UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Endomarketing como ferramenta para a melhoria do Clima Organizacional Por: Bianca Lacerda de Almeida Orientadora Professora Fabiane Muniz Rio de Janeiro 2 2007 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE Endomarketing como ferramenta para a melhoria do Clima Organizacional Apresentação Candido de Mendes monografia como à requisito Universidade parcial para obtenção do grau de especialista em Comunicação Empresarial Por: . Bianca Lacerda de Almeida 3 AGRADECIMENTOS ....aos amigos e parentes, professor Herivelton, orientadora Fabiane, etc...... 4 DEDICATÓRIA .....dedica-se ao pai, mãe, irmã, amigo, namorado,....... 5 RESUMO Podemos dizer que o objetivo do Endomarketing é aproximar a empresa de seu colaborador, gerando benefícios para ambas as partes. Não identificando-o como um custo e sim como um investimento e uma ferramenta para se obter um bom clima organizacional. A importância de se ter um plano de endomarketing na empresa, se justifica no sentido de melhorar a comunicação, tornando-a mais competitiva no mercado. Ele pode ser utilizado como estratégia de gestão. Porque quando os colaboradores percebem que são importantes para a empresa e que participam de algumas tomadas de decisões, eles passam a se envolverem e comprometerem de forma mais eficiente com o serviço e clientes. No entanto, é preciso um planejamento de conteúdo para um bom funcionamento do plano, até porque funcionará a curto prazo, devendo ser reavaliado a cada etapa. É fundamental a integração da área de Recursos Humanos atuando juntamente com o Endomarketing. Pois ela está voltada para a política e planos da empresa. Também e necessário a interação das chefias no processo. Um bom treinamento, definindo cargos e salários para cada indivíduo. Além de outros instrumentos; folders, pesquisa de satisfação, jornais, intranet, etc. Por fim, o principal resultado que as Empresas/Empregados obtêm com a implantação de um programa de endomarketing, é a sintonia, transparência, democracia e o foco. Onde terão uma ampla visão sobre os contextos internos e externos da empresa. 6 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 07 CAPÍTULO I – Endomarketing 09 CAPÍTULO II – Endomarketing e a imagem corporativa 16 CAPÍTULO III – Como implantar uma estratégia de Endomarketing 25 CAPÍTULO IV – Os resultados obtidos com o Endomarketing 32 CONCLUSÃO 40 ANEXOS 42 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51 ÍNDICE 52 7 INTRODUÇÃO O objetivo desta pesquisa é demonstrar de maneira clara os benefícios do endomarketing para o colaborador interno e para a empresa. Analisar a opinião do público interno com relação às condições de trabalho, sob o enfoque do endomarketing. Identificar os benefícios que as organizações podem obter através das ações de endomarketing dentro da empresa. E demonstrar que todos são importantes para o trabalho. Nos últimos anos são cada vez maiores os investimentos e a preocupação das empresas com a área de Marketing no intuito de atrair, conhecer e satisfazer seus clientes. As empresas ainda não sabem quem realmente são seus clientes. Os clientes não são apenas aqueles que compram e utilizam seu produto ou serviço, são também os que vendem os produtos ou serviços. São os chamados clientes internos ou colaboradores. Para que esses clientes saibam o valor real do seu produto ou serviço, é necessário conhecer sobre Endomarketing. O Endomarketing é toda e qualquer ação de marketing voltada para a satisfação e aliança do público interno com o objetivo de melhor atender aos clientes externos. As empresas no Brasil precisam conhecer melhor o processo de Endomarketing e suas etapas de implantação, para depois, realizarem programas de qualidade e melhorias operacionais na empresa. O desconhecimento do processo em si, pode levar ao fracasso, e a empresa perder a credibilidade junto aos colaboradores. Um acompanhamento de todo o processo por um grupo de colaboradores das diversas áreas da empresa proporcionará um conhecimento profundo das reais necessidades dessas áreas e ajudará a traçar o planejamento e gerenciamento do processo de Endomarketing. 8 Quando o marketing interno é bem feito, o marketing externo será muito mais abrangente. Se cada empregado for multiplicador da boa imagem da empresa, os produtos fabricados por ela também serão bem aceitos pelos seus clientes. 9 CAPÍTULO I ENDOMARKETING 1.1 – Definição de Marketing “Um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outros.” (Kotler) Marketing interno – “tarefa de contratações acertadas, treinamento e motivação de funcionários hábeis que desejam atender bem os clientes.” (Kotler) Kotler ainda defende a idéia de uma linha conceitual de Marketing mais avançado que, além de ouvir e procurar a completa satisfação dos clientes, preocupa-se em preservar ou melhorar o bem-estar dos clientes e da sociedade. É o chamado Marketing Social. Há empresas que descobriram na comunicação um lenitivo para as suas crises de consciência. Recobrem as áreas de trabalho com cartazes e “slogans” e assim pensam que estão estabelecendo um canal de livre comunicação entre o comando da organização e seus clientes internos. Na escala evolutiva, existem ainda empresas que adotam administrações baseadas no conceito de Marketing ou programas de qualidade. Estas trabalham com os seus clientes internos, descentralizam decisões, incentivam a participação e a criação de equipe de trabalho. Costumam ouvir sugestões de seus funcionários, até mesmo daqueles que não conseguem mensurar sua importância para os resultados positivos da empresa. 10 Assim como o Marketing Social, há também um modelo mais avançado de administração que, além de ouvir seus clientes internos, preocupa-se com o seu bem-estar. Este modelo chama-se Endomarketing. O Endomarketing busca a verdadeira satisfação do trabalhador em seu ambiente de trabalho. 1.2 – Endomarketing: Conceito e Importância “Endo” provém do grego e quer dizer “ação interior ou movimento para dentro”. Endomarketing é portanto, marketing para dentro. É a utilização de modernas ferramentas de marketing, porém, dirigidas ao público interno das organizações. São ações estruturais que visam a ação para o mercado. Também Saul Faingaus Bekin, consultor empresarial, autor do termo “Endomarketing” registrado no INPI, desde 1995, autor de “Conversando sobre Endomarketing” em 1995 e de “Endomarketing, como praticá-lo com sucesso” em 2004, define Endomarketing da seguinte maneira: “ Ações gerenciadas de marketing eticamente dirigidas ao público interno (funcionários) das organizações e empresas focadas no lucro, das organizações nãolucrativas e governamentais e das do terceiro setor, observando condutas de responsabilidade comunitária e ambiental” Caracteriza-se por ser um “processo cujo foco é sincronizar, para implementar e operacionalizar, a estrutura de marketing da empresa ou organização que visa ação-para-o-mercado”. Seu objetivo, é portanto, “facilitar e realizar trocas construindo relacionamentos com o público interno, compartilhando os objetivos da empresa ou organização, harmonizando e fortalecendo estas relações. 11 Wilson Cerqueira “Endomarketing – educação e cultura para qualidade“ (1994) - define Endomarketing como um “conjunto de processos, projetos ou veículos de comunicação integrada que permita a venda e consolidação de uma nova imagem para dentro da empresa”. Esta moderna concepção de marketing com ações voltadas para dentro da Instituição tem por escopo a construção de uma nova empresa comprometida com a excelência, a partir da transformação do funcionário em cliente interno. O marketing interno objetiva “vender” a empresa para o funcionário, a fim de elevar sua motivação e, por conseguinte, desenvolver uma equipe de trabalho coesa e dinâmica, voltada para o consumidor dos produtos ou serviços. Como técnicas e projetos estratégicos voltados para a valorização do público interno, o Endomarketing melhora a comunicação, o relacionamento interpessoal e estabelece uma base motivacional para o comprometimento entre as pessoas e destas com o sistema organizacional. Nesse mister, a comunicação mais eficiente com o público interno é vista como recurso para otimizar a produtividade e proporcionar um melhor entendimento das metas da empresa, caminho que permitirá a busca do crescimento econômico e a sobrevivência da organização. Já Analisa de Medeiros Brum, autora do livro “Um olhar sobre o marketing interno” (2000), passeia pelos conceitos que formam o marketing interno, e o define: “é dar ao funcionário educação, carinho e atenção, tornando-o bem preparado e bem informado para que possa tornar-se também uma pessoa criativa e feliz, capaz de surpreender, encantar e entusiasmar o cliente”. Acrescenta, ainda, que “é um esforço feito