Currículo e Avaliação da Aprendizagem Escolar

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E
HUMANAS
CURSO DE PEDAGOGIA
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
ANNA FLÁVIA DE OLIVEIRA FAQUIM
ANÁPOLIS/GO
DEZ/09
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE CIÊNCIAS SÓCIO-ECONÔMICAS E
HUMANAS
CURSO DE PEDAGOGIA
CURRÍCULO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Monografia apresentada ao Curso de
Pedagogia da Universidade Estadual de
Goiás – Unidade Universitária de Ciências
Sócio-Econômicas e Humanas, como prérequisito para obtenção do título de
licenciatura, sob a orientação da Profª. Ms.
Marilza Luzia Montagnini.
ANÁPOLIS/GO
DEZ/09
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FOLHA DE APROVAÇÃO
Tema: CURRÍCULO E AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Acadêmica: Anna Flávia de Oliveira Faquim
Data: Anápolis, 16 de dezembro de 2009.
________________________________________________
Profª. Ms. Marilza Luzia Montagnini
Professora Orientadora
________________________________________________
Profª. Esp. Zilda Cândida de Resende Fernandes
Professora Leitora
_________________________________________________
Profª. Drª. Sandra Elaine Aires de Abreu
Coordenadora Adjunta do TCC
3
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO_________________________________________________04
CAPÍTULO
I:
CURRÍCULO
E
PARÂMETROS
CURRICULARES
NACIONAIS___________________________________________________06

Escola e Constituição da Cidadania___________________________11
CAPÌTULO II: AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR_____________14

Conceito_________________________________________________14

Modalidades / Funções_____________________________________16

Técnicas e Instrumentos____________________________________17
CAPÍTULO III: PRÁTICA AVALIATIVA NUMA ESCOLA PÚBLICA_________21

Visão de Currículo e Avaliação da Aprendizagem escolar dos
professores______________________________________________21

Visão de Currículo e Avaliação da Aprendizagem Escolar dos
alunos___________________________________________________24

Inovação Como Missão do Professor__________________________26
CONSIDERAÇÕES FINAIS_______________________________________28
REFERÊNCIAS________________________________________________30
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INTRODUÇÃO
Currículo ou proposta pedagógica não apresentam diferenças
conceitual e são compreendidos de forma ampla, dinâmica e flexível. Eles
estão relacionados à vida da escola. Um currículo ou proposta curricular reúne
tanto bases teóricas quanto diretrizes práticas neles fundamentadas, bem
como aspectos de natureza técnica que viabilizam a sua concretização.
Uma proposta pedagógica é um caminho, não é um lugar. Uma
proposta pedagógica é construída no caminho, no caminhar. Toda proposta
pedagógica tem uma história que precisa ser contada. Toda proposta contém
uma aposta. (KRAMER, p. 168 – 169 apud MOREIRA, Políticas e Práticas,
Papirus, 1999)
O currículo enquanto uma proposta pedagógica tem como objetivo
orientar de forma sistematizada o processo de ensino aprendizagem.
Por sua vez, o processo de ensino-aprendizagem envolve o
planejamento escolar que contempla as fases de diagnóstico, levantamento de
prioridades, definição dos objetivos pretendidos, seleção dos conteúdos
programáticos, escolha dos procedimentos metodológicos e determinação dos
conteúdos de avaliação.
Esse trabalho monográfico se ocupará em retratar a proposta oficial
de avaliação da aprendizagem manifesta no currículo e a vivência avaliativa em
uma escola pública da Rede Municipal de Anápolis/GO.
A motivação para esse estudo surgiu diante de muitas inquietações
surgidas durante a realização do Estágio Supervisionado nos Anos Iniciais do
Ensino Fundamental, componente curricular do Curso de Pedagogia. Nele
pude constatar que a prática avaliativa na escola pública tem se delimitado em
aplicar provas, atribuir notas e classificar os alunos. Muitas vezes o professor
reduz a avaliação a cobranças de memorização do conteúdo, não
considerando que na avaliação deve ser utilizado um conjunto de atuações,
com a função de reorientar o processo ensino aprendizagem.
A metodologia para se realizar essa monografia foi uma entrevista
realizada numa escola de Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de
Anápolis – GO e revisão bibliográfica.
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O trabalho foi desenvolvido em três capítulos. O primeiro intitulado
“Currículo e os Parâmetros Curriculares Nacionais” que tem como principal
objetivo conhecer a proposta de currículo por meio do documento oficial.
O segundo capítulo denominado “Avaliação da Aprendizagem
Escolar” tem como objetivo conhecer o que é avaliação escolar, tipos e
funções.
E o terceiro capítulo foi “Prática Avaliativa numa Escola Pública” que
tem como objetivo analisar as práticas avaliativas ocorridas na escola na visão
de professores e alunos.
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CAPÍTULO I
CURRÍCULO E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS
O currículo é conceituado por diferentes expressões e se concretiza
no espaço escolar. O currículo é todo o processo educativo, as atividades
planejadas e desenvolvidas no espaço escolar. “O currículo é o mecanismo
através do qual o conhecimento é distribuído socialmente.” (YOUNG,1980 apud
SACRISTÁN, 2000, p. 19)
Neste sentido, no contexto educacional:
O currículo desempenha a função de explicitar os aspectos de
desenvolvimento e socialização dos educandos, ao citar tais
aspectos, o currículo estabelece intenções educativas quanto ao
planejamento e ao desenvolvimento do processo ensinoaprendizagem. (TENREIRO, 2002, p. 130)
... propomos definir currículo como o projeto seletivo de cultura:
cultural, social, política e administrativamente condicionado, que
preenche a atividade escolar e que se torna realidade dentro das
condições da escola tal como se acha configurada. (SACRISTÁN;
GOMÉZ, 1998 apud TENREIRO, 2002, p.132)
É por meio do currículo que,
ocorre um âmbito de interação no qual se entrecruzam processos,
agentes e âmbitos diversos, que num verdadeiro e complexo social,
dão significado prático e real ao mesmo tempo. Somente no marco
de todas essas interações podemos chegar a captar seu valor real,
daí que é imprescindível um enfoque processual para entender a
dinâmica que dá significado e valores específicos a um currículo
concreto. (SACRISTÁN; GOMÉZ, 1998 apud TENREIRO, 2002
p.133).
O currículo é um dos locais onde se entrecruzam saber e poder. É o
campo permeado de ideologia, cultura e relações de poder. O currículo é uma
forma de transmitir e perpertuar à cultura de uma sociedade.
