pontifícia universidade católica de goiás centro de estudos

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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS E FORMAÇÃO INTEGRADA
ESPECIALIZAÇÃO EM FISIOTERAPIA DERMATOFUNCIONAL
RITA CARVALHO CASTRO
TRATAMENTO DE LINFEDEMA NO PÓS OPERATÓRIO
DE MASTECTOMIZADAS COM O MÉTODO LEDUC:
REVISÃO DE LITERATURA
GOIÂNIA
2012
RITA CARVALHO CASTRO
TRATAMENTO DE LINFEDEMA NO PÓS OPERATÓRIO
DE MASTECTOMIZADAS COM O MÉTODO LEDUC:
REVISÃO DE LITERATURA
Artigo apresentado ao curso de Especialização em
Fisioterapia Dermatofuncional do Centro de Estudos
Avançados e Formação Integrada, chancelado pela
Pontifícia Universidade Católica de Goiás.
Orientador: Prof.Ms. Vilma Natividade
GOIÂNIA
2012
RESUMO
Tratamento de linfedema no pós operatório de mastectomizadas com o método
Leduc
Castro RC, Natividade V
Objetivo: Analisar os efeitos do método Leduc e os efeitos da pressoterapia
no tratamento de linfedema em pacientes pós mastectomia e através dos resultados
avaliar se o método Leduc evidenciou maior benefício. Métodos: A pesquisa foi
caracterizada como uma revisão de literatura dos últimos seis anos. O objetivo deste
estudo comparativo foi avaliar os efeitos do método Leduc e os efeitos da
pressoterapia no tratamento de linfedema em pacientes pós mastectomia e através
dos resultados analisar se o método Leduc evidenciou maior benefício.
Desenvolvimento: A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer em
mulheres são de mama (INCA, 2008). No Brasil é a primeira ou a segunda mais
freqüente, dependendo da região. A sobrevida cada vez maior implica não só o
desenvolvimento de técnicas que melhorem a qualidade de vida, bem como o
treinamento e entrosamento da equipe multidisciplinar.Considerações Finais:
Através desta revisão concluímos que o método Leduc é o recurso fisioterapêutico
mais eficiente no tratamento do linfedema pós mastectomia quando comparado ao
aumento do conteúdo protéico do interstício, a não evacuação dos linfonodos e a
piora da fibrose causada pela pressoterapia .
Palavras-chave: Câncer de mama; mastectomia; linfedema; método Leduc;
pressoterapia.
4
INTRODUÇÃO
A cada ano, cerca de 22% dos casos novos de câncer em mulheres são de
mama (INCA, 2008). No Brasil é a primeira ou a segunda mais freqüente,
dependendo da região. A sobrevida cada vez maior implica não só o
desenvolvimento de técnicas que melhorem a qualidade de vida, bem como o
treinamento e entrosamento da equipe multidisciplinar¹¹.
A designação do câncer de mama refere-se ao carcinoma que se origina nas
estruturas glandulares e nos ductos da mama¹¹.
No tratamento do câncer da mama encontram-se várias complicações que ocorrem
com diferenças de intensidade e incidência, tanto nas técnicas radicais como nas
conservadoras³. De acordo com Panobianco e Mamede (2002), uma dessas
complicações ocorre como resultado de uma insuficiência no sistema linfático.
O sistema linfático é constituído pela linfa, vasos e órgãos linfáticos como
tonsilas, baço, timo e linfonodos. É um sistema paralelo ao circulatório, constituído
por uma vasta rede de vasos semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se
distribuem por todo o corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos
capilares sangüíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sangüínea14.
De acordo com Panobianco e Mamede (2002), uma das principais
complicações advindas da mastectomia é o linfedema. O linfedema é o edema de
parte do corpo que dispõe de um conjunto de ações terapêuticas conservadoras e
eficazes na redução e controle de volume do segmento corporal afetado, dentre elas
destaca-se a drenagem linfática manual e a pressoterapia8.
A drenagem linfática manual foi descrita por Vodder, em 1936, que angariou
vários adeptos e colaboradores, como Albert Leduc, nos anos subseqüentes 8.