por uma empresa para melhorar o nível de informação e, com isso, estabelecer uma maior aproximação com seu funcionário”. Segundo a autora, o marketing interno está mais voltado para um processo de comunicação interna. Com base nesses conceitos, constata-se que o conceito de marketing interno ou endomarketing envolve temas como: motivação dos funcionários, 12 comunicação, comprometimento, valores, instrumentos de marketing e satisfação do consumidor. O endomarketing tem como principal objetivo fortalecer as relações internas da empresa com a função de integrar a noção de cliente e fornecedor interno, fazer com que todos os funcionários tenham uma visão compartilhada sobre o negócio da empresa, incluindo itens como gestão, metas, resultados, produtos, serviços e mercados nos quais atua. O que propicia melhorias tanto na qualidade dos produtos como na produtividade pessoal e na qualidade de vida no trabalho. O ritmo das mudanças na economia mundial foi sensivelmente alterado em função das novas tecnologias em transportes e comunicações. Esse fenômeno, que não é novo, foi chamado de Globalização. Há mais de 50 anos o Marketing foi descoberto e tornou-se a principal alavanca de crescimento dos negócios em larga escala. Os reflexos sobre a produção industrial foram diretos e imediatos. O setor cresceu. O mesmo movimento parece acontecer em relação ao Endomarketing e o setor de serviços. Pode-se imaginar o quanto o Endomarketing será importante para o crescimento dos negócios nesse cenário. E o quanto representará para as empresas que souberem como estruturar seus planos de abordagem aos empregados, visando a máxima qualidade do produto ou serviço que oferecem aos seus clientes. Trata-se de uma necessidade imediata das empresas que desejam crescer, conquistar mercados, manter os índices que já possuem ou, simplesmente, garantir sua sobrevivência nos próximos cinco anos. É portanto, um processo que visa adequar a empresa ao atendimento do mercado, tornando-a mais competitiva a partir da integração de seus funcionários à estrutura organizacional. Como sua característica preponderante está o objetivo de estabelecer, conforme Bekin (2004), um processo permanente de motivação do funcionário conferindo-lhe dignidade, responsabilidade e liberdade de iniciativa. 13 1.3 – Objetivos e Aplicações do Endomarketing Como objetivos da comunicação integrada, que vem a estabelecer de relacionamento interpessoal, Cerqueira (1999, p.51) cita: • A prática dos valores estabelecidos como nova cultura; • A manutenção de um clima ideal de valorização e reconhecimento das pessoas; • A obtenção de índices maiores de produtividade e qualidade, com a conseqüente redução de custos; • O estabelecimento interpessoal, que de canais permitiram adequados a eliminação de de comunicação conflitos e insatisfações, que possam afetar o sistema organizacional; • A melhoria do relacionamento interpessoal; • O estabelecimento da administração participativa; • A implantação de ações gerenciais preventivas. Com isso pode-se dizer que o endomarketing tem um papel fundamental nas organizações, pois motiva os colaboradores a se empenharem mais em suas atividades, os colaboradores passa a “vestir a camisa da empresa”, passando a existir um comprometimento entre colaboradores e organização. Não restam dúvidas quanto a influência positiva do endomarketing no meio organizacional, porém para que esta ferramenta seja utilizada com sucesso se faz imprescindível que seja realizado um diagnóstico inicial quanto a realidade da organização, para que em seguida seja inserido um plano de implantação que vise atingir alguns aspectos como: a valorização da cultura da instituição, o marketing interno como processo educativo, o uso de instrumentos que encantem o público interno, informações como responsabilidade da empresa, transparência e veracidade das informações, mensagens simples e curtas e claras e o impacto visual a partir dos instrumentos (BEKIN, 1995). 14 “ ... os pontos essenciais que devem integrar um programa de implantação do endomarketing... deve conter os seguintes tópicos: treinamento sob a ótica da educação e desenvolvimento; processo de seleção; planos de comprometimento carreira; e motivação; recompensa; valorização, sistemas de comunicação de rede interna; segmentação de mercado de cliente interno; cenários para novos produtos, serviços e campanhas publicitárias.” (Bekin , 1995, p.54) Boa parte dessas medidas já existem em muitas organizações, mas após a utilização do endomarketing passa a ser vistas com outros olhos. A cultura organizacional volta-se para o cliente, orientada pela idéia de um excelente serviço prestado e a valorização do colaborador. E a partir desta mudança que são lançadas novas estratégias com objetivo de resultados rendosos diante do mercado. (Bekin, 1995, p.54) 1.4 – Diferença entre Comunicação Interna e Endomarketing Comunicação interna é igual a endomarketing ou não? As equiparidades entre os conceitos das duas expressões mostram a confusão de abordagem que as empresas acabam dando para a comunicação com os colaboradores. Segundo Bekin in Dias, endomarketing são “...ações de Marketing para o público interno – FUNCIONÁRIOS – das empresas e organizações”. Como a expressão já diz, é o marketing aplicado ao público interno. Alguns autores tendem a entender as duas expressões como a mesma atividade. Torquato equipara as duas expressões citando uma missão básica da atividade “contribuir para o desenvolvimento e manutenção de um clima positivo, propício ao cumprimento das metas estratégicas da organização e ao crescimento continuado de suas atividades e serviços e a expansão de sua 15 linha de produtos”. (2002, p.54). Nesse conceito, a comunicação interna deve simplesmente servir aos propósitos da organização, como se fosse uma “técnica” de cooptação dos grupos de colaboradores. Kunsch não partilha dessa equiparação. Segunda ela: “ ... o endomarketing limita-se a ver os funcionários como clientes internos. Enquanto isso, defendemos, para o relacionamento com o público interno, uma política de relações públicas numa perspectiva mais ampla. É preciso considerar que, antes de ser um empregado, o indivíduo é um ser humano e um cidadão. Portanto, não pode ser visto apenas como alguém quer vai servir ao cliente. Ele atua num ambiente organizacional formando por pessoas que buscam interagir em virtude da consecução dos objetivos gerais da organização. Não é, portanto, um espaço de mercado.” (2003, p.155) Percebe-se que as organizações que tratam a comunicação interna como endomarketing simplesmente transferem as técnicas do mercado, de troca mercadológica para as relações internas da organização. A comunicação interna deve abranger mais do que as técnicas voltadas para a troca de mercadorias. 16 CAPÍTULO II ENDOMARKETING E A IMAGEM CORPORATIVA 2.1 – O Endomarketing como Estratégia de Gestão O endomarketing deve ser considerado parte da gestão estratégica; o processo não pode ser prejudicado por falta de estrutura organizacional ou por ausência de apoio gerencial. A alta gerência tem que demonstrar, constantemente, um apoio ativo ao processo de endomarketing. Segundo João Baptista Vilhena (2006) – Consultor do Instituto MVC. Ao planejar e implementar uma estratégia de endomarketing, algumas diretrizes devem ser observadas. Antes de tudo, o foco do endomarketing deve ser reconhecido e totalmente aceito pelas lideranças. O empregado sente que as lideranças o consideram importante quando lhe é permitido participar do processo; tanto no processo de pesquisa interna, quanto no planejamento de seus ambientes de trabalho, nas metas e escopo de suas tarefas, nas rotinas de informações e feedback e nas campanhas externas. Quando os empregados compreendem que são capazes de se envolver na melhoria de algo que lhes é importante, ficam dispostos a se comprometer com o negócio e com a estratégia de endomarketing. Entretanto, nunca deve ser esquecido o foco externo da estratégia e de qualquer programa de endomarketing. A melhoria do ambiente de trabalho e das tarefas dos colaboradores, é claro, constitui um objetivo importante em si mesmo. No entanto, o principal foco do endomarketing recai sobre o impacto de cada empregado de marketing externo. O objetivo primordial é o de melhorar a consciência para serviços e clientes, portanto, em última análise, as 17 habilidades de marketing interativo e o desempenho do marketing externo pelos funcionários. Conseqüentemente, o foco interno e externo do endomarketing caminham lado a lado. O endomarketing tem que envolver e começar pela alta gerência e também incluir gerentes de nível médio e supervisores. Um suporte contínuo da gerência – não apenas “da boca para fora” – é fundamental para o desenvolvimento competente do processo. Já Analisa de Medeiros Brum, diz em seu livro “Endomarketing como estratégia de gestão em 1998: Há muito tempo já se disse que a única coisa constante na vida é a mudança. O autor desta frase, hoje, ficaria estupefato diante da velocidade e das proporções das mudanças ocorridas nas empresas, que não só tiveram que aprender a reagir com rapidez, como também se tornaram extremamente imprevisíveis. Existem duas estratégias básicas relacionadas com a comunicação interna. A primeira focaliza a empresa, a visão da direção, os propósitos e os objetivos gerais da Organização. A segunda estratégia focaliza a tarefa, pois diz respeito à comunicação de questões específicas relacionadas ao trabalho. Assim, cabe ressaltar, que o papel estratégico do endomarketing, visto como um sistema integrado de comunicação, é auxiliar internamente, motivando os funcionários a uma ação produtiva. 