Segundo José Gimeno Sacristán:
O currículo é a ligação entre a cultura e a sociedade exterior a escola
e à educação; entre o conhecimento e a cultura herdada e a
aprendizagem dos alunos. Entre a teoria (idéias, suposições e
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aspirações) e a prática possível, dadas determinadas condições.
(1999, p.61)
A escola gera aprendizagem e é por meio do currículo que ela vai
efetivar sua função enquanto instituição educativa. (TENREIRO, 2002. p. 134)
Dessa forma o currículo está no centro do processo educacional. Sem ele a
escola não se efetiva como instituição que transmite o saber acumulado pelas
gerações passadas.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são referências de
qualidade para os Ensinos Fundamental e Médio no Brasil. Foram elaborados
pelo Governo Federal com a colaboração dos estados e municípios com o
objetivo de subsidiar a elaboração do currículo da escola.
Os PCNs, como uma proposta inovadora e abrangente, expressam
o empenho em criar uma qualidade nas escolas públicas não deixando de lado
“[...] a questão curricular como de inegável importância para a política
educacional da nação brasileira.” (BRASIL, 1997, p. 14)
No ano de 1990 o Brasil participou da Conferência Mundial de
Educação para Todos, que resultou em posições favoráveis a satisfação das
necessidades de aprendizagem para todos, capazes de tornar o ensino
fundamental universal e ampliar as oportunidades de aprendizagem para
crianças, jovens e adultos (BRASIL, 1997, p.14).
O Ministério da Educação e do Desporto coordenou a elaboração do
Plano Decenal de Educação para Todos, que continha um conjunto de
diretrizes políticas que eram voltados para a recuperação da escola de ensino
básico. Juntamente com o Plano Decenal, a Constituição Federal de 1988,
afirma a necessidade e a obrigação do Estado em elaborar parâmetros no
campo curricular capazes de orientar as ações educativas do ensino
obrigatório, visando à melhoria do ensino nas escolas brasileiras (BRASIL,
1997, p. 15).
O processo de elaboração dos PCNs teve início a partir do estudo de
propostas curriculares de Estados e Municípios brasileiros, da análise realizada
pela Fundação Carlos Chagas, relativa aos currículos oficiais e do contato com
informações e experiências de outros países. Foram recebidos de inúmeros
interlocutores como: docentes de universidades públicas e particulares,
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técnicos de secretarias estaduais e municipais de educação, de instituições
representativas de diferentes áreas de conhecimento especialistas e
educadores setecentos pareceres sobre a proposta inicial, que serviram de
referência para sua reelaboração. A discussão da proposta foi estendida em
inúmeros encontros regionais, organizados pelas delegacias do MEC nos
Estados da Federação (BRASIL, 1997, p. 17).
Os pareceres recebidos, além das análises críticas e sugestões em
relação ao conteúdo dos documentos, apontaram a necessidade de uma
política de implementação da proposta educacional. Sugeriram também a
atuação das universidades e faculdades de educação para a melhoria do
ensino nas séries iniciais (BRASIL, 1997, p. 17).
Na sociedade democrática, o processo educacional não pode ser
instrumento para a imposição, por parte do governo, de um projeto de
sociedade e de nação. Ao contrário, deve resultar do próprio processo
democrático, envolvendo a contraposição de diferentes interesses e a
negociação política necessária para encontrar soluções para os conflitos
sociais (BRASIL, 1997, p. 33).
O exercício da cidadania exige o acesso de todos à totalidade dos
recursos culturais para intervenção e participação na vida social. O domínio da
língua escrita e falada, os princípios de reflexão da matemática, as
coordenadas espaciais e temporais que organizam a percepção do mundo, os
princípios da explicação científica, as artes e mensagens estéticas, domínios
de saberes presentes nas diferentes concepções do papel da educação no
mundo democrático e ainda outras exigências do mundo contemporâneo
(BRASIL, 1997, p. 33 – 34)
Portanto, “a educação básica tem assim a função de garantir
condições para que o aluno construa instrumentos que o capacite para um
processo de educação permanente.” (BRASIL, 1997, p. 35)
Para tanto, é necessário que, no processo de ensino e aprendizagem,
sejam exploradas: a aprendizagem de metodologias capazes de
priorizar a construção de estratégias de verificação e comprovação de
hipóteses na construção do conhecimento, a construção de
argumentação capaz de controlar os resultados desse processo, o
desenvolvimento do espírito crítico capaz de favorecer criatividade, a
compreensão dos limites e alcances lógicos das explicações
propostas. Além disso, é necessário ter em conta uma dinâmica de
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ensino que favoreça não só o descobrimento de potencialidades do
trabalho individual, mas também, e, sobretudo, desenvolvendo o
sentimento de segurança em relação às suas próprias capacidades,
interagindo de modo orgânico e integrado num trabalho de equipe e,
portanto, sendo capaz de atuar em níveis de interlocução mais
complexos e diferenciados. (BRASIL, 1997, p. 35)
Vivemos em um País marcado pelas diferenças socioculturais, que
determinam diferentes necessidades de aprendizagem, porém existe o que é
comum a todos, que qualquer aluno de qualquer lugar, tem direito de aprender
e esse direito deve ser garantido pelo Estado (BRASIL, 1997, p. 35).
É voltando olhares para o princípio da equidade que houve o
estabelecimento de uma referência curricular para todo o País, fortalecendo a
unidade nacional e a responsabilidade do Governo Federal para com a
educação. Com os PCNs pretende-se garantir também, o respeito à
diversidade, mediante a possibilidade de adaptações que integrem as
diferentes dimensões da prática educacional (BRASIL, 1997, p. 36).
Os PCNs constituem o primeiro nível de concretização curricular.
Têm como função subsidiar a elaboração e revisão curricular dos Estados e
Municípios, em diálogo com as práticas e propostas já existem, incentivando
assim a discussão pedagógica nas escolas e a elaboração de projetos
educativos, assim como servir de reflexão da prática assumida por professores
(BRASIL, 1997, p. 36).
Todos os documentos apresentados nos PCNs apontam conteúdos e
objetivos articulados, critérios de seleção dos primeiros, questões de ensino e
aprendizagem das áreas que permeiam a prática educativa de forma explícita e
implícita, propostas sobre a avaliação em cada momento da escolaridade em
cada área, envolvendo questões relativas a o que e como avaliar (BRASIL,
1997, p. 37).
