Ataliba T. de Castilho (UNICAMP) O. A elipse e a omissao de urn constituinte "estruturalmente necessario", cujo referente do no texto (por ter side mencionado a se-lo posteriormente) ou no discurso poder ser evocado na situacao pode ser recupera- anteriormente ou por vir (por ser suposto ou por social que envolve os falantes). Neste texto you me ocupar da elipse do sujeito, objetivando estabelecer as condicoes que levam urn falan- te culto de Sao Paulo a omitir esse constituinte ra isso, procedi ao fichamento tres mil palavras anos, advogada, integral das oracoes fala sobre "agricultura, 0 ser dividido de carater pessoal, falante e suas percepcoes depoimentos dirigidos, recolhidas em dois grandes intimista, do mundo, de carater em de 45 animais e rebanhos". Esse tipo de entrevistas za contidas do DID 93 (Inf. Ill), em que uma mulher Projeto NURC/SP poderia das narrativas da oraCao. Pa- e 0 impessoal, pelo grupos: 0 em que se tematidas entrevistas em que ou se temati- za a informaCao a ser veiculada. o DID 93 integra plica a grande quantidade e a escassa quantidade 0 segundo de verbos existenciais de verbos emotivos, danca interna, de atividade mental tipo, e isto exe copulativos, de movimento, e percePCao, de mu- e de atividade pratica at constatada. (1) a - se 0 vai plantar 0 milho b - e urn tipo de adubo ••• c - se 0 vai plantar 0 arroz d - e outro tipo de adubo e - 0 cafe ••• outro tipo de adubo (0 ? incompleta?) f - e se 0 for para pasto •••tambem outro tipo ••. g - agora 0 calcareo e 0 pra acidez da terra h - entao esse 0 e sempre necessario i-quando a terra tern necessidade j - porque quando nos compramos 0 1 - nao tinha cafe (2-111-1: 28-35) (2) a - e entao entram essas maquinas grandes que limpam a terra b - tiram essas .•• 0 c - e formam ei/leiras •••leiras ••• d - sao ••. e 0 seguinte ••• e - eles empurram 0 f - e vao empurrando toda esta ••• essas plantacoe~ que tern g - as arvores prum determinado lugar so (inc.) h - e entao isso ai forma-se (2-111-2: 89-94) (3) a - entao 0 vende 0 milho em saco ••• b - mas a:: •.. quando a gente usa 0 pra outros meios •.•pra racao de porcos •..pra racao de cavalo ( .•• ) c - 0 usa 0 com sabugo ••• que e 0 centro ••• 0 sabugo ••• d - ai ta a colheita terminada .•• a colhe/ e - 0 leva ••• mais ou menos ••• entre a ••• plant/ ••• 0 plantio do milho e a colheita ••• no minimo seis meses (2-111-1: 168-175). (4) a - mas hoje ••• b como eu .•• digo a'com essas coisas modernas 0:: ... e bem dificil num dar 0 c - so mesmo urn••• urn pessoal mais atrasado ••• mesmo .•• que num usa esses metodos mais modernOB ••• d - agora •.• nas fazendas e:: ••• e:: ••• num e lucrativo 0 e - num digo f - seria lucrativo .•. mesmo 0 g - e dispendioso molhar 0 milho (2-111-2:215-221) (5) a - se voce for fazer feijao pra venda ••• especializada do feijao ••• nu e •.• b - como eu faco na minha fazenda ( .•• ) c - entao 0 e diferente ..• d - ai ••• se voce vai fazer urn tipo de adubo •.• e - ai 0 aproveita aquele adubo que foi pro milho ..• f - agora ••. se ce vai plantar so 0 feijao •.