2.2 – Comprometimento com o cliente “em primeiro lugar” 18 Quem é o cliente? Por cliente entende-se aquele ser que possui a capacidade de experimentar livremente os sentimentos na sua integral intensidade, “pura cultura”, sem inibições ou precauções intelectuais, sem ficar preso pelo conhecimento de sentimentos contraditórios. O princípio fundamental do processo de se consolidar uma organização que respeita o cliente é a perspectiva de considerá-lo enquanto PESSOA. Para se considerar o cliente enquanto pessoa pode-se enveredar por diversos processos: pela sorte, por uma compreensão penetrante, pelo conhecimento científico, pela arte exímia das relações humanas, ou pela combinação de todos estes elementos. Aprende-se aí a iniciar um processo suscetível de ser descrito e que revela uma série de fases que sucedem segundo uma determinada ordem, mais ou menos idêntica de um cliente para outro. Ora, se a qualidade é o alvo, a satisfação do cliente é o termômetro do alcance ou não do mesmo. Qualidade requer trabalho sério e estruturado. Todos devem estar como que comprometidos em atingir o resultado positivo, ou então todos fracassarão. O que o comprometimento pode fazer neste processo de se colocar o cliente em primeiro lugar? Dubin Apud Saleh (1981, p 83-89), considera que “o comprometimento acontece quando o conjunto da situação de trabalho constitui um aspecto central de interesse na vida do indivíduo” . Kanungo (1982, p. 341-349) define comprometimento como “a importância do trabalho, em geral, na vida de um indivíduo, comparativamente aos outros aspectos importantes de sua vida.” Thévenet (1992, p. 242), de sua parte, reuniu as características das definições de comprometimento e as apresentou sob dois aspectos: permutativo (os laços fortes podem surgir quando as organizações respondem às necessidades e às expectativas dos trabalhadores – o indivíduo que sabe antecipadamente que ele não pode esperar recompensas pelos seus esforços terá a reação natural de reduzir seu engajamento na organização da qual ele 19 faz parte) e psicológico (o comprometimento é compreendido como uma atitude resultante de um laço muito forte da pessoa para com sua organização; é uma relação profunda, que ultrapassa as vantagens imediatas. Observando a definição acima, conclui-se que o endomarketing pode lançar mão destas duas premissas para efetivar abordagens que visem alterações de comportamento para melhor, ou seja, atribuindo eqüitativamente valoração e valorização às pessoas nos momentos da “troca” (produção por satisfação de necessidade) e das relações mais profundas que não visem recompensas tão imediatas. Isto levará a equipe a um grau mais elevado de comprometimento com o cliente, que, por sua vez, está em todo lugar, dentro e fora da empresa, pois tão importante quanto as pessoas que entram nas lojas e levam para casa os produtos, são as pessoas que estão produzindo, embalando, transportando, assessorando, limpando, vendendo, etc. Antes mesmo de vender o produto, a idéia externamente, deve-se comprá-los, e isto também merece cuidados. 2.3 – Imagem Corporativa A empresa moderna é uma estrutura que se torna cada vez mais complexa pela diversificação de seus negócios e por caminhos em direção a um mercado onde os serviços e produtos se assemelham. A partir dessa realidade as empresas são impulsionadas a descentralizar a administração de suas operações e a procurar uma identidade singular e única. Uma imagem corporativa favorável e bem conhecida é um patrimônio para qualquer empresa. A imagem tem um impacto sobre a visão do cliente tem da comunicação e das operações da empresa em muitos aspectos (Grõnroos, 1995 p. 214). Assim, o autor reafirma que o papel da imagem empresarial tem quatro conseqüências: 20 - A imagem comunica expectativas. Aliada com as campanhas externas de marketing, a imagem corporativa, quando positiva, torna mais fácil a comunicação eficaz, tornando as pessoas mais perceptivas à comunicação boca a boca favorável e produzindo um impacto próprio sobre as expectativas; - A imagem é um filtro. Se ela for boa, ela se torna um escudo. Problemas menores e mesmo os maiores de natureza técnica-funcional são considerados menos fatais. Já uma imagem negativa faz os clientes se sentirem insatisfeitos e contrariados com um serviço ruim. Uma imagem neutra ou mesmo desconhecida pode não causar dano algum, mas também não age como escudo; - A imagem é uma função das experiências, assim como das expectativas dos clientes. Isso quer dizer que uma vez que os clientes desenvolvam expectativas quanto ao serviço ou produto oferecido e experimentam a realidade, a qualidade percebida altera a imagem; - A imagem tem um impacto interno. Quanto menos clara e distinta for a imagem, mais ela poderá afetar a atitude dos funcionários em relação à organização em que trabalham. Isto, por sua vez, pode ter uma influência negativa sobre o desempenho dos funcionários e, portanto, sobre os relacionamentos com os clientes e sobre a qualidade. As marcas são compotas por atributos de imagem, mensurados através dos valores que elas representam para o consumidor em termos de prestígios, status e exclusividade. A imagem-qualidade percebida – determina o valor do produto para o consumidor e determina, também, as relações de fidelização que ele irá estabelecer com o produto e com a empresa. Neves nos diz que a imagem das instituições, em geral, não é boa e que todos os desafios da comunicação são derivados dessa premissa. “Empresas e empresários não tem boa imagem porque estão revestidos pelo preconceito de 21 que pensam exclusivamente nos lucros, não se preocupam com o funcionário...” (Neves, 2001). Criar e implantar uma política de comunicação capaz de projetar a imagem da organização na sociedade pode parecer fácil, porém, antes de tudo é preciso mudar a mentalidade e a própria cultura da empresa, envolvendo os colaboradores, em todos os níveis, para que os mesmos contribuam e conciliem os objetivos da empresa com as expectativas de seus públicos. Nesta perspectiva, o endomarketing surge como o conjunto de ações focadas no público interno e tem como objetivo maior conscientizar funcionários e chefias para a importância do comprometimento com o negócio da empresa e com os diversos públicos, como forma de consolidar a sua imagem diante da sociedade. 2.4 – O Planejamento do Programa de Endomarketing Em endomarketing, vive-se a curto prazo. Isso acontece porque a informação é decorrente de decisões e de fatos do dia-a-dia, o que determina a necessidade de um planejamento estrutural, conceitual e criativo, mas impede o planejamento de conteúdo. O planejamento estrutural, conceitual e criativo pode ser feito para um, dois ou três anos, dependendo dos objetivos que se quer alcançar. O risco de tornar-se desatualizado existirá somente se as metas globais da empresa forem mudadas, o que dará lugar a um novo planejamento. Podemos citar como principais fases do planejamento: * FASE I – Pesquisa e Diagnóstico * FASE II – Definição da meta global * FASE III – Criação dos ícones de comunicação interna * FASE IV – Divisão do público interno 22 * FASE V – O programa propriamente dito * FASE VI – A escolha de um momento para o lançamento do programa Conforme Saul F. Bekin (1995). O processo de implantação e consolidação do Endomarketing requer persistência, apoio do pessoal da área de Recursos Humanos, Marketing, Operacional, e acima de tudo, da Diretoria. Os ganhos são imediatos, mas os resultados operacionais virão a partir do segundo ano de implantação. O gerenciamento do processo deve ser constante e os ajustes devem ser imediatos, para coibir falhas futuras. Um grupo deve coordenar o processo e formar multiplicadores nas diversas áreas da empresa, avaliando e implementando melhorias de acordo com a necessidade de cada área. O processo deve ser feito em etapas, e a cada etapa, o programa deve ser reavaliado para então continuar na etapa seguinte. Alguns programas de primeira etapa poderão ser consolidados na etapa seguinte, mas devem estar em andamento. Vale ressaltar que, após a implantação da base de valores e consolidação do processo de endomarketing, todos os programas de melhorias operacionais ficarão mais fáceis de implantar, porque os empregados já estarão mais comprometidos com os resultados da empresa; e nessa etapa começam a aparecer os resultados concretos e visíveis pela Diretoria. Os custos da fabricação tendem a cair, pois cada empregado estará comprometido em promover melhorias operacionais, que gerarão redução de custos, e, cada redução no custo de produção pode gerar mais lucros para empresa. 