Boletim 60 Setor Externo

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Murillo et al.
19
BOLETIM DE CONJUNTURA
ECONÔMICA
Boletim n.60,Agosto, 2015
Análise Anual 2014
RESUMO
Hugo Agudelo Murillo
Professor da Universidade Estadual de Maringá
(UEM) e coordenador da equipe do Setor Externo e Comércio Exterior do projeto de extensão
“Conjuntura econômica brasileira – divulgação de
análises”.
[email protected]
Alexandre Vilela*
Avaliar o comportamento do setor externo é fundamental para entender a dinâmica do crescimento
de economias em desenvolvimento, ancoradas
basicamente no desempenho do seu setor exportador e na captação de poupança externa. A maior
inserção externa da economia brasileira decorrente
do processo de globalização e dos programas de
ajuste estrutural iniciados na década de noventa,
permitiram reduzir a restrição ao crescimento determinados pela vulnerabilidade externa, ao mesmo
tempo em que aumentava o grau de exposição ao
contagio externo.
[email protected]
Érica A. Ribeiro*
[email protected]
Palavras-chave: Balanço de pagamentos; taxa de
câmbio; Mercosul; reservas, parceiros comerciais.
.
Larissa M. Ribeiro*
[email protected]
Rodrigo Gobi*
[email protected]
Valdelei Peretti Filho*
[email protected]
*Acadêmicos do curso de ciências econômicas
da Universidade Estadual de Maringá – UEM e
participantes da equipe de Setor Externo e
Comércio Exterior do projeto Conjuntura
Econômica Brasileira: Divulgação de Análises.
ABSTRACT
To evaluate the behavior of the external sector is
fundamental to understanding the dynamics of the
growth of developing economies, anchored essentially on the performance of its export sector and
attracting foreign savings. Most external insertion of
the Brazilian economy due to the process of globalization and structural adjustment programs started
in the nineties, have reduced growth restriction
determined by external vulnerability, while it increased the degree of exposure to external contagion.
Keywords: Balance of payments; exchange rate;
Mercosul; official reserves Brazil’s commercial partners.
Universidade Estadual de Maringá UEM
Correspondência/Contato
Av. Colombo, 5.790 – Bloco: C-34 – Sala 11
Jd. Universitário - Maringá - Paraná - Brasil
CEP 87020-900
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 19-32, Agosto, 2015
20
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
3.1
BALANÇO DE PAGAMENTOS
3.1.1 Transações Correntes
A balança comercial brasileira em 2014 apresentou um déficit de US$ 3,96 bilhões, o primeiro desde 2000, quando foi negativa em US$ 698
milhões.
Esse resultado é explicado pela queda nos
preços das commodities mais acentuada que o
esperado, principalmente do minério de ferro; a
crise econômica na Argentina, que é um dos principais parceiros comerciais do Brasil; e as importações domésticas de combustíveis, que superaram
as exportações do produto em US$ 16,6 bilhões.
A corrente de comércio teve um saldo de
US$ 454,61 bilhões, uma contração de 5,73% em
relação a 2013, em que foi de US$ 481,781 bilhões. A retração das exportações também contribuiu com o déficit comercial. Em 2014, foram de
US$ 225,1 bilhões, uma redução de 7% quando
comparada ao ano de 2013, em que foi registrado o
valor de US$ 242 bilhões.
.
Tabela 3.2 - Desempenho das exportações por fator agregado
2013 %
2014 %
Taxa de
variação
Básico
46,7
48,67
-3,07
Industrializado
51,01
48,54
-11,5
Semimanufaturado
12,61
12,91
-4,78
Manufaturado
38,4
35,63
-13,7
e de -4,78% nas importações, o que corrobora para
explicar o déficit comercial.
Na relação comercial com a China, as exportações comprimiram 11,75% no montante exportado, em virtude da redução das aquisições de açúcar de cana, em bruto (-38,3%) e de minérios de
ferro e seus concentrados (-22,78%). As exportações para China totalizaram US$ 40,616 bilhões
em 2014, e US$ 46,026 bilhões em 2013.
A aquisição americana de produtos domésticos cresceu 9,63% no comparativo dos dois anos,
influenciada pela expansão nas exportações de
máquinas e aparelhos para terraplanagem, perfuração em 83,22%. A Argentina teve uma contração
em sua participação nas vendas externas brasileiras, decaindo de 8,10% em 2013 para 6,34% em
2014. Nesse sentido, deprimiu em 27,19% por causa da queda nas compras argentinas de tratores e
veículos de carga.
As importações brasileiras totalizaram US$
229,060 bilhões em 2014. Houve redução de
4,46%, comparado ao ano de 2013, em virtude do
decrescimento das importações domésticas da
Argentina (-14,09) e do Japão (-16,66%). O coeficiente de penetração das importações que mede a
participação de bens importados no consumo doméstico de produtos industriais, no ano de 2014 foi
de 22%, o melhor resultado desde o início da série
histórica do índice em 1996, quando foi de 15,1%.
Em 2013, foi de 22,3%.
Tabela 3.1 - Fluxo de comércio brasileiro por lugar de origem e destino, 2013 / 2014
Exportação
Participação
(%)
Var.
Rel.
das
Export.
2013
2014
2014 /
2013
2013
2014
MERCOSUL
12,2
11,13
-15,17
8,53
8,05
9,8
Argentina
8,1
6,34
-27,19
6,87
6,17
-14,09
-2,82
Fonte: MDIC/SECEX, elaboração própria.
Parceiros
Comerciais
As exportações brasileiras por fator agregado em 2014 apresentaram tendência distinta de
anos anteriores, sendo composta principalmente
por produtos básicos com participação de 48,67%,
e os industrializados de 48,54%. Essa inversão
ocorreu como resultado da diminuição no comércio
de manufaturas, que decaíram 13,07% entre 2014
e 2013. No entanto, os básicos e semimanufaturados foram os únicos a terem aumento nas suas
participações ao longo do período, crescendo 1,97
p.p. e 0,30 p.p., respectivamente.
Em 2014, o principal parceiro comercial brasileiro foi a Ásia, com proporção de 32,66% e de
32,09% em 2013, embora tenha decrescido 5,34%
ao longo do período. As participações relativas
reduziram na União Europeia (-1,16 p.p.) e Mercosul (-1,07 p.p.). Fato semelhante também ocorreu
nas importações brasileiras desses mesmos blocos
econômicos, sendo a retração de 0,81 p.p. Houve
uma variação relativa de -28,29% nas exportações
ÁSIA
Importação
Participação
(%)
Var. Rel.
das
Import.
2014 /
2013
32,09
32,66
-5,34
30,55
31,07
China
19,02
18,04
-11,75
15,56
16,3
0,1
Japão
UNIÃO
EUROPEIA
3,29
2,98
-15,64
2,95
2,58
-16,66
19,74
18,58
-11,98
21,17
20,39
-7,96
Holanda
2,71
2,95
1,24
6,33
6,04
-8,86
NAFTA
13,06
14,67
-17,91
18,69
18,81
-19,83
EUA
10,19
12,01
9,63
15,02
15,28
-2,83
TOTAL
78,7
77,04
-50,4
78,94
78,32
-20,81
Fonte: MDIC/ Secex – elaboração própria.
As importações brasileiras por categoria de
uso decresceram 4,46% em todos os agrupamentos em 2014, principalmente nos bens de capital (7,64) e de consumo (-5,23%). Partes e peças para
bens de capital na agricultura e materiais de consBol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 17-29, Dezembro, 2014
Murillo et al.
trução apresentaram as maiores contrações, diminuindo 21,94% e 18,20% respectivamente. Entretanto, as importações brasileiras por categorias de
uso apresentaram crescimento de todas os grupos
em 2013, que foi de 6,21%.
Mantendo a tendência de anos anteriores,
insumos e matérias-primas denotam a maior parcela das importações brasileiras, com participação de
44,96% do total. Em seguida, destacam-se os bens
de capital (20,83%), combustíveis e lubrificantes
(17,26%) e bens de consumo (16,95%)
Gráfico 1: Principais Países Compradores: Participação (%)
e Variação no período.
