10 1 INTRODUÇÃO Infecção hospitalar pode ser definida como uma contaminação que ocorre após admissão do paciente, manifestando-se durante internação ou até mesmo após a alta quando a origem é relacionada aos procedimentos hospitalares (GARNER, 1988). Pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva – UTIs, são os mais afetados pelas complicações advindas dessa contaminação, pela sua condição de vulnerabilidade imunológica. Os fungos apresentam grande participação nas infecções hospitalares (COLOMBO; GUIMARÃES, 2003). Entre os principais agentes etiológicos fúngicos estão às espécies do gênero Candida, considerados microrganismos cosmopolitas, comensais da microbiota normal de pessoas saudáveis. Nesse grupo, a espécie Candida albicans é a mais frequente causadora da candidíases humana e coloniza a mucosa oral e o canal vaginal além de outros sítios anatômicos, de indivíduos saudáveis (HENNEMAN et al., 2010). As infecções hematológicas de etiologia fúngica, estão relacionadas a pacientes com uma extensa lista de condições médicas, tais como: pacientes com lesões na mucosa gastrointestinal, com oclusão intestinal, jejum prolongado, em recém-transplantados, em uso de quimioterápicos ou de terapia imunossupressora, indivíduos de idade avançada e nascidos pré-termo (HENNEMAN et al., 2010; ZARRIN; MAHMOUDABADI, 2009). Vários autores têm destacado o crescente aumento de infecções hematológicas em recém nascidos pré-termo (RNPT), definidos como aqueles nascidos com menos de 37 semanas de gestação, e que, portanto podem apresentar baixo peso e deficiência no sistema imune (BORGES, 2009; DOWNEY, 2009). A susceptibilidade deste grupo se caracteriza pelo imunocomprometimento e acentuase pela exposição a diversos procedimentos hospitalares para manutenção da vida, tais como introdução de cateteres vasculares centrais, uma amplo uso antibióticos de largo espectro e nutrição parenteral e o tempo de permanência nas unidaddes de terapias neonatal(UTIN)(DOWNEY et al., 2010). Segundo Margotto (2012), os RNPT possuem um alto risco para sepses fúngicas, pois, em muitos casos, estes são submetido à cirurgia abdominal, com permanência de cateteres venosos centrais, sob nutrição parenteral, uso de lipídio endovenoso e sob ventilação mecânica por longo tempo. A Candida albicans é 11 responsável por 75% das infecções fúgicas em recém-nascidos prematuros pelos fatores de riscos, podendo disseminar-se facilmente para a corrente sanguínea. De acordo com a literatura, há um crescente número de novos casos de candidemia todos os anos, apesar do surgimento de novas medicações, no entanto a classe dos azólicos e a classe dos poliênicos são os quimioterápicos antifúngicos mais utilizados em RNPT e sua descoberta representou um grande avanço para a micologia médica, uma vez que estas drogas apresentam menos efeitos colaterais e podem ser utilizadas em combinação com outros fármacos, resultando em uma terapia antifúngica mais segura e eficaz (BARBEDO; SGARBI, 2010). A candidíase localizada e sistêmica, portanto, tem demonstrado grande frequência em RNPT, devido aos fatores já mencionados, tendo como agente etiológico mais frequente a Candida albicans. Desta forma, o presente trabalho tem como objetivo à investigação dos fármacos preconizados para estes pacientes, bem como a sua terapêutica e a possível indicação para tratamento empírico nestes pacientes submetidos a fatores de risco para uma colonização fúngica. 12 2. METODOLOGIA 2.1 DELINEAMENTO DO ESTUDO O presente estudo caracteriza-se por revisão de literatura do tipo descritiva envolvendo Terapêutica da Sepse Neonatal causada por Candida albicans em Recém-Nascidos Pré-Termo. A busca foi realizada nos idiomas Português e Inglês utilizando os descritores e suas combinações, “Candidíase”, “Infecções hospitalares”, “Neonatos”, “Fatores de risco para infecções fúngicas”, “terapêutica fúngica”, “terapêutica fúngica anfotericina B”, “terapêutica fúngica fluconazol”. 2.2 FONTE DOS DADOS Foi realizado um levantamento de artigos no banco e base de dados da PubMed/Medline (National Library of Medicine), biblioteca eletrônica SciELO (Scientific Electronic Library Online), Medline (Literatura International em ciências da saúde), ScienceDirect (liderada pela Elsevier), Organização Mundial da Saúde(OMS), Ministério da saúde(MS), Newslab e Lilacs. 2.3 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO Artigos escritos na língua inglesa ou portuguesa e/ ou outros idiomas com tema referido. Artigos disponíveis on line na íntegra e artigos publicados no período de 2008 a 2016. Foram excluídos artigos que datam período inferior a 2008 e artigos que contemplem a terapêutica em crianças maiores ou em adultos e artigos repetidos. 13 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1 EPIDEMIOLOGIA DAS INFECÇÕES HOSPITALARES As Infecções Hospitalares (IH) são avaliadas como um problema de saúde pública, ocasionando impacto na morbimortalidade, no tempo de internação e nos custos com procedimentos diagnósticos e terapêuticos. Esse fato repercute de forma negativa nas relações emocionais e socioeconômicas do paciente, da família e comunidade (OLIVEIRA et al, 2010). No Brasil, em torno de 720.000 pessoas são infectadas em hospitais Brasileiros por ano. Dentre esses 144.000, ou seja, 20%, evoluem para a morte (SOUZA et al.,2009). Para pacientes internados, as complicações advindas da IH triplicam os custos hospitalares quando comparado à pacientes sem infecção. No Brasil o índice de infecção é elevado, com destaque para hospitais de ensino e pesquisa, onde o atendimento é abrangente, recebendo pacientes com variadas patologias para a realização de procedimentos de alta complexidade, somado a inabilidade técnica de estudantes ao realizar procedimentos invasivos (MENEZES et al, 2007; MOURA et al, 2007). Os pacientes internados estão sujeitos a vários tipos de microrganismos patógenos, especialmente em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), onde o risco é elevado, contribuindo para o surgimento de Infecções em Serviços de Saúde (ISS), atingindo cerca de 10 a 30% de pacientes internados. As ISS em UTI estão agregadas à gravidade clínica dos pacientes e realização de procedimentos invasivos, a exemplo da introdução de cateter venoso central, uso de ventilação mecânica ou ainda ao prescrição de imunossupressores. (WAGENLEHNER et al., 2006; LIMA; ANDRADE e HAAS, 2007). 