FACULDADE DE ECONOMIA E FINANÇAS IBMEC PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM ADMINISTRAÇÃO E ECONOMIA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ECONOMIA “EFEITO DO PREÇO DE COMMODITTIES SOBRE A TAXA DE CÂMBIO REAL EM ANGOLA” ALDA JANETH GUINHI FEIJÓ ORIENTADOR: PROF. DR. CHRISTIANO ARRIGONI COELHO Rio de Janeiro, 25 de Abril de 2014. i “EFEITO DO PREÇO DE COMMODITIES SOBRE A TAXA DE CÂMBIO REAL EM ANGOLA” ALDA JANETH GUINHI FEIJÓ Dissertação apresentada ao curso de Mestrado Profissionalizante em Economia como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Economia. Área de Concentração: Economia Internacional ORIENTADOR: PROF. DR. CHRISTIANO ARRIGONI COELHO Rio de Janeiro, 25 de Abril de 2014. ii iii F297 Feijó, Alda Janeth Guinhi. O efeito do preço de commoditties sobre a taxa de câmbio real em Angola / Alda Janeth Guinhi. - Rio de Janeiro: [s.n.], 2014. 39 f. : il. Dissertação de Mestrado Profissional em Economia do IBMEC. Orientador (a): Prof. Christiano Arrigoni Coelho. 1. Preço de commodity. 3. Taxa de Câmbio. 4. Petróleo. CDD 330 iv DEDICATÓRIA Dedico esta dissertação aos meus pais que sempre acreditaram em mim. v AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço à Deus, fonte de todas as bençãos e conquistas. Agradeço também do fundo do meu coração aos meus pais queridos Alzira Feijó e António Feijó Júnior, às minhas irmãs Alcina e Arieth, à minha tia Georgina Guinhi e ao meu namorado Flávio dos Santos. De igual modo, agradeço aos meus companheiros de Ibmec Joyce, Amanda, João e Osvaldo, aos professores Fernando Nascimento e ao meu orientador Christiano Coelho por toda ajuda e disponibilidade. vi RESUMO De acordo com os achados da literatura empírica existem evidências significativas de que os preços internacionais das commodities são elementos chave na determinação da taxa de câmbio real de longo prazo para países com exportações intensivas em recursos naturais. Na pauta exportadora de Angola, uma commodity (o petróleo) representa mais de 90% das exportações. Por esta razão, este estudo examinou empiricamente o impacto do preço do petróleo sobre a taxa de câmbio real em Angola com recurso a dados mensais de 2002 a 2013. Os resultados sugerem que variações no preço do petróleo afetam negativamente a taxa de câmbio em Angola como predito na literatura, mas não no mesmo período em que se verificam estas variações. Palavras Chave: Preço de commoditties. Petróleo, Taxa de câmbio, Angola. vii ABSTRACT According to the findings of the empirical literature there is significant evidence that international commodity prices are key elements in determining the long term real exchange rate for countries with intensive exports in natural resources. In Angola one commodity (oil) represents more than 90% of exports. For this reason, this study empirically examines the impact of oil prices on the real exchange rate in Angola using monthly data from 2004 to 2013. The results suggest that changes in oil prices negatively affect the exchange rate in Angola as predicted in the literature, but not in the same period in which these changes occur. Key Words: Commodity prices, Oil, Exchange rate, Angola viii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Composição das exportações de Angola 2003-2011 ................................................. 1 Figura 2 – Balanço de pagamento .............................................................................................. 2 Figura 3 – Variáveis do Balanço de pagamento em porcentagem do PIB ................................. 2 Figura 4 – Evolução da Taxa de Câmbio Real e do Preço do Petróleo ..................................... 9 Figura 5 – Relação Taxa de câmbio Real e Preço do Petróleo ................................................ 10 ix LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Estatística descritiva (preço do petróleo). ............................................................... 10 Tabela 2 – Correlação entre as séries da taxa de câmbio e preço de petróleo .......................... 11 Tabela 3 - Equação diferencial 1..............................................................................................14 Tabela 4 - Equação diferencial 2...............................................................................................15 Tabela 5- Equação diferencial com defasamentos distribuídos e quebra estrutural.................17 Tabela 6- Equação diferencial com defasamentos distribuídos................................................17 x LISTA DE ABREVIATURAS BNA Banco Nacional de Angola FMI Fundo Monetário Internacional MQO Mínimos Quadrados Ordinários OPEP Organização dos Países Produtores de Petróleo PETR Preço do Petróleo PIB Produto Interno Bruto TCR Taxa de Câmbio Real VIX Medida do Risco Global xi SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 1 2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................... 4 3 ANÁLISE EMPÍRICA ........................................................................................... 8 3.1 RELAÇÃO TAXA DE CÂMBIO E PREÇO DO PETRÓLEO ..........................................................9 3.2 MODELO ESTIMADO..................................................................................................................12 4 RESULTADOS .................................................................................................. 13 4.1 ESTACIONARIDADE E COINTEGRAÇÃO ................................................................................. 