O Islã e o mundo ocidental revisado em 13.08.

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A - KAREN AMSTRONG: DADOS BIOGRÁFICOS
Karen Armstrong nasceu em Wildmoor, Worcestershire, Inglaterra, de origem
católica e raízes irlandesas. Tornou-se noviça aos 16 anos, em 1962, tornou-se freira em 1965
assumindo o nome de Irmã Martha. Abandona a vida religiosa em 1969 e orienta-se para a
realização de um doutoramento sobre o poeta Alfred Tennyson; ao mesmo tempo começa a
ensinar na Universidade de Londres. Porém, a sua tese de doutoramento foi rejeitada por um
inspector externo e Karen ficou impedida de poder ensinar numa universidade. Todo o tempo
esteve envolvida com problemas de saúde, principalmente de uma epilepsia não tratada.
Em 1976 tornou-se professora num colégio feminino em Dulwich. Chega a ser diretora de
departamento, mas devido ao seu absentismo (provocado pelos problemas de saúde) foi
convidada a abandonar a instituição em 1981.
Em 1981 publicou Through the Narrow Gate,
uma obra que relatava a sua fracassada experiência no convento e que rapidamente se tornou
um best-seller na Grã-Bretanha. Começou a ser convidada a participar como comentadora em
programas de televisão e em 1984 escreve e apresenta um programa sobre a vida do Apostolo
Paulo para a estação de televisão Channel Four. O trabalhou que desenvolveu para
concretizar o programa, que incluiu filmagens na cidade de Jerusalém, fez com que Karen
mergulhasse de novo na esfera do religioso, depois de anos de afastamento, crítica e rejeição.
Desde então tornou-se uma aclamada e respeitada autora sobre religiões abraâmicas,
investigando temas como o recrudescimento dos integrismos religiosos nos nossos dias. É
também autora de uma biografia de Buda, que se destaca pelo trabalho de pesquisa que
diferencia a história da lenda. Ocasionalmente ensina Cristianismo no Leo Baeck College de
Londres, uma instituição formadora rabinos. Em 1999 recebeu um prémio do Islamic Center
of Southern California por promover o entendimento entre religiões. Karen Armstrong
escreve regularmente na imprensa e muitos dos seus artigos podem ser lidos no jornal
britânico The Guardian. Em 2005, Karen foi convidada a integrar a "Aliança das
Civilizações", um projecto secundado pelas Nações Unidas e pelo primeiro-ministro
espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, cujo objectivo é lançar pontes de diálogo entre
o Ocidente e o mundo islâmico. Seus livros mais recentes foram: 2006 The Great
Transformation: The World in the Time of Buddha, Socrates, Confucius and Jeremiah.
2007 Muhammad: Prophet For Our Time. 2007 The Bible: A Biography.
Disponível no site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Karen_Armstrong em 29.07.09 às 18.45 h.
13
directly to the terrorism, mainly after September, 11 of 2001, in the attempted against one to
the World Trade Center in New York city, United States of America.
KEY-WORDS: Occident, Islamic World, religious fanatic and action politics.
___________________________________________________________________________
CURRÍCULOS
TEREZA CRISTINA NÓBREGA MENDES MARQUES - Pesquisa Historiográfica
Formação
Licenciatura em Filosofia-Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP -PE.
Pós-Graduação-Implantação e Gestão Educacional-Faculdade de Administração e Negócios
de Sergipe-FANESE – Aracajú-SE.
Bacharel em Teologia-Seminário Teológico Batista do Norte do Brasil – STBNB - Recife PE.
Licenciatura em Teologia–Seminário de Formação Acadêmico Teológico do RecifeSFATER,
Pós-graduação em Teologia-Seminário de Formação Acadêmico Teológico do RecifeSFATER.
Pós-graduação em Ciência das Religiões-Faculdade de Teologia Integrada –FATIN
Pós-graduação em Docência do Ensino Superior- Faculdade de Teologia Integrada –FATIN
Mestre em Ciências da Religião- Universidade Lusófona de Humanidades e TecnologiasULHT.
Doutoranda em Ciências da Educação-Instituto de educação-Universidade Lusófona de
Humanidades e Tecnologias- ULHT.