2.5 – Conexões com o RH e o Marketing • O marketing é a raiz do endomarketing. Dele extrai seus fundamentos, mas desenvolve seus próprios conceitos a partir da peculiaridade do público a que se destina; 23 • As pessoas nas organizações possuem necessidades muito específicas e são atingidas pela comunicação de maneira direcionada, mais explícita do que normalmente acontece com o consumidor comum; • As áreas de Recursos Humanos das empresas fornecem elementos para a composição de políticas e planos de endomarketing, a partir da análise detalhada da formação, comportamento e nível de comprometimento das pessoas que compõem seus públicos internos; • As organizações são aglomerações humanas, com interesses comuns e também divergentes, eis a complexidade que reveste a administração de pessoas e o conseqüente direcionamento do endomarketing para a obtenção dos resultados esperados. Podemos dizer que o Marketing e a área de Recursos Humanos, estão totalmente envolvidas quando se trata de endomarketing (marketing interno). Os “clientes” dos Recursos Humanos são principalmente os integrantes do corpo funcional da empresa, para onde são dirigidas às ações de vital importância, incluindo-se, entre elas, as de marketing interno, fundamentais para a difusão de valores e da missão organizacional. A introjeção, pelos colaboradores, dos aspectos estratégicos e da filosofia que norteia o trabalho transparecerá no mercado, através do contato com o público externo. O marketing interno contribui de forma considerável para a imagem institucional da empresa, facilitando também o agregamento de fornecedores alinhados à maneira de empreender da organização. “Sob orientação de marketing, todos os departamentos precisam pensar no cliente e trabalhar em conjunto para satisfazer as necessidades e expectativas dos clientes” (Kotler). 24 De forma moderna, pode-se afirmar que o “produto” mais importante da área de Recursos Humanos é garantir que a empresa possua um conjunto de talentos humanos plenamente identificado com a missão e visão da organização, e, conseqüentemente, disposto a ajudá-la a atingir seus objetivos. A visão de Peter Drucker (A Prática da Administração – 1954) sobre marketing de que a meta é compreender tão bem o cliente, que o produto ou serviço se adapte tão bem a ele que se venda por si só, aproxima a função de Marketing da de RH: conhecer para satisfazer. Não existe uma lista exclusiva de atividades que devam pertencer apenas a um programa de endomarketing. Praticamente, qualquer função ou atividade que tenha impacto, de uma forma ou de outra, sobre a consciência da ação voltada para clientes, pode ser nela incluída. É claro que isto advém da noção de que, para ser efetivo, o endomarketing, antes de tudo, tem de se tornar parte da filosofia de gestão dos Recursos Humanos. Entretanto, nunca deve ser esquecido o foco externo da estratégia e de qualquer programa de endomarketing. A melhoria do ambiente de trabalho e das tarefas dos colaboradores, é claro, constitui um objetivo importante em si mesmo. No entanto, o principal foco do endomarketing recai sobre o impacto de cada funcionário no marketing externo. O objetivo primordial é o de melhorar a consciência para serviços e satisfação dos clientes, portanto, as habilidades de marketing interativo e o desempenho do marketing externo, pelos colaboradores. Conseqüentemente, o foco interno e o externo do endomarketing caminharão lado a lado. Portanto, os bens maiores de qualquer empresa, o capital humano e o capital do cliente, devem receber atenção prioritária e a associação laborativa dos profissionais de Marketing e RH. CAPÍTULO III 25 COMO IMPLANTAR UMA ESTRATÉGIA DE ENDOMARKETING 3.1 – Instrumentos utilizados para a prática do Endomarketing Vários são os instrumentos que podem ser utilizados para a implantação de um processo exitoso. É importante destacar que os instrumentos devem ser adequados à realidade da empresa e devem ser executados a partir de um plano de implantação, conforme já referenciados. Inicialmente pode-se constatar que todos os instrumentos utilizados pela área de marketing para ações com o cliente/consumidor podem ser utilizados para o endomarketing. Os instrumentos tradicionalmente utilizados pelo marketing são folders, material promocional, pesquisa de satisfação, painéis, comerciais, jornais, atividades festivas com clientes, entre outros. Bekin (2004) expões alguns aspectos que devem ser considerados na definição dos instrumentos utilizados internamente como: contatos diretos entre os diversos níveis da empresa, processos de recompensa para o grupo e uma ampla rede de comunicação entre todos os níveis da empresa. Brum (1998) relaciona os instrumentos operacionais que podem ser utilizados: - confecção de vídeos que podem ser institucionais, de apresentação dos produtos (tem como objetivo colocar em contato direto a equipe interna com a realidade em que o seu produto é utilizado); - manuais técnicos e educativos os quais apresentam os produtos, os serviços os lançamentos, as tendências (em relação à tecnologia e à moda); - revista com história em quadrinhos; 26 - jornal interno com a utilização de vários encartes, como, por exemplo, área de recursos humanos, projetos, produção e associação de funcionários. Pode ser utilizada, também, a versão do jornal de parede; - cartazes motivacionais, informativos e de forma de quebra-cabeça, sempre com o objetivo de passar novas informações para a equipe interna; - canais diretos (reunião com o diretor, presidência ou ouvidor interno); - palestras internas, programas para apresentar as novidades da empresa, as tendências e a evolução da mesma, às pessoas que a desconhecem; - rádio interno para a divulgação de notícias; - vídeo jornal para a divulgação de lançamentos, pronunciamentos de diretores e gerentes; - intranet; - convenções internas: uso da equipe interna para a divulgação de atividades; - manuais de integração: muito utilizados para divulgação de alguns aspectos da cultura organizacional. Conforme destacado, vários são os instrumentos que podem ser utilizados. Eles apresentam uma variação em relação ao custo (implantação e manutenção), nível de envolvimento da coordenação (tempo dedicado para o desenvolvimento e manutenção do instrumento), abrangência (número de funcionários envolvidos) e durabilidade (necessidade de atualização). Assim, uma empresa que possui pouca disponibilidade de tempo para a coordenação do processo de marketing interno deve evitar a escolha dos instrumentos que exijam alto grau de envolvimento da coordenação. Caso contrário, corre o risco de ter problemas no desenvolvimento do seu plano. 3.2 – Treinamento e Desenvolvimento 27 Segundo Vilhena (2000) um dos resultados do conhecimento superficial sobre as estratégias da empresa para a real conquista do consumidor é a falta de compreensão destas estratégias e a ausência quase que toda de pessoas que vivam para solucionar dificuldades e problemas deste clientes. Ora, isto se encaixa naquilo que até aqui se enfatizou, ou seja, de que as pessoas, devem ser munidas de condições que lhe permitam uma real vivência com o produto e a empresa. O mesmo autor cita que “o desenvolvimento de uma visão holística de como funciona uma estratégia; o reforço de atitudes favoráveis em relação à estratégia e o desenvolvimento e reforço das habilidades de comunicação constituem ferramentas predominantes no gerenciamento do endomarketing”. (Vilhena, 2000). Pires (Gestão Estratégica da Qualidade, 2000) revela que há sensível relação entre os índices de qualidade obtidos pelas empresas e satisfação das pessoas que atuam nessas empresas, mais especificamente quanto à satisfação proporcionada pela educação e desenvolvimento das mesmas. O treinamento e o desenvolvimento estão intimamente relacionados à divulgação/oferta de informações às pessoas. A oferta de informações técnicas aos empregados também pode ser considerada como um processo de ensino/aprendizagem, o qual contribuirá em muito para a determinação do comportamento do indivíduo no ambiente organizacional. Segundo Hampton (Administração – Comportamento Organizacional, 