13 4.2 MÍNIMOS QUADRADOS ORDINÁRIOS.....................................................................................14 5 CONCLUSÃO .................................................................................................... 20 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 22 APÊNDICE A ............................................................................................................ 24 APÊNDICE B ............................................................................................................ 25 APÊNDICE C ............................................................................................................ 26 APÊNDICE D ............................................................................................................ 27 xii 1 INTRODUÇÃO A taxa de câmbio é um dos preços mais importantes das economias abertas por causa da sua forte influência sobre as transações correntes e outras variáveis macroeconômicas. Ela nos permite traduzir os preços monetários de países diferentes em termos comparáveis. O regime de câmbio em Angola é o chamado flutuação suja, aquele em que há intervenção da autoridade monetária no mercado de câmbio. Angola é o país de África com menor diversificação de exportações. O setor dos recursos naturais de Angola é a força motriz da economia angolana; é o segundo maior país produtor de petróleo da África Subsaariana. Em 2012 o petróleo correspondia a 96% do total de exportações do país e a 44% do PIB. A participação desta commodity no PIB vem caindo nos últimos anos, em 2008 era de 58% do PIB. Figura 1- Composição das exportações de Angola 2003-2011 No entanto, a participação do petróleo e gás nas exportações aumentou gradativamente durante o período de 2003-2011 e, durante este mesmo período o petróleo teve uma participação média no total das exportações de 94%. O país apresentou superávits na conta corrente exceto em 2009, fruto das consequências da crise de 2008 que levou a redução do preço de petróleo. 1 Figura 2- Balança de pagamento. (Valores em milhões de USD) O grau de abertura comercial medido pela razão entre as exportações e o PIB e a razão importações/PIB demonstra um alto nível de relações comerciais entre Angola e o resto do mundo. A análise do peso das variáveis do balanço de pagamento sobre o PIB em Angola ajudá-nos a perceber que a entrada de moeda estrangeira no país depende bastante das exportações, uma vez que o investimento estrangeiro direto, que supõe o ingresso de capital estrangeiro, tem um peso negativo na maior parte do período de 2003-20111. Figura 3- Variáveis do Balanço de Pagamento em porcentagem do PIB 1 Verificam-se valores positivos da razão IED/PIB no período de 2003-2011, nos anos em que a conta corrente é negativa, indicando que são feitos financiamentos para cobrir os déficits em conta corrente. 2 A grande dependência de Angola do petróleo tem sido apontada pelos economistas como o causador de situações2 como: 1. As exportações de petróleo geram entradas de divisas estrangeiras, provocando a apreciação do Kwanza e minando a competitividade dos outros setores ao tornar os produtos angolanos efetivamente mais caros para os consumidores estrangeiros, enquanto os artigos estrangeiros ficam mais baratos para os consumidores nacionais. 2. O setor petrolífero e suas indústrias acessórias tendem a oferecer os retornos mais altos tanto do capital financeiro como do capital humano, pelo que atraem a maior fatia do crédito doméstico e empregam a mão-de-obra mais qualificada do país. Tal contribui para prejudicar ainda mais a competitividade das indústrias não petrolíferas que têm de lidar com a escassez e carestia do capital de investimento e com os custos laborais elevados dos trabalhadores qualificados. 3. A receita gerada pelo setor petrolífero fomenta a procura interna de bens e serviços não transacionáveis, como a eletricidade e a construção, com aumentos dos custos de produção no setor de transacionáveis não petrolíferos. É neste contexto que esta dissertação procurará analisar empiricamente o impacto do preço do petróleo (principal commodity exportada por Angola) sobre a taxa de câmbio real angolana. Tendo em vista este objetivo, o trabalho está organizado da seguinte forma: a seção 2 faz um resumo da literatura sobre commodity currency, a seção 3 apresenta a análise empírica, a seção 4 apresenta e discute os resultados e a última seção conclui o estudo. 2 Situações apresentados no relatório do Banco Mundial, Angola Economic Update – Jun 2013. 3 2 REVISÃO DE LITERATURA O estudo da relação entre taxa de câmbio e preço de commoditties é chamado na literatura de commodity currency. Surgiu da extensão de modelos teóricos3 que procuravam explicar o comportamento da taxa de câmbio de longo prazo e as variáveis relevantes para a sua determinação. Mais recentemente na literatuta também surgiram as chamadas oil currencies definidos como as moedas que apreciam quando o preço do petróleo sobe (Habib and Kalamova, 2007; Korhonen and Jur- rikkala, 2009; Coudert et al., 2011). Neste contexto de Oil currencies, Ferraro, Rossi e Rogoff (2011) investigaram se os choques de preços do petróleo têm uma relação estável e de confiança com a taxa de câmbio nominal entre a moeda canadense e o dólar americano e encontraram pouca relação sistemática entre os preços do petróleo e a taxa de câmbio, especialmente se se tiver as freqüências mensais e trimestrais