Área de Atuação: Professora FATIN, STEMM, FAEME
E-mail: [email protected]
ROSELY PEREIRA PONTES DE OLIVEIRA - Revisão Literária
Formação
Bacharel em Teologia - Seminário Teológico do Nordeste-Recife PE
Bacharel e Licenciatura em Letras-Universidade Federal de Pernambuco- UFPE,
Pós-graduação: Teoria da Literatura- Faculdade de Vitória- FACOL,
Mestre em Ciências da Religião- Universidade Lusófona de Humanidades e TecnologiasULHT.
Área de atuação: Professora da FATIN, STEMM, HOKEMAH, Colégio Americano BatistaCAB.
E-mail: [email protected]
12
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6022 — Informação e
documentação — Artigo em publicação periódica científica impressa — Apresentação. Rio de
Janeiro, mai. 2003.
______________. NBR 6028 — Informação e documentação — Resumo — Apresentação. Rio de
Janeiro, nov. 2003.
_____________. NBR 10520 — Informação e documentação — Citações em documentos —
Apresentação. Rio de Janeiro, ago. 2002.
____________. NBR 14754 — Informação e documentação — Trabalhos acadêmicos —
Apresentação. Rio de Janeiro, dez. 2005.
ARMSTRONG, Karen. Texto do Alcorão traduzido pela escritora americana, após 11 de
Setembro de 2001.
As raízes de uma religião pacífica. Veja On-line. Em profundidade-Islamismo.
Disponível no site:
http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/islamismo/contexto_antecedentes.html. 08.08.09, às
19.04 hs.
PEREIRA, Alexsandro Eugenio - A relação do Ocidente com o Islamismo: da
incompreensão à animosidade. Raízes Jurídicas Vol. 2, n. 2. Curitiba-PR: Universidade
Positivo /2006 p. 61. Disponível no site:
http://raizesjuridicas.up.edu.br/index.asp?secao_tipo=1&id_menu=1428
PEREIRA,Carlos Denis de Campos. Como elaborar um artigo. Disponível no site:
http://br.geocities.com/cdenisbr/estagio/artigo.doc.em 06.04.2009, às 20.45 h.
SEKER, Nimet. Muçulmanos questionam representatividade de órgãos islâmicos
europeus. Deutsche Welle. http://www.dw- Nimet Seker (vn) | Disponível no
site:http://www.dw-world.de/popups/popup_printcontent/0,,2552628,00.html. em 07.08.2009,
às 19,29 h.
TEIXEIRA, Fautino. O diálogo inter-religioso – no tempo da cidadania da identidade.
PPCIR/UFJF – ISER/Acessoria. p.328. Disponível no site:
http://www.missiologia.org.br/cms/ckfinder/userfiles/files/53dialogointer.pdf em 06.08.09, às
18.40 h.
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ABSTRACT
The controversy relation of the Occident to the Islamic World in the present time it has been
based on the cultural, social differences and politics, beyond the discrepancy between the
occidental religious tendency and the Islamic religious tendency, that pass by an image of
religious fanatic, whose modus operandi has been expressed for action of violence, being on
11
CONCLUSÃO
Observa-se a partir da análise da situação atual do Islamismo com o Ocidente e
com o mundo, que há um conflito de dimensões históricas, desde a chamada de Abrão e sua
família como representante para a formação de um povo, cujo testemunho demonstraria ao
mundo a aliança feita com Deus.
A intolerância e os conflitos entre as três religiões monoteístas do mundo: o
Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo que advogam serem representantes espirituais do
verdadeiro Deus, detentores das palavras de salvação, e que fora dos contornos espirituais,
doutrinários e efetiva prática religiosa não há salvação. Cada uma defende sua forma de
cultuar, não como um caminho, mas é o caminho que conduz a eternidade com Deus.
O elo que une Judeus, Cristãos e Mulçumanos é a crença numa única Divindade,
Criadora e Mantenedora, seja seu nome Deus, Yahaveh impronunciável ou o Eterno, e Allah
ou Alá. Logo, o ponto de partida para um diálogo inter-religioso é a tolerância, respeito
mútuo, a partir de pontos comuns, numa perspectiva de fé e espiritualidade, tendo como
veículo o amor a Deus e ao próximo; o respeito aos direitos humanos de cada etnia de habitar
no mundo, sob condições semelhantes, lutando para coibir as desigualdades sociais e a
violência. Cada grupo monoteista religioso terá que fazer o caminho inverso, olhar para si
mesmo e toda a estrutura religiosa-dogmática e cultural de cada região, deixando cada um ser
o que é, sem opressão, mantendo sua identidade, pois ela é necessária. É imprescindível coibir
os efeitos danosos do fundamentalismo que sob as mãos de indivíduos com grande poder de
influência e liderança são capazes de causar destruição e pânico.