O princípio da massagem é direcionar a linfa através dos caminhos
anatômicos entre os linfáticos para que se tornem mais ativos e funcionais19.
Conforme Camargo e Marx citado por Meyer, Chacon e Lima (2006), a
pressoterapia
tem
como
objetivo
um
melhor
retorno
venoso
causando
consequentemente a redução do edema.
Segundo Enrici e Caldevilla citado por Meyer, Chacon e Lima (2006), os
recursos indicados para o tratamento do linfedema é a drenagem linfática manual,
que apresenta muitos bons resultados e a pressoterapia que, apesar de apresentar
5
bons resultados, é motivo permanente de discussão. Portanto, necessita-se que
mais estudos sejam realizados para que tais procedimentos sejam comprovados
cientificamente quanto a sua eficácia e superioridade entre ambas.
O objetivo deste estudo comparativo foi avaliar os efeitos do método Leduc e
os efeitos da pressoterapia no tratamento de linfedema em pacientes pós
mastectomia. Através dos resultados avaliar os efeitos causados e se o método
Leduc evidenciou maior benefício.
6
METODOLOGIA
Procedeu-se uma busca sistemática da literatura por meio da consulta aos
indexadores de pesquisa nas bases de dados eletrônicos Bireme, Pubmed, Lilacs e
Scielo. O levantamento foi realizado com os seguintes descritores em português,
inglês e espanhol: Câncer de mama, mastectomia, linfedema, método Leduc e
drenagem linfática manual (DLM).
Foram definidos como critérios de inclusão: artigos de revisão e artigos
originais de língua inglesa, espanhola e portuguesa, realizados sobre a eficácia do
método Leduc no tratamento de Linfedema pós mastectomia, publicados no período
de 2003 a 2012 em periódicos especializados indexados nas bases de dados
consultadas.
De forma complementar, livros da área de Fisioterapia Dermatofuncional
foram utilizados.
7
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As mamas são órgãos pares, situadas na parede anterior do tórax, sobre o
músculo Grande Peitoral. Externamente, cada mama, na sua região central,
apresenta uma aréola e uma papila. A mama é dividida em 15 a 20 lobos mamários
independentes, separados por tecido fibroso, de forma que cada um tem a sua via
de drenagem, que converge para a papila, através do sistema ductal. A plenitude
funcional das mamas ocorre na amamentação, com a produção e saída do leite
4
(FIGURA 1).
Fonte: Disponível em: <http://members.tripod.com/Reivax/cancerpg12.htm>. Acesso
em: 15/05/2009.
As glândulas mamárias são muito suscetíveis ao câncer, devido ao tecido que
as compõem ser constituído por células de metabolismo altamente ativo, se
dividindo continuamente, além de serem sensíveis às substâncias químicas e a
agentes carcinógenos19.
O câncer de mama é o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo. O
número de casos novos de câncer de mama esperados para o Brasil em 2008 é de
49.400, com um risco estimado de 51 casos a cada 100 mil mulheres. Na região
Centro-Oeste (38/ 100.000) 4. Segundo Inca (2012) Os dados não sofrem grandes
alterações em relação à estimativa de 2008. O número de casos novos da doença
esperados para 2012 é de 52.680.
8
No Brasil, o câncer de mama é o mais freqüente em mortalidade no sexo
feminino, apresentando curva ascendente a partir dos 25 anos de idade e
concentrando a maioria dos casos entre os 45 e 50 anos. É mais comum em
mulheres de classe social elevada e entre aquelas que vivem nas grandes cidades
quando comparadas às que vivem no campo4.
O câncer de mama é uma doença crônica, degenerativa, que apresenta uma
evolução prolongada e progressiva, sendo uma sobreposição celular onde estas
células anormais originam – se de células normais. O componente epitelial dos
ductos mamários extralobulares, intralobulares e dúctulos terminais podem
desenvolver alterações cancerosas¹¹.
Esta patologia é considerada de auto - agressão profundamente relacionada
com predisposição genética, idade avançada, menarca precoce, menopausa tardia,
nuliparidade, contraceptivos, ingestão de álcool, dieta, obesidade, exposição a
substâncias químicas comprovadamente cancerígenas, vírus, altos níveis de
estrógeno e prolactina, lesões e traumas nas glândulas e exposição a radiações15.
