A EXPERIÊNCIA DO PACIENTE COM NEOPLASIA: O

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A EXPERIÊNCIA DO PACIENTE COM
NEOPLASIA: O SIGNIFICADO DA
QUIMIOTERAPIA.
Patrícia Isidoro dos Santos
Romário Guedes Machado Silva
Talita Aparecida Monteiro
Graduandos de Enfermagem das
Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila.
Claudia Lysia de Oliveira Araújo
Enfermeira, Professora Titular das Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila ,
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem na Saúde do
Adulto, da Escola de Enfermagem da USP.
RESUMO:
Este trabalho surgiu das reflexões sobre quais são as alterações que mais acometem
o paciente com neoplasia, as dificuldades e como os profissionais de enfermagem
podem estar atuando para contribuir, pois percebemos que é uma área mais visível
e carente da assistência de enfermagem aos pacientes. Este estudo objetivou em
analisar a vivência do paciente durante a fase de tratamento quimioterápico. Pesquisa
de caráter descritivo e exploratório com abordagem quantitativa, realizada em uma
instituição que presta atendimento a pessoas acometidas por neoplasia em tratamento
quimioterápico, no qual foi preservado o anonimato dos participantes e da instituição.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas
Teresa D’ Ávila (Protocolo 117/2011). Para coleta de dados a técnica empregada foi um
questionário estruturado em forma de entrevista, com perguntas fechadas, elaboradas
pelos acadêmicos de enfermagem, nos meses de dezembro 2011 e janeiro de 2012,
participaram do estudo 40 pacientes, devido à rotina de atendimento do hospital.
Resultados: Faixa etária predominante de 51 a 60 anos (30%); sexo (70%) feminino;
profissão do lar (40%); (65%) apresentaram alteração do sono, relacionado à insônia
(65,3%) e naúsea/vômito (50%); a fase que causou maior sofrimento foi receber o
diagnóstico (47,5%); a certeza de cura com o tratamento foi predominante em (50%);
a atenção e carinho, como método a minimizar o sofrimento pela ação da enfermagem
foram de 100% da amostra; alteração no cotidiano que mais trouxe sofrimento para os
pacientes foi ausência no trabalho (45,0%) e queda dos cabelos (27,5%); (75%) da amostra
utilizavam a fé para minimizar o sofrimento ocasionado pela neoplasia e tratamento
quimioterápico. Concluiu-se que a descoberta do diagnóstico e o enfrentamento do
tratamento quimioterápico na presença de um profissional de enfermagem capacitado,
carinhoso, atencioso, otimista, são de real importância, pois ajudam a diminuir os
medos e anseios com relação à fase do tratamento.
PALAVRAS-CHAVE:
Neoplasia, Quimioterapia, Enfermagem.
ABSTRACT
This work grew out of reflections on what are the changes that most affects the
patient with cancer, the difficulties and how the nursing profession may be acting
to contribute, because we realize that is an area more visible and in need of nursing
care to patients. This study aimed to examine the experience of patients during the
chemotherapy. Search descriptive and exploratory quantitative approach, performed
in an institution that provides care to people affected by cancer chemotherapy, in
which was preserved the anonymity of the participants and the institution. The
project was approved by the Ethics in Research of Integrated Schools Teresa of Avila
(Protocol 117/2011).For data collection technique used was a structured questionnaire
as an interview with closed questions, developed by nursing students in the months
of December 2011 and January 2012, 40 patients participated in the study because of
the hospital routine. Results: Range predominant age 51-60 years (30%), gender (70%)
women; profession of home (40%) (65%) had sleep disturbances related to insomnia
(65.3%) and nausea / vomiting (50%), the phase that has caused more suffering to be
diagnosed (47.5%), the certainty of cure following treatment was predominant (50%),
attention and affection as a method to minimize the suffering caused by action of
nursing were 100% of the sample, change in routine that brought more suffering to
the patients was absence from work (45.0%) and hair loss (27.5%) (75%) of the sample
used the faith to minimize the suffering caused by cancer and chemotherapy. It was
concluded that the discovery of the diagnosis and coping with chemotherapy in the
presence of a trained nursing professional, caring, thoughtful, optimistic, are of real
importance, helping to allay fears and anxieties regarding the treatment phase.