10
A intervenção americana no Oriente aumentou ainda mais a resistência e
animosidade do Mundo Islâmico. A invasão do Iraque foi um pretexto para a intervenção
americana no Oriente e contribuiu para agravar o conflito com os países adeptos ao
Islamismo.
De forma alguma podemos enxergar em Osama Bin Laden e em seus seguidores
como uma representação legítima da tradição e da fé Islâmica. É um erro gravíssimo. Resta à
maioria dos muçulmanos que condenam os atos terroristas e as interpretações radicais das
escrituras, a árdua missão de reverter essa imagem e reforçar as raízes pacíficas de sua crença.
2.2 O diálogo inter-religioso
O ser humano está associado a uma rede de conexões e o diálogo é uma dimensão
humana. É nessa reciprocidade e intercambiação na relação Eu-Tu que são partilhadas
semelhanças, diferenças e dons, como principio de construção da identidade do ser humano. É
nessa relação dialógica que se constrói o indivíduo.
O diálogo inter-religioso é uma das saídas para a construção de uma sociedade
equilibrada, promovendo o conhecimento e o respeito pelo outro. É a saída para propor a paz
entre o Ocidente Cristão e o Oriente Islâmico. A base é a “comunicação positiva e construtiva
entre fiéis de tradições religiosas distintas visando a compreensão mútua, o enriquecimento
recíproco, o comprometimento comum e a partilha da experiência religiosa.14 O diálogo é
discernimento da contingência e da vulnerabilidade.” Cada um dos “interlocutores” que
atuam como agentes no diálogo devem estar imbuídos da consciência dos limites e precavidos
contra os riscos de “uma arrogância identitária cerrada à dinâmica a acolhida e do
aprendizado.” E, no diálogo não há necessidade de uma mudança de religião, mas uma
“conversão mútua”, a celebração comum de uma verdade sempre maior que provoca a
transformação dos interlocutores e sua forma de apropriação da própria fé.
14
TEIXEIRA, Fautino. O diálogo inter-religioso – No tempo da cidadania da identidade. PPCIR/UFJF –
ISER/Acessoria. p.328. Disponível no site:
http://www.missiologia.org.br/cms/ckfinder/userfiles/files/53dialogointer.pdf em 06.08.09, às 18.40 h.
9
A crítica está presente nos meios de comunicação de massas, a televisão através dos
telejornais, das novelas que se utilizam de personagens religiosos de diversos ramos, dos
filmes, dos programas humorísticos onde até a figura do Presidente da República é rechaçada.
Por outro lado, muitas vezes, a busca pela punição do uso desses mecanismos de
crítica é deixada de lado, a partir da compreensão dos criticados de que estão acima de todas
as criticas, por estar conscientes de que seus ideais são superiores. Esta é uma prática do
nosso cotidiano, como um meio democrático de denúncia e protesto. Todavia, na visão de
Alexsandro Eugenio Pereira, muitas vezes são usados como pretexto e equivocadamente
contra os direitos políticos e civis do cidadão ocidental. A Democracia não é perfeita e
apresenta problemas. 13
2.1 A Islamofobia
A definição de Islamofobia “é o sentimento de ódio ou de repúdio em relação aos
muçulmanos e ao Islã.” Este vem crescendo em função dos ataques de 11 de setembro, entre
outros atentados terroristas promovidos pela rede islâmica Al-Qaeda e da chamada "Guerra
ao Terror".
No caso do escritor dinamarquês e do jornal francês pesam sobre eles a acusação de
islamofobia, no entanto o Jornal francês apenas protestou contra o clima de intimidação pelo
qual um escritor dinamarquês sofreu, por não conseguir um único ilustrador para o livro
infantil que escrevera sobre o profeta Muhammad, com medo de retaliação por parte de
extremistas mulçumanos. “Estarrecido com essa autocensura, o “Jyllands-Posten” convidou
artistas dinamarqueses para fazer desenhos de Muhammad, e publicou os 12 desenhos”.
