1 CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL ENGOLIR E DIGERIR : RELAÇÃO ENTRE DISTÚRBIOS MOTORES ORAIS E REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO EM PEDIATRIA . MONISE VALIM DE FREITAS SÃO PAULO 1998 1 2 CEFAC CENTRO DE ESPECIALIZAÇÃO EM FONOAUDIOLOGIA CLÍNICA MOTRICIDADE ORAL ENGOLIR E DIGERIR: Relação entre distúrbios motores orais e refluxo gastro-esofágico em pediatria Monografia de conclusão do curso de especialização em Motricidade Oral Orientadora : Mirian Goldenberg MONISE VALIM DE FREITAS SÃO PAULO 1998 2 3 RESUMO Esta pesquisa teve como principal objetivo , realizar um levantamento bibliográfico sobre o tipo de relação que os pesquisadores têm estabelecido entre a ocorrência dos episódios de refluxo gastro-esofágico ( fisiológico ou patológico ) e sua relação com os distúrbios motores orais . A prática clínica mostrou que a reabilitação da motricidade oral , poderia trazer muitos benefícios aos pacientes portadores de RGE ( refluxo gastro-esofágico ) e DRGE ( doença do refluxo gastro-esofágico ) , diminuindo os sintomas da doença , bem como os distúrbios alimentares secundários à mesma . Esse registro da clínica fonoaudiológica , me levou à hipótese de que a presença de uma alteração poderia ser decorrente da outra , estabelecendo um ciclo de causa e efeito entre ambas . Os achados dessa revisão bibliográfica , incluindo pesquisas dos últimos anos , mostrou que os autores em sua grande maioria , vêm referindo a ocorrência conjunta de ambas as alterações ( RGE / DRGE e distúrbios motores orofaríngeos ) , porém não estabeleceram nenhuma relação de interferência de uma sobre outra diretamente . Através dessa revisão da bibliografia , porém foi possível estabelecer uma linha de raciocínio que justificasse tantos benefícios trazidos pela reabilitação motora oral , aos pacientes portadores de RGE / DRGE . Foi possível entender a influência da adequação da fase oro-faríngea da deglutição , nos mecanismos preventivos do RGE e DRGE . 3 4 SUMMARY This project had as its main go to produce especif bibliography about the kind of relatioship researchers hava had between the happening of the episodes the gastroesophageal reflux disease ( GERD ) and the oral motor disease . My experience as a speech therapist showed me that the reahbilitation of the oral motricity , brought many benefits to the patient who had GER and gerd , reducing the simptom of the disease , as well as , the secondary nutrition disturbe . This aspects made me think that the present of na alteration could be connected one to another , creating a circle of the cause and effects in both of them . Most of the fiding of the bibliography revision from the last years , have mentioned that the two pathologies happend together , but they didn’t establish a link of direct interference between both of them . Trough these project though , it was possible establish mind line that justified so many beneficts brought by the oral motor reahbilitation to the patient who had GER or GERD , Finally , it was possible to understand the influence of the adequation of oropharingeal fase of the swallowing , in the preventing devices of the GER or GERD . 4 5 Dedico esse trabalho à Deus pela inspiração à cada minuto de minha vida . Aos meus pais pela possibilidade , incentivo e carinho . Aos meus pacientes , por estarem em meu caminho sempre nos momentos e lugares certos e por me ensinarem muito mais do que aprendem . 5 6 AGRADECIMENTOS Agradeço à toda a equipe que possibilita a existência do CEFAC , pela oportunidade do estudo e da pesquisa . Agradeço à orientadora Miriam Goldenberg , pelo entusiasmo com que nos conduziu ao gosto pela pesquisa ,e por toda a riqueza das descobertas que podemos fazer por meio dela . Agradeço à fga .Débora Botaccini pela amizade , e especialmente pela oportunidade de acompanhar os pacientes que me levaram à pesquisar sobre este tema . Agradeço às fgas . Luciana Frabasille e Débora Botaccini por terem compartilhado as dúvidas e as descobertas dessa pesquisa . Agradeço à minha prima Cristiane , pela presteza e carinho com que me ajudou . Muito carinhosamente , agradeço aos meus pais por sempre me incentivarem à pensar . Muito especialmente , agradeço à Deus pela vida e por doar sabedoria à todos nós . 