987) obtiveram um híbrido do cruzamento das espécies E. edulis e
E. oleracea também adaptado ao ambiente de terra firme com valor de desenvolvimento
e produção de palmito superior aos genitores.
Gonçalves (2001) define o fruto do açaizeiro como uma drupa globosa ou
levemente depresso, apresentando resíduos florais, com diâmetro em torno de 2 cm e
pesando, em média, 1,5 g contendo a semente, caroço duro e pequeno, que corresponde
a 73% da sua massa total, cada quilo de frutos contém de 900 a 950 sementes.
Os frutos se apresentam em cachos. Possuem coloração originalmente verdes
adquirindo a cor violácea, quase preta, no estágio maduro. Já no chamado açaí branco, a
coloração originalmente verde, permanece até o momento da colheita, fornecendo polpa
esverdeada. Nos frutos são diferenciadas as seguintes partes:
7
Epiderme: representada por uma casca fina e lisa, facilmente destacável
denominada epicarpo;
Mesocarpo: camada de espessura de 1,0 a 1,5 mm de diâmetro, de cor
arroxeada quando madura por maceração produz o vinho do açaí;
Endocarpo: parte dura e fibrosa que recobre a amêndoa (Calzavara, 1972).
O tamanho dos frutos, peso dos caroços e espessura da polpa. São
características diretamente relacionadoas com o rendimento do fruto. O tamanho e peso
dos frutos também podem ser influenciados pelo número de frutos no cacho e pela
densidade desses frutos.
A polpa de açaí e o açaí são produtos extraídos da parte comestível do fruto do
açaizeiro (Euterpe oleracea, Mart.) após amolecimento através de processos
tecnológicos adequados.
A extração consiste na separação da semente (endocarpo) de polpa que a
envolve. O método manual é feito normalmente em residências ribeirinhas, e é muito
lento e trabalhoso. Para facilitar na extração, tanto o método manual, como o método
mecânico, utilizam-se a imersão dos frutos em água a temperatura ambiente (25º C)
durante uma hora.
A fase de imersão pode ser acelerada utilizando-se temperatura entre 35º C a
40º C durante vinte minutos. Este procedimento é muito usado pelas Unidades de
Beneficiamento (maquineiros).
De maneira convencional três tipos de açaí são obtidos de acordo com o
aspecto. O açaí popular ou fino - menos espesso; açaí médio e o açaí grosso ou especial,
muito espesso, chamado também de papa.
De acordo com a adição ou não de água e seus quantitativos, o produto será
classificado em:
 Açaí grosso ou especial (tipo A) é a polpa extraída com adição de água e
filtração, apresentando acima de 14% de sólidos solúveis totais e uma aparência
muito densa.
 Açaí médio ou regular (tipo B) é a polpa extraída com adição de água e filtração,
apresentando 11 a 14% de sólidos solúveis totais e uma aparência densa.
Açaí fino ou popular (tipo C) é a polpa extraída com adição de água e filtração,
apresentando de 8 a 11% de sólidos totais e uma aparência pouco densa.
8
De acordo com Oliveira (2002), em se tratando do “vinho do açaí” (suco da
polpa), o mesmo habitualmente é consumido com farinha de mandioca, associado ao
peixe, camarão ou carne, constituindo-se no alimento básico para as populações de
origem ribeirinha. Da polpa, são fabricados sorvetes, licores, doces, néctares, geléias,
energéticos, apresentando também potencial para extração de corantes, antocianinas e
utilização na indústria de cosméticos, fitoterápicos e outros.
De acordo com dados do IBGE (2006), a produção de polpa de açaí gera cifras
que superam os R$ 5.000.000,00 (cinco milhões de reais) em todo o país, despertando
grande interesse para os agricultores nacionais, os quais têm procurado praticar
diferentes formas de manejo objetivando preservar a espécie e aumentar produtividade.
Em razão disso, a produção de frutos, antes destinada somente ao consumo
local, conquistou novos mercados, se tornando importante fonte de renda e emprego,
havendo também a venda de polpa congelada para outros estados brasileiros,
especialmente das regiões Sudeste, Nordeste e Centro-Oeste.
2.3 Classificação Botânica e Sinonímias
Segundo Cronquist (1981), o açaizeiro foi classificado da seguinte maneira:
DIVISÃO: Magnoliophyta; CLASSE: Liliopsida; Subclasse: Arecidae; Ordem:
Arecales; Família: Arecaceae; Subfamília: Arecoidae; Gênero: Euterpe; Espécie:
Euterpe oleracea Mart.
Há outras espécies botânicas com a denominação vulgar de açaí, por apresentar
palmeiras semelhantes, distribuídas pelo território nacional, conforme Gomes (1972).
Açaí – caatinga (Euterpe controversa, Barb. Rodr. Euterpe caatinga wall. Var.
aurentiacea Drude) sua polpa pode ser beneficiada.
Açaí – Chumbo (Euterpe molíssima, Barb. Rodr., Euterpe caatinga Spruce) – tem
estipes delgados e islolados, aproveitados para a exportação de palmito.
Açaí – pardo (Euterpe badiocarpa, Barb. Rodr.), comum nas florestas próximas de
Manaus, é considerado o maior dos açaís, conferindo sabor agradável quando
convertidos em sucos.
A terminologia “açaí” tem origem Tupy-yá-cá, significando fruto que chora,
talvez por fluir lentamente em grandes gotas durante a maceração da polpa da fruta,
9
quer seja extraída manualmente, quer seja por despolpamento mecânico (Soares, citado
por Braga, 1976).
O açaí apresenta denominações diversas de acordo com a área de extrativismo,
destacando os seguintes nomes “palmiteiro”, “piná” e “tukaney” pelos índios Curuaés;
“açaí”, “açaí do Pará”, “açaí de touceira”, “açaí de baixo amazonas”, “açaizeiro” na
região Norte; “Juçara” no Maranhão e Goiás.
Destaca-se que no Maranhão, atribui-se a denominação “Juçara”, pertencente a
mesma espécie do açaí do Estado do Pará (Euterpe oleracea Mart.) de ocorrência
comum no Baixo Amazonas, diferindo basicamente da juçara da Mata Atlântica
(Euterpe edulis Mart.) (Araujo et al., 2004).
No município de Luis Domingues, micro região do Gurupi/Maranhão, foi
identificada no ano de 2007, uma população de açaí nativo denominado, “açaí de terrafirme”, cuja ocorrência dá-se em plena mata de terra alta. Apresenta touceira, cachos
médios e compactos e frutos pequenos e roxos. Foram produzidas mudas e as plantas
foram plantadas para melhorar a caracterização do novo ecótipo (ARAUJO, 2010 –
Informação pessoal).
Em outros países, nas áreas de ocorrência natural, destacam-se as seguintes
denominações: “chapil”, “murrapo”, “noidi”, “maqueque” e “palmicha” na Colombia,
“bambil” e “palmicha” no Equador; “manicola palm” na Guiana; “assai”, “pinot” e
“wassaie” na Guiana francesa; “manac” em Trinidad; “manaca”, “morroque” e “uassi”
na Venezuela; “baoenpina”, “manaka”, “wapoe”, “wapa” no Suriname; “euterpe palm”
nos Estados Unidos (Roosmalen, 1985; Cavalcante, 1991; Henderson et al., 1996; khan,
1997; Freire, et al., 2000).
2.4 Importância Econômica e Social do Açaizeiro
O açaizeiro é uma espécie que apresenta multiplicidade de usos, dentre os
quais se destacam as folhas para cobertura de casas, fibras, celulose, ração animal,
adubo e proteção de plantações; os frutos para bebida, alimento, adubo, curtimento de
couro, álcool, remédio anti-diarréico e ração animal; o palmito para alimento, adubo,
curtimento de couro, álcool; as ráquilas para adubo, vassouras e proteção de plantações;
os estipes para construções, celulose, lenha e isolamento elétrico e as raízes para
vermífugo (Jardim, 1995).
10
A coleta e comercialização dos frutos constituem-se em atividades importantes
sob o ponto de vista sócio-econômico, pois o suco extraído da polpa dos frutos é
consumido em larga escala pela população amazônica. No entanto, essa espécie tem
sido submetida à intensa exploração predatória, com vista à exploração de palmito,
levando à sua eliminação na área (Carvalho et al., 1998). Contudo, foram tomadas
providências pelas instituições competentes no sentido de racionalizar a exploração do
açaí, tanto através do sistema de extrativismo manejado e sustentável quanto de seu
cultivo (SUFRAMA, 2003).
O Estado do Pará é o principal produtor de açaí, seguido do Maranhão. Em
ambos, as maiores extensões de açaizais estão localizadas na região estuarina do rio
Amazonas, abrangendo os municípios da microregião de Arari, de Cametá e de Belém
no Pará.
O processo de extração do fruto e do palmito está relacionado com os padrões
fenológicos de floração e frutificação do açaizeiro, o que acarreta alternância de oferta
desses produtos no mercado interno, gerando grande oscilação nos preços
principalmente dos frutos. Nos meses de janeiro a julho a produção de frutos atinge
41%, enquanto que a de palmito 72%, este período é caracterizado pela elevada floração
da espécie. Porém, nos meses de agosto a dezembro a produção média dos frutos atinge
98% e a de palmito 6%, este período é caracterizado por apresentar elevada frutificação.
Isto demonstra que os moradores das ilhas estão mais concentrados na extração do
fruto, pois é considerada uma prática extrativista não predatória para a espécie (Jardim
& Anderson, 1987).
O Brasil, apesar de ser um dos maiores produtores de palmito do mundo, não
se encontra entre os países que mais exportam esse produto. O modo de exploração é na
maioria extrativista. Atualmente, a pupunha (Bactris gasipaes Kunth), o açaizeiro (E.
oleracea), a juçara (E. edulis), o açaí do Amazonas (E. precatoria) e o açaí vermelho
(E. espiritosantensis) são as espécies com maior importância sócio-econômica e
ambiental para exploração comercial do palmito e frutos, e por apresentarem potencial
produtivo e baixo custo de produção de mudas (SUFRAMA, 2003).