• g - ce tern que par 0... h - unica coisa diferente que ce tern que por urn adubo eBpecializado pro feijao ••• (2-111-2: 278-285). e ... e Observa-se elementos ja mencionados (elipse cataforica), pelo contexto elididos nessas 0 referente depreensiveis dos elementos lEap I, ou vago INao~Especifico/. Tipos de elipses nas amostras: de constituinte de um constituinte: * (lh) - calcareo (anafora) * (2b) - madeiras (anafora) de um constituinte 2.1 - OmissAo de a mencionar de elementos (elipse exoforica). 2. OmissAo a omissao (elipse anaforica), ou a omissao pode ser determinado 1. Omissao amostras da ora9Ao: do sujeito * (If) - a terra (anafora~ * (5c) - a decisao (exofora) * (3e) - todo 0 processo (anafora~ * (la,c) - alguem, alguma pessoa * (3a) - alguem, alguma pessoa 2.2 - OmissAo do objeto * (lj) - a fazenda (anafora) * (2e) - essas planta90es * (3b) - 0 milho (catafora) (anafora) 0 preenchedor do ¢ e de difi- Em certos casos, 0 cil reCUpera9aO, como em "em um alqueire segue muito mais 0 que se conseguia antigamente", que tanto pode ser (i) lucro (exofora), lheitas (catafora), 2.3 - Omissao se con- (iii) milho,cafe (ii) co- (anafora). do predicativo * (lg) - necessario (catafora) * (4a) - certo 3. OmissAo de uma ora9Ao dependente: * antes de (le) - "se voc@ plantar * (4f) "usar metodos modernos" lhar 0 milho" (catafora). 0 cafe" (anafora) ou "mo- 1. 0 trecho com os seguintes pesquisado tipos de sujeito: Quadro 1 - Tipos de Sujeito Sujeito 0 98/408 Sujetto N 106/408 ~% Sujeito p~ 109/408 26% 3/408 1% 92/408 23% Sujeito Orac. Outros 24% Como as observacoes voltam unicamente deria ter a1 ocorrido, (= 98 que pre tendo fazer se 0, em face do SUjeito N que po- para 0 Sujeito YOU restringir esses dois tipos, e portanto eonsideradas con tern 408 orac5es, meu campo de observacao 204 sera 0 numero maximo a de oracoes + 106). Comparando-se 0 Sujeito 0 ao Sujeito N, cons- tata-se que as possibilidades de ocorrencia libram, e por isso a contagem bruta nao elucida trategias de reter ou de elidir tipo de sujeito se equi- nada sobre as es- sujeito. 0 Verificarei praticamente inicialmente se ha alguma correla- e seu referente, categorizando os SNs cao entre 0 expressos e os Sns restitu1dos de acordo com 0 traco /Espec1fico/ vs. /Nao-Espec1fico/. Entenderei mesmo s~referente tor. Assim, 0 nao-espec1fico) por /Esp/ 0 referente se tornou mais identificavel referente de fazendas na primeira mencao mesmo ocorre com ~ interlocu- a /Esp/ na segunda mencao: Born, a fazenda que com- em (7): (7) arroz /NE/ nao plantamos da muita sombra. Tambem considerarei 0 em (6) passa de /NE/ (isto e (6) Quer que fale sobre fazendas? pramos era de cafe. o para do N retido como /Esp/ que possa ser identificado pela 0 porque referente 0 (=arroz, /Esp/) do N retido ou elidido concordancia do verba (que figura- ra entao numa forma marcada) (8) as vezes (9) entao e arada l1J Nesses entidade ou do predicativo, plantam l1J bem focalizada, ate'arroz (=a terra, (=os !Esp!). casos, o,referente definida, como em colonos, do sujeito unitaria, e uma transparente do ponto de vista dos interlocutores. o traco !NE! e encontrado elidido cujo referente opaco, indeterminado, (10) hoje (11) al A concordancia e desfocalizado, generico, (= qualquer identificar o verba ve10 numa forma nao marcada quando Os Ns !Esp! aparecem de verbos part1cu1ar1zantes. como argumentos urn, alguem) risca 0 chao. l1J nao nos