Os PCNs são flexíveis, e podem e devem ser adaptados segundo a
construção de cada currículo de uma Secretaria de Estado da Educação ou
mesmo de uma escola (BRASIL, 1997, p. 37).
O segundo nível de concretização são as propostas curriculares dos
Estados e Municípios que poderão ser utilizados como recursos para
adaptações ou elaborações curriculares realizadas pelas Secretarias de
Educação (BRASIL, 1997, p.37).
10
O terceiro nível de concretização diz respeito a elaboração da
proposta curricular de cada escola, contextualizada na discussão de seu
projeto educativo, pois é nesse âmbito que professores e a equipe pedagógica
discutem e organizam os objetivos, conteúdos e critérios de avaliação para
cada ciclo (BRASIL, 1997, p.37).
O quarto nível é o momento da realização da programação das
atividades de ensino e aprendizagem na sala de aula (BRASIL, 1997, p.38).
Toda prática mesmo que de forma inconsciente leva a uma tendência
pedagógica. Sendo assim:
as tendências pedagógicas que se firmam nas escolas brasileiras,
públicas e privadas, na maioria dos casos não aparecem em forma
pura, mas com características particulares, muitas vezes mesclando
aspectos de mais uma linha pedagógica. (BRASIL, 1997, p. 39)
Portanto, pode-se identificar na escola brasileira, a presença de
tendências como: tradicional, renovada, tecnicista e ainda outras com
características de preocupações sociais e políticas (BRASIL, 1997, p.39).
A pedagogia tradicional propõe uma educação centrada no
professor, com função de vigiar e aconselhar os alunos, corrigir e ensinar a
matéria (BRASIL, 1997, p. 39).
Já a pedagogia renovada inclui várias correntes que estão ligadas ao
movimento da Escola Nova ou Escola Ativa. Ela possui como princípio
norteador de valorização do indivíduo como ser livre, ativo e social. O centro da
atividade escolar é o aluno, como ser ativo e curioso. (BRASIL, 1997, p. 40)
E a pedagogia libertadora tem sua origem nos movimentos de
educação popular que ocorreram no final dos anos 50 e início dos anos 60,
quando foram interrompidos pelo golpe militar de 1964. Nessa proposta, a
atividade escolar pauta-se em discussões de temas sociais e políticos e em
ações sobre a realidade social imediata, analisam os problemas e organiza
uma forma de intervenção para a transformação da realidade política e social.
O professor é o coordenador de atividades que organiza e atua junto com os
alunos (BRASIL, 1997, p.41 - 42).
“A pedagogia crítico-social dos conteúdos assegura a função social e
política da escola mediante o trabalho com conhecimento sistematizado, a fim
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de colocar as classes populares em condições de uma efetiva participação nas
lutas sociais.” (BRASIL, 1997, p. 42)
Mas, é a partir dos anos 80 que surge um movimento cuja função é a
integração entre essas tendências pedagógicas. Assim sendo, não é mais
possível deixar de se ter preocupações com o domínio de conhecimentos
formais para a participação crítica na sociedade. Também se pensa em uma
adequação pedagógica as características de um aluno como um ser ativo, que
pensa, e de um professor que sabe os conteúdos de valor social e formativo.
Esse momento tem como principal foco o caráter social do processo de ensino
e aprendizagem e é marcado pela psicologia genética (BRASIL, 1997, p. 43).
a psicologia genética propiciou aprofundar a compreensão sobre o
processo de desenvolvimento na construção do conhecimento.
Compreender os mecanismos pelos quais as crianças constroem
representações internas de conhecimentos construídos socialmente,
em uma perspectiva psicogenética, traz uma contribuição para além
das descrições dos grandes estágios de desenvolvimento. (BRASIL,
1997, p. 43)
Segundo os PCNs a participação construtiva do aluno é de extrema
importância e, ao mesmo tempo também a intervenção do professor para a
aprendizagem de conteúdos específicos que favoreçam o desenvolvimento das
capacidades necessárias à formação do indivíduo. (BRASIL, 1997, p. 44)
“[...] os Parâmetros Curriculares Nacionais adotam como eixo o
desenvolvimento de capacidades do aluno, processo em que os conteúdos
curriculares atuam não como fins em si mesmos, mas como meios para a
aquisição e desenvolvimento dessas capacidades.” (BRASIL, 1997, p. 44)
Escola e Constituição da Cidadania
Nos PCNs se concebe a educação escolar como uma prática que
tem a possibilidade dos alunos desenvolver suas capacidades e aprender os
conteúdos necessários para entender a realidade e participar nas relações
sociais, políticas e culturais diversificadas e amplas, condições fundamentais
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para o exercício da cidadania e para a construção de uma sociedade mais
democrática e não excludente (BRASIL, 1997, p. 45).
A escola, para a construção da cidadania, precisa assumir a
valorização da cultura da comunidade na qual está inserida, proporcionando as
crianças o acesso ao saber, nos âmbitos: nacional, estadual e municipal bem
como ao patrimônio universal da humanidade (BRASIL, 1997, p. 46).
Para as escolas brasileiras exercerem a função social proposta nos
PCNs, é preciso possibilitar o cultivo dos bens culturais e sociais, levando em
conta as necessidades e expectativas dos alunos, dos pais, dos membros da
comunidade, dos professores. É nesse momento, que os alunos vivenciam
situações diversificadas que favorecem o aprendizado, para poder dialogar de
forma competente com a comunidade, respeitar e ser respeitado, ouvir e ser
ouvido, reivindicar direitos e cumprir obrigações. Ainda propicia participar
ativamente da vida científica, cultural, social e política do País e do mundo
(BRASIL, 1997, p. 48).
O projeto educativo proposto pelos PCNs, deve ser entendido como
um processo que inclui a formulação de metas e meios, segundo a realidade
de cada instituição escolar, por meio da criação e valorização de rotinas de
trabalho pedagógico em grupo e da co-responsabilidade de todos os membros
da escola, para o planejamento inicial ou em períodos de revisão (BRASIL,
1997, p.48).
Faz-se necessário para a definição de um projeto educativo uma
bibliografia especializada, o contato com experiências educacionais, assim
como os PCNs, que apresentam questões essenciais sobre o que, como e
quando ensinar, construindo um referencial significativo e atualizado sobre a
função da escola,a importância dos conteúdos e o tratamento a ser dado a eles
(BRASIL, 1997, p.49).