Os mulçumanos sentem-se insultados pela irreverência e o preconceito dos
ocidentais frente a sua religiosidade e costumes. Contudo, deveriam aprender com o Ocidente
quando usufrui da liberdade de expressar sua religiosidade, sem perseguição, principalmente
no Brasil, fato esse, que não ocorre em seu território. A igreja cristã é perseguida e suas
instalações têm sido destruídas, seus líderes são mortos pela intolerância praticada pelos
mulçumanos em vários locais do Oriente. Não existe liberdade, nem tolerância. As raízes
históricas dos conflitos no Oriente perpassam as razões culturais, presentes em questões
políticas e econômicas, pois no Oriente Médio estão as maiores jazidas de petróleo do mundo
e de importância estratégica para o Ocidente.
13
PEREIRA, p. 61
8
como nenhum dogma religioso pode impor-se em uma sociedade democrática e
secular, o France Soir publica as charges criticadas, afirmou o diário. Milhares de
palestinos protestaram contra a Dinamarca nesta semana pelo fato de o país ter
permitido a publicação das charges. Ministros de países árabes pediram que o
governo dinamarquês punisse o jornal que as divulgou pela primeira vez [...] O
diário pediu desculpas por ter ofendido os muçulmanos, mas o governo disse não ter
poderes para limitar a atuação de órgãos de imprensa livres [...] O France Soir , que
enfrenta dificuldades financeiras e que procura um comprador, dedicou duas páginas
de seu miolo às charges dinamarquesas [...] Já tivemos lições demais desses
fanáticos reacionários! Não há nada nessas charges que pretenda ser racista ou que
ofenda qualquer comunidade, escreveu Serge Faubert, editor da publicação. 11
O Ocidente tem dificuldade em compreender a estrutura político-religiosa e
nacionalista do Islã, principalmente por ser uma Teocracia frente a sua compreensão do
significado da democracia, principalmente quando o Alcorão “prometera que uma sociedade
que se submetia a vontade revelada de Deus (Allah), não podia errar”, e a sua incompreensão
quanto estar sob o “domínio de um Ocidente Laico e ateu.”
12
Surge, dessa forma, uma
xenofobia ou uma “islamofobia”, por parte do Ocidente.
A incompreensão quanto à postura político-religiosa e nacionalista do mundo Islã se
dá, efetivamente, em face da função do Estado laico frente à religiosidade do povo ocidental,
ainda que, este exerça influência sobre estrutura social, pois no Mundo Ocidental pregasse a
liberdade religiosa e a separação da igreja com o Estado e, no Mundo Islâmico ela é quase
inexistente.
Um dos exemplos sobre essa discrepância está em outras religiões como os
Mórmons, os Cristãos, os Budistas e os Judeus que não reagem com violência diante da
publicação de reportagens ofensivas.
O Ocidente, culturalmente falando, critica aspectos tanto de ordem moral, aspectos
sociais, políticos e também religiosos. Essa prática parte de um princípio, a Democracia, que
permite a liberdade de expressão. Principalmente no Brasil, criticamos as nossas próprias
mazelas, chegando até mesmo, a tratar de modo jocoso, coisas sérias, de mudanças drásticas e
urgentes.
Quando um grupo religioso no Ocidente sente-se ofendido com declarações feitas
por indivíduos, grupos religiosos, político-partidários, ou a imprensa escrita e televisiva, usase como ferramenta a Justiça através de processo civil, sob a acusação de crime de difamação
e ou, injuria etc., e a Justiça não deixará de atentar para o direito de liberdade de expressão.
11
Alexsandro Eugenio Pereira. A relação do Ocidente com o Islamismo: da incompreensão a animosidade.
http://noticias.terra.com.br/mundo/interna/0,,OI859041-EI308,00.html 01 de fevereiro de 2006 • 10h53.
atualizado às 14h18. Disponível em 07.08.2009 às 16.35 h.
12
Karen Armstrong. O Islã. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 206
7
uma fé que estimula o entendimento e desencoraja o conflito.9
O questionamento que se faz é quanto ao uso da força e da opressão contra outras
nações e religiões, proibida pelo Alcorão. Se a “guerra é uma manifestação do mal”, e a
reação é resultante do ataque ao inimigo, quais as razões por que os radicais muçulmanos usam
a religião para justificar seus atos de terrorismo?
A quase maioria dos especialistas afirma que não há uma resposta sensata, que nos
leva a crer que ela é injusta e ilegítima. Na avaliação de Karen Armstrong, a forma militante
de culto religioso, cuja denominação atual é fundamentalismo Islâmico, surgido no Século
XX, é uma reação à modernidade, sob a acusação de que a sociedade liberal e secular visa
acabar com a religião.