em conta. Em contraste, a relação a muito curto prazo entre os preços do petróleo e taxas de câmbio na frequência diária é bastante robusta e segura, independente de se usar choques do preço do petróleo contemporâneos (realizado) ou defasados na regressão. Segundo Chen e Rogoff (2001), variados estudos dos Bancos Centrais da Nova Zelândia, do Canadá e da Austrália encontraram evidências de que o índice de preços das 3 Destes modelos podemos citar: A Teoria da PPP (Purchasing Power Parity) – explica os movimentos da taxa de câmbio entre as moedas de dois países pelas mudanças nos níveis de preços desses países. Por esta teoria, os preços de um mesmo produto ou bem em países diferentes são iguais quando medidos numa mesma moeda. É uma teoria limitada por considerar que todos os bens são perfeitamente transacionáveis, ou seja, supõe que o comércio entre os países acontece em mercados perfeitamente integrados e competitivos, assumindo que não há barreiras ao comércio, custo de transporte, impostos, etc. Também não leva em conta os choques reais que afetam a taxa de câmbio. Modelo de Balassa Samuelson – os diferenciais de produtividade entre os setores de bens transacionáveis e bens não transacionáveis de uma economia são determinantes na alteração da estrutura de preços internos e por isso variações na taxa de câmbio devem refletir este diferencial. Isto acontece da seguinte forma: o aumento da produtividade do setor de bens transacionáveis eleva o salário deste setor. Deste modo, impondo a hipótese de livre circulação de trabalhadores entre os dois setores, isto leva a um aumento do salário no setor de bens não transacionáveis, elevando o preço dos bens não transacionáveis. Já que os preços dos transacionáveis são dados no mercado internacional, nos deparamos com uma mudança na taxa de câmbio real (Hampshire 2008). Extensões do modelo de Balassa Samuelson – modelo desenvolvido por De Gregorio e Wolf (1994) e incorpora o impacto dos termos de troca e de fatores do lado da demanda sobre a taxa de câmbio. Choques positivos nos termos de troca e na demanda agregada deveriam induzir uma apreciação da taxa de câmbio real. A intuição deste modelo é que choques positivos sobre os termos de trocas devem provocar um aumento de recursos externos disponíveis no país, via um superávit em conta corrente, que pode implicar num excesso de demanda doméstica. Este excesso deverá ser eliminado por uma apreciação do câmbio real que compensa o efeito da melhora dos termos de troca sobre a conta corrente. 4 commodities que cada país exporta é um elemento chave na determinação da taxa de câmbio real desses países. Nestes estudos se observou uma diferença no comportamento da taxa de câmbio real dos países exportadores de commodities e de países que exportam majoritariamente produtos manufaturados. Os países com alta participação de commoditties no total de suas exportações são candidatos naturais a possuir uma commodity currency, ou seja, de suas taxas de câmbio real serem fortemente influenciadas pelas flutuações no preço destas commoditties no mercado internacional. Estes países candidatos a uma commodity currency normalmente além de terem uma pauta de exportação dominada por algumas poucas commodities, são exportadores líquidos de commodities, importam uma grande variedade de produtos manufaturados sendo em geral grandes produtores de pelo menos uma commodity no mercado internacional (Hampshire 2008, Veríssimo 2012). Um país exportador de commodities tende a ter poucos produtos que dominam sua pauta de exportação, fazendo com que o impacto da variação do preço de algum destes produtos seja fortemente sentido sobre seus termos de trocas globais. (Breedon e Fornasari, 1999). Grande parte da literatura em commodity currency estuda países como a Austrália, Canadá e Nova Zelândia. Chen e Rogoff (2003) procuraram identificar os choques reais exógenos que podem afetar a taxa de câmbio em 3 países: Canadá, Nova Zelândia e Austrália e concluem que a relação entre preços de commoditties e taxa de câmbio é bastante significante para a Nova Zelândia e Austrália e mais fraca para o Canadá. 5 Já Fernandez (2003) trouxe à discussão a relação entre choques nos preços internacionais de commodities e taxas de câmbio de longo prazo para Nova Zelândia (1982-2002) e Brasil (1995-2002), considerando a hipótese de endogeneidade dos preços das commodities em relação à taxa de câmbio real. Os resultados sugerem uma apreciação do câmbio real do Brasil em resposta a elevações nos preços internacionais das principais commodities exportadas (commodity currency), porém não se obteve evidências que corroborassem a ideia de que a taxa de câmbio do país determina os preços das commodities que o país exporta. Para a Nova Zelândia, os resultados indicam que os efeitos dos movimentos da taxa de câmbio sobre os preços das commodities exportadas são significativos, embora o efeito dos preços das commodities sobre a taxa de câmbio deva ser considerado estatisticamente igual a zero. Em 2008 Hampshire estudou o papel dos preços de commoditties na formação da taxa de câmbio real em 4 países exportadores de commoditties: o Brasil e os 3 países mais estudados na literatura, Austrália, Canadá e Nova Zelândia. Para o Brasil, o trabalho encontra que o real é uma commodity currency, apesar de admitir que, com a inclusão de uma variável de riscopaís, as estimativas perdem significância. Ainda no Brasil Veríssimo, Xavier e Vieira (2012) investigaram