3.2 LEVEDURAS CAUSADORAS DE INFECÇÕES HOSPITALARES Na década de 80 houve um aumento na incidência de infecções causadas por leveduras do gênero Candida, nos EUA houve aumento na ordem de 487% nas taxas de candidemias de 1980 a 1989. Nas áreas pediátricas, apesar das taxas de infecções 14 fúngicas serem menores que nos hospitais como um todo, elas têm aumentado progressivamente (WEY et al.,1988). No entanto, nas últimas duas décadas, Candida spp. tornaram-se a quarta causa mais comum de infecções da corrente sanguínea nos Estados Unidos e Europa, perdendo apenas para Staphylococcus aureus, Enterococcus ssp e Bacilos Gram negativos, essas espécies correspondem por 810% das infecções sanguíneas (TRAGIANNIDIS et al., 2015). A infecção pode estar presente ao nascimento, sendo denominada como infecção congênita ou neonatal (SANCHEZ-SCHMIDT et al., 2010). Contudo, a infecção pode ser contraída tardiamente pelo RN no ambiente hospitalar, sendo considerada uma infecção nosocomial (KRISTÓF et al., 2010). Os fungos patogénicos nosocomiais predominantes incluem, principalmente, os gêneros Candida spp, Aspergillus spp, Mucorales, Fusarium spp. Estas infecções são difíceis de diagnosticar e são responsáveis por altas taxas de morbimortalidade, apesar da disponibilidade do tratamento antifúngico (PERLROTH; CHOIS; SPELLBERG, 2007). A incidência das IH está diretamente relacionada com a resposta imunológica do indivíduo. Portanto é necessário o paciente apresentar um grau mínimo de imunossupressão para predispor a infecções invasivas por Candida, fungo mais comum nesse tipo de contágio. Aspergillus é o segundo mais frequente causador de infecções fùngicas nosocomiais, tende a ocorrer em pacientes com um grau intermediário de imunossupressão. Finalmente, os organismos, tais como o Mucorales, Fusarium e Scedosporium, por exemplo, são relativamente menos comuns, e são vistos quase exclusivamente em pacientes mais gravemente imunocomprometidos. A comunidade médica relata a dificuldade de estabelecer um diagnóstico para todos os fungos de importância médica, causadores de infecções hospitalares (PERLROTH; CHOIS; SPELLBERG, 2007). Um estudo realizado por Andes (2012) concluiu que a quarta causa mais comum de septicemia nos EUA foi de origem fúngica, sendo que a C. albicans surge em primeiro lugar na lista das espécies identificadas, no entanto, a lista de novas espécies de Candida isoladas de espécimes clínicos continua a crescer a cada ano (OLIVEIRA et al.,2014). A Candidíase pode ser apresentar de forma superficial, acometendo a pele e mucosas, originada normalmente por Candida albicans (SAMARANAYAKE 2006). Este tipo de Candidíase pode estar relacionado a uma variedade de fatores locais e sistêmicos. Por exemplo, a candidíase cutânea está 15 associada a uma série de condições, tais como: umidade, mudança no pH, temperatura, possibilitando a colonização principalmente nas dobras da pele, embaixo das fraldas de recém nascidos, locais onde encontram melhores condições para o seu crescimento (BARBEDOA et al., 2013). Porém a Candidíase sistêmica, mais frequentes em grandes centros, ocorrem em pacientes de baixa imunidade, onde o microrganismo se distribui no hospedeiro por meio da via hematogênica, podendo se alojar em órgãos vitais como cérebro, coração e rins (JAYATILAKE e SAMARANAYAKE, 2010). 3.3 FUNGOS, GÊNERO Candida Os fungos estão agrupados em um reino específico, o Fungi e são classificados de acordo com sua morfologia e ciclo de vida (SCHAECHTER et al., 2002). São microrganismos eucarióticos, unicelulares ou pluricelulares, desenvolvem-se com estruturas cilíndricas denominada de hifas, são heterotróficos, com nutrição por absorção. Apresentam reprodução assexuada e/ou sexuada. Possuem nichos variados: muitos são encontrados no solo, na água, no caule de vegetais, em suspensão no ar, compondo a flora de mucosas animais e em detritos, agindo como decompositores (BARBEDO; SGARBI, 2010; DAVIS et al., 1979). Em alguns fungos patogênicos na fase unicelular leveduriforme pode gerar brotos e formar hifas verdadeiras. O fungo ainda pode exibir outras morfologias durante seu crescimento, como as pseudo-hifas, que na realidade são leveduras alongadas unidas entre si. A morfologia diferenciada dos fungos, é em decorrência de variações nas condições nutricionais, temperatura e pH (BARBEDO; SGARBI, 2010; DAVIS et al., 1979). No corpo humano, a forma de levedura é a mais encontrada. Essa mudança morfológica do fungo geralmente ocorre quando este microrganismo de vida livre torna-se parasita. Porém nas leveduras do gênero Candida, a forma de micélio ou pseudo-micélio costuma ser encontrada nos tecidos dos hospedeiros (KONEMAN et al., 1997). Leveduras do gênero Candida estão distribuídas na natureza, sendo consideradas agentes de infecções endógenas e de caráter oportunista. As espécies 16 deste gênero vivem como comensais dos seres humanos e diversos outros animais, domésticos e selvagens (DAVIS et al., 1979). 3.3.1 Candidíases Candidiose ou Candidíase é a designação de uma micose primária ou secundária envolvendo as espécies do gênero Candida (LACAZ et al., 1999). Apesar da diversidade do gênero, que compreende aproximadamente em torno de 200 espécies, destacando-se cerca de 7 espécies potencialmente patogênicas para o homem: C. albicans, C. tropicalis, C. pseudotropicalis, C.krusei, C.guilliermondii, C. stellatoidea e C. parapsilosis. As manifestações clínicas da doença são bastante diversas, podendo ser superficiais ou profundas, agudas ou crônicas (MILIAN, 1997). Pode acometer couro cabeludo, dedos, unhas, pulmões, mucosas (boca, vagina, brônquios, trato gastrointestinal) ou generalizado, como na septicemia, endocardite e meningite. Os processos patológicos também são variados, indo desde irritação e inflamação em resposta a produção de micotoxinas que podem ser localmente irritantes e até mesmo alergênicas, podendo evoluir para uma resposta inflamatória granulomatosa. O principal agente das candidíases com 64% de prevalência é a C. albicans, sua manifestação representa um processo oportunista podendo resultar na invasão por estas espécies nos tecidos do hospedeiros com endocrinopatias, nos que recebem terapêuticas imunodepressivas e/ou portadores de doenças graves (leucocitoses, câncer, tuberculose, cirrose hepática, hepatite epidêmica, mieloma múltiplo, diabetes mellitus e a AIDS) nutrição parenteral e administração prolongada de antibióticos ou esteroides e ainda em pacientes com complicações após grandes cirurgias (FURLANETO et al., 2011; OLIVEIRA, 2014). Por outro lado, infecções sistêmicas por Candida podem comprometer diversos órgãos como resultado de disseminação hematogênica, sendo estas complicações infecciosas geralmente documentadas em pacientes críticos, portadores de doenças degenerativas e/ ou neoplásicas (TORTORA et al.,2005). Já em indivíduos sadios, são fungos de baixa virulência da microbitota, causando 17 pequenas alterações locais de resposta do hospedeiro no sítio da infecção (OLIVEIRA, 2014). 3.4 FATORES DE RISCO PARA AS INFECÇÕES FÚNGICAS A incidência de infecção fúngicas invasiva tem aumentado nos últimos anos (BRISSAUD, et al., 2012; MUSKETT, et al., 2011). A maioria dos fungos não causa problemas nos indivíduos sadios, porém em pacientes com a imunidade comprometida, seja de forma induzida ou adquirida, a contaminação e proliferação de fungos pode ser devastadora. Anteriormente, essas complicações estavam associadas a pacientes que tinham sido tratados com antibióticos de amplo espectro (uso excessivo), corticosteroides ou agentes citotóxicos (KAINER et al., 2013). A maioria destas infecções que necessitam de cuidados intensivos é devido as espécies de Candida (MUSKETT, et al., 2011). Segundo a Health Protection Agency (HPA) no Reino Unido a cada ano ocorre mais de 5.000 casos de infecções invasivas por Candida, sendo que aproximadamente 40% dos casos ocorrem em unidades de cuidados críticos (MUSKETT, et al., 2011). A principal espécie envolvida em casos de candidíase é a C. albicans, apresentando prevalência em torno 64%. A manifestação representa um processo oportunista podendo resultar na invasão, dos tecidos dos hospedeiros com endocrinopatias e também naqueles que recebem terapêuticas imunodepressivas e/ou portadores de doenças. Sendo assim, constata-se que os procedimentos médicos invasivos, além de outras condições, constituem-se em fatores de risco para infecções fúngicas (FURLANETO-MAIA et al., 2008). 