O que é o fundamentalismo? Armstrong afirma que “a mídia ocidental dá a
impressão de religiosidade armada e ocasionalmente violenta como um fenômeno islâmico. É
um fenômeno global; está presente em todas as religiões importantes, no Judaísmo, no
Cristianismo, no Budismo, no Hinduísmo, etc. Surgiu na America cristã do início do Século
XX, não de imediato, em decorrência da evolução no processo de modernidade e que “das
três religiões monoteístas, o Islã foi a última a desenvolver uma tendência fundamentalista,
quando a cultura moderna começou a se enraizar no mundo mulçumano...” 10
2- O MUNDO ISLÂMICO E SUA RELAÇÃO COM O OCIDENTE
A partir da análise superficial anteriormente descrita da ação do Ocidente e reação do
Oriente, percebe-se claramente que as diferenças culturais do Mundo Islâmico dificultam a
compreensão e o entendimento com todo o resto do mundo e, em especial, o Mundo
Ocidental.
Um fato, relativamente recente, foi à publicação das doze charges no jornal
dinamarquês o Jyllands-Posten e, sendo republicado pelo jornal francês, France-Soir, entre
outros, cuja defesa foi apelar para a liberdade de imprensa, diante dos protestos gerados pelos
islâmicos ao redor do mundo, aumentando ainda mais o abismo cultural e religioso entre si.
O jornal France Soir disse ter publicado as charges em nome da liberdade de
expressão e para combater a intolerância religiosa, afirmando que um país secular
como a França não deveria submeter-se aos preceitos de nenhuma religião. [...] Mas,
9
As raízes de uma religião pacífica. Veja On-line. Em profundidade-Islamismo. Disponível no site:
http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/islamismo/contexto_antecedentes.html. 08.08.09, às 19.04 h.
10
Karen Armstrong. O Islã. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 219-220.
6
A ênfase quanto à necessidade e a justificativa da guerra for requerida, deverá cessar
tão logo, o inimigo acenar com um gesto pedindo paz, e os inimigos não devem ser forçados a
se tornarem mulçumanos, pois "não deve haver coerção nos assuntos da fé.”
A palavra "jihad" é traduzida no Ocidente como "guerra santa" - quando, ela
equivale a "luta", "esforço", "empenho". O termo chama a atenção para o esforço que deve ser
usado para que a vontade de Deus seja colocada em prática em todos os aspectos da vida, seja
pessoal, social e política. “Há relatos de que Maomé disse certa vez, ao retornar de uma
batalha: "Estamos voltando do Jihad menos importante para a jihad maior", que seria a
tentativa de curar os males da sociedade.”
O Alcorão, segundo o jornalista da Revista Veja On-line afirma que os “Povos das
Escrituras”, os cristãos e judeus, principais alvos dos radicais islâmicos hoje, devem ser
respeitados. Num de seus últimos discursos, Maomé teria dito que: "Formamos nações e
tribos para que conhecessem uns aos outros", cuja interpretação leva-nos a entender que, não
serviria para que povos conquistassem outros e tentassem oprimir suas crenças.
Do ponto de vista histórico, o Ocidente invadiu o Oriente com a proposta de espalhar
sua crença. Não só invadiu como tomou posse de seu território, invadido pelo comércio, pela
exploração, pela cultura, obrigando os povos do Oriente a adequarem-se a cultura e o modus
operandi do Ocidente, cujo período de transição até atingir o estágio de desenvolvimento
levou cerca de três séculos, com mudanças “estruturais, econômicas, educacionais,
religiosas, políticas e intelectuais”. Esse período de transformação foi “doloroso, com
“quatrocentos anos de revoluções políticos, sangrentas, reinado de terror, genocídio...”
Armstrong afirma que os colonizados viam essa ação invasiva como “perturbadora e
alienígena”, pois eles não tiveram tempo de gerir essas mudanças que nada tinham haver com
o ritmo social da cultura oriental. “A invasão européia do mundo islâmico não foi uniforme,
mas foi completa e eficaz”. O impasse maior foi a perda da Palestina para os Judeus em 1948,
com a formação do Estado de Israel, com o apoio da ONU, fonte de discórdia até os dias de
hoje, como símbolo e a culminância da humilhação mundo mulçumano.8
Então, não é estranho ver dezenas de milhões de pessoas, em especial, no Ocidente,
confundir o Islamismo com “uma prática religiosa radical e raivosa, que convoca seus
seguidores a matar inocentes, permite e, recompensa o suicídio em nome de Deus e não
tolera crenças diferentes?” No entanto, de acordo com a esmagadora maioria dos
especialistas, religiosos e fiéis, contudo, a verdadeira face do Islã é exatamente oposta: a de
8
Karen Armstrong. O Islã. Rio de Janeiro, Objetiva, 2001, p. 194 -202.
