Malária - Msjoseoliveira

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Malária
Pablo Ferreira
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, hoje em dia, a malária é de longe a doença tropical e parasitária que mais causa
problemas sociais e econômicos no mundo e só é superada em número de mortes pela Aids. Também conhecida como paludismo, a
malária é considerada problema de saúde pública em mais de 90 países, onde cerca de 2,4 bilhões de pessoas (40% da população
mundial) convivem com os risco de contágio. Anualmente, sobretudo no continente africano, entre 500 e 300 milhões são infectados,
dos quais cerca de um milhão morrem em conseqüência da doença. No Brasil, principalmente na região amazônica a malária registra
por volta de 500 mil casos por ano - no entanto, aqui a letalidade da moléstia é baixa e não chega a 0,1% do número total de
enfermos.
O Anopheles darlingi, principal vetor da malária no Brasil
A malária é causada por protozoários do gênero Plasmodium e cada uma de suas espécies determina aspectos clínicos diferentes
para a enfermidade. No caso brasileiro, destacam-se três espécies do parasita: o P. falciparum, o P. vivax e o P. malarie. O
protozoário é transmitido ao homem pelo sangue, geralmente por mosquitos do gênero Anopheles ou, mais raramente, por outro tipo
de meio que coloque o sangue de uma pessoa infectada em contato com o de outra sadia, como o compartilhamento de seringas
(consumidores de drogas), transfusão de sangue ou até mesmo de mãe para feto, na gravidez. Apesar da malária poder infectar
animais como aves e répteis, o tipo humano não ocorre em outras espécies (mesmo ainda sem comprovação, há a suspeita de que
certos tipos de malária possam ser transmitidos, sempre via mosquito, de macacos para humanos).
Em comum, todas as espécies de Plasmodium atacam células do fígado e glóbulos vermelhos (hemácias), que são destruídos ao
serem utilizados para reprodução do protozoário. Quando o mosquito pica o homem, introduz em sua corrente sangüínea, por meio de
sua saliva, uma forma ativa do Plasmodium, denominada esporozoíta e que faz parte de uma de suas fases evolutivas. Uma vez no
sangue, os esporozoítas rumam para o fígado, onde penetram as células hepáticas para se multiplicarem, dando origem a outra fase
evolutiva chamada merozoíta. Uma parte dos merozoítas permanece no fígado e continua a se reproduzir em suas células, a outra cai
novamente na corrente sangüínea e adentra as hemácias para seguir com o processo reprodutivo. As hemácias parasitadas também
são destruídas e originam ora outros merozoítas, ora gametócitos, células precursoras dos gametas do parasita e que são tanto
femininas quanto masculinas.
O mosquito Anopheles torna-se vetor da malária a partir do momento que ingere gametócitos (femininos e masculinos) de um
indivíduo infectado. Dentro do mosquito, os gametócitos tornam-se gametas e fecundam-se, originando o zigoto, que atravessa a
parede do estômago do inseto e transforma-se em oocisto, tipo de célula-ovo. Após algum tempo, o oocisto se rompe e libera novos
esporozoítos, que migram para as glândulas salivares do mosquito estando assim prontos para infectar um novo indivíduo.
Dos três tipos de Plasmodium existentes no Brasil, o mais agressivo é o P. falciparum, que multiplica-se mais rapidamente e,
conseqüentemente, invade e destroi mais hemácias que as outras espécies, causando, assim, um quadro de anemia mais imediato.
Além disso, os glóbulos vermelhos parasitados pelo P. falciparum sofrem alterações em sua estrutura que os tornam mais adesivos
entre si e às paredes dos vasos sangüíneos, causando pequenos coágulos que podem gerar problemas cardíacos como tromboses e
embolias.
Geralmente, após a picada do mosquito transmissor, o P. falciparum permanece incubado no corpo do indivíduo infectado por 12 dias.
A seguir, surge um quadro clínico variável, que inclui calafrios, febre alta (no início contínua e depois com freqüência de três em três
dias), dores de cabeça e musculares, taquicardia, aumento do baço e, por vezes, delírios. No caso de infecção por P. falciparum,
também existe uma chance em dez de se desenvolver o que se chama de malária cerebral, responsável por cerca de 80% dos casos
letais da doença. Além dos sintomas correntes, aparece ligeira rigidez na nuca, perturbações sensoriais, desorientação, sonolência ou
excitação, convulsões e vômitos e dores de cabeça, podendo o paciente chegar ao coma. Por vezes, o quadro da malária cerebral
lembra a meningite, o tétano, a epilepsia, o alcoolismo dentre outras enfermidades neurológicas.
Três fases do Plasmodium: primeiro, como esporozoíta, assim que é inoculado pelo Anopheles na corrente sangüínea,...
... depois, reproduzindo-se nas células do fígado (grande mancha vermelha ao centro)...
... e, finalmente, invadindo, reproduzindo-se e destruindo os glóbulos vermelhos – na imagem, os círculos em abóbora representam
hemácias, sendo que aquelas com pequenos pontos vermelhos estão infectadas.
Ao contrário do P. falciparum, o P. vivax causa um tipo de malária mais branda, raramente mortal, no entanto mais complicada de ser
tratada. Isso acontece porque o P. vivax se aloja por mais tempo no fígado, dificultando a medicação. Mais longa que no caso do P.
falciparum, a incubação dura de 10 a 20 dias, mas o P. vivax não costuma ser tão agressivo - enquanto o P. falciparum ataca entre
2% e 25% do total de hemácias quando está na corrente sangüínea, o P. vivax na atinge mais que 1%. De início, os sintomas incluem
mal-estar, dores de cabeça e febre ligeira que com o tempo podem evoluir para febre entre 39 e 40 ºC, que se repete de dois em dois
dias com presença de suor intenso e dores musculares.
O outro causador da malária chama-se P. malariae e possui quadro clínico bem semelhante ao da malária causada pelo P. vivax,
apenas apresentando febre sempre baixa e com surgimento de três em três dias. A malária por P. malariae também tem recaídas a
longo prazo, podendo ressurgir mesmo 30 ou 40 anos mais tarde.
Fontes: Comitê de Doenças Tropicais (TDR). Organização Mundial de Saúde (OMS). Doenças infecciosas e parasitárias, Ricardo Veronesi, editora Guanabara
Dicionário de termos técnicos de medicina e saúde, Luís Rey, editora Guanabara-Koogan. 06/06/2006 às 11:05 Glossário de doenças
Referência: Disponível em: <http://www.fiocruz.br/ccs/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=191&sid=6>. Acesso em: 05/10/10.
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