No estuário, encontram-se concentrações médias de 200 touceiras por hectare.
Uma touceira pode atingir em torno de 20 estipes, dos quais, pelo menos três em
produção, produzindo cada um de 6 a 8 cachos anualmente, com 2,5 kg cada, o que
representa de 15 a 20 quilos de frutos por palmeira, num total aproximado de 12 ton de
frutos/ha/ano. Estima-se que quase 204 ton de açaí são comercializadas por dia no
11
mercado do Ver-o-peso em Belém – PA, durante o pico de colheita do açaí, julho a
dezembro, oriunda de municípios e localidades próximos a Belém (Rogez, 2000).
A exploração excessiva dos palmiteiros (E. edulis) nativos da Mata Atlântica
acarretou na diminuição drástica das populações da espécie, provocando êxodo das doze
empresas extrativistas para a Amazônia em virtude da oferta de palmito proveniente do
açaizeiro (E. oleracea). Em meados da década de 80, o extrativismo indiscriminado
pelas comunidades ribeirinhas, para a comercialização do palmito, provocou uma
redução drástica nas populações nativas dos açaizeiros (Mesquita e Jardim, 1996).
A partir de 1990, o cultivo e o manejo de açaizais nativos começaram a ganhar
significado devido a valorização do vinho do açaí no mercado nacional, gerando
emprego e possibilitando um maior nível de renda ao trabalhador do interior do Estado,
melhorando as condições de vida do homem do campo e diminuindo o êxodo rural
(Lopes, 2001).
2.5 Manejo de touceiras
Nogueira & Conceição (2000) estudaram o crescimento de açaizeiro em área
de várzea no estuário Amazônico, constatando que quatro anos após o corte do estipe
para extração do palmito, os perfilhos estavam prontos para produção de frutos e de
palmitos. O número de perfilhos produzidos em todos os estádios de crescimento da
palmeira está associado ao vigor da planta nas primeiras fases de desenvolvimento. No
entanto, não se deve permitir o número excessivo de perfilhos, pois a competição se
torna acentuada, trazendo como conseqüência menor desenvolvimento do palmito (Bovi
et al., 1998).
Jardim & Anderson (1987) e Nogueira (1995), verificaram que em populações
nativas de açaizeiros houve um acréscimo significativo na produtividade de frutos por
estipe, quando houve a eliminação das espécies competidoras.
A adoção da prática do manejo, que consiste na remoção da cobertura vegetal
original em áreas onde se encontram açaizeiros, cuja densidade é variável e em
competição com outras espécies dominantes, mas com chances de sua proliferação,
estas áreas são escolhidas (Nogueira, 1997).
Alguns produtores efetuam a substituição integral da cobertura vegetal original,
privilegiando apenas os açaizeiros que são plantados nos espaços livres. Outros
produtores adotam sistema de substituição parcial, deixando buritizeiros do sexo
12
feminino e eliminando os de sexo masculino, pelo fato de não produzirem frutos. A
eliminação de buritizeiros do sexo masculino é uma prática condenável, pois
dependendo do número de plantas derrubadas, poderá tornar improdutivas as plantas de
sexo feminino, pela não disponibilidade de grãos de pólen que possibilitem a
fecundação e a conseqüente conversão de flores em frutos.
Uma particularidade nas áreas manejadas é a não utilização do fogo, em
decorrência dos danos que provocam nos perfilhos e plantas jovens oriundas da
regeneração natural. A biomassa resultante da derrubada é deixada no local,
apodrecendo no prazo de um ano.
Apesar da imagem de sustentabilidade dos açaizais manejados nas várzeas,
uma expansão em larga escala dessa prática na foz do rio Amazonas, esconde elevados
riscos ambientais em médio e longo prazo.
3
MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local de estudo
O projeto foi desenvolvido nas terras de uso comum da comunidade rural
quilombola de São Maurício (02º29’24.0” S e 44º35’06.7” W), localizado no Município
de Alcântara, MA, à margem esquerda da estrada asfaltada de acesso que liga o porto de
Cujupe à Rodovia MA 106 (Figura 1), distando cerca de 6 km do porto do Cujupe e 50
km da sede do Município de Alcântara – MA.
13
Sede do município de
Alcântara
Comunidade São Maurício
Terminal do Cujupe
Baía de São Marcos
Ilha de São Luís
Figura 1 Imagem via satélite ENGESAT da localização geográfica da área de pesquisa.
3.2 Escolha da área de instalação das parcelas experimentais
As parcelas experimentais foram marcadas em uma área de várzea que possui
aproximadamente 720 ha, cerca de 60% do povoado, de acordo com o diagnóstico
participativo de Alcântara (DLIS, 2003). (Figura 2A e 2B).
A escolha desta área foi realizada com base nas sugestões colhidas nas reuniões
com os moradores da comunidade (conhecimento local); na observação das
características da vegetação, levando-se em conta grau de adensamento da floresta de
açaizal (Figura 2A e 2B); o baixo nível de interferência antrópica; e a importância que a
várzea de açaizal proporciona para atividade extrativista para a comunidade de São
Maurício.
14
A
B
Figura 2 Vista parcial da vegetação da área de estudo.
O trabalho de demarcação das parcelas experimentais foi realizado pela equipe
do projeto com a ajuda de moradores da comunidade. Neste trabalho fez-se uso de
alguns de equipamento de GPS e fita de isolamento (fita zebrada) para facilitar o
reconhecimento da parcela e possibilitar que a área escolhida não sofresse alterações
durante a realização do trabalho (Figura 3). Cada parcela possui uma dimensão de 20 x
20 m.
Figura 3 Demarcação das parcelas experimentais com fita zebrada.
3.3 Identificação das parcelas para estudo fitossociológico
Para determinação do levantamento fitossociológico foram definidas 16
parcelas, distribuídas ao acaso, demarcadas com fita zebrada e identificadas com placas
informando o tipo de parcela e repetição, além da colocação de bandeiras coloridas
representando a localização da parcela (tabela 1).
15
Tabela 1. Identificação das parcelas para o levantamento fitossociológico da área de
várzea da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA.
Parcela
Identificação da placa
Identificação da cor
Parcela 1 Repetição 1
P1R1
Azul
Parcela 1 repetição 2
P1R2
Azul
Parcela 1 repetição 3
P1R3
Azul
Parcela 1 repetição 4
P1R4
Azul
Parcela 2 repetição 1
P2R1
Laranja
Parcela 2 repetição 2
P2R2
Laranja
Parcela 2 repetição 3
P2R3
Laranja
Parcela 2 repetição 4
P2R4
Laranja
Parcela 3 repetição 1
P3R1
Vermelho
Parcela 3 repetição 2
P3R2
Vermelho
Parcela 3 repetição 3
P3R3
Vermelho
Parcela 3 repetição 4
P3R4
Vermelho
Parcela 4 repetição 1
P4R1
Branca
Parcela 4 repetição 2
P4R2
Branca
Parcela 4 repetição 3
P4R3
Branca
Parcela 4 repetição 4
P4R4
Branca
Estas mesmas parcelas também foram utilizadas para determinar o “marco zero
da produção nativa” para fins comparativos e servirão para identificar o nível de
desbaste que será utilizado na estratégia de manejo para a área de São Maurício,
Alcântara - MA.
3.4 Definição dos tratamentos para avaliação dos parâmetros a serem analisados
A partir das parcelas utilizadas para o levantamento fitossociológicos foi
definido os tratamentos a serem trabalhados para a avaliação dos parâmetros físicoquímicos dos frutos e de produção das touceiras, sendo eles: produção de cachos (n°),
16
peso total de frutos, peso total de polpa, acidez total titulável (%), sólido solúveis totais
(°Brix) e rendimento de polpa. Os tratamentos foram distribuídos nas classes de estipes
por touceira:
Tratamento 1: T[≤2] – touceiras com até dois estipes;
Tratamento 2: T[3-4] – Touceiras com número de 3 a 4 estipes;
Tratamento 3: T[5-6] – Touceiras com número de 5 a 6 estipes;
Tratamento 4: T[7-8] – Touceiras com número de 7 a 8 estipes;
Tratamento 5: T[9-10] – Touceira com número de 9 a 10 estipes;
Tratamento 6: T[>10] – Touceiras com mais de 10 estipes.
Definidos os tratamentos, obedecendo-se um delineamento inteiramente
casualizado, com seis tratamentos (classes de estipes) e quatro repetições, foram
realizadas quatro colheitas para cada parcela, tomando-se o cuidado de marcar as duas
plantas produtivas para que as colheitas subseqüentes fossem realizadas nas mesmas
plantas. Os dados foram mensurados, analisados e comparados pelo Teste de Ducan a
10% de probabilidade utilizando o programa STATISTICA spreadsheet e o software
Sigmaplot 10.0 foi adotado para gerar os gráficos.
3.5 Levantamento e Caracteristicas fitossociológicos
O trabalho foi conduzido de acordo com, o sistema de manejo agroecológico
desenvolvido pela EMBRAPA Amazônia Oriental (CPATU), envolvendo as etapas de
levantamento fitossociológico. avalianou-se o número de espécies existentes na área, o
nome comum e botânico, a família, a quantidade de indivíduos por espécie, a idade, o
porte e a circunferência à altura do peito (CAP) (Figura 4); classificação das espécies
em relação ao papel ecológico que exerce dentro do ecossistema, com ênfase para
árvores de serviço e de uso múltiplo e o número de estipes de açaí por touceira,
distribuídos entre adultos e jovens (altura inferior a um metro)
17
Figura 4. Detalhe da medição do Circunferência a altura do peito (CAP) e estimativa de
altura (à esquerda) e detalhe da numeração da planta do levantamento fitossociológico
(à direita).