KEYWORDS
Neoplasia, Chemotherapy, Nursing.
INTRODUÇÃO
Este trabalho surgiu das reflexões sobre quais são as alterações que mais
acometem o paciente com neoplasia, as dificuldades e como os profissionais de
enfermagem podem estar atuando para contribuirem, pois percebemos que é
uma área mais visível e carente da assistência de enfermagem aos pacientes.
O número de casos de neoplasia tem aumentado consideravelmente em todo
mundo, principalmente a partir do século XX, constituindo-se em um dos mais
importantes problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos, como
naqueles em desenvolvimento, sendo responsável por mais de seis milhões de
óbitos a cada ano no mundo (1).
A neoplasia é uma doença degenerativa resultante do acúmulo de
lesões no material genético das células, de proporções graves, pois ameaça a
vida. Ela pode afetar qualquer parte do organismo, atacando pessoas de todas
as idades, ocorrendo quase com a mesma proporção para ambos os sexos (2).
Segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) no
Brasil, as estimativas para o ano de 2012 serão válidas também para o ano
de 2013 e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos de
câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude do
problema do câncer no país. Sem os casos de câncer da pele não melanoma,
estima-se um total de 385 mil casos novos. Os tipos mais incidentes serão os
cânceres de pele não melanoma, próstata, pulmão, cólon e reto e estômago para
o sexo masculino; e os cânceres de pele não melanoma, mama, colo do útero,
cólon e reto e glândula tireoide para o sexo feminino. É esperado um total de
257.870 casos novos para o sexo masculino e 260.640 para o sexo feminino.
Confirma-se a estimativa de que o câncer da pele do tipo não melanoma (134
mil casos novos) será o mais incidente na população brasileira, seguido pelos
tumores de próstata (60 mil), mama feminina (53 mil), cólon e reto (30 mil),
pulmão (27 mil), estômago (20 mil) e colo do útero (18 mil) (3).
A terapêutica da neoplasia é composta, basicamente, por três modalidades:
cirurgia, radioterapia e tratamento medicamentoso, incluindo, nesse último
tipo, as drogas citostáticas comumente denominadas de quimioterapia
antineoplásica (4).
Atualmente, a quimioterapia é, dentre as modalidades de tratamento,
a que possui maior incidência de cura de muitos tumores incluindo os mais
avançados e a que mais aumenta a sobrevida dos portadores de neoplasia.
Utilizam agentes químicos que interferem no processo de crescimento e
divisão celular podendo ser usados tanto isolados como em combinação com
a finalidade de eliminar células tumorais do organismo. São administrados
pela via oral, intra-muscular, subcutânea, intra-venosa, intra-arterial,
12
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intratecal, intraperitoneal, intravesical, aplicação tópica e intra- retal, sendo
a intravenosa a mais utilizada (5).
Pode-se dividi-la em quimioterapia neo-adjuvante, quando antes da
cirurgia, objetivando avaliar a resposta antineoplásica e reduzir o tumor, e em
quimioterapia adjuvante, feita após tratamento cirúrgico a fim de erradicar
micrometástases (5).
A presença da neoplasia altera, indubitavelmente, todos os aspectos da
vida do indivíduo e pode acarretar profundas alterações no modo de viver
habitual, conforme o comprometimento da capacidade e habilidade para
execução de atividades de rotina. As alterações da integridade físico-emocional
por desconforto, dor, desfiguração, dependência e perda da autoestima
são relatadas por esses doentes que percebem a qualidade de suas vidas
profundamente alterada, num curto período de tempo (6).