Fonte: Mdic/Secex
Para as importações, o continente asiático
também é o principal parceiro do Brasil,
representando 32,66% em 2014 das compras
domésticas no exterior. Na comparação com 2013,
houve decrescimento de 2,82%. As importações
brasileiras procedentes da China cresceram no
período 0,10% e respondem por 15,56% do total
proveniente
da
Ásia.
Isso
é
explicado
principalmente pelo baixo custo de produção
industrial chinês, dando ao país um elevado grau
de competitividade.
Tabela 3.3 - Desempenho das importações por categorias
de uso
% lII 2014
% IlI 2013
Variação (%)
Bens de capital
21,55
20,83
-7,64
Insumos e mat. prima
44,42
44,96
-3,31
Bens de consumo
Duráveis
Não-duráveis
Combustíveis
lubrificantes
2013 para 20,34% em 2014. Além disso, as compras comprimiram cerca de 7,96% e as exportações decaíram 11,98%, gerando um déficit de US$
4,66 bilhões.
As compras do MERCOSUL reduziram em
9,80% de 2013 para 2014. A participação relativa
passou de 8,53% em 2013, para 8,05% em 2014. A
relação Brasil-Argentina também não teve modificações consideráveis, sendo importante salientar a
contração de 14,09% no valor das importações
entre 2013 e 2014.
A conta serviços e rendas manteve a tradição histórica e fechou o ano de 2014 com déficit de
US$ 89,3 bilhões. A conta serviços no ano de 2014
foi responsável por 54,82% do déficit da conta serviços e rendas. O saldo negativo de US$ 48,928
bilhões representou um aumento de 3,88% no déficit quando comparada a 2013, que registrou déficit
de US$ 47,101 bilhões. A depreciação do real que
ocorreu em 2014, não fez com que diminuíssem as
viagens e gastos no exterior, aumentando o déficit
na conta viagens internacionais.
O déficit na conta viagens internacionais foi
de US$ 18,7 bilhões, um aumento de 2,25% na
comparação anual. O baixo crescimento do saldo
deficitário ocorreu por causa do aumento do IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras), que era de
0,38% e que passou para 6,38%, a fim de conter os
gastos com viagens no exterior. As despesas com
viagens internacionais são compostas por turismo e
gastos com cartão de crédito no exterior. A subconta gastos com cartão de crédito registrou um decrescimento de 12,24% e o turismo diminuiu 1,65%
em relação a 2013.
Tabela 3.4 – Transações correntes 2014/ 2013 (US$ milhões)
Discriminação
Balança Comercial (FOB)
2.286
-3.959
-273,19
242.034
225.101
-7,00
-229.060
-4,46
Serviços e Rendas
-86.879
-89.251
2,73
-47.101
-48.928
3,88
Aluguel de Equipamentos
-19.060
-22.651
18,84
Transporte
-9.793
-8.939
-8,72
Viagens Internacionais
-18.283
-18.695
2,25
Rendas
-39.778
-40.323
1,37
-14.244
-14.154
-0,63
-26.045
-26.523
1,84
3.366
1.922
-42,90
-81.227
-91.288
12,39
Serviços
16,95
-5,23
8,85
-8,81
Lucros e Dividendos
7,82
8,1
-0,97
Tranf. Unilaterais
Transações Correntes
-2,64
Variaçã
o (%)
-239.748
9,27
17,26
2013
Importações
17,09
16,94
2014
Exportações
Juros
e
21
Fonte: Banco Central do Brasil – elaboração própria.
Fonte: MDIC/SECEX, elaboração própria.
A participação das importações brasileiras oriundas da União Europeia manteve-se constante
no comparativo anual, passando de 21,17% em
A conta transporte foi deficitária em US$
8,939 bilhões em 2014, contra US$ 9,793 bilhões
em 2013, um aumento de 8,72%. Isso ocorreu deBol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 19-32, Agosto, 2015
22
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
vido aos maiores valores das receitas com transporte. A conta serviços empresariais registrou um
superávit de US$ 10,952 bilhões, enquanto em
2013 foi de US$ 10,167 bilhões, uma expansão de
7,72%. O resultado foi gerado a partir da ampliação
das receitas com serviços administrativos e outros
técnicos e profissionais.
O dispêndio com aluguel de equipamentos é
a conta que apresenta o maior déficit com US$
22,651 bilhões, mostrando um crescimento de
18,84% quando comparada ao ano de 2013. Esse
déficit é gerado pelo uso de equipamentos para a
exploração de petróleo, e o crescimento da aviação
comercial.
Na conta rendas, ocorreu aumento de 1,37%
do déficit no comparativo anual, sendo registrado
em 2014 um saldo negativo em US$ 40,323 bilhões
e em 2013 de US$ 39,7 bilhões. A conta juros diminuiu seu déficit em 0,63%, enquanto a conta
lucros e dividendos aumentou o déficit em 1,84%
de US$ 26,045 bilhões em 2013 para US$ 26,523
bilhões em 2014.
As transferências unilaterais foram de US$
1,192 bilhões, o decréscimo foi de 42,90% em
relação ao ano de 2013. O déficit na conta corrente
foi de US$ 91,288 bilhões, causando um aumento
do déficit em 12,39% na comparação anual, em
2013 o déficit foi de US$ 81,227 bilhões. Esse
resultado é explicado pelo desempenho da balança
comercial que apresentou grande queda em
relação ao ano de 2013 e ao aumento do déficit da
conta de serviços e rendas.
3.1.2 Conta Capital e Financeira
A conta Capital e Financeira somou o
equivalente a US$ 98,399 bilhões de ingressos
líquidos durante o ano de 2014, esse resultado
reflete um aumento de 32,34% em relação ao ano
anterior, onde foram registrados US$ 74,353
bilhões.
A conta se manteve com resultados
próximos durante os três primeiros trimestres, no
entanto no ultimo apresentou uma queda maior. A
conta Capital somou US$ 589 milhões no ano,
mostrando uma variação negativa, visto que em
2013 teve o total de US$ 1,193 bilhões, o motivo
que levou essa queda é proveniente das
transferências unilaterais de capital que caíram
pela metade em 2014.
A conta Financeira representou US$ 97,809
bilhões no acumulado de todos os meses, com um
comportamento de crescimento, ela aumentou
33,69%, visto que no ano anterior a mesma chegou
a US$ 73,159 bilhões. O aumento se deve em sua
maior parte pela atuação da sub conta Outros
Investimentos, que se apresentou positiva no total
de US$ 2,651 bilhões e que anteriormente (2013)
havia registrado o saldo negativo de US$ 20,131
bilhões, as suas subcontas tiveram aumentos
significativos, de um lado o aumento do saldo
negativo de Outros Investimentos Brasileiros em
19,73%, e de outro a conta Outros Investimentos
Estrangeiros mais que dobram nos doze meses,
passando de US$ 19,742 bilhões para US$ 50,392
bilhões.
Gráfico 1- Comportamento da Conta Capital e Financeira
durante o ano de 2014.
Fonte: Bacen
O Investimento Direto líquido somou US$
66,035 bilhões, um valor 2,16% menor que em
2013, mesmo o valor sendo pouco menor em 2014
certamente as expectativas ruins em relação a
economia e o possível aumento dos juros nos EUA
afetaram esse menor desempenho da conta, pois a
mesma representa os investimentos internacionais,
a conta também não é muito sensível no curto
prazo, pois o capital tem menos volatilidade,
levando a evidências que ela tende a diminuir mais
no próximo ano.
Gráfico 2 – Investimento Estrangeiro Direto e Investimento
estrangeiro em Carteira 2012-14
O Investimento Estrangeiro Direto ficou em
US$ 62,495 bilhões, houve também uma queda na
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 17-29, Dezembro, 2014
Murillo et al.