3.5 FATORES DE RISCO EM NEONATOS PRE-TERMO O período neonatal, intervalo de tempo entre o nascimento até os 27 dias de vida, corresponde ao período de maior risco para a criança. As IH são mais frequentes e, geralmente, mais graves nesta faixa-etária de crianças quando comparadas a crianças maiores e adultos (CARVALHO et al., 2007). As sepses neonatais são 18 inespecíficas, portanto, é necessário que se associe os fatores de risco maternos e neonatais para iniciar a investigação laboratorial no recém-nascido (CHAGAS et al., 2009) Neste período é frequente a manifestação de sepse, principalmente se tratando dos neonatos pré-termos. Sendo assim, são considerados como grupo de risco todos os recém-nascidos (RN) vivos, com menos de 37 semanas completas de gestação (<259 dias), contadas a partir do primeiro dia do último período menstrual. A incidência de RNPT é variável e depende de características populacionais (CHAGAS et al., 2009; SALGE, et al 2009). Avanços significativos na tecnologia e na assistência aos RNPT têm contribuído para o aumento da sobrevida dos prematuros de baixo peso, submetidos a internações prolongadas e procedimentos invasivos indispensáveis a seus cuidados (CATARINO et al., 2013). A maior suscetibilidade às infecções, somada aos fatores a que são expostos durante o tratamento, resulta em taxas de IH superiores às outras populações em geral (LOPES, et al., 2008, RÓŻAŃSKA, et al., 2015). De acordo com Polin e colaboradores (2012) as IH estão relacionadas a fatores pós-natais e múltiplos procedimentos na UTI. O aumento do risco de complicações nessa população neonatal que está associada com menor idade gestacional, ruptura das barreiras físicas (pele), por estas serem muito finas, e, logo, mais permeável aos microrganismos patogénicos, comprometimento com respostas imune inata e adaptativa por estarem subdesenvolvidas, além da permanecia destas crianças em UTIN (LOPES, et al., 2008, POLIN et al, 2012). Além disso, muitas crianças são expostas aos antibiótico de largo espectro, especialmente terceira geração como cefalosporina, possuem idade gestacional <32 semanas, presença de um cateter venoso central, intubação endotraqueal, colonização fúngica prévia, uso prévio de esteroides, nutrição parenteral> 5 dias e o uso de emulsão lipídica por via venosa durante> 7 dias. Vale ressaltar que a propagação também pode ocorrer a partir de paciente para paciente ou por um profissional de saúde colonizado como visto em diferentes estudos. Os RNPT internados nas UTIs Neonatais têm fatores de risco que não só as tornam mais vulneráveis à aquisição de contaminações associadas aos cuidados de saúde, mas também aumentam o risco de desenvolvimento de doenças mais graves (POLIN et al, 2012). Estes fatores contribuem para taxas de crescentes de sepse em 19 NTPT. A sepse neonatal em RNPT pode se apresentar com sinais sutis e inespecíficos, como letargia, intolerância alimentar, apneia e hipotonia (TRIPATHI et al, 2012), mas que pode resultar em sérias consequências que vão desde déficit neurológico à morte (TRIAPATHI et al, 2013), dividindo-se em três janelas de tempo: a sepse de início precoce, que ocorre desde o nascimento até 6º dias de vida; sepse tardia, que ocorre dos 7º dia de vida até 30º dias de vida; sepse pós tardia que ocorre após 30º dias de vida, mas antes de 3 meses (BATEMAN e SEED, 2010). 3.6 INFECÇÕES EM NEONATOS POR Candida A candidíase invasiva é comum, muitas vezes fatal, em RNPT e frequentemente leva ao mal desenvolvimento neurológico. Candidíase invasiva (Infecções por Candida no sangue e em outros fluidos corporais estéreis) é o segunda causa mais comum de morte relacionada com doenças infecciosas no RNPT. Apesar de tratamento antifúngico, 20% das crianças que desenvolvem candidíase invasiva, apresentam algum tipo de comprometimento no desenvolvimento neurológico (BENJAMIN et al.,2010; LE et al., 2013). É conhecido que as infecções invasivas por Candida albicans incluem infecções hematogênicas, meningite, peritonite e também infecções do trato urinário (ITU) e em 33% dos casos em UTI, estão associados com abscessos renais (MANZONI et al, 2007). Um estudo realizado por Trangiannidis e colaboradores (2015), mostram que as espécies de Candida representam a segunda causa mais comum de infecções de cateteres venosos centrais após Staphylococcus spp, sendo que Candida albicans lidera o ranking entre as espécies de Candida. Apesar das melhorias na prevenção e tratamento antifúngico que veio com a descoberta de azólicos e as recentes equinocandinas, a candidíase invasiva está relacionada com altas taxas de mortalidade, variando de infecções superficiais a infecções invasivas. Desta forma, existe a necessidade de avaliar a atual consistência nas diretrizes pediátricas para a droga de escolha e melhor terapêutica nessa população. 20 3.7 DIAGNÓSTICO DE SEPSE POR Candida EM RECÉM NASCIDOS As recomendações sobre o diagnóstico pelo DMYKG/PEG (German Speaking Mycological Society/Paul-Ehrlich Society for Chemotherapy) sugere que para os recém-nascidos o diagnóstico precoce e tratamento antifúngico é a chave para o controle das infecções. Tem se caracterizado como procedimento de diagnóstico padrão, hemoculturas para leveduras, exame microscópico do líquido apropriado para a espécime, difusão em ágar por disco-difusão. Além disso, os testes de susceptibilidade in vitro devem ser realizadas a partir dos isolados obtidos da culturas sanguínea/tecido para a determinação da concentração inibitória mínima (MIC) (TRAGIANNIDIS et al., 2015). 3.8 CLASSE DE MEDICAMENTOS UTILIZADOS EM RNPT Apesar das melhorias na prevenção, no diagnóstico e no tratamento, a candidemia e outras formas de infecções ainda estão associados a altas taxas de mortalidade entre RN. O mau prognóstico está relacionado a inespecificidade dos sinais clínicos da candidíase sistêmica, fato este que a torna indistinguível, por exemplo, de uma sepse bacteriana ou de outras infecções comuns do período neonatal. Ainda que o diagnóstico correto seja realizado, o estabelecimento do tratamento empírico das infecções por Candida no período neonatal continua sendo problemática, principalmente quando se considera a toxicidade dos antifúngicos disponíveis. Por outro lado, o retardo do início do tratamento pode aumentar o risco de mortalidade (MOREIRA,2008; TRAGIANNIDIS et al., 2015). Existem quatro classes de antifúngicos presentes no mercado: polienos, azolicos, equinocandinas e a flucitosina, sendo somente as três primeiras utilizadas para o tratamento de RN com infecção fúngica, pois a flucitosina por ser nefrotóxica é proibida no Brasil, como mostra a quadro 1 (CLERIHEW;MCGUIRE, 2012, MOREIRA,2008). Quadro 1 – Classe de drogas antifúngicas e seus alvos biológicos utilizados em recém-nascidos. 