permite como argumentos vago, mal delineado, como em pOe muito mais l1J no N retido ou descr1t1vos, Os Ns !NE! aparecem de verbos gnomicos, 0 referente, pois a pessoa. ma1s freqUentemente narrat1vos, em textos mais freqUentemente sentenc1a1s, general1zan- tes. A hipotese a de que 0 Suje1to que sustenta e mais elidivel ponto da oracao menos focal1zado, mente. Analogamente, to !Esp! e SUje1to ra ma1s elidlvel (1986: 50), segundo pessoa numa narrat1va Suje1to, por ser 0 os Suje1tos que 0 SUjeito em Suje1!NE! se- !Esp!. va1 de encontro a suposiCao a qual a mUdarica da 11para de cunho pessoal como neste exemplo e menos den so 1nformac1onal- !NE!, e de supor-se Essa h1potese de Braga que 0 Objeto, se discriminarmos que 0 SUjeito esta 1ndagacao favorece a el1sao a31 do de seus mater1a1s: (12) Nao, vontade de parar do futebol, nao tenho nao. Mas eu se1 que YOU ter que parar ( ••• ) Entao l1J tern que parar porque nao tern je1to. Para examinar rei os Sujeitos semelhante hipotese, compara- 0 e os Sujeitos N do ponto de vista desse traco. Obtive assim 0 Quadro 2: DISTRIBUI~AO Quadro 2: DO SUJ. N/0 DE AC. COM 0 STATUS /ESP/-/NE/ N Tipo ~ SV 38 /Esp/ - 42 52% 80 10 - -106 16 26 - 62% Predominou 0 /Esp/ no Total dos Sujeitos Sujeito N, com predominancia vela sobre 0 mulada, materiais -- 37' 74 0 (iv) Ha uma corre1acao figuracao entre 0 achados (iii) Nada rese ~uilibram. a hipotese for- se tenha sejam e1es /Esp/ ou /NE/. traco examinado e a ordem de do Sujeito em re1acao ao verbo, mas isso natural- mente nao pode ser estudado nos Sujeitos 2. Continua "que razoes 1evam 0 (1985), apud Dutra de SUjeito, 0 0. assim sem resposta fa1ante a e1idir Considerarei dalidades (i) N e 0. (ii) E1e discri- nao confirmam do falante, 204 seguinte: e indicam que so se elidem Ns cujo referente fixado na consciencia DuBois 49% 98 de /Esp/. Suj. 0, pois os valores Assim, os presentes 63\1/ -204 48 - 25% o traco /Esp/-/NE/ mostra mina 130 51% 98 106 26 TOTAL 50 - 75% 26 - 38% 0 80 - 48% 80 /NE/ Sub,.tota VS 0 a pergunta SUjeito?" outra hipotese, formulada por (1986), segundo a qual ha duas mo- Agentivo (A) e 0 Nao-Agentivo (S). geral ja conhecido, discurso. S te e e e por isso mesmo represeta Sujeito 0 de um verbo um dado novo no discurso. do interlocutor, e a mencao um "arquivo novo" durante intransitivo, tenciais (plantar. a ele leva colher, a necessidade tar, tornar-se). (endurecer. haver), de movimento jeitos 0, encontrei S ocorreu A S em verbos (sair) e de mudanca os seguintes exis- de estado assim os Sujeitos N e os Su- resultados: COM N SV 15 STt 0 14% -- 63% -- 38% -204 106 98 -- 0% 106 106 25 I-- 0 VS -- 14% 66 15 106 TOTAL 77 62 91 36 -- 62% -- 86% -- 24% 106 106 127 98 -204 37% -- 98 204 - 106 98 -204 106 TOTAL mental (ser. ficar, es- Quadro 3 - DISTRIBUICAO DO SUJEITO N / 0 DE ACORDO o STATUS AGENTIVO / NAO AGENTIVO T1po tirar, de atividade copulativos de a- secar). Categorizando SA de abrir em verbos fazer, empurrar, em verbos (falar. ver, ouvir). (ter, existir, seu referen- a interaCao. jogar, etc.), e mais raramente e de percepcao topico do nao figura na consciencia Em nosso corpus, A ocorreu tividade pratica 0 62~ Esse quadro mostra e to nominal A nando 0 de baixa freqUencia seguinte: 0 (i) 0 