Alterações da qualidade do sono, provavelmente acarretam prejuízos
quando se dorme mal, como queixa de irritação, fadiga, mau humor, lentidão
mental, diminuição da concentração e atenção difusa (7-8).
O sono pode ser considerado como um medidor de nossa saúde física e
mental, ele ocupa um terço de uma vida. O individuo não tem nenhuma
interação com o meio ambiente durante o sono, os olhos permanecem fechados
ou entreabertos (9-10).
Os distúrbios do sono provocam consequências adversas na vida das
pessoas por diminuirem seu funcionamento diário, aumentarem a propensão
a distúrbios psiquiátricos, déficits cognitivos, surgimento e agravamento
de problemas de saúde, riscos de acidentes de trafego, absenteísmo no
trabalho e por comprometerem a qualidade de vida. Esses distúrbios do sono
desencadeiam consequências adversas à saúde e ao bem estar dos indivíduos,
afetando o trabalho, a cognição, os relacionamentos e o funcionamento diário,
com diferentes desdobramentos a curto, médio e longo prazo (11).
Como acadêmicos de enfermagem precisamos compreender as diferentes
etapas da vida e seus problemas. Durante cada etapa da vida surgem
problemas inerentes ao desenvolvimento normal, porém situações inesperadas
e críticas podem ocorrer.
Uma destas possibilidades é a neoplasia e hoje uma das terapêuticas
existentes é a quimioterapia. Submeter a quimioterapia pode causar o
comprometimento da vida como um todo.
O ser humano é aquele que busca a si mesmo e consequentemente investie
em sonhos e planos. Estar vivendo uma situação de tratamento, como a
quimioterapia, provoca-lhe situações emocionais.
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Nós, enquanto acadêmicos de enfermagem, desenvolveremos este trabalho
junto ao paciente, com a finalidade de contribuir com uma melhor aceitação
da doença tentando diminuir os anseios e medo causados pela patologia e
pelo tratamento.
OBJETIVOS
Analisar a experiência do paciente durante a fase de tratamento
quimioterápico.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Identificar a presença das dificuldades vivenciadas durante o tratamento
quimioterápico como: alteração do sono, medo e anseios em relação ao
tratamento e a neoplasia;
Conhecer os métodos utilizados para minimizar as dificuldades e
sofrimento do paciente;
Caracterizar o perfil sócio demográfico.
MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo e exploratório com
abordagem quantitativa, realizada em uma instituição que presta atendimento
a pessoas acometidas por neoplasia em tratamento quimioterápico, no qual
foi preservado o anonimato dos participantes e da instituição.
Foram entrevistados 40 pacientes oncológicos, submetidos ao tratamento
quimioterápico, maiores de 20 anos, com a consciência preservada, que não
estavam impossibilitados de se comunicar verbalmente.
A pesquisa foi desenvolvida segundo as recomendações propostas pelo
Conselho Nacional de Saúde, Resolução 196/96. O projeto foi aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa das Faculdades Integradas Teresa D’ Ávila
(Protocolo 117/2011).
A coleta de dados foi realizada pelos autores no período de dezembro de
2011 e janeiro de 2012, conforme agendamento que foi pré-estabelecido pela
instituição.
A técnica empregada foi um questionário estruturado em forma de
entrevista, perguntas fechadas, elaboradas pelos acadêmicos de enfermagem.
Os participantes foram questionados sobre: Que fase da doença lhe causou
maior sofrimento? Qual foi sua reação quando você soube que iria ser
submetido à quimioterapia? Durante o tratamento quimioterápico seu padrão
de sono alterou? Desde que ficou doente o que lhe tem trazido mais sofrimento?
14
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O que a enfermagem pode fazer para minimizar o seu sofrimento? O que você
faz para minimizar as dificuldades e sofrimento?
Os dados coletados foram analisados em porcentagem (%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A faixa etária que prevaleceu no presente estudo foi de 51 a 60 anos com
12 (30%), como maior índice de mulher correspondendo 28 (70%) da amostra
entrevistada, a profissão da amostra que prevaleceu foi Do lar com 16 (40%).