21 Mecanismo Interrupção do ergosterol Inibição da biossíntese de Inibição da síntese de B 1, 3-glucana de Ação na membrana celular. ergosterol na membrana na parede celular celular. Classes & Classe Fármaco Fármacos Polienos Anfotericina B Azóis Classe Fármaco Classe Fármaco Fluconazol Equinocandinas Caspofungina; Voriconazol Micafungina; Miconazol Anidulafungina Cetoconazol 3.8.1 Polienos Os polienos são representados pela e nistatina e anfotericina B. A droga mais utilizada é a anfotericina B, produzida por culturas de bactérias filamentosas do gênero Streptomyces, sendo considerada como um fármaco de padrão ouro para as infecções fúngicas. A anfotericina B é um antifúngico de amplo espectro que exibe atividades na maioria das espécies de Candida, revelando-se como eficaz agente antifúngico, além de possuir uma extensa história de uso com baixa incidência de resistência. Tem como mecanismos de ação a ligação ao ergosterol da membrana plasmática da célula fúngica, formando poros que destroem a estrutura celular através da perturbação da permeabilidade, efluxo de potássio e consequente morte da célula (MOREIRA,2008). Sua administração deve ser realizada através de uma preparação intravenosa, devido à baixa absorção do fármaco pela via entérica. Entre os efeitos adversos do fármaco, existe a potencial toxicidade nas células hepáticas e renais além de danos nas membranas celulares. Estes efeitos limitam a dose total que pode ser ofertada (CLERIHEW;MCGUIRE, 2012). Com o advento da formulação lipídica de anfotericina B, a sua utilização tornouse mais estável e sua toxicidade mais reduzida, as doses podem ser administradas em quantidades maiores, inclusive em grupo de crianças e adultos com comprometimento imunológico (BLYTH, 2010). 22 3.8.2 Azóis O grupo dos azoicos compreende a segunda grande classe de agentes antifúngicos disponíveis para o tratamento de prematuros com infecção fúngica invasiva. Neste grupos estão inseridos os triazóis (Fluconazol, voriconazol) e imidazólicos (miconazol, cetoconazol). A descoberta destes quimioterápicos antifúngicos representou um grande avanço para a micologia médica, uma vez que estas drogas apresentam menos efeitos colaterais e podem ser utilizadas em combinação com outros fármacos, resultando em uma terapia antifúngica mais segura e eficaz (BARBEDO; SGARBI, 2010). Os fármacos imidazólicos, incluindo o miconazol e o cetoconazol, contêm dois átomos de nitrogênio no anel azólico, enquanto que a classe dos triazólicos, incluindo o fluconazol e o variconazol, contêm um terceiro átomo de nitrogênio no anel azólico. Eles atuam na via de síntese de ergosterol via lanosterol 14 α-desmetilase, uma enzima associada ao citocromo P450 microssomal que converte o lanosterol em ergosterol, principal esterol da membrana das células fúngicas. Uma das consequências da inibição desta enzima, é da depleção de ergosterol, ocasionando a perda da fluidez da membrana plasmática fúngica. Os azólicos, principalmente os imidazólicos, exercem ação apenas fungistática (MARTINEZ, 2006). Os azóis são bem absorvidos após administração entérica. Um ciclo de tratamento prolongado pode, portanto, ser ofertado sem a presença de um cateter intravenoso. Alguns estudos em adultos imunodeprimidos têm demonstrado que os azóis são menos tóxicos que a anfotericina B convencional (CLERIHEW;MCGUIRE, 2012). No entanto, existe poucos estudos no uso de drogas dos imidazólicos para o tratamento de infecção fúngica invasiva em recém-nascidos. Já os triazóis, particularmente o fluconazol, são mais utilizados na prática neonatal e parece ser um tratamento seguro para os recém-nascidos comparados com a anfotericina B (BLYTH,2010, CLERIHEW; MCGUIRE, 2012). Os principais efeitos colaterais são o aumento dos níveis plasmáticos de creatinina ou enzimas hepáticas (Moreira, 2005). Um fator limitante do uso clínico do fluconazol é a resistência apresentada por algumas espécies de Candida (Moreira, 2005). Existem vários mecanismos de resistências aos azólicos por Candida, o mais comum está 23 relacionado à extrusão do fármaco por bombas de efluxo do tipo resistência a múltiplas drogas (MDR), que diminui a sua concentração dentro da célula fúngica. (MICHAEL; PFALLER, 2012; XIANG, et al., 2013). 3.8.3 Equinocandinas As equinocandinas, representados pela caspofungina, micafungina e anidulafungina, são compostos sintéticos que inibem a síntese de glicanos da parede celular através da inibição da enzima 1,3-β glicano sintase. Quando ocorre a inibição desses carboidratos, ocorre o extravasamento de componentes celulares fúngicos, como resposta à alta pressão osmótica exercida sobre a membrana ou parede celular enfraquecida, causando a lise celular. Em estudos realizados com adultos com infecção invasiva por fungos, tem demonstrado que a Caspofungina e micafungina são tão eficazes quanto a anfotericina B, porém com menos efeitos adversos e interações medicamentosas. Quando apresenta algum tipo de efeito colateral, geralmente este se apresenta de forma rápida e passageira. Além disso, já existem alguns estudos farmacocinéticos, demonstrando a segurança desses medicamentos em recém-nascidos (Blyth, 2010). 3.9 TERAPÊUTICA A Candidemia em neonatos está associada com alta morbidade e mortalidade, aumento do tempo de permanência hospitalar e custos mais elevados de saúde. Os recém-nascidos apresentam sintomas sutis, muitas vezes, confundidos com outras patogenias. Os principais fatores de risco são a prematuridade; tornando comumente os RN mais jovens e lactantes, os pacientes mais infectados (PAPPAS et al., 2009). A dosagem dos agentes antifúngicos e resultados desses fármacos ministrados é substancialmente diferente quando comparado a crianças mais velhas. As taxas da incidência fúngica em RNPT pode aumentar, devido à dificuldade de diagnóstico da infecção fúngica. Os RNPT, possuem características clínicas, que os tornam expostos a infecção por espécies de Candida, sendo comum em UTIN. Crianças que desenvolvem comprometimentos neurológico, quando sobrevivem as infecções fúngicas neonatais, por estarem ainda em processo de 24 desenvolvimento, possuem sequelas graves sendo portanto, necessário o acompanhamento neurológico ou tratamento preventivo/empírico, tornando uma excelente estratégia a ser tomada (MANZONI et al., 2011). Em casos de suspeita de infecção fúngica, é indicada a remoção imediata ou substituição dos cateteres venosos centrais. A permanência prolongada destes cateteres, aumenta o risco de infecção prolongada, mortalidade e deficiência do desenvolvimento neurológico de forma irreversível, logo a remoção ou a substituição do mesmo deve ser realizada a menos que sua remoção seja contra-indicado (BRECHIT et al., 2009 e LIU et al., 2009). Além disso, existe a terapia empírica refere-se à prática de iniciar o tratamento antimicrobiano antes da confirmação do agente etiológico envolvido, tendo como base para