os sintomas de doença holandesa em termos da influência dos preços das diversas commodities exportadas sobre a apreciação da taxa de câmbio nominal e real no período de 1995 a 2009. Os resultados apontam que as evidências de commodity currency para o período 1995-2009 são fracas. Porém, para o subperíodo de 2003 a 2009 constataram a relação negativa entre preço de commoditties e taxa de câmbio real. Em 2013 Reis procurou averiguar quais foram os determinantes da forte apreciação cambial no Brasil nos anos 2000 e concluiu que a mudança do perfil de risco da economia 6 brasileira foi um dos fatores mais importantes para a queda da taxa de câmbio e não apenas a valorização das commodities. Cashin, Céspedes e Sahay (2002) estudaram, no entanto 58 países, dentre os quais 23 países africanos, no período de 1980 a 2002. O objetivo era determinar quais países apresentavam uma commoditty currency. Para muitos países da África Subsaariana as exportações de commoditties representam mais de 50% do total das exportações como o Madagáscar (90%), Burundi (97%) e Zâmbia (88%). Os autores encontraram evidências significativas de que países africanos como o Burundi, Kenya, Zâmbia, Senegal, Tunísia, Gana, Costa do Marfim, Camarões, República Centro Africana, Madagáscar, Malawi, Marrocos, Níger e Togo apresentam uma commoditty currency. Ainda para África, Frankel (2007) investigou os determinantes do valor real da moeda sul africana duarante o período de 1984 a 2006 e concluiu que o índice de commodity mineral é um dos determinantes e não o único, mais importantes do valor real da moeda da África do Sul (o Rand). Arezki et al (2012) examinaram a relação entre o Rand sul africano e a volatilidade do preço do ouro utilizando dados mensais de 1980 a 2010. Eles encontraram que a volatilidade no preço do ouro joga um papel fundamental em explicar a volatilidade na taxa de câmbio e esse papel tornou-se ainda mais determinante depois da abertura do mercado de capitais na África do Sul. 7 3 ANÁLISE EMPÍRICA Na análise a relação que se espera entre as séries de preço de commodities (no caso preço do petróleo) e taxa de câmbio real para os países exportadores de commodities é: et - representa o logaritmo do câmbio real no instante t; ipct, o logaritmo do índice de preços de commodities; ut e vt são choques exógenos não correlacionados entre si β representaria a elasticidade do câmbio em relação aos preços de commodities e; α a elasticidade dos preços de commodities em relação ao câmbio. Desta forma, um aumento nos preços internacionais das commodities deverá provocar uma valorização do câmbio real. Este mecanismo se dá pelo aumento na receita de exportação resultante do aumento no preço das commoditties, o que por sua vez eleva a oferta doméstica de moeda estrangeira, considerando constante a demanda4. A segunda equação apenas vale se o país for relevante na produção mundial destas commoditties. Uma desvalorização do câmbio real deverá levar a uma redução nos preços das commoditties, pois esta desvalorização leva a uma redução dos custos médios de produção em moeda estrangeira. Para o caso da existência de commodity currency, devemos esperar valores negativos para α e β. (Fernandez 2003). Angola é país-membro da OPEP (Organização dos Países Produtores de Petróleo) desde 1997, que funciona como uma espécie de cartel institucionalizado, com o estabelecimento de cotas de produção. Apesar de Angola ser um produtor de petróleo 4 Vale lembrar que esta relação é válida tanto num regime de câmbio flutuante, quanto num regime de câmbio fixo. A diferença é que o ajuste se faz pelo câmbio nominal no primeiro caso e pelos preços domésticos no segundo (Fernandez 2003) 8 expressivo em África, o país não influencia o preço desta commodity no mercado. Portanto, a segunda equação não vale para Angola, o que elimina o problema da endogeneidade da variável preço do petróleo. O preço do petróleo que é referência para o petróleo angolano comercializado no mercado internacional é o Brent, pelo que utilizamos na análise a série de preços do petróleo Brent. 3.1 RELAÇÃO TAXA DE CÂMBIO E PREÇO DO PETRÓLEO Figura 4- Evolução da Taxa de Câmbio Real e do Preço do Petróleo A taxa de câmbio real apresenta uma tendência de queda ao longo do período 2002/2013, evidenciando uma apreciação do Kwanza (moeda angolana) face ao dólar. O preço do petróleo no período 2002/2013 nos mercados internacionais por sua vez, apresentaram um crescimento bastante expressivo a partir de 2002 atingindo o pico em 2008. Em consequência da crise financeira internacional neste mesmo ano houve uma diminuição da demanda mundial, e a tendência de aumento dos preços do petróleo foi revertida, embora os preços tenham se mantido em níveis elevados como os registados em 2005/2007. Os preços demonstraram uma rápida recuperação pós crise e atingiram outra vez o patamar em que estavam no período que se registou o forte crescimento mundial impulsionado pelas economias asiáticas especialmente a China. 