23
comparação anual da conta, esta que foi registrada
em 2013 com US$ 63,996 bilhões, o resultado
reflete que as matrizes estrangeiras deixaram de
investir em suas filiais 2,35% do que foi investido
anteriormente. As subcontas que incorporam o IED
tiveram desempenho diferentes, enquanto a
Participação no Capital cresceu 13,59% chegando
a
US$47,303
bilhões,
o
Empréstimo
Intercompanhia caiu 32,03% afetando o IED de
maneira negativa, o que consequentemente
acarreta em um produto menor na economia.
Tabela 3.5 – Conta capital e financeira 2014/2013
(US$ milhões)
2014
2013
Variação
(%)
98,399
74,353
32,34
589
1,193
49253,28
97,809
73,159
33,69
66,035
67,491
-2,16
3,540
3,495
1,29
Participação no capital
-1,476
-19,556
-92,45
Empréstimo intercompanhia
23,096
18,256
26,51
62,495
63,996
-2,35
Participação no capital
47,303
41,644
13,59
Empréstimo intercompanhia
-32,03
Discriminação
Conta Capital e Financeira
Capital
Financeira
Investimento Direto Líquido
Investimento brasileiro direto
Investimento estrangeiro direto
15,192
22,352
Investimento em Carteira
30,691
25,689
19,47
Investimentos Brasileiros
-2,840
-8,975
-68,36
Ações de comp. Estrang.
-803
-1,462
54817,09
-2,760
-7,513
-63,27
33,531
34,664
-3,27
Ações de comp. Bras.
11,546
11,636
-0,78
Títulos de renda fixa
21,985
23,028
-4,53
2,651
-20,131
-113,17
Outros Investimentos brasileiros
-47,741
-39,873
19,73
Outros Investimentos estrangeiros
50,392
19,742
155,26
947
3,722
25342,67
-5,926
10,833
-154,71
Títulos de renda fixa
Investimentos Estrangeiros
Outros Investimentos1
Erros e Omissões
Resultado do Balanço
Fonte: Banco Central do Brasil – elaboração própria6
(1) Registra créditos comerciais, empréstimos, moeda e depósitos e outros
ativos.
O Investimento em Carteira foi de US$
30,691 bilhões, valor este maior que em 2013,
quando ele chegou a US$ 25,689 bilhões, embora
tenha aumentado esse tipo de investimento é
considerado como capital especulativo de curto
prazo, significando que a qualquer momento ele
pode fugir do país.
Os
Investimentos
Estrangeiros
corresponderam a US$ 33,531 bilhões, somatório
menor que no ano antecedente, que se alcançou
US$ 34, 554 bilhões, os Títulos de Renda Fixa
foram os principais vilões da conta, já que estes
diminuíram sua participação em 4,53%.
Gráfico 3 – Transações Correntes e Conta Capital e
Financeira Em Milhões de US$.
Fonte: BACEN. Elaboração própria.
O gráfico acima destaca o desempenho
das Transações Correntes e da Conta Capital e
Financeira nos últimos cinco anos, nos diferentes
anos apenas em 2013 a conta Capital e Financeira
não conseguiu financiar o rombo das Transações
Correntes, em 2014 a conta Capital e Financeira
fechou com um montante de US$ 98,399 bilhões,
diante do déficit de US$ 91,288 na Conta Corrente.
Erros e Omissões ficaram em US$ 947
milhões, uma queda em relação a 2013, quando
somou US$ 3,722 bilhões. O resultado do Balanço
de Pagamentos foi de US$ 10,833 bilhões, um
aumento de 154,71% no comparativo, reforçando
que no mesmo período em 2013 o fechamento do
Balanço havia sido negativo em US$ 5,926 bilhões.
3.2
MERCOSUL
Negociações
Em novembro de 2014, aconteceu o segundo turno das eleições presidenciais no Uruguai que
elegeu o ex-presidente esquerdista Tabaré Vázquez para o cargo de presidente, derrotando o exdeputado de centro-direita, Luis Lacalle Pou. O
novo presidente já demonstrou disposição, para
colaborar com as negociações do Mercosul para a
elaboração de um acordo comercial com a União
Europeia.
No Brasil, as eleições presidenciais também
causaram instabilidade política e econômica. Enquanto o candidato Aécio Neves propôs uma revisão no Mercosul para que fosse possível avaliar
novas alternativas e parcerias comercias – uma vez
que o bloco impede que os membros façam individualmente acordos bilaterais com países fora do
bloco – a presidente reeleita defendia o fortalecimento do bloco através do fortalecimento das liga-
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 19-32, Agosto, 2015
24
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
ções entre o Mercosul e outros países em desenvolvimento, como os BRICS.
No dia 17 de dezembro, os presidentes dos
países que compõem o Mercosul se reuniram na
cidade argentina de Paraná, para a 47º Cúpula do
Mercosul. Durante a cúpula, ficou claro a preocupação dos demais países com a queda no crescimento da economia brasileira, e estes tinham enorme expectativas com relação às medidas que
seriam adotadas pela nova equipe econômica brasileira, visto que o Brasil é um dos principais países
do grupo e a economia e a política brasileira acabam por influenciar toda a região.
A Bolívia também esteve presente na cúpula,
representada por seu presidente Evo Morales, que
ainda aguardava a aprovação do Congresso brasileiro e paraguaio para se incorporar ao Mercosul.
Estiveram presentes também o presidente venezuelano Nicolás Maduro, o presidente paraguaio Horácio Cartes e o presidente do Uruguai José Mujica.
Na 47º Cúpula, a presidente da Argentina
Cristina Kirchner passou à presidente brasileira
Dilma Rousseff a titularidade do bloco para o próximo semestre, a Presidência Pro Tempore. Em
seu discurso a presidente do Brasil ressaltou que é
necessário “recuperar a fluidez do comercio intrabloco”.
Um dos temas mais discutidos no encontro,
foi a entrada definitiva da Bolívia para o
MERCOSUL, onde estimou-se que até o final do
primeiro semestre de 2015 os congressos brasileiro
e paraguaio ratificariam a entrada do país no bloco.
Durante a cúpula também foi discutido o acordo União Europeia-MERCOSUL e aprovado a
placa única do MERCOSUL, modelo já utilizado
pela UE. Com relação aos acordos, a presidenta
Dilma Rousseff apontou a necessidade do Mercosul de se aproximar de outros blocos econômicos
como a União Europeia e a Aliança do Pacífico,
porém, com relação à UE, Dilma afirmou em seu
discurso que cabe agora à Bruxelas concluir suas
consultas internas para que se possa definir as
datas para a troca das propostas, sendo que o
Mercosul já possui sua lista de ofertas.
Comércio
As exportações brasileiras para países do
Mercosul caíram 21,23% no último trimestre de
2014, em comparação com o mesmo período de
2013, e alcançou 4,75 bilhões de dólares. Com isso
as exportações no ano de 2014 fecharam em 20,42
bilhões de dólares, número 17,3% menor que o
verificado em 2013.
As exportações brasileiras para a Argentina
caíram 30,8% no quarto trimestre de 2014 em
comparação com o quarto trimestre de 2013. As
exportações para o Paraguai também caíram, porém, apenas 2,5% e atingiram 721,4 milhões de
dólares. O destino Uruguai foi o único que apresentou aumento. As exportações para o Uruguai aumentaram 31,2% no quarto trimestre de 2014 com
relação ao mesmo período do ano anterior e chegaram a 778,45 milhões de dólares.
Apesar da queda das exportações brasileiras
para a Argentina, o País seguiu sendo o principal
parceiro comercial do Brasil no Mercosul em 2014.
As exportações do Brasil para a Argentina totalizaram 14,3 bilhões de dólares, uma queda de 27,2%
em relação ao ano de 2013. A relação comercial
com o Paraguai apesar de ter ocorrido uma queda
nas exportações no último trimestre de 2014, no
acumulado do ano foi registrado um aumento de
6,6% em comparação ao ano de 2013. O mesmo
aconteceu com o Uruguai, para o qual o Brasil exportou em 2014 42,2% a mais que em 2013.