direcionamento da terapêutica apenas evidências clínicas e epidemiológicas supostamente relacionadas ao patógeno em questão. Um exemplo de terapia empírica, é quando estamos diante de um paciente de risco para infecção por agentes de difícil diagnóstico. Esse é o caso da maioria das doenças fúngicas invasivas, devido a diagnóstica e alta mortalidade. Além da manipulação do uso de drogas e os esforços para minimizar cuidados invasivos, a prevenção farmacológica com uso empírico provou ser altamente eficaz na diminuição das taxas de sepse fúngica em RNPT. Desta forma, a terapia antifúngica no início da infecção é a chave para melhores resultados (PAPPAS et al., 2009). Grandes dúvidas surgem nos profissionais de saúde acerca do pacientes RNPT, torna-se então a questão: este tipo de paciente deve ou não ser submetido a terapia empírica ou profilática? Segundo a Infectious Diseases Society of America (IDSA), as diretrizes de 2009 para a gestão de pacientes RN com candidíase, asseguram que a este protocolo deve ser considerado em caso de pacientes doentes, e submetido aos fatores de risco para candidíase invasiva, sem nenhuma causa conhecida de febre, paciente neutropênicos e não neutropênicos (PAPPAS et al., 2009). A IDSA recomenda os seguintes fármacos e procedimentos: 1. Desoxicolato de anfotericina B- (AMBD) ministrado na dosagem de 1 mg / kg por dia é recomendado para neonatos com candidíase disseminada. Caso infecções do trato urinário seja excluído, a Anfotericina B lipossomal L-AmB 25 pode ser utilizada na dosagem de 3-5 mg/kg por dia pode ser utilizada. Fluconazol em uma dosagem de 12 mg / kg por dia é uma alternativa razoável . A duração da terapia recomendada é de 3 semanas. 2. Equinocandinas deve ser usado com cautela e, geralmente, limitada a situações em que a resistência ou toxicidade impede o uso de fluconazol ou AMBD. 3. Recomenda-se a remoção do cateter intravascular. 4. Em UTIN com altas taxas de candidíase invasiva, a profilaxia fluconazol pode ser considerado em recém-nascidos com peso de nascimento <1000 g. Resistência antifúngica de drogas, toxicidade relacionada com a droga, e os resultados do desenvolvimento neurológico deve ser observado. Neste trabalho, foi avaliado mais de 20 estudos, destes somente 9 corresponderam com o objetivo proposto. De acordo com os quadros 2,3 e 4 dentre todos os fármacos testados (Anfotericina B convencional, Anfotericina B lipossomal, Anfotericina B dispersão coloidal (ABCD), Fluconazol e Micafungina) analisamos que o tratamento da candidíase neonatal com fluconazol, AMBD e a Micafungina foram os melhores avaliados (PRASAD et al., 2008, ACHER et al., 2012). O Fluconazol, AMBD e Micafungina parecem ser escolhas aceitáveis para a terapia (HEALY et al., 2008, MANZONIETA et al., 2008, WEITKAMP et al., 2008, AZIZ et al., 2010, ASCHER et al., 2012). A terapia empírica com o fluconazol, é indicada na dose de 3 mg /kg ou 6 mg /kg duas vezes por semana, em testes clínicos, o fluconazol reduziu significativamente as taxas de candidíase invasiva em recém-nascidos prematuros nas UTIN (HEALY et al., 2008, WEITKAMP et al., 2008, AZIZ et al., 2010). Em contra partida, o estudo de Manzonieta e colaboradores (2008) dizem que o tratamento empírico com fluconazol não reduziu os indicies de candidemia. Apesar das poucas reações adversas associados com fluconazol, recentemente foram relatados em estudos clínicos, reações significante adversas, sendo a mais significativa delas a hepatotoxicidade (CHICELLA et al., 2011), por este motivo o IDSA não indica o fluconazol em pacientes com comprometimento hepático. 26 O IDSA, ressalta que o fluconazol a longo prazo pode causar complicações neurológicas e distúrbios cognitivos após a sua exposição em recém-nascidos, os parâmetros do desenvolvimento neurológico deve ser seguido em recém-nascidos que recebem este fármaco (PAPPAS PG et al., 2009). O fluconazol é um antifúngico triazólico de amplo espectro. Ele exibe atividade fungistática dependente do tempo. Para um tratamento ideal, é necessário uma concentração de mínima de fluconazol no soro, acima da concentração inibidora mínima do organismo (CHICELLA et al., 2011). Segundo o FDA as experiências com fluconazol em recém-nascidos prematuros são limitadas, devido à falta de estudos farmacocinéticos. Com base na prolongada semi-vida observada em recém-nascidos prematuros (idade gestacional de 26 a 29 semanas), estas crianças, nas duas primeiras semanas de vida, devem receber a mesma dose 12 mg/ Kg como em idosos, mas administrada a cada 72 horas. Após as duas primeiras semanas, o fármaco deve ser administrado uma vez ao dia. Até o presente momento, não existe nenhuma informação disponível sobre a farmacocinética de fluconazol em RNPT (FDA, 2009). A nefrotoxicidade por anfotericina B, constitui-se um grande problema, além de outros efeitos adversos, limitando assim, a dose total que pode ser administrada (MCGUIR;CLERIHEW, 2012). Estudos com RN apresentando infecções invasivas por Candida, demonstram a eficácia com Desoxicolato de anfotericina B (AMBD), complexo lipídicos de anfotericina B (ABLC) (PAPPAS PG, et al., 2009), uma vez que agem diretamente na membrana da célula fúngica (MCGUIR;CLERIHEW, 2012). As recomendações atuais para tratamento em RN vêm de estudos não comparativos, onde as AMBD e ABLC demonstraram eficácia para infecções invasivas, no entanto, estudos comparativa em RN são escassos e limitados a estudos de coorte com pequenas amostras (ACHER et al., 2012). Foi observado que o tratamento somente com ABLC está associada com maior mortalidade em comparação com a monoterapia com AMBD ou fluconazol, e maiores taxas de falha terapêutica antifúngica em comparação com anfotericina B desoxicolato (CHICELLA et al., 2011). Quando analisamos três estudos, observamos que a terapêutica recomendada para cada produto da anfotericina B é diferente, bem como as concentrações divergiram entre os estudos (Quadro 3). A concentração de 27 Anfotericina B convencional variou de 0,5 a 6 mg/kg/dia, a Anfotericina B lipossomal (L-AmB): 2,5 a 5 mg/kg/ dia e a Anfotericina B dispersão coloidal (ABCD) não variou entre os estudos, apresentando a concentração de 5 mg / kg /dia. Porém, um recente estudo demonstra a elevação da mortalidade em crianças tratadas com o complexo lipídico de Anfotericina B (ABLC) quando comparada com AMBD (ACHER et al., 2012). Safdar e colaboradores (2010) realizaram uma meta-análise para avaliar nefrotoxicidade associada com o complexo lipídico de anfotericina B (ABLC) e anfotericina B lipossomal (L-AMB). Porém, somente oito dos onze estudos do período foram incluídos na meta-análise. Nos 8 estudos, foram analisados 1160 pacientes, onde demonstrou que a nefrotoxicidade é geralmente semelhante para ABLC e LAMB em pacientes que receberam terapia anti-fúngico e profilaxia. A Micafungina é uma equinocandina aprovado pela Agência Europeia de Avaliação dos Medicamentos European Medicines Evaluation Agency (EMA), FDA e IDSA para o tratamento da candidíase invasiva em crianças, incluindo RN antes de 29 semanas de gravidez, inclusive para a profilaxia em crianças submetidas a transplante de