6 7 “ Um famoso trapezista estava tentando encorajar um aluno a fazer acrobacias no alto do trapézio de um circo , mas o rapaz não conseguia , pois o medo de cair o impedia . Foi então , que o professor lhe disse uma das mais extraordinárias frases dessa vida : Rapaz , lança seu coração sobre a barra e seu corpo o acompanhará . O coração é o símbolo da atividade criadora . Lança seu coração sobre a barra quer dizer , lance a essência espiritual de seu ser sobre os obstáculos , que sua parte material o acompanhará . Então , você há de ver que os obstáculos não tinham tanta resistência assim “. ( a.d. ) 7 8 SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO .....................................................................9 2 – DISCUSSÃO TEÓRICA ......................................................19 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................... 26 4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................. 28 8 9 1 - INTRODUÇÃO “A pesquisa científica exige criatividade , disciplina , organização , e modéstia , baseando-se no confronto permanente entre o possível e o impossível , entre o conhecimento e a ignorância . “ MIRIAN GOLDENBERG O trabalho fonoaudiológico com motricidade oral data de muito tempo , e vem se tornando cada vez mais abrangente no sentido de estabelecer novas relações multiprofissionais . Áreas da medicina que não conheciam a verdadeira dimensão deste trabalho e por isso não lhe atribuiam o devido valor , passaram a fazê-lo na medida em que o fonoaudiólogo começou a embasar mais cientificamente seu atendimento e justificar os resultados obtidos com a terapia . Neste estudo procurei registrar mais uma relação multidisciplinar recentemente estabelecida : a relação entre fonoaudiologia e gastroenterologia . A intenção foi justificar através de achados bibliográficos , os excelentes resultados clínicos obtidos com a reabilitação motora oral portadores dos sintomas do RGE ( refluxo gastro-esofágico ) , de pacientes fisiológico 1 e da DRGE ( doença do refluxo gastro-esofágico ) . O caminho que me levou à esse estudo segue abaixo , para mostrar que o sentido dos acontecimentos foi dos resultados clínicos para a sua justificativa teórica . 9 10 O primeiro contato com esses pacientes ocorreu ao acaso - no hospital onde sou estagiária - durante a avaliação de seus “ vizinhos de leito “ . As alterações motoras orais desses pacientes eram visíveis , porém o motivo da internação era a presença da DRGE ou distúrbios no sistema digestivo . Tendo sido notadas essas alterações da motricidade oral , foi solicitado o acompanhamento fonoaudiológico para esses pacientes , e o trabalho foi iniciado visando apenas a melhora da anatomia e fisiologia motora oral . Num primeiro encontro com os pais dos pacientes , obtivemos ( eu , a fonoaudióloga responsável pelo setor , e outra estagiária ) os seguintes dados quanto às dificuldades alimentares dos filhos : • Inabilidade para sugar e /ou mastigar ( dependendo da faixa-etária do paciente ), • Sialorréia , • Aumento da viscosidade salivar , • Engasgos durante as refeições/mamadas , • Engasgos após as refeições/mamadas , • Episódios de vômito em jato no período pós – prandial , • Quadros de esofagite , • Choro durante e após a alimentação ( por provável pirose retroexternal ) , • Episódios de pneumonia ou outras complicações respiratórias , • Inapetência . Alguns desses sintomas estavam diretamente relacionados ao quadro de alterações motoras orais , tais como : inabilidade para sugar ou mastigar , 1 RGE : Retorno do material gástrico do estômago para o esôfago e orofaringe , devido à ineficiência das barreiras anti-refluxo . É fisiológico , quando não provoca sintomas ou lesões nos tecidos atingidos . 10 11 sialorréia , saliva viscosa e engasgos durante as refeições ou mamadas . Outros não se relacionavam diretamente à esse quadro , mas sim à DRGE , eram : os episódios constantes de vômitos pós – prandial em jato , os quadros de esofaite , a inapetência , os engasgos após as mamadas ou refeições e o choro durante ou após a alimentação . Iniciando a avaliação clínica dos pacientes , analisamos : • nos lactentes – pesquisa de reflexos orais alimentares e de defesa , maturação dos movimentos de sucção ( in/out ou up/down ) , ritmo , força e coordenação das estruturas envolvidas ( lábios , língua e bochechas ) e coordenação S/R ( sucção / respiração ) e SRD ( sucção/ respiração e deglutição ) . • nas crianças maiores – 1- avaliação da mastigação quanto à força , coordenação , ritmo , amplitude e eficiência : assim como coordenação entre mastigação e deglutição . 