CMYK AD-9 CORREIO BRAZILIENSE • Brasília, domingo, 23 de novembro de 2003 • 9 TEMADO DIA/ECONOMIA CRESCIMENTO Cerca de 10% das 500 maiores empresas do país têm retorno sobre patrimônio maior que o das instituições financeiras. Souza Cruz, a campeã com 50% de rentabilidade, dobra de tamanho a cada dois anos Lucros maiores que dos bancos anos, a Souza Cruz dobra de tamanho. A Petrobras fica bem perto, com rentabilidade patrimônio uem se acostumou a cri- de 40%. Ou seja, em menos de ticar os lucros exorbitan- três anos nasce uma nova estatal. tes acumulados pelos Resultados expressivos também bancos nos últimos anos são apresentados pela Bunge terá de amainar o discurso daqui (produtora de soja), com 46% de por diante. Mas não porque as retorno patrimonial; Aracruz Ceinstituições financeiras reduzi- lulose, com 34%; Vale do Rio Doram seus ganhos. É que uma pen- ce, com 35%; Usiminas, com 34%; ca de empresas do setor produti- e Siderúrgica Gerdau, com 26%. vo está apresentando rentabiliNa média, porém, a rentabilidade nunca vista no país, varian- dade patrimonial das empresas do entre 25% e 50% do patrimô- brasileiras ainda está abaixo da nio líquido. Pelas dos bancos. Conregras do mercasideradas as 209 do, para medir a companhias que LUCRO saúde de uma já divulgaram os empresa, mais balanços relatiimportante do vos aos nove prique o lucro espemeiros meses do cificado em reais ano, o retorno é o retorno sobre médio sobre o paÉ a rentabilidade o patrimônio. trimônio foi de patrimonial da Quanto maior for 12,5%, mais do Petrobras no ano esse percentual, que o dobro do mais saudável é uma compa- verificado no mesmo período nhia, mais ela está ganhando de 2002 (5%). A rentabilidade com seu negócio e melhor está o média dos bancos, por sua vez, seu caixa para investir no au- ficou em 16%, com destaque mento da produção ou na pres- para o Banespa (39%), Itaú tação de serviços. (27%), Banco do Brasil (20%) e Segundo o vice-presidente da Bradesco (17%). Associação Brasileira dos Analis‘‘A tendência, com a estabilitas do Mercado de Capitais (Aba- zação definitiva da economia e a mec), Carlos Antonio Magalhães, queda dos juros, é de que o siscerca de 10% das 500 maiores tema financeiro fique no meio empresas do país já registram re- da rentabilidade dos 25 princitorno sobre o patrimônio maior pais setores da economia, como que o dos bancos. A campeã de acontece nos países desenvolvirentabilidade tem sido a Souza dos. Os bancos são intermediaCruz. Para cada R$ 100 de patri- dores de recursos. Não podem mônio, a empresa lucra R$ 50. Is- lucrar mais do que todos os seso significa dizer que, a cada dois tores, como acostumamos a ver Wanderlei Pozzembom 13.12.96 VICENTE NUNES Planos ambiciosos no país e no exterior DA EQUIPE DO CORREIO Q 40% SIDERÚRGICAS TÊM RETORNO MÉDIO DE 21,3% SOBRE O PATRIMÔNIO LÍQUIDO CMYK que as empresas que dependem mais do mercado interno também ganhem espaço. ‘‘Temos de fazer a roda da economia girar por completo. Mas isso depende de renda e emprego. Por isso, os investimentos do setor produtivo são tão importantes’’, ressalta. AD-9 no Brasil’’, afirma o vice-presidente da Abamec. Ricardo Guerses, da Consultoria Acionistas, chama ainda a atenção para o fato de as empresas mais rentáveis terem garantido boa parte dos lucros com exportações. O ideal, segundo ele, é Com o caixa abarrotado e confiantes na retomada do crescimento econômico em 2004, a Novadata e a Politec, ambas da área de tecnologia e com sede em Brasília, traçam planos ambiciosos para crescer. Segundo o diretor Administrativo e Financeiro da Novadata, João Carlos de Almeida, estão programados investimentos de R$ 20 milhões para o ano que vem, que permitirão à empresa aumentar o faturamento em 30% e ampliar em um quarto o quadro de funcionários diretos, hoje de 200 pessoas. ‘‘Temos recebido muita demanda por equipamentos e por prestação de serviços do setor privado’’, conta Almeida. ‘‘É um dado relevante, pois estamos mudando o perfil de atuação da Novadata, até então muito ligada às compras governamentais’’, acrescenta. A empresa está avançando, principalmente, sobre as lojas de varejo de São Paulo e do Sul do país. Essas redes estão recorrendo cada vez à tecnologia para melhorar o atendimento e o controle de estoques e dos crediários. Na Politec, que vai faturar R$ 380 milhões neste ano, o apetite maior é pelo mercado externo, quase inexplorado pelas empresas brasileiras. O sócio e diretor Técnico da companhia, Newton Alarcão, diz que a prestação de serviços na área de tecnologia movimenta US$ 700 bilhões por ano. Cerca de 30% dos serviços são contratados fora dos países que os demandam, girando US$ 210 bilhões. ‘‘Enquanto a Índia fatura US$ 10 bilhões por ano, realizando esses serviços, o Brasil fica com apenas US$ 100 milhões. Se conquistarmos mais 1% ou 2% desse mercado teremos um ganho substancial’’, afirma. Alarcão destaca que a Politec está se juntando com outras empresas do ramo para trazer parte desses serviços para o Brasil. Ele acredita, no entanto, que o sucesso da empreitada será maior se o governo se juntar às companhias para difundir a imagem da informática brasileira mundo afora. Foi o que fez a Índia dez anos atrás. ‘‘Nossa capacidade de competição no exterior é excepcional e o setor é um grande criador de empregos de boa qualidade’’, ressalta. A Politec tem hoje 5,7 mil funcionários e deve lucrar R$ 22,8 milhões neste ano. (VN)