A Tabela 1 representa o perfil sócio-demográfico da amostra entrevistada.
Tabela 1 – Distribuição dos pacientes segundo gênero, profissão e faixa etária. Guaratinguetá, 2012.
(N=40)
Variáveis
N
%
Masculino
12
30%
Feminino
28
70%
Total
40
100%
Gênero
Profissão
Do lar
16
40%
Professor
3
7,5%
Técnico de enfermagem.
1
Outros
20
50%
2,5%
Total
40
100%
20 a 40 anos.
6
15%
41 a 60 anos.
18
45%
61 a 85 anos.
16
40%
Total
40
100%
Faixa Etária
Fonte: instrumento de coleta de dados.
Em relação à tabela 1, que apresenta dados do perfil sócio-demográfico,
resaltamos a existência de um maior índice de neoplasia no sexo feminino com
28 (70%) da amostra entrevistada. Segundo o Instituto Nacional do Câncer no
Brasil, as estimativas para o ano de 2012 serão válidas também para o ano
de 2013 e apontam a ocorrência de aproximadamente 518.510 casos novos
de câncer, incluindo os casos de pele não melanoma, reforçando a magnitude
do problema do câncer no país. É esperado um total de 257.870 casos novos
para o sexo masculino e 260.640 para o sexo feminino (3).
Em uma pesquisa cientifica sobre avaliação da qualidade de vida do
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paciente Oncológico em tratamento quimioterápico adjuvante obtiveram
também a predominância de 68,9% de amostra do gênero feminino (12).
Tabela 2 – Distribuição referente à alteração do sono durante o tratamento quimioterápico.
Guaratinguetá, 2012. (N= 40)
Alteração do sono durante o tratamento
quimioterápico.
N
%
Apresentou alteração do sono.
26
65%
Não apresentou alteração do sono.
14
35%
Total
40
100%
Motivo da alteração do sono referente à (26
pacientes)
N
%
Mal estar geral.
7
26,9%
Diarreia.
4
15,3%
Cefaleia.
2
7,6%
Náusea/ Vômito.
13
50%
Insônia.
17
65,3%
Medo.
5
19,2%
Fonte: instrumento de coleta de dados.
Os dados apresentados na Tabela 2 são referentes a pacientes que
tiveram alterações do sono durante o tratamento quimioterápico, da amostra
entrevistada 26 pacientes o que corresponde a 65%, afirmaram ter alteração
do sono devido aos efeitos colaterais destacando: insônia 17 (65,3%), náusea
13 (50%), vômito 13 (50%), mal estar geral sete (26,9%), medo cinco (19,2%),
diarreia quatro (15,3%), cefaleia dois (7,6%). Resultados obtidos no presente
estudo estão assemelhando com a pesquisa sobre Avaliação da qualidade
de vida de pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico adjuvante,
onde afirmaram que após o inicio do tratamento quimioterápicos pacientes
tiveram sua qualidade de vida modificada, evidenciando como fatores
significativos a fadiga, náuseas, vômitos, dor, insônia e tiveram as suas
médias aumentadas ,demonstrando piora desses sintomas. O estudo afirma
que estes sintomas foram os que mais interferiram na qualidade de vida dos
pacientes em tratamento quimioterápico(12). Na presente pesquisa temos como
dados relevantes a insônia, náusea, vômito que corroboram com autores,
(13-14)
afirmando que os pacientes com neoplasia, submetidos a tratamento
quimioterápico, podem apresentar uma variedade de efeitos colaterais como
dor, náuseas e vômitos, alterações do sono.
A Tabela 3, a seguir apresenta os dados relacionados à fase em que o
paciente refere causar maior sofrimento.
16
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Tabela 3 – Distribuição referente à fase da doença causadora de maior sofrimento para o
paciente em tratamento oncológico. Guaratinguetá, 2012. (N=40)
Que fase da doença lhe causou maior
sofrimento?