2- avaliação da musculatura do sistema estomatognático quanto ao aspecto , postura , força , mobilidade e coordenação dos movimentos . • em todos os pacientes – 1- avaliação clínica da deglutição durante a alimentação dos pacientes internados e em consulta fonoaudiológica no ambulatório . Foram oferecidos alimentos de consistência líquida , pastosa e sólida de acordo com a idade do paciente . 2- avaliação objetiva dinâmica da deglutição ( vídeodeglutograma ) no início e término do tratamento . 11 12 Após a avaliação , obtivemos dados que nos mostraram grande déficit motor oral em todos os pacientes com DRGE . Os resultados da avaliação em linhas gerais , segue abaixo : • com relação à motricidade oral - alterações de força e mobilidade de língua , incoordenação entre sução /respiração e deglutição ( nos bebês ) , presença de refluxo nasal , atraso ou adiantamento no disparo do reflexo de deglutição , acúmulo alimentar em vestíbulo oral e vestíbulos faríngeos , diminuição da motilidade do esôfago ( peristalse ) , movimentação invertida na deglutição ( do estômago para a cavidade oral ) ; • com relação à fala e linguagem - atrasos na aquisição da linguagem e alterações fonoarticulatórias ; • com relação `a audição - presença de OMS ( otite média secretora ) e OMA ( otite média aguda ) . Com a obtenção de tais resultados na avaliação , iniciamos o atendimento fonoaudiológico ainda em leito ( para pacientes internados ) , e , acompanhando as refeições propusemos alterações de postura , consistência e apresentação do alimento , interferindo com variações no tipo de bico da mamadeira e tamanho do furo , tamanho da colher , auxílio da chupeta ( para estimulação da SNN – sução não nutritiva – em bebês ) e volume alimentar oferecido em cada refeição . A atuação se deu diretamente nos sintomas da disfagia , nos distúrbios motores orais e na estimulação da fala e linguagem . Realizamos a estimulação motora oral passiva e ativa , variando em função da idade , estado cognitivo e colaboração de cada paciente . Foram utilizados exercícios isotônicos e isométricos específicos e treinos alimentares . 12 13 Após a alta hospitalar , os pacientes continuaram o atendimento em consultas semanais ou quinzenais . Especial importância foi dada ao seguimento das orientações sobre a alimentação do paciente , no que refere à consistência mais adequada , apresentação e volume alimentar a ser oferecido , bem como às posturas de repouso à serem adotadas ( decúbito elevado do leito sem afetar a postura cervical do paciente , e manutenção da mesma durante todo o período de repouso ) . No decorrer do atendimento à esses pacientes , percebemos com muita clareza o quanto foi importante a adequação do quadro motor oral dos mesmos , não somente para melhorar o processo alimentar e a inteligibilidade da fala articulada , mas também para todo o processo de peristalse que ocorre durante a alimentação . Observamos que essa adequação interferiu positivamente na diminuição dos episódios de RGE fisiológico ou da DRGE , e ainda melhorou os distúrbios normalmente associados aos mesmos , tais como : as pneumonias aspirativas , as esofagites , a pirose retroexternal , as anemias , as erosões dentárias , os episódios de vômitos em jato , e os quadros de desnutrição . Para entender com maior clareza de que forma o tratamento fonoaudiológico vinha interferindo positivamente no controle do RGE fisiológico e da DRGE ; decidi procurar registros literários que relacionassem de alguma forma esses dois distúrbios para verificar que tipo de ligação os pesquisadores têm estabelecido entre eles . A idéia principal , então , foi fazer um levantamento bibliográfico que demonstrasse algum tipo de inter-relação , entre a presença da DRGE e as alterações motoras orais . À partir daí , raciocinar acerca dos resultados obtidos 13 14 no tratamento de bebês e crianças portadoras de DRGE e/ou RGE fisiológico e distúrbios motores orais , que apresentaram melhora em todo o processo do trânsito alimentar – inclusive e especialmente na redução dos episódios de RGE - na medida em que foram tratadas das alterações de sucção , mastigação e deglutição ; conjuntamente à terapêutica medicamentosa anti – refluxo ( que não obtinha êxito total enquanto utilizada isoladamente ) . A experiência curta , mas intensa com distúrbios motores orais e RGE em pediatria , me instigou a responder muitas questões ., e apesar de admitir ser importante e enriquecedora a vivência em consultório , a área hospitalar trouxe indagações e incertezas muito mais elaboradas . Essa monografia , ou melhor sua questão chave , deve-se à