1990), assim como as células do organismo humano, desde que privadas do oxigênio funcionarão mal e morrerão, também as pessoas, privadas de informações necessárias ao bom andamento das funções e cargos, estarão indispostas ao bom funcionamento, o que implicará em ineficiência para elas, para o departamento e para a empresa como um todo. 3.3 – Programa de Implantação do Endomarketing 28 Conforme comentários de Beckin só a partir de uma avaliação cuidadosa e sistemática do ambiente interno da empresa um programa de Endomarketing pode ter êxito, nessa avaliação obtemos os pontos fortes e fracos da empresa, do ponto de vista do ambiente interno traz a tona aqueles mesmos fatores presentes na avaliação estratégica do ambiente externo, conhecidos como SWOT. É, portanto um Swot interno, fazendo uma radiografia interna da empresa que se leva em conta suas forças (Strenghts), suas fraquezas (Weaknesses), as oportunidades existentes (Opportunities), e as ameaças a seu desempenho (Threats). Um exemplo bem óbvio e apropriado é uma empresa que pode estar perdendo uma boa oportunidade no mercado porque seu pessoal da linha de frente não recebe informações adequadas para uma visão correta da importância do bom atendimento ao cliente. Outro caso também bastante freqüente é o da baixa motivação dos funcionários, sobretudo daqueles em contato direto com o cliente, que constitui uma ameaça ao desempenho da empresa, e quando se identificam pontos de estrangulamento como esses, eles devem receber um tratamento prioritário do programa de Endomarketing. O grau de precisão de um diagnóstico é tão preciso quanto a realidade que nos cerca, explicando melhor, Endomarketing significa olhar a parte que conhecemos, instalações, equipamentos, pessoas, etc. Esse ambiente é muito diferente do mercado externo da organização, que não permite controle ou precisão, quanto mais certeza se tem acerca de um diagnóstico interno, maiores as chances de viabilidade de projetos externos. Antes de qualquer coisa o diagnóstico precisa ser do conhecimento da direção e do escalão gerencial e, mais do que isso precisa ser compreendido e aceito, conhecer o diagnóstico, saber de sua implantação, é uma coisa, mas 29 compreender seu alcance é uma etapa muito além do simples conhecimento, que permite uma decisão aberta acerca do objetivo a ser atingido. Dessa forma, ao tomar parte na discussão do diagnóstico, já se está trabalhando na direção de soluções, e a participação dos envolvidos, hoje essa participação tende a ser muito mais ampla, já que é dinamizada por um recurso de alta tecnologia, a intranet e a Internet interna da empresa. A demanda para a troca on-line de informações fez com que as empresas de tecnologia reconhecessem o ambiente interno de uma organização que é próprio para a criação de uma pseudo-internet, criou-se então uma rede interna de computadores e servidores para as empresas, e isso se denominou intranet. De acordo com Wilson Cerqueira (1994), quanto à implantação do Endomarketing podem ser classificados como, projetos sistêmicos e projetos de irradiação cultural. Os projetos sistêmicos são aqueles implantados, obrigatoriamente, em toda a empresa para servir de base para outros projetos ou como fator de valorização e reconhecimento do ser humano, já os projetos de irradiação cultural são projetos implantados em áreas voluntárias e que contaminam outras áreas, gerando sua expansão. São mais lentos no seu desenvolvimento, no entanto consolidam efetivamente o sistema que pretendem desenvolver. Quanto à gestão dos projetos, podemos classificá-los como: • Projetos de cúpula; • Projetos de linha gerencial; • Projetos de base Os projetos de cúpula são aqueles desenvolvidos e operacionalizados pelos diretores de empresas, os projetos da linha gerencial, são aqueles que visam à integração e à melhor comunicação dos níveis intermediárias de chefia e são administradas e o projeto de base são aqueles desenvolvidos e 30 operacionalizados pelos níveis inferiores de chefias, em conjunto com seus respectivos funcionários. Na realidade nenhuma empresa deve partir para a implantação dos projetos de Endomarketing sem compreender a interdependência que existe entre os projetos de segurança cultural e os projetos de base, isto é, alguns projetos básicos necessitam, antes de sua implantação, que seja do comprometimento, vai ser desenvolvida entre os níveis de chefia. É muito comum o represamento decisório dos chefes intermediários quando recebam uma alavancagem de baixo para cima, de um problema que necessita de uma decisão superior, mas que, ao subir, colocará em dúvida a sua competência técnica ou gerencial. Neste caso o problema para ali, fica na gaveta, e para baixo fica a insatisfação de um problema que perdura sem solução e o mais grave, sem nenhuma resposta, normalmente esse tipo de represamento decisório líquida com o comprometimento, não só do chefe-subordinado, bem como do seu grupo, pois a motivação psicológica fica afetada, na medida em que os problemas ficam abandonados sem o mínimo de comprometimento superior. O que falta muitas vezes, nas bases operárias, não são apenas soluções, mais sim respostas, pois sabemos que nem tudo pode ser resolvido em função dos custos, políticas internas, etc. No entanto, precisamos da transparência dos níveis superiores dizendo o porquê das decisões tomadas. 3.4 – Dificultadores do programa de endomarketing São alguns dificultadores no programa de implantação endomarketing: - falta de informação sobre a empresa e seus processos; - desconhecimento quanto à própria performance no trabalho; do 31 - desapontamento pela perda de uma promoção; -inexistência de condições necessárias para a execução de determinada tarefa (infra-estrutura); - acúmulo de tarefas; - aumento do número de tarefas; 32 CAPÍTULO IV OS RESULTADOS OBTIDOS COM O ENDOMARKETING 4.1 - Motivação A motivação é um processo global que visa comprometer o funcionário com os objetivos da empresa e integrá-lo à cultural organizacional da existente. Como um processo, a motivação tem uma seqüência constituída pelas seguintes etapas: estímulo, esforço, desempenho, valorização, recompensa, satisfação e comprometimento. Estabelecer um processo permanente de motivação do funcionário é o que caracteriza precisamente o Endomarketing. Três pontos essenciais para atender as expectativas dos funcionários: o reconhecimento pelo seu trabalho, o reconhecimento como indivíduo, uma remuneração adequada. Assim, todo programa de motivação ou valorização deve aprofundar ao máximo essas três expectativas básicas. “ No ciclo motivacional, muitas vezes a tensão provocada pelo surgimento da necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para sua liberação. Não encontrando saída normal, a tensão represada no organismo procura um meio indireto de saída, seja, por via psicológica (agressividade, descontentamento, tensão emocional, apatia, indiferença etc.), seja por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões cardíacas ou digestivas etc) Outras vezes, a necessidade não é satisfeita nem frustada, mas transferida ou compensada. Isto se dá quando a satisfação de uma outra necessidade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade que não pode ser satisfeita”. (Chiavenato, 1999) 33 As empresas constataram que para alcançar motivação e entusiasmo permanentes das equipes, devem valorizar a participação e o potencial criativo de cada um, visto que o envolvimento de seus funcionários traz benefícios para seu crescimento e rentabilidade. O trabalho é uma forma de realização pessoal e para que o indivíduo tenha vontade de executar suas funções com eficiência e eficácia, é imprescindível que ele se sinta motivado. Pode-se dizer que existe uma relação direta entre a motivação do funcionário e os sucessos nos negócios da empresa, ou seja, melhores resultados em produtividade e lucro são alcançados pelas empresas que motivam mais os seus funcionários. Outro princípio importante é a necessidade de um feedback constante. Todos os indivíduos gostam de saber como está seu desempenho e serem reconhecidos pelo que foi feito. Elogios fazem com que os funcionários procurem continuar fazendo bem feito um trabalho que foi reconhecido e elogiado por seus superiores. Também saber, como se sente um funcionário é importante para compreender o que pode prejudicar no desempenho que poderia ser brilhante. A integração na vida profissional pode ser alcançada quando organização e colaboradores compreenderem que a motivação no ambiente de trabalho depende de ambas as partes. Apesar disto tudo, não existe uma receita para motivar as pessoas. Por essa razão é necessária uma reflexão maior sobre o processo motivacional do ser humano. Essa reflexão é importante já que hoje são as pessoas que fazem a diferença do mundo moderno. As organizações não querem mais alguém que apenas cumpra ordens e execute tarefas mecânicas. Para isso foram criadas as máquinas. As organizações esperam que seus funcionários sejam capazes de criar, ousar, inovar e desafiar os desafios existentes. 