Para cada espécie vegetal foram analisados os seguintes parâmetros: (nº)
número de indivíduos que ocorrem nas parcelas, (nº Am.) Números de parcelas que
ocorre a espécie, freqüência absoluta (FAs), área basal (ABs), dominância relativa por
área (DoAs), dominância relativa (DoRs), densidade relativa (DRs), freqüência relativa
(FRs), valor de importância (VI), valor de cobertura (VC) e índice de diversidade de
Shannon e Weaver (H’) da comunidade. As equações adotadas segundo MUELLER –
DOMBOIS & ELLENBERG (1974) foram às seguintes:
FAs = Os / PT)
ABs = ∑ ABIs / ns
DoAs = (DAs) (Abs)
DRs = 100 (ns / N)
FRs = 100 (Fas / FAT)
DoRs = 100 (ABIs / ABT)
VIs = DRs + FRs + DoRs
VCs = DRs + DoRs
Os = ns / N
Onde:
FAs = freqüência absoluta da espécie;
ABs = área basal média da espécie;
DoAs = dominância por área da espécie;
DRs = densidade relativa da espécie;
FRs = freqüência relativa da espécie;
DoRs = dominância relativa da espécie
VIs = valor de importância da espécie;
VCs = valor de cobertura da espécie;
ABIs = Área basal da espécie;
ns = número de indivíduos amostrados da espécie;
N = numero total de indivíduos amostrados
18
Para o cálculo dos parâmetros fitossociológico foi utilizado o programa
FITOPAC 1 (SHEPHERD, 1994).
3.6 Determinação da produção de frutos de açaí
Para a determinação da produção e qualidade de açaí nativo, colheu-se todos os
cachos maduros produzidos em duas plantas selecionadas ao acaso de duas touceiras por
parcela, conforme a classe de estipes definidos no item 3.4. As touceiras foram
identificadas com a mesma numeração do levantamento fitossociológico e as plantas
selecionadas foram marcadas em seus estipes com os números 1 e 2, nas cores amarela e
branco, respectivamente. Nos tratamentos cuja touceira era composta de dois estipes
adultos, ambos foram colhidos.
3.7 Determinação da produção e análises fisicoquímica
Para a determinação da produção de açaí nativo, colheu-se todos os cachos
maduros produzidos em duas plantas selecionadas aos acaso de duas touceiras por
parcela. As touceiras foram identificadas com a mesma numeração do levantamento
fitossociológico e as plantas selecionadas foram marcadas em seus estipes com os
números 1 e 2, nas cores amarela e branco, respectivamente.
A coleta foi realizada por moradores experientes da comunidade que
participaram diretamente da execução do trabalho. Para subir no caule (estipe) até
alcançar o cacho e colhê-lo, o “apanhador” utilizou uma espécie de cinto trançado por
ele, regionalmente chamado de “pêa” e atado aos pés para apoiar na subida. Este cinto é
feito com palha verde de folhas de açaizeiro, podendo ser também feito por fibra
sintética. Cada cacho colhido foi trazido até o chão com muito cuidado para evitar a
debulha de frutos na operação.
A colheita é uma tarefa geralmente reservada aos homens ou adolescentes
porque é árdua e arriscada. A única característica comum entre essas pessoas é seu peso,
normalmente inferior a 60 kg, para evitar uma grande flexão do estipe, diminuindo o
risco de queda. Considerou-se cachos maduros aqueles cujos frutos apresentavam
coloração escura e ao mesmo tempo acinzentados, visando uniformizar o processo de
colheita e garantir melhores características organolépticas (Figura 5A e 5B).
19
A
B
Figura. 5 A - Detalhes de sementes provenientes de fruto imaturo e completamente
amadurecido B - aspecto de frutos amadurecidos.
Dentro da área do açaizal foi montado um ponto de apoio composto de uma
balança digital de três dígitos (capacidade de 15 kg), garrafas pet de 2 litros para
armazenagem dos frutos, uma bacia de plástico para pesagem dos frutos, um côfo² de
palha de babaçu para debulha dos frutos e um tapete de palha para acomodação do
material, conforme figura 6.
A
A
B
A
C
D
A
A
Figura 6 A - Debulha dos frutos; B - pesagem dos frutos; C - balança utilizada para
pesagem e D - garrafas pet identificadas para retirada de amostra.
2 Utensílio semelhante ao jacá, balaio ou cesto, confeccionado com folha da palmeira de babaçu.
20
Os frutos armazenados nas garrafas PET e identificados com o número da
planta e da parcela foram acondicionados por no máximo 12 horas em refrigerador para
serem processados.
O processamento para separação da polpa e sementes com resíduos foi
realizado de forma artesanal, para garantir o controle da quantidade de água fornecida
na fabricação do vinho de açaí. A temperatura da água era de aproximadamente 38ºC.
Tal procedimento mostrou-se impreciso em equipamentos de despolpamento mecânico
justamente pela falta de controle na quantidade de água emitida e temperatura para
despolpamento (Figura 7).
Figura 7 Detalhe do despolpamento do açaí de forma artesanal e controle da quantidade
de água para produção do vinho.
Foi adotada uma relação peso de frutos e quantidade de água para que sempre
fosse utilizada a mesma relação água/fruto independente do peso dos frutos fornecida
para despolpamento. Esta relação foi de 1 litro de água para 1 kg de frutos.
Após o despolpamento, foram anotados os dados de peso de polpa (PP),
cálculo de rendimento de polpa e tomada dos dados de sólidos solúveis totais presentes
na polpa (ºBrix), por meio do aparelho de refratômetro manual (Figura 8).
Figura 8 Detalhe refratômetro manual.
As amostras de polpa foram acondicionadas em recipientes (potes plásticos)
assépticos de fábrica (Figura 9) com peso médio de 70 gramas e levadas imediatamente
21
para congelamento em laboratório, até o momento das análises: determinação de
percentagem de acidez e sólidos solúveis totais.
Figura 9 Coletores assépticos utilizados em coleta de amostras da polpa/vinho para
análise em laboratório.
Em cada frasco com amostra foi anotado o número da planta e da parcela para
análise em laboratório (Figura 10).
Figura 10 Detalhe dos potes com amostras devidamente identificados a serem
congeladas e enviadas ao laboratório.
No Laboratório de pós-colheita da Universidade Estadual do Maranhão –
UEMA foram analisadas as amostras de açaí identificadas, conforme a figura 10.
No laboratório foram realizadas as seguintes análises: a acidez total titulável e
pH das amostras. O pH foi determinado pelo método potenciométrico em peagâmetro
da marca Analyser modelo PH-300M, calibrado com soluções tampões de pH 4 e 7.
A acidez total titulável foi obtida por meio da titulação da amostra com soda e
levando em conta o ácido málico, conforme esquema a seguir:
22
PASSO 1 - PREPAROU-SE 500 ML DA SOLUÇÃO DE NaOH A 0,1 N. PM=40
Procedimento:
Pesou-se 2 g de NaOH e dilui-se a 500 mL com água destilada em um balão
volumétrico aferido.
PASSO 2 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE BIFITALATO DE POTÁSSIO 0,1 N
PM=204,22
Procedimento:
Pesou-se 2,0422 g de de bifitalato de potássio e diluiu-se em 100 mL de água
destilada.
PASSO 3 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE FENOLFTALEINA A 1%
Procedimento:
Pesou-se 0,05 g de fenolftaleina e dilui-se em 50 mL de água destilada
PASSO 4 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE KIO3
Procedimento:
Pesou-se exatamente 0,8917 g de KIO3 (após estufa de 110 ºC de peso
constante + ou – 4 hs) e diluiu-se em 250 mL de água destilada.
PASSO 5 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE IODETO DE POTÁSSIO
Procedimento:
Pesou-se 1 g de iodeto de potássio e diluiu-se em 100 mL de água destilada em
balão aferido.
PASSO 6 - PREPARO DA SOLUÇÃO DE AMIDO 1%
Procedimento:
Pesou-se 0,5 gramas de amido e diluiu-se em 50 mL de água destilada
aquecida.
PASSO 7 - DETERMINAÇÃO DO FATOR DA SOLUÇÃO BÁSICA
Procedimento:
Pipetou-se 10 mL da solução de bifitalato de potásio 0,1 N, colocou-se em um
erlemayer de 125 mL e acrescentou-se 3 gotas de fenolfitaleina a 1%. Titulou-se com
uma solução de NaOH 0,1 N, obtendo-se o volume gasto da solução.
PASSO 8 - DETERMINAÇÃO DA ACIDEZ DAS AMOSTRAS DE AÇAÍ
Procedimento:
23
Pesou-se 10 g das amostras e diluiu-se em 100 mL de água destilada, colocouse três gotas da solução de fenolfitaleína a 1 % e titulou-se com uma solução de NaOH
0,1 N; fator 1,00.
PASSO 9 – Cálculo de percentagem de acidez
Procedimento:
Cálculo: % de ácido = V x Megs x F x 100
--------------------------- x 10
Pa
Para ácido Málico:
V = volume
Eg = 67,9
F = fator de correção
Megs = 0,0679
Pa = Peso da amostra
3.8 Estudo sócioeconômico da comunidade de São Maurício, Alcantara – MA
O diagnóstico sócioeconômico da comunidade de São Maurício foi realizado
entre os meses de março e abril de 2008, área esta tradicionalmente conhecida como de
extração do açaí, sendo entrevistadas 32 pessoas, abordando aspectos gerais da
socioeconomia da comunidade.
O questionário foi aplicado aos moradores da comunidade de forma aleatória,
representando uma amostragem de 35% da população do povoado, onde a investigação
abordou assuntos como: indicadores sociais, culturais, alimentares e econômicos; renda;
características e perfil tecnológico do sistema de produção; produtividade e qualidade
do produto; mercado e comercialização. Os dados foram tabulados e organizados em
histogramas de médias e freqüências. Aspectos subjetivos também foram considerados,
em virtude da pesquisa ocorrer in loco, com acesso direto às famílias e aos ambientes de
cultivo (apêndice A).
4
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Fitossociologia
A configuração dos resultados apresentados pela análise fitossociológica
mostra a importância da espécie Euterpe oleracea Mart. no cenário da área da “baixa”
localizado na comunidade quilombola de São Maurício/Alcântara-MA. Os indivíduos
24
amostrados, totalizaram 500 indivíduos vivos distribuídos em 10 famílias botânicas e 21
espécies, com uma área equivalente de amostragem de 0,640 ha. A densidade total foi
de 781,25 indivíduos/ha, a área basal total foi de 24,978 m², correspondente a 39,028
m²/ha e uma freqüência total de 562,5 indivíduos. Tal importância pode ser obesrvada
na demonstração gráfica dos parâmetros fitossociológicos analisados.
