GRUPO 7.2 MÓDULO 10 Índice 1. Avaliação do sistema e do rendimento escolar .............. 3 1.1 Introdução .................................................................. 3 2. Avaliação: Buscando um conceito ............................... 4 2 Grupo 7.2 - Módulo 10 1. AVALIAÇÃO DO SISTEMA E DO RENDIMENTO ESCOLAR 1.1 INTRODUÇÃO O termo "avaliação” está presente tanto no cotidiano quanto na prática profissional das mais diversas áreas. Conforme sinaliza Haydt (2002), o engenheiro avalia o projeto elaborado, o administrador avalia a execução do plano formulado para sua empresa e o desempenho de seus funcionários, enquanto as indústrias estão de olhos voltados para o controle da qualidade, afinal com advento da economia global de mercado, o sucesso ou fracasso da empresa depende da avaliação de vários segmentos. Por sua vez, o diretor escolar avalia o projeto pedagógico da escola e os resultados obtidos pelos alunos nas avaliações sistêmicas, o coordenador está sempre atento ao trabalho dos professores, e o orientador educacional não perde de vista a rotina dos alunos. Segundo Gadotti (1999), avaliar é um ato que exercemos constantemente no nosso cotidiano, tanto no campo empresarial ou educacional como também em nossas rotinas diárias, pois toda vez que precisamos tomar alguma decisão avaliamos prós e contras. Quando avaliamos processos, atos, coisas, pessoas, instituições ou o rendimento de um aluno, estamos atribuindo valores. Podemos fazê-lo através de um diálogo construtivo ou, ao contrário, transformar a avaliação num momento autoritário e repressivo. Esta ou aquela opção dependerá da nossa concepção educacional e dos objetivos que desejamos atingir. No campo educacional existe a avaliação do sistema escolar como um todo ou avaliação institucional, que compreende a avaliação da escola, do currículo e do processo ensino-aprendizagem. A avaliação da aprendizagem escolar ou do processo ensinoaprendizagem, aqui entendidas como sinônimas, vem sendo objeto de constantes pesquisas e estudos, com variados enfoques de tratamento, tais como tecnologia, sociologia, filosofia e política (Luckesi, 2002). No que se refere à avaliação externa, a entendemos como instrumento de gestão para a definição de políticas educacionais tanto no âmbito das escolas como dos sistemas de ensino. Este texto aborda a avaliação sob dois prismas: o do rendimento escolar e o do sistema de ensino. O objetivo é oferecer ao estudante de pedagogia, em um primeiro momento, alguns conceitos e princípios, bem como orientações práticas sobre as técnicas avaliativas mais usadas, ajudando-o a compreender a avaliação como um processo contínuo. De posse desses conhecimentos, buscaremos mostrar também que a avaliação ultrapassa os limites da sala de aula, pois é sistêmica. Nestes termos, esta modalidade de avaliação tem se tornado cada vez mais presente nos sistemas de ensino, com o propósito de avaliar as políticas curriculares e educacionais. Para dar conta desta empreitada, nos baseamos em referenciais teóricos que, a nosso ver, permitirão aos futuros pedagogos repensar sua prática na sala de aula e na gestão da escola ou nos departamentos de formação continuada das empresas. Temos este ponto de vista porque vemos a ação educativa não como algo pronto e definitivo, mas como instrumento que 3 Grupo 7.2 - Módulo 10 suscita muitos questionamentos, discussões, planos e realizações, conforme poderão constatar no decorrer de seus estudos sobre a avaliação tanto do rendimento quanto do sistema de ensino. Esperamos que este texto, por meio de uma abordagem objetiva e didática, estimule os estudantes de pedagogia da Universidade Paulista (UNIP) a aperfeiçoarem seu sistema de avaliação, tornando-o mais eficiente. Desta forma, acreditamos que perceberão no decorrer do texto, que estarão contribuindo também para melhorar a eficácia do processo ensinoaprendizagem, conforme sugere Haydt (2002). 2. AVALIAÇÃO: BUSCANDO UM CONCEITO A proposição deste subtítulo pode conduzir o estudante a uma visão reducionista de que existe apenas um conceito para a avaliação. Desta forma, recorremos ao texto de Regina Célia Cazaux Haydt que traz, de forma objetiva, as contribuições de renomados estudiosos sobre os conceitos de avaliação. Não obstante, concordamos com a autora quanto a tese de que cada definição é o reflexo de uma postura filosófica adotada. Ralph W. Tyler (1902 – 1994): educador norte-americano que se dedicou à questão de um ensino que fosse eficiente. Para ele, o processo de avaliação consiste essencialmente em determinar em que medida os objetivos educacionais estão sendo realmente alcançados pelo programa do currículo e do ensino. Ademais, este autor defendia a tese de que como o objetivo educacional é, essencialmente, a mudança em seres humanos – em outras palavras, como os objetivos visados buscam produzir certas modificações desejáveis nos padrões de comportamento do estudante –, a avaliação é o processo mediante o qual se determina o grau em que essas mudanças de comportamento estão realmente ocorrendo. De acordo com Haydt (2002), nessa definição Tyler enfatizou o caráter funcional da avaliação, pois ela se processa em função dos objetivos previstos. A autora sinaliza também que Tyler via a avaliação como algo que consistia em obter evidências sobre as mudanças de comportamento ocorridas no aluno. Portanto, em decorrência da aprendizagem, todos os recursos disponíveis de avaliação deveriam ser usados para se conseguir esses dados. Os pesquisadores norte-americanos da área de avaliação de aprendizagem definem o período de 1930 a 1945 como o período “tyleriano” da avaliação da aprendizagem. O termo foi introduzido, mas a prática continuou sendo baseada em provas e exames, apesar de vários educadores