N
N%
Quando soube que era portador de uma neoplasia.
19
47,5%
Quando soube que iria ser submetido à
quimioterapia.
16
40%
Paciente que sentiu medo quando era portador de
neoplasia e que teria que se submeter à
quimioterapia.
1
2,5%
Não houve sofrimento.
4
10%
Total
40
100%
Fonte: instrumento de coleta de dados.
Durante a pesquisa-amostra a entrevista foi feita sobre o que trouxe mais
sofrimento com relação ao receber o diagnóstico, a ser portador de neoplasia
e a ter que se submeter ao tratamento quimioterápico. A Tabela 3 apresenta
os dados obtidos, sendo que: 19 (47,5%) afirmaram ser muito difícil saber
que era portador de uma neoplasia; saber que teria de realizar o tratamento
quimioterápico 16 (40%); um (2,5%) da amostra disse que receber o diagnóstico
de que é portador de uma neoplasia e ter que ser submetido à quimioterapia
traz muito sofrimento e quatro (10%) relataram que, saber que é portador
de neoplasia e ter que se submeter ao tratamento quimioterápico não trouxe
sofrimento. Em uma pesquisa sobre fadiga em paciente com câncer de mama
em tratamento adjuvante, os pacientes afirmam ficarem em estado de choque,
sentindo-se dados a doença, com sentimento de indignação ao receberem o
diagnóstico de que são portadores de uma neoplasia e de terem que enfrentar
o tratamento quimioterápico (15).
Os resultados anteriores citados vão de encontro com a pesquisa sobre a
Importância da atuação do psicólogo no tratamento de mulheres com câncer
de mama, que afirmam que o diagnóstico de câncer é vivido como um momento
de angústia e ansiedade, pelo motivo da doença ser rotulada como dolorosa e
mortal, consequentemente, desencadeando preocupações em relação à morte.
Além do momento do diagnóstico, ao longo do tratamento, o paciente vivencia
perdas e diversos sintomas (16).
A Tabela 4 adiante mostra os dados que foram relatados pelos pacientes
sobre a reação de saber que teriam que se submeter ao tratamento
quimioterápico.
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17
Tabela 4 – Distribuição dos pacientes relacionada às reações ao saberem que seriam submetidos
à quimioterapia. Guaratinguetá, 2012. (N=40)
Reações.
N
%
Medo
8
20%
Esperança de cura.
11
27,5%
Insegurança.
8
20%
Tristeza
1
2,5%
Certeza da cura
20
50%
Não apresentou reação.
2
5%
Fonte: instrumento de coleta de dados.
Este estudo permitiu obtermos respostas significativas sobre o tratamento
quimioterápico na Tabela 4. A amostra entrevistada apresenta dados de que
a quimioterapia é um tratamento difícil, mas acreditam que quando realizado
corretamente ocorre à cura. Da amostra entrevistada 20 (50%) afirmaram ter
certeza de cura com o tratamento quimioterápico, 11 (27,5%) esperança de
cura, oito (20%) medo, oito (20%) Insegurança, um (2,5%) tristeza, dois (5%)
não apresentaram reação, sabendo que o tratamento quimioterápico gera
diversos efeitos colaterais. Em uma pesquisa intitulada: “A experiência da
terapêutica quimioterápica oncológica na visão do paciente” afirmou-se que
a quimioterapia está associada a efeitos colaterais físicos, náuseas, vômitos,
anorexia, constipação, diarreia, fadiga e mucosite (17).
Observando que a quimioterapia é um tratamento difícil e doloroso no
estudo realizado no Hospital de Heliópolis identificou-se que dificilmente
existe outra doença crônica que induza tantos sentimentos “negativos” em
qualquer um de seus estágios: o medo do diagnóstico, incerteza do prognóstico,
efeitos da quimioterapia, o sofrer pela dor e o enfrentamento da possibilidade
da morte (18).