5
1200-1526: Sultanato de Dehli no norte da Índia
1350-1680: Estados muçulmanos no sul da Índia
1380-1918: Império Otomano
1453: Otomanos conquistam a cristã Constantinopla, que passa a se chamar Istambul
1492: Cristãos expulsam os últimos muçulmanos da Espanha
1501-1799: Dinastia Safavid no Irã
1526-1857: Dinastia Mughal na Índia
1654: Concluída a construção do Taj Mahal
1798: Napoleão invade o Egito
1815-1900: Cristãos colonizam o norte da África e o Oriente Médio
•
Período moderno
1918: Império Otomano é dividido entre potências européias.
1919-1984: Países muçulmanos deixam de ser colônias do Ocidente.
1928: Fundada a Irmandade Muçulmana, primeiro grupo extremista.
1948: Guerra entre árabes e israelenses.
1964: Fundação da Organização para Libertação da Palestina.
1979: Revolução Islâmica do Irã.
1996: Milícia Talibã assume o poder no Afeganistão e cria regime islâmico rigoroso
2001: Ataque terrorista de 11/09/2001 contra os EUA; Guerra no Afeganistão
2003: EUA atacam o Iraque e derrubam Saddam Hussein; início da ofensiva no
Mundo Islâmico
2006: Publicação de charges do profeta Maomé na imprensa européia provoca onda de
protestos violentos contra os ocidentais no mundo islâmico.
1.3 A interpretação do Alcorão pelos radicais islâmicos e terroristas
Os terroristas e radicais islâmicos, de hoje, citam apenas trechos do Alcorão que
convoca a luta, e não usa os versos seguintes em que se prega a paz e o entendimento.
A ligação entre o pânico através do rastro de destruição causado por terroristas
mulçumanos e “as raízes verdadeiras da fé islâmica é o maior problema enfrentado nos dias
atuais pela religião mais praticada do planeta.”
No Alcorão, os muçulmanos recebem a ordem de Deus para "eliminar os inimigos
onde quer que eles estejam". Esta é uma das preferidas de Osama Bin Laden e seus discípulos
do terror. Mas, não incluem o verso seguinte que diz: "Se eles deixarem-no em paz e não
fomentarem guerra, e oferecerem a paz, Deus não permite que sejam machucados".
Outro texto citado no Alcorão encontra-se na Tora, a Lei do Talião, no verso que
afirma “olho por olho e dente por dente”, mas o texto continua afirmando que “perdoar e
deixar de lado as vinganças em nome de um espírito de caridade é uma atitude digna de
mérito e admiração.” Texto traduzido por Karen Armstrong após o 11 de Setembro de 2001.
4
4. Malaio: Mais de 200 milhões de pessoas neste grupo, um dos mais difíceis de
trabalhar. Cingapura e Malásia fazem parte deste bloco.
5. Africano: Abrange a região ao sul do Saara, incluindo Burkina Fasso, Chade,
Mali e Níger.
No início do Século XXI, a religião tornou-se a mais praticada do mundo, com 1,3
bilhões de adeptos. Segundo o último Censo Mundial realizado pela ONU, o Islamismo é a
religião que mais cresce atualmente no mundo, mais de 1/4 da população Mundial é
Muçulmana A população mundial está em torno de 5 bilhões 771 milhões 939 mil habitantes,
sendo que entre 1 bilhão 500 milhões a 1 bilhão e 800 milhões são muçulmanos, ou seja, 25%
da população Mundial é Muçulmana. Seu crescimento tem “assustado” o mundo ocidental.
1.2 Cronologia
A cronologia a seguir, dá-nos um indicativo do surgimento até os dias atuais do
Islamismo até o período de 2006, por ocasião da publicação das 12 charges publicadas nos
principais jornais da Europa e suas repercussões pelo mundo.
• Origens
570:
595:
611:
622:
630:
632:
Nasce, em Meca, o profeta Maomé
Maomé se casa com Khadija
O profeta começa a receber a revelação do Corão
Maomé e seus seguidores migram para Medina; começa o calendário islâmico
Os discípulos do profeta conquistam Meca e Maomé retorna à sua terra
Maomé morre.