acreditarem que a avaliação poderia e deveria subsidiar um modo eficiente de fazer ensino. Para analisarmos o enfoque deste autor, recorremos aos estudos de Jussara Hoffmann (2001). Concordamos com a autora que o enfoque de Tyler é comportamentalista e resume o processo avaliativo à verificação das mudanças ocorridas, previamente delineadas em objetivos definidos pelo professor(a). Com referência a este modelo, observamos que a prática avaliativa compreende, no início do processo, o estabelecimento de objetivos pelo professor(a) e, a determinados intervalos, a verificação, através de testes, do alcance desses objetivos pelos alunos. Portanto, quando inserida no cotidiano, a ação avaliativa restringe-se à correção de tarefas diárias dos alunos e registro dos resultados. Desta forma, segundo Hoffmann (2001), 4 Grupo 7.2 - Módulo 10 nesta perspectiva, quando se discute avaliação, discutem-se, de fato, instrumentos de verificação e critérios de análise de desempenho final. Michael Scriven: para este educador, nascido em 1928, a avaliação é uma atividade metodológica que consiste na coleta, na combinação de dados relativos ao desempenho, usando um conjunto ponderado de escalas de critérios que leve a classificações comparativas ou numéricas, e na justificação: dos instrumentos e coleta de dados; das ponderações; da seleção de critérios. Segundo Haydt (2002), Scriven entende que é preciso avaliar não apenas o grau de consecução dos objetivos estabelecidos, mas também os próprios objetivos e as outras consequências não previstas. Além disso, Scriven deu grande destaque à diferença existente entre avaliação e mensuração, pois para ele a avaliação tem como objetivo apreciar o valor ou julgar, daí a importância que atribui ao julgamento de valor ou mérito. Portanto, para Michael Scriven, não basta apenas acompanhar ou verificar se os objetivos delineados foram realmente alcançados. Faz-se necessário, também, avaliar se os objetivos traçados condizem com os interesses relevantes da educação. Este destaca o papel formativo e somativo da avaliação, incluindo a avaliação diagnóstica. Daniel Stufflebeam: a avaliação é o processo de delinear, obter e fornecer informações úteis para o julgamento de decisões alternativas. Segundo Haydt (2002), Stufflebeam enfatiza o caráter processual da avaliação, sendo que esse processo inclui três fases: a) delinear; b) obter; c) fornecer informações. Feito isso, as informações obtidas devem ter como critério básico a utilidade, visando orientar a tomada de decisões. De acordo com Stufflebeam, a avaliação tem duas finalidades básicas: auxiliar o processo de tomada de decisão e verificar a produtividade. Ademais, a avaliação não deve ser identificada com medida, pois, embora esta proporcione rigor e precisão à avaliação, é muito “limitada e inflexível para satisfazer a amplitude de informações exigidas pela avaliação” (Stufflebeam, 1978, apud Haydt, 2002, p.1 2). Considerando-se que o aspecto mais ressaltado por Stufflebeam é a relação entre avaliação e o processo de tomada de decisão, julgamos prudente discorrer um pouco mais sobre o assunto. Para tanto, recorremos a Luckesi (2002, p.71) que entende a decisão como um dos elementos que compõe a definição de avaliação. Para este autor, “um juízo de existência encerra-se na afirmação ou negação do que um determinado objeto é; no caso do juízo de qualidade, ao contrário, implica alguma coisa a mais, implica uma tomada de posição, um estar a favor ou contra aquilo que foi julgado”. Ainda segundo Cipriano Carlos Luckesi, sendo o juízo satisfatório ou insatisfatório, temos sempre três possibilidades de decisão: continuar na situação em que se está; introduzir modificações para que este objeto ou situação se modifique para melhor; 5 Grupo 7.2 - Módulo 10 suprimir a situação ou o objeto. No caso da avaliação do rendimento, essa tomada de decisão se refere à decisão do que fazer com o aluno quando a sua aprendizagem se manifesta satisfatória ou insatisfatória. Benjamin S. Bloom, Thomas Hastings e George Madaus: na tentativa de conceituar a avaliação, estes autores apresentaram várias dimensões sobre o assunto, que a nosso ver são didáticas e elucidativas para o nosso propósito. Portanto, apresentamos a seguir as definições de avaliação desses autores. 1. A avaliação é um método de coleta de dados e de processamento de dados necessários à melhoria da aprendizagem e do ensino. 2. A avaliação inclui uma grande variedade de dados, superior ao rotineiro exame escrito final. 3. A avaliação auxilia no esclarecimento das metas e dos objetivos educacionais importantes e consiste num processo de determinação da medida em que o desenvolvimento do aluno está se processando. 4. A avaliação é um sistema de controle de qualidade pelo qual se pode determinar, a cada passo, o processo de ensino-aprendizagem, se este está sendo eficaz ou não; e caso não esteja, indicar quais mudanças devem ser feitas a fim de assegurar sua eficácia antes que seja tarde demais. 5. Por fim, a avaliação é um instrumento na prática educacional que permite verificar se os procedimentos alternativos são igualmente eficazes na consecução de uma série de objetivos educacionais. Uma vez apresentados alguns conceitos sobre a avaliação, finalizamos o tópico com a certeza de que o termo avaliar gera grandes dimensões como: sensibilidade, na posição de não se julgar antes de conhecer melhor; análise da realidade, na obtenção de verdadeiros dados significativos; clareza da finalidade, na análise dos objetivos predeterminados; julgamento, na investigação sobre a atividade e não sobre a pessoa; tomada de decisão, na continuidade da prática ou na elaboração de um novo plano e, principalmente, ação, no agir efetivamente. 6 Grupo 7.2 - Módulo 10