Gráfico 4 – Exportações brasileiras para o Mercosul em
bilhões de dólares.
Fonte: IPEADATA, 2015
Com relação às importações brasileiras vindas dos países pertencentes ao Mercosul, a queda
no ano de 2014 foi de 10,37% em comparação à
2013 e alcançaram 17,3 bilhões de dólares. Novamente, a Argentina se confirma como principal
parceira, visto que apenas deste país, o Brasil importou 14,143 bilhões de dólares em 2014. Porém,
esse valor também representou uma queda de
14,1%, quando comparado ao ano de 2013. No
caso das importações vindas do Paraguai e Uruguai, essas sofreram aumentos em 2014 quando
comparadas à 2013, no valor de 16,4% e 8,6%
respectivamente.
A balança de pagamentos com o Mercosul
fechou com um saldo positivo de 3,15 bilhões de
dólares. Apesar de positiva, esse valor é 41,83%
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 17-29, Dezembro, 2014
Murillo et al.
menor que o valor registrado em 2014 e, se observamos apenas o quarto trimestre de 2014, o saldo
foi 69,7% menor que os 1,51 bilhões de dólares
registrados no quarto trimestre de 2013.
Apesar da proximidade geográfica e das relações históricas, as exportações brasileiras para a
Argentina, Paraguai e Uruguai representaram em
2014 apenas 9,07% do total das exportações brasileiras. O mesmo ocorre com as importações vindas
do Mercosul, que representam apenas 7,54% do
total importado pelo Brasil.
3.3
RESERVAS INTERNACIONAIS
Em dezembro de 2014, as reservas
internacionais, pelo conceito caixa, fecharam o ano
com um saldo de US$ 363,5 bilhões. Comparandose com o fechamento de 2013, observa-se uma
variação positiva de 1,32%, quando apresentou um
montante de US$ 358,8 bilhões.
Nos três primeiros trimestres de 2014 as
reservas, por este conceito, exibiram variações
positivas quando comparadas com os trimestres
anteriores, fechando o terceiro trimestre com um
saldo de US$ 375,513 bilhões. O último trimestre
do ano variou negativamente em 3,18% em relação
ao trimestre anterior.
Analisando o conceito liquidez, que inclui
saldo de linhas de recompra e operações de
empréstimos em moeda estrangeira, percebe-se
que no fechamento de 2013 as reservas
internacionais apresentaram a primeira queda
desde os anos 2000. Esse recuo se deu
principalmente pela saída de recursos do país,
pelas reduções das variações por preço e
paridades (US$ 778 milhões e US$ 78 milhões
respectivamente), e pela venda de dólares no
mercado a vista pelo BACEN (US$ 11,52 bilhões).
Tanto no primeiro trimestre de 2014,
quanto no segundo, as reservas apresentaram
variações positivas em relação aos trimestres
anteriores, 0,37% e 2,64%. Contudo, no terceiro
trimestre do ano, quando as reservas atingiram um
saldo de US$ 375,713 bilhões, diminuíram 1,26%
em relação ao segundo trimestre.
No fechamento de 2014 as reservas
atingiram um montante de US$ 374,051 bilhões,
valor 0,46% menor que no fechamento de 2013,
quando havia apresentado a primeira queda em 13
anos. Comparado com o terceiro trimestre, as
reservas diminuíram 0,44% no último trimestre.
Em dezembro, a liquidação de operações
de linhas de recompra somaram vendas liquidas de
US$10,3 bilhões, elevando o estoque nesses ativos
em US$ 10,5 bilhões. Considerando, ainda, a
remuneração das reservas, fechou-se o ano de
2014 com uma receita positiva de US$ 253
milhões. Em relação às demais operações
externas, especialmente relacionada a variações
de preços e paridades, representaram uma
redução de estoque, respectivamente no valor de
25
US$ 554 milhões e US$ 1,5 bilhões, influenciando
para o recuo apresentado pelas reservas nesse
período.
Outro fator importante para explicar a
queda das reservas no fechamento de 2014 são as
saídas de dólares do Brasil. No ano de 2014, mais
dólares deixaram o país do que entraram. O fluxo
cambial foi negativo em US$ 9,287 bilhões no ano,
sendo o segundo pior resultado desde 2002.
Apenas em dezembro houve uma retirada de
dólares da economia de US$ 14 bilhões, maior
saída mensal em mais de 16 anos. Dessa forma, o
país sofre com grande escassez de recursos,
afetando as reservas.
Em relação a intervenção do BACEN na
economia, este interveio comprando US$ 6,48
bilhões no mercado a vista. Desde 2013 o Banco
Central passou a realizar leilões de compra e
venda de dólares de moeda estrangeira, visando
controlar a taxa de câmbio, permitindo não acalmar
a procura por dólares sem mexer nas reservas
internacionais. A entidade monetária anunciou em
dezembro que irá estender o programa de leilões
diários de swaps cambiais até o final de março de
2015, ofertando US$ 100 milhões por dia,
apresentando queda em relação ao que era
ofertado nos leilões realizados durante o ano de
2014.
Tabela 3.6 FLUXOS DAS RESERVAS 2013-2014
Posição das reservas no período anterior
1 Intervenções do Banco Central
2. Operações externas (Banco Central e Tesouro)
Serviço da dívida (líquido)
2013
2014
373 147
358 808
- 11 520
6 486
- 8 659
- 7 210
- 4 937
- 5 080
Desembolsos
903
386
Amortizações
- 2 860
- 2 839
- 2 979
- 2 628
3 397
2 990
- 7 120
- 5 120
Juros
Remuneração das reservas
Outras variações
Variações por preço
- 4 321
1 724
Variações por paridades
- 4 092
- 7 814
Demais
3 Liquidações do Tesouro Nacional (mercado)
Variação total (1+2+3)
Posição das reservas – conceito caixa
Saldo de linhas com recompra
Saldo de empréstimos em moeda estrangeira
Posição das reservas – conceito liquidez
1 293
970
5 839
5 467
- 14 340
4 743
358 808
363 550
16 986
10 500
-
374 051
375 794
Fonte: BCB
Em 31 de dezembro de 2014, os títulos
representavam 92,47% dos ativos de reservas. O
custo da manutenção das reservas cambiais é
calculado pela diferença entre sua taxa de
rentabilidade e a taxa média de captação apurada
no passivo do Banco Central, dessa forma, as
reservas internacionais apresentaram rentabilidade
de 7,46% no período, totalizando 4,43% de
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 19-32, Agosto, 2015
26
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
resultado líquido (R$ 42.314.327,00) quando
considerado o custo de captação (3,03%).
Fazendo a exclusão da correção cambial
as reservas brasileiras apresentaram rentabilidade
positiva de 0,33%, e considerando o custo de
captação de (3,03%) o resultado líquido das
reservas foi negativo em 2,70% (R$ 25.770.384,00)
no período.
Tabela 3.7 Indicadores de Solvência Externa
Indicadores
Reservas (liquidez) / dívida total (%)
Reservas / Divida de C.P. %
Reservas (liquidez) / serviço da dívida (razão)
Reservas (liquidez) / juros (razão)
2013
120,4
525,5
5,0
24,4
2014
107.3
305.0
5.7
26.9
Fonte: BCB
Analisando os indicadores que avaliam a
capacidade de o país honrar seus compromissos
externos, percebe-se que estes têm apresentado
tendência de queda em todos os trimestres de
2014. As reservas líquidas representavam 107,3%
da dívida total no fechamento do ano, sendo que
no trimestre anterior correspondiam a 111% da
dívida total. Comparando-se os fechamentos de
2014 e 2013, se constata novamente uma queda
no índice. Essa piora é dada pelo agravamento das
contas externas, como já foi analisado.
3.4
TAXAS DE CÂMBIO
Euro
Durante o ano de 2013 a área do euro
buscou se recuperar de um extenso período de
contração de sua economia. As políticas realizadas
pelo Banco Central Europeu (BCE) nos primeiros
trimestres de 2014 se mantiveram de forma
estáveis, dadas as expectativas de que a zona se
recuperaria de forma gradual durante os próximos
anos.