9 A tabela 1 apresenta as estatísticas descritivas do preço do petróleo no período 2002/2013 e 2004/2013 (período analisado quando incluído a variável VIX na regressão). Amostra 2002 -2013 Amostra 2004 -2013 Média 69,63 78,62 Mediana 68,14 74,49 Máximo 133,90 133,90 Mínimo 19,48 30,87 Desvio padrão 31,47 27,06 Tabela 4- Evolução da Taxa de Câmbio Real do Petróleo O valor médio do preço do petróleo no período 2002/2013 é inferior ao registado no período de 2004/2013. O preço mínimo registado também é inferior ao do segundo período. Porém, a volatilidade dos preços no período 2002/2013 é superior. Os dois períodos apresentam como valor máximo 133,90 dólares registado em Julho de 2008. Figura 5- Relação Taxa de Câmbio Real e Preço do Petróleo No gráfico acima, podemos ver uma disposição de apreciação da taxa de câmbio real angolana diante de um movimento ascendente do preço do petróleo (corrigido pelo IPC 10 americano) nos mercados internacionais. É possível notar ainda uma correlação negativa entre a taxa de câmbio real e o preço do petróleo ao longo do período 2002/2013. Correlação Taxa de câmbio real (TCR) e Preço do petróleo (PETR) TCR e PETR (Brent) Log (TCR) e Log (Petr) Em diferenças TCR e PETR Amostra 2002M01-2013M06 -0,819969011 -0,88404 0,100671 Tabela 2- Correlação entre as séries da Taxa de Câmbio Real e Preço do Petróleo O número da tabela confirmam a análise gráfica anterior. Existe uma correlação negativa entre taxa de câmbio real e o preço do petróleo em nível, ou seja, os movimentos de apreciação cambial estão correlacionados com o aumento do preço do petróleo. Já em diferenças a correlação entre as séries é positiva. 3.2 MODELO ESTIMADO É importante frisar que a análise dos coeficientes de correlação apenas identifica associações (positivas ou negativas) entre os movimentos de duas variáveis e não uma relação de causalidade. Para estimarmos o efeito de variações do preço do petróleo na taxa de câmbio real, utilizaremos o modelo TCRt = β0 + β1PETRt + β2VIXt5 + Ɛt sendo: TCR – Taxa de câmbio real entre Angola e EUA PETR – Preço do petróleo (Brent) que foi corrigido pela inflação americana no sentido de se obter uma variável real. 5 O índice VIX é comumente utilizado como proxy da aversão ao risco de mercado. Foi introduzido em 1993 pela Chicago Board of Option Exchange – CBOE (2003), e consiste na volatilidade diária implícita nas opções sobre o índice S&P 500 para os próximos 30 dias considerando diversas ponderações sobre preços de opções de diversos preços de exercício. O índice VIX foi apontado como fator determinante dos spreads soberanos em 2004 numa análise apresentada no Global Finance Stability Report. 11 VIX – Índice de volatilidade. Medida de aversão ao risco global. Uma restrição a este modelo é a inexistência de uma variável para a medição de diferencial de produtividade entre os setores em Angola. Os diferenciais de produtividade entre os setores de bens transacionáveis e bens não transacionáveis de uma economia são determinantes na alteração da estrutura de preços internos e por isso variações na taxa de câmbio devem refletir este diferencial (modelo Balassa Samuelson). Também não estão disponíveis no país dados de um período inferior a 1 ano do PIB e do Investimento estrangeiro direto. De acordo a abordagem monetária da taxa de câmbio6 , o diferencial de taxa real de juros é uma variável fundamental na determinação da taxa de câmbio real entre dois países (Frankel 1979). A taxa básica de juros é uma variável bem recente em Angola, e o país não possui um mercado de títulos desenvolvido, sendo a abertura de uma bolsa de valores uma perspectiva para um futuro próximo. Por esta razão, assumimos que para a determinação da taxa de câmbio em Angola, a taxa de juros não é uma variável relevante. Devido à estabilidade política em Angola ter sido somente alcançada em 2002 com o final da guerra civil, o período de análise dos dados compreende Janeiro de 2002 a Junho de 2013, totalizando 138 observações mensais. Como os dados do VIX (medida global de risco) só estão disponíveis a partir de 2004, na regressão com a inclusão desta variável, o período de análise será de 2004 a 2013. Os dados foram obtidos no Banco Central de Angola (BNA), Banco Central dos Estados Unidos (FED) e no FMI (IFS). 6 Permanecendo tudo o mais constante, mudanças permanentes na oferta de moeda de um país levam a mudanças proporcionais na mesma direção do nível de preços. Acréscimos permanentes na oferta de moeda causam então uma depreciação de longo prazo proporcional de sua moeda em relação às moedas estrangeiras. No longo prazo, um aumento na taxa de juros de um país diminui a demanda por moeda real neste país, elevando o nível de preços no longo prazo e levando a sua moeda a se depreciar em relação às moedas estrangeiras na mesma proporção do aumento do nível de preços, porém no curto e médio prazos, uma elevação da taxa de juros tende a causar uma apreciação. 12 4 4.1 RESULTADOS ESTACIONARIDADE E COINTEGRAÇÃO Um conceito ligado a análise de séries temporais é a estacionaridade da série. Uma série estacionária é aquela que flutua em torno de uma mesma média. No sentido de se analisar, a estacionaridade das séries utilizadas para a estimação econométrica, realizamos dois testes de raiz unitária: Augmented Dick Fuller (ADF) e o Phillips Perron (PP). Tanto o teste ADF como o teste PP não rejeitaram a hipótese de existência de raiz unitária para todas as variáveis em nível (ver resultados em apêndice A). Por esta razão procedemos ao teste de cointegração Engle Granger. O teste de cointegração Engle- Granger é definido como: • Se Yt é I(1) e Xt é I(1); • E û (parâmetro estimado) é I(0); • Então Yt e Xt são cointegradas. Sendo Yt e Xt cointegradas, β1 estimado por MQO é superconsistente e a regressão cointegrante não é espúria. Para averiguarmos a hipótese de cointegração pelo método de Engle Ganger devemos definir antes o defasamento ótimo a ser usado no teste. Utilizamos para tal o modelo VAR tradicional que resultou numa ordem de dois defasamentos (apêndice B). O teste não rejeitou a hipótese nula de que os resíduos têm raiz unitária e portanto as variáveis são não cointegradas (apêndice C) e não podemos usar um modelo de correção de erros (VEC). 