experiência vivida na área hospitalar especialmente na rotina de UTI neonatal / pediátrica e gastroclínica . Algumas questões básicas que surgiram no decorrer do tratamento dos pacientes portadores de DRGE ou RGE , foram : Será que existiu uma relação de causa e efeito entre os dois distúrbios apresentados ? Qual foi o mecanismo desencadeado pela reabilitação motora oral , que interferiu positivamente na diminuição dos episódios de DRGE e RGE fisiológico e seus sintomas secundários ? O objetivo principal desta pesquisa foi encontrar respostas à essas indagações , que certamente não instigavam somente à mim , mas à todos os fonoaudiólogos que vinham se deparando com a mesma situação no tratamento de seus pacientes . Além disso , havia a necessidade de um embasamento científico de nosso trabalho perante as equipes médicas que tratavam de RGE / DRGE e vinham nos encaminhado os pacientes por reconhecerem os resultados satisfatórios obtidos com a ação conjunta gastroenterologia – fonoaudiologia . 14 15 Muitos autores descreveram a disfagia e a odinofagia como sendo sintomas do refluxo gastroesofágico em adultos , e ainda , que normalmente essas “sensações” estavam acompanhadas por vômitos e regurgitações em crianças pequenas . A experiência clínica mostrou que isso realmente ocorre , e mostrou ainda uma relação entre esses sintomas e alterações oclusais , crânio – faciais e auditivas . Constatei também , que não existiu um consenso entre os autores com relação à definição dos distúrbios motores e da DRGE como sendo sintomas , desordens associadas ou simplesmente “ sensações “ que acompanhavam as disfagias esofágicas . Cada qual colocou de uma forma diferente e particular . No entanto , a questão mais importante para esta pesquisa foi procurar entender se essas desordens eram apenas sintomas associados , ou , se tinham uma relação muito mais elaborada entre si . Talvez tivéssemos uma reação em mão dupla do organismo , ou seja , uma reação de causa e efeito com influência mútua de uma alteração sobre a outra . Não fosse assim , como explicar os benefícios que a reabilitação da motricidade oral ( inclusive manobras e técnicas de reabilitação das disfagias oro-faríngeas ) , trouxe para os pacientes que apresentavam também o RGE / DRGE ? A verificação dos registros encontrados nos últimos anos , sobre toda e qualquer relação estabelecida entre disfagia oro-faríngea e RGE , poderia ajudar a entender melhor a ligação entre a fisiopatologia de uma e outra , e responder às questões deste trabalho , ao menos teoricamente . A justificativa deste trabalho , portanto , esteve basicamente na necessidade de construir uma terapeutica fonoaudiológica firmada em bases sólidas e claras , entendendo melhor os mecanismos utilizados, e a repercussão dos mesmos no 15 16 quadro dos pacientes . O primeiro passo para tal , foi saber o que a teoria já havia registrado à respeito do tema . Se não de sua relação , ao menos de um e outro separadamente . Essas foram questões principais que nortearam a presente pesquisa , e certamente foram respondidas com elas , questões secundárias que surgiram no decorrer do trabalho ; assim como foram abertas questões sem resposta para outros trabalhos responderem . Inicialmente as hipóteses levantadas eram superficiais e desencontradas , sabia apenas que havia o benefício da reabilitação motora oral nos quadros de RGE e DRGE , porém a fisiologia que regia esse benefício era muito vaga . As hipóteses de trabalho em um levantamento bibliográfico , diferem daquelas feitas em uma pesquisa de campo , especialmente neste caso onde o ponto de partida foi de um resultado prático para a sua “ desmistificação “através de achados teóricos . Tentando retomar a minha idéia inicial do que seria encontrado com esta pesquisa , retomo uma ilusão : a de me deparar com registros sobre a uso da terapêutica de reabilitação da motricidade oral , para a melhora dos sintomas do RGE e da DRGE . Especialmente - já que o assunto são as minhas “ ilusões iniciais “ - encontrar respostas para todas as dúvidas já mencionadas nos capítulos anteriores . Embora soubesse que os trabalhos de reabilitação da motricidade oral em pacientes com RGE e DRGE , não eram realizados com o enfoque que foi dado no Hospital onde estagiava , sabia que um trabalho de atuação indireta ( se é que podemos chamá-lo assim ) vinha sendo realizado com êxito por muitos fonoaudiólogos , porém com um enfoque bastante diferente : a intervenção se 16 17 dava apenas no sentido de adequar