O presente estudo nos permitiu observar que mesmo ocorrendo todos
estes efeitos colaterais e de insegurança citados por outros autores sobre
o tratamento quimioterápico o que prevaleceu na amostra entrevistada
deste estudo foi a certeza de cura com 20 (50%) em relação ao tratamento
quimioterápico.
Sabendo que o profissional de enfermagem está diretamente ligado ao
paciente na unidade de tratamento quimioterápico, a Tabela 5 a seguir
apresenta os resultados sobre o que a enfermagem pode fazer para minimizar
o sofrimento do paciente durante o tratamento quimioterápico.
18
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Tabela 5 – Sobre o que a enfermagem pode fazer para minimizar o sofrimento durante o
tratamento quimioterápico. Guaratinguetá, 2012. (N=40)
Cuidados de enfermagem
N
N%
Ser atencioso
40
100%
Ser carinhoso
40
100%
Comunicação verbal
38
95%
Ser otimista
40
100%
Saber ouvir
40
100%
Fonte: instrumento de coleta de dados.
Em uma época em que os avanços científicos e tecnológicos impressionam e
surpreendem o ser humano a tal ponto de se achar que a ciência pode encontrar
soluções para todos os problemas, os pacientes que vivenciam o tratamento
quimioterápico afirmam a importância da equipe de enfermagem durante
esta etapa que eles vivenciam (19).
Os dados apresentados na Tabela 5 evidenciam a importância da equipe
de enfermagem no tratamento quimioterápico, pois a presença mesma reduz
os medos e anseios que são gerados nesta fase, da amostra. Entrevistados
40 (100%) afirmaram que ser atencioso, carinhoso, otimista e saber ouvir,
ajuda muito a reduzir as dificuldades que são vivenciadas pelos pacientes que
realizam o tratamento quimioterápico e 38 (95%) afirmaram que a comunicação
verbal é um fator muito importante, pois durante o tratamento o paciente
fica muito sensível.
Os dados obtidos nesta pesquisa corroboram com pesquisas cientificas
já realizadas que afirmam que para os pacientes sob cuidados paliativos,
o relacionamento humano é a essência do cuidado que sustenta a fé e a
esperança, nos momentos mais difíceis (19). Expressões de compaixão e afeto
na relação com o outro trazem a certeza de que somos parte importante de um
conjunto, o que traz sensação de consolo e realização, além de paz interior (22).
Estudos recentes têm evidenciado que demonstrar otimismo e estimular
os pensamentos positivos do paciente são instrumentos e habilidades de
comunicação bastante úteis ao interagir com pacientes oncológicos (19-21).
A neoplasia é uma doença que gera dor e sofrimento, a Tabela 6 apresentou
dados sobre o que traz mais sofrimento para o paciente oncológico.
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19
Tabela 6 – O que traz mais sofrimento durante o período de tratamento quimioterápico.
Guaratinguetá, 2012. (N=40)
Desde que ficou doente o que tem lhe gerado sofrimento?
N
%
Queda dos cabelos.
11
27,5%
Ter que ficar hospitalizado.
10
25,0%
Não poder realizar suas atividades.
18
45,0%
Não houve sofrimento com relação às alternativas
acima.
5
12,5%
Fonte: instrumento de coleta de dados.
Os dados da Tabela 6 retratam importantes informações, sobre o que
traz mais sofrimento para os pacientes com neoplasia em tratamento
quimioterápico. Observamos que vivenciar um tratamento quimioterápico
gera inúmeros sofrimentos. Na presente pesquisa 18 (45%) da amostra
entrevistada afirmaram que não poder realizar suas atividades é o que traz
maior sofrimento; 11 (27,5%) relataram ser muito difícil enfrentar a queda
dos cabelos durante o tratamento quimioterápico; 10 (25%) afirmaram que é
ter que ficar hospitalizado e cinco (12,5%) dos entrevistados relataram não
enfrentar sofrimento algum com relação a ter que ficar hospitalizado, à queda
dos cabelos e não poder realizar suas atividades.