4.1.1 Densidade (DR), Frequencia(FR) e Dominancia(DoR) relativas por
espécie.
A distribuição dos valores de densidade, frequência e dominância relativa das
espécies amostradas na área da “baixa” na comunidade de São Maurício Alcântara –
MA, pode ser observada na figura 11.
80
70
60
%
50
DR
40
FR
30
20
DoR
10
0
Espécies
Figura 11 Distribuição dos valores de DR (densidade relativa), FR (frequência relativa)
e DoR (dominância relativa) por espécie.
As espécies mais abundantes encontradas nesta área foram: Euterpe oleracea
Mart. com 339 indivíduos, representando 67,80% da densidade total, Symphonia
globulifera L. com 49 indivíduos, representando 9,8%, Incurana (Desconhecida 1) com
41 indivíduos, representando 8,2%, Inga sp. com 22 indivíduos, representando 4,40%
da densidade e Mauritia flexuosa Mart. com 18 indivíduos, representando 3,6%.
De acordo com Queiroz (2005), em estudo de composição florística e estrutura
de floresta realizado em área de várzea alta do estuário amazônico, as famílias mais
abundantes são: Arecaceae com 416 plantas/ha (50,4%), com a espécie Euterpe
25
oleracea Mart., 207 plantas/ha (25,1%) e Astrocaryum murumuru Mart. 160 plantas/ha
(19,4%); Caesalpiniaceae com 95 plantas/ha (11,5%) com a espécie Mora paraensis
Ducke, 82 plantas/ha (9,9%) e família Mimosaceae com 83 plantas/ha (10,0%), com a
espécie Pentaclethra macroloba (Willd.) Kuntze 56 plantas/ha (6,7%).
A elevada densidade de indivíduos de Euterpe oleracea Mart. na área
representa uma relativa segurança à comunidade em termos de coleta de frutos e que a
reprodução da espécie tem sido bem sucedida.
4.1.2
Densidade (DR), Riqueza e Dominância (DoR) relativas por família
A distribuição do número de indivíduos (densidade), de espécies (riqueza) e
dominância por família na área da “baixa” na comunidade Quilombola de São Maurício,
Alcântara – MA é mostrada na figura 12.
80
70
60
50
Densidade
40
Riqueza
% 30
Dominância
20
10
0
Famílias
Figura 12 Distribuição do número de indivíduos de açaí (densidade), de espécies
(riqueza) e
dominância das espécies por família.
A família Arecaceae ocupa a primeira posição em número de indivíduos (358
equivalente a 71,6% de densidade), apresentando um número de espécies de três,
(equivalente a 14,29%) e dominância 34,05%. A alta densidade pode estar relacionada à
estratégia reprodutiva das espécies representantes como E. oleracea, que obteve maior
densidade, provavelmente devido a sua capacidade reprodutiva por perfilhamento e
germinação de sementes, como mostraram estudos de Pollak et al. (1995), Nogueira
(1997) e Jardim (2000).
26
A segunda posição está representada pela família Guttiferae com um total de
49 indivíduos, equivalente a 9,8% de densidade, apresentando uma espécies
(equivalente a 4,76%) e dominância 29,49%.
O grupo das Desconhecidas representa o terceiro lugar com um total de 48
indivíduos, equivalente a 9,6% da densidade, apresentando um número de espécies de
sete (equivalente a 33,33%) e dominância de 22,73%. O grupo das desconhecidas
apresenta um nível de riqueza acima de todas as outras famílias, isto se deve ao fato que
até o presente momento o grupo das desconhecidas possui sete espécies.
A quarta posição é representada pela família Leguminosae com 22 indivíduos,
perfazendo uma densidade de 4,4% com um total de espécies de 1, equivalente a 4,76%
e dominância de 1,51%.
As famílias Arecaceae, Guttiferae e Leguminosae representam 85,80% do total
da densidade, 23,81% do total da riqueza e 65,05% do total da dominância, enquanto o
restante das outras sete famílias totalizaram apenas 4,6% do total da densidade, 42,86%
da riqueza e 12,22% da dominância.
4.1.3 Distribuição dos valores de importância (VI) e de cobertura (VC) por
família
As duas primeiras posições dos valores de importância (VI) e de cobertura
(VC) por família estão representadas pelas famílias Arecaceae e Guttiferae, em ordem
de maior expressão: Arecaceae (VI = 42,23% e VC = 52,82%), Guttiferae (VI = 20,12%
e VC = 19,65%). As outras oito famílias (72,72% do total das famílias amostradas)
totalizaram VI = 19,85% e VC = 11,36% (Figura 13).
27
60
50
40
%
VI
30
VC
20
10
0
Arecaceae
Guttiferae
Outras (8)
Famílias
Figura 13 Distribuição dos valores de VI e VC por família.
O índice de diversidade de Shannon e Weaver (H’) para espécies calculado
para esta fitocenose foi de 1,276 nats/indivíduo e para famílias é 1,043 nats/indivíduo.
Este índice apresenta-se baixo, no entanto, este valor é esperado, devido principalmente
ao alto número de indivíduos de uma mesma espécie encontrado na área, representado
pela espécie E. oleracea Mart.
4.1.4 Classes de diâmetro
A distribuição da freqüência dos diâmetros de todos os indivíduos amostrados,
em classes de 10 centímetros de intervalo, na área da “baixa” da comunidade
quilombola de São Maurício, município de Alcântara, MA encontra-se na Figura 14.
Verificou-se que a maioria dos indivíduos encontra-se na classe I, cujos
diâmetros estão no intervalo de 9 a 18 cm, totalizando 409 indivíduos (81,8%). Essa é
também a faixa de diâmetro na qual se enquadra Euterpe oleracea (açaí), espécie que
apresentou a maior densidade de indivíduos na comunidade vegetal.
Observou-se que houve uma interrupção nas classes IX, XI, XII, XIII e XIV
(tabela 2), cuja comunidade vegetal apresentou um diâmetro médio de 19,76 cm (desvio
padrão de 15,68), diâmetro máximo de 153,11 cm e mínimo de 9,55 cm.
28
A avaliação da distribuição dos diâmetros fornece a estrutura de tamanho e
distribuição etária das populações de grande importância para predições sobre a
produção florestal. A curva de distribuição dos diâmetros da área de estudo apresenta
como aspecto geral a forma de “J” invertido (figura 14). Barros (1980 apud Muniz
(1993) afirma que as distribuições de diâmetro decrescentes são encontradas
principalmente em florestas naturais que apresentam árvores de todas as idades. No
entanto, pode-se verificar que há uma falha nas classes IX, XI, XII, XIII e XIV (tabela
2), caracterizando uma ação antrópica já bastante acentuada.
Tabela 2: Distribuição dos indivíduos em classes de diâmetro na área de São Maurício,
com intervalos de classes de 10 cm, aberto na esquerda e fechado na direita (n = 500).
N° de classe
Intervalo da classe
N° indivíduos
%
I
09 ┤19
409
81,8
II
19 ┤29
25
5
III
29 ┤39
10
2
IV
39 ┤49
22
4,4
V
49 ┤59
12
2,4
VI
59 ┤69
8
1,6
VII
69 ┤79
8
1,6
VIII
79 ┤89
4
0,8
IX
89 ┤99
-
-
X
99 ┤109
1
0,2
XI
109 ┤119
-
-
XII
119 ┤129
-
-
XIII
129 ┤139
-
-
XIV
139 ┤149
-
-
XV
149 ┤159
1
0,2
A área de estudo localiza-se próxima às residências da Comunidade de São
Maurício e o açaizal dominante na área de várzea constitui-se no espaço de maior
exploração econômica, pela sazonal coleta de açaí. Eventualmente, agricultores menos
conscientes da preservação ambiental, coletam árvores para atender o auto-consumo da
família (lenha, madeira para construção e cercas, dentre outros usos). Tal constatação
29
reforça a necessidade de se implementar ações de educação ambiental com vistas à
sustentabilidade da exploração do açaí nativo.
90
80
70
60
% 50
40
30
20
10
0
I
II
III
IV
V
VI
VII
VIII
IX
X
XI
XII
XIII
XIV
classes
Figura 14 Distribuição da freqüência dos indivíduos amostrados nas classes de
diâmetros.
4.1.5 Composição das touceiras de açaí na área da “baixa” da comunidade de São
Maurício.
De acordo com as informações levantadas pela fitocenose da área da baixa,
pôde-se inferir sobre a composição das touceiras de açaí que o número de touceiras por
hectare varia de 275 a 675 (quadro 1).
XV
30
Quadro 1. Composição das touceiras de açaí e estimativa da densidade de estipes
adultos por hectare, da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA.
Parcela
N° de
touceiras
(400m2)
N° de
touceiras
/ha
N° de
plantas
adultas
N° de
plantas
jovens
N° total de
indivíduos
N° de plantas
adultas/touceira
N° plantas
adultas/ha
P1R1
22
550
123
98
221
5,52
3036
P1R2
20
500
50
42
92
4,18
2090
P1R3
P1R4
P2R1
P2R2
P2R3
P2R4
P3R1
P3R2
P3R3
P3R4
P4R1
P4R2
P4R3
P4R4
Média da
populaçã
o
22
25
24
24
24
27
11
13
18
24
19
14
26
26
21,18
550
625
600
600
600
675
275
325
450
600
475
350
650
650
529,68
77
77
95
123
129
120
46
56
87
82
38
59
86
108
-
74
75
63
92
88
88
54
44
51
83
63
53
82
71
-
151
152
158
215
217
208
100
100
138
165
101
112
168
179
-
5,8
4,34
4,64
5,81
6,38
6,5
4,34
4,16
5,75
4,85
3,74
3,11
4,8
4,83
4,92
3190
2712,5
2784
3486
3828
4387,5
1193,5
1352
2587,5
2910
1776,5
1088,5
3120
3139,5
2667,5
No que se refere ao número de plantas adultas por touceira a variação foi 3,11 a
6,5 plantas/touceira e que em sua grande maioria o número maior de touceiras encontrase distribuído no intervalo de 1 a 9 indivíduos, como mostra a figura 15. Estes dados
favorecerão a escolha do melhor método de manejo para a parcela, facilitando
atividades como desbaste seletivo, conservação de espécies, reposição de plantas, dentre
outras, e contribuindo em uma melhor compreensão da área de estudo.