A mastectomia corresponde à técnica cirúrgica que visa à extirpação total ou
parcial do tecido mamário acometido, e dos tecidos adjacentes15.
De acordo com Feliciano (2003), após a mastectomia poderá ou não ocorrer o
linfedema. Ele ocorre devido à retirada de linfonodos axilares, em maior ou menor
número, dependendo do critério cirúrgico utilizado e, com isso, há uma interrupção
da circulação linfática do membro superior.
Os sistema linfático tem como principal função a remoção de líquidos e
proteínas dos espaços intersticiais. Ele representa uma via acessória para que
líquidos possam fluir dos espaços intersticiais para dentro do sangue13.
Conforme Rodrigues (2003), o padrão de envolvimento dos linfonodos segue
as vias naturais de drenagem. O carcinoma de mama geralmente se dissemina
inicialmente para os linfonodos axilares .
Uma das principais complicações advindas da mastectomia é o linfedema. O
linfedema é uma tumefação de algum órgão do corpo, decorrente da perturbação ou
obstrução na circulação linfática. Consiste em um acúmulo do fluido linfático no
espaço intersticial, o que causa edema, inflamação crônica e fibrose. O edema
refere-se a um acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial devido ao
desequilíbrio entre a pressão hidrostática e osmótica. É constituído de uma solução
aquosa de sais e proteínas do plasma18.
9
Alguns autores somente consideram linfedema aquele cujas diferenças de
medidas, no momento da realização da perimetria dos membros superiores, for igual
ou maior a 3 cm e, para outros autores, a simples diferença de 1 a 1,5 cm pode ser
sinal de linfedema, sendo que em uma diferença inferior a 3 cm o linfedema é
considerado leve, de 3 a 5 moderado, já o linfedema severo é o que apresenta uma
diferença superior a 5 cm, quando comparado as medidas de ambos os membros18.
Os problemas, dentre eles, a diminuição na amplitude de movimento no
membro superior, alterações da sensibilidade e processos inflamatórios e
infecciosos podem ser acarretados pelo linfedema. Causa enormes transtornos para
a paciente, não só estética, como psíquica e fisicamente7.
Uma das principais complicações advindas da mastectomia é o linfedema,
mesmo sendo uma complicação previnível18.
O linfedema é o acúmulo de linfa nos espaços intersticiais, causado pela
destruição dos canais de drenagem axilar, provocados pela cirurgia ou radioterapia
ou pela progressão locoregional da doença, o que indica sua natureza multifatorial².
Os fatores determinantes do linfedema pós cirurgia de câncer de mama é
infecção, linfagite e celulite, radioterapia, obesidade, seroma, nódulos linfáticos
positivos, imobilização do braço no pós - operatório, demora na cicatrização da
ferida. Ele surge no período de 3 a 6 meses18.
O prognóstico de diminuição de força muscular e da amplitude de movimento
das articulações envolvidas, além de desencadear queixas de tensão muscular, dor
e aumento do peso do membro superior acometido são levados pelo aparecimento
do linfedema de membro superior. Estas alterações associadas à cronicidade do
processo do linfedema pós mastectomia, faz com que exista grande potencial para o
desenvolvimento de assimetrias posturais¹.
O membro com linfedema pode dificultar a realização das atividades diárias e
profissionais, além de provocar alteração emocional como ansiedade, baixo auto estima e depressão. O aumento do fluido intersticial pode levar a uma possível perda
da sensibilidade regional, devido à compressão dos nervos periféricos10.
Em termos evolutivos o linfedema do membro superior pode ser classificado
em três estágios: o estágio 1 apresenta sinal de Godet e é geralmente reversível, no
estágio 2 ocorre progressão do edema tornando-se fibrótico e irreversível.
Finalmente o linfedema avançado ( estágio 3 ) é raro e caracteriza-se por um
10
endurecimento cutâneo complicado por hiperqueratose, alterações tróficas da pele,
por vezes com vesículas e áreas de linforragia14.