Durante a pesquisa, identificou-se que 18 (45%) da amostra entrevistada
afirmaram que não poder realizar suas atividades é o que gera mais sofrimento.
Este dado vai de encontro ao estudo qualitativo já realizado em uma instituição
oncológica, onde se identificou que dentre as mudanças vivenciadas pelos
pacientes com neoplasia, a impossibilidade de trabalhar destacou-se como
algo que intimida e marginaliza. O trabalho é uma das maneiras pela qual o
ser humano se expressa, se identifica e se realiza enquanto ser no mundo (22).
A incapacidade física para o desenvolvimento das atividades cotidianas de
trabalho provoca sentimentos que deprimem a qualidade do seu existir (22).
Muitos agentes quimioterápicos causam efeito citotóxico nas células da
raiz dos cabelos e pelos, afetando a rápida proliferação dessas células, inibindo
parcial ou completamente seu metabolismo e atividade mitótica, causando
enfraquecimento e queda dos cabelos (23).
Ao questionar a amostra entrevistada sobre o que traz mais sofrimento
desde que ficaram doentes, vale resaltar que 11 (27,5%) afirmaram ser a queda
dos cabelos. Estes dados corroboram com autores que dizem que apesar de
não se constituir reação adversa clinicamente importante, a queda de cabelos
induzida pela quimioterapia pode ser considerada, por alguns pacientes, como
20
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o mais devastador efeito colateral decorrente do tratamento. A alopecia pode
afetar negativamente a imagem corporal da pessoa, trazendo muito sofrimento
e alterando suas relações interpessoais e a vida social como um todo (23-24).
Os dados da Tabela 7 a seguir expressam os meio que os pacientes buscam
para minimizar as suas dificuldades e sofrimentos que são gerados durante
o tratamento quimioterápico.
Durante a presente pesquisa os pacientes entrevistados apresentaram:
Tabela 7 – Distribuição dos pacientes sobre o que fazem para minimizar as dificuldades e os
sofrimento. Guaratinguetá, 2012. (N=40)
O que você faz para minimizar as suas
dificuldades e sofrimento.
N
%
Fé.
30
75%
Ouvir música.
23
57,5%
Conversar.
10
25%
Nada diminui minhas dificuldades e sofrimento.
2
5%
Não sentiu dificuldades e sofrimento.
2
5%
Fonte: instrumento de coleta de dados.
Como formas de minimizar as dificuldades e sofrimentos gerados pela
doença e pelo tratamento quimioterápico 30 (75%) afirmaram que é a fé;
23 (57,5%) afirmaram que ouvir música ajuda a reduzir as dificuldades e
sofrimento; 10 (25%) afirmaram que conversar com outras pessoas ajuda a
minimiza as dificuldades; cinco (12,5%), dois (5%) afirmaram que nada diminui
as dificuldades e sofrimentos ocasionados pela doença e pelo tratamento
quimioterápico, dois (5%) relataram não sentir dificuldade e sofrimento com
relação à doença e tratamento.
Estudos efetuados no setor de oncologia de um hospital de médio porte
apresentaram resultados que justificam o motivo da fé 30 (75%) como uma
forma de minimizar as dificuldades e sofrimentos, afirmando que quando o
indivíduo se encontra diante de uma situação desesperadora, em que a morte
é tida como acontecimento praticamente inevitável, a crença na existência de
um ser superior é confirmada e a busca pela concretização do poder da fé é
vista como o último e o maior recurso disponível de que o ser humano dispõe
para mudar a situação, uma vez que para Deus nada é impossível (25).
A espiritualidade é uma expressão da identidade e o propósito de vida de
cada um, mediante a própria história, experiências e aspirações. O alívio do
sofrimento acontece na medida em que a fé religiosa permite transformações na
perspectiva pela qual o paciente e a comunidade percebem a doença grave (26).