31
40
35
N de touceiras
30
25
20
15
10
5
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
N de indíduos
Figura 15. Composição das touceiras na área da baixa (indivíduos /touceira)
Segundo a distribuição diamétrica mostrada na figura 14, tem-se uma
configuração da distribuição das touceiras amostradas na área da várzea, a qual pôde-se
verificar uma distribuição quase que equitativa em relação ao número de plantas adultas
e jovens nas touceiras, (Figura 16). Essa distribuição segue a normalidade para a
configuração da distribuição diamétrica das plantas de açaí amostradas na área, a qual
mostra uma distribuição da espécie em diversas idades. Tal disposição contribuirá para
uma melhor avaliação do manejo das touceiras em relação ao número de estipes
manejadas e que servirão de comparativo entre outros modelos já sugeridos, Embrapa
(2004).
De acordo com a Embrapa (2004), o espaçamento entre as plantas tem
influência sobre a taxa de sobrevivência, crescimento, práticas culturais ou manejo,
início da produção e produtividade, com reflexos sobre o custo do processo de
produção, recomendando-se o espaçamento de 5 x 5 metros, o que resulta em uma
população de 400 touceiras por hectare ou 2000 estipes por hectare.
A maior densidade de indivíduos foi verificada em uma touceira, com
população de 26 estipes, sendo 20 adultos e seis jovens.
32
300
275
250
225
N° de indivíduos
200
144
175
112
150
108
91
125
100
25
0
Jovem
Adulto
96
56
53 56
75
50
113
41
17
1
43
24 35
70
81 90
112
127
139
86
57 54
41
36
42
18
24
18
44
9
17 19
41
9 6
11
8 7 27
23
23
20
14
11 0 0
8 10
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26
Touceiras
Figura 16 Composição das touceiras de açaí, segundo a relação do número de touceiras,
plantas adultas e jovens.
4.2 Produção dos Açaizeiros
4.2.1 Produção de cachos
Os dados colhidos neste trabalho mostram uma pequena variação no número de
cachos colhidos, em relação às classes estipes adultos produtivos (Figura 17).
A produtividade dos frutos é bastante variável, dependente de vários fatores,
tais como: concentração de planta na touceira, densidade de floresta e tipo de solo. Em
condições ideais, a produção de frutos é estimada em 24 T/hectare/ano, considerando
200 touceiras por hectare e cinco indivíduos por touceiras (Calzavara,1976).
Segundo Mota (2002), cada estipe produz anualmente de 5 a 8 cachos, em
função da fertilidade e da umidade do solo, mas também da intensidade luminosa. Esses
dados estão de acordo também com Machado (2008).
33
7
a
ab
6
ab
ab
ab
b
N úm ero de cachos
5
4
3
2
1
>
10
]
]
10
6[
T
T
5[
9-
7-
8]
6]
4[
T
3[
5-
-4
T
2
T
T
1[
[3
<
2]
]
0
C la s s e s d e e s tip e s
Figura 17 Número de cachos colhidos em função da densidade de touceiras.
Verificou-se uma maior produção para o tratamento T1, com 24 cachos
colhidos, perfazendo uma média de seis cachos por planta quando comparado ao
tratamento T6, que apresentou 18 cachos colhidos e uma média de 4,5 cachos por
planta; os demais tratamentos apresentaram médias decrescentes de produção seguindo
a variação crescente do número de estipes por touceiras referente ao tratamento T1. De
uma forma geral, verificou-se uma redução do número de cachos colhidos por planta,
com o aumento da densidade da touceira.
Os resultados para número de cachos produzidos mostram que mesmo nas
condições naturais que se encontra a área da “baixa” da comunidade quilombola de São
Maurício, sem o emprego de técnicas de manejo, visando o controle de densidade
populacional das touceiras e luminosidade, apresentou uma tendência natural em
relação aos modelos indicados para o manejo desta espécie.
A variação segundo análises estatísticas apresentou diferenças significativas
entre os tratamentos T[1] e o tratamento T[6]. As diferenças podem ser explicadas por
uma provável competição entre os estipes ou particularmente por luminosidade, haja
vista que estes fatores contribuem de forma significativa nas respostas da espécie.
Verificou-se que o tratamento T[6] com densidade superior a 10 (dez) estipes/touceira
34
produziu 1,5 cachos a menos em comparação ao tratamento T[1] e um cacho a menos
em relação ao tratamento T[3], com densidade entre 5-6 estipes/touceira, (próximo do
ideal) indicando a necessidade de manejo na área.
Segundo Dias-Filho (1997), a baixa disponibilidade de luz afeta o crescimento
e a sobrevivência das plantas em função da quantidade de energia luminosa interceptada
pelas folhas. O crescimento satisfatório de algumas espécies em ambientes com
diferentes disponibilidades luminosas pode ser atribuído à capacidade de ajustar
rapidamente seu comportamento fisiológico para maximizar a aquisição de recursos
nesses ambientes
Em ambiente de várzea o açaizeiro se desenvolve no sub-bosque com pouca
luminosidade, contudo, as plantas têm respostas fisiológicas (fotossíntese) e
morfológicas (crescimento) diferentes, dependendo do nível de luz a que são submetidas
(Gama et al., 2003).
Segundo Scalon & Alvarenga (1993), as plantas nativas geralmente possuem
respostas diferentes à luminosidade, principalmente quanto ao desenvolvimento
vegetativo da parte aérea e a sobrevivência das plântulas. Por isso, a eficiência do
crescimento da planta pode ser relacionada com a habilidade de adaptação às condições
luminosas do ambiente.
Bovi et al. (1990), estudando as correlações fenotípicas entre caracteres
avaliados nos estádios juvenil e adulto de açaizeiro em Ubatuba – SP, observaram que o
crescimento do açaizeiro foi influenciado pelo número de perfilhos até o 4° ano após o
plantio e que o desbaste das plantas inferiores com base em mensuração da
circunferência acelerou o processo de florescimento e frutificação. No presente trabalho
além da competição entre os estipes adultos, verificou-se elevada presença de plantas
jovens (altura inferior a 1,0 m), especialmente nas touceiras com 9 a 12 estipes (figura
16).
4.2.2 Peso de frutos
A variação do peso dos frutos pode ser observada nos dados contidos na tabela
3, que relaciona o peso médio dos frutos e número de cachos colhidos.
35
TABELA 3. Peso médio dos frutos por touceira e por cacho nas diferentes classes de
estipes.
Tratamentos
N° de cachos
Peso médio dos
Peso médio de
colhidos
frutos/touceira (kg)
frutos/cacho (Kg)
T1[≤2]
24
6,535ab
1,089ab
T2[3-4]
21
5,450b
1,038b
T3 [5-6]
22
6,800ab
1,236ab
T4 [7-8]
20
5,780ab
1,310ab
T5 [9-10]
19
7,347a
1,546a
T6[>10]
18
5,025b
1,116b
Resultados com letras iguais na coluna não apresentam diferença significativa (p<0,1) pelo teste de Ducan.
Pode-se verificar uma variação no peso médio dos frutos, principalmente no
tratamento T5, com 7,347 Kg de fruto/tratamento, o qual apresentou uma maior média
em relação aos tratamentos, T2 e T6 com respectivamente 5,450 Kg, 5,025 Kg. Em
relação aos valores de peso médio de fruto por cacho, 1,546 Kg, 1,038 Kg e 1,116 Kg,
respectivamente, estes valores ficaram bem abaixo dos valores encontrados por Rogez
(2000), os quais apresentaram pesos entre 2 a 2,5 Kg por cacho. Tais variações podem
ser melhor visualizadas na figura 18.
36
10
a
8
ab
P eso de frutos/K g
ab
ab
b
6
b
4
]
]
>
6[
T
5[
9-
10
10
8]
7T
T
4[
53[
3T
2[
T
T
1[
<
4]
2]
0
6]
2
C la s s e s d e e s tip e
Figura 18 Peso médio dos frutos em função da densidade de touceiras.
A variação entre a diferença das médias de peso dos frutos nos tratamentos
pode ser explicada pela variação no tamanho dos frutos, devido a produção de cachos
menores com frutos menores e mais densos, tal variação poderá implicar em um
rendimento maior do fruto quando processado, haja vista que, essa variação, quando
comparada com os outros tratamentos apresentou diferença significativa.
4.2.3 Peso de polpa
A qualidade da polpa do fruto estará diretamente ligada a qualidade do fruto e
seu estádio de maturação. Além do estádio de maturação, outros fatores podem
contribuir para a determinação de uma maior ou menor produção de polpa do fruto,
dentre elas podemos citar o estresse hídrico, luminosidade, competição por nutrientes,
oxigenação do solo, tamanho do fruto, relação caroço/polpa. Essa variação na produção
de polpa pode ser observada na tabela 4 que mostra a variação do peso médio da polpa
de açaí nos diversos tratamentos.
37
TABELA 4. Variação do peso médio de polpa de açaí nos tratamentos utilizados na
baixa da comunidade de São Maurício-Alcântara/MA.
Tratamentos
N° de cachos
Peso médio da
Peso médio da
colhidos
polpa/touceira (Kg)
polpa/cacho (Kg)
T1[≤2]
24
4,051a
0,675a
T2[3-4]
21
2,719ab
0,518ab
T3 [5-6]
22
3,257ab
0,592ab
T4 [7-8]
20
2,845ab
0,569ab
T5 [9-10]
19
3,620ab
0,762ab
T6[>10]
18
2,535b
0,563b
Resultados com letras iguais na coluna não apresentam diferença significativa (p<0,1) pelo teste de Ducan.