A fisioterapia tem um papel fundamental na recuperação funcional do membro
superior de mulheres que foram mastectomizadas. A intervenção direta ou com
educação/orientação, alerta as pacientes para o reconhecimento dos sinais iniciais
do linfedema. Antes de ser iniciado o tratamento fisioterapeutico, o paciente é
submetido a uma avaliação global que consta de identificação e histórico do
paciente, avaliação do membro superior, a identificação inclui dados pessoais, o
histórico deve constar os dados da doença atual, antecedentes pessoais,
antecedentes familiares, uso de medicamentos e exames complementares14.
A avaliação do membro superior inicia pela inspeção da pele, observando-se
a cor; presença de ferimentos cicatrizes ou abaulamentos, presença de sinais
flogísticos. E na palpação deve-se avaliar a presença do edema ou linfedema e seu
estagio (maleável; pouco maleável; duro; muito duro, com depressões ou com
fibrose subcutânea). As amplitudes de movimento, a força muscular deve ser
avaliada14.
De acordo com Guelfi e Simões citado por Gravena (2004), utiliza-se de
recursos como a drenagem linfática manual, é um dos pilares fundamentais no
tratamento do linfedema, um método de massagem altamente especializado,
realizado através de pressões suaves, lentas e rítmicas, que seguem o trajeto do
sistema linfático. Isto proporciona a drenagem de líquidos acumulados no interstício,
nos tecidos e dentro dos vasos, além da estimulação de defesa imunológica,
aumentando a diurese, a eliminação de toxinas e desenvolvendo com isso o
equilíbrio do organismo.
Conforme Godoy e Godoy (2004), importância da drenagem linfática manual é
o deslocamento da linfa através dos vasos linfáticos por uma diferença de pressão
empregada. Qualquer tipo de compressão externa que promova um diferencial de
pressão entre as extremidades pode deslocar o fluido contido, o que pode ter como
resultado final a redução da pressão no seu interior e, assim, a facilitação da entrada
de novo conteúdo por diferente pressão.O objetivo da drenagem linfática manual é
favorecer as vias secundárias de drenagem linfática através de anastomoses
linfolinfáticas superficiais e também remover as áreas de fibrose dos tecidos
acometidos.
11
Albert Leduc adaptou o método de Foldi e Vodder. Em 1977 comprovou a
ação acelerante da drenagem linfática manual através da radioscopia eletrônica e o
seu tratamento era baseado no tipo de distúrbio encontrado. Leduc trabalha na área
sã ou infiltrada, de proximal para distal ou vice-versa, no caso de linfedema drena
primeiro a raiz do membro 8.
As primeiras manobras DLM começam no quadrante do tronco contra lateral
ao edema, ou seja, no quadrante livre de edema com a finalidade de aumentar a
atividade linfocinética. Este aumento de atividade faz com que o quadrante
edemaciado seja beneficiado pela drenagem entre as anastomoses dos capilares
linfáticos existentes entre eles. A descongestão linfática do quadrante homolateral
ao linfedema permite que a linfa do membro edemaciado passe através dos canais
linfáticos dilatados para o quadrante normal. Isto promoverá uma descongestão
linfática que se inicia centralmente e chega mais tarde até o membro edemaciado,
este passo é denominado evacuação13.
A técnica de Leduc inicia com o bombeamento dos linfonodos, seguido de
manobras de reabsorção e captação, de proximal para distal, no braço, antebraço,
mão e hemitórax cirurgiado. É importante enfatizar que atualmente a técnica Leduc é
um veículo manual muito utilizado no tratamento de linfedema em pacientes
mastectomizadas7.
Segundo Reis e Rocha (2004), as manobras da terapia de Leduc são
Drenagem dos linfonodos: é realizada através do contato direto dos dedos indicador
e médio do terapeuta com a pele do paciente, posicionados sobre os linfonodos e
vasos linfáticos de maneira perpendicular. É executada com pressão moderada e de
forma rítmica, baseada no processo de evacuação. Movimentos circulares de 1 a 3
séries de repetição21.
As
manobras
de
círculos
com
dedos,
movimentos
circulares
concêntricos,desloca-se com pressão e relaxamento e é realizado desde o dedo
indicador até o mínimo. Manobras de círculos com o polegar, é realizado, somente
com o polegar. Movimentos combinados dedos e polegar podem trabalhar sobre a
região infiltrada. Pressão em bracelete, indicada para grandes áreas, envolvendo
todo o segmento. Pode ser feita uni ou bimanual de acordo com a necessidade21.