No decorrer de 2014, a área do euro
apresentou um pequeno crescimento, de 0,2% no
primeiro trimestre, mas importante, dado que no
segundo trimestre a economia se manteve
estagnada, voltando a crescer apenas no terceiro
trimestre, quando registrou crescimento de 0,2%.
No quarto trimestre do ano a zona do euro
cresceu de forma inesperada, maior do que era
previsto pelos analistas. Essa aceleração foi
impulsionada pelo principal país do bloco, a
Alemanha, crescendo 0,7%, duas vezes o que era
esperado. Na base anual, o bloco contendo os 18
países que compartilham o euro cresceu 0,9%,
crescendo 0,3% entre outubro e dezembro,
segundo as estimativas preliminares da Eurostat.
Durante todo o ano de 2014 o BCE realizou
políticas em um cenário com baixo crescimento
econômico, pressão inflacionaria interna baixa,
desemprego elevado e o crédito contraindo-se. Nas
reuniões realizadas pelo Banco Central nos meses
de junho e setembro, as principais taxas de juros
do bloco foram sendo reduzidas, a principal taxa de
refinanciamento caiu para 0,05%, e taxa de
empréstimo, para 0,30%.
Além disso, implementou uma taxa de
depósito negativa, primeiro de 0,10% em junho, e
depois para 0,20% em setembro, taxa que
remunera depósitos overnight, penalizando assim
os bancos que fizessem depósitos no BCE. Essa
política visa um esforço para estimular os bancos a
emprestarem dinheiro, injetando maior recurso na
economia. O cenário em que a economia do bloco
se encontrava durante o ano ameaçava arrastar os
países para uma situação econômica ainda mais
grave.
Essas taxas se mantiveram no restante do
ano, como tentativa de se impulsionar o
crescimento e evitar uma deflação. As políticas
atingiram positivamente o credito, dado que este
passou a contrair-se em um ritmo mais lento, e o
BCE apresenta expectativas de que a contração do
credito parece estar a inverter-se. Além disso,
como foi apresentado, a Alemanha foi capaz de
impulsionar um crescimento maior do que o
esperado no último trimestre e para a base anual.
Contudo, devido à energia muito mais
barata no último trimestre, os preços ao
consumidor no bloco europeu apresentaram queda
maior do que o esperado, registrando uma deflação
de 0,2% em dezembro na comparação anual, fato
que não ocorria desde 2009, segundo dados da
Eurostat. O desemprego se manteve alto, mas
estável no mês de dezembro. O número de
desempregados se mantem sem mudanças desde
outubro, com uma taxa de 12%. No mês de
dezembro a União Europeia apresentava cerca de
22,6 milhões de desempregados, sendo 19,01
milhões nos países do euro.
A tabela a seguir apresenta as cotações do
euro no Brasil e nos Estados Unidos de Janeiro de
2013 até dezembro de 2014. Além disso, a tabela
também mostra a cotação do euro no mercado de
Nova York e a cotação do dólar em relação ao real
no mercado nacional para o mesmo período.
No primeiro trimestre de 2014 o euro
apresentou uma apreciação frente ao real de
0,61% quando comparado com o ultimo trimestre
de 2013. Já no segundo trimestre, o euro sofreu
uma depreciação frente a moeda nacional de
7,13% em relação ao trimestre anterior.
Comprovando a volatilidade do câmbio, no terceiro
trimestre o euro voltou a apresentar apreciação em
relação ao real, agora de 2,65%, quando
comparado com o trimestre anterior.
Frente ao real, o euro voltou a se apreciar
em 4,27% no quarto trimestre de 2014, quando
estava cotado em R$ 3,2258. Comparando-se com
o quarto trimestre de 2013, o euro se apreciou
0,02% em relação ao real.
Em relação a paridade euro/dólar, no
primeiro trimestre de 2014 o euro apresentou uma
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 17-29, Dezembro, 2014
Murillo et al.
apreciação de 0,99% quando comparado com o
ultimo trimestre de 2013. Já nos trimestres
seguintes o euro passou a depreciar frente ao
dólar, de 1,58% no segundo trimestre, 7,76% no
terceiro trimestre e 3,79% no último trimestre do
ano. Comparando-se com o quarto trimestre de
2013, o euro se depreciou 11,79% em relação ao
dólar.
Tabela 3.8 - Cotações Dólar/Euro no Brasil e nos EUA
Janeiro/2013 a Dezembro/2014.
Real/Dólar
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
2013
2014
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
2014
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
1.9877
1.9749
2.0132
2.0011
2.1314
2.215
2.2897
2.3719
2.2294
2.202
2.3243
2.342
2.4257
2.3327
2.2624
2.2354
2.2384
2.2019
2.2668
2.239
2.4504
2.4436
2.5595
2.6556
Real/
Euro
2.6977
2.5824
2.5843
2.6354
2.7668
2.8817
3.0435
3.1297
3.017
2.9982
3.161
3.2252
3.2711
3.2215
3.2449
3.1001
3.0527
3.0137
3.0343
2.9441
3.0936
3.056
3.1902
3.2258
Dezembro
Fonte: Banco Central do Brasil e Federal Reserve.
Paridade
(euro/dólar)
1.3572
1.3076
1.2837
1.317
1.2981
1.301
1.3292
1.3195
1.3533
1.3616
1.36
1.3771
1.3485
1.381
1.3907
1.3868
1.3638
1.3687
1.3386
1.3149
1.2625
1.2506
1.2464
1.2147
Dólar/
Euro (NY)
1.3304
1.3347
1.2953
1.3025
1.2983
1.3197
1.3088
1.3314
1.3364
1.3646
1.3491
1.3708
1.3618
1.3665
1.3828
1.3810
1.3739
1.3595
1.3533
1.3315
1.2889
1.2677
1.2473
1.2329
Essas
tendências
de
apreciação
e
depreciação possuem razões internas e externas.
A crise política e econômica brasileira tem afastado
investidores do país, o que diminui a força do real
ante a outras moedas, como o dólar e o euro. O
Brasil tem passado por baixo crescimento
econômico e elevação da inflação. Mesmo
apresentando altas taxas de juros, o que indica
maior rentabilidade para os ativos, o ano de 2014
foi um ano de grande instabilidade econômica
dentro do país, tornando esses ativos de grande
risco. Além disso, existem os fatores externos, a
sinalização de que o Banco Central dos Estados
Unidos deverá elevar os juros contribuindo também
para a perda de força da moeda nacional. A alta
dos juros eleva a remuneração dos ativos norte
americano, e com isso, investidores que migraram
para ativos de emergentes, como o Brasil, que
possuem maior rentabilidade, mas maiores riscos,
tendem a retornar aos Estados Unidos.
27
Outro fator que contribui para a perda de
poder do real, foram a queda dos preços das
commodities.
Uma análise a se fazer é que a
depreciação do real frente ao euro não foi tão
drástica, dado que o euro tem perdido força frente
ao dólar durante os últimos trimestres de 2014.
Alguns fatos podem evidenciar essa depreciação
do
euro
frente
ao
dólar.
A
situação
macroeconômica favorece essa relação, haja vista
que a economia dos Estados Unidos se recuperou
mais rápido e está com dados econômicos
melhores, como inflação e taxa de desemprego.
Outro fator que afeta esse quadro são as taxas de
juros negativas e rentabilidades negativas, assim a
tendência é de que os investidores passam a trocar
parte do capital para outros ativos.
A zona do euro também tem apresentado
fortes saídas de capital para outras economias,
como Estados Unidos e Reino Unido, o que reforça
a depreciação do euro, principalmente em relação
ao dólar. Além disso, continua e continuará sendo a
moeda de reserva mundial durante alguns anos
pelo menos. Contudo, para especialistas a
debilidade do euro é parte de um processo
necessário de ajuste para que a economia da zona
do euro volte a crescer e a atingir taxas de
desemprego e inflação mais aceitáveis, e dessa
forma o euro deve se manter como reserva
alternativa ao dólar.