Podemos observar que se obteve no tratamento T[1] com 4,051 Kg as maiores
médias de peso de polpa em relação ao tratamento T[6] com 2,535 Kg. Tais variações
podem ser explicadas devido as variações no tamanho dos cachos, na quantidade de
frutos por cacho, na variação do tamanho do fruto e idade das plantas. A relação das
variações pode ser observada na figura 19.
6
a
ab
4
ab
ab
ab
3
b
2
1
]
6[
>
10
T
95[
T
10
]
8]
7-
6]
4[
5T
3[
32[
1[
<
T
T
2]
4]
0
T
P eso de polpa/cacho (K g)
5
c la s s e s
Figura 19 Peso de polpa em função da densidade de touceiras
38
Como se pode observar, a diferença entre os valores médios do peso de polpa
de açaí evidenciados nos tratamentos apresentou uma diferença significativa quando
submetido a avaliação estatística. A significância dos valores pode ser decorrente das
variações dos fatores naturais que influenciam nas condições de desenvolvimento da
Euterpe oleraceae Mart., haja vista que o experimento mostra o desempenho das
parcelas em condições naturais da “baixa”.
Nogueira et al. (1998) afirmam que o açaí de verão (açaí de safra) apresenta
melhor qualidade em relação a polpa, coloração e maturação uniforme que o do inverno
(açaí de entressafra), o que contribui para a valorização do produto, concentrada durante
o segundo semestre do ano, prolongando-se durante os meses de dezembro/janeiro.
A palmeira frutifica a partir do 4° ano, ocorrendo a produção máxima entre 5 e
6 anos de idade, por terem atingido a estabilidade produtiva e, conseqüentemente, um
percentual de frutificação mais elevada, diminuindo com a elevação da idade.
4.2.4 Rendimento de polpa
Os tratamentos adotados apresentaram rendimento médio de polpa superior a
30%, dentro de um intervalo que varia desde um rendimento médio mínimo de 32,51%
(T1) até um rendimento médio máximo de 36,34% (T5).
Essa variação, assim como para os outros parâmetros, quando submetidos a
análise estatística, apresentou significância, como pode-se observar na figura 20.
39
40
a
ab
abc
ab
bc
c
R endim ento %
30
20
10
]
>
-1
6[
T
[9
T
5
10
0]
]
-8
]
[7
-6
4
T
3
[5
3T
2[
T
T
1[
<
4]
2]
0
C la s s e s
Figura 20 Rendimento de polpa de açaí em função da densidade de touceiras.
Houve diferença significativa para rendimento da polpa do açaí entre os
tratamentos T[5] com rendimento de 36,34% em relação aos tratamentos T[3] com
33,27% e o tratamento T[1] com 32,51% de rendimento. Novamente observou-se os
melhores resultados para o tratamento T[5] em relação ao tratamento T[3] (densidade
próxima do ideal). Essa diferença expressada pelo tratamento T[5] pode ser explicada
devido ao desenpenho apresentado pelo tratamento, quando comparado aos outros em
relação aos parâmetros anteriores como número de cachos colhidos, peso de fruto e peso
de polpa, o qual sempre apresentou valores dentro ou acima da média.
4.2.5 Sólidos solúveis totais
O teor dos sólidos solúveis totais (ºBrix) nos frutos é muito importante, pois
quanto maior a quantidade de sólidos solúveis existentes, menor será a quantidade de
açúcar a ser adicionada aos frutos, quando processados pela indústria, diminuindo
assim, o custo de produção e aumentando a qualidade do produto (Costa et al., 2004).
A amplitude do teor de açúcares totais dos frutos de açaí das amostras
coletadas variou de 1,81 a 2,79 graus Brix.
40
Sousa et al. (2006), analisando os sólidos solúveis de suco de açaí in natura,
encontraram valores que variaram entre intervalos de 1,8 a 3,2 graus Brix.
Mendonça (1999) constatou que o congelamento a -18°C até 180 dias de
armazenamento não afeta os sólidos solúveis totais (°Brix) em polpa de pinhas, tanto
para as amostras controle quanto para as amostras com aditivos permitidos pela
legislação.
Os valores de sólidos solúveis totais submetidos a análise estatística não
apresentaram diferenças significativas como pode-se verificar na figura 21.
4
a
a
G rau B rix
3
a
a
a
a
2
1
]
>
6[
T
5
T
10
0]
]
[9
-1
-8
]
[7
-6
4
T
3
[5
3T
2[
T
T
1[
<
4]
2]
0
C la s s e s
Figura 21 Sólidos solúveis totais em função da densidade de touceiras.
Acredita-se que a região ecológica, o ecótipo de açaí e a baixa luminosidade
prevalecentes nos açaizais nativos (sem manejo das touceiras), respondem pelo baixo
valor dos teores de açúcares dos frutos.
Em ambiente de várzea o açaizeiro se desenvolve no sub-bosque com pouca
luminosidade, contudo, as plantas têm respostas fisiológicas (fotossíntese) e
morfológicas (crescimento) diferentes dependendo do nível de luz a que são submetidas
(Gama et al., 2003). Assim, verificou-se que nas densidades menores de touceiras
41
(menor que 2 estipes e entre 3 – 4 estipes), com aparente maior luminosidade e menor
competição por nutrientes, os valores de sólidos solúveis totais foram mais elevados,
sugerindo que a prática de desbaste contribui para a melhoria da qualidade dos frutos.
4.2.6 Acidez total titulável
Os ácidos orgânicos presentes em alimentos influenciam o sabor, odor, cor,
estabilidade e manutenção da qualidade. A proporção dos ácidos orgânicos presentes em
frutas e hortaliças varia com o grau de maturação e condições de crescimento (CECCHI,
1999).
A percepção de sabor depende de uma combinação de compostos capturados
pelo paladar. O teor de acidez, juntamente com a composição de açúcares, respondem
em grande parte pelo sabor final dos frutos e a relação entre as duas variáveis é
indicativa do estádio de maturação.
O nível de acidez dos frutos de açaí é normalmente baixo, se comparado com
outras frutas. Neste trabalho o valor médio máximo ficou na faixa de 0,27 % e mínimo
de 0,13%.
No Pará, Sousa et al. (2006), analisando a acidez titulável de suco de açaí in
natura, encontraram valores médios de 1,8%.
Novamente os valores quando submetidos a análise estatística, não
apresentaram significância conforme observa-se na figura 22.
0 ,4
a
a
0 ,3
a
0 ,2
a
a
0 ,1
5
T
C la s s e s
]
10
>
6[
T
[9
[7
-1
-8
0]
]
]
-6
4
T
3
[5
3T
2[
T
1[
<
4]
2]
0 ,0
T
Acidez %
a
42
Figura 22: Acidez total titulável de polpa de açaí em função da densidade de touceiras.
Outros trabalhos foram realizados na caracterização da porção comestível do
açaí maduro (fruto), com valores médios de acidez total titulável de 0,20% citados por
Freire et al. (2000).
4.2.7 Referências de qualidade do açaí da comunidade de São Maurício
Três variáveis em comparação com trabalho de Sousa et al. (2006), e com os
padrões máximo e mínimo de qualidade de polpa de açaí, estabelecidos pelo Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA (DOU, 2000), podem ser
observadas nesta pesquisa (Quadro 2).
Quadro 2. Parâmetro entre trabalhos e norma técnica do Ministério da Agricultura,
pecuária e abastecimento – MAPA com suas respectivas variações.
Borralho
Sousa et
JUNIOR
al.
(2010)*
(2006)
2,13
3,2
Acidez total titulável (%)
0,20
pH
5,05
Variável
Sóllidos solúveis totais
(°Brix)
Normas
do
MAPA
para polpa fina (DOU,
2000)
mínimo
máximo
-
-
1,8
-
0,27
2,4
4,0
6,20
*Dados do presente trabalho
De acordo com o MAPA, em publicação no Diário Oficial da União (DOU,
2000), segundo a instrução normativa nº 01, de 07 de janeiro de 2000, que dá
regulamento técnico para fixação dos padrões de identidade e qualidade para polpa de
fruta de açaí, existem três classificações de polpa, a primeira é a polpa de açaí grosso ou
especial (tipo A), polpa de açaí médio ou regular (tipo B) e polpa de açaí fina ou
popular (tipo C). Para este trabalho adotou-se a polpa tipo C como referência, pois é a
mais comumente encontrada no mercado regional.
Verifica-se pelos resultados que a polpa de açaí de São Maurício, Alcântara,
MA, atende os padrões estabelecidos pelo MAPA, no que se refere a acidez total e pH
(quadro 2). Para a variável sólidos solúveis totais, que inclui a quantidade de açúcares
presentes na polpa, o MAPA não estabelece valores, mas tão somente para sólidos
43
totais, cuja a faixa de variação é 8 a 11%. No entanto, comparando com Sousa et al.
(2006) os valores de sólidos solúveis totais foram inferiores.
4.3 Aspectos gerais e regionais da economia do açaí
4.3.1 Aspectos Gerais
O Estado do Pará é o maior produtor e consumidor de açaí do Brasil, entretanto
na entressafra é abastecido parcialmente com frutos oriundos dos Estados do Amapá e
Maranhão (figura 23). A produção “dita” do Estado do Amapá é, na sua quase
totalidade, oriunda de municípios paraenses situados ao noroeste da Ilha de Marajó,
principalmente Chaves e Afuá, cuja produção se concentra no período de dezembro a
abril, com pico de produção, geralmente, nos meses de fevereiro e março. Parte da
produção é enviada para a microrregião de Belém, cuja safra se situa entre junho e
dezembro, com pico de produção nos meses de outubro e novembro. É, em parte,
porque alguns açaizais de várzea localizados em Mazagão e Anauerapucu produzem
açaí “fora da época”. (Homma et al., 2006).
100000
Toneladas
10000
1000
TONELADAS
100
86,81
%
9,44
10
1,35
1,13
1
PA
MA
AC
AM
AP
BA
RO
TO
Figura 23 Estados brasileiros produtores de açaí (IBGE, 2008).