34 4.2 - Processos de Motivação São critérios para a criação de um processo de motivação: • prioridade para a motivação do grupo de trabalho, com chamamento à parceria , cooperação e lealdade; • valorização do indivíduo dentro do seu grupo; • integração baseada nos valores e objetivos da empresa; • reforço contínuo de uma atitude baseada em valores compartilhados; • recompensas e prêmios dirigidos ao grupo; • criação de um ambiente de interação dentro da empresa; • envolvimento dos funcionários no planejamento e na tomada de decisões; • estímulo à iniciativa e à atitude criativa; • delegação de poderes de acordo com a natureza da função exercida; • 4.3 remuneração adequada. - Vantagens e Benefícios na Implantação de um Projeto de Endomarketing Segundo Wilson Cerqueira (1994), manter um relacionamento afetivo, participativo e de cooperação nos componentes do grupo, visando assegurar o cumprimento das metas traçadas pela empresa. A interação das chefias, principalmente as de base, com o diretor, cria um vínculo de maior comprometimento com a empresa. A conversa informal dos mais diversos assuntos facilita o conhecimento mútuo entre as pessoas e a identificação das satisfações. 35 Já para Brum Medeiros (2000), as empresas oferecem mais benefícios do que imaginam, mas acabam reféns da percepção do público interno. Como o empregado não reconhece a empresa também acaba por não acreditar no valor daquilo que oferece Benefício segundo esta autora não é apenas assistência médica e ticket de restaurante. Benefício é tudo o que é oferecido ao público interno para que ele tenha uma melhor qualidade e bem-estar. Uma refeição com menos caloria, um programa de treinamento, uma palestra motivacional, tudo é uma forma de benefício. A visão da empresa em relação a esse assunto é que precisa ser mudada. Esse é o primeiro passo no sentido de obter uma percepção positiva por parte do público interno. Todas essas vantagens geradas pelo endomarketing e também a informação é um benefício. Isso quando o empregado consegue reconhecê-la com um benefício, o bom relacionamento ente a empresa e colaborador. A implantação de um programa de endomarketing gera alguns benefícios, segundo Saul Bekin (1995), como a implantação de um portal B2E pode servir como uma importante ferramenta para integrar empresas multinacionais ou dispersas geograficamente, bem como facilitar a integração das novas aquisições. É um recurso, assim como para a disseminação de campanhas internas aproveitando os recursos multimídias disponíveis em uma intranet. 4.4 - Pré Requisito para o Sucesso de um Projeto de Endomarketing 36 De acordo com os estudos de Ponce (1995) acerca dos fatores críticos de um sucesso de um projeto de endomarketing, chega-se a algumas conclusões. Primeiro, que o sucesso do mesmo depende de uma administração adequada, entendida aqui como um processo de troca entre organização e indivíduos capaz de estimular em ambos uma atitude positiva e atingir com eficiência os objetivos da organização. Idealmente, um programa de marketing interno busca a integrar a participação de todos os elementos da organização. Segundo, que um projeto abrangente preocupa-se como recrutamento, seleção, treinamento, motivação, comunicação e esforços para reter os melhores empregados. Assim, é de responsabilidade da organização elaborar descrições específicos de cargo e procedimentos efetivos de recrutamento. Uma vez contratados, os empregados devem começar a participar de programas de treinamento que lhes forneçam uma visão geral da empresa e possibilitem a percepção da importância de seu papel dentro da organização. A motivação dos empregados, por sua vez, pode ser estimulada por programas de incentivos, técnicas de formação de equipes e reuniões de staff, dentre outras. Em relação à comunicação, a organização deve estabelecer um canal eficiente de troca de informações entre o empregado e a empresa. Para tanto, pode-se utilizar jornais internos, vídeos, seminários e workshops, por exemplo. Especialmente em empresas de serviços, a comunicação interna com os empregados pode ser mais importante do que qualquer comunicação externa com os clientes. Para identificar as necessidades e desejos dos empregados, os administradores de marketing devem realizar pesquisas periódicas no interior da organização. Para reter os profissionais competentes, devem assegurar que 37 os salários sejam competitivos e o sistema de bônus atraente (incluindo horas flexíveis, refeitórios, planejamento de carreira, etc). Uma colocação interessante apresentada na tese de Ponce (1995) é a que se refere aos sentimentos de um empregado em relação ao seu emprego, os quais podem ser subdivididos em cinco dimensões: 1 – as que dizem respeito à satisfação com o trabalho propriamente dito; 2 – as que dizem respeito à satisfação com o sistema de remuneração (salários e benefícios); 3 – as que dizem respeito à satisfação com as perspectivas de promoção; 4 – as que dizem respeito à satisfação com a supervisão e a comunicação; 5 – as que dizem respeito à satisfação com o relacionamento com os colegas de trabalho. Outros três pontos fundamentais que constituem pré-requisitos para um sucesso de um projeto de endomarketing são: o envolvimento com o trabalho, o engajamento organizacional e a motivação para o trabalho. Vejamos cada um deles: • Envolvimento com o trabalho: diz respeito ao grau de absorção das atividades. Indica o quanto uma pessoa se identifica psicologicamente com o seu trabalho e o quanto sua performance afeta sua auto-estima. Os administradores devem ser capazes de identificar os empregados não engajados e colocá-los em posições mais adequados a seus desejos e habilidades. • Engajamento organizacional: refere-se ao quanto o funcionário deseja permanecer como membro da organização, acreditando e aceitando seus valores e objetivos. O engajamento pode ser estimulado pelos administradores, especificamente, quando os empregados passam a ser considerados integrantes valiosos da 38 empresa, e a eles são atribuídas atividades desafiadoras e recompensadoras. • Motivação no trabalho: é o que energiza, direciona, canaliza e sustenta o comportamento e as ações do pessoal. A motivação pode ser estimulada por alguma recompensa ou sentimento que o empregado espera receber como resultado de seu bom desempenho. Finalmente, o sucesso de um projeto de endomarketing dependerá: • de ser considerado parte integral da estratégia de gerenciamento; • de ser condizente com a estrutura organizacional implementada; • de receber apoio constante e ativo tanto da alta administração como de todos os empregados. O sucesso das atividades de marketing interno só será alcançado quando a empresa assegurar que seus empregados estejam motivados a atingir uma performance orientada para o cliente ou serviço e, ao mesmo tempo, dispostos a permanecer como membros da organização. 4.5 - Os resultados que podem ser obtidos com o Endomarketing Segundo Brum de Medeiros,1998: “ Pode parecer exagero dizer que o principal resultado que as empresas obtêm de um bom programa de endomarketing é fazer com que as pessoas sejam felizes no seu ambiente de trabalho. Não se trata de espírito caridoso com os funcionários. Investir em um bom clima organizacional aumenta a produtividade, agiliza as decisões e baixa a rotatividade de pessoal”. 39 Como resultados que podem ser obtidos de um programa de endomarketing completo, poderíamos citar uma infinidade de fatores, mas preferimos nos deter em quatro, que são: • Postura interativa – que significa sintonia entre empresa e funcionários, com iniciativa no estabelecimento de contatos, manutenção de uma relação próxima e amigável, observação de reações e doação de atenção entre as duas partes. • Transparência – que trabalha a clareza na ação de comunicação interna através de colocações objetivas e diretas, uso de uma linguagem clara e compreensível de preocupação com a correta assimilação da mensagem. • Democracia – que estimula a participação e o consenso através de compartilhamento de decisões e informações e demonstração de real interesse pela opinião das pessoas. • Foco – que orienta a empresa para resultados através de organização e planejamento de ações a partir da definição de metas a serem perseguidas, priorização de assuntos relevantes e de uma ampla visão sobre os contextos interno e externo da empresa. A empresa que tiver essa visão conseguirá operar dentro da lógica das pessoas que nela trabalham e, a partir dessa lógica, poderá ver o mundo de uma outra forma. 