13 O teste de cointegração Johansen (Apêndice C) produziu resultados semelhantes, confirmando a não cointegração entre as variáveis. 4.2 MÍNIMOS QUADRADOS ORDINÁRIOS Por as variáveis serem não cointegrantes não podemos dizer que existe uma relação de longo prazo estável entre as séries da taxa de câmbio real e do preço do petróleo em Angola. Deste modo, passamos para o modelo de mínimos quadrados ordinários (MQO) em primeira diferença, tendo os seguintes resultados: Variáveis Coeficientes Constante D(LPETR) D(VIX) -0.007818 0.026594 0.036338 R-quadrado R-quadrado ajustado Erro Padrão da regressão Soma resid. quadrados Log da Verossimilhança Estatística F Valor P (F) Erro Padrão Estatística t 0.035064 0.017520 0.014767 0.023987 317.5152 1.998616 0.140414 0.001391 0.013304 0.027054 -5.620476 1.998951 1.343149 Valor P 0.0000* 0.0481* 0.1820 Média var. dependente Desv. Padrão var. dependente Critério de Akaike Critério de Schwarz Hannan-Quinn Durbin-Watson Valor P (Wald F) -0.007589 0.014898 -5.566641 -5.494233 -5.537258 1.515354 0.140511 A letra “L” a frente da variável significa logaritmo natural. A letra “D” siginifica diferença. Tabela 3- Equação diferencial 1 TCR (MQO) De acordo com a tabela acima variações no preço do petróleo tendem a afetar a taxa de câmbio real. O coeficiente é significante a 5% mas o sinal não é o esperado. A elasticidade da taxa de câmbio em relação ao preço do petróleo é segundo o modelo de 0,026594. O coeficiente da aversão global ao risco não é significante mas apresenta o sinal esperado. 14 O coeficiente de determinação ajustado da regressão é apenas de 1% e como o teste F mostra-nos uma insignificância conjunta dos coeficientes do VIX e do LPETR, foi rodada a mesma regressão apenas com a variável LPETR. Variáveis Coeficientes Erro Padrão Estatística t Valor P Constante D(LPETR) -0.008895 0.032124 0.001407 0.014417 -6.320805 2.228198 0.0000* 0.0275* R-quadrado R-quadrado ajustado Erro P. da regressão Soma resid. quadrados Log da Verossimilhança Estatística F Valor P (F) 0.029296 0.022106 0.016033 0.034701 372.8518 4.074339 0.045520 Média var. dependente Desv. Padrão var. dependente Critério de Akaike Critério de Schwarz Hannan-Quinn Durbin-Watson Valor P (Wald F) -0.008567 0.016213 -5.413896 -5.371268 -5.396573 1.525069 0.027522 A letra “L” a frente da variável significa logaritmo natural. A letra “D” siginifica diferença. Tabela 4- Equação diferencial 2 TCR (MQO) Nesta nova tabela o coeficiente do preço do petróleo continua significante a 5% e indicando que o aumento no preço do petróleo leva a uma depreciação da moeda angolana, contrariando a literatura de commodity currency. No entanto testes do resíduo da equação demonstram a existência de correlação serial (Apêndice C). Deste modo, será introduzida uma nova variável independente na equação, a taxa de câmbio real defasada. Os preços do petróleo apresentam bastante volatilidade e por isso o mercado futuro tem grande destaque no mercado do petróleo. É comum um tempo razoalvelmente longo entre a realização do investimento (assinatura do contrato) e a materialização das receitas (produção e venda dos barris de petróleo). De acordo com Gujarati (1990) os motivos para a inclusão de defasagens de variáveis num modelo são: Psicológicos (ligado a costumes e hábitos das pessoas, como exemplo podemos citar as pessoas que tornam-se ricas ao ganharem na loteria, que não mudam de uma hora para outra os seus hábitos), tecnológicos (a tecnologia e a 15 formação de capital são função do tempo) e institucionais (obrigações contratuais). Por causa da rigidez comercial (contratos futuros) consideramos que o preço do petróleo demora a impactar a taxa de câmbio em Angola. Para identificar o tempo de defasagem de uma variável na regressão, foram utilizados os critérios de escolha como o Schwarz e Akaike (Apêndice B) que resultaram em duas defasagens que neste caso correspondem a dois meses. A análise gráfica da série do preço do petróleo evidenciada no capítulo anterior sugere a necessidade de avaliarmos a existência ou não de quebra estrutural nos dados. Para verificar possíveis alterações nos valores dos parâmetros do nosso modelo, utilizamos o método de múltiplos testes de quebra estrutural que estimou para o caso de existir mudança estrutural como data de quebra Julho de 2007. Para averiguar a mudança estrutural utilizamos então o teste de Chow usando como data de quebra Julho de 2007. O teste rejeitou a hipótese nula de estabilidade dos parâmetros ou seja de ausência de quebra estrutural (Apêndice D). Na amostra é possível verificar que entre o período de Julho de 2007 a Julho de 2008 é registado uma grande oscilação nos preços do petróleo. Para incorporar no modelo a mudança estrutural criou-se uma variável dummy para o período anterior a 2007. As especificações da nova regressão com a taxa de câmbio real defasada, duas defasagens do preço do petróleo e a dummy temporal são: D(LTCR) = C(1) + C(2)*DU200707 + C(3)*D(LPETR) + C(4)*D(LPETR)*DU200707 + C(5)*D(VIX) + C(6)*D(VIX)*DU200707 + C(7)*D(LTCR(-1)) + C(8)*D(LTCR(-1))*DU200707 + C(9)*D(LPETR(-1)) + C(10)*D(LPETR(1))*DU200707 + C(11)*D(LPETR(-2)) + C(12)*D(LPETR(-2))*DU200707 