TRANSFORMAÇÕES ESPONTÂNEAS Entropia Uma reacção diz-se espontânea se ocorre quando se juntam os reagentes em determinadas condições de pressão, temperatura, pressão, concentração, etc. Energia de Gibbs e Equilíbrio Por exemplo, À temperatura ambiente, o sódio reage espontanea e irreversivelmente com água, com libertação de calor Disciplina Química II Na + H2O MEQ, 2º semestre 2013/14 NaOH + ! H2 Ana Margarida Martins Há reacções espontâneas que requerem energia do exterior. Por exemplo, O NH4NO3 dissolve-se espontaneamente em água, à temperatura ambiente, Outras reacções podem não ser espontâneas à temperatura ambiente, mas sê-lo a temparaturas mais elevadas, como, por exemplo, a decomposição de HgO absorvendo energia, NH4NO3(s) 2HgO(s) + energia H 2O NH4+(aq) + NO3"(aq) 2Hg(l) + O2(g) !H0 = 90,7 kJ Outras reacções ainda, embora favoráveis do ponto de vista entálpico, não ocorrem espontaneamente sem uma fonte de ignição, como a combustão do A adição do sólido provoca uma diminuição da temperatura da metano CH4(g) + 2O2(g) CO2(g) + 2H2O(l) !H0 = "890,4 kJ solução A entalpia não é, por si só, capaz de dar indicação sobre a O PROCESSO NÃO É FAVORÁVEL espontaneidade ou não espontaneidade de uma reacção. Para DO PONTO DE VISTA ENERGÉTICO isso é necessário introduzir uma outra grandeza termodinâmica MAS É ESPONTÂNEO denominada Entropia ENTROPIA Consideremos um gás contidas no recipiente. NOS PROCESSOS ESPONTÂNEOS HÁ DISPERSÃO DE ENERGIA Se abrirmos a torneira que liga os dois reservatórios, as partículas do gás distribuem-se pelos dois recipientes. Este processo espontâneo ocorre quando eliminamos o constrangimento que impede a passagem de gás de A energia flui de um estado inicial em que estava mais concentrada para um estado final em que está mais dispersa. um para o outro lado. A Propriedade Termodinâmica que traduz a dispersão de energia é a Entropia, S balão com gás balão em vácuo Porque ocupam um volume maior, os movimentos das partículas são mais desordenados e distribuem-se por um número maior de posições (estados) Quando se abre a válvula o gás expande-se irreversivelmente 2ª LEI DA TERMODINÂMICA UM PROCESSO ESPONTÂNEO CONDUZ A UM AUMENTO DE ENTROPIA DO UNIVERSO #H = 0 2ª Lei da Termodinâmica DISPERSÃO DE MATÉRIA E DE ENERGIA A entropia (S) é uma medida do número de microestados disponíveis para as partículas de um sistema, que aumenta com a desordem do sistema uma reacção é espontânea se #S para o universo é positivo. #Suniverso = #Ssistema + #Svizinhança #Suniverso > 0 para processos espontâneos isto é, num sistema ordenado o número de posições que cada partícula pode ocupar é menor que num sistema desordenado Quando o volume do recipiente aumenta, aumenta o número de microestados: A ENTROPIA AUMENTA microestado: especifica um arranjo particular possível das partículas Para uma mesma substância, Entropia, S a entropia depende do seu estado físico: S (sólido) < S (líquido) << S (gás) sólido líquido gás O aumento da complexidade molecular conduz, em geral, a um aumento de entropia. metano O número de microestados possíveis aumenta etano propano S˚(Br2 liq) < S˚(Br2 gas) S˚(H2O sol) < S˚(H2O liq) Entropia, S Entropia, S S0[H2O(l)] é pequena devido às forças intermoleculares fortes que existem entre Substância S0 (J/K.mol) H2O(l) 69,9 H2O(g) 188,7 I2(s) 116,7 I2(g) 260,6 He(g) 126,1 Ne(g) 146,2 as moléculas. S0[He(g)] é menor que a S0[Ne(g)] Num sólido cristalino a entropia aumenta quando diminuem as forças de ligação entre as partículas constituintes do cristal. porque as forças intermoleculares