PE
44
No Estado do Amazonas, a extração de açaí é da variedade Euterpe precatoria
e concentra-se nos Municípios de Codajás, Tefé e Coari. A safra vai de março a julho,
mas sem condições de exportar para o Estado do Pará, em decorrência da distância.
Antes da expansão da demanda de frutos do açaizeiro, a extração tinha por
objetivo o consumo doméstico, com pouca venda de excedente, associado à produção de
alimentos: arroz, mandioca, captura de peixes e camarões, e o cultivo da cana-de-açúcar
para aguardente. A partir da década de 1970 estas áreas sofreram fortes derrubadas dos
açaizeiros para extração do palmito, o que levou o presidente Ernesto Geisel a assinar a
Lei nº 6.576/1978, proibindo a sua derrubada, que não obteve êxito. A valorização do
fruto teve efeito positivo sobre a conservação de açaizais. Os açaizeiros, nas áreas
próximas aos grandes mercados consumidores de açaí da Amazônia, deixaram de ser
derrubados para a extração de palmito e passaram a ser mantidos na área para produção
de frutos (Nogueira & Homma, 1998).
O crescimento do mercado de polpa do fruto do açaí tem induzido a
implantação de plantas industriais, visando atender aos mercados interno e externo. Este
movimento pode trazer no futuro diversos desdobramentos, como a substituição em
médio e longo prazo de batedeiras de açaí, onde a compra de produtos beneficiados nos
supermercados, como já se adquire tucupi, farinha de mandioca, massa de maniçoba
pré-cozida, entre outros, pode beneficiar os consumidores.
A nova dinâmica, portanto, tem forçado uma mudança de atitude por parte dos
extrativistas que, segundo Lopes (2001), passaram a buscar novas alternativas de
exploração de açaí, com o objetivo de atender às expectativas atuais e futuras do
mercado.
No Estado do Maranhão, a safra ocorre no período de Novembro – Abril e é
extraída nos Municípios de Carutapera, Luís Domingues e Godofredo Viana. Uma parte
desta produção é deslocada para o Estado do Pará, coincidindo exatamente na época da
escassez do fruto. Dentre os municípios com produções de destaque no cenário estadual
podemos citar ainda Cândido Mendes, Centro do Guilherme, Boa vista do Gurupi entre
outros, ilustrados na figura 24, com sua respectiva significância em termos de
percentagem de produção referente a produção estadual (Figura 25).
Produção (%)
estadual (IBGE, 2008).
Figura 24 Relação dos municípios de maior produção de açaí (IBGE, 2008).
25
20
15
10
5
0
Figura 25 Representação da produção de açaí nos municípios em relação a produção
Morros
São Luís
Pinheiro
Alcântara
Axixá
Serrano do Maranhão
Pedro do Rosário
100
Nova Olinda do Maranhão
191
Maracaçumé
305 285 280 250
Junco do Maranhão
Centro Novo do Maranhão
Governador Nunes Freire
Viana
508 408
Maranhãozinho
Boa vista do gurupi
773 746
Godofredo Viana
1000
Centro do Guilherme
2399
12771131
Cândido Mendes
Amapá do Maranhão
Carutapera
Luís Domingues
Produção (t)
45
10000
131 116 115
101 97
78 63
60
15
10
1
46
4.3.2 Aspectos regionais
Oliveira (2003), ao analisar a ocupação dos feirantes da “festa da juçara”
realizada na comunidade de Maracanã, São Luís – MA, detectou que a grande maioria
dos feirantes não são agricultores ou extrativistas da juçara, sendo que muitos deles
praticam atividades diversas como: profissional autônomo, funcionário público,
domésticas, dentre outras.
Segundo Machado (2008), a referida situação não acontece na comunidade de
São Maurício como mostra a figura 26, na medida em que todos os entrevistados
exercem, além do extrativismo do açaí, outras atividades voltadas somente para a
agricultura, sendo que 15% cultivam feijão, 20% melancia e macaxeira, 30% criação de
pequenos animais, 45% arroz, 85% milho e 95% cultivam mandioca.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Melancia
Mandioca
Macaxeira
Milho
Arroz
Feijão
Pequenos
animais
Figura 26 Frequência de atividades praticadas pelos agricultores da comunidade de São
Maurício, Alcântara, MA.
O mercado de frutos de açaí é suprido, em grande parte, pela produção
extrativista. No entanto, a produção de cultivo e a de manejo de açaizais nativos,
começou a ganhar significado nas últimas décadas, em face do impacto negativo
produzido pelo processo extensivo de extração de palmito sobre a produção de frutos do
açaizeiro, situação ainda não verificada na comunidade de São Maurício. Tal fato
caracteriza a existência de uma oferta inelástica de preço para o produto em estudo.
47
Como uma parcela da produção é destinada à subsistência dos produtores, elevações nos
preços do açaí provocam aumentos em menor proporção na produção destinada ao
mercado. Outro fator que pode influenciar neste resultado é o fato de o açaí ser um
produto de base fortemente extrativista e sazonal.
A polpa congelada, chamada simplesmente açaí, ganha cada vez mais destaque
na agroindústria.
A exploração racional da cultura do açaí tem se expandido principalmente nos
estados onde o cultivo é praticado, seguindo-se recomendações técnicas de
espaçamento, adubação e plantas melhoradas geneticamente sendo, portanto mais
produtivas e precoces, o que tem proporcionado uma produtividade média das áreas
plantadas da ordem 15t/ha/ano (IBGE, 2008).
A produção de suco que antes era destinado ao mercado local, conquista as
Regiões Sul e Sudeste, sendo Rio de Janeiro e São Paulo seus maiores importadores,
que têm como principais consumidores, jovens que fazem parte da chamada “Geração
Saúde”, pois encontram no açaí um produto com grande valor energético.
O Maranhão, assim como, a comunidade de São Maurício/Alcântara ainda
figuram no cenário nacional com pouca expressão no que diz respeito a
comercialização, haja vista que a quase totalidade da produção ainda é destinada ao
consumo local.
Segundo machado (2008), em pesquisa realizada na comunidade de São
Maurício e conforme mostra a figura 27, o consumo médio de açaí por família no
período de safra varia de 5 a 20 litros de suco diários, sendo que 30% dos entrevistados
declararam que consomem até cinco litros de açaí por dia, 45% declararam que
consomem até 10 litros por dia, enquanto que 25% consomem até 20 litros por dia. É
colhida diariamente no período de safra uma média de 2,75 cachos por dia na
comunidade, para consumo da família.
Como o açaí neste período é o principal item da alimentação na comunidade, e
que 100% das pessoas do povoado São Maurício trabalham com o açaí, entende-se que
o consumo de açaí está diretamente ligado à quantidade de pessoas existentes por
família. Assim, famílias que possuem um número maior que cinco componentes
consomem mais em relação a famílias que possuem somente uma média de três
componentes.
48
50%
45%
40%
35%
Famílias
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
Até 5 litros
Até 10 litros
Até 20 litros
consumo diário (L)
Figura 27 Consumo médio familiar diário de açaí na comunidade no período de safra.
De acordo com a pesquisa realizada, 50% da produção extraída da área de
várzea de açaí, fica na própria comunidade, 30% são destinadas a comunidades vizinhas
e somente 20% são vendidas em feiras livres (Figura 28). Estes dados confirmam o fato
de que o açaí é a principal fonte de alimentação da população, ou seja, o que fica dentro
da comunidade é para o próprio consumo e somente 1/5 da produção destina-se à
comercialização propriamente dita, que é realizada principalmente na feira do Porto do
Cujupe/Alcântara.
49
60%
50%
Produção
40%
30%
20%
10%
0%
Própria comunidade
Comunidades vizinhas
Feiras-livres
Destino da produção
Figura 28 Destino da produção de açaí da comunidade de São Maurício/Alcântara.
4.3.3 Preço do açaí praticado no cenário maranhense
A comunidade de São Maurício vive às margens da MA 206 que dá acesso ao
Porto de Cujupe, que liga a capital São Luís à Baixada Maranhense. Este aspecto facilita
o processo de comercialização visto que há um grande número de viajantes diariamente
passando pela localidade, além da proximidade do porto do Cujupe que é considerado
na região como um local de comercialização.
De acordo com MACHADO (2008), 100 % dos entrevistados comercializam
os frutos de açaí com o preço de R$ 10,00 (dez reais) a lata de 18 litros no período de
safra e R$ 15,00 (quinze reais) fora do período de safra. Os preços praticados no
mercado não diferem dos praticados no restante do estado, como pode ser observado na
figura 29, que trata dos preços médios praticados nos municípios de maior expressão na
produção de açaí no estado.
Morros
São Luís
Pinheiro
Alcântara
Axixá
Serrano do…
Pedro do…
Nova Olinda…
Maracaçumé
Junco do…
Centro Novo…
Governador…
Viana
Maranhãozinho
Boa vista do…
Godofredo…
Centro do…
Cândido…
Amapá do…
Carutapera
R$ 2,00
R$ 1,80
R$ 1,60
R$ 1,40
R$ 1,20
R$ 1,00
R$ 0,80
R$ 0,60
R$ 0,40
R$ 0,20
R$ 0,00
Luís Domingues
Preço por litro (R$)
50
Figura 29 Preço de venda pago ao produtor de açaí no Maranhão (IBGE, 2008)
O povoado não dispõe de freezer ou qualquer outro meio de armazenamento,
para que sejam estocadas as polpas e vendidas fora do período de safra. No entanto, a
várzea de açaí nativo da comunidade produz o ano todo, sendo que com proporções bem
inferiores ao que se produz na safra principal. O período de safra na área de várzea da
comunidade de São Maurício inicia entre os meses de outubro e novembro se
estendendo até o mês de março com início do declínio da produção no mês de abril.
4.3.4 Considerações Finais
O levantamento de informações sobre as características de composição vegetal,
comportamento produtivo e as características comercias da produção de açaí (Euterpe
oleraceae Mart.) no Maranhão e na comunidade de São Maurício, vem contribuir de
forma significativa para o entendimento da dinâmica da área da “baixa” nativa de açaí e
servir de base para os ensaios das condições estudadas com a intervenção no manejo das
touceiras e da vegetação acompanhante, nesta primeira etapa.