C(1) C(2) Coeficientes Erro Padrão Estatística t -0.003664 -0.009111 0.001475 0.004696 -2.482958 -1.940078 Valor P 0.0147* 0.0552* 16 C(3) 0.035724 C(4) -0.037481 C(5) 0.030360 C(6) 0.186445 C(7) 0.226782 C(8) -0.093413 C(9) -0.005615 C(10) 0.065054 C(11) 0.024984 C(12) -0.003095 R-quadrado 0.242506 R-quadrado ajustado 0.160007 Erro P. da regressão 0.013654 Soma resid. quadrados 0.018831 Log da Verossimilhança 331.1908 F-statistic 2.939497 Valor P (F) 0.002068 0.020740 1.722476 0.032387 -1.157273 0.023234 1.306710 0.124424 1.498466 0.075265 3.013129 0.153806 -0.607347 0.029613 -0.189610 0.047201 1.378209 0.022609 1.105078 0.038040 -0.081374 Média var. dependente Desv. Padrão var. dependente Critério de Akaike Critério de Schwarz Hannan-Quinn Durbin-Watson Wald Estatistica F 0.0880* 0.2499 0.1943 0.1371 0.0033* 0.5450 0.8500 0.1712 0.2718 0.9353 -0.007589 0.014898 -5.649395 -5.359761 -5.531865 1.970263 4.732197 O asterístico indica que os coeficientes são siginificantes A letra “L” a frente da variável significa logaritmo natural. A letra “D” siginifica diferença. As letras DU significam dummy. Tabela 5- Equação diferencial com defasamentos distribuídos e quebra estrutural Segundo a tabela 5 o efeito do preço do petróleo no câmbio continua sendo de depreciação cambial e não de apreciação como era esperado. Os coeficientes de defasagens do preço do petróleo não foram significantes; o mesmo com o coeficiente da interação entre o preço do petróleo e a varáivel dummy. Como as obrigações contratuais na compra e venda de petróleo podem chegar a um espaço de tempo bem maior que o apontado pelos critérios mencionados acima e fazendo uma avaliação mais conservadora do mercado de petróleo em Angola definimos um novo defasamento da variável preço do petróleo, agora de 24 meses (dois anos). Os resultados da nova regressão foram: Variáveis Coeficientes Erro Padrão Constante -0.004917 0.001779 Estatística t -2.763268 Valor P 0.0070* 17 D(LTCR(-1)) D(LPETR) D(LPETR(-1)) D(LPETR(-2)) D(LPETR(-3)) D(LPETR(-4)) D(LPETR(-5)) D(LPETR(-6)) D(LPETR(-7)) D(LPETR(-8)) D(LPETR(-9)) D(LPETR(-10)) D(LPETR(-11)) D(LPETR(-12)) D(LPETR(-13)) D(LPETR(-14)) D(LPETR(-15)) D(LPETR(-16)) D(LPETR(-17)) D(LPETR(-18)) D(LPETR(-19)) D(LPETR(-20)) D(LPETR(-21)) D(LPETR(-22)) D(LPETR(-23)) D(LPETR(-24)) R-quadrado R-quadrado ajustado Erro P. da regressão Soma resid. quadrados Log da Verossimilhança Estatística F Valor P (F) 0.202597 0.014383 0.016555 0.016034 -0.017536 0.010860 -0.035134 0.016723 -0.003055 -0.004425 0.000397 -0.027723 -0.016855 0.016270 -0.037521 -0.037649 0.017311 -0.041961 0.005360 0.005761 0.008650 -0.018465 0.009429 -0.020145 -0.002696 0.019933 0.330132 0.127614 0.013915 0.016652 338.1367 1.630138 0.048851 0.105878 0.017913 0.018347 0.018495 0.018386 0.018393 0.018323 0.019215 0.018901 0.019073 0.018848 0.018687 0.019016 0.018991 0.019262 0.019178 0.019161 0.018870 0.019172 0.018596 0.017938 0.017777 0.017776 0.017618 0.017608 0.017145 1.913489 0.802921 0.902369 0.866939 -0.953768 0.590410 -1.917540 0.870286 -0.161614 -0.231992 0.021065 -1.483539 -0.886365 0.856699 -1.947964 -1.963108 0.903449 -2.223730 0.279597 0.309785 0.482208 -1.038700 0.530424 -1.143462 -0.153110 1.162622 Média var. dependente Desv. Padrão var. dependente Critério de Akaike Critério de Schwarz Hannan-Quinn Durbin-Watson 0.0590* 0.4242 0.3694 0.3884 0.3429 0.5565 0.0585* 0.3866 0.8720 0.8171 0.9832 0.1416 0.3779 0.3940 0.0547* 0.0529* 0.3688 0.0288* 0.7805 0.7575 0.6309 0.3019 0.5972 0.2560 0.8787 0.2482 -0.007589 0.014898 -5.506844 -4.855167 -5.242400 1.943753 O asterístico indica que os coeficientes são siginificantes. Tabela 6- Equação diferencial com defasamentos distribuídos TCR (MQO) O teste Wald concluiu que estes coeficientes são também conjuntamente significantes (Apêndice C). Em regressões com defasamentos de variáveis, levanta-se a questão da multicolinearidade. Ao observamos a estatística de Durbin Watson verificamos que apresenta um valor bem próximo de 2, o teste F com nível de 5% aceita a existência de significância conjunta de todos os coeficientes utilizados na regressão e o teste do resíduo LM indica que 18 não há correlação serial. Estes são sintomas de que não existe alta colinearidade ou má especificação nesta regressão. De acordo com a tabela 5, uma variação de 1% no preço do petróleo conduz a variação na taxa de câmbio real em Angola de -0,15227% (soma dos coeficientes) distribuída ao longo de 16 meses, ou seja, o aumento no preço do petróleo leva a queda do câmbio real em Angola distribuída num espaço de tempo de 16 meses. 19 5 CONCLUSÃO Segundo a literatura de commodity currency, países que têm uma pauta de exportação dominada por algumas poucas commodities, são candidatos naturais a terem suas taxas de câmbio real, fortemente influenciadas pelas flutuações no preço destas commoditties no mercado internacional; pois a comercialização destas commoditties se constitui numa grande fonte de receita, que se reflete em uma afluência de recursos. Este trabalho procurou analisar o impacto do preço do petróleo na taxa de câmbio real angolana, tendo em conta que o petróleo representa a maior parte das exportações do país e que um movimento de alta do preço do petróleo, implicaria um melhor desempenho exportador do país nesta commodity. O crescimento econômico de Angola é dependente da absorção de poupanças externas; no período de maior alta nos preços do petróleo dentro da amostra deste estudo, que ocorreu de 2002 