a consistência alimentar , postura de alimentação , quantidade e forma de apresentação do alimento ao paciente . O trabalho interferia positivamente também na parte emocional deste paciente e de sua família , já que a relação com o ato de se alimentar ficava prejudicada por tantas intercorrências negativas ligadas ao mesmo . Registros claros sobre a interferência da motricidade oral no controle do RGE e DRGE , não encontrei nenhum . E especialmente nenhum trabalho fonoaudiólogico sobre esse tema , fator que vinha justificar ainda mais a importância dessa pesquisa . Ainda assim , a minha hipótese inicial foi que esta seria uma relação melhor conhecida e mais esmiuçada pelos pesquisadores , relatada com maior atenção e clareza . Acreditava encontrar a relação entre a peristalse primária secundária 3 2 e , e ainda , as influências de uma e outra no processo peristáltico do esôfago . Entendendo o processo do RGE e DRGE como uma diminuição da pressão do esfíncter esofágico inferior ( que pode ter como causa a falta de motilidade adequada do esôfago ) , e um aumento da pressão intra – abdominal , a hipótese era que melhorar a motilidade da musculatura esofágica pudesse favorecer a manutenção do fechamento esfinctérico , e assim diminuir a possibilidade de ocorrência do RGE e DRGE . Como foram encontrados trabalhos científicos referindo que a peristalse inicia-se na fase oral da deglutição , e que execução adequada dessa fase faz-se determinante para todo o restante do trânsito alimentar , acreditei que 2 peristalse primária : aquela iniciada pela deglutição , com a constrição faríngea . peristalse secundária : iniciada no esôfago , através de um processo intramural , quando por algum motivo a peristalse primária não é realizada adequadamente . 17 3 18 fosse encontrar trabalhos relatando a necessidade da coordenação e organização dos movimentos a partir da cavidade oral , para um processo digestivo sem intercorrências como o RGE ou DRGE . Em pesquisas que envolviam somente bebês lactentes ( em fase de alimentação por mamadeira ou amamentação natural ) ,, os autores registraram a peristalse sendo iniciada pela língua no processo de sucção , e a influência desse movimento em todo o restante do processo alimentar dos bebês : interferência positiva inclusive na diminuição das cólicas e flatulência . Infelizmente a expectativa não correspondeu à realidade , e apesar de ter encontrado citações sobre os dois termos desta pesquisa , em praticamente todos os artigos pesquisados - foram dadas referências sobre distúrbios motores orais nos trabalhos de RGE / DRGE , e referências sobre RGE/ DRGE nos trabalhos de distúrbios motores orais – não consegui nada além de referências separadamente . A influência do tratamento de adequação de um em relação à diminuição na manifestação dos sintomas do outro , porém , não foi encontrada em nenhum deles . Então como já foi mencionado anteriormente , a presente pesquisa trilhou o seguinte caminho : pesquisou separadamente um e outro tema ( distúrbios motores orais e depois RGE / DRGE ) , e à partir da compreensão do mecanismo fisiológico e fisiopatológico de cada um deles ; traçou uma linha de raciocínio que pudesse justificar os tantos benefícios que o trabalho motor oral trouxe para os pacientes portadores dos sintomas de RGE ou DRGE . 18 19 2 – DISCUSSÃO TEÓRICA Seguindo a idéia proposta na introdução deste trabalho , realizei um levantamento das pesquisas que referissem os dois temas já mencionados , mesmo que não estabelecessem uma relação de interferência de um sobre o outro . Diretamente sobre a influência da motricidade oral na fisiologia do RGE ou na fisiopatologia da DRGE , não foi encontrado nenhum registro . O que encontrei na literatura , foi a citação de que um sintoma sempre está acompanhado do outro . Por esse motivo , o caminho realmente foi pesquisar os trabalhos sobre cada tema separadamente , e promover um raciocínio sobre a relação que poderia ser estabelecida entre eles . O interessante , foi que apesar de não terem relacionado diretamente os temas , em termos de causa e efeito , os autores normalmente fizeram alguma citação sobre a parte motora oral nos trabalhos de RGE e vice-versa , especialmente no que se refere às disfagias oro-faríngeas . Assim foi possível dar andamento à esse interessante trabalho de raciocínio . Iniciando as referências em ordem cronológica , encontrei Hanson & Barret ( 1988 ) , referindo sobre a ação das ondas peristálticas do esôfago , e já citando que