células-tronco hematopoiéticas ou doentes em risco de neutropenia prolongada. Este fármaco tem uma boa atividade sobre várias espécies de Candida, Incluindo aqueles resistentes ao fluconazol. A micafungina é a única equinocandina aprovada para utilização em lactantes com idade inferior a 3 meses. A eficácia, farmacocinética e segurança de micafungina foram analisados em ensaios clínicos em crianças, e compradas com a anfotericina B lipossomal (L-AmB) e fluconazol. A terapêutica a partir de dados farmacocinéticos da micafungina em RN permite a administração intravenosa, uma vez por dia. Segundo Ramos e colaboradores (2011) a dose mais adequada para crianças que pesem menos de 40 kg é de 2 mg/kg/ dia no tratamento de doença invasiva e 1 mg / kg / dia como profilaxia em crianças submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas. Porém as doses em prematuros são mais elevadas, as doses mais adequadas para alcançar os níveis no parênquima cerebral são 7 mg/kg/ dia e 10 mg/kg/ dia em crianças que pesam mais e menos de 1.000 g, respectivamente. Porém, quando analisamos dois estudos, observamos que a terapêutica recomendada para o tratamento empírico ou em RN com infecção sistêmica confirmada por Candida é de 2mg/kg/dia durante 15 dias e 0,5 mg/kg/dia a 15 mg/kg/dia, respectivamente (quadro 4). 28 Micafungina tem poucas interações de droga-droga e um perfil de segurança aceitável. Efeitos colaterais são incomuns, embora a monitorização da transaminase seja recomendada, bem como o monitoramento e reajuste das doses para os pacientes com doença hepática ou administração em conjunto com outras drogas hepatotóxicas (RAMOS et al., 2011). Nenhum dos estudos incluídos nesta avaliação observaram mudanças na susceptibilidade antifúngica ou um aumento de infecções por espécies de Candida mais resistentes. Outros pesquisadores, no entanto, observaram mudanças nos padrões de resistência. Marr e colaboradores (2001) demonstraram que a profilaxia com fluconazol foi associada ao desenvolvimento espécies Candida Fluconazol resistente, acarretando a colonização por Candida em pacientes recém transplantados. Já em um estudo retrospectivo conduzido por Manzoni e colaboradores (2008), a profilaxia com fluconazol administrada a RNPT em 4 semanas, após 6 semanas do nascimento, não levou ao surgimento de espécies Candida Fluconazol resistente. No entanto, os estudos avaliados nesta revisão foram de curta duração para avaliar plenamente o desenvolvimento da resistência. (CHICELLA et al., 2011). A maioria dos estudos analisados neste trabalho, avaliou a utilização profilaxia e terapêutica durante poucas semanas. Portanto, faz-se necessário trabalhos com um maior tempo de duração, maior amostragem, comparação entre fármacos e sobre tudo, análise das taxas individuais de infecções resistentes em UTIN. No mínimo, as instituições que utilizam profilaxia antifúngica deve monitorar padrões de resistência de fungos, especialmente em doentes que receberam profilaxia antifúngica de longo prazo. 29 Quadro 2. Profilaxia antifúngica com fluconazol na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal REFERÊNCIA N. PESO AO NASCER CI REGIME TERAPEUTICO FLUCONAZOL RESULTADO COMENTÁRIO Weitkamp et al., 2008 86(<1000g) Não 0% de colonização Não foram notadas reações adversas à terapia de fluconazol Manzonieta et al 2008 719 (<1500g) Não 3mg/kg -IV 2x por semana na 1ª semana, em seguida, a cada dois dias durante 6 semanas. VS grupo controle 6mg/kg IV a cada 72 h para a 1ª semana, em seguida, a cada 48horas até o 30 dia de vida. VS o grupo controle continuou até 45 dias vida. A profilaxia não reduziu a incidência de infecções fúngicas invasivas. Quando comparados ao grupo controle. Não foram observadas reações adversas ao fluconazol e nem casos de resistência a terapia. Healy et al., 2008 362(<1000g ) 47 (>1000g) Não 3 mg / kg IV a cada 72 h p/ as primeiras duas semanas, em seguida, a cada dois dias nas próximas 2 semanas. Durante o período da pesquisa, não houve o aparecimento de espécies de Candida fluconazol resistente. Aziz et al., (2010) 262(<1000g ) Não 3mg/kg a cada 72hr por duas semanas, em seguida, a cada dia durante 2 semanas. Vs. grupo controle duas vezes por dia durante 6 semanas. Durante 4 anos de profilaxia com o fluconazol, a incidência de candidíase invasiva e mortalidade associada à candidíase invasiva em RN-PT foram reduzidos significativamente. 1,8% daqueles que receberam fluconazol desenvolveram infecções fúngicas invasivas vs.7.1% no grupo de controle. Não houve diferença significativa entre os grupos. d, dia; VI, via intravenosa; IF, infecção fúngica e CI, Candidíase invasiva. Adaptada de CHICELLA et al., 2011 30 Quadro 3 Profilaxia antifúngica com produtos de Anfotericina B na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal REFERÊNCIA N. DE RN/ PESO AO NASCER TRIPATHI et al., 2012 CI Não 56<1500g ASCHER et al., 2012 72<1000g Não -Anfotericina B: 6 mg / kg -Formulação lipídica de anfotericina B: 12 mg / kg - Associação entre Anf. B e a formulação lipídica de Anf.B por 21 dias Sim -Anfotericina B - 1 mg/kg/d 69<1000g 54<1000g ASCHER et al., 2012 REGIME TERAPEUTICO ANFOTERICINA B -Anfotericina B convencional: 0,5 a 1 mg/kg/d IV a cada 24hs. -Anfotericina B lipossomal: 2,5 a 5 mg/kg/d IV a cada 24hs. 67 Entre (1000-1500 g) & (<1000g) -Anfotericina B lipossomal 3 mg / kg / d -Anfotericina B dispersão coloidal 5 mg / kg / d. G.Rachel, 2014) Não <1000g . anfotericina B mg/kg/d 1 anfotericina B lipossomal 5 mg / kg / d anfotericina B dispersão coloidal 5 mg / kg / d RESULTADO COMENTÁRIO Mortalidade da população no estudo foi de 14,8%, e não houve diferenças significativas na mortalidade entre os grupos. Não foi observada toxicidade renal ou hepatotoxicidade em qualquer um dos grupos. As recomendações de dosagem atuais para preparações lipídicas em crianças são de 5 mg. Não houve diferença significativa da creatinina sérica média entre crianças tratadas com desoxicolato de anfotericina B em comparação com os produtos lipídico de anfotericina B. -Tratamento interrompido após 72 h em 11 RN nos quais o diagnóstico não foi confirmado. Das 56 crianças 14,8% (oito crianças) morreram. -Não houve efeito adversos. -Quando a IF persistir durante mais de 10 dias, um segundo agente antifúngico foi introduzido. Em casos não complicados, o tratamento foi continuado durante 14 dias após a última cultura de sangue positiva. Em casos complicados com um foco persistente de infecção, o tratamento foi continuado até ao desaparecimento da lesão. -Sem qualquer ajuste necessário para renal ou insuficiência hepática. -Anfotericina B lipossomal 3 mg / kg /d Cultura negativa. Para IF por espécies de Candida descomplicada, é indicado a terapia durante 21 dias após verificação negativa por cultura sanguínea. Caso a cultura continue positiva por 7 dias, a adição de um segundo fármaco deve ser considerada. Os doentes devem submeter-se a uma avalição neurologia e intervindo quando necessário. d, dia; VI, via intravenosa; IF, infecção fúngica e CI, Candidíase invasiva. Adaptada de CHICELLA et al., 2011 31 Quadro 4- Profilaxia antifúngica com Micafungina na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal REFERÊNCIA N. PESO AO NASCER FDA CI Sim RN FDA Não RN Hope et al., 2010 Smith et al;2010 (0,5 a 4000kg) Sim 12 – aprox. 