Sujei- no texto estudado. predomi- Sujeito S, por se tratar de um texto muito informati- vo, em que se passa de um topico a outro com muita freqUencia. (ii) 0 SUjeito nominal A vem colocado do verbo, e SUjeito nominal 0 que a posi~ao informativa de um texto como tes, porque vista, que gentivos 0 e e falante tende a elidir a informa~ao nova. interesses topico da entre- (iv) A reten~ao Os nao-A do novo e a pelo percentual te identico de Sujeitos A ellpticos praticamen- (63%) e de SujeitosSnomi0 quadro demonstra N ou III tenham uma mesma freqti@ncia examinados, sao distintas ou de elisao. ~ provavel. pronominalizavel 0 pelos falantes. nais na ordem VS (62%). (v) Finalmente, bruta nos materiais sac mais freqUen- ilidade muito menor de elidir, pois amissae do velho fica comprovada de reten~ao que mostra 0 uma fun~ao da propriedade os Agentivos um dado compartilhado que embora os SUjeitos as suas regras tambem. que A seja mais que S. mas isso e materia que escapa aos deste texto. 3. Operei ate aqui com criterios Nao haveria tambem raz5es sintaticas o qUentemente 0 Essa rela~ao verdade e ausencia entre presen~a do SUjeito que, como observou te elisao do Objeto. pois pela concordancia. com um Nome quando do Sujeito e presen~a sobretudo Sujeito e do outra questao: Paola Bentivoglio, 0 mais fre- A com maior freqU@ncia inversa pode levantar veria alguma correla~ao do Objeto, que preenchemos lugar do Sujeito p6s-verbal omitimos semAnticos. para a elisao do Sujeito? Quadro 3 mostrou ele e S. Inversamente, que S. antes DID 93. (111) 0 Sujeito III a- 0 inversa: tem urna probab representam S, depois do verbo, desse constituinte presenta uma rela~ao predominantemente ha- e ausencia do Objeto? E a rigor so exis- em geral recuperavel no portugues culto, como em comparado com (1) j' - porque Diversos nando Tarallo, ferida" canismos (1985), da elipse, Cao de carater modular, (fixaCao do. referente trutura argumental da"estrutura surgindo na elipse A continua9ao pre- outros meResultados de que um fator unico fatores pragmaticos dos inter1ocutores), e sintaticos (repercussao ou na retencao de pesquisas a- em seu lugar uma explica- em que interviriam na consciencia (1986). argumental sintatica. a desconfiar marticos (status do Sujeito) Objet~. v. Oliveira talvez surpreendessemos a elipse, Fer- a da pronominalizacao agora de natureza aconselhariam pode condicionar a fazenda essa correlacao: Galvez: essa hipotese, e ainda 0 principio de DuBois afirmativos ¢ compramos tem discutido Mary Kato, Charlotte Investigando tras referida, quando autores do Sujeito deste tipo aponta se- da ese do para essa dire9ao. Maria Luiza Braga - "Construcoes de topico e coesao", Estudos Linguisti~ cos 13 (1986): 49-55 lAnais dos Seminarios do Grupo de Estudos Lingtilsticos do Estado de Sao Pau10l J.W. DuBois - "Competing motivations", in J.Haiman (ed) - Iconicity in Syntax, vol. 6, 343-365.Amsterdam, Benjamin, 1985. Rosalia Dutra - "The hybrid S gory in Brazilian Portuguese: implications for word order", para publicacao em Studies in guage 11: 1987. catesome ms. Lan- Dercir Pedro de Oliveira - "Sujeito 'in praesentia' e objeto 'in absentia': balanceamento sintatico no eixo do verbo", Estudos LingU1sticos 13 (1986): 301-308.