Para elaborar um processo educativo, a escola discute e explicita os
valores coletivos assumidos. Delimita suas prioridades, define os objetivos e
resultados esperados e proporciona a auto-avaliação por parte do professor
(BRASIL, 1997, p. 49).
A tradição escolar trabalha com a ideia de que a ausência de erros
na tarefa escolar é a manifestação da aprendizagem. Entretanto, por meio do
avanço da investigação científica na área da aprendizagem, tornou-se possível
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interpretar o erro como algo inerente ao processo de aprendizagem e ajustar a
intervenção pedagógica para ajudar a superá-lo. (BRASIL, 1997, p. 51)
O que o aluno pode aprender em determinado momento da
escolarização depende das possibilidades de que dispõe em cada fase do
desenvolvimento, dos conhecimentos prévios e do ensino que recebe. Sendo
assim, a intervenção pedagógica deve-se ajustar ao que os alunos conseguem
realizar em cada momento da aprendizagem. O conhecimento se dá por meio
de um processo de modificação, reorganização e construção, utilizado pelos
alunos para assimilar e interpretar os conteúdos escolares, ou seja, nada mais
é do que a avaliação da aprendizagem escolar (BRASIL, 1997, p. 51).
Portanto, “situações de ensino e aprendizagem são situações
comunicativas, nas quais os alunos e professores atuam como co-responsáveis
ambos com uma influência decisiva para o êxito do processo.” (BRASIL, 1997,
p.52)
As aprendizagens só serão significativas à medida que os alunos
consigam estabelecer relações substantivas e não-arbitrárias entre os
conteúdos escolares e os conhecimentos prévios construídos por eles, num
processo de articulação de novos significados. É o professor que por meio da
intervenção pedagógica, promove as aprendizagens mais significativas.
(BRASIL, 1997, p. 52).
Enfim, o educador deve ter propostas claras sobre o que, quando e
como ensinar e avaliar, a fim de possibilitar o planejamento de atividades de
ensino de maneira adequada e coerente com seus objetivos. A partir disso o
professor elabora o plano diário e a intervenção de maneira a propor situações
de aprendizagens ajustadas às capacidades cognitivas dos alunos (BRASIL,
1997, p. 55)
14
CAPÍTULO II
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR
Conceito
Durante muito tempo, a avaliação escolar foi utilizada como um
instrumento pedagógico para classificar e rotular os alunos entre bons e maus.
Instrumento traiçoeiro da ideologia dominante e recurso para o controle
disciplinar, utilizado autoritamente como forma de ameaça para os alunos. Hoje
em dia ela é vista pelos estudiosos como um importante instrumento para os
professores como auxílio para alcançarem o fim principal da educação, o
crescimento pleno dos alunos.
Heranças poderosas e consistentes ainda hoje se encontram
inseridas na maneira de avaliar os alunos. Estudar a avaliação é investigar a
fundo a pedagogia que se pratica, pois a avaliação nos permite verificar a
eficácia do programa educacional e ainda reorientar uma possível intervenção
pedagógica.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 81) a avaliação é
compreendida: “como um conjunto de atuações que tem a função de alimentar,
sustentar e orientar a intervenção pedagógica. Acontece contínua e
sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do conhecimento
construído pelo aluno.”
Dessa maneira ela é entendida como:
Elemento integrador entre a aprendizagem e o ensino, conjunto de
ações cujo objetivo é o ajuste e a orientação da intervenção
pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma; conjunto de
ações que busca obter informações sobre o que foi aprendido e
como; elemento de reflexão contínua para o professor sobre sua
prática educativa, instrumento que possibilita ao aluno tomar
consciência de seus avanços, dificuldades e possibilidades; ação
que ocorre durante todo o processo de ensino e aprendizagem e não
apenas em momentos específicos caracterizados como fechamento
de grandes etapas de trabalho. (BRASIL, 1997, p.83 - 84)
15
Segundo Tyler (1974 apud HAYDT, 1995, p. 11) “o processo de
avaliação consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos
educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa de currículo e
do ensino.”
Sendo assim, a avaliação é o processo no qual se constata se os
objetivos propostos para aquele ciclo estão sendo atingidos e em que medida
estão sendo eficazes.
O ato de avaliar é complexo, e não se reduz a nota, mas implica em:
“coleta, análise e síntese dos dados que configuram o objeto da avaliação,
acrescido de uma atribuição de valor ou qualidade.” (LUCKESI, 2005, p.93)
Tentando conceituar avaliação Popham (1983 apud Souza, 1991, p.
54) diz:
que o processo avaliativo inclui a medida, mas não se esgota nela. A
medida, diz esse autor, revela o quanto o aluno possui de determinada
habilidade; a avaliação informa sobre o valor dessa habilidade. A
medida descreve os fenômenos e interpreta-os, utilizando-se, também,
de dados qualitativos.
Ou seja, o processo de avaliação contempla medida, porque inclui a
descrição de um fenômeno do ponto de vista quantitativo, já o ato de avaliar
interpreta os dados quantitativos e qualitativos para obter um parecer ou
julgamento de valor, tendo por base padrões ou critérios (HAYDT, 1995, p.10).
E necessário entender a avaliação como um processo de aquisição
elaboração de informação e expressão de um julgamento a partir da
informação coletada, e a partir da análise dos resultados atuar na intervenção
pedagógica necessária.
“A avaliação é essencial à educação. E inerente e indissociável
enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão e ação.”
(HOFFMANN, 1991, p. 17). Ela é inseparável, é algo que não pode se
dissolver, é parte peculiar da educação, é uma constante reflexão da prática
pedagógica.
A avaliação é a reflexão transformada em ação. Ação essa, que nos
impulsiona as novas reflexões. Reflexão permanente de educador
sobre sua realidade, e acompanhamento, passo a passo, do
educando na sua trajetória de construção do conhecimento.
(HOFFMANN, 1991, p. 18)
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É nesse processo dinâmico que a ação e a reflexão são
inseparáveis, processo no qual o professor estimulará seus alunos a avançar
no crescimento e ainda num repensar constante da sua prática.
Sendo assim, independente se a avaliação seja pontual ou contínua,
ela deve estar voltada para o desenvolvimento do educando. Só se pode
avaliar aquilo que foi ensinado.
A avaliação deve ser compreendida como um espaço de interação,
diálogo e discussão, pois na medida em que a ação avaliativa exerce
uma função dialógica e interativa, ela promove os seres moral e
intelectualmente, tornando-os críticos e participativos, inseridos no
seu contexto social e político. (HOFFMANN, 1991, p.23)
Quando a avaliação consegue alcançar o momento de análise,
interação, diálogo, ela está aproximando da construção de seres críticos,
participativos e autônomos.