De acordo com o boletim anual do BCE, a
taxa efetiva nominal do euro, que é medida em
relação aos principais parceiros econômicos,
diminui 3,4%. Analisando em termos bilaterais, o
euro se enfraqueceu mais em relação ao dólar
americano (12,6%), em relação ao renminbi da
China (10,2%), depreciando também face a libra
esterlina (6,8%). Contudo, apresentou apreciação
em relação ao iene do Japão (0,4%). A principal
variação se deu em relação ao rublo da Rússia,
apreciação de 60%, dado que o Banco Central
Russo adotou oficialmente um regime de câmbio
variável, em um contexto de tensões geopolíticas e
de queda nos preços dos produtos energéticos.
Dólar
No ano de 2014, a taxa de câmbio nominal
real/dólar encerrou cotada em R$ 2,66, ocorrendo
uma depreciação do real frente ao dólar em relação
ao mesmo período do ano anterior de 13,39%,
quando foi cotada em R$ 2,35, conforme a tabela
3.5. A taxa de câmbio efetiva real calculada pelo
Ipeadata, que adota como índice base 100,00 o
ano de 2005, encerra o ano em 140,38. Em relação
ao calculado no fim de 2014, quando estava em
144,62, houve uma apreciação de 2,93%,
mostrando, baseado apenas nesta taxa, uma
redução de competitividade em 2014 das
exportações brasileiras em relação ao mesmo
período do ano anterior.
Durante todo o ano de 2014, a taxa de
câmbio sofreu grandes flutuações. Do início do ano
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 19-32, Agosto, 2015
28
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
até o mês de junho a taxa se comportou no sentido
de uma apreciação do real. De agosto ao mês de
dezembro a taxa de câmbio sofre uma profunda
depreciação, diminuindo o poder de compra do
real. No ano, o dólar diminuiu 8,66% em relação ao
real. Essa apreciação do dólar durante o ano de
2013 foi influenciada por motivos externos e
também internos. Esses movimentos refletiram os
dados positivos da economia estadunidense, que
corroboram para visão de que essa economia está
em recuperação, levando analistas a apostarem
numa alta dos juros nos Estados Unidos mais cedo
que o esperado.
Além disso, o preço das commodities
sofreu contração em 2014, com destaque para o
petróleo. Isso gera aumento da aversão ao risco
por parte dos investidores estrangeiros nos
principais mercados internacionais, o que
combinado com o pessimismo generalizado do
mercado com a Petrobrás e os processos que
surgem contra a estatal, favorecem a depreciação
do real.
Tabela 3.9 - Evolução da taxa de câmbio nominal e real de
Janeiro/2013 a Dezembro/2014
Taxa de
Câmbio
Nominal
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
2013
2013
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Dezembro
Janeiro
Fevereiro
Março
Abril
Maio
Junho
2014
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Variação
Mensal %
Taxa de
Câmbio
Efetiva Real
Var.
Mensal %
1,9877
-2,70
112,6665
-1,89
1,9749
-0,64
110,3147
-2,09
2,0132
1,94
110,5023
0,17
2,0011
-0,60
112,302
1,63
2,1314
6,51
115,1975
2,58
2,215
3,92
124,7505
8,29
2,2897
3,37
130,9772
4,99
2,3719
3,59
138,1988
5,51
2,2294
-6,01
135,8526
-1,70
2,202
-1,23
132,8657
-2,20
2,3243
5,55
140,215
5,53
2,342
0,76
144,6206
3,14
2,4257
3,57
143,3727
-0,86
2,3327
-3,83
144,0881
0,50
2,2624
-3,01
141,4956
-1,80
2,2354
-1,19
136,3334
-3,65
2,2384
0,13
136,6734
0,25
2,2019
-1,63
139,0837
1,76
2,2668
2,95
139,9104
0,59
2,239
-1,23
143,4661
2,54
2,4504
9,44
147,6444
2,91
2,4436
-0,28
155,1569
5,09
2,5595
4,74
161,9892
4,40
anterior em que o PIB cresceu aproximadamente
2,7%. Entretanto, no último trimestre do ano o PIB
sofreu expansão de 0,3% com relação ao trimestre
anterior. No entanto, retraiu 0,2% em relação ao
último trimestre de 2013.
Além disso, por conta dessa contínua
depreciação do real frente ao dólar, a perda de
credibilidade do país com os investidores, além da
pressão inflacionária, baixo crescimento e queda
nos investimentos privados e externos agravaram
ainda mais a situação do país, ampliando os riscos
e cada vez mais o governo têm dificuldades para
conter a depreciação do real.
Diante disso, o Banco Central veio a intervir
na economia a fim de assegurar a depreciação do
real por meio de swaps cambiais e assim,
intensificando seus movimentos de compra e venda
de moeda estrangeira no mercado. A ação iniciouse no início de 2013 e permaneceu até o final de
2014, quando registrou resultado de – US$ 10,3
bilhões. Dessa forma, conforme a tabela 3.6,
verifica-se que a partir do início da intervenção do
Banco Central na economia, o saldo de compras e
vendas tende a ser positivo, indicando expansão da
posição comprada.
A grande preocupação do Banco Central
com a apreciação do dólar é principalmente com as
pressões inflacionárias que podem surgir por conta
do aumento da competitividade do país com a
moeda doméstica depreciada através do fenômeno
chamado “repasse cambial” ou pass through, ou
seja, o repasse da depreciação do real para a
inflação, uma vez que a competitividade maior do
mercado interno traz a escassez de produtos que
passam a custar mais caro, impactando assim, na
inflação. Por conta disso, elevou-se a taxa de juros
durante todo o ano chegando ao final de 2014 à
11,65% ao ano. O aumento durante o ano foi de
1,75 pontos percentuais. Dessa forma, com uma
taxa de juros maior, o consumo e os preços se
contem e, a priori, anulam os efeitos da inflação.
Tabela 3.10 - Mercado primário de câmbio, Setembro
2013/Dezembro 2014 (US$ bilhões)
Set./2013
Out/13
Nov./13
Dez/13
jan/14
fev/14
mar/14
Abril/14
Maio/14
Junho/14
Jul./2014
Ago./2014
Set./2014
Out/14
Nov./14
Dez/14
Dezembro
2,6556
3,75
140,3833
-13,34
Fonte: Banco Central do Brasil, IPEA-DATA Média ano, 2005 = 100.
Por outro lado, e principal motivo das
oscilações do valor do real frente ao dólar, foi o
desempenho negativo da economia doméstica. Um
exemplo é mostrado pelo desempenho do PIB
durante o ano. Segundo IBGE (2015), o PIB
registrou um crescimento de 0,1% durante o ano de
2014, um resultado pior do que registrado no ano
Movimento de Câmbio
Comer
Financ
Saldo
cial
eiro
-5,04
2,98
-2,05
-1,06
-5,14
-6,20
4,24
-1,70
2,54
-1,88
-6,90
-8,78
1,591
0,019
1,61
-2,129
0,272
-1,86
-, 521
2,825
2,30
3,79
-1,01
2,78
1,92
-2,73
-0,81
-1,77
1,89
0,12
1,62
-3,31
-1,79
-2,04
-1,02
-3,06
1,02
1,02
2,04
1,52
5,41
6,93
-1,36
-2,15
-3,51
0,49
-14,54
-14,05
Posiç
Var
ão de
posiç
Câmbio
ão
-6,51
-2,32
-12,29
-5,78
-9,58
2,71
-18,12
-8,55
-16,59
1,534
-18,59
-2
-16,25
2,34
-13,57
2,68
-14,34
-0,77
-13,74
0,6
-15,64
-1,9
-18,83
-3,19
-17,16
1,67
-10,19
6,97
-13,99
-3,80
-28,26
-14,28
Sald
o BC
-1,56
-5,0
-1,3
-3,3
2,46
1,25
1,57
1,30
3,40
4,75
2,05
-10,3
Fonte: Banco Central do Brasil.