• Formação e expansão
632-634:
634-644:
644-656:
656-661:
Califado de Abu Bakr, sucessor de Maomé; Islã ruma para o Egito, Síria e Irã
Califado de Umar, o segundo sucessor; o texto do Corão é lançado
Califado de Uthman, o terceiro sucessor
Califado de Ali, o quarto sucessor
• Islã Clássico
661-750: Dinastia Umayyad; o Islã cruza os mares e chega à Espanha e Índia
680: Fundação do xiismo
750-1258: Dinastia Abbasid
800- 900: Texto das Hadith é compilado
909-1171: Dinastia Fatimid no Egito
1095-1270: Cruzadas cristãs na terra santa
• Últimos impérios
3
Saudita. Construiu Caaba, em Meca, como lugar sagrado para o Islamismo. “Para os
muçulmanos, o islamismo é a restauração da fé de Abraão”.
No início da formação do Alcorão, Maomé e um pequeno grupo de seguidores foram
perseguidos por grupos rivais, sendo obrigados a deixar a cidade de Meca rumo a Medina. O
início do calendário mulçumano se dá a partir da migração, conhecido por Hégira. Em
Medina, a pregação de Maomé conquistou adeptos rapidamente.
Ao retornar para Meca, anos depois, perdoou a seus inimigos, iniciando assim, a
consolidação da Religião Islâmica. Maomé faleceu aos 63 anos no ano de 632 d.C, deixando a
maior parte da Arábia já muçulmana. Um século depois, o Islamismo era praticado da
Espanha à China, e sua chegada ao Ocidente efetivamente se dá entre 1750-2000, segundo
Karen Armstrong.6
O Islã foi reconhecido à primeira vez na Europa, no início do Século XX, em 1912,
na Áustria. Desde 1979, 25% da população espanhola é mulçumana e legalizada como
religião em 1992, tendo status de corporação política. “Os países da UE possuem associações
islâmicas que se dizem representantes dos muçulmanos [...] existem opiniões extremamente
divergentes sobre a capacidade dessas instituições de cumprir esse papel.”7
Na Grã-Bretanha, o Conselho Muçulmano do Reino Unido (MCB), fundado em 1997,
é composta de 3 mil organizações islâmicas, com uma representatividade de 70%, mas com o
atentado terrorista a Londres surgiram conflitos, cujo sentimento era de ultraje e
incompreensão por parte dos mulçumanos britânicos.
1.1 Os Cinco Blocos Muçulmanos
1. Arábico: 200 milhões de muçulmanos vivem no mundo árabe, principalmente na
Península Arábica e no norte africano. Incluem-se aí o Iraque, Síria, Jordânia e palestinos de
Israel e territórios ocupados.
2. Indo-Pérsico: É composto por cerca de 260 milhões de pessoas. De Diayrbekir na
Turquia até Dacca em Bangladesh.
3. Turco: Começa na Iugoslávia, passa pela Bulgária, entra na Turquia, norte do Irã,
Bukhara, Samarkand, até chegar à China. Um número próximo a 230 milhões compõe o bloco.
6
Karen Armstrond. O Islã. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, p.193
Nimet SEKER Muçulmanos questionam representatividade de órgãos islâmicos europeus. Disponível no
site:.http://www.dw-world.de/popups/popup_printcontent/0,,2552628,00.html, em 07.08.2009, às 19,29 h.
7
2
As três grandes religiões monoteístas do mundo passaram a maior parte de sua
jornada histórica em conflito e competição. Porém, as três têm a mesma raiz espiritual e
histórica.3
1- RAIZ HISTÓRICA DO ISLAMISMO
O Islã é uma religião, cujas crenças são consideradas por seus praticantes como
divinas e sagradas. O termo Islã deriva da palavra árabe Silm ou Salam, cujo significado é
paz. Salam pode também significar "saudar um ao outro com paz". Mais do que isso:
submissão a Um só Deus, e viver em paz com o Criador, consigo mesmo, com outras pessoas
e com o ambiente. Assim, o Islã é um sistema espiritual- religioso e ideológico. Visto como
um modo de vida, nos aspectos políticos, financeiros, sociais, legais, militares e interpessoais,
diferente do Ocidente quanto ao espiritual e temporal.
Para compreendermos melhor sobre as causas da Religião e Mundo Islâmico,
precisamos fazer um retorno a história do Islã, seu fundador, a formação étnica e cultural
desse povo. É interessante destacar que é terceira religião monoteísta do mundo oriental,
posterior ao Judaísmo e ao Cristianismo, cuja raiz histórica é o Patriarca Abraão. Maomé da
descendência de Ismael, filho de Abraão com Agar. Historicamente, eis a raiz principal do
início do conflito.
