PARTE II – QUESTÕES DISCURSIVAS RESPOSTAS ESPERADAS Clínica Cirúrgica Questão 01 Úlcera péptica perfurada. Paciente em pós-operatório de operação de longa duração, tendo feito uso prolongado de medicação anti-inflamatória não esteroidal (segundo os dados apresentados por pelo menos 06 dias). Sabe-se que o uso de anti-inflamatórios não esteroidais tem forte associação com a gênese da úlcera péptica, assim como de suas complicações. Na ocasião da reinternação, a paciente foi admitida em franco quadro de abdome agudo. Chama a atenção em sua história o início súbito de dor, bem caracterizada em termos cronológicos (achado comum na perfuração ulcerosa). Clinicamente ainda, os achados de febre, taquicardia, desidratação e íleo corroboram esse diagnóstico. A presença do sinal do rebote caracteriza estar havendo irritação peritoneal, plenamente justificada pela peritonite química, comum a esse tipo de complicação da doença ulcerosa. Por fim, o achado radiológico de pneumoperitôneo documenta a presença de perfuração de víscera oca. Nota-se ainda ao raio-X simples a presença de alça em sentinela ao nível do epigástrio, bastante comum em casos como esse. O tratamento a ser instituído deve ser operação de urgência logo após rápida compensação da paciente do ponto de vista hidroeletrolítico. Questão 02 Doença do refluxo gastro-esofágico (DRGE) complicada com esôfago de Barret. Trata-se de um paciente com queixas de queimação retroesternal e regurgitação, os dois sintomas mais frequentes em pacientes portadores de DRGE. Observa-se IMC de 33, ou seja, obesidade grau I, comum em pacientes que sofrem de DRGE. A endoscopia documenta a presença de esofagite erosiva e achados comuns ao esôfago de Barret. Este último é confirmado pelo corte histológico, onde notam-se áreas de epitélio colunar especializado ao nível da junção gastro-esofágica. Em termos prognósticos, a incidência de adenocarcinoma é 40X maior nos pacientes com esôfago de Barret quando comparado com a população em geral. Requer, portanto, acompanhamento a longo prazo. O principal marcador de potencial de malignidade será a presença de displasia. No planejamento terapêutico, deve-se inicialmente controlar a inflamação relacionada a DRGE com terapia antissecretória. Posteriormente realizar nova endoscopia com múltiplas biópsias visando descartar a presença de displasia (preferencialmente confirmada por mais de um patologista). A ausência de displasia implica controle endoscópico a cada 2, 3 anos. Displasia leve, controle endoscópico semestral e posteriormente anual. Displasia de alto grau deve ser tratada com esofagectomia ou acompanhamento com biópsias, inicialmente a cada mês, e posteriormente trimestrais. Não há tratamento curativo específico usado rotineiramente para o esôfago de Barret. Portanto, além do acompanhamento endoscópico, a DRGE deve ser controlada, conforme sua evolução, com terapia clínica e/ou operatória. Clínica Médica Questão 03 A) Rinossinusite aguda, diagnosticada clinicamente pela rinoscopia, pela presença de secreção mucupurulenta no meato médio. B) Três das possíveis hipóteses: trombose do seio cavernoso, celulite retro-orbitária, meningite, diagnosticadas pela tomografia computadorizada (exame ouro) e/ou ressonância nuclear magnética (melhor para avaliação das partes moles, não sendo ideal na osteomielite) e análise do liquor (no caso da meningite). Questão 04 A) Abscesso hepático amebiano. Paciente com diarreia baixa, recorrente, trabalha e manipula horticulturas, com massa hepática sugestiva ao ultrassom. Caso seja lembrada a hipótese de Adenoma hepático pelo uso prolongado de contraceptivo oral e presença de massa hepática, será considerada como acerto parcial. B) Doença de Crohn, doenças infecciosas granulomatosas com envolvimento intestinal (tuberculose, paracoccidioidomicose, histoplasmose), doenças linfoproliferativas. Ginecologia e Obstetrícia Questão 05 1. Dexametasona 12 mg/dia/dois dias ou 24 mg, por via intramuscular. 2. Betametasona 12 mg/dia/dois dias ou 24 mg, por via intramuscular. Questão 06 São apresentados abaixo os principais parâmetros que classificam uma pré-eclâmpsia como grave, dos quais o candidato deverá citar cinco. Pressão arterial igual ou maior que 160/110 Proteinúria igual ou maior que 2 gramas em 24 horas. (Aceita-se 5g/24h) Creatinina sérica acima de 1,2 mg/dL Plaquetas abaixo de 100.000/mm3 Enzimas hepáticas elevadas ou TGO e TGP elevadas Presença de CIUR Cefaleia persistente Distúrbios visuais Oligúria Pediatria Questão 07 A) 50-100 mL/kg em 4-6 horas B) O candidato deverá citar dois dos componentes a seguir: SRO – Cloreto de sódio = 3,5 g; Cloreto de potássio = 1,5 g; Citrato trissódico = 2,9 g Glicose = 20 g. C) A criança em aleitamento materno não deve ficar em jejum, deve receber o SRO + aleitamento materno. D) A criança deve permanecer em jejum até que termine a fase de expansão ou fase rápida. Questão 08 RN é classificado quanto ao Peso em: RN de muito baixo peso – corresponde ao RN com peso entre 1000 g e 1500 g RN de extremo baixo peso ou RN fetais – peso inferior a 1000 g AIG – Adequado p/ idade gestacional PIG – Pequeno p/ idade gestacional GIG – Grande p/ idade gestacional ou BP – Baixo peso < 2500 g MBP – muito baixo peso: 1000 g – 1500 g MMBP – muito muito baixo peso < 1000 g Saúde Coletiva Questão 09 A) Define-se equidade como a igualdade de oportunidades no acesso à saúde em todos os níveis hierárquicos dos serviços de saúde do SUS, sendo um dos direitos de todo cidadão, e acessibilidade como a garantia de ingresso do cidadão no sistema de saúde, sem nenhum obstáculo. B) Fatores que influenciam a acessibilidade: geográficos, econômicos e culturais. Questão 10 A) Indicadores epidemiológicos são números ou razões, caracterizados como índices, que indicam vários aspectos da situação de saúde em uma população qualquer. B) Critérios: Validade é a propriedade de um indicador que representa o que se quer medir, bem como é capaz de detectar mudanças no fenômeno em medição. Confiabilidade é a propriedade do indicador que muda pouco em relação ao tempo, portanto quanto mais utilizá-lo, os resultados esperados são semelhantes. Representatividade significa que o indicador realmente representa a realidade que se mediu e deve ser obtido de maneira mais simplificada possível. C) Coeficiente de prevalência e coeficiente de incidência de doenças na população da área de abrangência.