A Pressoterapia ou Compressão Pneumática Intermitente baseia-se na
utilização de bombas pneumáticas. São utilizadas luvas, que são insufladas e
desinsufladas, criando um gradiente de pressão que empurra o fluido para fora do
12
membro afetado. Podem ter um único compartimento ou múltiplos, que se insuflam
seqüencialmente, sendo um método efetivo para a redução do volume do membro20.
O aparelho que insufla uma manga que envolve o membro edemaciado é a
compressão pneumática intermitente. Estes aparelhos possuem uma compressão
variável de 10 a 100 mmHg determinada pelo terapeuta. É recomendado utilizar-se
de pressão distal para proximal decrescente, sendo que as pressões exercidas não
devem superar 40 mmHg. Acima deste valor ocorre a compressão das vias venosas
responsáveis pela drenagem do líquido excedente22.
A terapia com compressão intermitente isolada só desloca a parte líquida do
edema linfático, já que a proteína não é levada para dentro da luz linfática, o que
poderia propiciar a fibrose com o aparecimento do fibroedema. Também as pressões
elevadas (> 60 mmHg) por períodos prolongados de tempo (maior de 30 minutos)
podem lesar o sistema linfático. Na prática usamos a compressão pneumática
intermitente a baixa pressão (< 60 mmHg) por período de tempo de até 20 minutos
conjuntamente à drenagem linfática manual ou como início de sessão de terapia
física complexa para “amolecer” o membro a ser tratado12.
Segundo Angiotron citado por Meyer, Chacon e Lima (2006), o angiotron
(bomba
de
compressão
intermitente)
permite
uma
regulagem
eletrônica
independente de pressão, proporcionando diferentes gradientes de pressão entre os
segmentos distais e proximais do membro.
A Pressoterapia utiliza, portanto, uma pressão suave e um tempo de repouso
suficientemente significativo entre dois ciclos de compressão para dar tempo para
que as veias se encham novamente. Esta terapia já foi muito utilizada, entretanto,
atualmente, sendo sua indicação muito restrita16.
A redução do volume do membro através a compressão pneumática
intermitente é efetiva, no entanto, é bastante criticado porque somente retira os
líquidos, o que leva ao aumento do conteúdo protéico do interstício e piora da fibrose
e do prognóstico da extremidade. Dependendo do caso pode haver aumento do
edema nas porções mais proximais da extremidade, levando à formação de anel
fibroso que pode levar progressivamente à piora do edema distal22.
Em recente estudo, observamos que a pressoterapia é efetiva na redução da
circunferência dos membros doentes, porém não altera significativamente o
transporte da macromolécula de Dextran99mTc, o que leva a concluir que a eficácia
deve-se a remoção de líquidos20.
13
Segundo Rocha e Reis (2004), o problema fundamental das bombas
pneumáticas é que não permitem a preparação (evacuação e estimulação) dos
quadrantes do lado a que pertence o membro edematoso e do quadrante adjacente
a esse modo que este seja capaz de receber o excesso de fluido descarregado do
membro afetado. As bombas “amassam” o membro afetado e meramente relocalizam a área do linfedema. A utilização desta técnica pode produzir efeitos
contrários se houver uma inadequada regulação da pressão da bomba podendo
provocar a interrupção da circulação dos vasos linfáticos já debilitados, em um
sistema linfático afetado. Como as bombas não são eficazes em vencer a fibrose,
tendem a irritar a pele como resultado da ação da bombagem a qual aumenta por
sua vez o risco de celulite e linfagite.
Estudos realizados por Feliciano (2003), a drenagem linfática manual é eficaz
no tratamento do linfedema de pacientes mastectomizadas. A drenagem linfática
manual melhora as funções essenciais do sistema circulatório linfático mediante
manobras precisas que acompanham os trajetos linfáticos, não sendo necessária a
compressão dos músculos. A principal finalidade é mobilizar a corrente de líquidos
que está dentro dos vasos linfáticos. Essa pressão leve e intermitente deve ser
rítmica e seguir sempre o sentido fisiológico da drenagem da linfa.