a 2008, o país experimentou um crescimento médio de 15,13%. No período de 2004 /2013 observamos um movimento ascendente no preço do petróleo acarretando um efeito direto de aumento do valor exportado, ou seja, elevação das receitas do país. Isto levaria a uma apreciação da moeda doméstica de acordo a teoria apresentada neste trabalho. Os resultados deste estudo confirmam o que foi predito na literatura e verificamos a relação negativa esperada entre as séries do preço do petróleo e do câmbio real. Variações do preço do petróleo influenciam a taxa de câmbio real em Angola, embora não no mesmo período em que se verificam estas variações. O aumento do preço do petróleo leva a uma apreciação do câmbio real. 20 É importante ressaltar que, talvez o impacto do preço do petróleo no câmbio em Angola, fosse maior se o regime cambial fosse puramente flutuante. O BNA tem vindo a aumentar as suas intervenções no mercado cambial com a finalidade de manter a estabilidade da taxa de câmbio, em resposta à pressão causada sobre o câmbio, pelas entradas crescentes de divisas estrangeiras oriundas da exportação de petróleo. Estas ações do banco central angolano impedem que a valorização ou desvalorização do Kwanza sejam 100% efetivas. 21 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASEA, P K.; CORDEN, W. M. The Balassa-Samuelson Model: An Overview. Review of International Economics, p. 244-267, 1994. CASHIN, P.; CÉSPEDES, L. F.; SAHAY, R. Commodity Currencies and the Real Exchange Rate. 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Econometria de séries temporais. 2ª Edição Cengage Learning 2011. 22 ANDERSON, DAVID R.; SWEENEY, DENNIS J.; WILLIANS, THOMAS A. Estatística Aplicada à Administração e economia. 2ª edição – Cengage Learning 2012. ENDERS, WALTER. Applied Econometric Time series. Third Edition, Wiley 2010. GUJARATI, DAMODAR N. Basic Econometrics. Third Edition. MC Graw Hill International Edition 1995. VOGELVANG, BEN. Econometrics – theory and applications with Eviews. Pearson Education 2005. IMF (2014). IMf primary commodity prices. International Monetary Fund. Data and Statistics. BANCO NACIONAL DE ANGOLA (Departamento de Estatística) - Boletim Estatístico 2003 -2012. 23 APÊNDICE A Estacionariedade Resultados do Teste ADF Hipótese nula: A série tem raiz unitária Variáveis LTCR LPETR VIX Valor P 0,9369 0,1196 0,1864 Estatística -1,020286 -3,062785 -2,839946 Valor P 0,9596 0,1804 0,1321 Estatística -0,829743 -2,855808 -3,017564 Resultados do Teste Phillips Perron Hipótese nula: A série tem raiz unitária Variáveis LTCR LPETR VIX 24 APÊNDICE B Defasamento ótimo baseado no VAR Variáveis exógenas: LPETR VIX Constante Variável endógena: LTCR AIC: Critério de informação Akaike SC: Critério de informação Schwarz HQ: Critério de informação Hannan-Quinn Desfasamentos 0 1 2 3 4 Log da Verossimilhança p (LR) AIC SC HQ 68.24077 322.7452 325.0207 325.0729 325.0780 491.1488 4.351546* 0.098846 0.009626 -1.144575 -5.592020 -5.614399* -5.597770 -5.580317 -1.072570 -5.496013* -5.494390 -5.453760 -5.412304 -1.115352 -5.553057 -5.565694* -5.539325 -5.512130 * indica a ordem de defasamento selecionada pelo critério (cada teste ao nível de 5%). 25 APÊNDICE C Cointegração Variáveis: LTCR LPETR VIX Constante @TREND Testes Engle-Granger estatística tau (2 defasamentos) Engle-Granger estatística z (2 defasamentos) Engle-Granger estatística tau (1 defasamento) Engle-Granger estatística z (1 defasamento) Johansen Valor P 0,6312 0,6026 0,4543 0,4140 0,3730 Estatística -2,644811 -13,67256 -2,982970 -17,08414 Valor crítico 5% ( 3,841466) Teste do Resíduo da equação diferencial 2 e da equação com defasamentos distribuídos. H0: Não há correlação serial Breusch-Godfrey Teste LM de Correlação Serial equação diferencial 2 Estatística F Obs*R ao quadrado 4.066390 7.894628 Valor P. F(2,133) Valor P Qui-quadrado(2) 0.0193 0.0193 Breusch-Godfrey Teste LM de Correlação Serial equação com defasamentos distribuídos Estatística F Obs*R ao quadrado 0.365007 0.973581 Valor P. F (2,84) Valor P Qui-quadrado (2) 0.6953 0.6146 Teste Wald dos Coeficientes do preço do petróleo individulamentente significantes Teste Wald: Estatística do teste Estatística F Qui-quadrado Valor df Valor P 4.224735 16.89894 (4, 86) 4 0.0036 0.0020 H0: D(LPETR(-5))= D(LPETR(-13))= D(LPETR(-14))= D(LPETR(-16))= 0 Sumário da hipótese nula: Restrição normalizada (= 0) D(LPETR(-5)) D(LPETR(-13)) D(LPETR(-14)) D(LPETR(-16)) Coeficientes Erro padrão -0.035134 -0.037521 -0.037649 -0.041961 0.018323 0.019262 0.019178 0.018870 26 APÊNDICE D Testes de quebra estrutural Teste de Chow: 2007M07 Hipótese nula: Ausência de quebra estrutural Amostra: 2004M02 2013M06 Estatística F Log da Verosimilhança 4.907297 Prob. F(3,107) Prob. Qui quadrado(3) 14.56683 0.0031 0.0022 Múltiplos testes de quebra estrutural Quebra selecionada pelo critério de Schwarz: Quebra selecionada pelo critério LWZ: 0 0 Soma dos quadrados dos resíduos Log - L Critério de Critério de Schwarz* LWZ* 0.023987 0.021086 0.020050 0.018380 0.017995 0.018057 317.5152 324.7986 327.6455 332.5606 333.7547 333.5618 -8.332110* -8.223494* -8.293678 -8.039078 -8.176725 -7.774714 -8.096375 -7.545416 -7.950169 -7.248593 -7.779414 -6.925409 # de Quebras Coefs. 0 1 2 3 4 5 3 7 11 15 19 23 * Valor mínimo escolhido pelo critério de informação Datas de quebra estimadas: 1: 2007M07 2: 2009M10, 3: 2006M02, 2011M02 4: 2005M11, 2011M02 5: 2005M11, 2011M10 2011M02 2009M10, 2007M07, 2009M10, 2007M07, 2008M11, 2010M05, 27