Modalidades/Funções
A avaliação do processo ensino-aprendizagem, refere-se diretamente
aquilo que os alunos aprenderam, ou se os objetivos traçados para aquele ciclo
foram atingidos.
A avaliação da aprendizagem têm três funções:
1- prognóstico - que permite verificar se o aluno possui ou não os
conhecimentos necessários para o curso, estimando-se o seu
desempenho futuro; 2- medida - através dessa função, há o controle
de aquisições, a avaliação do progresso do aluno e análise do
desempenho, em certos momentos e em diversas situações; 3diagnóstico - verifica-se, quais as causas que impedem que a
aprendizagem real ocorra. Bartolomeis (1989 apud SOUZA, 1991, p.
55)
17
A avaliação tem a função de diagnóstico quando informa ao
professor o nível de conhecimentos e habilidades nas quais os alunos se
encontram, ou seja, quando verifica a presença ou ausência de pré-requisitos
para novas aprendizagens e detecta dificuldades específicas de aprendizagem,
tentando identificar suas causas. É formativa quando constata se os objetivos
estabelecidos foram alcançados pelos alunos. É nesse momento que também
se fornece dados para o aperfeiçoamento do processo ensino-aprendizagem e
é somativa quando classifica os resultados da aprendizagem alcançados pelos
alunos, de acordo com níveis de aproveitamento estabelecidos (HAYDT, 1995,
p. 19).
Contudo, o uso conjugado das três modalidades de avaliação
permite garantir a eficácia do processo de ensino-aprendizagem e a eficiência
do processo de avaliação. Por isso, “a avaliação não é um fim, mas um meio:
para o aluno, é um meio de corrigir erros e fixar as respostas certas; para o
professor e um meio de aperfeiçoar seus procedimentos de ensino.” (HAYDT,
1995, p.28)
Portanto,
Se o processo do rendimento escolar for conduzido pela avaliação,
tem-se a oportunidade de diagnosticar a real condição em que está a
aprendizagem, possibilitando ocorrer um (re) encaminhamento da
ação, visando à consecução dos objetivos que se deseja alcançar, o
que é possibilitado por este processo dinâmico. (SILVA, 2006, p. 6)
Dessa maneira, se o processo de avaliação da aprendizagem for
conduzido de forma a contemplar todas as modalidades de avaliação e suas
respectivas funções, o professor vai garantir a eficiência do processo avaliativo
e a eficácia do processo de ensino-aprendizagem.
Técnicas e Instrumentos
Hoje em dia com a pedagogia moderna a avaliação da aprendizagem
assume com maior relevância a função somativa e formativa. Portanto, para
que a avaliação se concretize e consiga atingir as suas outras funções faz-se
18
necessário o combinar de técnicas e instrumentos que auxiliaram no sucesso
do trabalho pedagógico. No processo de avaliação, professores podem
desprezar diversos tipos de instrumentos de avaliação, que oscilam de acordo
com o objetivo que se pretende alcançar, com a faixa etária dos alunos, com o
grau de alfabetização e outros.
Técnicas e instrumentos de avaliação escolar
Técnicas
Instrumentos
Aplicação de provas
Prova oral, prova escrita (dissertativa,
objetiva: informal ou construída pelo
professor; teste padronizado)
Observação
Registro anedótico, lista de controle
ou categorias, escala de classificação.
Auto-avaliação
Inventário
Técnica sociométrica
Sociograma
Testagem (aplicação de testes)
Prova objetiva ou teste construído
pelo professor.
Teste estandardizado ou padronizado
Aplicação de provas subjetivas
Prova de dissertação, exame oral.
Auto-avaliação
Questionário de auto-avaliação.
Avaliação
recíproca
das
criança: Sociograma
técnica sociométrica
Observação
Anedotário, ficha cumulativa, roteiro
de entrevista, roteiro de visita à casa
do aluno.
Estudo de caso
No estudo de caso, todas as técnicas
e instrumentos mencionados acima
devem ser utilizados para obter o
maior
número
possível
informações.
SUSANA COLS e MARIA MARTÍ (apud HAYDT, 1995, p. 56 – 57)
de
19
Diante de tantas alternativas de avaliação da aprendizagem escolar,
o professor pode ter dúvidas de qual técnica e instrumento utilizar, porém,
escolher o instrumento correto é observar sua validade, precisão, objetividade
e praticidade. Boa avaliação é aquela que orienta o aluno na sua
aprendizagem, diferentemente daquela que interrompe o aluno na sua
caminhada rumo a aprendizagem eficaz.
“A técnica de avaliação é o método de se obter as informações
desejadas. O instrumento de avaliação é o recurso que será usado para isso.”
(HAYDT, 1995, p.56)
As técnicas e os instrumentos devem ser precisos à medida que
conseguem avaliar o grau de aprendizagem dos alunos.
as técnicas e instrumentos de avaliação dependem da natureza da
área de estudo ou do componente curricular, dos objetivos visados
(informações, habilidades, atitudes, aplicação de conhecimentos etc.)
das condições de tempo do professor e do número de alunos. As
técnicas e instrumentos selecionados para avaliar devem, também,
estar adequados aos métodos e procedimentos usados no ensino.
(HAYDT, 1995, p. 58 – 59)
Dentre os instrumentos mais comuns de avaliação ainda são citados:
prova objetiva, prova dissertativa, seminários, trabalho em grupo, debate,
relatório individual, autoavaliação, observação e conselho de classe. Esses são
instrumentos que aliados às técnicas proporcionam uma avaliação satisfatória
da aprendizagem dos alunos.
Podemos notar também que grande é a variedade de instrumentos que
o professor tem a seu dispor para determinar o nível de desempenho
apresentado pelos alunos, em função dos objetivos propostos. Para
realizar uma avaliação adequada, no entanto, é imprescindível utilizar
instrumentos que proporcionem dados corretos. Para isso, devemos:
definir bem o que queremos avaliar; selecionar o instrumento que se
preste à coleta de dados referentes ao objetivo proposto. (HAYDT,
1995, p. 58)
Os critérios têm um papel de extrema importância, pois é por meio
deles que se explicitam as expectativas de aprendizagem, levando em conta os
objetivos e conteúdos propostos para área e cada ciclo, a organização lógica
dos conteúdos, as particularidades de cada momento da escolaridade e as
possibilidades de aprendizagem respeitando o desenvolvimento cognitivo,
20
afetivo e social de aluno em particular. Os critérios mostram as experiências
educativas que os alunos devem ter acesso e as primordiais para o seu
desenvolvimento e socialização (BRASIL, 1997, p.86).