entre átomos de Ne são mais fortes, uma vez que tem um maior número de electrões que o He. Óxido de Magnésio Fluoreto de Sódio 26,9 J/K•mol 51,5 J/K•mol Para um sólido iónico quanto maior for a carga dos iões menor é a entropia Os líquidos ou sólidos dissolvem-se espontaneamente num solvente devido a um aumento de entropia. No processo há dispersão de matéria (e energia) em relação ao estado inicial A ENTROPIA DE UM SISTEMA AUMENTA COM A TEMPERATURA causa um aumento dos movimentos moleculares que resulta num aumento de tempo Aquecimento do vapor Um aumento de temperatura entropia do sistema Entropia, S0 Entropia, S Aquecimento do líquido Vaporização do líquido Fusão do sólido Temperatura (K) 3ª LEI DA TERMODINÂMICA A ENTROPIA DE UM CRISTAL PERFEITO TENDE PARA ZERO À MEDIDA QUE A TEMPERATURA TENDE PARA O ZERO ABSOLUTO #So Para uma Reacção = " So (productos) - " So (reagentes) 2 H2(g) + O2(g) 2 H2O(liq) #So = 2 So (H2O) - [2 So (H2) + So (O2)] A entropia de uma substância a uma dada temperatura pode obter-se medindo o calor necessário para aumentar a temperatura desde 0 K até essa #So = 2 mol (69.9 J/K·mol) - [2 mol (130.7 J/K·mol) + 1 mol (205.3 J/K·mol)] temperatura desde que o processo ocorra de forma reversível. #S = qrev/T !So = -326.9 J/K a variação de entropia é negativa porque 3 mol de gás dão 2 mol de líquido 2 H2(g) + O2(g) 2 H2O(liq) !So Cálculo de !Souniverso = -326.9 J/K A variação de entropia do sistema é negativa 2 H2(g) + O2(g) 2 H2O(liq) #Souniverso = #Sosistema + #Sovizinhança mas a reacção é espontânea !Sovizinhança = qrev vizinhança / T A variação de entropia do universo é positiva = -qrev sistema / T = - !Hosistema / T #Hosistema = 2 Hfo (H2O, l) - [2 Hfo (H2) + Hfo (O2)] #Hosistema = 2(-285.83) kJ/mol = -571.66 KJ/mol #Sovizinhança = 571.66x103 / (273.15+25) = 1917 J/K !Souniverso = 1917 - 327 = 1590 J/K A ENTROPIA DO UNIVERSO AUMENTA Critérios de Espontaneidade !H0 (sistema) !S0 (sistema) Classificação do Processo Exotérmico, <0 Positiva, >0 Espontâneo a todas as temperaturas; !S0 (universo)>0 Negativa, <0 Espontâneo a baixas temperaturas; depende dos valores relativos de !H0 e !S0 Endotérmico, >0 Positiva, >0 Espontâneo a temperaturas elevadas; depende dos valores relativos de !H0 e !S0 Endotérmico, >0 Negativa, <0 Independentemente da temparatura, nunca é espontâneo; !S0 (universo)<0 Exotérmico, <0 Lembre-se que –#H˚sis é proporcional a #S˚viz Um processo exotérmico tem #S˚viz > 0 A REACÇÃO ESTÁ DESLOCADA NO SENTIDO DA FORMAÇÃO DOS PRODUTOS Energia Livre de Gibbs, G #Suniv = #Sviz + #Ssis !Suniv = "!Hsys T + !Ssys J. Willard Gibbs Se multiplicarmos por -T 1839-1903 -T#Suniv = #Hsis - T#Ssis -T#Suniv = variação da energia de Gibbs do sistema = #Gsistema Em condições padrão — #Gosis = #Hosis - T#Sosis Num processo espontâneo, #Suniv = #Sviz + #Ssis >0 #Go = #Ho - T#So Variação da energia de Gibbs = variação de energia total do sistema - energia perdida na dispersão de energia #Gosis = #Hosis - T#Sosis <0 Se a reacção é • exotérmica (#Ho negativo) e a entropia aumenta (#So Um processo que ocorre à temperatura T é espontâneo quando as variações de entalpia e de entropia são tais que !H ! T!S < 0 positivo ) • logo, #Go é NEGATIVO • A reacção é espontânea (product-favored). #Go = #Ho - T#So Energia de Gibbs, G Se a reacção é • endotérmica #Go = #Ho - T#So (#Ho positive) • e a entropia diminui (#So negative) • Então #Go é POSITIVO ! • A reacção é não-espontânea (isto é, reactant-favored). #Ho #So #Go exo(–) aumento(+) – Prod-favored endo(+) diminuição(-) exo(–) diminuição(-)? Dependente