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21
No presente estudo, conforme a amostra entrevistada 10 (25%) afirmaram
utilizar a música como um método para diminuir os sofrimentos e as
dificuldades. Pesquisas realizadas em pacientes com neoplasia apresentaram
dados que justificam o resultado obtido no presente estudo, em que afirma
que a intervenção por meio da música pode refletir na instituição de saúde
de forma positiva, proporcionado à instauração de um ambiente terapêutico,
em que o cliente se sente valorizado em dimensões que normalmente não são
abordadas no sistema convencional de assistência à saúde. Proporciona um
clima agradável, em que os sentimentos podem ser compartilhados e questões
relativas ao estado psíquico podem ser trabalhadas (27).
A musicoterapia pode proporcionar sensações diversas no organismo
humano e agir não somente de forma curativa, mas também contribuir nos
processos de aprendizagem e interação. Especialmente no caso de crianças, por
representar um ato criativo, a música propicia um estado de serenidade, que
geralmente se manifesta mesmo quando ela se encontra em estado terminal (27).
CONCLUSÃO
O estudo possibilitou discutir algumas informações com relação às
alterações que o paciente vivencia com relação à neoplasia e o tratamento
quimioterápico, o perfil sócio demográfico, conhecer os métodos utilizados
para minimizar as dificuldades e sofrimento.
Assim observou-se que a prevalência de neoplasia em pessoas do gênero
feminino foi de 70% e que foi mais relevante do que em pessoas do gênero
masculino, tendo como resultado 30 % da amostra entrevistada e que a
perspectiva de aumento para o futuro continua sendo no gênero feminino
e que a idade que prevaleceu no estudo foi de 51 a 60 anos em 30% dos
entrevistados. Também observou-se que durante o tratamento quimioterápico
65% da amostra tiveram seu padrão de sono alterado, evidenciando pela
insônia, náusea e vômito, sendo estes os mais frequentes. O estudo salientou
também que receber o diagnóstico de que é portador de uma neoplasia traz
muito sofrimento e tristeza.
O estudo evidenciou que mesmo o paciente sabendo que a neoplasia é
uma doença que gera inúmeras incertezas e que a quimioterapia gera vários
efeitos colaterais, a amostra-entrevista afirmou em 50% a certeza de cura com
o tratamento quimioterápico.
Outro fator observado foi que a descoberta do diagnóstico e o enfrentamento
do tratamento quimioterápico na presença de um profissional de enfermagem
capacitado, carinhoso, atencioso, otimista, é de real importância, pois ajuda a
diminuir os medos e anseios com relação à fase do tratamento.
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Diante da realidade vivenciada pelos pacientes em tratamento
quimioterápico observou-se que não poder realizar as suas atividades é o fator
que mais traz sofrimento, portanto, é necessário ter uma visão mais cuidadosa
com relação ao paciente, observando o mesmo de uma maneira global, como
um indivíduo que deve ser contextualizado dentro da família a que pertence
e inserido em uma rede social.
Os resultados obtidos neste estudo demonstram que o pa­ciente oncológico
deve ser compreendido em sua totalidade, e que os mesmos utilizam a fé como
um fator para minimizar os sofrimentos e dificuldades que são vivenciados
pela doença e pelo tratamento. Cabe destacar que a fé pode apresentar-se
como elemento que contribui na adesão ao tratamento, no enfrentamento da
problemática, na redução do medo e da ansiedade, e na busca de significado
para sua atual situação.
Então o paciente oncológico não deve ser considerado apenas como um
cor­po acometido pela neoplasia, mas como um indivíduo que carrega consigo
uma história constituída pela interação entre fatores biológicos e ambientais.
A equipe de enfermagem que procura manter uma atitude aberta a todos
esses aspectos, posiciona-se de forma a não reduzir o paciente a um corpo em
sofrimento, criando assim a possibilidade de um novo espaço significativo
nessa relação entre paciente e profissional.
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Responsável pela submissão
Romário Guedes Machado Silva
[email protected]
Recebido em 31/10/2012
Aprovado em 20/11/2012
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