Dessa forma, todas as técnicas e instrumentos de avaliação
apresentam vantagens e desvantagens. O que se faz necessário é escolher a
forma mais adequada para cada situação de aprendizagem. A avaliação tem
como
principal
objetivo
fornecer
informações
do
processo
ensino-
aprendizagem e,
é na educação que a avaliação encontrou seu lugar privilegiado, não
só como prática política e pedagógica, produzindo efeitos dentro e fora
do âmbito propriamente educacional, mas também como importante
campo de estudo. Também na educação a avaliação muitas vezes
reafirma essa larga tradição de regulação, seleção e hierarquização,
seja só no interior das salas de aula ou nos domínios mais amplos da
administração pública. Tão arraigados estão os conceitos de seleção,
medida e classificação nos processos avaliativos que, por vezes,
quase chegam a definir a própria avaliação. (SOBRINHO, 2003, p. 15)
Sendo assim, como a herança de avaliação da aprendizagem é
sólida: “muitos professores continuam avaliando seus alunos da mesma forma
como foram avaliados nos seus cursos de formação, o que indica falta de
leitura e referencial teórico sobre a avaliação.” (SILVA, 2006, p.11).
O processo de avaliação escolar não se encerra com os resultados
obtidos a partir do uso de instrumentos e técnicas utilizadas. A avaliação não
termina com as notas, mas ela recomeça quando o professor constata por meio
da avaliação que os objetivos pretendidos não foram alcançados ou ainda que
nem todos os alunos conseguiram atingir o que foi proposto para aquele ciclo.
Dessa forma, é importante saber como trabalhar com o processo
avaliativo e saber que medidas pedagógicas devem ser tomadas a partir dos
resultados alcançados. Além de contemplar medidas no que se trata a
reorganização da pratica pedagógica no decorrer do dia-a dia, devem estar
presente o apoio institucional, acompanhamento individualizado, grupo de
apoio, lições extras, profissionais específicos, ou seja, é um processo ativo de
ação – reflexão – ação, que tende a melhorar o processo ensino-aprendizagem
(BRASIL, 1997, p.89).
21
CAPÍTULO III
PRÁTICA AVALIATIVA NUMA ESCOLA PÚBLICA
Buscando
complementar
os
conhecimentos
anunciados
pelo
currículo oficial que indicam a conceituação sobre currículo e as formas de
avaliação da aprendizagem escolar, como também a revisão bibliográfica sobre
currículo que aponta que o conceito mais divulgado e aceito entre os
professores é que currículo se constitui na matriz curricular ou grade curricular
de um nível de ensino ou curso.
Buscando averiguar como os conhecimentos anunciados pelo
currículo oficial que indicam a conceituação de currículo e de avaliação escolar
chegam à escola, foi realizada uma entrevista numa escola da Rede Municipal
de Ensino de Anápolis – GO. A entrevista foi realizada com professoras e
alunos.
Visão de currículo e avaliação da aprendizagem escolar dos
professores
Verificou-se por meio da entrevista que as professoras entendem que
currículo é: “uma forma organizada para que o professor transmita seus
conhecimentos, ou seja, elabore caminhos juntamente com os alunos para a
melhor aprendizagem.”
Outra que “o currículo é um instrumento que guiará o professor na
sua prática pedagógica, visando à aprendizagem integral do aluno”.
E outra respondeu que: “currículo são as disciplinas, os conteúdos a
serem ministrados e os meios utilizados.”
Foi também definido: “currículo tem ação direta e indireta na
formação e desenvolvimento do aluno. É o elemento central do projeto
pedagógico.”
22
Sendo assim, o currículo desempenha a função de desenvolver e
socializar o aluno, são os anseios, a concepção de ensino que a comunidade,
na qual a escola está inserida tem de ensino, e a partir dessas intenções
educacionais que se constrói o currículo oficial da escola, o Projeto Político
Pedagógico.
Quando questionadas o que seria avaliação, as professoras
responderam:
“avaliação
são
os
meios
utilizados
para
analisar
o
desenvolvimento dos alunos, o trabalho do professor, e o desenvolvimento de
toda a escola.”
Ou seja, é uma forma de analisar todo o processo ensino –
aprendizagem.
Outra professora responde: “um método que precisa ser modificado,
pois o professor deve avaliar seu aluno no cotidiano escolar e não apenas em
um único dia específico”.
Nota-se que as definições de avaliação variam, mas nem sempre
centralizam o aluno como elemento principal nesse processo.
Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 84)
avaliação escolar é “[...] ação que ocorre durante todo o processo de ensino e
aprendizagem e não apenas em momentos específicos caracterizados como
fechamento de grandes etapas de trabalho.”
Uma outra educadora respondeu: “avaliação faz parte do processo
de ensino e de aprendizagem em que não ensinamos sem aprender, não
aprendemos sem avaliar.”
Avaliar neste caso é um instrumento que se utiliza para verificar o
que o aluno aprendeu.
E
quando
perguntadas
como
avaliação
e
currículo
estão
relacionados, obteve-se as respostas: “ambas têm o aluno como foco
principal”; “a partir do momento que o aluno é avaliado para adquirir
pontuação”; “a avaliação, os meios de avaliação, são elaborados e realizados
de acordo com o trabalho realizado em sala”.
Analisando as falas das professoras percebe-se que nenhuma
conseguiu fazer a relação, ou ainda identificar essa relação.
Entretanto, Tenreiro:
23
Percebendo o currículo em sentido mais abrangente, como a
expressão da função socializadora da escola, englobando tudo o que
nela acontece, e o processo avaliativo permeando todo esse
movimento educacional, é porquanto, através da avaliação, que o
currículo é construído e reconstruído por todos os que nele estão
inseridos. (2002, p. 138)
Perguntamos as entrevistadas se o PPP da escola indicavam ações
para a avaliação e as respostas foram: observação da participação dos alunos
nas aulas, trabalhos de pesquisas individuais e em grupos, análise das tarefas
realizadas nos cadernos, atividades xerocadas, avaliação escrita, dinâmicas de
grupo, jogos e ainda uma outra professora acrescenta: “as metodologias
surgem a partir de situações-problemas, fatos cotidianos e atualidades.”