a primeira onda esofágica como sendo uma aparente continuação do movimento realizado pelos músculos constritores da faringe ( superior , médio e 19 20 inferior ) . A deglutição foi definida então , como um mecanismo sinérgico e cooordenado , desde o início da formação do bolo alimentar até a chegada do mesmo ao estômago e reinício do ciclo respiratório . Os autores nos mostraram através dessa colocação , a importância da organização do peristaltismo , à partir da cavidade oral . Ainda os mesmos autores , colocaram que em seu conceito , as duas fases mais importantes da deglutição eram a segunda ( faríngea ) e a terceira ( esofágica ) , e que em uma análise detalhada feita por Cleall ( 1965 ) , constatou-se uma certa falta de coordenação e inadequação na constrição faríngea e esofágica da deglutição , quando a fase oral encontra-se alterada . Halama A .R . ( 1994 ) , por sua vez , estabeleceu uma relação entre as dificuldades de deglutição para sólidos e líquidos , com os diferentes tipos de disfagia , por exemplo : a ocorrência da dificuldade para deglutir líquidos indicaria uma alteração na fase oro-faríngea , enquanto que a dificuldade para a deglutição de sólidos indicaria uma disfunção neuromuscular primária do esôfago , ou sua desmotilidade ( disfagia esofágica ) . A DRGE , apareceu neste trabalho como um importante fator a ser pesquisado , indicando também uma desordem motora do esôfago . O mesmo autor fez ainda uma interessante citação sobre a disfagia e a DRGE , referindo inicialmente que ambas ocorrem conjuntamente , e ainda que podem causar distúrbios do sono . O mecanismo que provocaria esses distúrbios seria o seguinte : a inabilidade de deglutir a própria saliva , prejudicaria a realização adequada do clareamento do esôfago 4 . Sendo , o aumento dos sintomas da DRGE , muito incômodo , levaria o paciente à não conseguir conciliar o sono adequadamente . Outra citação muito importante do mesmo autor , foi a respeito 20 21 do exame ao qual deveria ser submetido o paciente portador das disfagias , iniciando-o com a avaliação estrutural e funcional da cavidade oral do paciente , porém não para associar uma inabilidade ou alteração estrutural dessa região , à ocorrência da DRGE , mas sim para identificar qual a fase da deglutição que está alterada . Portanto , apesar de ter citado a importância de se avaliar as condições motoras orais do paciente , o autor não estabeleceu nenhuma relação entre a melhora dessas alterações e a diminuição dos sintomas do RGE / DRGE . Em Douglas ( 1994 ) , encontrei a definição da teoria da propulsão constante , estabelecendo uma ligação contínua entre todas as fases da deglutição , desde a entrada do alimento na cavidade oral , até sua chegada ao estômago . Magendie ( 1813 ) , citado por Douglas ( 1994 ) definiu essa teoria colocando que as estruturas participantes da deglutição atuariam consecutivamente sobre o bolo alimentar para expulsá-lo , primeiro para o esôfago e depois para o estômago , como se o bolo fosse pressionado por ondas musculares através de diversas passagens . As pesquisas recentes têm confirmado essa teoria , e acrescentado informações à respeito da fisiologia de cada fase separadamente , somente para efeitos didáticos . De modo que o conceito atual , vem se baseando na ação sinérgica neuromuscular da propulsão do alimento . Karhilas e Ergun ( 1994 ) , fizeram uma referência à importância de se localizar em qual fase da deglutição o paciente apresenta uma alteração , e não simplesmente rotulá– lo como alguém que tem dificuldades para deglutir . Pois , localizar a fase da alteração , pode levar ao diagnóstico de distúribios orgânicos – atresias de esôfago , acalasias , espasmos de esôfago – que também provocam 4 clareamento esofágico : depuração feita para neutralizar o refluxato que atinge o esôfago , quando o alimento retorna do estômago para o esôfago . 