O Cristianismo anunciou ao mundo com “segurança que era o sucessor do
Judaísmo, e o Alcorão, longe de esconder sua conexão com as outras formas anteriores de
monoteísmo proclama orgulhosamente que é o sucessor de ambas”.4
Para o Cristianismo a adoração de uma Divindade superior chamado de Deus, para o
Judaísmo, Yahweh e para os Mulçumanos Allah ou Alá. Seja qual for à designação é o
mesmo Deus, Criador, Mantenedor, o Princípio e o Fim de todas as coisas e, enfim, todos são
crentes, filhos do mesmo Deus. Por tradição e através da leitura da Bíblia, sabemos a história
e a revelação do Judaísmo e do Cristianismo, mas nos mantivemos distantes da formação do
Islamismo até que ele se tornou uma ameaça em nosso século.5
O Islamismo foi fundado pelo Profeta Maomé a partir da revelação das escrituras por
Deus e pelo Anjo Gabriel, no ano de 622 d.C, na região atualmente conhecida como Arábia
3
Luiz Alberto Machado. Resenha: Os monoteísmos. In: F.E.Peters. Os monoteístas. Vol.1. São Paulo:
Contexto, 2007. Disponível no site:
http://www.sobresites.com/poesia/forum/viewtopic.php?t=5970&sid=37d889f6b38814cf29c9671c93c0e252
em 01.09.2007 às 5.17
4
Frank. E.Peters. Os monoteístas. Vol.1. São Paulo: Contexto, 2007, p.124
5
Ibid p.25
A RELAÇÃO ENTRE O OCIDENTE COM O ISLAMISMO:
DA INCOMPREENSÃO A ANIMOSIDADE
Por: Rosely Pereira Pontes de Oliveira1
Tereza Cristina Nóbrega Mendes Marques2
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RESUMO
A controversa relação do Ocidente com o Mundo Islâmico na atualidade tem-se baseado nas
as diferenças culturais, sociais e políticas, além da discrepância entre a religiosidade ocidental
e a religiosidade islâmica que perpassa uma imagem de fanatismo religioso, cujo modus
operandi tem-se traduzido por ações de violência, ligados diretamente ao terrorismo,
principalmente após 11 de Setembro de 2001, no atentado ao World Trade Center em Nova
York, Estados Unidos da America do Norte.
PALAVRAS-CHAVE: Ocidente, Mundo Islâmico, fanatismo religioso e ação política.
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INTRODUÇÃO
As relações político-sociais entre o Mundo Ocidental e a Cultura Oriental,
principalmente no contexto Islâmico, tem-se evidenciado a intolerância e a incompreensão
quanto ao modo de ser de cada cultura, produzindo comportamentos equivocados. Assim,
evidenciam-se ações violentas do mundo Islâmico, através de grupos radicais, e as retaliações
impetradas pelo Ocidente para coibir a ação terrorista que tem atingido a Europa e os Estados
Unidos da América do Norte visto pelos Mulçumanos como o “Grande Satã”.
A partir dessa análise, tentaremos evidenciar alguns aspectos importantes relativos a
essa animosidade entre o Ocidente e o Oriente descrito no artigo do Dr. Alexsandro Eugênio
Pereira, professor de Ciência Política da Universidade Positivo em Curitiba-PR.
1
Bacharel em Teologia. Bacharel e Licenciatura em Letras-UFPE, Pós-graduação em Teoria da Literatura.
Mestranda em Ciências da Religião pela LUSOFONA-PE. Atualmente é professora de Língua Portuguêsa na
Educação Básica do Colégio Americano Batista; Professora de Monografia, História do Cristianismo. E na
Pós-graduação: educação inclusiva e Desenvolvimento da linguagem. E-mail: [email protected].
2
Bacharel em Teologia –STBNB-PE Lic. em Teologia-STEMM-PE. Lic. em Filosofia-UNICAP-PE. PósGraduação em Implantação e Gestão Escolar-FANESE-SE. Mestranda em Ciências da Religião pela
LUSOFONA-PE. Professora de Filosofia no Ensino Médio. Atualmente é professora de História da Filosofia,
Metodologia Cientifica, História das Religiões pela FATIN-PE. E-mail: [email protected]
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