1
posição comprada (+), posição vendida (-)
variaçao positive indica aumento da posição comprada
2
Com as intervenções do Banco Central, a
moeda norte-americana teve declínio em sua
cotação entre janeiro e junho de 2014, quando era
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 17-29, Dezembro, 2014
Murillo et al.
de R$ 2,20. Foi a menor cotação já registrada
desde fevereiro de 2013 quando o dólar chegou ao
valor de R$ 1,97. Entretanto, o real se depreciou
nos meses de janeiro, maio, julho, setembro,
novembro e dezembro. Por isso, o saldo do BC foi
negativo em US$ 10,3 bilhões em dezembro de
2014. Contudo, as intervenções do Banco Central
do Brasil atingiram um saldo de compra e venda
majoritariamente positivo em 2014, que foi em
média de US$ 0,541 bilhões.
A posição dos bancos, que reflete as
operações no mercado primário de câmbio e as
operações com o Banco Central, passou de
vendida em US$ US$ 16,59 bilhões em dezembro
de 2013, para US$ 28,26 bilhões, em dezembro de
2014. O risco-país (EMBI+) fechou o ano de 2014
nos 259 pontos. Houve piora na classificação do
risco de investimento no Brasil na comparação com
2013, quando estava em 224 pontos, mantendo o
clima de desconfiança externa no país.
3.5
PRINCIPAIS PARCEIROS
ARGENTINA
O produto interno bruto da Argentina cresceu
apenas 0,5% no ano de 2014, variação muito abaixo da registrada em 2013 que foi de 2,9% e parecida com a encontrada no quarto trimestre de 2014,
que foi de 0,4%. O gráfico abaixo mostra o modesto crescimento durante todo o ano de 2014 quando
comparado à 2013.
Gráfico 5 – Variação percentual do PIB argentino a preços
correntes.
Fonte: INDEC, Argentina, 2015
As exportações argentinas em 2014 somaram US$ 71,94 bilhões, o que representa uma queda de 11,9% em relação as exportações registradas em 2013. Os principais produtos que a Argentina exporta para o Brasil estão relacionados com a
indústria automotiva, ou seja, são em sua maioria
os produtos industrializados e manufaturados. As
exportações da Argentina para o Brasil em 2014
29
chegaram à US$ 14,1 bilhões e representam 19,7%
das exportações totais da Argentina.
Com relação às importações, houve uma
queda de 11,47% e o valor importado passou de
US$ 70,5 bilhões em 2013 para US$ 62,5 bilhões
em 2014.
As importações argentinas vindas do Brasil,
alcançaram 14,3 bilhões de dólares e a presença
do setor automotivo é forte, porém, nesse caso, o
minério de ferro também ocupa uma parcela significativa das importações.
Com os resultados observados nas importações e exportações, a balança de pagamentos
terminou com um superávit de US$ 9,48 bilhões em
2014 – no quarto trimestre esse valor chegou a
1,56 bilhões de dólares. Porém, assim como os
demais indicadores já analisados, o superávit da
balança de pagamentos sofreu uma redução de
14,7% com relação ao ano de 2013, que foi de US$
11,12 bilhões.
O investimento estrangeiro direto na Argentina em 2014 chegou a US$ 6,61 bilhões, valor,
41,5% menor que o registrado no ano de 2013. A
redução dos investimentos no país está relacionada, basicamente, à escalada inflacionária que tem
ocorrido no país nos últimos anos. No caso brasileiro, o país investiu menos na Argentina devido, principalmente, às barreiras que o governo da Presidente Cristina Kirchner criou à importação de insumos. Porém, o cenário se agravou ainda mais,
devido aos conflitos gerados no país com algumas
empresas brasileiras, como a ALL.
As reservas internacionais em 2014 somaram US$ 115,56 bilhões, ou seja, 19,1% a menos
que os US$ 142,8 bilhões registrados em 2013.
Essa fuga de capital está relacionada com as restrições as vendas de moeda estrangeira na Argentina. Apesar disso, devido à recessão, que causou
o esgotamento da capacidade de poupar da população e das empresas, juntamente com o aumento
das taxas de juros nos últimos meses, o ritmo da
fuga de capitais diminuiu no quarto trimestre de
2014 e fez com que as reservas internacionais
fossem 2,64% superiores que o registrado no quarto trimestre de 2013.
A taxa de cambio fechou a 8,46 o dólar em
2014, isso corresponde a um aumento de 30,45%
em relação ao preço do dólar no ano de 2013, que
fechou em 6,485.
A taxa de desemprego na Argentina fechou o
ano de 2014 em 7,2%, apenas 0,1 ponto percentual
a mais que o registrado em 2013. A taxa de desemprego, por ser uma varável cíclica, no quarto
trimestre de 2014 atingiu o menor resultado do ano,
6,9%, porém, esse resultado, ainda é maior que o
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 19-32, Agosto, 2015
30
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
registrado no quatro trimestre de 2013, que foi de
6,4%.
Gráfico 7 – Variação percentual do PIB chinês.
Fonte: National Bureau of Statistics of China, 2015.
Gráfico 6 – Taxa de desemprego na Argentina.
Fonte: Encuesta Permanente de Hogares, INDEC, 2015
A inflação na Argentina é uma variável controversa. Enquanto o Instituto Nacional de Estatística e Censos da Argentina (Indec) divulgou que no
ano de 2014 a inflação foi de 23,9%, as consultorias privadas divulgaram que a inflação foi, em média, de 38,5%. Independente do índice utilizado,
ambas refletem um aumento preocupante do nível
médio dos preços na Argentina no ano de 2014,
visto que em 2013, para o Indec a inflação foi de
10,6%.
CHINA
O produto interno bruto chinês cresceu 0,1
ponto percentual a menos que os 7,5% previstos
pelo governo da China para o ano de 2014 e foi
também, 0,3 pontos percentuais menor que o registrado em 2013. Essa desaceleração já era prevista
pelo governo através do 12º Plano Quinquienal. O
plano estabelece um crescimento médio da economia de 7% até 2015 e busca guiar a reestruturação econômica da China para que o país possa
crescer de forma eficaz e estável.
O produto interno do setor financeiro cresceu
em 2014, 10,2% a mais que no ano de 2013, e foi
um dos principais setores que influenciaram o crescimento do PIB chinês. A indústria também foi um
componente importante, e acumulou em 2014 um
crescimento de 7% em relação ao ano anterior.
As exportações da China cresceram 4,9%
em 2014 com relação ao ano de 2013. Entre os
principais produtos exportados estão o carvão,
incluindo a lenhite, as laminas de aço, fios e artigos
têxteis, vestuários e acessórios, containers, calçados e veículos motorizados.
As importações tiveram uma queda de 0,6%
em relação ao ano anterior e, foram compostas
principalmente por commodities como os cereais e
a soja. Na pauta das principais importações também consta o óleo vegetal, minério de ferro, óxido
de alumínio, carvão, óleo cru, petróleo refinado,
laminas de aço e cobre. A queda das importações
teve como causa principal, a redução dos preços
das matérias-primas, como o petróleo, em 2014.
Devido ao aumento das exportações e a
quase estagnação das importações a balança comercial da China terminou 2014 com um superávit
de US$ 382,46 bilhões, um aumento de quase 50%
quando comparado à 2013.
Ao analisar o resultado corrente das importações e exportações da China, podemos verificar
que os principais parceiros comerciais do país são:
União Europeia, Estados Unidos, ASEAN (Associação de Nações do Sudeste Asiático), Hong Kong,
Japão, Coréia, Taiwan, Rússia e Índia.
A taxa de cambio na China fechou o ano de
2014 a 6,119 yuans por dólar. Essa taxa é 0,36%
maior que a registrada no final de dezembro de
2013 e representa uma queda no preço do dólar
quando comparada aos três trimestres anteriores
que apresentaram relativa estabilidade na taxa de
cambio.
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 17-29, Dezembro, 2014
Murillo et al.