T endo(+) aumento (+)? Dependente T + Reacção React-favored Energia de Gibbs, G #Go = #Ho - 2 métodos para calcular T#So #r " (produtos) - " #fGo condições padrão. energia de Gibbs de formação padrão, como a variação de energia de energia de Gibbs que corresponde à síntese de uma b)Usar valores tabulados de energias livres de formação, #fGo. #fGo variação de energia de Gibbs padrão, como a variação de energia de energia de Gibbs de uma reacção efectuada em Define-se !Gf0 , #Go a)Determinar #rHo e #rSo e usar a equação de Gibbs. Go = Define-se !G0 , (reagentes) mole de um composto a partir dos seus elementos no estado padrão. Para uma reacção, aA + bB cC + dD !Gr0 = " (n!Gf0(produtos) # m!Gf0(reagentes)) onde n e m são os coeficientes estequiométricos Cálculo de !Gor #rGo = " #Gfo (produtos) - " #Gfo (reagentes) C(grafite) + O2(g) CO2(g) #rGo = #fGo(CO2) - [#fGo(graf) + #fGo(O2)] #rGo = -394.4 kJ - [ 0 + 0] #rGo = -394.4 kJ favored A reacção é product- Para um elemento ou para um composto elementar no estado padrão !fG˚ = 0 Energia de Gibbs e Temperatura 2 Fe2O3(s) + 3 C(s) #r Ho = +467.9 kJ 4 Fe(s) + 3 CO2(g) #r #rGo = +300.8 kJ So ENERGIA DE GIBBS E EQUILÍBRIO QUÍMICO Quando não estamos em condições padrão, por exemplo durante uma reacção (mesmo que no início os reagentes e produtos estejam nas condições padrão elas = +560.3 J/K variam ao longo do tempo), A reacção não ocorre a 298 K !G = !G0 + RT lnQ onde Q representa o quociente reaccional A que temperatura é que a reacção é possível? Isto é, a que temperatura o valor de #rGo passa de (+) para (-)? #rGo = 0 = #rHo - T#rSo Em qualquer instante define-se quociente reaccional, Q, como a razão entre as concentrações de produtos e reagentes no instante considerado. !r H 467.9 kJ T= = = 835.1 K !r S 0.5603 kJ/K No equilíbrio, A expressão # # #rGo = - RT lnK #!G = !G0 + RT lnQ Para a reacção N2O4 transforma-se em #rGo = +4800 J = - (8.31 J/K)(298 K) ln K Substituindo !G0 na expressão anterior obtém-se !G = RT ln 2 NO2 #rGo = +4.8 kJ !G0 = "RT lnK !G = "RT lnK + RT lnQ Calcular Keq Q = Keq e !G = 0 ln K = - Q K K = 0.14 4800 J = -1.94 (8.31 J/K)(298K) #rGo > 0 K<1 !G, !G˚ e Keq Product Favored, !G˚ negative, K > 1 • #G é a variação de energia livre em condições não-padrão • #G está relacionado com #G˚ • #G = #G˚ + RT ln Q onde Q = quociente reaccional • Quando Q < K ou Q > K, a reacção é espontânea • Quando Q = K a reacção está no equilíbrio • Quando #G = 0 a reacção está no equilíbrio • Logo, #G˚ = - RT ln K Reactant Favored, !G˚ positive, K < 1 Q<K !G = RT ln Q K <0 a reacção evolui no sentido directo Q=K !G = RT ln Q K =0 a reacção atingiu o equilíbrio Q>K !G = RT ln Q K >0 a reacção evolui no sentido inverso K >> 1 !G0 < 0 em condições padrão a é espontânea (product favored) K >> 1 !G0 = 0 em condições padrão a reacção está no equilíbrio K >> 1 !G0 > 0 em condições padrão a reacção não é espontânea (reactant favored) PROBLEMAS 1. A variação da energia de Gibbs padrão para a reacção 3NO(g) N2O(g) + NO2(g) é "104,18 kJ. Calcule a constante de equilíbrio da reacção a 25 °C. 2. Calcule as constantes de equilíbrio para a reacção inversa à do problema 1 e para a reacção inversa à do problema 1 multiplicada por !. Compare os resultados obtidos. 3. Calcule a variação de energia de Gibbs para a reacção do problema 1, a 25 °C, quando as pressões parciais dos três gases são 0,0010 atm. 4. Calcule a constante de equilíbrio a 25 °C para a seguinte reacção 2H2O(l) Comente o resultado obtido. Dados: !Hf0[H2O(l)] = "237,2 kJ/mol 2H2(g) + O2(g)