As informações levantadas nos tratamentos, cujos arranjos foram realizados
com base em modelos divulgados e trabalhados em outros estados pela EMBRAPA,
com a ressalva que os modelos aqui foram adaptados às condições naturais da área, ou
seja, sem nenhuma forma de manejo das touceiras ou da vegetação acompanhante,
observando-se apenas a resposta da espécie em termos de produção e parâmetros físico-
51
químicos dos frutos, conforme a distribuição das estipes em classes de indivíduos
adultos.
Pôde-se verificar a variação de alguns parâmetros como a produção de cachos,
apresentando uma resposta quase que linear em relação à variação, para mais, no
número de touceiras, sendo que no tratamento contendo até duas estipes T1[≤2] obtevese um total de 24 cachos em 4 colheitas, uma média de 6 cachos por colheita, nos
demais tratamentos verificou-se uma produção decrescente, com exceção do tratamento
T3[5-6] com o número de 5 a 6 estipes na touceira que apresentou um total de 22 cachos
em 4 colheitas, superior também aos demais tratamentos. No entanto, essa variação
apresentou diferença apenas em relação ao tratamento T[6] quando comparadas pelo
teste de Duncan ao nível de 10% de significância.
Outro parâmetro trabalhado foi a verificação do peso do fruto, que também
apresentou variação nas suas médias, com destaque para o tratamento T5[9-10] com
uma média de 7,34 Kg de frutos.
Em se tratando do peso de polpa, obteve-se valor máximo de média para o
tratamento T1[≤2] com 4,05 Kg e valores intermediários nos tratamentos T5[9-10] e
T3[5-6] com valores médios respectivos de 3,62 e 3,25 Kg.
Para os valores de sólidos solúveis totais (°Brix) destacou-se os tratamentos
T2[3-4] com valor máximo de média de 2,78°Brix e o tratamento T1[≤2] com média
2,28°Brix seguido dos demais tratamentos com médias na faixa de 1,81 a 1,99°Brix de
sólidos soveis totais.
Quando verificado os valores de acidez titulável nos tratamentos, obteve-se
valores próximos dos encontrados em outros trabalhos nos tratamentos T1[≤2], T6[≥10]
e T2[3-4], com respectivamente 0,27%; 0,26% e 0,21%, mas não se verificando
diferente entre os tratamentos quando submetidos ao teste de Duncan (p<0,1).
Tendo como base os parâmetros citados anteriormente, verificou-se que a
variação entre os tratamentos foi suficiente para alterar os valores finais do parâmetro
diretamente relacionado ao quantitativo da produção final, que é o rendimento do fruto.
Para este parâmetro verificou-se valores médios superiores para o tratamento T5[9-10]
com valor máximo de 36,34%, apresentado uma amplitude máxima de 3,81% entre os
tratamentos.
Verificou-se, ainda, que houve diferença em relação às caracteristicas
analisadas, como número de cachos produzidos, peso de fruto peso de polpa e
52
rendimento, o que nos leva a crer na relevância e na possibilidade de resultados mais
expressivos quando realizado o manejo das touceiras e da vegetação acompanhante.
Em relação à pratica de comercialização e ao destino dado à produção de açaí
da comunidade São Maurício, observou-se que as particularidades acompanham os
modelos de trabalho em outros municípios do Estado do Maranhão, onde a produção e a
prática do extrativismo do açaí ainda não é encarada de forma que esta atividade venha
a responder por uma fatia maior na renda familiar dos comunitários diretamente ligados
à atividade.
Assim como no Maranhão, na comunidade de São Maurício a grande maioria
da produção ainda tem como destino o consumo familiar, o que corresponde a 50% da
produção, destinando apenas o pequeno excedente às feiras locais. Outro ponto
importante a ser observado é o baixo preço empregado na comercialização desta
produção, chegando a cifra média de R$ 0,47 centavos, preço baixo quando comparado
ao maior valor empregado na capital maranhense, que chega a média de R$ 1,72, preços
ainda bem distantes dos que são empregados em outros centros produtores de açaí como
o Estado do Pará, que já destina boa parte da sua produção para grandes centros como
São Paulo e Rio de Janeiro, além de exportar para outros países.
Haja vista as considerações feitas a respeito do perfil da comunidade
quilombola de São Maurício – Alcântara, MA, no que diz respeito à forma como é
trabalhada a extração de açaí da várzea nativa e a destinação do produto obtido, pôde-se
inferir que o emprego de técnicas que venham melhorar a produtividade dos açaizais
nativos, assim como a qualidade do produto, são de extrema importância para a
mudança do quadro de sub-aproveitamento deste recurso natural.
No entanto, deve-se ressaltar os cuidados no emprego de técnicas de manejo
em áreas de grande pressão antrópica e fragilidade ambiental, evitando-se assim,
problemas como a “derrubada verde”, e a homogeinização das várzeas ocorrida no
estado do Pará, onde áreas foram desmatadas e suprimidas espécies de pouco
expressividade econômica mais no entanto representavam um importante elemento no
equilíbrio ambiental da área, transformado-as em áreas de uma cultura só, ferindo os
preceitos ecológicos da prática
53
5 CONCLUSÕES
A família Arecaceae apresenta a maior densidade e valores de importância (VI)
e valores de cobertura (VC), dentre as famílias identificadas no local, apresentando
como espécie principal o açaí (Euterpe oleraceae Mart), com maior densidade e
frequência.
A espécie E. oleraceae representa 80,92% dos indivíduos agrupados na menor
classe de diâmetro (09 a 19 cm) e 60,20% do total de indivíduos amostrados na área.
A produtividade por planta em número de cachos colhidos é decrescente com o
aumento da densidade da touceira.
A maior produtividade é alcançada na menor densidade (até 2 estipes), que
proporcionou média semelhante à densidade de [5 -6] estipes adotados como padrão de
recomendação para manejo de açaizal nativo.
As três variáveis utilizadas como parâmetro para estabelecimento da qualidade
do suco “in natura” do açaí, sólidos solúveis totais, pH e acidez total titulável,
enquadram-se dentro dos padrões do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento – MAPA.
O açaí é um alimento de grande importância na dieta da comunidade de São
Maurício, visto que a maior parte da produção é destinada ao consumo da comunidade.
54
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60
APÊNDICE A Questionário sócio-econômico aplicado à comunidade de São Maurício,
Alcântara – MA (adaptado de MACHADO 2008)
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO – UEMA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS - CCA
MESTRADO EM AGROECOLOGIA
DIAGNÓSTICO SÓCIO-ECONÔMICO E TECNOLÓGICO DA
CULTURA DO AÇAÍ
OBJETIVO GERAL: Caracterizar o sistema agroextrativista de açaí praticado por
pequenos agricultores em área de várzea da Comunidade São Maurício, Alcântara, MA.
A partir do conhecimento fitossociológico do ecossistema e dos requerimentos
agronômicos de manejo, pretende-se gerar um modelo de manejo agroecológico do açaí
(Euterpe oleraceae Mart.), que implica em práticas ecológicas e/ ou tradicionais de
baixo impacto sócio-ambiental, visando aumentar a produtividade das áreas de floresta e
a geração de renda.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
espécie Euterpe oleracea e diversidade da vegetação acompanhante no ecossistema de
várzea;
jovens por touceira da área de estudo para se definir o nível de manejo do açaizeiro;
e em áreas submetidas a técnicas de manejo da touceira e da vegetação acompanhante;
nível de interferência (sombreamento) da vegetação
acompanhante com a produtividade do açaizeiro.
Área abrangida pela pesquisa: município de Alcântara, MA; Comunidade São Maurício.
Publico a ser pesquisado: 30 % dos produtores/famílias envolvidas no cultivo do Açaí
61
FORMULÁRIO DE PESQUISA
NOME DO ENTREVISTADO:
IDADE:
Sexo: [ ] 1 – Masculino [ ] 2 – Feminino
Grau de Instrução:
[ ] 1 – Fundamental completo [ ] 2 – Fundamental incompleto [ ] 3 – Médio completo
[ ] 4 – Médio incompleto [ ] 5 – Superior completo [ ] 6 – Superior incompelto
SUA PROFISSÃO?
____________________________________________
MORADOR DA LOCALIDADE
[ ] 1 – Sim [ ] 2 – Não
Onde: ________________________________________
Há quanto tempo mora aqui? _______________________________________
Considera-se descendente de alguma etnia em especial? [ ] 1 – Sim [ ] 2 – Não
Quais? [ ] – Negro [ ] – Índio [ ] – Português [ ] – Francês [ ] – Quilombola [ ] – Mestiço
[ ] – Outra ____________________________________
Exerce outra atividade fora do período de safra do açaí?
[ ] 1 – Sim Qual? _______________________________ [ ] 2 – Não
Tipo de funcionários contratados para o serviço de coleta do açaí?
[ ] 1 – Contratada - Valor por lata R$_____________________
[ ] 2 – Familiar [ ] 3 outra: _______________________________
Local de coleta do açaí?
[ ] 1 – Área própria e cultivada [ ] 2 – Área nativa
Quantidade de lata tirada por dia?
Venda ___________________ Consumo ______________________________
Preço da lata no período da Safra?
R$ ____________________________________
Preço da lata fora do período de safra?
R$ ____________________________________
A venda é feita em outros meses fora do período de safra?
[ ] 1 – Sim. Valor médio da lata neste período R$ _____________________ [ ] 2 – Não
Tipo de processamento:
[ ] 1 – Manual [ ] 2 – Mecanizado
62
Tipo de mão-de-obra de processamento
[ ] 1- Própria (familiar) [ ] 2 – Contratada – Valor R$ ____________________________
Outra ________________________________________
Aproveitamento de resíduos:
[ ] 1 – Sim [ ] 2 – Não
Qual? _______________________________________
Estoca a polpa do açaí?
[ ] 1 – Sim [ ] 2 – Não
Quais cuidados de manejo você conhece e faz no açaizal?
[ ] limpeza [ ] desbaste de touceiras [ ] desbaste de outras plantas [ ] plantio
[ ] outras ___________________________
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