Droga na vida depois dos 60 - Política Estadual sobre Drogas

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Política Estadual sobre Drogas -
Droga na vida depois dos 60
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Postado em:07/07/2008
Em geral, o abuso de drogas é relacionado à juventude. Não faltam pesquisas que mostrem o
avanço do consumo de substâncias lícitas ou ilícitas dragando usuários cada vez mais novos. Mas,
quando a dependência química é relatada na terceira idade, o cenário também se mostra desolador.
Em geral, o abuso de drogas é relacionado à juventude. Não faltam pesquisas que mostrem o
avanço do consumo de substâncias lícitas ou ilícitas dragando usuários cada vez mais novos. Mas,
quando a dependência química é relatada na terceira idade, o cenário também se mostra desolador.
A dependência, associada a outras doenças degenerativas, é extremamente debilitante para os
mais velhos. Isso quando o paciente consegue romper a faixa dos 60 anos. De acordo com dados
da Organização Mundial de Saúde, o álcool – a droga lícita mais consumida em todo o planeta – é
responsável por 3,2% de todas as mortes registradas anualmente. O efeito devastador sobre a
saúde do sujeito consome 4% dos anos de vida útil. Na América Latina, esse desgaste chega a
16%. A projeção do Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) mostra que o brasileiro
pode viver até 72 anos, em média. Não será o caso de quem abusa do álcool desde os 18 anos. Ele
corre o risco de não chegar lá: a doença baixa a expectativa de vida para 60 anos. Fim da linha ou
recomeço? O Hospital San Julian, em Piraquara, tem 350 pacientes internados. Vinte e dois deles
têm mais de 60 anos. E o clima frio contribui para o aumento da procura dos pacientes mais velhos.
“Eles dizem que a pinga ajuda a esquentar”, explica a enfermeira Viviane Cristina Teixeira de
Menezes. “Quadros depressivos também são comuns em pacientes idosos que apelam para a
bebida”, observa o psiquiatra João Carlos Scalzo, diretor clínico e técnico do hospital. O San Julian
é a última fase do tratamento disponível no SUS. Quando o atendimento ambulatorial e de
hospital-dia não deu conta da dependência do paciente, ele é encaminhado para atenção intensiva.
Efeitos No organismo do idoso, o efeito do álcool é mais rápido. Há co-morbidades que complicam
o tratamento e exigem da equipe de atendimento manejo diferenciado nas diversas etapas, como a
abstinência e o uso da medicação adequada. Déficits cognitivos Memória afetada, dificuldade de
concentração e de atenção, demências, transtornos de humor. Reações patológicas Cardiopatias
alcoólicas, hipertensão e neuropatia, como dificuldades motoras, de equilíbrio e deslocamento. A
dependência química na terceira idade ocorre, na grande maioria, por causa da bebida. É nesta
faixa etária que o diagnóstico de alcoolismo está consolidado. Muitas vezes o paciente adquiriu o
vício ainda jovem ou na idade adulta, e o tempo só acentuou o comportamento nocivo. Ainda que
seja a camada da população com maior índice de abstenção – de acordo com o I Levantamento
Nacional sobre o Padrão de Consumo de Álcool na População Brasileira, divulgado pela Secretaria
Nacional Antidrogas, divulgado em 2007 – o tratamento do dependente químico idoso requer
manejo diferenciado e abordagem específica. A Clínica Nova Esperança, em Curitiba, tem uma
média de 9% dos pacientes internados acima de 55 anos. Assim como o doente adulto jovem, o
idoso precisa ser avaliado de forma integral, considerando algumas particularidades. “É preciso
observar a dimensão social desse paciente. Qual a rede de apoio familiar que ele dispõe para sua
recuperação, sua condição de saúde em geral, patologias associadas e o que já é conseqüência do
vício”, explica o assistente social José Plínio do Amaral Almeida. Além da abordagem cuidadosa, a
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administração da medicação precisa ser rigorosamente controlada. Isso porque além de interferir no
controle das demais doenças existentes – cardiopatias e hipertensão, por exemplo –, corre-se o
risco de contribuir para outros quadros de dependência química, ligada aos medicamentos. Ainda
que o álcool seja o vilão número um do abuso de drogas na terceira idade, há casos de
dependência de medicamentos, principalmente ansiolíticos. Pílula azul O farmacêutico Rubens
Bendlin, da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), chama atenção para outro tipo de medicamento
que vicia e tem no idoso um consumidor de risco. Usados sem indicação médica e adquiridos no
mercado negro – o que nem sempre garante sua procedência e qualidade –, os remédios para
impotência sexual são um elemento novo na cartela de substâncias que provocam dependência nos
mais velhos. “Já há casos de relatos de violência sexual dos homens idosos contra mulheres, netos
e familiares, por causa do uso indiscriminado desses medicamentos”, aponta. Outro reflexo desse
comportamento é o crescimento da aids entre os mais velhos, homens e mulheres. Não há política
específica de atendimento ao dependente idoso na rede pública de saúde. A atenção à faixa etária
acima dos 60 anos segue o padrão preconizado para o paciente adulto, adotado pelo Ministério da
Saúde, que é de desospitalização. No Paraná esse atendimento é feito em ações terapêuticas,
preventivas, educativas e reabilitadoras. A atenção básica é feita nos Centros de Atendimento
Psicossocial, os Caps, distribuídos em todo o estado e em diferentes níveis de complexidade, de
acordo com a abrangência territorial. Curitiba tem 13 Caps: cinco unidades para atendimento de
adultos e uma para crianças e adolescentes, especializados em dependência química. Os demais
também fazem o atendimento de saúde mental, como transtornos psiquiátricos.
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