40 CONCLUSÃO Com o trabalho apresentado, concluimosí que o endomarketing vem se apresentando como uma alternativa moderna para aumentar no tempo e no espaço, de acordo com a situação e o indivíduo a valorização do cliente interno e externo. Varia no mesmo indivíduo em épocas e situações diferentes. Seus fatores ou razões, ou seja, os motivos humanos, exibem forças diversas, tanto em pessoas e situações diferentes, quanto na mesma pessoa em situação e época distintas do processo de globalização. A crescente valorização da atividade de recursos humanos nas empresas modernas preconiza a convergência de esforços da organização para atender prioritariamente o cliente interno, para que este se volte de corpo e alma para a satisfação do cliente externo. Trata-se do objetivo a ser perseguido na prestação de serviços de qualidade, compromisso número um que deve ter qualquer empresa. Este conceito de qualidade implica o comprometimento total dos funcionários de todos os níveis com os objetivos da empresa. Um programa de endomarketing bem feito é capaz de tornar o funcionário um ser comprometido com a nova postura da empresa e com a modernidade, cada um em sua área de atuação e por meio do seu trabalho. Tudo o que é feito no sentido de uma maior aproximação empresa / funcionário, do programa mais sofisticado à ação mais simples, está inserido no contexto do endomarketing. Constatamos assim, que o processo varia de acordo com as características de cada organização. Porém os programas de treinamento não 41 são o bastante. Para que se obtenha continuidade, o papel da gerência em geral é de suma importância. Por fim, podemos concluir, o grande avanço das empresas que ampliaram sua visão, na busca da aplicação do Endomarketing como sendo uma ferramenta de sucesso em sua gestão, pois, conforme estudo o Endomarketing é uma das soluções para os problemas de comprometimento de funcionários com a organização. Então, é necessário que a empresa priorize o plano e que haja envolvimento de sua alta administração, para que os resultados sejam alcançados, buscando melhoria e satisfação de todos. 42 43 44 Vamos todos faturar | 03.04.2000 Como o Grupo Luiza está transformando todos os seus funcionários em vendedores Por Cristiane Mano EXAME Aliandra de Oliveira, uma paulista de 25 anos, abre um sorriso e tira do bolso um pequeno pedaço de papel. É um contrato de consórcio. Ela tem apenas 2 minutos para convencer o cliente, do outro lado do balcão, a preenchê-lo. Que tal uma geladeira nova em 20 prestações? Ou um fogão em 30 vezes? A principal função de Aliandra, caixa de uma das lojas do Magazine Luiza, em Sertãozinho, no interior de São Paulo, não é oferecer nada ao cliente e, sim, cobrá-lo. Ela é, no entanto, uma das funcionárias que mais vendem consórcio em todas as 96 lojas da rede, espalhadas pelos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Funcionários polivalentes, cujo objetivo final é aumentar o faturamento estejam eles na função em que estiverem, fazem parte do cenário nas lojas do Magazine Luiza. "É quase impossível entrar em qualquer uma de nossas lojas sem receber a oferta do consórcio de vendedores, caixas ou mesmo de auxiliares de cobrança", diz Agenor Roveda Júnior, diretor do Consórcio Luiza, uma das empresas do grupo, que faturou 538,5 milhões de reais em 1999. Esses casos são resultado de uma das várias campanhas de endomarketing, um termo técnico para motivação. Seu objetivo é fazer com que os funcionários da empresa comprem uma idéia para poder vendê-la com mais eficiência aos clientes. Fazer com que o trabalho de cada empregado tenha um impacto direto e mensurável no resultado final da corporação. A campanha de venda de consórcios do Magazine Luiza começou há dois anos. Desde então, a empresa deixou de concentrar todos os seus esforços em promoções para os consumidores para desenvolver a motivação de seus funcionários. O ponto alto acontece uma vez por ano, quando o 45 campeão de vendas de consórcio ganha um carro zero-quilômetro. Aliandra ganhou um Palio no início deste ano pelas suas 405 vendas de consórcio feitas no ano passado. "Passei a me empenhar nas vendas quando vi o que poderia ganhar", diz ela. Alexandra Dandaro, de 21 anos, que trabalhou como caixa em uma das lojas da rede em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, foi a campeã de vendas de 1998: foram 308 cotas. Alexandra vendeu o Palio para pagar as prestações de sua festa de casamento. Seus resultados foram tão bons que ela foi promovida a vendedora em meados do ano passado. "Queremos que cada funcionário sinta-se responsável pelos resultados da empresa", diz Luiza Helena Trajano Rodrigues, 49 anos, superintendente do Magazine Luiza. Foi a necessidade que fez com que o consórcio ganhasse a atenção dos executivos do grupo. As vendas de eletrodomésticos e móveis caíram 5,3% em 1998 (veja o quadro acima). Nessa época, as redes de varejo do país passaram a sofrer a ameaça (muitas vezes concretizada) da inadimplência. "Havia uma faixa de público (que não podia pagar à vista nem a prazo) que não atendíamos", diz Luiza Helena. "Achamos que os consórcios poderiam atraí-la." Desde 1997, as vendas de cotas mais do que dobraram - passaram dos 2,8 milhões de reais em 1997 para 6,6 milhões no ano passado. "O consórcio é uma forma de garantir um volume de vendas a médio e longo prazo", diz Nelson Barrizzelli, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP e especialista em varejo. O primeiro passo foi criar um ambiente competitivo entre os funcionários. "O mais importante é estabelecer metas possíveis", diz Roveda. Desde janeiro de 1998, todos que trabalham no grupo - inclusive o pessoal da área administrativa - usam broches brancos. À medida que o funcionário vende cotas, ele recebe broches de cores diferentes: para uma cota vendida, bronze; para três, prata; para cinco, ouro; e para trinta, diamante. A contagem dos pontos recomeça todos os meses. A própria equipe pressiona quem não se livra do broche branco. "É preciso fazer o funcionário pegar gosto pelas promoções, com prêmios pequenos", diz Pedro Furquim, consultor de marketing do consórcio Luiza. Todas as vezes em que recebe um novo broche, 46 o funcionário ganha uma raspadinha. Ali, há prêmios em dinheiro ou em produtos da loja. "Montei minha casa com esses prêmios", diz Alexandra. Para entender melhor por que havia resistência de membros da equipe para a venda das cotas, Roveda criou grupos do pessoal administrativo do consórcio que visitam as lojas todos os meses. No final de 1998, eles descobriram, por exemplo, que os funcionários achavam o processo de preenchimento dos contratos muito demorado - cerca de 25 minutos. Depois de um mês, foram criados contratos simplificados, que cabem no bolso da camisa do uniforme dos funcionários do magazine. Como os salários de todos - até os dos faxineiros - variam conforme os resultados da empresa, a eficiência é cobrada pelo próprio grupo. "A equipe sente que, se um colega não colabora para os resultados, ele está ganhando nas costas de todos", diz Roveda. Em dezembro do ano passado, ele foi comunicado de que o grupo decidira demitir um funcionário da área de finanças. Roveda apenas avaliou as justificativas do grupo e acatou a decisão. Nos próximos meses, a campanha passará a associar as premiações à qualidade das vendas, em vez de apenas distribuir prêmios aos recordistas. Para os vendedores de consórcio de carros, isso já funciona. A cada trimestre, aquele que tem o menor número de clientes que desistiram do consórcio ganha um prêmio de 2 000 reais. Resultado: cerca de 30% dos desistentes são recuperados. Maurício Alberto de Souza, de 38 anos, um dos 150 vendedores que trabalham nos representantes exclusivos do Consórcio Luiza, foi premiado no segundo trimestre do ano passado. Ele vendeu 85 contratos - sendo que 76 deles não foram desfeitos. A idéia é fazer com que o vendedor se sinta motivado a cuidar do cliente. "Costumo ligar para eles depois das vendas, perguntar se o boleto chegou no dia certo, saber se eles têm alguma dúvida ou problema", diz Souza. O prêmio pagou sua viagem a Camboriú, no litoral catarinense, com a mulher e os três filhos. "O segredo para incentivar uma equipe é não cair na monotonia", diz Roveda. "Chega uma hora que até carro zero-quilômetro enjoa." PORTAL EXAME 47 Vida de palhaço | 26.07.2000 O circo corporativo não pode parar Por Max Gehringer EXAME Seu Waldemar é um nobre e instruído senhor de 93 anos de idade que vive em São Paulo. No caso dele, "nobre" não é só um adjetivo para ressaltar suas qualidades morais. Ele é nobre mesmo: seus tataravós, franceses de Grenoble, possuíam o que se chamava de "sangue azul". E "instruído" ele foi além da conta: formou-se advogado em 1928, numa época em que a maioria da população brasileira era analfabeta e o resto