21 22 as disfagias esofágicas e precisam ser diferenciados das alterações somente neuromusculares para o tratamento eficiente dos pacientes . Ainda Karhilas e Ergun ( 1994 ) , com relação à DRGE , colocaram-na como a desordem mais comum do esôfago , estando associada em 30% dos casos com as disfagias , e a sua fisiopatologia associada à falta de equilíbrio entre duas forças : as forças agressivas do ácido do estômago e potencial do refluxato contra as forças defensivas do clareamento esofágico e resistência da mucosa do esôfago . Em Vandenplas ( 1994 ) , encontrei um registro quantitativo sobre a relação entre disfagia , esofagite e RGE , sendo que em uma série de 16 crianças pesquisadas com disfagia , 12 tinham evidências de esofagite e 5 tinham um histórico recente de RGE ainda sem esofagite . Um comentário muito importante do autor , foi à respeito de “ infelizmente “ não haverem registros sobre a possibilidade do RGE ser a causa das disfagias , já que as sensações de dificuldade para deglutir , odinofagia e queimação eram reconhecidas como sintomas do RGE em adultos , e ocorrem normalmente acompanhadas de vômitos ou regurgitações em crianças pequenas . Anggiansah , Taylor , Marshall , Bright , Owen e Owen ( 1997 ) , pesquisaram as respostas motoras do esôfago em pacientes saudáveis e com a DRGE , e encontraram uma freqüência de atividade motora diminuída nos pacientes doentes , se comparados ao grupo controle . E ainda , constataram a predominância do peristaltismo primário 5 , tanto nos pacientes do grupo controle quanto nos pacientes com DRGE . 5 Peristalse primária : iniciada na deglutição pela constrição dos músculos constritores da faringe , que se propagam até o cárdia . 22 23 E finalmente , em Filho , Pissani , Carneiro , Gomes e Kleiner ( 1998 ) , encontrei um tratado sobre a fisiopatologia da DRGE , e os conceitos que me levaram às justificativas mais claras sobre a interferência que a adequação da motricidade oral poderia ter na diminuição dos sintomas da DRGE . Segundo os autores , existiriam outros fatores que participantes da gênese da DRGE , que não o ácido do estômago , isto é , não seria um distúrbio específico da secreção ácida ( já que os pacientes não são necessariamente hipersecretores ) . O problema maior , então não se encontraria na quantidade de refluxato em contato com a mucosa esofágica , mas sim no tempo que esta secreção permaneceria no esôfago . Definiram , ainda a DRGE como um distúrbio motor do esôfago , decorrente de um defeito nas barreiras anti-refluxo . Estas barreiras seriam obstáculos que se colocariam à frente do RGE , e poderiam ser definidas em três etapas sucessivas : A primeira seria a junção esôfago–gástrica – formada pela crura diafragmática , o esfíncter inferior do esôfago e o ligamento freno-esofágico - , a segunda seria o clareamento esofágico – já citado por outros autores anteriormente – , e a terceira , a resistência da mucosa esofágica . Ainda os mesmos autores , descreveram que a segunda barreira anti- refluxo ( clareamento esofágico ) , dependeria também da atividade motora do esôfago , independente desta atividade ser resultante do peristaltismo primário ou secundário . A eficiência desse mecanismo , então dependeria da normalidade das ondas peristálticas e do volume de saliva deglutido , uma vez que o volume de refluxato que a peristalse não consegue neutralizar , a saliva com seu alto teor de bicarbonato e proteínas tamponantes , o faria recobrindo as paredes do esôfago . 23 24 Retomando as considerações feitas pelos autores pesquisados , pude verificar que todos citaram de uma forma ou de outra a relação de sinergismo neuromuscular estabelecida entre as fases da deglutição , até a chegada do alimento ao estômago . Ainda , descreveram em sua grande maioria , o RGE e DRGE como sintomas associados às alterações da deglutição , porém não especificaram qual seria o motivo para tal associação . Construindo uma linha de raciocínio , à partir da ação muscular sinérgica da deglutição , foi razoavelmente fácil entender o mecanismo desencadeado com a reabilitação motora oral dos pacientes com RGE e DRGE , que influenciou positivamente na diminuição dos últimos sintomas . Sabia que , no processo de digestão a peristalse se inicia com a constrição dos músculos da faringe , logo após o disparo do reflexo faríngeo , seguindo em ações consecutivas e interdependentes até sua conclusão ; de modo que qualquer alteração em uma das fases da deglutição , possivelmente afetaria as subsequentes de alguma forma . Da mesma forma , a adequação dessa alteração também poderia interferir de forma positiva , no processo como um todo . O tratamento da fase inicial da digestão ( fase oral ) , melhorando a tonicidade , coordenção dos movimentos e mobilidade dos órgãos envolvidos nesse processo , interferiu positivamente no mecanismo de clareamento esfágico - que é uma das barreiras anti-refluxo - na medida que favoreceu também a motilidade esofágica . Explicando mais detalhadamente , melhorando a motilidade do esôfago através da possibilidade de uma peristalse primária mais eficiente , melhorou também a capacidade de neutralização do refluxato que atingia a parede esofágica durante os episódios de RGE ou DRGE , já que o clareamento esofágico dependia entre outras coisas da atividade motora do esôfago . 