Conforme Williams citado por Feliciano (2003), em seu estudo randomizado
observou que os resultados da drenagem linfática manual apresentou satisfatória
redução no volume do membro, promovendo uma melhora na qualidade de vida e
de sintomas associados ao linfedema.
Nenhum aparelho, por mais sofisticado que seja, pode substituir as mãos
treinadas de um terapeuta de Drenagem Linfática Manual, no tratamento de um
linfedema. O terapeuta, estudou a fisiologia do sistema linfático e a fisiologia
patológica que é única em cada paciente¹7.
De acordo com Jacques (2005), a linfoterapia (drenagem linfática) é a técnica
mais empregada e, atualmente, é a que obtém melhores resultados no tratamento e
prevenção do linfedema. Depois de instalado o linfedema, a drenagem linfática é
seguramente o melhor tratamento .
Existem estudos sobre a pressoterapia que afirmam sua relevância na
redução do linfedema tal qual a Drenagem Linfática Manual, mas existem estudos
que revelam uma piora da fibrose, dificultando um bom prognostico21
14
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através desta revisão concluímos que o método Leduc é o recurso
fisioterapêutico mais eficiente no tratamento do linfedema pós mastectomia quando
comparado ao aumento do conteúdo protéico do interstício, a não evacuação dos
linfonodos e a piora da fibrose causada pela pressoterapia .
Observa-se
a
necessidade
de
uma
abordagem
fisioterapêutica
e
multidisciplinar presente e constante, visando prevenir e minimizar complicações que
possam interferir no bem-estar físico e psicológico das pacientes submetidas ao
tratamento cirúrgico.
O método Leduc, é um tratamento que promove um maior contato entre
fisioterapeuta e paciente.O toque através das mãos significa muitas vezes para a
paciente, um toque de carinho, algo que elas necessitam tanto nesta fase. A
drenagem linfática manual ajuda a melhorar a qualidade de vida da mesma e
inserem as pacientes precocemente no ambiente social.
15
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos em primeiro lugar a Deus por me capacitar no
decorrer desse período e por permitir a conclusão desta pós graduação com louvor.
Aos meus pais, poderosos modelos de vida e ao meu irmão que
incansavelmente me incentivaram na conclusão de mais uma etapa de minha vida.
Agradeço também ao corpo docente da PUC Goiás, de forma especial a professora
Vilma Natividade que agregou muito valor a minha formação profissional e pessoal.
16
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18
ABSTRACT
Treatment of lymphedema post mastectomy surgery with the method of Leduc
Objective: To evaluate the effects of the Leduc method and the effects of pressure
therapy in the treatment of lymphedema in patients after mastectomy and through the
results to assess whether the method Leduc showed greater benefit. Methods: The
study was characterized as a literature review of the last six years. The objective of
this comparative study was to evaluate the effects of the Leduc method and the
effects of pressure therapy in the treatment of lymphedema in patients after
mastectomy and through the results to assess whether the method Leduc showed
greater benefit. Development: Each year, about 22% of new cancer cases in women
are breast cancer (INCA, 2008). In Brazil it is the first or second most common,
depending on the region. The increasing survival involves not only the development
of techniques that improve the quality of life, as well as training and its teamwork
multidisciplinar. Final considerations: Through this review we conclude that the
Leduc method is more efficient physical therapy in the treatment of lymphedema post
mastectomy compared to the increase in protein content of the interstitium, the
removal of lymph nodes and no worsening of fibrosis caused by pressure therapy.
Keywords: breast cancer, mastectomy, lymphedema, Leduc method; preassure.
Pesquisadores:
Rita Carvalho Castro
Fisioterapeuta Graduada pela Universidade Salgado de Oliveira, pós-graduanda em
Fisioterapia Dermatofuncional, pelo Centro de Estudos Avançados e Formação
Integrada – CEAFI, Goiânia – GO, Brasil.
Vilma Natividade
Mestre em Cirurgia Plástica pela Unifesp;
Pós-graduada em Fisiologia Humana pela faculdade de medicina do ABC.
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