só escapava de ser porque conseguia assinar o nome. Diplomas universitários, então, nem falar: eram privilégio de uma insignificante e seleta minoria. Munido de tantos diferenciais, é claro que seu Waldemar teve uma longa e brilhante carreira, que o fez famoso e lhe deu recursos suficientes para, depois de 70 anos de estrada, botar o chinelão e curtir uma sossegada aposentadoria. Quem o conheceu não tem dúvida em afirmar que ele deu certo na vida porque, como profissional, foi o que foi: um verdadeiro palhaço. Seu Waldemar Seyssel era o palhaço Arrelia. E a opção por ser uma cara pintada de alegre no meio de um povo sem muitas alegrias não o transformou num cidadão inconseqüente, desses que passam a vida fazendo palhaçadas. Ser palhaço foi apenas a profissão de seu Waldemar, tão digna quanto teria sido a de advogado. Ele dava expediente vestido de Arrelia porque o terno e a bengala eram seu uniforme de trabalho. Como qualquer profissional que, nos dias de hoje, passa a maioria de suas horas úteis num escritório, desempenhar as funções de Arrelia ocupava a maior parte do tempo de seu Waldemar. De resto, ele foi um homem sério, que soube administrar com competência sua carreira no rádio ou no circo, em cinema, teatro, televisão, discos, revistas em quadrinhos e comerciais. Quem um dia decidiu encerrar a carreira foi seu Waldemar, não o Arrelia, porque palhaços não se aposentam, viram lembranças. E lembranças são eternas. 48 Essa imagem, de alguém que de repente consegue transformar nossa sisudez corporativa em um sorriso e fazer nossa sonolenta rotina dar uma cambalhota, me ficou bem clara há algumas semanas. Eu e um grupo de amigos nos encontramos e começamos a lembrar histórias de uma empresa em que trabalhamos juntos. Ela era, em síntese, um pé no saco. Tinha uma administração, vamos dizer, "vetusta", e uma cultura interna que privilegiava o silêncio sepulcral, com regras de comportamento definidas em uma cartilha cujo primeiro item já alertava: "Não estamos aqui para nos divertir; estamos aqui para trabalhar com denodo e obstinação". Além do detalhe, bastante revelador, de que a primeira palavra da cartilha era "não", tinha também o "denodo", que mais parece nome de remédio contra caspa, mas quer dizer, como explica o Aurélio, "intrepidez e destemor". Só que os funcionários tinham de parecer exatamente o oposto disso: atemorizados e desintrépidos, se é que a palavra existe. Mas, conversa vai, conversa vem, começamos a recordar episódios que na época nos davam úlceras colossais. E que hoje só nos fazem rir. Porque, contrastando com o cinza-circunspecto daquele escritório, lá havia um par de arrelias, palhaços corporativos que sabiam transformar as situações banais em gargalhadas. Depois de uma boa hora de papo, nos surpreendemos ao notar que todas as histórias que tínhamos recordado até então giravam em torno daquelas figuras arrelientas. Elas eram as únicas pessoas lá que sempre conseguiam enxergar o lado pitoresco de qualquer episódio mais sofrido, ou a graça enrustida nas tarefas mais corriqueiras. Àquela gente, nós todos devíamos algo impossível de pagar: raros e coloridos momentos de descontração. Daí em diante, a conversa ficou, com o perdão da palavra, sociológica. Fomos percebendo que em todas as empresas por onde passamos convivemos com arrelias, e muitas vezes - para nosso tardio arrependimento - ignoramos sua importância. Pelo enfoque puramente contábil com que as empresas cobram nossa contribuição, arrelias não são benquistos porque significam um "incômodo". Eles sempre nos vêm arreliar com suas anedotas justamente quando estamos ocupados demais para ouvi-las. Já sob a perspectiva dos que são 49 responsáveis por manter um ritmo de trabalho obstinadamente competitivo, é pior ainda: arrelias são uma "distração" porque interferem na rota interna de navegação, cuidadosamente traçada rumo aos resultados assépticos. Eles estão sempre tentando descobrir onde fica o limite do corporativamente tolerável. Algumas vezes o ultrapassam, e são chamados de "desestabilizadores". Os arrelias corporativos correm mais riscos do que a platéia que ri de suas graças, ou que as detesta. Porque eles são alvos fáceis, e portanto precisam ser muito mais competentes do que a média para conseguir sobreviver no emprego e progredir na carreira. Mesmo assim, como seu Waldemar, os arrelias sabem remover os obstáculos que estão no caminho de sua ascensão na hierarquia sem nunca perder uma oportunidade para demolir o lado ridículo do sistema. Afinal, foi por essa razão que os palhaços apareceram no mundo: eles levam os tombos e as bordoadas que nós não queremos levar, mas em compensação dizem o que todos gostaríamos de poder dizer. Um legítimo arrelia é original e criativo. Conheci um que inventou um bordão que sempre o livrava de dar sua opinião sobre temas inócuos: "Se for para pensar, eu despenso". Mas a especialidade dos arrelias corporativos é mesmo a crítica temperada com bom humor. No fundo, eles existem para nos fazer rir de nós mesmos, sem muita sutileza. Voltando àquela empresa de que eu falava, certa vez, numa reunião de que participamos, foi-nos apresentado um "Programa de Endomarketing com Ênfase no Relacionamento Interpessoal". Nós nos sentimos algo incomodados com tanta embófia, mas reagimos com a seriedade apropriada para a ocasião. Isso até o arrelia de plantão perguntar: "Mas quer dizer o quê? Que vamos ter de começar a dizer por favor e obrigado ?" Todos caímos na gargalhada. Após a reunião, o comentário geral foi: "Mas aquele cara não tem jeito, é um palhaço!" Agora, quando o assunto ressurgiu em nosso papo, ninguém lembrou que fim levara o tal endomarketing, mas a frase do arrelia foi citada de cor por todos os presentes. Porque, só aí a gente percebeu, ela foi a única coisa interessante que aconteceu na reunião. 50 A vida corporativa, todo mundo já sabe, é um circo. Ali estão os domadores de funcionários rebeldes, os equilibristas que andam na corda bamba, os trapezistas sempre tentando dar aquele salto consagrador, o apresentador que não tem nenhuma habilidade a não ser a de se vestir com garbo e falar em letra de fôrma. No meio dessa trupe de especialistas, aliviando as tensões e mostrando que nada daquilo faz sentido se não houver alegria, está o arrelia. No dia-a-dia, são as grandes atrações executivas que aparecem mais, encantam o respeitável público e ganham os maiores aplausos. Com o tempo, os nomes desses domadores e trapezistas vão caindo no esquecimento. Os arrelias é que são sempre lembrados porque, sem eles, o espetáculo corporativo pode até continuar. Mas fica sem graça. PORTAL EXAME 51 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA BEKIN, Saul Faingaus. Conversando sobre Endomarketing. São Paulo: Makron Books, 1995 BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing : Como Estratégia de Gestão: Encante Seu Cliente Interno. L&PM, Rio Grande do Sul, 1998. CERQUEIRA, Wilson. Endomarketing: Educação e Cultura para a Qualidade, Rio de Janeiro, Qualitymark, 1994. GRÖNROOS, Christian. Marketing: Gerenciamento e Serviços; A Competição por Serviços na Hora da Verdade. Rio de Janeiro, Campus, 1995. KOTLER, Philip. Administração de Marketing: Análise Planejamento e Controle. São Paulo, Atlas, 1991. www.portaldomarketing.com.br/artigos/endomarketing.htm - 31/08/2006 www.guiarh.com.br/prh6.htm - 31/08/2006 www.comunicacaoempresarial.com.br/conceitoendomarketing.htm 31/08/2006 www.endomarketing.com/artigos.htm - 06/09/2006 - 31/08/2006 - 52 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTOS 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 SUMÁRIO 6 INTRODUÇÃO 7 CAPÍTULO I ENDOMARKETING 1.1 – Definição de Marketing 9 1.2 – Endomarketing: Conceito e Importância 10 1.3 – Objetivos e Aplicações do Endomarketing 13 1.4 – Diferença entre Comunicação Interna e Endomarketing 14 CAPÍTULO II ENDOMARKETING E A IMAGEM CORPORATIVA 2.1 – O Endomarketing como Estratégia de Gestão 16 2.2 – Comprometimento com o cliente “em primeiro lugar” 17 2.3 – Imagem Corporativa 19 2.4 – O Planejamento do Programa de Endomarketing 21 2.5 – Conexões com o RH e o Marketing 22 CAPÍTULO III COMO IMPLANTAR UMA ESTRATÉGIA DE ENDOMARKETING 3.1 – Instrumentos utilizados para a prática do Endomarketing 25 3.2 – Treinamento e Desenvolvimento 26 3.3 – Programa de Implantação do Endomarketing 27 3.4 – Dificultadores do Programa de Endomarketing 30 53 CAPÍTULO IV OS RESULTADOS OBTIDOS COM O ENDOMARKETING 4.1 – Motivação 32 4.2 – Processos de Motivação 34 4.3 – Vantagens e Benefícios na Implantação de um Projeto 34 de Endomarketing 4.4 – Pré Requisito para o Sucesso de um Projeto 35 de Endomarketing 4.5 – Os Resultados que Podem ser Obtidos com o 38 Endomarketing CONCLUSÃO 40 ANEXOS 42 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 51 ÍNDICE 52