775 g Sim REGIME TERAPEUTICO MICAFUNGINA 3mg/Kg/dia até 15 dias. RESULTADO 2mg/Kg/dia até 15 dias. (0,75 a 15 mg / kg) 15 mg / kg / dia de micafungina durante 5 dias Na avaliação da farmacocinética, a dose de 10 mg / kg / dia resultou na redução máxima da carga fúngica no cérebro de 82,6% dos pacientes. Um RNPT de 540 g recém-nascido morreu no dia 11 dia de vida por enterocolite necrosante, 3 dias após a conclusão do curso de micafungina. COMENTÁRIO Reajuste da dose para pacientes com lesão renal ou hepática Reajuste da dose para pacientes com lesão renal ou hepática Não houve nenhuma evidência de toxicidade Os eventos adversos mais comumente reportados foram hiponatremia (42%), hipocloremia (33%), hipocalemia (25%), e monocitose (25%). Estudos complementares são necessários para avaliar a resposta ao tratamento com exposições semelhantes nesta população. d, dia; VI, via intravenosa; IF, infecção fúngica e CI, Candidíase invasiva. Adaptada de CHICELLA et al., 2011 32 4.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do exposto, nota-se a importância de uma escolha adequada do fármaco e da terapêutica para os pacientes RNPT com quadro de sepse por Candida albicans, ou leveduras do gênero e da terapêutica empírica a aqueles submetidos aos fatores de riscos de uma UTIN. As agencias de vigilâncias de medicamentos americanas e europeia (EMA, FDA e IDA) indicam que a micafungina como a melhor forma de tratamento para a candidíase invasiva em crianças, incluindo RN antes de 29 semanas de gravidez. A Micafungina tem uma boa atividade sobre várias espécies de Candida, Incluindo aqueles resistentes ao fluconazol. Entretanto, apesar dos esforços na busca de novas terapias, devido, sobretudo, à grande mortalidade em pacientes desta faixa etária, ainda há carência de dados precisos para intervenções mais seguras por parte dos profissionais, portanto se faz necessária a realização de mais pesquisa a cerca deste tema abrangente. 33 REFERÊNCIAS ASCHER, S.B. et al. Antifungal therapy and outcomes in infants with invasive Candida infections. The Pediatric infectious disease journal, v. 31, n. 5, p. 439, 2012 ANDES, D.R. et al. Impact of treatment strategy on outcomes in patients with candidemia and other forms of invasive candidiasis: a patient-level quantitative review of randomized trials. Clin Infect Dis; n.54, p. 1110–1122, Out. 2012. AZIZ M, PATEL AL, LOSAVIO J, et al. Efficacy of fluconazole prophylaxis for prevention of invasive fungal infection in extremely low birth weight infants. Pediatr Infect Dis J. n.29 V 4 p. 352–356, 2010. BATEMAN. L. S.; SEED. C. P. Procession to Pediatric Bacteremia and Sepsis: Covert Operations and Failures in Diplomacy. Pediatrics v.126, n.1, July 2010. BARBEDO L.; SGARBI BGD. Candidíase DST - J bras Doenças Sex Transm v.22, n.1, p. 22-38, 2010. BARBEDOA, L S et al. Artículo original Etiologia dos casos de candidíase cutânea atendidos no serviço de micologia da Universidade Federal Fluminense, Brasil. Revista de la Sociedad Venezolana de Microbiología, v. 33, p. 53-59, 2013. BENJAMIN, D. K. et al. Neonatal candidiasis: epidemiology, risk factors, and clinical judgment. Pediatrics, v. 126, n. 4, p.865-873, 2010. BERGOLD, A.M; GEORGIADIS, S. Novidades em Fármacos Antifúngicos: Uma Revisão Rev. Visão Acadêmica, v. 5, n. 2, p. 159 -172. Dez 2004. BRECHT M et al.Prevention and treatment of invasive fungal infection in very low birthweight infants.Archives of Disease in Childhood-Fetal and Neonatal Edition, v. 94, n. 1, p.65-69, 2009. BLYTH CC et al., Antifungal therapy in infants and children with proven, probable or suspected invasive fungal infections. Cochrane Database of Systematic Reviews 2010, Issue 2. BORGES, R.M. et al., Fatores de risco associados à colonização por Candida spp em neonatos internados em uma Unidade de Terapia Intensiva Neonatal brasileira. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2009, vol.42, n.4, pp. 431-435 BRISSAUD, O. et al. Invasive fungal disease in PICU: epidemiology and risk factors. Annals of intensive care, v. 2, n. 1, p. 6, 2012. CARVALHO, P I [et al]. Fatores de risco para mortalidade neonatal em coorte hospitalar de nascidos vivos. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 16, n. 3, p. 185-194, 2007. 34 CATARINO, C. F. [et al]. Epidemiological profile of primary bloodstream infections in neonatal intensive care unit. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, v. 5, n. 1, p. 3229-3237, 2013. CHAGAS, R. I. A. et al. Análise dos Fatores Obstétricos, Socioeconômicos e Comportamentais que Determinam a Frequência de Recém-nascidos Pré-termos em UTI Neonatal. Rev. Soc. Bras. Enfermagem, São Paulo, v.9, n.1, p. 7-11, 2009. CHICELLA, M F et al., A review of Candida prophylaxis in the neonatal intensive care population. The Journal of Pediatric Pharmacology and Therapeutics, v. 16, n. 4, p. 237-245, 2011. CLERIHEW, L end MCGUIRE, W. Antifungal therapy for newborn infants with invasive fungal infection. Cochrane Database of Systematic Reviews (Online), v. 6, 2012 COLOMBO, A. L.; GUIMARAES, T. Epidemiologia das infecções hematogênicas por Candida spp. Rev. Soc. Bras. Med. Trop. 2003, vol.36, n.5, pp. 599-607. DAVIS, D.B et al. Microbiologia de Davis. Infecções Bacterianas e Micóticas. São Paulo 2ª Ed., Editora Harper e Row no Brasil Ltda. v.3 p.1147-1195. 1979. DOWNEY, L.C. et al. Recent Advances in the Detection of Neonatal Candidiasis. Current Fungal Infection Reports, Durham , v. 4, n. 1, p. 17-22, march, 2010. FURLANETO MC, et al. In vitro evaluation of putative virulence attributes of oral isolates of Candida spp. obtained from elderly healthy individuals. Mycopathologia, v. 166, p. 209-17, 2008. FURLANETO MC, et al. Species distribution and in vitro fluconazole susceptibility of clinical Candida isolates in a Brazilian tertiary-care hospital over a 3-year period. Rev Soc Bras Med Trop. n.4, p.595-599, 2011. GARNER J.S. [et al]. CDC definitions for nosocomial infections. Am. J. Infect Control. v.16 n. l, p. 128-140, jun. 1988. HENNEMAN, I.T. et al. Diagnósticos Microbiológicos: texto e atlas colorido. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan p.1215, 2010. HEALY CM et al., Fluconazole prophylaxis in extremely low birth weight neonates reduces invasive candidiasis mortality rates without emergence of fluconazoleresistant candida species. Pediatrics. N. 121 v.4 p. 703–710 2008. HOPE W. et al., Population pharmacokinetics of micafungin in neonates and young infants. Antimicrobial agents and chemotherapy, v. 54, n. 6, p. 2633-2637, 2010. 35 JAYATILAKE JAMS end LP SAMARANAYAKE. Experimental superficial candidiasis on tissue models. Mycoses 53: 285–295. 