24 25 Além da melhora na motilidade esofágica , outro mecanismo também auxiliou na diminuição dos sintomas de RGE e DRGE . No início desta pesquisa , descrevi os distúrbios motores orais encontrados nos pacientes tratados , entre os quais pontuei o aumento da viscosidade salivar , decorrente da alteração qualitativa e quantitativa da deglutição . O fortalecimento da musculatura oral e peri-oral favoreceu a adequação dessa função e melhorou a qualidade e quantidade de saliva deglutida . Como foi citado em Filho , Pissani , Carneiro , Gomes e Kleiner ( 1998 ) , a neutralização do refluxato depende da ação das ondas peristálticas e do volume de saliva deglutido . Os pacientes com distúrbios motores orais , deglutindo muito menos que o normal - pois necessitariam de um esforço muito maior da musculatura para fazê-lo – diminuíam a eficiência de mais um dos mecanismos que previnem o RGE : a neutralização pela saliva . Com o incentivo da atividade muscular oral , a viscosidade e volume salivar desses pacientes foram se normalizando , o déficit qualitativo e quantitativo foi sendo reduzido e isso também refletiu favoravelmente no clareamento esofágico . Finalmente , outro fator que ficou claro , foi com relação à melhora nos quadros de esofagite , após o tratamento fonoaudiológico . Certamente , a diminuição dos episódios de RGE patológico , possibilitou a recuperação de uma mucosa esofágica saudável , com a recuperação da eficiência nos mecanismos de clareamento esofágico e diminuição do tempo de contato entre o refluxato e a mucosa do esôfago . 25 26 3 – CONSIDERAÇÕES FINAIS Os profissionais que inauguraram os caminhos da pesquisa na fonoaudiologia , sabiam que o aprimoramento traria um número crescente e infinito de questões relacionadas à prática clínica . Assim , seriam abertas portas através das quais outros profissionais entrariam , contribuindo também para o crescimento da pesquisa científica em fonoaudiologia . O incentivo dado por esses profissionais à manutenção de uma postura crítica e questionadora , tentando justificar os atos da prática clínica através do conhecimento fisiológico e fisiopatológico dos sistemas com os quais lidamos , tem realmente possibilitado um atendimento infinitamente melhor ,e também , o surgimento de muitas questões – chave que vêm se transformando em excelentes trabalhos de pesquisa . Como a maioria das pesquisas , esta também teve início à partir de uma indagação relacionada à prática clínica . Alguns casos em especial , que chamaram minha atenção mais do que outros ; por um resultado inesperado , ou melhor , não totalmente compreendido . Melhoras obtidas com o tratamento fonoaudiológico , onde muitos “porquês” ficaram sem resposta . E este trabalho de pesquisa , teve principalmente o intuito de tentar responder algumas entre as inúmeras indagações que me afligiam . A fonoaudiologia sempre lidou com pacientes portadores dos sintomas de RGE e DRGE , porém sem interferir diretamente na melhora dos mesmos . Esta 26 27 pesquisa , veio acrescentar mais uma área a ser explorada pelos profissionais fonoaudiólogos , uma vez que justifica os benefícios trazidos pela reabilitação da motricidade oral em pacientes portadores de distúrbios nas barreiras anti-refluxo . A dificuldade em encontrar bibliografia na própria área de fonoaudiologia , sobre o assunto , reforça ainda mais a importância de se registrar os trabalhos realizados , e abre as portas para que outros profissionais respondam suas próprias indagações à respeito do tema e acrescente publicações em uma área tão escassa . 27 28 4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANGGIANSAH A. ; TAYLOR G. ; MARSHALL R.E. ; BRIGHT N.F. ; OWEN W.J. – Oesophageal motor responses to gastro-oesophageal reflux in healthy controls and reflux patients . Gut . 41:600-5 , 1997 . CASTRO , L.P. ; MORETZSOHN , L.D. ; PASSOS , M.C.F. ; COELHO , L.G.V. – Conceito e fisiopatologia da doença do refluxo gastroesofágico . In : Disfagia : abordagem multidisciplinar . São Paulo , Frôntis Editorial , 1998 . p 125-42 . DANTAS , R.º - Disfagia orofaríngea . In : FILHO , E.M. ; PISSANI , J.C. ; CARNEIRO , J. ; GOMES , G. ; KLEINER , M. Disfagia : abordagem multidisciplinar . São Paulo , Frôntis Editorial , 1998 . p . 7-16 . 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