31
bilhões registrado no último trimestre de 2014 e
pela queda geral das exportações brasileiras para a
China em 2014. A queda do comércio com a China
pode ser explicada pela baixa nos preços das
commodities, que são os principais produtos de
exportação na relação comercial do Brasil com a
China, e pela desaceleração na economia Chinesa
que, por ser uma grande compradora de commodities, acaba por influenciar no preço delas.
Gráfico 8 – Taxa de câmbio (Yuan/dólar)
Fonte: The People’s Bank of China, 2015.
Em 2014, 23.778 novas empresas se instalaram na China através de investimento estrangeiro
direto. Isso representa um aumento de 4,4% em
relação ao valor registrado em 2013. No acumulado
do ano, a China registrou a entrada de US$ 119,56
bilhões em investimento estrangeiro direto, o que
representa 1,7% a mais que a quantidade registrada no ano anterior, 10 países foram os responsáveis por 94,2% do total de investimentos estrangeiros diretos registrados na China em 2014, por ordem de relevância, eles foram: Hong Kong, Singapura, Taiwan, Japão, República da Coréia, Estados
Unidos, Alemanha, Reino Unido, França e Holanda.
Relação Bilateral – Brasil x China
Em 2014 o Brasil exportou para a China US$
40,6 bilhões. Esse valor representa uma queda de
11,8% nas exportações em comparação com 2013,
onde se exportou US$ 46,03 bilhões. Entre os produtos importados ao país asiático, os principais são
a soja, minérios de ferro e óleos brutos de petróleo.
Apenas esses três itens, representam 78,4% do
total exportado pelo Brasil para a China.
Já com relação às importações, essas se
mantiveram quase estagnadas. Enquanto em 2013
o Brasil importou da China US$ 37,303 bilhões, em
2014 esse valor subiu para US$ 37,34 bilhões. A
pauta de importações é bem variada e os 100 principais produtos importados representam apenas
42,56% do valor total importado, sendo em sua
maioria, produtos manufaturados.
A balança comercial entre Brasil e China
terminou 2014 com um superávit de US$ 3,28 bilhões. Esse superávit é 62,45% menor que o registrado em 2013 que chegou a US$ 8,7 bilhões. A
queda no superávit da balança comercial foi impulsionado principalmente pelo déficit de US$ 3,35
Gráfico 9 – Saldo da balança comercial entre Brasil e China
– em bilhões de US$.
FONTE: MDIC, 2015.
Estados Unidos
Os Estados Unidos recentemente enfrentaram em 2008/2009 a pior crise econômica desde a
década de 1930. Porém o país se recuperou. Nos
últimos cinco anos EUA acumulam taxas de crescimento positivas.
De acordo com o “Federal Reserve of Saint
Louis”, o produto interno bruto (PIB) americano
cresceu 2,4% em 2014, pouco mais que em 2013,
quando tal variação foi de 2,2%. O país fechou o
quarto trimestre do ano em questão com um PIB de
US$ 17703,7 bilhões. O PIB nominal per capita que
em 2013 era US$ 53.021, em 2014 teve um crescimento de 3,12%, chegando a US$ 54.678. Na
figura 1 é possível analisar a variação trimestral do
produto durante os dois anos.
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 19-32, Agosto, 2015
32
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
Grafico 10: variação trimestral do PIB dos EUA.
Fonte: Federal Reserve of Saint Louis.
Segundo o “Boreau of Economic Analysis” o
que impulsionou o crescimento de 2014 foi o consumo pessoal, que foi US$12,122 bilhões, valor
3,7% maior que o do ano passado, investimento
privado US$ 2,943.3 bilhões, 7,2% a mais que
2013 e as exportações que aumentaram 3,2%, já
os gastos governamentais não se destacaram,
visto que vem diminuindo desde 2011.
O crescimento impactou positivamente no
mercado de trabalho do país. A taxa de desemprego que era de 8% em janeiro de 2013, fechou dezembro de 2014 em 5,6%. Em 2014 os gastos do
governo com seguro-desemprego foram US$ 34,1
bilhões, valor 43,07% menor comparado ao ano
anterior.
.
produtos e serviços padrão que as famílias americanas adquirem para consumo
A taxa de juros (effective federal funds rate)
que em 2013 foi de 0,14% a 0,09%, durante 2014
subiu a 0,12%. Já a taxa de juros dos títulos públicos que em 2013 foi 0,07%, em 2014 caiu a 0,04%.
A balança comercial de bens e serviços
dos EUA que vinha diminuindo seus déficits, em
2013 foi de US$ 37,393 bilhões, em 2014 registrou
um maior no valor de US$ 45,601 bilhões. As exportações somaram US$ 2.343.205 milhões, 2,7%
a mais que no anterior. Já as importações chegaram a US$ 2851,5 bilhões, 3,38% a mais que em
2013.
Segundo dados do FMI, em 2013 foi observada uma queda de 13,2% no déficit em conta
corrente, chegando a US$ 400.255 bilhões, porém
em 2014 voltou a subir fechando o ano em US$
410.627 bilhões.
A dívida pública americana aumentou 4,5%,
chegando a US$ 18,141,444 milhões, ou seja, valor
equivalente a 102,4% do PIB. A dívida externa, que
era US$ 5,691.5 bilhões em 2013, teve uma variação positiva de 6,22% e já é 34,74% do PIB.
Em 2014 o FED anunciou o fim do “Quantitative Easing” (flexibilização monetária), política heterodoxa implantada em 2009 para aumentar a liquidez do sistema financeiro, e assim estimular a economia, por meio da compra de títulos pelo governo.
Logo, espera-se que a taxa de juros continue subindo e que o dólar se valorize, o que causará mudanças no cenário econômico global.
Relações Brasil – Estados Unidos
Gráfico 11: variação trimestral dos componentes do PIB
Fonte: Boreau of Economic Analysis
Os Estados Unidos são o segundo maior
parceiro comercial do Brasil, com participação de
13,7%. Em 2014 as relações comerciais entre os
dois países movimentaram US$ 62,03 bilhões,
2,3% a mais que no ano anterior. O Brasil exportou
US$ 27,03 bilhões e importou US$ 35,00 bilhões, o
que resultou em um déficit, situação que ocorre
desde 2009, de US$ 7,97 bilhões. No gráfico abaixo é possível analisar os valores das relações comerciais entre os dois países de 2010 a 2014.
Ao longo de 2014, a economia dos EUA gerou 2,95 milhões de empregos, dos quais 252.000
em dezembro, a maior geração de emprego em 15
anos (em 1999 houve 3,1 milhões) e o quarto ano
consecutivo de geração de empregos acima de
dois milhões por ano.
A inflação (consumer price index) caiu novamente e está longe da meta do FED de 2%. Em
2013 havia sido 1,5%, em 2014 foi de 0,7%. O IPC
reflete a evolução dos preços de um pacote de
Bol. Conj. Econ./UEM, n.60, p. 17-29, Dezembro, 2014
Murillo et al.
33
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Gráfico 12: Comercio Brasil e EUA.
Fonte: MDIC
Comparado a 2013, as exportações aumentaram 9,65%. Entre os produtos exportados para os
EUA estão ferro e aço (14,2%), máquinas mecânicas (13,3%), combustíveis (13,3%), aviões (8,3%),
café (4,9%), pastas de madeira (3,6%), obras de
pedra/gesso/cimento (3,2%), produtos químicos
orgânicos (3,2%), madeira (3%), máquinas elétricas
(2,9%) e outros produtos (30,2%).
As importações tiveram uma queda de
2,8%. Entre os produtos importados dos EUA estão
combustíveis (21,2%), máquinas mecânicas
(19,3%), máquinas elétricas (7,1%), produtos químicos orgânicos (6,4%), plásticos (5,9%), instrumentos de precisão (5,7%), produtos diversos da
indústria química (4,5%), produtos farmacêuticos
(4,0%), automóveis (2,8%), aviões (2,7%) e outros
(20,3%).
Ministério de Desenvolvimento Indústria e Comercio.
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34
BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA: SETOR EXTERNO E COMÉRCIO EXTERIOR
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