No item em que foram perguntadas sobre o que levam em
consideração no processo de avaliação dos seus alunos elas responderam: “o
aprendizado individual, através das atividades propostas no dia-a-dia”; “o
interesse e a participação dos alunos pelas atividades propostas, a iniciativa de
leituras e pesquisas, as opiniões próprias”; “a linha de raciocínio, o que cada
criança aprendeu como aprendeu, a forma como eu trabalhei determinado
assunto e os resultados alcançados”.
Segundo
aprendizagem
as
individual
educadoras,
do
aluno,
elas
levam
respeitando
em
seus
consideração
limites
e
a
suas
possibilidades.
Quando questionadas como são elaborados instrumentos precisos
de avaliação, tendo por base o PPP, elas responderam: “segundo a realidade
de nossos alunos”; “através da aproximação professor-aluno, a partir do
momento que o professor conhece seus alunos, identifica suas dificuldades, e
trabalha para modificá-las”; “é preciso estar consciente do nível de
aprendizagem dos alunos, estarem sempre de acordo com o trabalho realizado
em sala”
É de fundamental importância conhecer a clientela que o professor
atende. Somente dessa maneira a avaliação se efetivará como um importante
elemento no processo ensino-aprendizagem.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
A avaliação das aprendizagens só pode acontecer se forem
relacionadas com as oportunidades oferecidas, isto é, analisando a
24
adequação das situações didáticas propostas aos conhecimentos
prévios dos alunos e aos desafios que estão em condições de
enfrentar. (1997, p.81)
Encerrando a entrevista com as professoras foi perguntado até que
ponto a avaliação auxilia ou prejudica o aluno, tendo por base do PPP da
escola. As respostas foram: “até o momento em que a avaliação sirva para
avaliar também o meu trabalho, enquanto professora”; “auxilia, pois está focada
na realidade da clientela e define a ação educativa a se realizar”; “a avaliação
auxilia o aluno quando é também um meio de aprendizagem com propostas de
acrescentar. E ela prejudica quando é aplicada de forma seletiva, apenas com
intenção de obter notas”.
Dessa maneira, “avaliar é uma busca incessante de compreender as
dificuldades do educando e dinamizar novas oportunidades de conhecimento”.
(HOFFMANN, 1991, p.21).
Visão de currículo e avaliação da aprendizagem escolar dos
alunos
Verificou-se por meio da entrevista que os alunos entendem que
avaliar é testar aquilo que eles aprenderam e ainda um outro aluno diz: “avaliar
é testar, verificar o que não aprendeu.”
“O teste é entendido como instrumento de constatação e
mensuração e não de investigação.” (HOFFMANN, 1991, p.55). Os alunos
entendem que a avaliação é algo que pode ser medido. Sendo que:
Tal entendimento [...] reforça que se o professor: (a) Aplica testes para
simplesmente constatar resultados, e (b) expressa tais resultados, a
seguir, em valores numéricos, temos aí dois procedimentos que
contribuem fortemente para a concepção de avaliação sentenciva e
classificatória: o teste é a prova que comprova um resultado numérico
atribuído pelo professor. (HOFFMANN, 1991, p. 55 -56)
Segundo Hoffmann (1991, p. 56) “Esse entendimento sobra à
finalidade das tarefas e testes nas escolas não encontra fundamento até
mesmo na definição que uma criança sugere ao termo.”
25
Constatou-se também que a avaliação das professoras é feita por
meio de trabalhos, provas, tarefa de casa e participação em sala de aula,
segundo os próprios alunos.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais:
Para obter informações em relação aos processos de aprendizagem, é
necessário considerar a importância de uma diversidade de
instrumentos e situações, para possibilitar, por um lado, avaliar as
diferentes capacidades e conteúdos curriculares em jogo e, por um
outro lado, contrastar os dados obtidos e observar a transferência das
aprendizagens em contextos diferentes. (1997, p. 84)
É de fundamental importância à utilização de diferentes códigos,
como o verbal, o oral, o escrito, o gráfico, o numérico, o pictórico, de forma a se
considerar as diferentes habilidades dos alunos (BRASIL, 1997, p.84).
Quando perguntados se eles acham fácil ou difícil à avaliação
escrita, eles disseram que é fácil, quando eles sabem a matéria, quando
estudam, e é difícil quando eles não estudam e não sabem o conteúdo. Dessa
maneira: “avaliar a aprendizagem, portanto, implica avaliar o ensino oferecido –
se, por exemplo, não há a aprendizagem esperada significa que o ensino não
cumpriu com sua finalidade: a de fazer aprender.” (BRASIL, 1997, p.84)
Foi feita uma pergunta sobre como gostariam que suas professoras
dessem as notas. Eles falaram que gostariam de mais trabalho em grupo, nota
de tarefa e participação em sala de aula, ou seja, eles gostariam que fossem
avaliados continuamente e não em um dia fixo, previamente marcado.
Conforme orienta os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 85) “o
professor pode realizar a avaliação por meio de: observação sistemática;
análise das produções dos alunos; atividades específicas para a avaliação.”
Encerrando a entrevista foi perguntado se no momento da avaliação
escrita, no caso a prova, se a professora ajuda alguém que não está
conseguindo responder. Eles disseram que a professora ajuda explicando o
que a questão pede, ou seja, elas orientam o aluno. Portanto, “quanto mais os
alunos tenham clareza dos conteúdos e do grau de expectativa da
aprendizagem que se espera, mais terão condições de desenvolver, com a
ajuda do professor, estratégias pessoais e recursos para vencer dificuldades.”
(BRASIL, 1997, p.85).
26
Inovação como missão do professor
Assim como o currículo se apresenta por aquilo que o aluno deverá
aprender de acordo com a sociedade a qual a instituição escolar esta inserida,
vemos o quanto à inovação precisa ser pensada e vir ser transformada em
ação. Pois, “é o no diálogo entre os diversos atores, os que decidem, pensam e
fazem à educação básica, pode ser fecundo para redefinir culturas, formular
políticas, pesquisar e teorizar e também para inovar a prática escolar”
(ARROYO, 1999, p.151) Ou seja, é por meio das interações com os todos os
âmbitos da sociedade que se pensam, repensam e enfim sugerem inovação a
educação.