2010. KAINER, M. A. [et al]. Fungal infections associated with contaminated methylprednisolone in Tennessee. New England Journal of Medicine, v. 367, n. 23, p. 2194-2203, 2012. KONEMAN, E. W. et al. Diagnóstico Microbiológico TEXTO Y ATLAS COLOR Buenos 5ª Ed., Aires – Argentina, Editora Médica Panamerican, v.1 p. 953-1030, 1999. KRISTÓF, K. [et al]. Clinical microbiology of neonatal candidiasis in Hungary. Acta Mirobiologica et immunologica. Hungarica, Hungary, v. 57, n. 4, p. 407-417, 2010. LACAZ, C.S.; PORTO, C.; MARTINS, J.E.C. Micologia Médica: fungos, actinomycetes e algas de interesse médico. 8ª ed., São Paulo: Sarver-EDUSP, 1991. 695p. LE, Jennifer et al. Time to initiation of antifungal therapy for neonatal candidiasis. Antimicrobial agents and chemotherapy, v. 57, n. 6, p. 2550-2555, 2013. LEITE, C. L. et al. A particularidade de ser um fungo – I. Constituintes celulares. Biotemas, v. 19, n. 2, p. 17-27, 2006. LIMA, M.E.; ANDRADE, D.; HAAS, V.J. Avaliação prospectiva da ocorrência de infecção em pacientes críticos de Unidade de Terapia Intensiva. Rev Bras Ter Intensiva. v.19, n. 3, p. 342-347, 2007. LIU, C. Y. et al. Candidemia in cancer patients: impact of early removal of nontunneled central venous catheters on outcome. Journal of Infection, v. 58, n. 2, p. 154-160, 2009. LOPES, G. K et al. Estudo epidemiológico das infecções neonatais no Hospital Universitário de Londrina, Acta Scientiarum. Health Sciences, v. 30, n. 1, p. 55-63, 2008. MANZONI, P. et al. A multicenter, randomized trial of prophy fluconazole in peterm neonates. The new England Journal of medicine, Turin, v. 356, n. 24, p. 24832995 2007. MANZONI, Pet al. Routine use of fluconazole prophylaxis in a neonatal intensive care unit does not select natively fluconazole-resistant Candida subspecies. The Pediatric infectious disease journal, v. 27, n. 8, p. 731-737, 2008. 36 Manzoni P, Leonessa M, Galletto P, et al. Routine use of fluconazole prophylaxis in a neonatal intensive care unit does not select natively fluconazole-resistant Candida subspeices. Pediatr Infect Dis J. N.27 v.8 p.731–737, 2008. MANZONI, Paolo et al. Antifungal prophylaxis in neonates. Early human development, v. 87, p. S59-S60, 2011. MARGOTTO, Paulo R. Novos antifúngicos. Escola Superior de Ciências da Saúde, 2012. MARTINEZ, R et al., Atualização no uso de agentes antifúngicos J Bras Pneumol, v.32, n.5, p.449-60, Out. 2006. MARR KA, et al. Candidemia in allogeneic blood and marrow transplant recipients: evolution of risk factors after the adoption of prophylactic fluconazole. J Infect Dis. v. 181, n. 1, p 309–316. 2000. MENEZES, E. A. [et al]. Frequência e percentual de suscetibilidade de bactérias isoladas em pacientes atendidos na unidade de terapia intensiva do Hospital Geral de Fortaleza. J. Bras. Patol. Med. Lab. 2007, v.43, n.3, p. 149-155. MILIAN, E.P.; et al. Evaluation of the auxacolor system for the identification of clinical yeasts isolates. Mycopthologia, v.137 p.153-157, Nov. 1997. MICHAEL A. PFALLER, MD, Antifungal Drug Resistance: Mechanisms, Epidemiology, and Consequences for Treatment. The American Journal of Medicine, v.125, n.1, Dez. 2012 MOREIRA, M. EL. Controvérsias a respeito da sepse fúngica no pré-termo extremo: profilaxia e esquemas terapêuticos. J Pediatria. v. 81, n. 1, p. 52-58,2005. MOURA, M. E. B. [et al]. Infecção hospitalar: estudo de prevalência em um hospital público de ensino. Rev. bras. Enferm. 2007, v.60, n.4, pp. 416-421. MUSKETT, H. [et al]. Risk factors for invasive fungal disease in critically ill adult patients: a systematic review. Rev.Crit Care, v. 15, n. 6, p. R287, 2011. OLIVEIRA A.C, BETTCHER L. Aspectos epidemiológicos da ocorrência do Enterococos resistente a Vancomicina. Rev Esc Enferm USP v.44, n. 3, p. 725-731, 2010. OLIVEIRA, V.K.P. [et al]. Fungemia caused by Candida species in a Children´s Public Hospital in the city of São Paulo, Brazil: study in the period 2007-2010. Rev. Inst. Med. v.56 n.4, p.301-305, 2014. 37 PAPPAS PG, et al. Clinical practice guidelines for the management of candidiasis: 2009 update by the Infectious Diseases Society of America. Clin Infect Dis N. 48 P503-535. 2009. PERLROTH J., CHOIS B., SPELLBERG B Nosocomial fungal infections: epidemiology, diagnosis, and treatment. Rev. Medical Mycology. n. 45, p. 321-346, June 2007. PRASAD PA et al. Pediatric antifungal utilization: new drugs, new trends. Pediatr Infect Dis J. n. 27:p 1083–1088, 2008. POLIN. A. R. [et al]. Strategies for Prevention of Health Care–Associated Infections in the NICU. Pediatrics v. 129, n. 4, April, 2012. RAMOS, A et al., Why might micafungin be the drug of choice in pediatric patients? . Enfermedades infecciosas y microbiologia clinica, v. 29, p. 23-28, 2011 RÓŻAŃSKA, A. et al. Infections and risk-adjusted length of stay and hospital mortality in Polish Neonatology Intensive Care Units. International Journal of Infectious Diseases, v 35, p.87-92 June 2015. SAFDAR, A et al. Drug-induced nephrotoxicity caused by amphotericin B lipid complex and liposomal amphotericin B: a review and meta-analysis.Medicine, v. 89, n. 4, p. 236-244, 2010. SALGE, A K M [et al]. Fatores maternos e neonatais associados à prematuridade Revista Eletrônica de Enfermagem. v. 11, n. 3. p. 642-646, jul./set. 2009. SAMARANAYAKE L.P. Differential pospholipase gene expression by Candida albicans in artificial media and cultured human oral epithelium. APMIS. 114: 857-66. 2006B. SANCHEZ-SCHMIDT, J.M. [et al]. Isolated congenital nail candidiasis: report of 6 case. Pediatric Infectous Disease Journal, Barcelona, v. 29, n.10, p.974-976, 2010. SCHAECHTER M, et al. Microbiologia Mecanismos das Doenças Infecciosas. Rio de Janeiro RJ 3ª Ed. Editora Guanabara Koogan. 2002. p. 373-393. SMITH, P. Brian et al. Pharmacokinetics of an elevated dosage of micafungin in premature neonates. The Pediatric infectious disease journal, v. 28, n. 5, p. 412, 2009. SOUZA C.M. [et. Al]. Responsabilidade civil dos profissionais de enfermagem nos procedimentos invasivos. Rev Bras Enferm. n. 62(5), p.717-22. Out, 2009. 38 TRAGIANNIDIS, A. [et al]. Invasive candidiasis and candidaemia in neonates and children: update on current guidelines. Mycoses, v. 58, n. 1, p. 10-21, 2015. TRAGIANNIDIS, A et al., Invasive candidiasis and candidaemia in neonates and children: update on current guidelines. Mycoses, v. 58, n. 1, p. 10-21, 2015. TRIPATHI. C. N. [et al]. Antibiotic Use and Misuse in the Neonatal Intensive Care Unit. Clin Perinatol. v.39 n.1p.61–68 March, 2012. TORTORA, J. G. et al. Microbiologia São Paulo-SP 8ª Ed. Editora ARTMED Editora S.A 2005. p.591-592. WAGENLEHNER E. et al. Incidence of nosocomial urinary tract infections on a surgical intensive care unit implications for management. Int J Antimicrob Agents. 2006 n28 v.1 p 86-90. WEITKAMP JH et al., Fluconazole prophylaxis for prevention of invasive fungal infections in targeted highest risk preterm infants limits drug exposure. J Perinatol. N.28 v.6 p.405–411, 2008. WEY S. et al. Hospital-acquired candidemia: the attributable mortality and excess length of stay. Archives of Internal Medicine, v. 148, n. 12, p. 2642-2645, 1988. XIANG, M.J et al. Erg11 mutations associated with azole resistance in clinical isolates of Candida albicans. FEMS yeast research, v. 13, n. 4, p. 386-393, 2013. ZARRIN, M.; MAHMOUDABADI, Z A.; Invasive candidiasis; a review article, Jundishapur, Journal of Microbiology. v. 2 n.1, p.1-6 March. 2009