Discutir sobre inovação não é tarefa simples, pois requer estudos,
reflexão, discussão sobre a prática, para partir daí se pensar em que atitudes
deveram ser tomadas, para melhorar a escola tal como ela é. É preciso:
entender a ação educativa como ação humana. A suposta ignorância e
o suposto desprezo dos professores para conduzir a inovação, assim
como suas supostas alienação e acriticidade, tão presentes nos estilos
anteriores, não explicam o que os professores fazem ou deixam de
fazer. Sua prática tem de ser entendida em patamares mais profundos,
no campo da ação humana, baseada no sistema de valores que
abraçam e que inspira sua ação, seu pensamento. É ingênuo pensar
valores que requalificando, ilustrando, transmitindo ciência ou novas
teorias sociais, de didática ou de currículo, a sociedade e os cidadãos,
assim como a escola e seus mestres, mudarão. Essa é a tradição
positivista que ignora valores, o senso comum, a sensibilidade e a
intuição humana tão determinantes das práticas sociais, educativas e
culturais. Toda ação educativa é ação humana. (ARROYO, 1999, p.
155-156)
Portanto a prática educativa tende a refletir os valores que o
educador tem, ou seja, a sua ação reflete aquilo que ele é, seus valores,
normas, atitudes, interações sociais, práticas culturais enfim toda a sua ação
humana.
Mas para que essa inovação educativa se efetive completamente
“[...] buscar suas virtualidades nesse campo das práticas, diálogos e rituais de
que são agentes os sujeitos do ato educativo.” (ARROYO, 1999, p.160). Todos
fariam parte desse processo, pais, professores, alunos, famílias, onde
27
entenderiam mais e melhor o funcionamento da escola e sua organização,
ajudando, portanto a reinventar os conteúdos que os alunos deveram ter
acesso.
E para isso, “a escola passa a ser mais rica em saberes. A visão do
currículo se alarga, incorpora novas dimensões.” (ARROYO, 1999, p.161) E o
de maior relevância, todos os atores do processo educativo fariam parte
dessas mudanças e da melhoria do sistema de ensino, formando seres
competentes, autônomos, tomadores de decisão, livres e ativos.
28
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o Plano Decenal de Educação para Todos e a Constituição de
1988, afirmava-se a necessidade e obrigação de elaborar parâmetros no plano
curricular, a fim de orientar as ações educativas no ensino obrigatório, para
melhoria do ensino nas escolas brasileiras.
Em todos os documentos apresentados nos PCNs apontam
conteúdos e objetivos articulados, critérios e eleição dos primeiros, questões
de ensino aprendizagem das áreas propostas de avaliação em cada fase e
questões sobre o que e como avaliar.
Para tanto, a intervenção pedagógica deve-se ajustar ao que os
alunos conseguem realizar em cada momento da aprendizagem. Enfim, o
educador deve ter propostas claras sobre o que, quando e como ensinar e
avaliar, para possibilitar o planejamento de atividades de ensino para a
aprendizagem de maneira adequada e coerente com seus objetivos.
A avaliação permite verificar a eficácia do programa educacional e
reorientar uma possível intervenção pedagógica, e acontece contínua e
sistematicamente por meio da interpretação qualitativa do conhecimento
construído pelo aluno.
É ainda um instrumento que possibilita ao aluno tomar consciência
de seus avanços, dificuldades e possibilidades.
A avaliação da aprendizagem permite verificar em que medida os
objetivos educacionais estão sendo alcançados pelo programa de currículo e
ensino.
É um ato que não se reduz a nota, mas além da coleta, análise e
síntese dos dados deve ser acrescido de valor ou qualidade, pois determina
quanto o aluno possui de determinada habilidade, a avaliação então informa o
valor dessa habilidade, para isso tendo por base padrões e critérios.
Existem diferentes técnicas que aliadas com diferentes instrumentos
proporcionam uma avaliação da aprendizagem satisfatória, que permite
conhecer o nível de crescimento dos alunos. Para isso, deve-se definir bem o
29
que se quer avaliar e selecionar o instrumento adequado que consegue dar
dados relevantes referente ao objetivo que foi proposto.
Tão importante saber como e o que avaliar é saber também que
medidas pedagógicas deveram ser tomadas a partir dos resultados obtidos,
para que a intervenção ocorra de maneira eficaz, superando assim as
dificuldades.
Na pesquisa se conclui que as professoras acreditam que a
avaliação é um processo no qual se avalia o desenvolvimento dos alunos, do
professor e de todo o desenvolvimento da escola. E ainda que o processo
avaliativo é o momento o qual há uma troca de saberes, que envolve quem
ensina e quem aprende numa reciprocidade.
Segundo as professoras elas utilizam diferentes técnicas para avaliar
os alunos e ainda que muitas metodologias surgem de fatos cotidianos do
ambiente escolar. Os alunos são respeitados de acordo com aquilo que
conseguem realizar.
Enfim, essa prática só tem sentido quando se tem a oportunidade de
acrescentar, e auxilia quando o professor também avalia seu desempenho
docente. Segundo os próprios alunos as professoras utilizam diferentes
técnicas para avaliá-los, mas apesar de tudo eles gostariam de uma avaliação
mais contínua do que pontual.
Portanto, talvez a missão do professor, principalmente da escola
pública, seja a inovação como princípio formador de sua prática, e essa
mudança só há de vir quando todos interessados e participantes desse
processo educacional tomar decisões em conjunto visando a melhoria da
escola pública.
30
REFERÊNCIAS
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Prática da Escola. In: MOREIRA, Antonio Flávio B. (org.). Currículo: Políticas e
Práticas. Campinas, SP: Papirus, 1999.
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares
Nacionais: introdução. Brasília: MEC/SEF, 1997.
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do
Processo
Ensino-
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito e desafios. Porto Alegre: Educação
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KRAMER, Sônia. Propostas pedagógicas ou curriculares: subsídios para
uma leitura crítica. In: MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa (org.). Currículo:
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Trabalho Pedagógico)
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e
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A VOZ/ Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada à Educação – UFG, Goiânia:
Cepae – UFG, v. 17, n.1, p. 1-13, jan/jun. 2006.
SACRISTÁN, José Gimeno. O currículo: uma reflexão sobre a prática. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2000.
_______________________. Compreender e transformar o ensino. 4. ed.
Porto Alegre: Artemed, 1998.
SOUZA, Clariza Prado de (org.). Avaliação do Rendimento Escolar.
Campinas, SP: Papirus, 1991.
TENREIRO, M. O. V. Avaliação da Aprendizagem e Currículo: Algumas
Reflexões. Olhar de professor, Ponta Grossa. PR. p. 129-139, 2002.
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